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BIOECOLOGIA DA ICTIOFAUNA DO AÇUDE TAPEROÁ II, SEMI-ÁRIDO PARAIBANO, BRASIL

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DEPARTAMENTO DE SISTEMÁTICA E ECOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO ZOOLOGIA

BIOECOLOGIA DA ICTIOFAUNA DO

AÇUDE TAPEROÁ II, SEMI-ÁRIDO

PARAIBANO, BRASIL

ANA KARLA ARAUJO MONTENEGRO

ORIENTADOR(A): PROFa. Dra. MARIA CRISTINA CRISPIM CO-ORIENTADOR(A): PROFa. Dra. MALVA ISABEL MEDINA HERNANDEZ

JUNHO 2007

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(3)

ANA KARLA ARAUJO MONTENEGRO

BIOECOLOGIA DA ICTIOFAUNA DO

AÇUDE TAPEROÁ II, SEMI-ÁRIDO

PARAIBANO, BRASIL

Dissertação apresentada à

Coordenação do curso de

Pós-Graduação em Ciências

Biológicas – UFPB, como parte

dos requisitos necessários para

a obtenção do título de Mestre

em Ciências Biológicas, área de

concentração Zoologia.

ORIENTADOR(A): PROFa. Dra. MARIA CRISTINA CRISPIM CO-ORIENTADOR(A): PROFa. Dra. MALVA ISABEL MEDINA HERNANDEZ

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M777b Montenegro, Ana Karla Araújo.

Bioecologia da ictiofauna do açude Taperoá II, semi-árido paraibano, Brasil / Ana Karla Araújo Montenegro. – João Pessoa, 2007.

143p.: il.

Orientadoras: Maria Cristina Crispim, Malva Isabel Medina Hernandez

Dissertação (mestrado) UFPB/CCEN

1. Zoologia. 2. Bioecologia. 3. Ictiofauna – Açude Taperoá II (PB).

(5)

ANA KARLA ARAUJO MONTENEGRO

BIOECOLOGIA DA ICTIOFAUNA DO AÇUDE

TAPEROÁ II, SEMI-ÁRIDO PARAIBANO,

BRASIL

Aprovado em: ______/______/______

BANCA EXAMINADORA

_____________________________ _______________________________

Dr. Ricardo de Souza Rosa Dra. Sathyabama Chellappa

(UFPB) (UFRN)

Examinador Examinador(a)

_______________________________________

Dr. Maria Cristina Crispim Basílio da Silva

(UFPB)

Orientador(a)

______________________________ ______________________________

Roberto Sassi Dr. Francisco José Pegado Abílio

(UFPB) (UFPB)

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Agradecimentos

Primeiramente a Deus por ter me dado forças e saúde para realizar este

trabalho, e entusiasmo para encarar os próximos que virão.

Aos meus pais, Roseane e Geraldo por terem me apoiado e tido muita paciência, e compreensão comigo, durante todo este tempo da minha vida.

A Paulinho, meu IRMÃO, que eu tanto amo e sempre me apóia em tudo que faço, alegrando os meus dias com a sua companhia. Assim como, ao meu novo irmão Juninho por tornar a minha vida mais doce.

Aos meus avós (Geraldo Dias e João Belísio – in memorian, Creusa – minha 2ª mãe e Lêda) tios, tias (Ceicinha, Lêdinha e Magna, principalmente), meus primos e demais familiares por terem acreditado em mim e me apoiado.

A Nilson por todo amor, carinho, paciência e dedicação que me tem dispensado nesta curta, mas especial convivência.

À professora, amiga e orientadora Drª. Maria Cristina Crispim, carinhosamente Cris, pela orientação e ensinamentos, pela atenção que me tem tido, apoio, incentivo, calma, respeito, e principalmente, pelo exemplo de humildade, competência e dedicação ao que faz.

A professora, amiga e co-orientadora Drª Malva Isabel Medina Hernandez que veio a agregar muitos conhecimentos na construção deste trabalho, sempre me contagiando com a sua boa energia ao trabalhar. Obrigada também pela reciptividade durante a minha estadia em Florianópolis, paciência e primeiros ensinamentos em Estatística.

A Jane Torelli por todo o apoio, orientação, além do carinho, atenção, paciência, amizade, incentivo, assim como, pelo exemplo de profissional e pessoa que é, pelos primeiros ensinamentos em ictiologia e muitos outros que servirão para o resto da minha vida.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – área de concentração Zoologia, pelo apoio fornecido;

À CAPES pela bolsa concedida.

Ao PELD/Caatinga – Estrutura e Funcionamento pelo fomento para realização deste trabalho.

Ao Laboratório de Ecologia Aquática pela infra-estrutura disponibilizada.

Aos Profs. Drs., Takako Watanabe, José Etham de Lucena Barbosa (UEPB) pelas primeiras orientações na minha caminhada científica e ao Prof. Dr. Francisco José Pegado Abílio (UFPB) pelos ensinamentos valorosos e orientação ao longo da licenciatura, bibliografia, incentivo e amizade, além da identificação dos macroinvertebrados bentônicos deste trabalho.

Ao professor Dr. Ricardo de Souza Rosa pela identificação de algumas espécies de peixes.

Aos meus amigos e colegas do Laboratório de Ecologia Aquática: Carol e Lydiane (amigas e companheiras de mestrado), Sofia, Flávia, Bianca, Aline, Michelle, Liliane, Neto, Betinho, Antonio, Hugo, Hênio, Thiago, Márcio, Feliz, Francisco, a técnica Creuza e a todos que já passaram pelo Laboratório, e que de alguma forma colaboraram com o meu trabalho.

A Artur, Darlan e Leonardo, que além de companheiros de Laboratório, auxiliaram-me na identificação dos macroinvertebrados bentônicos e do zooplâncton.

A Randolpho, meu amigão e companheiro de Ictiologia, que desde o início esteve presente colaborando e descontraindo a nossa rotina diária para que tudo

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saísse da melhor forma possível, e que principalmente, me deu a mão nas horas mais difíceis.

Aos professores da graduação e pós-graduação pelos ensinamentos e experiências transmitidas, que com certeza se refletiram neste trabalho e certamente, em toda a minha vida profissional.

Aos meus amigos e colegas de turma de graduação e pós-graduação.

Aos motoristas que nos conduziram ao local das coletas, Ivanildo, Reginaldo e Ednaldo.

Ao pescador que nos auxiliou nas coletas, Isaías.

Ao apoio dado pela comunidade ribeirinha do açude Taperoá II, ambiente de estudo deste trabalho, principalmente, ao garoto Márcio e o Sr. Manoel - os canoeiros, que juntamente com a sua família, nos acolheram e colaboraram para a realização deste trabalho.

OBRIGADA A TODOS!!!

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Eh... Taperoá...

Tanta coisa pra contar Tanta estrada para andar

Muita coisa pra fazer Muitos dados a coletar

Eh... Taperoá... Terra de gente retada Gente que vive sorrindo

Contando histórias Em uma terra cheia de lendas

Todas centradas na água Que a seca todo ano relembra

A dor da fome se mágoa... Eh... Taperoá... Terra de gente retada Terra de gente sofrida Das latas às rodilhas Das piabas aos curimatãs A seca que mata a novilha É a mesma que seca os açudes

A mesma que faz armadilha Para nós pesquisadores estudar...

