Projeto ABIN 2014
Geografia – Prof. Thiago Rocha
Aula 2
Questão 1
O processo de modernização da agricultura no Brasil constitui um dos elementos fundamentais para se entender a transformação das relações entre o rural e o urbano no país ao longo do século XX. A respeito deste processo, julgue os seguintes pontos:
a) O processo de modernização da agricultura consolida uma independência do rural em relação ao urbano, a partir do momento em que o interior apresenta um dinamismo econômico capaz de garantir sua emancipação em relação a uma dependência econômica das atividades urbanas.
E – O modelo do Complexo Agroindustrial (CAI) pressupõe, na verdade, uma subordinação das atividades econômicas aos setores urbanos, tanto dos bens de produção para a agropecuária quanto do processamento.
b) A modernização da agricultura no Brasil deve ser analisada como um processo intimamente relacionado à industrialização e à urbanização, formando as bases da configuração espacial que o país apresenta hoje. C – São três processos fortemente ligados, uma vez que a industrialização impulsiona a urbanização, o que promove um aumento da demanda por alimentos. Além disso, ao longo do processo de industrialização vão se desenvolvendo os setores industriais que compõem o CAI.
c) A alta competitividade da agricultura moderna coloca em xeque a posição da pequena produção, uma vez que a ausência de crédito e escala de produção que impedem o avanço técnico dos pequenos agricultores inviabiliza a coexistência com o agrobusiness.
E – Essa coexistência não é inviável porque, por um lado, a pequena produção pode se integrar ao CAI, em um modelo de integração horizontal, no qual essa produção de menor porte é fornecedora de matéria-prima. Além disso, a produção em menor escala ainda absorve fatias de mercado que não interessam ao agrobusiness, como é o caso de diversos produtos da cesta básica que apresentam baixo valor e não justificariam um investimento tão pesado em tecnologia.
d) Podemos identificar o complexo cafeeiro paulista como um ponto fundamental na transição rumo a uma agricultura moderna, uma vez que constitui-se um espaço produtivo gerador de demandas produtivas externas.
C – O Complexo Cafeeiro Paulista é considerado, de fato, um modelo fundamental por romper com a estrutura autárquica que caracterizava os Complexos Rurais, conforme descrito por José Graziano.
Questão 2
O modelo do Complexo Agroindustrial (CAI) é largamente utilizado para descrever o processo de modernização da agricultura no Brasil e mesmo no mundo. Contudo, esse modelo pode apresentar variações em aspectos como as relações de trabalho, as relações com a tecnologia ou mesmo o nível de integração com os setores industriais que compõem o complexo. A respeito dessas variações, julgue as questões abaixo quanto à sua correção.
a) A pecuária brasileira, bovina, suína e de aves, apresenta um alto grau de integração entre produção e processamento, sendo as grandes empresas de alimentos as responsáveis diretas pela criação e abate dos animais.
E – O modelo de integração na pecuária brasileira é predominantemente horizontal, com fornecedores que criam os animais e repassam para abatedouros e empresas alimentícias.
b) A produção de soja é um exemplo paradigmático da uma integração vertical completa no modelo do Complexo Agroindustrial.
C – A soja é um dos melhores exemplos de integração vertical do CAI. Observa-se com enorme frequência empresas que são, ao mesmo tempo, produtoras e processadoras desse produto.
c) Certas culturas que apresentam uma maior demanda por mão-de-obra, seja nos tratos culturais, seja na colheita, costumam se desenvolver dentro do modelo de integração horizontal, no qual a etapa da produção agrícola é cumprida por pequenos ou médios produtores que comercializam sua produção com as empresas beneficiadoras. São exemplos desse modelo a produção de fumo no Rio Grande do Sul, na região de Santa Cruz do Sul, e a de laranjas, no interior de São Paulo, envolvendo municípios como Matão, Bebedouro e Araraquara.
modelo.
d) A expansão do Complexo Agroindustrial pelo Brasil faz com que o papel da agricultura de base familiar seja progressivamente reduzido na produção de alimentos no país, restando um peso maior em regiões como o Sul e o Nordeste. Dessa forma, as políticas de fomento à pequena agricultura se justificam mais a partir de um discurso social do que propriamente produtivo.
