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Monitoramento de Estruturas de Concreto através de Ensaios de Velocidade de Propagação do Pulso Ultra-sônico

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Monitoramento de Estruturas de Concreto através de Ensaios de

Velocidade de Propagação do Pulso Ultra-sônico

Monitoring Concrete Structures trought Ultrasonic Pulse Velocity

Alexandre Lorenzi(1); Luiz Carlos Pinto da Silva Filho (2); Luciane Fonseca Caetano (1); Luciani Somensi Lorenzi (1)

(1) Doutorando, Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil, PPGEC/UFRGS (2) Professor Doutor, Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil, PPGEC/UFRGS

Av. Osvaldo Aranha, 99 - térreo, CEP 90035-190, Porto Alegre, RS, Brasil - e-mail: alexandre.lorenzi@ufrgs.br

Resumo

O concreto, por ser o elemento estrutural mais utilizado no mundo e se constituir em elemento fundamental dos mais variados projetos de engenharia, o que conduz à necessidade de ferramentas de controle e análise de seu estado de deterioração e segurança. Muitas das construções em concreto armado que formam a infra-estrutura civil estão se aproximando do final de sua vida útil de projeto. O aumento das ocorrências de deterioração precoce das estruturas de concreto demonstra a necessidade de realizar-se um monitoramento contínuo das condições das edificações, com a finalidade de aumentar sua vida útil. O monitoramento constante de estruturas é um procedimento necessário, uma vez que a detecção adiantada dos problemas permite a utilização de métodos mais simples e econômicos para avaliação e reparo. Além disto, através do monitoramento pode-se atuar para elevar a vida útil, pois, a detecção de um processo de deterioração no seu surgimento geralmente torna mais fácil e eficiente o correto tratamento e recuperação. Para auxiliar nesta tarefa, os métodos de ensaios não destrutivos se mostram como uma estratégia de investigação bastante atraente e viável. Dentre eles, o método da velocidade de propagação do pulso ultrassônico está se difundido cada vez mais na área da engenharia civil, devido à sua grande capacidade de detecção de fissuras e possibilidade de controle da compacidade de uma estrutura de concreto. Este trabalho relata dados de uma pesquisa desenvolvida com o intuito de avaliar a capacidade de detecção dos equipamentos portáteis usados para ensaio ultrassônico. Para este fim foi concretada uma viga de 20 x 40 x 100 cm, com diversos corpos estranhos internos à mesma, tais como bolas de isopor e madeira, visando simular problemas diversos, tais como falhas de concretagem, diferentes taxas de armadura, presença de cabos de protensão e simulação de corrosão. Após um mapeamento com o ultrassom, foram estabelecidas as posições suspeitas e efetuadas extrações de corpos-de-prova. Os resultados obtidos evidenciam que a capacidade de detecção de defeitos por meio do ensaio ultrassônico é bastante elevada.

Palavra-Chave: Monitoramento, Concreto, Ensaios de Velocidade de Propagação do Pulso Ultra-sônico

Abstract

Concrete is the structural material most used in the world and constitutes a fundamental part of many engineering projects. Therefore, there is a natural need for the development of tools to monitor and test the condition and safety of concrete structures. This need is strengthened by the fact that many concrete structures that form an important part of the civil infra-structure are nearing the end of their design service life. The increase in early deterioration symptoms found in relatively new concrete structures provides a strong argument for the development and validation of techniques to monitor the condition state of concrete elements and provide data about the potential service life. Structural monitoring techniques are needed to allow the early detection of problems, using simpler and more economical methods to determine the need for further evaluation and repair. Continuous monitoring schemes can contribute to increase service life when they identify deterioration mechanisms on their onset, leading to easier and less onerous treatment and recovery. The use of Nondestructive Testing (NDT) monitoring techniques is an important way to prevent and control the deterioration of concrete structures without damaging the material. Ultrasonic pulse velocity (UPV) measurements are an especially effective type of NDT technique for quality control, given the good capacity for crack detection and the suitability to make compacity checks. This research presents some data from a research project aimed at evaluating the detection capacity of the portable ultrasonic pulse velocity equipments available at most labs. To this end, UPV tests

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were carried out on a concrete beam 20x40x100 cm, which contained several induced defects, simulated using pieces of wood and Styrofoam. These defects were introduced to simulate several problems, such as honeycomb flaws, steel presence and rebar corrosion. After a surface mapping using UPV, specimens were taken off the beam at suspicious locations. The results indicate that UPV mapping is a suitable way to detect flaws, if an adequate inspection grid is established.

