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Espacialização do índice relevo-elevação (E) na bacia do rio Itajaí a partir de MDE. Viviana Aguilar Muñoz 1,2

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Academic year: 2021

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Espacialização do índice relevo-elevação (E) na bacia do rio Itajaí a partir de MDE Viviana Aguilar Muñoz1,2

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Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE Av. dos Astronautas, 1758 - Caixa Postal 515 12201-970 - São José dos Campos - SP, Brasil

viaguila@dsr.inpe.br

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Bolsista da CAPES/CNPq – IEL Nacional - Brasil

Abstract. This work aims to show a methodology and results to extract the elevation-relief ratio (E) with tools of

Geographical Information Systems (SIG) from Digital Elevation Model (MDE) of Itajaí fluvial basin, located in Santa Catarina (SC) State, south-east region of Brazil. That index is equivalent to hypsometric integral (Hi) and is correlated with geologic development stage of fluvial watersheds. Among the results it highlights the elevation-relief is a useful date for landscape classification. Beside of the geologic meaning of E, the results of this experiment showed that their values could be further applied for both river channel and floodplain delimitation. It is possible that E and Hi to indicate different characteristics of the same region, then they could be used together for better results of watershed classification.

Palavras-chave: hypsometric integral, fluvial watershed, geographical information system, digital elevation

model, integral hipsométrica, bacia fluvial, sistemas de informação geográfica, modelo digital de elevação. 1. Introdução

A integral hipsométrica (Hi; Strahler, 1952) é um valor numérico (escala [0 – 1]), que

indica o grau de maturidade geológica de uma bacia hidrográfica. Valores próximos de zero sugerem bacias mais antigas (menor volume de terreno disponível para erosão) enquanto os próximos de um sugerem bacias mais recentes (maior volume disponível). Hi está definida

pela relação entre o volume de terreno (V) e o produto H x A (amplitude altimétrica x área total da bacia). Esta relação é equivalente à integral da área relativa x = a/A, (a: área de uma faixa altimétrica) em função da altura relativa y = h/H, (h: faixa altimétrica), como observado na Equação1.

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A curva hipsométrica representa a forma da distribuição acumulativa de probabilidades da integral dentro da bacia. Esta pode ser calculada pelo ajuste de uma função polinomial de grau

n (Equação 2; Harlin, 1978), onde os valores f(x) representam as altitudes relativas e os

valores x representam as áreas relativas. A Hi é então definida como a área sob a curva

hipsométrica.

f(x) = a0+a1x+a2x2+...+anxn (2)

A razão elevação-relevo (E; Wood and Snell, 1960) é um índice topográfico que expressa a proporção relativa de terrenos altos e terrenos baixos dentro de uma área amostral, e é definida pela Equação 3. Foi demonstrado matematicamente (Pike and Wilson, 1971) que esta razão é equivalente à Hi. Embora este resultado seja ainda controverso, o índice E pode ser

determinado com facilidade em Sistemas de Informação Geográfica (SIG) para propósitos equivalentes aos do cálculo da integral. Alguns trabalhos obtiveram resultados satisfatórios na avaliação do estagio geológico de desenvolvimento e propensão erosiva de bacias hidrográficas a partir dos valores de E. Singh et al. (2008), por exemplo, estimaram o valor de Hi em um conjunto de bacias da região de Lesser, Himalayas, por quatro diferentes métodos,

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entre os quais incluíram o cálculo de E. Seus resultados revelaram que o método foi preciso, de menor custo operacional e fácil de calcular em SIG.

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. .