E – Nordeste e Sul são, de fato, as regiões com o maior número de propriedades de base familiar no país. Contudo, esse modelo produtivo é responsável por mais de dois terços dos gêneros alimentícios consumidos no Brasil, de maneira que políticas de apoio à agricultura familiar no Brasil se inserem em um quadro de segurança alimentar.
Questão 3
“Inovações técnicas e organizacionais na agricultura concorrem para criar um novo uso do tempo e um novo uso da terra. O aproveitamento de momentos vagos no calendário agrícola ou o encurtamento dos ciclos vegetais, a velocidade da circulação de produtos e de informações, a disponibilidade de crédito e a preeminência dada à exportação, constituem, certamente, dados que vão permitir reinventar a natureza, modificando solos, criando sementes e até buscando, embora pontualmente, impor leis ao clima. Eis o novo uso agrícola do território no período técnico-científico-informacional”. (SANTOS, M. & SILVEIRA, M.L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. São Paulo, Record, 2001. Pág. 118.)
Aponte entre as questões abaixo a respeito do processo de modernização da agricultura brasileira a alternativa CORRETA.
a) A modernização da agricultura brasileira começa a se tornar possível a partir da década de 1960, quando o desenvolvimento de tecnologia nacional se constitui como a pedra fundamental do surgimento de um setor industrial voltado para a agricultura no país.
E – O setor industrial de bens de produção para a agropecuária se insere no Brasil a partir da entrada de empresas estrangeiras, não do desenvolvimento de tecnologia nacional, quadro que é válido até hoje, com a maior parte do mercado nacional sendo atendido por empresas do exterior, mesmo que atuando no país. b) O processo de modernização da agricultura no Brasil é normalmente associado ao modelo do Complexo Agroindustrial, cuja estrutura se baseia no binômio da integração de um setor industrial de processamento à própria produção agrícola.
E – A estrutura do CAI é baseada em três elos, não em dois. São eles: a indústria para a agropecuária (setor à montante), a produção agropecuária, e a indústria de processamento (setor à jusante).
c) O crescimento da agroindústria colabora para a desconcentração da produção agrícola no país. Assim, estados com uma produção mais tradicional, como aqueles do Sul e do Sudeste, dão lugar a estados localizados nas áreas de expansão da fronteira agrícola, principalmente no Centro-Oeste.
E – Apesar da expansão de cultivos como milho e soja para o Centro-Oeste, não se pode dizer que as regiões tradicionais «dão lugar», uma vez que seus estados permanecem como produtores importantíssimos na agropecuária nacional.
d) O modelo agroindustrial não é o único modelo agrícola presente no território brasileiro, uma vez que ele tende a se concentrar nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.
E – Não é, de fato, o único modelo. Mas pode ser encontrado em todas as regiões do país, não apenas nas duas mencionadas na questão.
Questão 4
O modelo agrícola brasileiro atual é resultante de um intenso processo de modernização que pode ser observado ao longo do século XX no país, afetando sua base técnica, suas relações de trabalho e a estrutura agrária nacional de uma maneira geral. Esse modelo pode ser comparado, ainda, com os modelos de outros grandes atores no mercado agrícola internacional, como EUA e União Europeia, conforme fazem as questões apresentadas a seguir que devem ser julgadas como certas ou erradas.
a) A modernização agrícola no Brasil, assim como o avanço da fronteira agropecuária, começa a ser estimulada pelo Estado a partir da década de 1970, com o propósito de aumentar as exportações brasileiras com os gêneros agropecuários.
E – Os dois movimentos de expansão, tanto vertical quanto horizontal, vinham sendo estimulados desde ao menos a década de 1940, com o objetivo, antes, de ampliar a oferta interna de alimentos em um país em franca urbanização e crescimento populacional. Posteriormente, pode-se falar, de fato, em um sentido prioritariamente exportador.
b) A agricultura europeia conta com uma estrutura com forte peso de pequenas propriedades que conseguiram melhorar sua base técnica a partir de incentivos estatais, o que contribuiu para aumentar sua competitividade prejudicada pela pequena escala de produção em certas culturas.
