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AULA 19 DIREITO AGRÁRIO 1. A IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E SOCIAL DA REFORMA AGRÁRIA NA ATUALIDADE

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A importância econômica e social da reforma agrária na atualidade. Conceito de política agrária e política agrícola. Objetivos e instrumentos. Instrumentos de distribuição de terras:

Desapropriação. Conceito. Modalidades e Distinções.

1. A IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E SOCIAL DA REFORMA AGRÁRIA NA ATUALIDADE

O Brasil é hoje um dos maiores países em dimensão territorial do mundo, no entanto, possui milhares de agricultores sem terra e/ou com pouca terra (menos de 20 ha). Essa contradição se explica pela extrema concentração fundiária e desigualdade social que há no país, e que foi ampliada com a “modernização conservadora” a partir da década de 1960, onde tem proprietários que chega a ter, muitas vezes de forma ilícita, através da grilagem, mais de 20 mil hectares de terras. Essa desigualdade na posse da terra é histórica e remonta ao período colonial.

Essa concentração fundiária exclui da produção agropecuária milhares de famílias que hoje se encontram nas periferias das cidades, desempregadas que, possuem apenas o desejo de ter a oportunidade de ter o acesso a terra e melhorar sua condição de vida.

Dessa maneira, ainda hoje a reforma agrária se faz necessária, principalmente por motivo social, para incluir milhares de famílias que estão excluídas do mercado de trabalho, e também por motivo político, pois o país tem uma “dívida social” com a população pobre que historicamente sofreu com a escravidão, a exploração e a subordinação nas grandes fazendas, visto que, são eles os verdadeiros responsáveis pelo crescimento econômico do país, por meio do trabalho, e, no entanto, continuam excluídos e esquecidos na mais absurda miséria.

Se concretizada na amplitude da demanda por terra para se produzir, a reforma agrária poderia, cumprindo seus objetivos legais, promover profunda transformação econômica e social em considerável parcela da comunidade excluída. Para se ter uma ideia, basta lembrar que são objetivos básicos da Reforma Agrária, em nosso país, promover a justiça social e o aumento da produtividade.

Neste contexto a Reforma Agrária pode ser encaixada enquanto um direito fundamental. Sendo a reforma agrária, conceitualmente, o instituto jurídico destinado à propulsão da justa distribuição de terra e da produtividade (Lei 4.504/64, art. 1º, § 1º), pode-se afirmar que Art. 16. A Reforma Agrária visa a estabelecer um sistema

de relações entre o homem, a propriedade rural e o uso da terra, capaz de promover a justiça social, o progresso e o bem-estar do trabalhador rural e o desenvolvimento econômico do país, com a gradual extinção do minifúndio e do latifúndio.

Parágrafo único. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária será o órgão competente para promover e coordenar a execução dessa reforma, observadas as normas gerais da presente Lei e do seu regulamento.

Art. 18. À desapropriação por interesse social tem por fim:

a) condicionar o uso da terra à sua função social; b) promover a justa e adequada distribuição da propriedade;

c) obrigar a exploração racional da terra; d) permitir a recuperação social e econômica de regiões;

e) estimular pesquisas pioneiras, experimentação, demonstração e assistência técnica;

f) efetuar obras de renovação, melhoria e valorização dos recursos naturais;

g) incrementar a eletrificação e a industrialização no meio rural;

h) facultar a criação de áreas de proteção à fauna, à flora ou a outros recursos naturais, a fim de preservá-los de atividades predatórias.

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esta distribuição equitativa está intimamente correlacionada com a dignidade da pessoa humana, uma vez que os indivíduos só adquirem uma condição digna de vida ao possuírem uma situação de sobrevivência. Com efeito, a reforma agrária está vinculada com a dignidade da pessoa humana, isto é, a reforma agrária possibilita a propulsão da dignidade da pessoa humana, este instituto jurídico pode ser considerado um direito fundamental do homem, uma vez que é capaz de materializar e efetivar os direitos subjetivos inerentes à condição humana

Essa afirmação de que a reforma agrária é um direito humano fundamental não tem origem apenas de natureza doutrinária, mas, sobretudo, de matriz constitucional, consoante se extrai dos artigos a seguir transcritos da Constituição Federal:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:

I - aproveitamento racional e adequado;

II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;

III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária.

Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos.

Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos e condições previstos em lei

2. CONCEITO DE POLÍTICA AGRÁRIA E POLÍTICA AGRÍCOLA

Como visto o Estatuto da Terra não se limitou a definir Reforma Agrária. Se ocupou também de Política Agrícola, fazendo-o no § 2º do mesmo art. 1º:

“§ 2º Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de amparo à propriedade da terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no de harmonizá-las com o processo de industrialização do País.”

A doutrina discute sobre a propriedade do uso do adjetivo ‘agrícola’, que é costumeiramente empregado para atividades relacionadas com a produção de gêneros alimentícios

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de natureza vegetal. O próprio Código Civil endossa o costume, classificando o penhor rural em ‘penhor agrícola’ e ‘penhor pecuário’ (arts. 1.442 a 1.444).

Já o E.T. usou a expressão ‘agrícola’ para adjetivar a política destinada a amparar o produtor rural de forma ampla.

A Constituição Federal manteve a expressão ‘política agrícola’ (arts. 187/188).

A doutrina defende a utilização da expressão ‘política agrária’, por ser esta mais abrangente.

Discussão terminológica à parte, o certo é que o ordenamento jurídico agrário no Brasil oferece escoro suficiente para se fazer uma política agrária capaz de promover um desenvolvimento do País e o progresso social e econômico do produtor.

A expressão ‘Política Agrária’ tem, portanto, sentido amplo, compreendendo política agrícola e a política fundiária e reforma agrária.

Sendo assim, podemos conceituar Política Agrária como ação do poder público no meio agrário, no sentido de estabelecer a melhor forma de distribuição, uso e exploração da terra, a concessão de recursos e instrumentos para organização e comercialização da produção, aumento da produtividade, preservação ambiental, desenvolvimento sócio-econômico do meio rural, promoção da segurança alimentar e nutricional e bem estar da coletividade.

Como se extrai do conceito, a Política Agrária tem como objetivos primordiais o desenvolvimento rural e a assistência e proteção à economia rural, ao produtor e à sociedade.

Quanto aos instrumentos e meios para que os objetivos da Política Agrária sejam alcançados, o Estatuto da Terra elenca em seu art. 73:

I - assistência técnica;

II - produção e distribuição de sementes e mudas;

III - criação, venda e distribuição de reprodutores e uso da inseminação artificial; IV - mecanização agrícola;

V - cooperativismo;

VI - assistência financeira e creditícia; VII - assistência à comercialização;

VIII - industrialização e beneficiamento dos produtos; IX - eletrificação rural e obras de infra-estrutura; X - seguro agrícola;

XI - educação, através de estabelecimentos agrícolas de orientação profissional; XII - garantia de preços mínimos à produção agrícola.

Dentre os citados instrumentos, relevo merece, no plano da Assistência Creditícia, o Crédito Rural brasileiro, que exerce um papel relevantíssimo no contexto das medidas governamentais consideradas de Política Agrária. Diz-se que ele está para a Política Agrária como a função social está para o Direito Agrário. Todas as demais medidas gravitam em torno desta importante ferramenta, pois sem ela os demais mecanismos restam inviabilizados.

O PRONAF

O PRONAF foi criado em 1995, através da Resolução nº 2.191 de 24 de agosto de 1995 do Banco Central do Brasil e institucionalizado pelo Decreto nº 1.946 de 28 de

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julho de 1996, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, tendo como finalidade promover o desenvolvimento sustentável do segmento rural constituído pelos

agricultores familiares, de modo a lhes propiciar o aumento da capacidade produtiva, a geração de empregos e melhoria da renda.

O Programa é executado de forma descentralizada e tem como protagonistas os agricultores familiares e suas organizações.

Para os beneficiários da reforma agrária e do crédito fundiário, o agricultor deve procurar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ou a Unidade Técnica Estadual (UTE).

O crédito – Pronaf é operacionalizado pelos agentes financeiros que compõem o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) e são agrupados em básicos (Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia) e vinculados (BNDES, Bancoob, Bansicredi e associados à Febraban).