Keywords: Condition Monitoring, Concrete Test, Ultrasonic Pulse Velocity

1 Introdução

Os métodos de ensaios não destrutivos (NDT) são focos de diversas pesquisas em laboratórios de excelência. Isso se deve ao fato desses métodos não afetarem a aparência nem o desempenho da estrutura que está sendo analisada e, assim, permitir o re-ensaio no mesmo local, ou em local muito próximo, de forma a possibilitar um constante monitoramento das estruturas e o acompanhamento das suas variações ao longo do tempo. Através deste monitoramento pode-se elevar a vida útil das referidas estruturas, tornando mais fácil e econômico o seu tratamento e sua recuperação. A aplicação de NDT no Brasil vem crescendo durante os últimos anos, mas na área da engenharia civil ainda não são procedimentos rotineiros.

Cabe salientar que os NDT não são métodos adequados para medir a resistência de uma estrutura, mas para analisar suas propriedades e determinar sua homogeneidade. É possível entretanto estimar a resistência a partir de alguns dos resultados obtidos, pois quanto mais homogêneo for o concreto e quanto menor for a relação água/cimento do mesmo, mais resistente o mesmo será. Pode-se desta forma estabelecer uma correlação dos resultados dos NDT com a resistência da estrutura. Estas correlações, entretanto, são particulares para um certo tipo de concreto e devem ser utilizadas com cautela.

Dentre os métodos de NDT disponíveis, o ensaio ultra-sônico pode ser considerado como um dos mais promissores para a avaliação de estruturas de concreto, pois possibilita realizar um exame da homogeneidade do material. Através da sua utilização consegue-se realizar um controle total da estrutura, podendo-se levar em conta, inclusive, as variações das propriedades com o tempo. Pode-se, por exemplo, através da análise das variações na velocidade de propagação de uma onda ultrasônica, verificar a compacidade de uma estrutura ou detectar regiões heterogêneas no interior da mesma.

No caso particular do concreto, a relação entre velocidade de propagação de onda ultrasônica(UPV) e resistência à compressão não é muito confiável, pois o número de variáveis que afetam a resistência do material é grande, incluindo, por exemplo, a relação água-cimento, o tamanho e tipo do agregado, o procedimento de moldagem, o tamanho da amostra e o tipo de cimento. Apesar disto, o ensaio ultrasônico é um indicativo útil e pode ser aplicado com segurança para avaliar a uniformidade do concreto em uma estrutura, como afirmam LANDIS et al (2002).

Mesmo nestes casos, é necessário experiência, e muitas vezes o apoio de programas computacionais, para que se consiga realizar uma adequada análise dos resultados do UPV, devido ao grande número de leituras necessárias para realizar o mapeamento da homogeneidade da estrutura. A melhor forma de interpretar estes dados ainda não foi estabelecida.

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Por outro lado, o ensaio esclerométrico avalia a dureza superficial do concreto. Por não existir uma relação simples entre a dureza e a resistência do material, a esclerometria é mais utilizada na avaliação qualitativa da capacidade resistente e da homogeneidade do concreto, (HAMASSAKI, 1993).

Acredita-se que, através de uma análise bem feita, pode-se chegar a um diagnóstico confiável sobre o estado de conservação das estruturas de concreto. Esta pesquisa investiga estratégias para que se consiga sistematizar e facilitar a análise, de forma a tornar a mesma mais eficaz.

Neste trabalho são apresentadas simulações feitas utilizando-se a técnica de mapeamento superficial para os resultados de ensaios de UPV e para o ensaio esclerométrico. As análises foram realizadas com dados obtidos através de medições realizadas em uma viga de concreto de 20x40x100 cm, concretada com vários corpos estranhos, tais como bolas de isopor e madeira, visando simular problemas como falhas de concretagem, diferentes taxas de armadura e simulação de corrosão.

1.1 Ensaio Ultra-sônico

Dentre os métodos de NDT disponíveis, o UPV merece destaque, pois possibilita o exame da homogeneidade do material, facilitando o diagnóstico de defeitos e o controle das condições de conservação de estruturas durante a sua vida útil. O mesmo pode ser particularmente importante no controle tecnológico do concreto, no laboratório ou em obra, LORENZI et al (2008).

