• Nenhum resultado encontrado

O ENFRENTAMENTO DO PACIENTE E A ESQUISTOSSOMOSE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O ENFRENTAMENTO DO PACIENTE E A ESQUISTOSSOMOSE"

Copied!
12
0
0

Texto

(1)

O ENFRENTAMENTODO PACIENTE E A

ESQUISTOSSOMOSE

Laysse Nunes Nunes Sampaio1 Joany Karine da Rocha França2 Jéssica Maynara da Silva Ferreira Lima3 Lays Nogueira Miranda4 Enfermagem

ciências biológicas e da saúde ISSN IMPRESSO 1980-1785 ISSN ELETRÔNICO 2316-3143

Ciências Biológicas e de Saúde Unit | Alagoas | v. 4 | n. 2 | p. 337-348 | Novembro 2017 | periodicos.set.edu.br

RESUMO

Objetivo: Identificar as dificuldades encontradas no enfrentamento da Esquistossomose. Método: revisão integrativa conduzida em seis etapas, a fim de responder à pergunta norteadora: “Como os pacientes enfrentam as dificuldades da Esquistossomose? A es-tratégia de busca foi realizada utilizando a combinação dos descritores: enfermagem, promoção da saúde, esquistossomose, saneamento e assistência à saúde, na Lilacs, Me-dline e BDENF. A análise e síntese dos dados foram descritivas segundo as categorias temáticas identificadas. Resultados: a amostra foi constituída por 06 estudos primários. Conclusão: as evidências sintetizadas contribuem para o enfermeiro selecionar e imple-mentar estratégias que possam prevenir ou controlar as condições que sejam limitantes ao paciente durante o enfrentamento da esquistossomose.

PALAVRAS CHAVE

Enfermagem. Promoção da saúde. Saneamento. Esquistossomose. Assistência à saúde.

ABSTRACT

The present work, had as objective identify the difficulties encountered in coping with schistosomiasis. As method, it was used an integrative review conducted in six steps in order to answer the guiding question: “How do patients face the difficulties of Schis-tosomiasis? The search strategy was performed using the combination of the

(2)

descrip-Ciências Biológicas e de Saúde Unit | Alagoas | v. 4 | n. 2 | p. 337-348 | Novembro 2017 | periodicos.set.edu.br tors: nursing, health promotion, schistosomiasis, sanitation and health care, in Lilacs, Medline and BDENF. Data analysis and synthesis were descriptive according to the thematic categories identified. The sample consisted of 06 primary studies. We con-cluded synthesized evidence contributes to the nurse selecting and implementing strategies that can prevent or control conditions that are limiting to the patient during the confrontation of schistosomiasis.

KEYWORDS

Nursing. Health promotion. Sanitation. Schistosomiasis. Health

1 INTRODUÇÃO

A esquistossomose é considerada uma doença do século XIX e que se alastrou principalmente no Nordeste com elevados números de casos em Alagoas, Pernam-buco e Sergipe. As doenças infectoparasitárias disputaram as altas taxas de prevalên-cia e vêm se mantendo num patamar quase constante nas últimas duas décadas, re-presentando cerca de 10% das causas de internações hospitalares na rede hospitalar pública e contratada pelo Sistema Único de Saúde (TIBIRIÇA et al., 2011).

No Brasil, a esquistossomose mansônica é conhecida por ser uma doença en-dêmica que atinge 19 regiões federadas, apresenta uma baixa letalidade, e é consi-derada as principais causas de óbitos relacionadas às formas clínicas mais graves. Afirma-se que existe cerca de 25 milhões de pessoas vivendo em áreas sob o risco de contrair a doença e são em média 6 milhões de pessoas com a doença principal-mente nas regiões onde faltam saneamento básico e condições básicas para se viver, como água encanada e tratamento de esgoto (SANTOS et al., 2015).

A esquistossomose ainda é vista como uma doença negligenciada por serem en-dêmicas em populações de baixa renda, apesar disso os avanços terapêuticos é de baixo interesse econômico, dado o reduzido potencial de retorno lucrativo para a indústria far-macêutica. Mas isso não impede sua magnitude, expressa no número de doentes, casos graves e repercussão socioeconômica, a esquistossomose está entre as parasitoses que mais acometem a população principalmente do Nordeste, além de ser a segunda doença parasitária mais disseminada no mundo, atrás apenas da malária (SAUCHA et al., 2012).

Nos países em desenvolvimento, a doença parasitária ainda tem importante fator de agravo à saúde. Isso acontece porque ainda predomina, nestes países, um desequilíbrio entre a distribuição de financeira, a atenção à saúde das pessoas e as condições socioeconômicas e culturais que facilitam a propagação e manutenção do ciclo de vida biológico dos parasitos (VIDAL et al., 2011).