As linhas de crédito do PRONAF incluem: • Pronaf Custeio

Destina-se ao financiamento das atividades agropecuárias e de beneficiamento ou industrialização e comercialização de produção própria ou de terceiros enquadrados no Pronaf.

• Pronaf Mais Alimentos - Investimento

Destinado ao financiamento da implantação, ampliação ou modernização da infraestrutura de produção e serviços, agropecuários ou não agropecuários, no estabelecimento rural ou em áreas comunitárias rurais próximas.

• Pronaf Agroindústria

Linha para o financiamento de investimentos, inclusive em infraestrutura, que visam o beneficiamento, o processamento e a comercialização da produção agropecuária e não agropecuária, de produtos florestais e do extrativismo, ou de produtos artesanais e a exploração de turismo rural.

• Pronaf Agroecologia

Linha para o financiamento de investimentos dos sistemas de produção agroecológicos ou orgânicos, incluindo-se os custos relativos à implantação e manutenção do empreendimento.

• Pronaf Eco

Linha para o financiamento de investimentos em técnicas que minimizam o impacto da atividade rural ao meio ambiente, bem como permitam ao agricultor melhor convívio com o bioma em que sua propriedade está inserida.

• Pronaf Floresta

Financiamento de investimentos em projetos para sistemas agroflorestais; exploração extrativista ecologicamente sustentável, plano de manejo florestal, recomposição e manutenção de áreas de preservação permanente e reserva legal e recuperação de áreas degradadas.

• Pronaf Semiárido

Linha para o financiamento de investimentos em projetos de convivência com o semi-árido, focados na sustentabilidade dos agroecossistemas, priorizando infraestrutura hídrica e implantação, ampliação, recuperação ou modernização das demais infraestruturas, inclusive aquelas relacionadas com projetos de produção e serviços agropecuários e não agropecuários, de acordo com a realidade das famílias agricultoras da região Semiárida.

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Linha para o financiamento de investimentos de propostas de crédito da mulher agricultora.

• Pronaf Jovem

Financiamento de investimentos de propostas de crédito de jovens agricultores e agricultoras.

• Pronaf Custeio e Comercialização de Agroindústrias Familiares

Destinada aos agricultores e suas cooperativas ou associações para que financiem as necessidades de custeio do beneficiamento e industrialização da produção própria e/ou de terceiros.

• Pronaf Cota-Parte

Financiamento de investimentos para a integralização de cotas-partes dos agricultores familiares filiados a cooperativas de produção ou para aplicação em capital de giro, custeio ou investimento.

• Microcrédito Rural

Destinado aos agricultores de mais baixa renda, permite o financiamento das atividades agropecuárias e não agropecuárias, podendo os créditos cobrirem qualquer demanda que possa gerar renda para a família atendida. Créditos para agricultores familiares enquadrados no Grupo B e agricultoras integrantes das unidades familiares de produção enquadradas nos Grupos A ou A/C.

Abaixo se planilha o desempenho do PRONAF no financiamento da Agricultura desde 1999:

Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF*(nov/15) Safra Quantidade de Contratos Valor em R$ 1999/2000 1.244 3.345.945 2000/2001 1.629 4.905.372 2001/2002 731 2.345.002 2002/2003 1.352 3.899.398 2003/2004 1.349 4.660.855 2004/2005 1.430 2.961.408 2005/2006 1.337 3.637.258 2006/2007 893 2.470.639 2007/2008 750 2.542.682 2008/2009 375 3.094.519 2009/2010 500 5.102.175 2010/2011 593 9.330.484 2011/2012 644 13.490.777 2012/2013 655 11.822.701 2013/2014 703 20.086.064 2014/2015 686 20.987.830

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ATER – ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL

A Lei 12.188/2010 instituiu formalmente a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural. Os serviços de Ater – Assistência Técnica e Extensão Rural são dedicados à agricultura familiar e trabalham com princípios e diretrizes voltados para o desenvolvimento sustentável, a participação social, a produção de base agroecológica e a qualificação das políticas públicas, entre outros.

