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XV ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Universidade de Fortaleza 19 a 23 de outubro de 2015

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XV ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

Universidade de Fortaleza 19 a 23 de outubro de 2015

A DEFINIÇÃO DE SOBERANIA PARA JEAN BODIN E SUAS

CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO DO ESTADO MODERNO

Karin Becker Lopes1* (PG), Júlia Maia de Meneses Coutinho2 (PG), Ivson Antônio de Souza Meireles3 (PG), Bleine Queiroz Caúla4 (PG) e Newton de Menezes Albuquerque5 (PQ).

1Mestrado em Direito Constitucional, Universidade de Fortaleza, Fortaleza-CE;

2Mestrado em Direito Constitucional, Universidade de Fortaleza, Fortaleza-CE;bolsista da Fundação cearense de amparo à pesquisa - FUNCAP;

3Mestrado em Direito Constitucional, Universidade de Fortaleza, Fortaleza-CE;

4 Mestre em Administração de Empresas pela Universidade de Fortaleza, Fortaleza-CE, doutoranda em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e professora assistente da Graduação e Pós-Graduação, Universidade de Fortaleza, Fortaleza/CE;

5Doutor em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco e Professor-adjunto da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e da Universidade Federal do Ceará (UFC).

karinbeckerl@gmail.com

Palavras-chave: Soberania. Jean Bodin. República. Estado moderno.

Resumo

O tema central deste ensaio constitui o estudo do pensamento de Jean Bodin no concernente à definição de soberania. Inicialmente, tem-se a análise do conceito de República para o Filósofo, como forma de visualizar a relação desta com o detentor do poder soberano. Com suporte nessa percepção, avaliam-se as principais

questões tratadas pelo autor e registradas em sua obra “Os seis livros da República” no tocante às

características e implicações do poder soberano. Dessa forma, resta possível estabelecer, considerando-se todos os pormenores da teoria de Bodin sobre a soberania, quais foram as suas mais expressivas contribuições, nesse aspecto, para a formação do Estado Moderno.

Introdução

A ideia de soberania é concebida por Jean Bodin em sua obra Os seis livros da República. Na época em que fora publicada, 1576, o tema se encontrava cercado por diversas polêmicas, uma vez que refletia no questionamento acerca do poder do Imperador e do Papa, então absolutos.

Bodin foi o primeiro filósofo a apresentar uma conceituação completa de soberania, versando sobre sua relação com a República, que, para ele, era o Estado. Tendo na soberania, como se observará ao longo do presente ensaio, um poder absoluto, o Filósofo coloca o soberano em submissão somente às leis divinas e naturais. Qualquer outro poder instituído, dessa forma, se encontra sujeito à aprovação do detentor do poder soberano.

O tema central deste estudo, assim, constitui o modelo de soberania definido por Jean Bodin e sua relação com os tipos de governo reconhecidos pelo Filósofo, a fim de se estabelecer as contribuições conferidas pelo mesmo à formação do Estado Moderno.

Metodologia

A metodologia utilizada caracterizar-se-á como um estudo descritivo-analítico, desenvolvido por meio de pesquisa:

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2 Bibliográfica: através de livros, revistas, publicações especializadas, artigos e dados oficiais publicados na Internet; por meio de estudos de normas nacionais e internacionais, bem como dados publicados por fontes oficiais.

Empírica: por meio de pesquisa de campo em órgãos policiais e instituições penitenciárias para coleta de dados relevantes e convenientes à pesquisa. Serão utilizados instrumentos de coleta de dados, tais como: entrevista; questionário; formulário.

Quanto à utilização dos resultados:

Pura, à medida que terá como único fim a ampliação dos conhecimentos.

Quanto à abordagem:

Qualitativa, à medida que se aprofundará na compreensão das ações e relações humanas e nas condições e frequências de determinadas situações sociais.

Quanto aos objetivos:

Descritiva, posto que, buscará descrever, explicar, classificar, esclarecer e interpretar o fenômeno observado;

Exploratória, objetivando aprimorar as ideias através de informações sobre o tema em foco.

Resultados e Discussão

A República para os antigos, como Cícero e Aristóteles, segundo explica Bodin (2011), representa uma sociedade de homens cujo objetivo é viver de forma satisfatória e cômoda. A verdadeira República, porém, segundo o Filósofo, é aquela em que há um “reto governo de vários lares e do que lhes é comum, com poder soberano” (BODIN, 2011, p.71). Disso, depreende-se que, para o autor, a honestidade e a justiça são elementos essenciais em uma República bem ordenada, constituindo o homem ilustrado a sua medida. Nesse sentido, Chevallier (1999, p. 55) assinala que

a comunidade política, cuja teoria imperiosamente propõe, é um governo reto. Entendamos: não só conforme a certos valores morais de razão, de justiça, de ordem, no sentido mais elevado, mais platônico do termo (‘bem ordenado’, expressão cara a Bodin, contém isso), mas também governo que acha seu fim, seu objetivo na realização desses valores, além da realização dos fins materiais, que não é senão uma primeira etapa.

