Professora
Nutrição bacteriana
Composição química de uma célula bacteriana (E. coli)
Componentes água proteínas lipídeos LPS peptidioglicano glicogênio DNA RNA metabólitos íons inorgânicos % Massa úmida 70 15 2 1 0,7 1 1 5 3 0,3 Tipos diferentes 1 2000 4 1 1 1 1 500 350 20
Como estudar microrganismos no laboratório? Cultivo “in vitro”
conhecer as exigências nutricionais e ambientais dos microrganismos
Lei do Mínimo de Liebig
A biomassa total de um organismo é determinada pelo
nutriente presente no meio em menor concentração em
relação aos seus requerimentos.
Composição Química Média da Célula (%)
Oxigênio... 65 Carbono... 18 Hidrogênio... 10 Nitrogênio... 3 Subtotal... 96 Cálcio (Ca)... 1,8 Fósforo (P)... 1,2 Potássio (K). ... ...0,35 Enxofre (S)...0,25 Sódio (Na)... 0,15 Cloro (Cl)... 0,15 Magnésio (Mg)... 0,05 Flúor (F)... 0,007 Ferro (Fe)... 0,005 Subtotal... 3,962 Outros(Zn,Br,Mn,Cu,I,Co)... 0,038
Em um dado ecossistema sempre haverá algum fator nutricional limitante.
Lei da Tolerância de Shelford
A ocorrência e abundância de um microrganismo em um
dado ambiente é determinada não somente pelos
nutrientes disponíveis mas pelos fatores físicos e
químicos.
O microrganismo apresenta um conjunto complexo de
condições, dentro de uma faixa de tolerância.
Se qualquer condição exceder os limites mínimo ou
Máximo= organismo falha e morre.
Principais tipos nutricionais dos microrganismos
Cultivo de bactérias no laboratório
Macronutrientes Funções
Carbono
g
Constituintes de carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos nucléicos Oxigênio Hidrogênio Nitrogênio Enxofre Fósforo mg
Potássio (K+) Atividade enzimática
Cálcio Resistência ao calor do endosporo
Magnésio (MG2+) Cofator de enzimas, complexos com ATP, estabiliza
ribossomos e membranas
Ferro (Fe2+/Fe3+) Constituição de citocromos, cofator de enzimas, cofator de
proteínas transportadores de elétrons
Micronutrientes µg
Co, Cu, Ni, Mo, Mn, Se, Zn, Cr
cofatores de enzimas
geralmente não é preciso adicionar: presentes na água; Água desmineralizada: adicionar solução elementos traço.
Forma de apresentação dos
macronutrientes na natureza
e em meios de cultura
Fatores de crescimento
Compostos orgânicos específicos, necessários em
quantidades muito pequenas devido à incapacidade
das células de os sintetizarem.
Fornecidos como componentes dos meios de cultura
(peptonas, extrato de levedura) utilizados para o
crescimento in vitro dos microrganismos.
1)
Aminoácidos - fundamentais para a síntese protéica
2)Purinas e pirimidinas - fundamentais na composição
dos ácidos nucléicos
Cultivo de microrganismos in vitro
Meio de Cultura: mistura de compostos nutrientes necessários ao crescimento microbiano.
Algumas bactérias crescem em qualquer meio de cultura, outras necessitam de meios especiais e também existem bactérias que não são capazes de crescer em nenhum meio de cultura já desenvolvido.
Uso:
Permitem o isolamento, crescimento e manutenção de microrganismos no laboratório.
Facilitam a identificação dos microrganismos a partir de diferentes ambientes
Permitem verificar susceptibilidades a agentes quimioterápicos e outros compostos químicos Uso na indústria: inoculantes, fermentação
Podem ser líquidos (sem agar), semisólidos ou sólidos.
Líquido: obtenção de biomassa e de metabólitos em reatores
Sólido: permite a obtenção de cultura pura - caracterizar um agente infeccioso
Classificação dos meios quanto ao
estado físico
Classificação quanto à composição
Meios sintéticos ou definidos
composição química exata é conhecida
Meios Complexos
composição química exata não é conhecida
Úteis para cultura de microrganismos com requerimentos nutricionais complexos ou desconhecidos.
Hidrolisados de proteínas preparadas por digestão proteolítica parcial de carne, caseína, soja ou gelatina), extrato de carne ou extrato de levedura.