Eh... Taperoá... Terra de gente retada Terra de gente sofrida Terra de seca danada... Água que é fonte de vida

Vida cheia de encanto Peixes, zoo e fitoplâncton

Cadeia bem atrevida Da base vem a energia Para o ventre vai a esperança Que converte tudo em bonança

Fartura para toda esta gente Em tudo encontrar sobrevivente Na cara sorrisos de quem um dia

Fome passou sem anestesia... Eh... Taperoá... Terra de gente retada Terra de gente sofrida Terra de seca danada Terra de sol que castiga Um dia quero voltar para lá

Comer bode com o Primo Tudo que me faz recordar

Beber a água coada Ouvir a alegria do povo

Ver um mundo novo Que nasce no caminho das águas

Ter a certeza que fiz minha parte Estudando isto que é arte De modo a fazer da cidade

Referência sem igualdade Eh... Taperoá... Terra de gente retada Terra de gente sofrida Terra de seca danada Terra de sol que castiga

Terra... É o que resta Se de nada for feito Para acabarmos com o desrespeito

Em nossos mananciais...

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização do açude Taperoá II, Taperoá - PB, semi-árido. ...5 Figura 2. Visão geral do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período de estiagem,

outubro de 2005...6 Figura 3. Vegetação dominante no semi-árido paraibano, caatinga arbustiva arbórea

aberta, outubro de 2006...7 Figura 4. Índices pluviométricos do município de Taperoá – PB, registrados durante o

período

estudado...8 Figura 5. Volume do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período

estudado...9 CAPITULO I

Figura 1. Composição da ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá – PB ao longo do período estudado ...23 e 24 Figura 2. Abundância relativa das famílias de peixes do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado...27 Figura 3. Biodiversidade da ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o

período

estudado...31 Figura 4. Dendrograma de similaridade de Bray-Curtis da ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá - PB, entre os meses analisados...33 CAPITULO II

.

Figura 1. Diagramas de caixa indicando a distribuição dos valores do Comprimento Padrão (cm) das espécies constantes do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado ...47 Figura 2. Freqüência de ocorrência de Leporinus piau por classes de comprimento no

período

estudado...48 Figura 3. Freqüência de ocorrência de Astyanax bimaculatus por classes de comprimento no período estudado...50 Figura 4. Freqüência de ocorrência de Astyanax fasciatus por classes por comprimento no período estudado...51 Figura 5. Freqüência de ocorrência de Characidium bimaculatum por classes de

comprimento durante o período estudado...52 .

Figura 6. Freqüência de ocorrência de Steindachnerina notonota por classes de comprimento durante o período estudado...53 Figura 7. Freqüência de ocorrência Hoplias malabaricus por classe por comprimento

durante o período estudado...54 Figura 8. Freqüência de ocorrência de Poecilia vivipara em classes por comprimento

(11)

Figura 9. Freqüência de ocorrência de Oreochromis niloticus por classes de comprimento durante o período estudado...56 Figura 10. Relação peso-comprimento de Leporinus piau do açude Taperoá II, Taperoá –

PB, durante o período estudado...58 Figura 11. Relação peso-comprimento de Astyanax bimaculatus do açude Taperoá II,

Taperoá – PB, durante o período estudado...59 Figura 12. Relação peso-comprimento de Astyanax fasciatus do açude Taperoá II, Taperoá

– PB, durante o período estudado...60 Figura 13. Relação peso-comprimento de Characidium bimaculatum do açude Taperoá II,

Taperoá – PB, durante o período estudado...60 Figura 14. Relação peso-comprimento de Steindachnerina notonota do açude Taperoá II,

Taperoá – PB, durante o período estudado...61 Figura 15. Relação peso-comprimento de Hoplias malabaricus do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado...62 Figura 16. A e B - Relação peso-comprimento de Poecilia vivipara do açude Taperoá II,

Taperoá – PB, durante o período estudado...63 Figura 17. Relação peso-comprimento de Oreochromis niloticus do açude Taperoá II,

Taperoá – PB, durante o período estudado...64 Figura 18. Proporção sexual de Leporinus piau do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante

o período estudado...65 Figura 19. Proporção sexual de Astyanax bimaculatus do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado...66 Figura 20. Proporção sexual de Astyanax fasciatus do açude Taperoá II, Taperoá – PB,

durante o período estudado...67 Figura 21. Proporção sexual de Characidium bimaculatum do açude Taperoá II, Taperoá –

PB, durante o período estudado...68 Figura 22. Proporção sexual de Steindachnerina notonota do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado...70 Figura 23. Proporção sexual de Hoplias malabaricus do açude Taperoá II, Taperoá – PB,

durante o período estudado...71 Figura 24. Proporção sexual de Poecilia vivipara do açude Taperoá II, Taperoá – PB,

durante o período estudado...72 Figura 25. Proporção sexual de Oreochromis niloticus do açude Taperoá II, Taperoá – PB,

durante o período estudado...73 CAPITULO III

Figura 1. Atividade alimentar X atividade reprodutiva de L. piau do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado...86 Figura 2. Atividade alimentar X atividade reprodutiva de A. bimaculatus do açude Taperoá

II, Taperoá – PB, durante o período estudado...87 Figura 3. Atividade alimentar X atividade reprodutiva de A. fasciatus do açude Taperoá II,

(12)

Figura 4. Atividade alimentar X atividade reprodutiva de C. bimaculatum do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado...89 Figura 5. Atividade alimentar X atividade reprodutiva de S. notonota do açude Taperoá II,

Taperoá – PB, durante o período estudado...90 Figura 6. Atividade alimentar X atividade reprodutiva de H. malabaricus do açude Taperoá

II, Taperoá – PB, durante o período estudado...91 Figura 7. Atividade alimentar X atividade reprodutiva de P.vivipara do açude Taperoá II,

Taperoá – PB, durante o período estudado...92 Figura 8. Atividade alimentar X atividade reprodutiva de O. niloticus do açude Taperoá II,

Taperoá – PB, durante o período estudado...92 Figura 9. Alguns itens alimentares ingeridos pela ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá –

PB, durante o período estudado...95 e 96 Figura 10. Mapa espacial referente às dietas alimentares das espécies analisadas no

período de estiagem de 2005, açude Taperoá II, Taperoá – PB...124 Figura 11. Mapa espacial referente às dietas alimentares das espécies analisadas no

período chuvoso de 2006, açude Taperoá II, Taperoá – PB...125 Figura 12. Mapa espacial referente às dietas alimentares das espécies analisadas no

período de estiagem de 2006, açude Taperoá II, Taperoá – PB...126 .