C – A área média dos estabelecimentos rurais na União Europeia fica por volta de 17 hectares, de forma que o subsídio dado para o acesso à tecnologia é fundamental para superar o problema da escala.
c) A agricultura norte-americana tem no modelo farmer um de seus pilares, mantendo até hoje, com poucas alterações, uma estrutura produtiva baseada em pequenas e médias propriedades organizadas em uma estrutura de belts.
E – Desde a metade do século XX tem ocorrido um processo de concentração agrária nos EUA, com o modelo farmer perdendo espaço e a agricultura empresarial se expandindo.
d) Apesar da grande visibilidade do agronegócio estruturado no modelo do CAI, o maior número de estabelecimentos agrícolas no Brasil corresponde às pequenas propriedades que respondem pela maior parte dos gêneros consumidos no mercado interno.
C – Cerca de 90% dos estabelecimentos rurais no Brasil apresentam área de até 100 hectares. Nessas propriedades de menor porte se produz a maior parte do consumo alimentar do mercado brasileiro.
Questão 5
O processo de modernização da agricultura pode ser compreendido, segundo as palavras de Graziano da Silva, como “o processo historio de passagem da agricultura brasileira do chamando “complexo rural” para uma dinâmica comandada pelos “complexos agroindustriais” – CAIs: a substituição da economia natural por atividades agrícolas integradas à indústria, a intensificação da divisão do trabalho e das trocas intersetoriais, a especialização da produção agrícola(...).” (GRAZIANO DA SILVA, J. A nova dinâmica da agricultura brasileira. Campinas, UNICAMP, 1996. P. 1).
Julgue as afirmativas abaixo que dão conta do processo de modernização e dos modelos propostos pelo autor citado para analisar este processo.
a) A dinâmica do complexo rural era muito simples. Havia geralmente apenas um produto de valor comercial em todo o circuito produtivo: era o produto destinado ao mercado externo. Se seu preço estivesse bom, os recursos da fazenda (homens, animais de trabalho, terras) eram realocados de modo a incrementar a produção de exportação. Se o preço no mercado internacional caísse, esses recursos eram deslocados para as atividades internas, destinadas basicamente à subsistência da força de trabalho e à reprodução das condições materiais da unidade produtiva.
C – Esse circuito produtivo é um dos elementos que fazem com que José Graziano da Silva descreva esse espaço produtivo como uma estrutura autárquica.
b) O chamado complexo cafeeiro paulista representa o último estágio da degradação do complexo rural. Neste sentido, o prosseguimento do investimento na economia cafeeira representa um atraso no processo de modernização da agricultura, que só poderá ser levado a cabo a partir do momento em que se deixa para trás uma estrutura produtiva herdada desde o período colonial brasileiro.
E – Ao contrário, o modelo do Complexo Cafeeiro Paulista constitui exatamente essa ruptura com as economias fechadas dos complexos rurais, de forma que é considerado um avanço e não um atraso no processo de modernização da agricultura brasileira.
c) Alguns marcos importantes do processo de modernização dizem respeito à entrada de tecnologia no país. Neste sentido, a preocupação governamental com o aumento da produtividade agrícola com auxílio de técnicas modernas de cultivo data do segundo período Vargas, quando se reconhece a necessidade de montar uma indústria doméstica de fertilizantes e máquinas agrícolas. As condições internas para atingir esse propósito eram, contudo, limitadas, de maneira que a internalização da produção de fertilizantes só ocorre em fins da década de 1950, enquanto a produção do maquinário no Brasil só se dá na década de 1960.
C – A periodização da entrada de tecnologia agrícola no Brasil é exatamente esta: importação de insumos químicos e maquinário em Vargas, internalização dos insumos químicos no governo JK e a internalização do maquinário no início dos anos 1960.
d) A gradual entrada da tecnologia na agricultura brasileira vai inviabilizando a participação da pequena produção, uma vez que esta não apresenta escala suficiente para dar conta dos pesados investimentos da modernização.
E – Conforme já foi comentado em outro item, não existe essa inviabilidade. A pequena agricultura pode se integrar ao CAI, assim como pode atender partes do mercado nas quais o CAI não tenha tanto interesse. Questão 6
A expansão da fronteira agrícola no Brasil constitui um processo de grande importância, seja pela abrangência da área envolvida, seja pelos impactos decorrentes para o país. Assim, analise as questões apresentadas a seguir e julgue-as como certas ou erradas.
a) A expansão horizontal da produção agrícola do Brasil é um esforço iniciado desde o governo de Getúlio Vargas. Há dois sentidos fundamentais envolvidos nesse esforço. O primeiro deles é um sentido geopolítico, de integração do território, evidenciado pela idéia de “marcha para o oeste”. O segundo sentido é econômico, uma vez que o aumento da produção daria conta da consolidação do Brasil como um
exportador de alimentos.