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Este trabalho visa à apresentação de uma metodologia para a extração do índice E, que envolve a manipulação de Modelo Digital de Elevação (MDE) em SIG, e sua aplicação na bacia do rio Itajaí-Açu com propósito de classificação das bacias hidrográficas nessa região. Faz parte dos resultados preliminares da tese de doutorado (em andamento) intitulada "Extração de descritores do relevo a partir de dados Topodata como subsídio à avaliação de inundações na bacia do rio Itajaí", do curso de Sensoriamento Remoto (SR), Instituto Nacional

de Pesquisas Espaciais (INPE). 2. Materiais e Métodos

A bacia do rio Itajaí faz parte da região hidrográfica do Atlântico Sul do Brasil (classificação da Agência Nacional de Águas, ANA). Seu canal principal é o rio Itajaí–Açu e seus maiores afluentes são os rios Itajaí do Norte ou Hercílio, Itajaí do Oeste, Itajaí do Sul, Itajaí Mirim e Benedito. É a maior bacia do Estado de Santa Catarina (SC), definida por um

polígono irregular de aproximadamente 663 km de extensão perimetral, cujos vértices extremos localizam-se nas coordenadas 50°12'38"W, 26°22'44"S; 48°39'04"W, 26°50'30"S; 49°16'31"W, 27°51'02"S; e 50°21'17"W, 27°06'52"S, que configura uma área de aproximadamente 15000 km2 (Figura 1). A região da bacia se caracteriza pela existência de serras escarpadas ao sul, noroeste e oeste e de planícies ao nordeste limitadas pelo Oceano Atlântico. Destacam-se os Patamares do Alto Rio Itajaí, a Serra do Tabuleiro/Itajaí a Serra do Mar, o Planalto Bento do Sul, e as Planícies Litorâneas (Santa Catarina, 1986).

Figura 1. Área de estudo: bacia do rio Itajaí.

Os dados de altitude utilizados neste trabalho foram coletados do banco de dados de variáveis topográficas Topodata (Valeriano e Rossetti, 2012), e correspondem a um excerto

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do mosaico das folhas 26S51, 26S495, 27S51 e 27S495. O MDE desse banco de dados derivou do refinamento dos dados SRTM 3” (90m) para 1” (30m) por krigagem (técnica de

interpolação por geoestatística).

Os recursos de análise utilizados foram: a linguagem de programação IML- Idrisi Macro Language (Eastman, 1995), para extração do índice elevação-relevo (E), o módulo CalHypso (Pérez-Peña, et al., 2009), que opera na versão 9.0 de ArcGIS, para a extração da Hi e o ajuste

de sua curva, Global Mapper (Global Mapper Software Llc, 2007) para visualização de dados espaciais e interoperabilidade entre software, e a linguagem de programação R (The R

Foundation for Statistical Computing, 2012) para análises estatísticas.

Com base na metodologia desenvolvida em Muñoz (2009) para extração em SIG de superfícies relativas a patamares de altitude locais a partir de MDE, foram aplicados filtros direcionais (janelas móveis de 15x15 pixels) sobre o MDE-Itajaí na tentativa de identificar

cotas mínimas, médias e máximas em raios de busca de aproximadamente 115m. Cada conjunto de cotas assim obtido constituiu um novo plano de informação (PI). A extração do índice E da área de estudo foi feita pela simples combinação aritmética destes PI segundo a

Equação 3. A curva e a integral hipsométrica, tanto da bacia principal como de algumas sub-bacias, foi obtida a partir de recursos SIG já disponíveis.

Com o intuito de avaliar a aplicação do índice E, da curva e da integral Hi na classificação

de bacias hidrográficas dentro da área de estudo, foram selecionadas 13 sub-bacias de diferentes tamanhos. A hipótese de igualdade entre bacias foi verificada pela aplicação dos testes não paramétricos Kruskal-Wallis (homocedasticidade) de Wilcox (comparação pareada) sobre os dados de E.

3. Resultados e Discussão

O mapa do índice elevação-relevo (E) obtido neste experimento pode ser apreciado na Figura 2. Na área de estudo os valores de E variam entre 0.3 e 0.98. As maiores frequências em torno de 0.7 sugerem boa disponibilidade de relevo para erosão. No entanto, o valor da integral (Hi = 0.32) indica um estado de maturidade maior desta bacia (Figura 2). Embora

estes resultados revelem uma aparente contradição entre os dois índices quanto ao estado de desenvolvimento da bacia, uma explicação adequada deve fazer parte de avaliações posteriores a este experimento específico.