Figura 13. Teia alimentar da ictiofauna do açude Taperoa II, Taperoá – PB durante o período estudado...128 Figura 14. Espécies de peixes de pequeno porte (Characidium bimaculatum e Poecilia

vivipara, principalmente), capturadas em meio a macrófita Ceratophylum sp....129 LISTA DE TABELAS

CAPITULO I

Tabela I. Composição da ictiofauna registrada no açude Taperoá II, Taperoá - PB, durante o período estudado, com os seus respectivos nomes populares... .22 Tabela II. Abundância de indivíduos da ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá – PB, coletados durante o período estudado...26 Tabela III. Índice de constância das espécies coletadas no açude Taperoá II, Taperoá - PB, durante o período estudado...29 CAPITULO II

Tabela I. Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de

Leporinus piau do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período

estudado...65 Tabela II. Tabela de contingência mostrando relação entre a proporção sexual de

Astyanax bimaculatus do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período

(13)

Tabela III. Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de

Astyanax fasciatus do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período

estudado...68 Tabela IV. Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de

Characidium bimaculatum do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período

estudado...69 Tabela V. Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de

Steindachnerina notonota do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período

estudado...70 Tabela VI. Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de

Hoplias malabaricus do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado

...71 Tabela VII. Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de

Poecilia vivipara do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado...72

Tabela VIII. Tabela de contingência mostrando a relação entre a proporção sexual de

Oreochromis niloticus do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado...74

LISTA DE QUADROS CAPÍTULO III

Quadro I. Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e Índice de importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Leporinus piau registrados no açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado...97 a 99 Quadro II. Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e Índice de importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Astyanax bimaculatus registrados no açude taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado...100 a 102 Quadro III. Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e Índice de importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Astyanax fasciatus, registrados no açude taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado...105 e 106 Quadro IV. Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e Índice de importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Characidium

bimaculatun, registrados no açude Taperoa II, Taperoá – PB, durante o período

estudado...107 e 108 Quadro V. Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e Índice de importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Steindachnerina

notonota, registrados no açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período

estudado...110 a 112 Quadro VI. Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e Índice de importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Hoplias malabaricus, registrados no açude taperoa II, Taperoá – PB, durante o período estudado...113 Quadro VII. Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e Índice de importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Poecilia vivipara, registrados no açude Taperoa II, Taperoá – PB, durante o período

(14)

Quadro VIII. Relação da freqüência de ocorrência (Fo), freqüência de pontos (Fp) e Índice de importância alimentar (IAi) dos itens alimentares de Oreochromis niloticus, registrados no açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado...118 a 120 Quadro IX. Abundância da ictiofauna por categoria trófica no açude Taperoá II durante

o período

(15)

SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT 1.INTRODUÇÃO GERAL...1 2. OBJETIVOS...4 2.1. OBJETIVO GERAL...4 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS...4 3. ÁREA DE ESTUDO...5

4. COLETAS DOS ESPÉCIMES...8

5. REFERÊNCIAS...11 CAPÍTULO I 1. INTRODUÇÃO...17 2.OBJETIVOS...19 3. MATERIAL E MÉTODOS...19 3.1. COMPOSIÇÃO DA ICTIOFAUNA...19

3.2. ABUNDÂNCIA E DOMINÂNCIA DA ICTIOFAUNA...19

3.3. CONSTÂNCIA DAS ESPÉCIES...20

3.4. ANÁLISEDA DIVERSIDADE ÍCTICA...20

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...22

4.1. COMPOSIÇÃODA ICTIOFAUNA...22

4.2. ANÁLISE DA DIVERSIDADE ÍCTICA...30

5. CONCLUSÕES...34 6. REFERÊNCIAS...35 CAPÍTULO II 1. INTRODUÇÃO...41 2. OBJETIVOS...43 3. MATERIAL E MÉTODOS...43

3.1. ESTRUTURA EM CLASSES DE COMPRIMENTO...43

3.2. RELAÇÃO PESO-COMPRIMENTO...43

3.3. PROPORÇÃO SEXUAL...44

(16)

4.1. ESTRUTURA EM CLASSES DE COMPRIMENTO...46 4.1.1. Leporinus piau...47 4.1.2. Astyanax bimaculatus...49 4.1.3. Astyanax fasciatus...50 4.1.4. Characidium bimaculatum...51 4.1.5. Steindachnerina notonota...52 4.1.6. Hoplias malabaricus...54 4.1.7. Poecilia vivipara...53 4.1.8. Oreochromis niloticus...56

4.2. RELAÇÃO PESO-COMPRIMENTO...57

4.2.1. Leporinus piau...58 4.2.2. Astyanax bimaculatus...58 4.2.3. Astyanax fasciatus...59 4.2.4. Characidium bimaculatum...60 4.2.5. Steindachnerina notonota...61 4.2.6. Hoplias malabaricus...61 4.2.7. Poecilia vivipara...62 4.2.8. Oreochromis niloticus...63 4.3. PROPORÇÃO SEXUAL...64 4.3.1. Leporinus piau...64 4.3.2. Astyanas bimaculatus...66 4.3.3. Astyanax fasciatus...67 4.3.4. Characidium bimaculatum...68 4.3.5. Steindachnerina notonota...69 4.3.6. Hoplias malabaricus...70 4.3.7. Poecilia vivipara...72 4.3.8. Oreochromis niloticus...73 5. CONCLUSÕES...75 6.REFERÊNCIAS...76 CAPÍTULO III 1. INTRODUÇÃO...80 2.OBJETIVOS...82 3.MATERIAL E MÉTODOS...82

(17)

3.1. ÉPOCASE LOCALDE COLETA...82

3.2. ATIVIDADE ALIMENTAR X ATIVIDADE REPRODUTIVA...82

3.3. ANÁLISE DO CONTEÚDO ESTOMACAL...83

3.4. SOBREPOSIÇÃO DE NICHOS ECOLÓGICOS...84

3.5. TEIA ALIMENTAR...85

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...86

4.1. RELAÇÃO ENTRE A ATIVIDADE ALIMENTAR XREPRODUTIVA DAS ESPÉCIES....86

4.1.1. Leporinus piau...86 4.1.2. Astyanax bimaculatus...87 4.1.3. Astyanax fasciatus...88 4.1.4. Characidium bimaculatum...89 4.1.5. Steindachnerina notonota...89 4.1.6. Hoplias malabaricus...90 4.1.7. Poecilia vivipara...91 4.1.8. Oreochromis niloticus...92

4.2. ANÁLISE DO CONTEÚDO ESTOMACAL...94

4.2.1. DIETA ALIMENTAR DE Leporinus piau...97

4.2.2. DIETA ALIMENTAR DE Astyanax bimaculatus...100

4.2.3. DIETA ALIMENTAR DE Astyanax fasciatus...104

4.2.4. DIETA ALIMENTAR DE Characidium bimaculatum...107

4.2.5. DIETA ALIMENTAR DE Steindachnerina notonota...109

4.2.6. DIETA ALIMENTAR DE Hoplias malabaricus...113

4.2.7. DIETA ALIMENTAR DE Poecilia vivipara...115

4.2.8. DIETA ALIMENTAR DE Oreochromis niloticus...118

4.2.9. DIETA ALIMENTAR DE Hypostomus SP., Cichlassoma orientale E Prochilodus brevis...121

4.3. SOBREPOSIÇÃO DE NICHOS ECOLÓGICOS...123

4.4. TEIA ALIMENTAR...127

5. CONCLUSÕES...132

6. REFERÊNCIAS...134 ANEXO...I

(18)