A citada Lei Geral de Ater é um marco de evolução na extensão rural pública no Brasil. Ela é um dos caminhos para que o Brasil alcance a universalização dos serviços da assistência técnica e extensão rural para os agricultores familiares. Somente em 2015, 334 mil agricultores e mais de 400 cooperativas de agricultores familiares foram atendidos em contratos de Ater.

3. INSTRUMENTOS DE DISTRIBUIÇÃO DE TERRAS: DESAPROPRIAÇÃO. CONCEITO

3.1 CONCEITO

É o meio utilizado pela Administração Pública para ‘comprar’ do proprietário particular, de forma compulsória, bem móvel ou imóvel, declarado de interesse público, mediante justa e prévia indenização em dinheiro.

É procedimento através do qual o Poder Público, fundado em necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, compulsoriamente transfere a propriedade de um bem para si, mediante prévia e justa indenização em dinheiro ou, no caso de certos imóveis urbanos ou rurais em desacordo com a função social, a indenização far-se-á em títulos da dívida pública.

São expropriáveis os bens móveis e imóveis, materiais e imateriais, corpóreos e incorpóreos, pertencentes ao particular, pessoa física ou jurídica, e pertencentes às entidades públicas, exceto dos de propriedade da União.

O §2º do art. 2º do Decreto-lei nº. 3.365/41 prescreve que a União pode desapropriar bens de domínio dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos Territórios. O mesmo

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dispositivo estatui que os Estados não podem desapropriar bens da União nem de outros Estados-membros, mas lhe é facultado desapropriar bens dos Municípios integrantes do seu território. O Município está, naturalmente, impedido de desapropriar bens pertencentes a outro Município.

3.2 MODALIDADES

A Constituição Federal, ao prever o direito de propriedade como direito fundamental, gravou-lhe limites condicionantes ao cumprimento de sua função social. Pediu regulamentação por lei infraconstitucional.

As fontes infraconstitucionais são: Decreto-lei nº 3.365/1941, Lei n. 4.132/1962 e Lei n. 10.257/2001.

São espécies de desapropriação: desapropriação ordinária, desapropriação extraordinária e desapropriação de propriedade nociva (confiscatória).

Em virtude de a desapropriação ordinária abranger situações que se fundamentam em leis distintas, muito embora o regime jurídico seja o mesmo, alguns doutrinadores subdividiram-na em três subespécies: desapropriação por utilidade pública, que abrange os casos previstos no artigo 5.° do Lei N.° 3.365/41; desapropriação por zona - artigo 4.° do mesmo Decreto-Lei n. 3.365/41; e a desapropriação por interesse social, que abrange os casos previstos no artigo 2.° da Lei n. 4.132/62.

a) Desapropriação Ordinária

É aquela que é feita por necessidade pública, utilidade pública ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro.

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

Os casos de necessidade ou utilidade pública exigem justa e prévia indenização em dinheiro. Essas situações estão previstas no Decreto-Lei nº. 3.365/41. Note no Art. 5º do citado Decreto-Lei que os casos de necessidade pública estão incluídos, ou melhor, foram abrangidos na relação dos casos de utilidade pública:

Art. 5º Consideram-se casos de utilidade pública: a) a segurança nacional;

b) a defesa do Estado;

c) o socorro público em caso de calamidade; d) a salubridade pública;

e) a criação e melhoramento de centros de população, seu abastecimento regular de meios de subsistência; f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, das águas e da energia hidráulica;

g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, casas de saude, clínicas, estações de clima e fontes medicinais;

h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;

i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o loteamento de terrenos edificados ou não para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética;

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i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o loteamento de terreno, edificados ou não, para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de distritos industriais.

i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de distritos industriais;

j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;

k) a preservação e conservação dos monumentos históricos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente dotados pela natureza;

l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, documentos e outros bens moveis de valor histórico ou artístico;

m) a construção de edifícios públicos, monumentos comemorativos e cemitérios; n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso para aeronaves;

o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza científica, artística ou literária; p) os demais casos previstos por leis especiais.

Veja que os quatro primeiros incisos se referem a casos de necessidade pública, pois a Administração está diante de um problema inadiável e premente. Nos demais casos a utilização da propriedade privada é conveniente ao interesse coletivo.