E – O estímulo ao crescimento horizontal da produção agrícola a partir de Vargas cumpre um papel de abastecimento do mercado interno em um país com população crescente, além do aumento da urbanização que se verifica nesse momento.
b) Uma das áreas de incorporação à moderna cultura de grãos é aquela conhecida como Nordeste Ocidental, compreendendo partes da Bahia, Maranhão e Piauí. A expansão para essa área representa uma continuidade do movimento do Centro-Oeste, uma vez que constitui uma área de transição do domínio do Cerrado.
C – As características ambientais do Nordeste Ocidental são, de fato, semelhantes à do cerrado do Centro-Oeste, de forma que o padrão agrícola que se expandiu pela porção ocidental do país pode avançar sem grandes obstáculos naturais em direção às áreas mencionadas na questão.
c) A expansão da fronteira agrícola para o Centro-Oeste, sobretudo em associação com a cultura da soja, representou um esforço de transformação técnica, incentivado tanto por investimentos estrangeiros quanto por investimentos nacionais.
C – A parcela dos investimentos estrangeiros decorre da cooperação com o Japão, interessado na diversificação da oferta da soja no mercado internacional, enquanto os investimentos nacionais se verificam na atuação da EMBRAPA, fundamental para o processo de expansão dessa cultura para o cerrado.
d) Ao se constatar a Amazônia como uma área privilegiada hoje no movimento de expansão da fronteira agrícola, a temática ambiental surge com muita força, uma vez que esse domínio com imenso potencial a partir de sua biodiversidade é a única possibilidade de crescimento para culturas importantes nas exportações brasileiras como pecuária e soja.
E – Não é a única possibilidade, seja por haver outras fronteiras possíveis de expansão, como o Nordeste Ocidental e grandes áreas ainda no próprio cerrado, mas também porque sempre é possível expandir verticalmente a produção, ou seja, por ganho de produtividade.
Questão 7
A respeito da evolução do espaço rural brasileiro, julgue as questões abaixo.
a) O censo agropecuário de 2006 apresenta uma reversão de uma tendência que vinha sendo seguia durante mais de quatro décadas: o aumento da área cultivada sendo acompanhado pelo número de estabelecimentos. Este censo, contudo, mostra uma redução do número de estabelecimentos, denotando uma maior concentração da terra no país.
E – A tendência apontada pode ser verificada pelo menos desde o Censo Agropecuário de 1996.
b) Acompanhando a expansão da fronteira agropecuária, observa-se um incremento significativo das áreas de pastagens na transição do Centro-Oeste para o Norte.
C – A pecuária, juntamente com a soja, é um dos principais vetores de expansão da fronteira agropecuária em dfireção à região Norte, notadamente no estado do Pará. Esse é o motivo pelo qual a criação de bovinos vem tendo um papel importante no desmatamento no bioma amazônico.
c) Quanto ao número de estabelecimentos rurais, pode-se afirmar que as regiões Sul e Sudeste apresentam o maior número, enquanto Nordeste, Norte e Centro-Oeste, áreas de concentração fundiária concentram um número menor.
E – O Nordeste é a região brasileira com o maior número de propriedade rurais produzindo em bases familiares, especialmente no agreste e no sertão.
d) Pode-se identificar um maior valor da produção agropecuária brasileira na área do Centro-Sul, em função dos altos investimentos tecnológicos e da valorização das culturas que aí se estabelecem no mercado internacional.