RESUMO

As características climáticas do semi-árido paraibano restringem a composição ictiofaunística às espécies capazes de subsistirem às suas condições adversas. Os vários aspectos da estratégia de vida das espécies podem ser interpretados a partir de análises da estrutura populacional, enquanto que, estudos de alimentação de peixes, proporcionam informações acerca do funcionamento trófico de um ecossistema, já que estes têm função chave nas cadeias alimentares. O presente trabalho tem por objetivo analisar a diversidade, a estrutura populacional e a estrutura alimentar da ictiofauna do açude Taperoá II, bacia do rio Taperoá, semi-árido paraibano, ao longo de um ciclo hidrológico anual. Foram realizadas seis coletas entre os meses de outubro de 2005 e outubro de 2006. A ictiofauna do açude Taperoá II foi representada por 11 táxons específicos, sendo a maioria constante durante o estudo. A diversidade foi considerada média e relativamente constante. Espécimes jovens e adultos de quatro espécies foram capturados principalmente, em outubro de 2006 (estiagem), indicando um recrutamento recente. As espécies Astyanax bimaculatus e Oreochromis niloticus apresentaram um crescimento do tipo alométrico positivo, enquanto que o de Hoplias malabaricus foi isométrico e as demais apresentaram crescimento alométrico negativo. As espécies cujas populações apresentaram uma maior proporção de fêmeas foram mais freqüentemente capturadas. A maioria das espécies não interrompeu ou diminuiu a sua atividade alimentar durante o período reprodutivo. Análises acerca da dieta alimentar revelaram sete categorias tróficas: onívoro, Leporinus piau; onívoro com tendência a herbivoria, A. bimaculatus e A. fasciatus; onívoro com tendência a planctivoria, O. niloticus; herbívoro, Poecilia vivipara; insetívoro, Characidium

bimaculatum; carnívoro, H. malabaricus; e detritívoro, Steindachnerina notonota,

contudo a maioria foi onívora. Na estiagem de 2005 observou-se sobreposição alimentar entre as espécies A. bimaculatus, A. fasciatus e L. piau; e entre P. vivipara e C. bimaculatum; no período chuvoso de 2006, entre A. bimaculatus, A. fasciatus,

L. piau, S. notonota, P. vivipara e O. niloticus, provavelmente ocasionada pelo maior

volume de água do açude que dificultou as chances dos peixes encontrarem suas presas; enquanto que, no período de estiagem de 2006 observou-se sobreposição entre as espécies A. bimaculatus, A. fasciatus e P. vivipara.

(19)

ABSTRACT

Climatic caracteristics of paraiban semi-arid region decreased the icthyofauna to resistant species to these adverse environmental conditions. The different aspects of species life history are known, through the population structure analyzes, while that, studies about fish feeding gives us information about trophic function of an environment, since these have function key in the alimentary chains. The aim of this work is to analyze the diversity, population structure and feeding habits of ichthyofauna of Taperoa II dam, basin of the river Taperoá, in paraiban semi arid region, along a annual hidrological cycle. Six collections had been enters the months of october of 2005 and october of 2006. The ichthyofauna was represented by 11 specifics taxons, being most constant along the study. Diversity was considered medium and relatively constant. Juveniles and adult specimens of four species were caught, especially in October 2006 (dry period), showing a recent recruitment. The species Astyanax bimaculatus and Oreochromis niloticus presented a positive alometric growth, while for Hoplias malabaricus it was isometric and for others, negative alometric. Species which were represented mainly for female, had been more frequent captured. The majority of species did not stop or decreased their feeding activity during the reproduction period. Food diet analysis revealed seven trophic classification habits: omnivorous, Leporinus piau; omnivorous with herbivorous tendency, A. bimaculatus and A. fasciatus; omnivorous with planktivorous tendency, O. niloticus; herbivorous, Poecilia vivipara; insectivorous,

Characidium bimaculatum; carnivorous; and detritivorous, Steindachnerina notonota,

nevertheless the majority was omnivorous. In the dry period of 2006 food overlap was observed among the species A. bimaculatus, A. fasciatus and L. piau; and between P. vivipara e C. bimaculatum; in the rainy period among A. bimaculatus, A.

fasciatus, L. piau, S. notonota, P. vivipara and O. niloticus, probably due the higher

amount of water present in the environment which decreased the probability of prey encountering. In the dry period of 2006, niche overlap was observed among the species A. bimaculatus, A. fasciatus and P. vivipara.

(20)

1. INTRODUÇÃO GERAL

Diante da grande diversidade de espécies, heterogeneidade, abundância e mobilidade, os peixes têm uma função chave nas cadeias alimentares dos ecossistemas aquáticos (SOARES et al., 1986), sendo muitas vezes um importante parâmetro biológico na caracterização trófica do ecossistema aquático (DIAS et al., 2005). Contudo, estima-se que este grupo já perdeu cerca de 20% da sua diversidade mundial, principalmente pela degradação dos habitats, a sobrepesca dos estoques e a introdução de espécies exóticas, (FERNANDO, 1991; LATINI, 2001), assim como, segundo Rosa et al. (2005), os programas de erradicação de espécies, que possivelmente levaram a desestruturação ou até mesmo a extinção de espécies nativas.

De acordo com Cunico et al. (2002), regiões tropicais são caracterizadas por variações sazonais relativamente pequenas na temperatura e fotoperíodo em comparação com ambientes de regiões temperadas, entretanto, a dinâmica destas é dada principalmente pelo regime dos ventos e flutuações das chuvas.

Segundo Agostinho et al. (2007), as espécies de peixes neotropicais apresentam elevada plasticidade trófica, bem como reprodutiva, ocasionando apenas modificações na composição e estrutura da assembléia, impedindo que ocorram extinções massivas.

Em comunidades de peixes tropicais de água doce, os principais agentes seletivos parecem ser os efeitos bióticos da competição por recursos (alimento e espaço físico) e a predação, interagindo com os efeitos abióticos da seca, da dessecação e da desoxigenação (LOWE-McCONNEL, 1987).

Segundo Britski et al. (1984), as águas interiores do Brasil ocupam uma área inundada de aproximadamente três milhões de hectares, esses autores estimam que tais ambientes sejam habitados por milhares de espécies de peixes e ressaltam ainda que o Brasil contém a mais rica ictiofauna de água doce do mundo, porém, segundo Menezes (1996), a avaliação e compreensão dessa rica diversidade são negativamente afetadas pelo conhecimento incompleto de sua ecologia, biologia e sistemática.

Segundo Rosa et al. (2005), a ictiofauna da Caatinga inclui representantes de diferentes grupos neotropicais típicos, mas que com exceção dos peixes da família

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Rivulidae, apresenta-se bem menos diversificada quando comparada à de outros ambientes brasileiros.