Classificação quanto à composição
Meios de cultura enriquecidos
Meio basal enriquecido com ovo, soro ou sangue, substâncias que permitem o crescimento de bactérias muito exigentes em termos nutricionais e que se encontram em número reduzido.
• Meios caracterizados por ausência de inibidores. Podem ou não ser diferenciais.
Quanto a finalidade
Meios diferenciais
permitem a distinção entre
diferentes grupos de m.o.
Produção de enzimas
DNAse - adição substrato e verificação halo hidrólise
Agar sangue: Meio complexo, enriquecido, não seletivo
•
Meio diferencial porque permite verificar a existência ou não de hemólise – colônias envolvidas por zonas claras devido a lise de células vermelhas.Meios de enriquecimento
São meios líquidos, que favorecem o crescimento de determinadas espécies aumentando a sua quantidade relativamente a outras, facilitando o isolamento de um microrganismo de interesse.
Ex: caldo de selenito de sódio- permite enriquecimento de Salmonella e
Meios de cultura seletivos
Permitem apenas o
crescimento de certas espécies
de bactéria.
Ex: Meio de McConkey (peptona, lactose, NaCl, sais biliares e vermelho de metila como indicador de pH).
Meio diferencial para fermentação de lactose - Bactérias que fermentam
áçúcares produzem ácidos que reagem com vermelho de metila formando
colônias rosas, colônias não
fermentadoras permanecem incolores.
Seletivo para bacilos gram – (bactérias de origem intestinal, enterobactérias)
- Contém sais biliares e corantes que inibem o crecimento de bactérias gram +.
Meios de transporte
Meios que servem para o transporte e conservação de um
material biológico a partir do qual se propõe isolar um ou mais microrganismos.
O papel principal deste meio é manter os microrganismos vivos, mas impede o crescimento e multiplicação até o subcultivo em meio adequado.
Meio de Stuart
Glicerol fosfato de sódio ...10 g Tioglicolato de sódio...1 g Cloreto de cálcio...0,1 g Azul de metileno...0,002 g Ágar...8 g Água……… 1 L
Meios de conservação
São meios que permitem a manutenção das
bactérias num estado de vida latente durante
meses, anos ou décadas.
Ex: Meio GYMP adicionado de
glicerol-crioprotetor
Efeitos ambientais no
crescimento microbiano
Fatores físicos que afetam o
crescimento de bactérias
Procariotos que vivem em pH extremos
parecem manter um pH interno próximo do
neutro bombeando prótons para fora da célula
Neutrófilos: crescem na faixa de pH entre 5 a 8
Acidófilos: crescem melhor em valores <5
Alcalófilos: crescem melhor em valores >5
pH
pH
Os microrganismos podem alterar o pH do micro habitat
Liberação de produtos de degradação ácidos ou básicos.
• Produção de ácidos orgânicos (lático)- Bactérias do ácido lático
• Thiobacillus sp. (quimiolitotrófico) -oxida enxofre reduzido a ácido sulfúrico
• Produção de amônia através da desaminação de aminoácidos
Temperatura
Temperatura ótima de crescimento
psicrófilas (12 a 17°C) psicrotróficas (20 a 30°C)
Efeito da temperatura
Afeta a taxa de crescimento por afetar a taxa das reações celulares
Fator Q10
Mudanças na taxa de crescimento são comparáveis dentro de uma certa faixa às respostas das reações químicas a temperatura.
Efeito de altas temperaturas:
desnaturação de enzimas e proteínas em geral
alteração do dobramento das proteínas reduzindo a sua atividade
desintegração das membranas por fusão lipídica
Adaptações que permitem
crescimento a altas temperaturas
Proteínas e enzimas:
o acúmulo de solutos (2,3 difosfoglicerato cíclico) que estabilizam
proteínas;
o presença de proteínas específicas que estabilizam outras
proteínas por dobramento a temperaturas próximas do limite de crescimento (chaperonina)
Aumento da percentagem de G / C (não universal).
o Presença de proteínas de união ao DNA que impeçam a sua fusão (aumento da estabilidade térmica)
o DNA girase reversa: Superenovelamento (+) no DNA
Modificação de lipídeos da membrana
aumento da percentagem dos ácidos graxos saturados/ insaturados, ramificados e de alto peso molecular.