Sabendo a distância entre os pontos, é possível então determinar a velocidade média no trecho de propagação. Esta velocidade irá depender de diversos fatores como a natureza do material, a porosidade do mesmo, a presença ou não de água nos poros, entre outros. Este ensaio pode ser considerado como um dos mais promissores para a avaliação de estruturas de concreto. Através da sua utilização consegue-se realizar um controle das variações da compacidade da estrutura, que pode ser associada a mudanças das suas propriedades.

Este método de ensaio é bastante difundido na engenharia. O mesmo está baseado na propagação de ondas sonoras de alta freqüência pelo material analisado. Estas ondas variam de velocidade em função da quantidade de poros e vazios, o que possibilita a detecção de descontinuidades. No ensaio de ultra-som, uma onda de som ultra-sônica é projetada num material, sendo medida a velocidade de propagação da mesma, que vai depender da natureza do material, da sua porosidade e da presença de vazios ou de água no sistema de poros, entre outros fatores, LORENZI et al (2008).

Em função da sua sensibilidade a estes fatores, os ensaios ultra-sônicos servem para caracterizar um determinado material, sua integridade e outras propriedades físicas, tornando-se uma técnica bastante usada para o controle de qualidade, detecção de defeitos, medição de espessuras ou caracterização dos materiais constituintes do concreto, segundo explica a norma americana ASTM E 114-95 (ASTM, 1995).

O ensaio pode ser utilizado para controle da qualidade, detecção de defeitos, medição de espessuras ou caracterização dos materiais constituintes do concreto. A presença de vazios causa o retardo das ondas, em função da baixa velocidade do som no ar. A interpretação está, portanto, baseada no fato de que o tempo de propagação dos pulsos ultra-sônicos pode ser correlacionado com a densidade do material.

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Uma das vantagens é que, por ser rápido e não-destrutivo, o UPV oferece a oportunidade de fazer um controle total dos elementos que compõem a estrutura, inclusive ao longo do tempo. Os resultados deste tipo de análise podem ser usados para prognóstico da qualidade ou para correção do processo tecnológico.

1.2 Ensaio

Esclerométrico

Esse é um dos mais antigos END. Este método foi desenvolvido para teste em estruturas de concreto, sendo baseado no princípio da reflexão, aonde o grau de recuo é um indicativo da resistência do concreto, MALHOTRA e CARINO (1991). O ensaio é sensível a variações localizadas do concreto, por exemplo, a presença de uma partícula grande de agregado logo abaixo do pistão, IAEA-TCS 17 (2002). O ensaio é classificado como um ensaio de dureza e está baseado no princípio de que o rebote de uma massa elástica depende da dureza da superfície contra qual a massa encontra. A energia absorvida pelo concreto é relacionada com a sua resistência, ACI 228:1R-03 (2007).

As correlações entre o índice esclerométrico e as propriedades do concreto são determinadas empiricamente ou experimentalmente, sendo que estimativas da resistência à compressão poderão ser obtidas através de análise de tabelas ou curvas fornecidas pelo fabricante do aparelho, conforme explica a NBR 7584 (1995).

2 Modelo

Utilizado

Objetivando-se estudar os diferentes métodos de análise dos resultados obtidos através dos ensaios de UPV e esclerometria e fazer uma comparação entre malhas de diferentes espaçamentos, criou-se uma estrutura de teste controlada. Desta forma, moldou-se uma viga de dimensões 20 x 40 x 100 cm. Primeiramente montou-se a armadura com espaçamentos diferentes entre estribos. Foram então fixados à armadura corpos estranhos de diferentes tamanhos, tais como bolas de isopor, de ping-pong e de tênis, assim como pedaços de madeira, de forma a simular falhas de concretagem e vazios. Para a concretagem da viga foi utilizado um traço com proporções 1:2,57:3,43 (cimento:areia:brita) e com relação água/cimento (a/c) de 0,58. Na figura 1 pode-se observar a posição dos elementos utilizados na viga.

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Após completar 1 ano de idade, a viga foi ensaiada com um equipamento de UPV portátil de 54 Khz. Esperou-se um tempo elevado para iniciar o ensaio de forma a minimizar a influência da variação da resistência do concreto nas medições. As dimensões dos objetos dispostos na viga variaram entre 30 mm e 95 mm. Todos potencialmente podiam, portanto, ser detectados pelo UPV, pois a freqüência do aparelho de ultra-som teoricamente permite que objetos com dimensões a partir de 8 mm sejam percebidos, e pelo ensaio esclerométrico.