Na região do semi-árido do Nordeste brasileiro, mais conhecida como Polígono das Secas, na qual se acham incluídos 9 estados da Federação (área total de 936.993 km2), correspondente a 11% do território nacional, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) vem construindo açudes desde 1909. Estes têm sido utilizados para múltiplos fins, como a irrigação, a energia elétrica, o abastecimento público, o controle de enchentes, a perenização dos rios, a agricultura de vazante, a recreação e a produção de pescado (GURGEL, 2006).

Os açudes, por serem ecossistemas artificiais, modificam diferentes aspectos de uma bacia hidrográfica, alterando desde os parâmetros físicos e químicos da água até a estrutura das comunidades de peixes. Muitas vezes, a barragem constitui uma barreira intransponível para os peixes, isolando áreas que certas espécies freqüentavam para a reprodução ou em busca de alimento, sendo as espécies de piracema as mais afetadas (SMITH & PETRERE JÚNIOR, 2001).

O monitoramento biológico da ictiofauna é essencial para identificar as respostas do ambiente aos impactos causados pela ação antrópica, além de fornecer subsídios para a regulamentação dos usos dos recursos hídricos, possibilitando o desenvolvimento de alternativas para minimizar a degradação dos mesmos (ANGERMEIER & KARR, 1984).

Segundo Villacorta-Correa & Saint-Paul (1999), o entendimento da biologia e do ciclo de vida da ictiofauna é um fator essencial para o estabelecimento de políticas adequadas para a regulamentação da pesca, bem como, para a viabilidade dos cultivos.

A falta de conhecimento acerca da ictiofauna de água doce Neotropical é mais evidente quando se considera a região Nordeste do Brasil (SÁ, 2000). Nesta região, estudos relacionados com a ictiofauna vêm sendo desenvolvidos, visando, principalmente, subsidiar a exploração comercial e/ou criação de espécies de peixes para o repovoamento de reservatórios (RODRIGUES, 1987).

No cariri paraibano, mais especificamente, vários estudos vêm sendo desenvolvidos em diversos ecossistemas, conforme demonstram os trabalhos realizados por Torelli et al. (2002; 2004), Siqueira et al. (2003), Cardoso et al, (2003; 2005), Marinho et al. (2004; 2005a e 2005b), Chaves (2004), Montenegro et al. (2005; 2007), Silva et al. (2005), dentre outros, com o apoio do PELD (Programa de

(22)

Pesquisas Ecológicas de Longa Duração) – Caatinga - Estrutura e funcionamento. Contudo, poucos trabalhos priorizaram a estrutura e dinâmica da assembléia de peixes em um dado ambiente.

Segundo Marques et al. (2001), os estoques pesqueiros representam para o homem uma importante fonte alimentar, sendo assim, de grande relevância garantir e prolongar a exploração deste recurso, que vem sendo progressivamente comprometido por ações antrópicas, como o barramento de rios, a poluição, o desmatamento, dentre outras. Frente aos distúrbios que os ambientes aquáticos sofreram nas últimas décadas e os conseqüentes impactos causados sobre a ictiofauna, é cada vez mais relevante o entendimento da biologia e ecologia de peixes nestes ecossistemas (FERREIRA, 2004).

Diante do exposto, faz-se necessário um estudo mais aprofundado sobre a diversidade, estrutura populacional e alimentar da assembléia de peixes do açude Taperoá II, semi-árido paraibano (Caatinga), considerando-se a escassez de trabalhos que abordem esta perspectiva e a existência de espécies de importância econômica para a região, como fontes importantes de proteína animal na dieta alimentar da população local, bem como, sob o aspecto ecológico que as mesmas desempenham neste ambiente.

O presente trabalho encontra-se estruturalmente dividido em três capítulos isolados e complementares, permitindo delinear três futuros artigos: o primeiro refere-se a uma análise da composição íctica do açude Taperoá II e a aplicação de índices de biodiversidade, com a finalidade de se obter conhecimentos acerca das espécies presentes no ambiente, suas relações entre si e com este; o segundo capítulo propõe uma análise de aspectos da estrutura populacional das espécies de peixes registradas constantemente, visando acompanhar a dinâmica das populações no ambiente; o terceiro e último capítulo refere-se à determinação de aspectos da atividade, dieta e regime alimentar das espécies, culminando com a elaboração de uma teia alimentar que evidencia o papel de cada espécie no fluxo de energia. O presente estudo em sua totalidade, e juntamente com os demais aqui mencionados e os que estão em andamento, contribuirão com importantes subsídios para futuros manejos ambientais na região.

(23)

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Objetivou-se analisar a diversidade, a estrutura populacional e a estrutura alimentar da ictiofauna do açude Taperoá II, semi-árido paraibano, ao longo de um ciclo hidrológico anual.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Capítulo I – Diversidade da ictiofauna

• Definir a composição, riqueza, abundância, o grau de dominância e constância da ictiofauna do açude;

• Determinar os índices de diversidade, de equitabilidade e de similaridade de espécies entre os meses de coleta;

Capítulo II – Estrutura e Dinâmica Populacionais (das espécies encontradas constantemente):

• Determinar a estrutura populacional das espécies, com base nas classes de comprimento;

• Estabelecer a relação peso-comprimento das espécies;

• Determinar a proporção sexual entre os indivíduos das populações; Capítulo III – Estrutura Alimentar (das espécies constantes):

• Relacionar a atividade alimentar com o período reprodutivo das espécies; • Identificar a dieta e determinar o regime alimentar das espécies presentes no

açude Taperoá II;

• Determinar a sobreposição de nichos ecológicos entre as espécies analisadas;

• Construir uma teia alimentar com base nas espécies analisadas e seus itens alimentares.

(24)

3. ÁREA DE ESTUDO

A bacia do rio Taperoá (Fig. 1) situa-se no nordeste brasileiro, na porção central do Estado da Paraíba. Os seus limites ocorrem com as bacias do Espinharas e do Seridó a oeste, com a do Alto Paraíba do sul, com as bacias do Jacu e Curimataú ao norte, e com a bacia do Médio Paraíba a leste. Seu principal rio é o Taperoá, de regime intermitente, que nasce na Serra do Teixeira e desemboca no rio Paraíba, no açude de Boqueirão (Presidente Epitácio Pessoa). A bacia drena uma área de aproximadamente 7.316 Km2 (PARAÍBA, 1997).

Figura 1 – Localização do açude Taperoá II, Taperoá - PB, semi-árido. Fonte: (Leonardo L. Ribeiro).

Barragem

(25)

O açude Taperoá II é parte integrante da bacia do rio Taperoá e está situado no município de Taperoá, na região central do Estado da Paraíba (Fig. 2), entre as latitudes 07°11’44”S e 07°13’44”S e as longitudes 36°52’03”W e 36°50’09”W. Encontra-se localizado a uma altitude de 578 m, possui uma capacidade máxima de 15.148.900 m3 de acumulação, com profundidade máxima de 5,7 m e média de 1,4 m. A superfície do açude é de 4,6 km2, sendo utilizado, principalmente, para abastecimento humano (PARAÍBA, 1997).