C – Os principais estados quanto ao valor da produção agrícola se concentram no Centro-Sul brasileiro. Gabarito: E, C, E, C
Questão 8
O conceito de “frente pioneira” é parte de obras clássicas na análise do processo de formação e ocupação do território
brasileiro, estando presente nos trabalhos de importantes nomes como o francês Pierre Monbeig e o alemão Leo
Waibel que deram importantes contribuições para a conformação da geografia brasileira. A partir da noção de frente
pioneira, julgue como certas ou erradas as questões a seguir que tratam da formação e ocupação do território nacional.
a) No sentido de uma ocupação da porção mais ocidental do território, pode-se identificar em Vargas, a partir da política
de Marcha para Oeste, um estímulo à formação de colônias agrícolas no Centro-Oeste brasileiro, em estados como
Mato Grosso e Goiás. Além da ocupação territorial, essas colônias deveriam ainda cumprir um papel de ampliar a oferta
interna de gêneros alimentícios em um país que se urbanizava em um ritmo cada vez mais forte.
E – O papel dessas colônias agrícolas é muito mais de ocupação, visto que se tratava de produção em pequena escala
e que, se considerarmos o período em tela, se encontrava quase isolada dos principais centros consumidores, por
ausência de infraestrutura viária adequada.
b) A noção de frente pioneira é trabalhada por Pierre Monbeig na análise da expansão do café em São Paulo, com a
abertura de novas áreas para a lavoura cafeeira, chegando até o Paraná. Hoje o café ainda é uma cultura importante na
lavoura paranaense, mas perdeu espaço para outros cultivos como soja, milho e cana-de-açúcar.
C – O autor está corretamente indicado como formulador do conceito de frente pioneira, assim como os produtos da
lavoura paranaense.
c) Um outro conceito vinculado aos avanços territoriais é o de zona pioneira, designando a área de contato das
atividades que avançam com porções menos integradas do território. Uma característica que marca hoje esse contato é
o grande número de conflitos, vinculados a questão como a estrutura fundiária e a destruição de certos recursos
naturais.
C – Este é um outro conceito bastante relevante para se compreender os processos de expansão territorial. Além disso,
é importante notar, conforme a questão indica, os conflitos decorrentes do contato entre os novos atores que avançam e
a base social prévia.
d) A análise atual do processo de avanço das frente pioneiras demonstra grandes similaridades com a dinâmica
clássica, com pequenos produtores incorporando novas áreas para que só posteriormente a grande produção possa
adentrar essas áreas.
E – Hoje, a incorporação de novas áreas ocorre muito mais pela ação de grandes agentes, como empresas
agropecuárias, com um peso muito reduzido dos pequenos produtores nesse processo.
Gabarito: E, C, C, E
Questão 9A modernização da agricultura brasileira se apresenta como um dos grandes processos transformadores do território brasileiro a partir de meados do século XX. Julgue as questões abaixo que discutem pontos relevantes deste processo.
a) O crescimento da agricultura brasileira, se expandindo para áreas como o Centro-Oeste, o Norte e o Nordeste Ocidental, foi acompanhado por um fluxo demográfico que se dirigiu a estas regiões. A partir desta constatação, pode-se dizer que, ao menos nestas regiões, é perceptível uma recuperação, ainda que pequena, da participação da população rural.
E – Não, mesmo nessas áreas o crescimento da população urbana ocorre em ritmo maior que o da população rural. Além disso, é importante lembrar que o modelo de alta mecanização não absorve proporcionalmente tanta mão-de-obra.
b) A relação entre modernização da agricultura e desconcentração industrial no Brasil se dá através da indissociabilidade da nova base técnica agrícola em relação aos setores industriais de insumos e processamento, que, na maioria das vezes, irão se localizar fora dos estados de concentração industrial mais tradicionais.
E – Sobretudo o setor de insumos para a agropecuária ainda tende a se concentrar nas áreas tradicionais de produção industrial.
c) Pode-se dizer que a expansão da fronteira agrícola no Brasil, principalmente a partir da década de 1960, está intimamente ligada à expansão da própria soja. A primeira grande área de expansão desta produção para fora da Região Sul será o Mato Grosso do Sul, se dirigindo, posteriormente para outras áreas do Centro-Oeste.
C – De fato, a soja pode ser considerada uma cultura paradigmática para se compreender esse avanço. d) Tendo sido consolidadas as áreas de expansão nas demais regiões, pode-se dizer que a nova fronteira agropecuária no país é a Amazônia. Neste sentido, pode-se dizer que a expansão das culturas no Norte do país já supera a do Centro-Oeste
E – Não, o Centro-Oeste ainda permanece como principal área de expansão. Gabarito: E, E, C, E
Questão 10
Com relação ao processo de modernização agrícola brasileira e suas implicações , julgue os itens subseqüentes.
a) Embora sejam evidentes os esforços de modernização das atividades no campo, o aumento do volume da produção brasileira decorre do aumento da área de terra cultivada.