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Quando observado em detalhe e comparado visualmente com a altitude, o índice E se revela um dado promissor na classificação e mapeamento de unidades morfométricas do relevo (Figura 3). Testes podem ser feitos encima destes resultados, por exemplo, para o mapeamento áreas inundáveis ou de várzeas.

Figura 3. Detalhe do Modelo Digital de Elevação (mapa colorido) comparado com detalhe do mapa do índice E.

Um detalhe da rede da hidrográfica, extraída em SIG a partir do MDE da bacia do rio

Benedito (norte da bacia do Itajaí) e plotada sobre o mapa da razão elevação-relevo (Figura 4), sugere boa correlação entre os valores baixos de E e os canais da drenagem nessa bacia.

Figura 4. Detalhe da rede da drenagem da bacia do rio Benedito plotada sobre o mapa do índice E.

A estatística exploratória do índice E em 14 bacias selecionadas para análise (Itajaí e outras 13 sub-bacias) revelou o potencial desse valor para sua discriminação. Pelo

Kruskal-Wallis test foi rejeitada a hipótese de homocedasticidade (H0: as amostras são tiradas de

populações idênticas) a 5% de significância. Pelo Wilcox-test foram identificadas as bacias estatisticamente iguais ou diferentes. A hipótese de igualdade (H0: bacia X = bacia Y) foi

rejeitada em 82 e aceita em nove das 91 combinações possíveis (Co = [(14x13)/2]).

As bacias indicadas pelo teste como iguais, a 5% de significância, são: AG, CD, CK, CL, DL, IK, IL, KL, e MN (os nomes estão listados na Tabela 1). As bacias B, E, F, H e J se mostraram diferentes de todas as outras. Estes resultados também podem ser avaliados a partir dos histogramas de distribuição e dos Box-Plot das Figuras 5 e 6.

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Figura 5. Histogramas de distribuição do índice E em 14 bacias da região do Itajaí selecionadas para análise.

Figura 6. Box-Plots do índice E em 14 bacias da região do Itajaí selecionadas para análise.

Na Tabela 1 se apresentam os valores de Hi e o ajuste (R2) da curva hipsométrica, tanto da

bacia principal (Itajaí) como das outras 13 sub-bacias escolhidas para análise. Em todos os casos obteve-se um ajuste superior a 0.93, o que poderia corresponder à confiança obtida para

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os valores de Hi. Estas bacias poderiam ser agrupadas por valores Hi assim: JBH muito baixo

(entre 0 e 0.25), GLM médio baixo (entre 0.25 e 0.4), AIF médio (entre 0.4 e 0.51), e CDEKN médio alto (entre 0.51 e 0.64). Este resultado pode ser avaliado também a partir das curvas hipsométricas da Figura 7.

Estes resultados diferem dos obtidos pela análise estatística do índice E nos seguintes aspectos: as bacias AG, CL, DL, IK, IL, KL, e MN agrupadas pelos valores de E foram discriminadas pelos valores de Hi; as bacias CD e CK foram agrupadas tanto pelos valores de

E quanto pelos de Hi; e as bacias B, E, F, H e J que foram discriminadas de todas as demais

pelo valor de E não o foram pelo valor de Hi.

Tabela 1. Integral (Hi) e ajuste da curva hipsométrica de 14 bacias da região do Itajaí selecionadas para análise.