Figura 2 – Visão geral do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período de estiagem, outubro de 2005 (Fonte: Ana Karla A. Montenegro).

A região do semi-árido paraibano apresenta duas estações climáticas bem definidas, a chuvosa, com duração de três a quatro meses, e a de estiagem na maior parte dos meses do ano (BARBOSA, 2002), compreendendo a região com os menores índices pluviométricos do Brasil, cerca de 300 mm/ano (DANTAS et al., 2003).

O clima da região é do tipo BSh’, o que indica um clima semi-árido, quente e seco com estação chuvosa no verão-outono (KÖPPEN, 1900). Na bacia predominam solos rasos, pedregosos, altamente suscetíveis à erosão e de alto risco de salinização. A vegetação dominante é a caatinga arbustiva arbórea aberta, que

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se encontra bastante antropizada (Fig. 3), mostrando indicativos crescentes de processos de desestruturação ambiental, social e econômica (BARBOSA, 2002).

Figura 3 – Vegetação dominante no semi-árido paraibano, caatinga arbustiva arbórea aberta, outubro de 2006 (Foto: Ana Karla A. Montenegro).

Segundo Lacerda (2003), a importância do açude Taperoá II é representada pelos seguintes papéis: ser a fonte de abastecimento de água do setor urbano, das comunidades próximas a sua bacia, de algumas comunidades rurais e ainda de outros municípios em épocas de seca; permitir a dessedentação animal; possibilitar a irrigação e a prática de agricultura de vazante na época de estiagem; representar uma fonte de alimentação; ofertar à comunidade próxima à sua bacia a chamada água de gasto para os trabalhos domésticos (lavar louça, tomar banho e cozinhar); e ainda servir como recurso para a lavagem de roupas. Além disso, o açude representa uma fonte de renda através da comercialização da água bruta e de seus produtos pesqueiros.

(27)

4. COLETAS DOS ESPÉCIMES

O trabalho de campo contou com o apoio logístico do PELD/Caatinga (Projeto de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração) - Estrutura e Funcionamento e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Zoologia, da UFPB.

Conforme apresentado na figura 4, as coletas dos espécimes foram realizadas durante os meses de outubro e dezembro de 2005, março e junho de 2006, e agosto e outubro de 2006 que correspondem, de acordo com os índices pluviométricos determinados para a região, à estação de estiagem de 2005, à chuvosa de 2006 e a de estiagem de 2006. Os dados das coletas foram agrupados na referidas estações com o intuito de facilitar as análises.

Os índices pluviométricos do município de Taperoá e os dados de volume do açude Taperoá II, foram fornecidos pelo Laboratório de Meteorologia e Sensoriamento Remoto da Paraíba (LMRS-PB), disponíveis no site da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA, 2007).

O volume do açude Taperoá II apresentou grandes oscilações ao longo do estudo, de 3.930.838 m3 em dezembro de 2005 a 15.148.900 m3 em maio,junho e julho de 2006, (quando houve transbordamento ou sangramento, como o evento é conhecido na região), contudo não chegou a secar completamente (Fig. 5).

Figura 4 – Índices pluviométricos do município de Taperoá – PB, registrados durante o período estudado, (AESA, 2007). Períodos de amostragem: estação de estiagem 2005 (círculos vermelhos); estação chuvosa de 2006 (círculos azuis); e de estiagem de 2006 (círculos vermelhos).

0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0 mm

out/05 nov/05 dez/05 jan

(28)

Os espécimes de peixes foram coletados com as seguintes artes de pesca: tarrafa (com malha de rede de 15 mm entre nós adjacentes), rede de arrasto e puçá (confeccionados com sacos de nylon com 0,2 mm de abertura) e redes de espera (malhas de 15, 20, 25, 35 e 40 mm, entre nós adjacentes). Estas redes foram utilizadas para incluir toda a assembléia de peixes presente no ambiente, já que elas capturam desde indivíduos de pequenos tamanhos até de grande porte.

As coletas foram realizadas durante 24 horas, com despescas das redes de espera a cada 4 horas (em média), garantindo desta forma, uma maior fidelidade nas amostragens, principalmente pelo fato das espécies apresentarem horários de atividade próprios. A cada intervalo entre uma despesca e outra, foram utilizados nas regiões marginais o puçá e a rede de arrasto, 30 e 15 vezes, respectivamente; enquanto que, a tarrafa foi utilizada 10 vezes, tanto nas regiões marginais do açude quanto nas mais profundas.

Após as coletas dos espécimes foi realizada a triagem, biometria e etiquetagem dos espécimes. Das espécies identificadas, no próprio local, em cerca de 38% do material coletado foram extraídas as vísceras para as análises gonadais e estomacais, em seguida, foram fixadas com solução de formalina a 10%.

Posteriormente, foram transportados para o Laboratório de Ecologia Aquática/DSE/UFPB, onde foi revisada a identificação taxonômica das espécies,

Figura 5 – Volume do açude Taperoá II, Taperoá – PB, durante o período estudado, AESA (2007). Períodos de amostragem: estação de estiagem 2005 (círculos vermelhos); estação chuvosa de 2006 (círculos azuis); e de estiagem de 2006 (círculos vermelhos).

0 2.000.000 4.000.000 6.000.000 8.000.000 10.000.000 12.000.000 14.000.000 16.000.000 V o lu m e do a ç ude ( m 3 ) out /05 nov/05dez/05jan/0 6fev/06 ma

r/06abr/06 mai/06jun/06 jul/06 ag

o/06set/06 out/06 Transbordamento

(29)

baseando-se em Fowler (1954), Britiski et al. (1972; 1984), Vari (1991), Nakatani et

al., (2001), bem como, através de especialistas da área.

Nos espécimes não identificados no campo, injetou-se solução de formalina a 10% de imediato, ao longo de todo o corpo do animal e principalmente, na região visceral. Alguns representantes das espécies analisadas foram enviados à Coleção Ictiológica da UFPB.

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(35)

CAPÍTULO I: DIVERSIDADE DA

ICTIOFAUNA DO AÇUDE TAPEROÁ II

Foto: Ana K. A. Montenegro

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1. INTRODUÇÃO

A Região Neotropical, que possui a maior diversidade de peixes do planeta, foi ironicamente a que recebeu a maior quantidade de espécies exóticas (25,3% do total mundial), sendo o Brasil, o país com maior incidência dessas introduções, com a finalidade de aumentar da produção pesqueira, incrementar a pesca esportiva e para suprir as necessidades alimentares da população (AGOSTINHO & JÚLIO, 1996).

Segundo Paiva (1978), diversos fatores têm influenciado na redução da fauna de água doce brasileira, como a ocupação do espaço físico, a crescente pressão demográfica, a exploração florestal, bem como, a destruição dos ecossistemas.

A falta de conhecimento no que diz respeito à ictiofauna de água doce Neotropical é mais evidente quando se considera a região Nordeste do Brasil. Em mapas de distribuição de espécies, é comum observar lacunas na distribuição de vários grupos na região Nordeste, simplesmente por não haver registro de coletas na área (SANTOS, 2005).