O objetivo era coletar dados e verificar se a análise dos mesmos permitiria realizar a detecção dos objetos e das situações provocadas. Os ensaios de UPV e IE foram feitos utilizando-se dois diferentes grids:

a) 150x150 mm grid, iniciando a 50 mm de distância do topo da viga e 50 mm de distância da lateral da viga;

b) 75x75 mm grid, com quarto vezes mais células que a anterior, começando nos mesmos pontos.

A utilização de dois espaçamentos de malha visou determinar o grau de precisão do método na detecção dos objetos inseridos no concreto, o que permitiu avaliar se a utilização de uma malha mais fina na análise da estrutura possibilita uma análise mais precisa. Nas figuras 2 e 3 mostram-se os grids dispostos em uma das faces, sendo que no grid de 150mm tem-se um total de 21 leituras diretas e 66 leituras indiretas e no grid de 75mm tem-se 65 leituras diretas e 252 leituras indiretas.

Foram feitas leituras horizontais, verticais e diagonais em torno de cada ponto. Estas foram agrupadas gerando o que se denominou quadrantes de leitura. De posse dos resultados, passou-se à fase de investigação de qual a melhor estratégia para organizá-los e interpretá-organizá-los.

Para o ensaio esclerométrico, sub-redes com 9 células foram criadas em torno de cada ponto. Após a determinação do índice esclerométrico (IE), o valor resultante foi colocado no grid.

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Figura 3. Disposição dos objetos na viga e posicionamento da malha de 75 mm.

Para ambos os ensaios foi utilizado o programa computacional Surfer 7.0, que foi utilizado para realizar um mapeamento superficial através da técnica de formação de curvas de nível, com geração de uma imagem com escalonamento de cores.

3 Programa Experimental

Conforme descrito anteriormente, a fim de verificar a capacidade de detecção dos ensaios de NDT escolhidos para o estudo, uma viga protótipo foi produzida. Diversos objetos foram utilizados para simular defeitos no concreto, como listado na Tabela 1.

Tabela 1 – Descrição dos objetos utilizados para introduzir defeitos na viga.

Tipo de objeto Geometria Tamanho Tipo de defeito simulado

Bola de Isopor I Circular Solida 75 mm Alveolar

Bola de Isopor II Circular Solida 50 mm Alveolar

Bola de Tênis Circular oco com enchimento 62 mm Esférico - Vazios muito grandes

Bola de Tênis de Mesa Circular oco 38 mm Esférico - Vazios grandes Sequência feita de uma

bola de Tênis de Mesa e duas Bolas de Isopor

Circular com parte oca e parte sólida

23 a 37 mm Alveolar alongado

Pedaço de Madeira Retangular 15x80x30 mm Cubo alongado

Pedaço de Madeira II Retangular 40x30x55 mm Cúbico

Além dos objetos descritos na Tabela 1, barras de aço foram introduzidos na viga. Quatro barras longitudinais de 1/2" foram utilizadas para criar uma estrutura de apoio, juntamente com 3 estribos fechados. Quatro estribos adicionais foram inseridos em um dos lados da viga, para verificar se eles possam interferir nas medições de UPV. Uma peça de aço corroída e um pedaço de armadura protendida também foram inseridas ao longo da direção principal da viga.

(7)

Nos ensaios de UPV, leituras diretas e indiretas foram feitas utilizando-se os dois grids. As leituras diretas foram feitas em cada ponto do grid, entre os dois lados da viga. O valor resultante foi colocado no ponto correspondente do grid.

Adicionalmente a isto, leituras indiretas foram realizadas entre os quatro pontos que compunham cada grid, resultando em 6 leituras de UPV para cada face. Os valores correspondentes a 4 leituras realizadas entre os dois pontos horizontais ou verticais do grid eram posicionados em um ponto médio entre eles. Um valor médio foi calculado à partir das duas leituras diagonais e era colocado no centro do grid. Ao todo, cinco valores eram colocados em cada célula do grid.

Nos ensaios de IE, a partir das leituras para os dois grids, os resultados médios eram colocados no ponto do grid, da mesma maneira que as leituras diretas.

A partir destas leituras e, utilizando-se um software para mapeamento das superfícies, foram criadas imagens coloridas contínuas (semelhante à mapas topográficos), aonde se pode identificar regiões com valores de UPV e de IE altos e baixos,

4

Análise dos Resultados

A partir da utilização do programa Surfer 7.0 pode-se gerar uma superfície de curvas de nível, com base nos dados obtidos através dos resultados do UPV e da esclerometria. Observando as imagens geradas pode-se verificar a existência de regiões onde as leituras são mais baixas ou mais altas, indicando variações na homogeneidade do concreto, que podem ser associadas à presença de defeitos.