E – O aumento do volume da produção ocorre tanto em função da incorporação de novas áreas produtivas, mas ainda pelos imensos saltos tecnológicos e pela difusão dessa tecnologia que propriciaram um aumento exponencial da produtividade agrícola nacional.
b) Resultante da maior inserção do país no contexto internacional , a modernização agrícola , com a conseqüente queda da necessidade de trabalho humano no campo , contribuiu para o processo de urbanização no Brasil.
C – De fato, a liberação de mão-de-obra rural e o consequente êxodo rural são fundamentais para o acelerado processo de urbanização verificado no Brasil no século XX.
c) O desenvolvimento agrícola ocorrido no Brasil coloca-o como provedor de bens primários para o mercado mundial, já que o país apresenta incipiente nível de industrialização.
E – Apesar do peso grande que os produtos agropecuários têm nas exportações brasileiras, decididamente não se pode descrever a indústria no Brasil como «incipiente».
d) No Brasil, as mudanças nos padrões produtivos geram efeitos sociais, tais como o desemprego, o subemprego e a migração inter e intra-regional.
C – As alterações dos padrões produtivos rurais podem ser ligados ao desemprego, em função da mecanização, o subemprego, em função do trabalho temporário nas culturas que ainda demandem algum período mais intensivo em trabalho, além das migrações, como movimento de busca por uma reinserção econômica.
e) Os conflitos pela posse de terra no Brasil ocorrem tanto nas áreas tradicionais de produção agropecuária como nas novas áreas de expansão agrícola, a exemplo da região Centro-Oeste.
C – De fato, verifica-se a existência de conflitos fundiários em todas as regiões do país, apesar de podermos verificar que é no Norte onde esses conflitos tendem mais frequentemente a soluções violentas, com alto índice de assassinatos motivados por disputas pela terra.
Questão 11
A agricultura no Brasil enquanto setor econômico representa parcela pequena do nosso PIB, porém se
tomarmos em conta o agronegócio como um todo, ou seja, o conjunto de atividades industriais e de serviços
ligados ao campo, a participação na produção nacional atinge expressiva marca do nosso produto interno
bruto. Com relação ao desenvolvimento das atividades no campo brasileiro, julgue as questões.
a) A chamada expansão vertical observada na agricultura brasileira se deu de forma mais expressiva a partir
da década de 1960, podendo ser notada como resultado direto da massiva incorporação de tecnologias e
técnicas embarcadas nos processos produtivos no campo.
C – A internalização da produção de insumos químicos e do maquinário agrícola no Brasil entre a década de
1950 e início dos anos 1960 foi fundamental nesse processo, permitindo, a partir daí, a expansão do modelo
do Complexo Agroindustrial no país.
b) A balança comercial do agronegócio no Brasil é amplamente superavitária. Entre os produtos que
contribuem para essa situação temos soja, milho, algodão e trigo.
E – Apesar de ser grande exportador de milho e soja, o Brasil importa um enorme volume de trigo, uma vez
que a produção nacional é pequena relativamente à demanda.
c) A expansão da fronteira agropecuária nacional ocorre de maneira cada vez mais intensa nos últimos anos,
atingindo a área conhecida como MAPITOBA, predominando aí a pecuária bovina.
E – Nessa área de transição entre o Cerrado e o Semi-Árido tem se desenvolvido cultura moderna de grãos
como soja e milho, além do algodão.
d) São Paulo tem grande destaque na produção agrícola atual do país, com participação muito elevada no
cultivo de cana, laranja e café, o que demonstra a importância do estado, pois o Brasil tem liderança mundial
na exportação de açúcar, suco de laranja e do café.
E – Apesar da tradição, a participação do estado de SP na produção nacional de café não pode ser
considerada «muito elevada». Esse papel, hoje, cabe muito mais o estado de MG.