Fosfolipídios com alto ponto de fusão: CL, PE
Compensar o aumento da fluidez da membrana
Adaptações que permitem
Stress- Baixa temperatura
Desestabilização da bicamada-membrana
Aumento da concentração de soluto
Desidratação
Citoplasma se torna altamente viscoso:
alteração dos processos de difusão,
incluindo osmose
Baixas temperaturas-nível celular
Cristais de gelo grandes se formam no exterior das células, remove água e concentra o soluto.
Aumento dos cristais extracelulares: promovem a saída da água intracelular por osmose.
Microrganismos psicrófilos
Modificação da composição das membrana celulares
o Aumento de ácidos graxos insaturados, encurtamento das cadeias e
diminuição de ácidos graxos cíclicos
o Estas alterações mantém as membranas em um estado semi-fluido a
baixas temperaturas.
Atmosfera gasosa
O2 e CO2, são os gases principais que afetam o crescimento De acordo com resposta ao O2, os microrganismos são
classificados em:
AERÓBIOS
Estritos (obrigatórios): necessitam de O2 (respiração aeróbica)
Microaerófilo: necessitam de O2 em níveis menores que atmosfera (respiração aeróbica)
ANAERÓBIOS
Aerotolerantes: não necessitam de O2 mas podem tolerar sua presença (fermentação)
Facultativos: não necessitam de O2 mas crescem melhor na sua presença (fermentação, respiração aeróbica)
Estritos (obrigatórios): não toleram O2 (letal) (fermentação, respiração anaeróbica)
Por que o O
2é tóxico para os
anaeróbios?
O2 é poderoso agente oxidante e excelente aceptor de elétrons na respiração
Processos celulares geram formas reativas de O2 - são oxidantes poderosos que destroem constituintes celulares
Formas tóxicas do oxigênio
células devem ser capazes de se proteger contra estas espécies reativas para manter sua integridade
Caracterização de microorganismos
quanto ao metabolismo de O
2(a) Aeróbio obrigatório (catalase e superóxido dismutase) (b) Anaeróbio (catalase e superóxido dismutase ausentes na maioria) (c) Anaeróbio facultativo (catalase e superóxido dismutase) (d) Microaerófilo (necessitam de baixos teores de O2)
(pequenas quantidades de catalase e superóxido
dismutase)
(e) Aerotolerante (suportam a presença de O2, apesar de não o utilizarem) (superóxido dismutase)
uso de agentes redutores nos meios de cultura
Ex: tioglicolato de sódio, que reage com oxigênio,
formando água
remoção mecânica do oxigênio, sendo substituído por
nitrogênio e CO
2;
Cultivo de anaeróbios
Uso de sistemas geradores de anaerobiose (GasPak) -Jarra de anaerobiose: adicionadas de bicarbonato de sódio e boroidreto de sódio que reagem com a água liberando hidrogênio e CO2 com um catalisador de paládio
usada para anaeróbios aerotolerantes
Cultivo de anaeróbios
Transporte de anaeróbios
Embalagem formadora de anaerobiose
Pressão osmótica
Pressão Osmótica - força com a qual a água se move através da membrana
citoplasmática a partir de uma solução de baixa concentração de soluto para uma contendo alta concentração de soluto (osmose).
As células podem estar em
um meio:
Isotônico - Não há
movimento de água para dentro ou para fora da célula
Hipertônico
-concentração de solutos fora da célula é maior que no interior. A água flui para fora da célula - plasmólise
Hipotônico - a concentração
de soluto no interior da célula é maior que fora dela. A água flui para dentro da célula: pode inchar e se romper
Como os microrganismos conseguem crescer em um meio com baixa atividade de água?