Bodin (2011) explana que tais características nem sempre estarão presentes, mas que se deve considerá-las, pois se busca antes o “fim principal e depois os meios de a ele chegar” (BODIN, 2011, p.71). Assim, conclui que o homem deve buscar a felicidade ao admirar as coisas humanas, naturais e divinas, para que não conflite com a felicidade do coletivo, ou seja, da República.

“A soberania é o poder absoluto e perpétuo de uma República” (BODIN, 2011, p. 195). Para ser soberano, então, o poder do Príncipe deve ser irrevogável, ilimitado em relação aos homens e vitalício. O poder do Príncipe soberano não pode ser por prazo determinado, pois, se o for, o Príncipe não é soberano, mas tão somente depositário do poder do verdadeiro detentor da soberania, não passando, assim, de um súdito. O poder do Príncipe soberano, ainda, é uno e indivisível. A principal e fundamental implicação dessa característica é o mesmo não estar sujeito às leis civis, nem mesmo às por ele promulgadas.

Se consuma así —y el hecho es patente en Bodino— la polarización de la

comunidad política en dos términos que trascienden todos los grados de la escala feudal: de un lado, el príncipe y, de otro, el ciudadano, si bien unidos ambos por "la obligación mutua que se establece" entre ellos y en virtud de la cual se deben

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3 recíprocamente fe y obediencia, de uma parte, y justicia y protección, de la outra [...]. (GALA, 1997, p.LV)

Não se confunda, porém, poder absoluto com poder ilimitado. Para Bodin (2011), o poder soberano encontra limitação nas leis naturais e divinas, nas leis fundamentais do Estado, que constituem a sua estrutura, e nas leis que regulam as relações privadas. Em relação a essas últimas, infere-se que Bodin já consentia a divisão da sociedade nas esferas pública e privada, harmonizando-se, portanto, com a constituição do Estado Moderno (BOBBIO, 1994).

Importa esclarecer, como bem assevera Machado (2009, p.81), que, “Para Bodin o soberano é absolutamente independente do papa. Sua própria definição de lei divina é bastante obscura, mas quase sempre de acordo com lei revelada nas Sagradas Escrituras. O soberano é súdito, apenas, de Deus, não do papa, pois não depende do Poder Espiritual para governar”.

Bodin (2011) enumera algumas ocupações que não acarretam na soberania, como a de lugar-tenente,

ainda que com poder absoluto, pois o soberano, apesar de poder ceder poder a quem quiser, nunca será

tanto que lhe ultrapasse a própria cota, de modo que poderá retomá-lo ou suspendê-lo quando lhe aprouver. Assim, mesmo tendo o Príncipe outorgado o poder absoluto ao seu lugar-tenente, este não é soberano, haja vista a superioridade do poder do Príncipe em poder revogá-lo a qualquer tempo. Do mesmo modo é o

ditador romano, que não é nem mesmo Príncipe, posto que não possui “nada mais além de uma simples

comissão para fazer a guerra, reprimir a sedição, reformar o estado ou instituir novos oficiais” (BODIN, 2011, p. 198). O limite de responsabilidade e de tempo era um fator impedidor para a soberania do ditador, pois só “é absolutamente soberano aquele que não reconhece nada maior do que si, salvo Deus” (BODIN, 2011, p. 199). Soberano, então, é aquele que institui o ditador.

O Arconte de Atenas, para o Filósofo, também não é Príncipe soberano, haja vista que eleito pelo povo por um período determinado e obrigado a prestar contas de seus feitos ao final do mandato, constituindo apenas um magistrado soberano. As características do arconte estavam longe das do soberano de Bodin, que detinha poder perpétuo e só deveria prestar contas a Deus. Assim, o povo que escolhia o arconte é que é soberano. Por fim, os regentes igualmente não podem alcançar a qualidade de soberanos, haja vista que estabelecidos na impossibilidade de governo dos Príncipes soberanos, estando aqueles, na verdade, na condição de meros procuradores.