Questão 12
O Brasil figura hoje entre os grandes atores no mercado internacional de gêneros agropecuários, com posição de
liderança ou ao menos de destaque em um bom número de produtos. Além disso, a cadeia do complexo agroindustrial
responde no Brasil por uma parcela expressiva da nossa pauta de exportações. Assim, julgue as questões que seguem
e que abordam a distribuição de algumas das principais culturas comerciais do Brasil.
a) O milho foi uma cultura fundamental no avanço da fronteira agropecuária, especialmente em áreas como o oeste do
Paraná. Com o avanço da soja, contudo, o milho perde espaço, reduzindo sua participação na lavoura e não sendo
mais uma cultura importante para as exportações brasileiras.
E – O milho, ao contrário, tem se expandido pelo território brasileiro, quebrando nos últimos anos sucessivos recordes
de safra. Na verdade, ele é uma cultura complementar e não concorrente com a soja, o que permite o avanço
simultâneo.
litorâneas dessa região. Hoje contudo, a produção se concentra no Centro-Sul, não apenas pela liderança de São
Paulo, mas ainda pelo fato de estados como Minas Gerais e Paraná ultrapassarem a produção de estados nordestinos.
C – De fato, o peso dos estados nordestinos na produção nacional de cana-de-açúcar é cada vez mais reduzido. O
maior produtor do NE, Alagoas, é apenas o sexto maior produtor nacional. Além disso, a região como um todo não
alcança sequer 10% do total brasileiro.
c) O algodão foi uma cultura com certa importância na lavoura brasileira desde o período colonial, com produção em
grande parte no Nordeste, especialmente no Maranhão. Hoje, contudo, com barreiras comerciais que prejudicam o
algodão brasileiro, essa cultura passa por uma queda contínua da área cultivada.
E – O algodão é uma cultura em franca expansão pelo Brasil, tendo hoje possibilidade de complementaridade com
outros cultivos como a soja e o milho, por meio da sua variedade herbácea. Dessa forma, áreas do Cerrado em estados
como MT e GO, além do oeste da BA, são hoje grandes produtores.
d) Os projetos de agricultura irrigada financiados pela SUVALE e depois pela CODEVASF tornaram a região do Vale do
São Francisco, especialmente entre Bahia e Pernambuco, nos municípios de Juazeiro e Petrolina, a principal área de
produção de fruticultura para exportação no Brasil.
E – Apesar da importância do vale do São Francisco, a principal cultura de frutos para exportação no Brasil é a cadeia
de cítricos do estado de São Paulo, principalmente laranja.
Questão 13
Podemos observar, atualmente, a posição da soja no Brasil como a principal cultura do agronegócio nacional. A respeito da sua introdução e expansão no país, julgue as questões abaixo:
a) A introdução da cultura da soja no Brasil ocorre a partir a região Sul, tendo os seus primeiros cultivos registrados no Rio Grande do Sul. O crescimento da produção ocorre em complementaridade com a cultura de trigo (soja no verão, trigo no inverno) e permanece, até a década de 1960, concentrada nos três estados da região.
C – No final dos anos 1960, a soja produzida na região Sul correspondia a cerca de 98% do total nacional. A partir da década de 1970, observa-se a expansão pelo Centro-Oeste que, na década de 1980, finalmente se torna a principal região produtora, apesar do Sul ainda manter parcela expressiva do total.
b) Em 1970, menos de 2% da produção nacional de soja era colhida no Centro-Oeste. Em 1980, esse percentual passou para 20%, em 1990 já era superior a 40% e em 2003 se aproximou dos 60%. A expansão para o Centro-Oeste está vinculada aos incentivos fiscais destinados à abertura de novas áreas de produção, ao menor preço das terras em comparação com a região sul e às condições naturais extremamente favoráveis à cultura, como o relevo suave, favorável à mecanização, e as características do solo do cerrado.
E – A acidez do solo do Cerrado, ao contrário, foi um obstáculo que demandou investimentos no processo de calagem para viabilizar o cultivo de soja. Isso se deu por meio de cooperação nipo-brasileira, sob a forma do programa PRODECER.
c) A importância da produção de soja no Centro-Sul do Brasil faz do porto de Paranaguá, no Paraná um dos mais importantes da América Latina. Contudo, à medida em que a produção se expande em direção ao Norte, observa-se investimentos no aumento da capacidade de exportação de grãos no porto de Itaqui, no Maranhão.