Considera-se que no nordeste brasileiro está situado, indubitavelmente, o habitat aquático mais alterado do país. Diante das características climáticas que se impõem nesta região, já restringindo a composição ictiofaunística de seus rios aos peixes capazes de subsistirem às suas condições adversas, também é nesta região que o homem intencionalmente realizou as ações modificadoras mais drásticas do Brasil. Dentre estas, destaca-se o longo processo de desmatamento ocorrido na região (GURGEL et al., 2002), além das introduções de espécies exóticas, da prática da açudagem e da erradicação de piranhas (ROSA et al.2005).

Dentre as micro-regiões do Nordeste, as regiões áridas ou semi-áridas sofrem grandes limitações de seus recursos hídricos, devido em sua maioria, aos baixos índices pluviométricos e à alta taxa de evaporação de suas águas o que aumenta os processos de eutrofização. O fluxo de água pode oscilar desde a ausência total do fluxo (seca) até grandes descargas da lâmina d’água (cheia) na maioria dos ambientes.

Segundo Crispim & Watanabe (2000), o ciclo hidrológico tem início com o período chuvoso, quando estes ambientes recebem água e em seguida, por meio da evaporação, ela é perdida gradualmente, levando a uma alteração no estado trófico do ambiente ao longo do tempo. Esses eventos exerceram importante papel na

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organização e funcionalidade destes ecossistemas, fazendo com que as espécies presentes desenvolvam estratégias de sobrevivência, gerando muitas vezes competições intra e inter-específica, alterações na estrutura das comunidades e na disponibilidade de recursos alimentares presentes no meio (MEDEIROS, 1999).

Em decorrência desses eventos, nestas regiões foram construídos diversos reservatórios por iniciativa do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), com a finalidade de acumular água para o abastecimento, irrigação, consumo animal e produção pesqueira, introduzindo diversas espécies exóticas, principalmente a tilápia nilótica, sem qualquer monitoramento adequado (GURGEL, 1998).

Alguns estudos vêm sendo desenvolvidos acerca da diversidade de peixes em diferentes ambientes do semi-árido paraibano, como Medeiros & Maltchik, (1998); Medeiros, (1999); Costa, (2001); Torelli et al, (2002); Siqueira et al, (2003); Cardoso et al. (2005), Marinho et al. (2004; 2005a, b; 2007) e Montenegro et al. (2007).

Segundo Teixeira et al. (2005), a determinação da diversidade, especialmente das assembléias de peixes e dos seus padrões de variações espaciais e temporais, é de grande relevância para avaliar a qualidade ambiental, uma vez que os peixes ocupam variadas posições na teia trófica.

O estudo de comunidades de um determinado ecossistema envolve uma síntese dos fatores ambientais e das interações bióticas, que podem ser analisadas sobre vários aspectos, utilizando-se parâmetros como diversidade, riqueza e eqüitabilidade (WOOTTON, 1990).

Diante do apresentado faz-se necessário analisar e avaliar a diversidade das populações de peixes do açude Taperoá II, semi-árido paraibano, por considerar o relevante papel de cada espécie para a manutenção do equilíbrio deste ecossistema, bem como, a grande importância destas para a economia da população local.

(38)

2. OBJETIVOS

• Definir a composição, abundância, o grau de dominância de espécies e constância da ictiofauna do açude Taperoá II;

• Determinar os índices de diversidade, riqueza, equitabilidade e similaridade de espécies entre os meses de coleta.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. COMPOSIÇÃO DA ICTIOFAUNA

Após a coleta dos espécimes foi realizada a triagem, medição, pesagem e etiquetagem dos mesmos e a fixação com solução de formalina a 10%. Posteriormente, foram transportados para o Laboratório de Toxicologia Aquática/DSE/UFPB, onde foi revisada a identificação taxonômica das espécies, baseando-se em Fowler (1948), Britiski et al. (1972; 1984), Vari (1991), Nakatani et

al., (2001), bem como, com auxílio de especialistas da área.

Alguns representantes das espécies analisadas foram depositados na Coleção Ictiológica da UFPB (números de tombo: 6175, 6176, 6177, 6178, 6179, 6180, 6181, 6182, 6183, 6184 e 6185).

3.2. ABUNDÂNCIA E DOMINÂNCIA DA ICTIOFAUNA

A abundância da ictiofauna foi determinada de acordo com o número total de indivíduos capturados por espécie e por coleta. Para verificar a variação na freqüência de captura das diferentes espécies temporalmente, utilizou-se a correlação de Spearman.

A fim de estabelecer o grau de dominância (D) entre as espécies aplicou-se o Índice de Dominância de Simpson segundo McNaughton (1968):

Y

/

)

y

y

(

D

=

1

+

2

×

100

Onde:

y1 = abundância da 1ª espécie mais abundante;

(39)

Y= abundância total de todas as espécies.

3.3. CONSTÂNCIA DAS ESPÉCIES

Para a determinação das espécies constantes no açude Taperoá II durante o período estudado, aplicou-se o Índice de Constância (C) (DAJOZ, 1973) que é utilizado para a determinação das espécies residentes e migrantes, através da fórmula:

( )

×

100

=

p

P

C

Onde:

C = é o valor de Constância de cada espécie

p = é o numero de coletas contendo a espécie estudada P = é o numero total de coletas efetuadas

No qual, uma espécie foi considerada constante quando apresentou o índice de Constância (C) > 50%, entre 25 e 50% acessórias e quando (C) < 25 % foram consideradas acidentais.

3.4. ANÁLISEDADIVERSIDADE ÍCTICA

Para a determinação dos valores do índice de diversidade em cada coleta calculou-se o índice de diversidade de Shannon (H’), utilizando-se logaritmos de base 2 (bits/ind). Segundo Pinto-Coelho (2000), quando o índice é maior do que 3 a diversidade pode ser considerada alta; entre 3,0 e 2,0, a diversidade é média; entre 2,0 e 1,0 a diversidade é baixa e menor que 1,0 a diversidade é muito baixa.

Aplicou-se o índice de eqüitabilidade (E’) de Camargo com a finalidade de determinar a distribuição dos indivíduos nas espécies. Podendo variar entre 0 e 1, quando mais próximo de 1, mais uniforme será a distribuição dos indivíduos nas espécies (PINTO-COELHO, 2000). Os valores dos índices de diversidade, assim como dos índices de eqüitabilidade de Camargo (E’) foram calculados utilizando-se o software Ecological Methodology (KENNEY & KREBS, 2000).

A correlação de Spearman (0,05 de significância), foi realizada entre os valores dos índices de diversidade, assim como, os de equitabilidade, com os valores da pluviosidade e volume do açude. Posteriormente, realizou-se a análise de

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agrupamento a partir da matriz de similaridade de Bray Curtis, entre as populações de peixes e as suas diferenças sazonais (índices de diversidade), através do software Primer.

O índice de riqueza específica foi determinado de acordo com o número de espécies por coleta.