Segundo Bodin, “Não há nada maior na Terra, depois de Deus, que os Príncipes soberanos” (BODIN, 2011, p. 289). Apesar de refutar a ideia de que os Príncipes soberanos tem que ser escolhidos por Deus, defende que “quem despreza seu Príncipe soberano despreza Deus, de quem o Príncipe é a imagem na Terra” (idem). O soberano não depende, recebe lei ou comando de ninguém. Assim, reconhece-se um Príncipe soberano através de suas marcas, que lhes são peculiares, não se comunicando aos súditos. Caso se comuniquem, o Príncipe deixa de ser soberano, pois “não podem existir (...) duas coisas infinitas” (BODIN, 2011, p. 293).

Não são marcas da soberania, por serem comuns ao Príncipe e aos súditos: fazer justiça, instituir ou destituir todos os oficiais, dar penhor ou pena àqueles que merecem, por serem comuns ao Príncipe e ao magistrado, e pedir conselho para os negócios de estado, uma vez que tal encargo pode ser do conselho privado ou do senado.

A primeira marca da soberania, para Bodin, é o poder de dar a lei a todos em geral e a cada um em particular, sem o consentimento de alguém maior, de um par ou de um menor. Dar a lei a cada um em particular corresponde a um privilégio, ainda que em dano. É possível entender esta como a única marca de soberania, visto que acaba por englobar todos os outros direitos exclusivos do soberano. Bodin diferencia leis e costumes, atribuindo ao povo a competência de constituir estes e conferindo-lhes a mesma força

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4 (apesar de os costumes terem que contar com a tolerância do soberano). Trata, ainda, das lacunas nas leis, cuja solução também se encontra nas mãos do soberano, a quem cabe a declaração e correção em caso de obscuridade, contrariedade ou absurdos intoleráveis. Por fim, suscita que à lei é possível interpretações, que caberiam aos magistrados.

A segunda constitui declarar guerra ou tratar a paz. A terceira corresponde a instituir os principais oficiais, compreendidos como os primeiros magistrados. Na verdade, a soberania reside na confirmação e provisão dos magistrados já eleitos. A quarta marca da soberania é o poder de deter a última alçada, ou seja, o direito de julgar em última instância, de forma exclusiva, podendo, porém, permiti-lo aos magistrados. Nesse sentido, configuraria crime de lesa-majestade e capital apelar do julgamento do soberano, com exceção se o for a ele mesmo. A quinta e última marca corresponde ao poder de conceder graça aos condenados por sobre sentença e contra o rigor das leis, seja para a vida, para os bens, para a honra ou para a revogação de banimento.

Conclusão

É possível depreender, da obra em estudo, que Bodin expressa uma predileção pela forma de governo monárquica e que sua teoria representa um esforço em recompor a credibilidade desta. O Filósofo, então, traz a ideia de um soberano cujo poder é absoluto, ou seja, acima das leis civis, independente, incondicional e ilimitado em relação aos homens, de modo que nenhum outro poder pode intervir em sua vontade. Para ele, como explana Chevallier (1999), o poder soberano corresponde ao fator unificador da sociedade, cuja ausência implicaria em sua dispersão.

Somente as leis divinas, uma vez que Bodin defendia a origem celestial do poder soberano, é que podem trazer limitações ao soberano, que por elas deve ser inspirado em suas ações políticas. Assim, a relação do soberano com os súditos assemelha-se, para o Filósofo, à relação de Deus com o universo.

O conceito de soberania elaborado por Jean Bodin, de modo circunstanciado, refletiu na forma moderna de Estado, que adotava a monarquia absolutista como forma de governo e que legitimava o poder do monarca na vontade divina.

Referências

BITTAR, Eduardo C. B.. Curso de Filosofia Política. São Paulo: Atlas, 2008.

BOBBIO, Norberto. A Teoria das Formas de Governo. Trad. de Sérgio Bath. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1994.

BODIN, Jean. Os Seis Livros da República. Trad. de Carlos Orsi Morel. São Paulo: Ícone, 2011.

CHEVALLIER, Jean-Jacques. As grandes obras políticas de Maquiavel a nossos dias. 8.ed. Rio de Janeiro: Agir, 1999.

GALA, Pedro Bravo. Estudio preliminar. In: BODIN, Jean. Los seis libros de la República. 3.ed. Madrid: Tecnos, 1997.

MACHADO, Marcelo Forneiro. A evolução do conceito de soberania e a análise de suas problemáticas

interna e externa. 2009, 163p. Dissertação (Mestrado em Direito). Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo. 2009.

Agradecimentos

Agradece-se à Universidade de Fortaleza, pelo apoio e organização do louvável encontro científico, em que se tem a oportunidade de disseminar e acolher informações das mais diversas áreas de conhecimento, e à Fundação cearense de amparo à pesquisa (FUNCAP), pela concessão de bolsa de estudo como apoio financeiro ao desenvolvimento cientifico à mestranda Júlia Maia de Meneses Coutinho.

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Referências

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