C – Com o avanço da fronteira da soja para porções cada vez mais setentrionais do Centro-Oeste, além do Nordeste Ocidental e da própria região Norte, faz cada vez menos sentido que essa produção tenha que percorrer distâncias enormes até o portos do Sul e Sudeste, buscando-se alternativas mais próximas, como é o caso de Itaqui.
d) Em virtude da incompatibilidade entre suas condições naturais e a produção sojífera, a região Nordeste se apresenta como a única no país onde não encontra-se produção significativa relacionada a esta cultura. E – Sul do Maranhão, Sul do Piauí e Oeste da Bahia, áreas com característica de transição para o Cerrado são hoje grandes produtores de soja.
Questão 14
Julgue as questões abaixo que abordam alguns pontos da especialização regional da produção agrícola brasileira.
a) A produção de cana-de-acúcar, tradicionalmente concentrada na Zona da Mata nordestina, hoje tem sua principal área no estado de São Paulo. Se, no entanto, São Paulo foi capaz de sobrepujar o predomínio nordestino, por outro lado estados como Pernambuco se mantêm ainda à frente de outras áreas produtoras do Sul e Sudeste, como o Paraná e Minas Gerais.
E – Paraná e Minas Gerais já ultrapassaram há muitos anos os produtores do Nordeste. Pernambuco, em particular, enfrenta decadência de muitas décadas quanto à sua participação no total nacional dessa cultura. b) São Paulo mantém desde a década de 1940, com uma pequena queda, uma área equivalente a cerca de 50% da produção nacional de algodão, assumindo o lugar de um tradicional belt nordestino.
E – Como mencionado em um item anterior, a produção nacional de algodão se concentra em áreas de Cerrado no Centro-Oeste e no Nordeste Ocidental.
c) Ainda que produzido em pequenas escalas nos estados sulinos, já em meados do século XX o trigo é um exemplo paradigmático de cultura introduzida em frentes de alta cientificização. Nesse caso, a migração da área de lavoura foi relativizada, pois o Rio Grande do Sul, que foi o primeiro maior produtor, mantém até hoje essa produção agrícola. Todavia, o grande produtor é, nos dias atuais, o Paraná, que representa cerca de 60% da área cultivada e cerca de 63% da produção do país.
C – De fato, em função de condições ambientais como o clima, o trigo é um cultivo cuja produção tende a se concentrar no sul do país, principalmente nos dois estados mencionados.
d) Apesar de apresentar um avanço territorial significativo a partir dos anos 1980, a cultura de arroz no Brasil, em função de condições climáticas, permanece restrita à faixa das latitudes mais altas que a do trópico de capricórnio.
E – Apesar da concentração da produção no Rio Grande do Sul, há cultivo de arroz em boa parte do país, inclusive no estado de Roraima, em uma latitude já bem distante do trópico de capricórnio.
Questão 15
A respeito das grandes culturas comerciais brasileiras, julgue as questões abaixo.
a) A cultura de cana-de-açúcar no Brasil é forte em regiões como o Sudeste, o Sul e o Nordeste, não apresentando áreas de cultivo no Centro-Oeste, por exemplo.
E – O Centro-Oeste tem estados importantes na produção nacional de cana, como GO e MS.
b) A produção de mandioca, por se tratar de um produto fortemente associado à agricultura de subsistência é expressiva em praticamente todo o país, sem apresentar grandes concentrações, como ocorre nas culturas comerciais de mais alto valor.
C – A mandioca é realmente um grande exemplo de cultura espacialmente difundida no país, com enorme peso da agricultura de base familiar na sua produção.
c) A produção de café no Brasil apresenta um limite na sua distribuição espacial que pode ser reconhecido pela região Sudeste e pelo norte do Paraná, não sendo importante em áreas mais ao norte.
E – O café tem se expandido em estados fora da área delimitada pela questão, como a Bahia e Rondônia. d) A produção de laranjas pode ser encontrada nas áreas de incentivo à fruticultura no Nordeste, mas é mais forte no Sudeste, com uma imensa concentração no interior de São Paulo.
C – O estado de São Paulo responde por cerca de 80% da exportação de suco de laranja concentrado do país.