(41)

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. COMPOSIÇÃODA ICTIOFAUNA

O levantamento taxonômico da comunidade íctica do açude Taperoá II foi representado por 11 táxons específicos, compreendidos em quatro ordens, nove famílias e dez gêneros (Tab. I).

Táxon Nome Popular

Characiformes Anostomidae

Leporinus cf. piau (Fowler, 1941) Piau Characidae

Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) Piaba do rabo amarelo Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819) Piaba do rabo vermelho

Crenuchidae

Characidium bimaculatum (Fowler, 1941) Canivete

Curimatidae

Steindachnerina notonota (Miranda-Ribeiro, 1937) Sagüiru, Saburú

Erythrinidae

Hoplias malabaricus (Bloch, 1794 ) Traíra

Prochilodontidae

Prochilodus brevis (Steindachner, 1875) Curimatã

Cyprinodontiformes Poeciliidae

Poecilia vivipara (Bloch & Schneider, 1801) Guarú, Barrigudinho

Perciformes Cichlidae

Cichlasoma orientale (Swainson, 1839) Cará

Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1978) Tilápia nilótica (espécie introduzida)

Siluriformes Loricariidae

Hypostomus sp. Cascudinho, Chupa pedra

Tabela I – Ictiofauna registrada no açude Taperoá II, Taperoá - PB, durante o período estudado, com os seus respectivos nomes populares.

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Figura 1 – Ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá – PB ao longo do período estudado: A – Astyanax bimaculatus; B - A. fasciatus; C - Cichlasoma orientale, D -

Characidium bimaculatum; E - Poecilia vivipara; F – Leporinus cf. piau; G - Hoplias

malabaricus; H - Prochilodus brevis; I - Steindachnerina notonota; J - Hypostomus

sp.; K - Oreochromis niloticus. Fotos: Ana K. A. Montenegro.

A B

C D

E F

(43)

Ao longo do estudo observou-se uma variação no número de espécies coletadas nos diferentes meses, variando de 6 espécies (junho de 2006) a 10 espécies (março e agosto de 2006). A análise de correlação entre o número de espécies e a pluviosidade mostrou-se não significativa [rS = 0,19; p = 0,71], assim

como com o volume do açude [rS= -0,32; p = 0,53].

Cinco destas espécies também foram capturadas por Marinho et al. (2005a), analisando a diversidade da ictiofauna do açude Taperoá II em 2002 e 2003, os quais registraram os seguintes táxons: Anostomidae – Leporinus cf. piau (Fowler, 1941); Curimatidae – Psectrogaster rhomboides e Curimata sp.; Characidae –

Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758); Cichlidae – Oreochromis niloticus

(Linnaeus, 1978), Geophagus brasiliensis e Crenicichla sp.; Erythrinidae – Hoplias

malabaricus (Bloch, 1794) e Loricariidae - Hypostomus sp., enquanto que, em 2004

registraram: Anostomidade – Leporinus piau; Curimatidae – Steindachnerina

notonota; Characidae - A. bimaculatus; Cichlidae - O. niloticus e Erithrinidae – H. malabaricus. Estes dados demonstram que a composição de peixes do açude

altera-Figura 1 – Ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá – PB ao longo do período estudado: A – Astyanax bimaculatus; B - A. fasciatus; C - Cichlasoma orientale, D -

Characidium bimaculatum; E - Poecilia vivipara; F – Leporinus cf. piau; G - Hoplias malabaricus; H - Prochilodus brevis; I - Steindachnerina notonota; J - Hypostomus

sp.; K - Oreochromis niloticus. Fotos: Ana K. A. Montenegro.

K

J I

(44)

se ao longo dos anos, possivelmente respondendo a variação dos índices pluviométricos ao longo dos anos na região.

Contudo, segundo Rosa et al. (2005), lamentavelmente não existe documentação completa da diversidade pretérita da ictiofauna, de tal modo que os dados atuais revelam apenas uma parcela do que existia antes das alterações de origem antrópica.

Agostinho et al. (2007), afirmaram que em reservatórios brasileiros, cerca de 85% apresentam uma riqueza total inferior a 40 espécies de peixes, e quase metade tem entre 20 e 40, com média em torno de 30 espécies por reservatório. Raros foram aqueles com mais de 80 espécies e consideram ainda que, um número inferior a 40 por reservatório é relativamente baixo.

No presente estudo observou-se uma sucessão ecológica, em termos de abundância, entre as espécies Leporinus cf. piau e Steindachnerina notonota (Miranda-Ribeiro, 1937) (Tab. II), a qual pode ter ocorrido produto da competição por nichos ecológicos, pois ambas se alimentam no substrato do açude, embora a primeira apresente hábito onívoro, enquanto que a segunda, detritívoro.

Ao longo do estudo foi coletado um total de 889 indivíduos, sendo que, a freqüência de captura das diferentes espécies variou temporalmente, havendo uma correlação negativa significativa entre a precipitação e o número de indivíduos [rS =

-0,81; p < 0,05], ressaltando-se uma diminuição no número de indivíduos capturados no período chuvoso (78 e 109 exemplares em março e junho de 2006 respectivamente), fato que pode estar relacionado com o sangramento do açude e a dispersão das espécies, principalmente as relacionadas com as migrações reprodutivas (Tab. II).

(45)

Tabela II – Abundância de indivíduos da ictiofauna do açude Taperoá II, Taperoá – PB, coletados durante o período estudado.

Estiagem/2005 Chuvosa/2006 Estiagem/2006 Espécies

Out/05 Dez/05 Mar/06 Jun/06 Ago/06 Out/06 Total

Leporinus cf. piau 5 6 4 - 28 46 89 Astyanax bimaculatus 72 10 8 25 48 37 200 Astyanax fasciatus 17 6 12 - 79 28 142 Characidium bimaculatum 7 - 4 41 34 36 122 Steindachnerina notonota 45 43 26 1 3 2 120 Hoplias malabaricus 6 23 9 7 7 7 59 Prochilodus brevis - - 1 - - - 1 Poecilia vivipara 7 36 10 15 45 10 123 Cichlassoma orientale - 1 - - 1 2 4 Oreochromis niloticus - 1 3 20 1 1 26 Hypostomus sp. - 1 1 - 1 - 3 Total de Indivíduos 159 127 78 109 247 169 889 Total de espécies 7 9 10 6 10 9

Observou-se que H. malabaricus apresentou maior abundância no período de menor volume de água do açude, estiagem de 2005 (Fig. 5, Intodução Geral). Welcome (1979), afirma que a abundância relativa de predadores piscívoros tende a aumentar na estação seca em razão da alta taxa de forrageamento.

A variação na abundância das espécies nas diferentes estações pode estar relacionada com o uso de diferentes recursos, que permite a coexistência. As espécies Astyanax bimaculatus e Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819), foram mais abundantes nos períodos de estiagem, fato que está possivelmente associado a maior capacidade que estas apresentam de resistirem as condições imposta pelo meio. As referidas espécies pertencem à Família Characidae, as quais neste estudo representaram 18,18% das espécies capturadas, foram também as mais abundantes no ambiente 38,47% (grau de dominância) (Fig. 2).

Referências

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