Quanto ao interesse social, sua ocorrência se dá quando busca solucionar problemas sociais atinentes às classes menos favorecidas. Ex: construção de casas populares; preservação de reservas florestais. Os casos de interesse social estão previstos na Lei n. 4.132/1962:

Art. 2º Considera-se de interesse social:

I - o aproveitamento de todo bem improdutivo ou explorado sem correspondência com as necessidades de habitação, trabalho e consumo dos centros de população a que deve ou possa suprir por seu destino econômico;

II - a instalação ou a intensificação das culturas nas áreas em cuja exploração não se obedeça a plano de zoneamento agrícola, VETADO;

III - o estabelecimento e a manutenção de colônias ou cooperativas de povoamento e trabalho agrícola; IV - a manutenção de posseiros em terrenos urbanos onde, com a tolerância expressa ou tácita do proprietário, tenham construído sua habilitação, formando núcleos residenciais de mais de 10 (dez) famílias;

V - a construção de casas populares;

VI - as terras e águas suscetíveis de valorização extraordinária, pela conclusão de obras e serviços públicos, notadamente de saneamento, portos, transporte, eletrificação armazenamento de água e irrigação, no caso em que não sejam ditas áreas socialmente aproveitadas;

VII - a proteção do solo e a preservação de cursos e mananciais de água e de reservas florestais.

VIII - a utilização de áreas, locais ou bens que, por suas características, sejam apropriados ao desenvolvimento de atividades turísticas. (Incluído pela Lei nº 6.513, de 20.12.77) § 1º O disposto no item I deste artigo só se aplicará nos casos de bens retirados de produção ou tratando-se de imóveis rurais cuja produção, por ineficientemente explorados, seja inferior à média da região, atendidas as condições naturais do seu solo e sua situação em relação aos mercados.

§ 2º As necessidades de habitação, trabalho e consumo serão apuradas anualmente segundo a conjuntura e condições econômicas locais, cabendo o seu estudo e verificação às autoridades encarregadas de velar pelo bem estar e pelo abastecimento das respectivas populações.

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Nesta espécie de desapropriação a indenização não é paga em dinheiro, mais sim em título de divida pública.

Quando se tratar de imóvel urbano, a desapropriação será feita pelo município e a indenização será paga por meio de dívida pública, com prazo de resgate em dez anos em parcelas anuais, iguais e sucessivas, que asseguram o valor real da indenização e os juros legais.

Essa desapropriação restringe-se as áreas incluídas no Plano Diretor da cidade que deverá dizer quando e como a propriedade urbana cumpre a sua função social.

Art. 182 - A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.

(...)

§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

(...)

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Quanto à propriedade rural, é competência exclusiva da União desapropriar por interesse social para fins de reforma agrária, mediante justa e prévia indenização em título de divida agrária, que contem cláusula de prestação do valor real, resgatáveis em vinte anos, com exceção das benfeitorias úteis e necessárias, que serão indenizadas em dinheiro.

Art. 184 - Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.

Porém a propriedade produtiva é insuscetível de desapropriação.

Art. 185 - São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:

I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra;

II - a propriedade produtiva.

c) Desapropriação de propriedade nociva

Trata-se aqui da desapropriação de gleba de terras onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou constatada a existência de exploração de trabalho escravo, as quais são destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem indenização ao proprietário. Pois se trata de uma desapropriação a cargo da União.

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Art. 243 - As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º.

Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei.

Das modalidades que nos interessam para o estudo do Direito Agrário, destacamos a desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária, prevista no art. 184 da Constituição Federal, na lei 8.629/93 e Lei Complementar n. 76/93, com alterações posteriores.

A desapropriação é, sem dúvida, o principal instrumento de obtenção de terras para a realização de assentamentos e a democratização da terra, com vistas a melhor distribuição de renda. Há outros meios de obtenção de terra, utilizados pelo governo (aquisição com base no Decreto 433/92; via Banco da Terra - Crédito Fundiário, etc), mas que não têm o mesmo poder de interferir na estrutura fundiária no sentido de democratizá-la.

Referências

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