Nas figuras 4, 5 e 6 podem-se observar as superfícies geradas a partir dos resultados dos ensaios de UPV. A análise inicial dos mapas das superfícies de contorno gerada a partir dos dados de UPV indicou que a utilização das leituras indiretas parece ser melhor ajustada para localizar a posição conhecida dos defeitos. Este trabalho, portanto, está restrito à análise dessas imagens.

Além disso, verificou-se que a utilização do grid menor (75x75 mm) resultou em uma imagem mais irregular e difícil de interpretar, como pode ser visto na figura 4. Os melhores resultados foram obtidos quando se utilizou os dados das leituras indiretas de UPV utilizando-se o grid de 150x150 mm.

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9

0.1 0.2 0.3

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As figuras 5 e 6 ilustram as imagens correspondentes aos dois lados da viga, gerados a partir destes dados. Nessas imagens pode-se claramente visualizar regiões mais quentes (vermelho) que indicam valores inferiores UPV, evidenciando a presença de vazios ou defeitos, e regiões mais frias (azul), que indicam zonas de UPV com valores mais elevados, indicativos de mais zonas mais compactas (ou influenciadas pela presença de armadura).

0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9

0.1 0.2 0.3

Figura 5 - Imagem gerada a partir das leituras indiretas de UPV (grid maior) – Lado A

0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9

0.1 0.2 0.3

Figura 6 - Imagem gerada a partir das leituras indiretas de UPV (grid maior) – Lado B

Em ambas as imagens da viga, os locais em que foram introduzidos os defeitos podem ser facilmente identificados (lado direito em ambas as imagens). O estribo inteiro no meio da viga também é perceptível. A presença de defeitos ou vazios que reduzem UPV valores é inconfundível.

As perturbações das leituras de UPV, indicada pelos valores mais quentes, estão geralmente localizadas nas proximidades da área onde os objetos foram posicionados, de forma a simular defeitos no concreto. Todavia, não foi possível estabelecer uma perfeita correspondência entre a posição inicial dos objetos inseridos na viga e a imagem de contorno mapas. Isto pode ter acontecido em decorrência de que alguns dos objetos foram movidos durante o processo de concretagem. Em virtude disto, foram extraídos alguns corpos-de-prova, conforme descrito no item 5.

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Contudo, apesar das incertezas, a análise das superfícies de contorno - semelhantes às que teriam sido produzidas se uma investigação de uma verdadeira estrutura estivesse em curso - indica algumas tendências. A presença da peça de madeira e das peças ocas (bolas de tênis) pareceu afetar mais as medições do que as peças sólidas (bolas de isopor). A menor peça de madeira, localizada mais perto do topo da viga, só é identificada pela figura no lado B, possivelmente por aproximar-se mais deste lado da viga. A presença da bola de tênis também é mais acentuada deste lado, mas ela também aparece no lado A. A bola de tênis de mesa só é visível do lado A da imagem. Os defeitos localizados mais perto da parte inferior da viga parecem estar um pouco deslocados em sua posição, mas eles aparecem em ambos os lados.

O resultado mais inesperado pode ser observado no lado esquerdo de ambas as imagens. Parece haver uma perturbação próxima ao meio da viga. Não houve qualquer objeto em torno desta região, que pudesse justificar tal comportamento.

Já os resultados da esclerometria são indicativos de dureza superficial e teoricamente parecem ser menos capazes de indicar a presença de defeitos internos. No entanto, a imagem dos mapas de contorno gerados a partir dos dados dos ensaios realizados demonstram que estes ensaios também são úteis, como visto nas figuras 7 e 8.

As imagens utilizam cores mais quentes para indicar menos energia de rebote, o que pode ser traduzido em uma superfície de absorção suave, e cores mais frias para indicar uma energia de rebote mais alta, indicativo de superfícies mais duras. Examinando as imagens é possível verificar-se que os defeitos induzidos estão localizados no lado direito da viga, mas os resultados não são tão claros como os obtidos através do UPV. Uma forte energia de rebote foi registrada na posição em que se presumia estar localizada a bola de tênis. Este resultado era mais forte no lado B da viga, em concordância com a análise do UPV. A bola de tênis de mesa só é visível na imagem do lado A, o que também esta de acordo com os resultados obtidos no UPV. A bola de isopor grande parece produzir uma leitura do valor de rebote baixo, que é perceptível em ambos os lados da viga.