ID Bacia Hi R2 Tipo Nome A Rio Ada 0,42 0,99 B Arroio Arapogas 0,20 0,97 C Rio Benedito 0,58 0,99 D Rio Esperança 0,64 0,97

E Foz Rio Santa Maria 0,56 0,99

F Rio Forcação 0,51 0,99

G Rio Itajaí-Açu 0,32 0,93

H Margem Rio Benedito 0,23 0,99 I Nascente Rio Santa Maria 0.45 0,99 J Ribeirão Pomeranos (Cedros) 0,15 0,99

K Rio Putinga 0,59 0,98

L Ribeirão Rodeio Doze 0,37 0,99 M Ribeirão São Bernardo 0,32 0,99

N Rio São João 0,61 0,99

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4. Conclusões

O índice E da bacia do rio Itajaí em Santa Catarina foi mapeado satisfatoriamente pela aplicação da metodologia proposta neste trabalho. Este índice se revelou um dado promissor para a classificação e mapeamento de unidades morfométricas do relevo na área de estudo. É provável que os valores mais baixos de E estejam correlacionados com canais de drenagem e áreas de várzea nesta região. Tanto o índice elevação-relevo como a integral e a curva hipsométrica têm um alto potencial de discriminação entre bacias hidrográficas. Embora a classificação das bacias a partir de dados E e Hi mostrou resultados diferentes, este fato pode

ser um indicador de que os dois índices forneceram informações complementares dessas bacias hidrográficas. Esta última conclusão ainda tem de ser testada.

Agradecimentos

Gostaria de agradecer pela orientação e constante encorajamento do Dr. Márcio para levar adiante o meu projeto de pesquisa de doutorado. A meus queridos colegas Hiran Zani e sua esposa Darcy, pelo apoio técnico neste experimento para a delimitação de bacias, o cálculo da integral e a extração da curva hipsométrica. Ofereço o meu agradecimento à coordenação do curso de Pós Graduação em SR do INPE e ao programa PEC-PG da CAPES pelo apoio logístico e financeiro da minha pesquisa de doutorado. Por fim, quero agradecer aos organizadores do XVI SBSR pela oportunidade de apresentar este trabalho à comunidade científica do SR.

Referências Bibliográficas

Eastman, J. R. Idrisi for Windows: User´s guide. Worcester: Clark University, 2000. Global Mapper LLC. Global Mapper Software Versão 9.0: user´s manual. 2007.

Harlin, J. M. Statistical moments of the hypsometric curve and its density function. Mathematical Geology, v.10, n.1, p. 59-72, 1978.

Muñoz, V. A. Análise geomorfométrica de dados SRTM aplicada ao estudo das relações solo-relevo. 2009. 112 p. (INPE-15796-TDI/1531). Dissertação (Mestrado em Sensoriamento Remoto) - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos. 2009.

Pérez-Peña, J. V.; Azañón, J. M.; Azor, A. CalHypso: an ArcGIS extension to calculate hypsometric curves and their statistical moments. Applications to drainage basin analysis in SE Spain. Computers & Geosciences, v.35, p.1214-1223, 2009.

Pike, R.J.; Wilson, S. E. Elevation-relief ratio, hypsometric integral, and geomorphic area-altitude analysis.

Geological Society of America Bulletin, v.82, p. 1079-1084, 1971.

Santa Catarina. Gabinete de Planejamento e Coordenação Geral. Atlas de Santa Catarina. Florianópolis, SC., 1986. 173p.

Singh, O.; Sarangi, A.; Sharma, M. C. Hypsometric integral estimation methods and its relevance on erosion status of north-western Lesser himalayan watersheds. Water Resour Manage, v.22, p.1545-1560, 2008. Strahler, A. N. Hypsometric (area-altitude) analysis of erosional topography. Bulletin of the Geological Society

of America, v. 63, p. 1117-1142, 1952.

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Valeriano, M. M. ; Rossetti, D. F. . Topodata: Brazilian full coverage refinement of SRTM data. Applied

Geography, v. 32, p. 300-309, 2012.

Wood, W. F.; Snell, J. B. A quantitative system for classifying landforms. Natick, Massachusetts, 1960. 20 p. (Natick Lab., Tech. Rep. EP-124).

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