Bombeamento de íons inorgânicos (KCl) para o interior da célula Síntese de solutos orgânicos acumulados no interior da célula para o ajuste da atividade de água citoplasmática (BS)
Prolina (G(+) Staphylococcus
aureus);
Glicina betaina (bacterias halófilas)
Ectoina (Ectothiorhodospira) Glutamato
Sacarose, Trehalose, Glucose, Frutose
(Cianobacterias de aguas continentais, fotossintéticas anoxigênicas)
Solutos compatíveis
Glicerol, Manitol, Sorbitol, Ribitol (Cianobacterias e algas marinhas,
Dunaliella, leveduras osmofílicas,
fungos xerófilos)
(Algas marinas)
KCl: Arqueobacterias halófilas
Efeito da concentração do íon sódio no
crescimento de microrganismos
1-15% de NaCl 15ª 30% de NaCl
Os efeitos osmóticos são de maior importância em ambientes salinos. Em relação a necessidade de sal (NaCl) m.o. podem ser
Não Halófilos: não necessitam de sal e não toleram a presença no meio. Halotolerantes: não necessitam de sal mas toleram a presença no meio Halófilos: necessitam de sal em uma concentração moderada
Adaptações aos períodos de
dessecação
Formação de esporos: Sobrevivência em estado dormente e crescimento ativo em condições favoráveis
Formação polissacarídeos extracelulares (cápsulas, camada mucosa) com trehalose
Síntese de açúcares (sacarose, trehalose) que se liga a proteínas impedindo a
desnaturação
Trehalose forma ligações de H com lipídios (substituindo moléculas de água) mantendo a membrama celular funcional
Mecanismos de reparo de DNA (fragmentação em condições de dessecação)
Para microrganismos que se dividem por fissão ou por gemulação,
o termo crescimento refere-se a um aumento do número e não ao
tamanho das células.
Os microrganismos em crescimento estão, na verdade,
aumentando o seu número e se acumulando em colônias
COLÔNIAS => grupos de células => visualização sem utilização de microscópio.
Taxa de crescimento: é a variação no número ou massa de
microrganismos por unidade de tempo.
Crescimento celular e fissão binária
•As bactérias dividem-se em duas por fissão binária e aumentam o seu número de forma geométrica em que a sua população duplica a cada tempo de geração (Crescimento
exponencial)
•Tempo de geração: é o
intervalo de tempo necessário para que uma célula se
Tempo de geração varia de acordo com sua constituição genética e condições do meio
Escherichia coli se divide a cada 20 minutos em caldo em
Quando uma bactéria é semeada em um meio apropriado, nas condições apropriadas, o seu crescimento segue uma curva definida e característica:
A – Fase LAG: pouca divisão celular, os microrganismos estão se adaptando ao meio em que estão crescendo. As células aumentam de volume, mas não se dividem.
B – Fase exponencial (log): crescimento exponencial, divisões celulares sucessivas, grande atividade metabólica.
C – Fase estacionária: decréscimo na taxa de divisão celular, onde a velocidade de crescimento = velocidade de morte
D – Fase de declínio ou morte: condições impróprias para o crescimento, meio deficiente em nutrientes e rico em toxinas, onde as células mortas excedem o número de células vivas
MÉTODOS PARA QUANTIFICAÇÃO DO
CRESCIMENTO MICROBIANO
Métodos para medida de crescimento
microbiano
Contagem do número de microrganismos
- Direta: ao microscópio ótico
- Indireta: contagem em placa, membrana
filtrante e incubação.
Contagem do número de células
Contagem direta das células, usando uma câmara de contagem (câmara de Neubauer ).
- Vantagens: é o processo mais direto, econômico e rápido de contagem de microrganismos.
- Dá também informação sobre o tamanho e morfologia dos
microrganismos.
- Desvantagem: não permite distinguir as células vivas das células mortas.
CÂMARA DE NEUBAUER
Ao microscópio – aumento de 400X
Contagem em placas
O número original de microrganismos na amostra (UFC/mL) pode ser calculado a partir do número de colônias formado e da diluição feita.
MËTODO DE DILUIÇÕES SUCESSIVAS
CONTAGEM DE BACTÉRIAS PELO MÉTODO DE FILTRAÇÃO
Sistema de filtragem
Células bacterianas na superfície da membrana (poros) A membrana filtrante foi colocada sobre o
Determinação da massa celular
Direto: pesagem
Indireto: determinação do contéudo de N, P e C e
turbidimetria
Determinação do peso seco
- Método que inclui centrifugação, lavagem, secagem
num forno e pesagem.
- Desvantagens: baixa sensibilidade e necessidade de
grandes quantidades de massa orgânica.
Medição da massa celular
Turbidimetria- Baseia-se no fato de as células microbianas dispersarem a luz. A quantidade de luz detectadaé proporcional à concentração de células presentes.
- Quando a concentração bacteriana atinge 10 milhões de células por ml o meio aparece ligeiramente turvo. O aumento da concentração celular conduz ao aumento da turvação e menos luz é transmitida através do meio. A luz detectada pode ser medida num espectofotómetro.
- Vantagens: é um método rápido e sensível.
Determinação da atividade celular
Atividade enzimática
Concentração de um metabólito
Medida da respiração
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