Figura 7 - Imagem gerada a partir do ensaio esclerométrico (grid maior) – Lado A

0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9

0.1 0.2 0.3

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0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 0.1

0.2 0.3

Figura 8 - Imagem gerada a partir do ensaio esclerométrico (grid maior) – Lado B

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Extração de Corpos-de-prova

Com o objetivo de checar se o diagnóstico feito através das imagens dos mapas de contorno eram confiáveis, foram extraídos corpos-de-prova em alguns pontos escolhidos com base unicamente nas imagens. A Figura 9 mostra a viga marcada, a partir dos resultados das imagens, para a extração dos corpos-de-prova. Círculos vermelhos indicam resultados suspeitos de UPV, enquanto círculos azuis indicam os resultados suspeitos de esclerometria. As Figuras 10 e 11 mostram alguns dos corpos-de-prova extraídos, fornecendo evidências claras para o fato de que os defeitos contidos na viga poderiam ser adequadamente localizados utilizando apenas os dados dos ensaios de NDT, sem qualquer conhecimento prévio sobre a sua posição.

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Figura 10 – Corpo-de-prova ilustrando a bola de tênis de mesa.

Figura 11 – Corpo-de-prova ilustrando um pequeno pedaço de madeira.

6 Conclusões

Os resultados obtidos neste trabalho demonstrou que os ensaios de NDT podem ser utilizados para localizar defeitos de tamanhos relativamente pequenos (cerca de 35mm) em vigas de concreto, o que poderia representar problemas em termos de desempenho estrutural.

A utilização de mapas de contorno demonstrou ser uma forma adequada para organizar e interpretar os resultados de ensaios NDT, a fim de detectar a suspeita zonas no concreto. Através desta estratégia de mapeamento com geração de curvas de superfície conseguiu-se obter uma maior conseguiu-sensibilidade às variações, permitindo obter melhores resultados no diagnóstico de defeitos e de diferenças na homogeneidade do concreto.

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A geração de uma superfície de resultados com o programa Surfer permitiu a localização aproximada dos objetos inseridos no interior do concreto. Chega-se assim a conclusão de que sua utilização é uma forma mais eficiente de análise, pois permite que se visualize melhor as regiões heterogêneas internas ao concreto.

A partir da análise dos resultados obtidos verifica-se que é possível identificar a existência de regiões heterogêneas na estrutura testada. Analisando-se as superfícies geradas, com grids de tamanhos diferentes, verifica-se que, pelo menos no presente caso, não é válida a hipótese de que, com o refinamento da malha, é possível visualizar melhor as heterogeneidades presentes na viga de concreto. Quando os pontos de leitura são muito próximos, a superfície gerada tende a ficar muito fragmentada, dificultando a interpretação. Os resultados obtidos neste trabalho indicaram que a utilização de pequenos grids não demonstrou ser uma alternativa viável. A grelha de 150x150 milímetros parece fornecer resultado mais preciso do que a de 75x75. Acredita-se, portanto, que se deve estabelecer o tamanho da malha em função da natureza dos defeitos a serem investigados e do tamanho da estrutura.

A utilização de uma estratégia de coleta de dados (na forma de grids) é visto como uma boa forma de estruturar os testes e certificar-se de que nenhuma região é vista inadequadamente. É importante destacar que bons resultados foram obtidos através da utilização da esclerometria. Novos estudos devem ser realizados para verificar se este simples ensaio pode ser utilizado, quando nenhum outro equipamento está disponível, para fornecer uma estimativa da presença de defeitos. Contudo, a melhor estratégia é combinar diferentes métodos de NDT. Neste trabalho, a extração de corpos-de-prova provou que os defeitos estavam localizados nos pontos indicados como suspeitos por ambos os testes.

De forma geral, os testes realizados reforçam a idéia de que a utilização de NDT podem ser úteis para a análise de estruturas, visto que os dados obtidos permitiram verificar a presença de corpos estranhos e vazios na viga de teste. Confirma-se assim a idéia de que os mesmos tem grande potencial de utilização nos casos de inspeção de estruturas. Seu emprego permite obter indicações importantes para a caracterização do concreto e dados sobre a homogeneidade e a qualidade da estrutura.

7 Referências

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MALHOTRA, V. M., CARINO, N. J., Handbook on Nondestructive Testing of Concrete. Boca Raton, Florida: CRC Press, 1991, 343 p.

Referências

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