O Ministério da Saúde recomenda inúmeras ações que almejam a delimitação epidemiológica, inquéritos coproscópicos censitários, tratamento de infectados, con-trole de planorbídeos, medidas de saneamento ambiental, educação em saúde, vigi-lância epidemiológica e a alimentação anual do Sistema de Informação do Programa de Controle da Esquistossomose (SISPCE).

(3)

Ciências Biológicas e de Saúde Unit | Alagoas | v. 4 | n. 2 | p. 337-348 | Novembro 2017 | periodicos.set.edu.br Essas ações precisam ser executadas de forma integral e equânime, estando incorporadas às atividades desenvolvidas pelo Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e Programa de Saúde da Família (PSF). Para interromper o seu ciclo evolutivo e impedir que apareçam novos casos é necessário haver o contro-le do parasito. A mais importante medida que compreende a essência social do processo saúde/doença é a investigação epidemiológica e para o seu controle ser eficaz é preciso que exista o saneamento básico, instalação de água e esgoto nas casas, educação sanitária, combate a caramujos, diagnóstico e tratamento dos infectados (SANTOS et al., 2015).

A expansão da cobertura dos serviços da saúde e a incorporação de novas tec-nologias de diagnóstico permitem a identificação dos velhos e novos quadros sin-drômicos da doença. A inserção das técnicas de biologia molecular à investigação do molusco hospedeiro e para o diagnóstico do Schistosoma mansoni nas populações humanas configuram-se em um grande avanço nos conhecimentos e possibilitam a abertura de novas abordagens terapêuticas.

Embora todo esse avanço tecnológico ainda seja insuficiente para erradicar a evolução da patologia no Brasil, apesar da redução das taxas de mortalidade e pre-valência; dados frequentemente subestimados pela subnotificação. Ainda existem as formas mais graves da doença que a cada ano são notificadas e acometem milhares de pessoas, levando a paralisias de membros inferiores, a conhecida mielorradiculo-patia esquistossomótica (TIBIRIÇA et al., 2011).

Nesse contexto, diante do cenário epidemiológico e considerando a esquis-tossomose mansônica como um agravo a saúde pública devido a sua magnitude, transcendência, potencial de disseminação e severidade socioeconômica, o presente estudo teve como objetivo identificar as dificuldades encontradas no enfrentamento da Esquistossomose.

2 METODOLOGIA

Este estudo é uma revisão integrativa, para o seu desenvolvimento foram per-corridas as seguintes etapas: elaboração da questão de pesquisa, busca na literatu-ra, categorização dos estudos, avaliação dos estudos, interpretação dos resultados e síntese do conhecimento (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008) e estabeleceu-se a seguinte questão norteadora: Como os pacientes enfrentam as dificuldades da Es-quistossomose?

A estratégia de busca foi realizada nas bases de dados MEDLINE, LILACS, BDENF pelo revisor principal, adotando a combinação de descritores controlados, sendo fei-ta a combinação de dois por vez com o termo booleano AND. MEDLINE: Promoção da saúde AND esquistossomose, saneamento AND esquistossomose e Saúde AND esquistossomose. LILACS: Promoção da saúde AND esquistossomose, saneamento AND esquistossomose e Saúde AND esquistossomose. BDENF: Promoção da saúde AND esquistossomose, saneamento AND esquistossomose e Saúde AND esquistos-somose.

(4)

Ciências Biológicas e de Saúde Unit | Alagoas | v. 4 | n. 2 | p. 337-348 | Novembro 2017 | periodicos.set.edu.br Os critérios de inclusão dos estudos primários foram artigos publicados na ínte-gra, no período de 2011 a 2017 e no idioma português e foram excluídos aqueles que não se enquadravam no objetivo da pesquisa.

Após as etapas das buscas dos artigos, aplicaram-se os critérios de seleção, a partir da leitura de título, resumo e na íntegra. Foram selecionados os artigos que res-pondiam à questão norteadora. O resultado da busca nas bases de dados encontra-se na Figura 1.

Figura 1 – Seleção dos estudos primários localizados e incluídos na amostra da revisão integrativa MEDLINE Promoção da Saúde AND Esquistossomose 01 após leitura do resumo 01 artigos LILACS 02 artigos BDENF 00 artigos 01 artigo após leitura do

título

01 após leitura do artigo na íntegra

02 artigos após leitura do título

02 após leitura do artigo na íntegra 02 após leitura do

resumo

00 após leitura do artigo na íntegra 00 após leitura do

resumo 00 artigos após leitura

do título MEDLINE Saneamento AND Esquistossomose 00 após leitura do resumo 10 artigos LILACS 03 artigos BDENF 01 artigos 00 artigos após leitura

do título

00 após leitura do artigo na íntegra

01 artigos após leitura do título

01 após leitura do artigo na íntegra 01 após leitura do

resumo

00 após leitura do artigo na íntegra 01 após leitura do

resumo 01 artigos após leitura

(5)

Ciências Biológicas e de Saúde Unit | Alagoas | v. 4 | n. 2 | p. 337-348 | Novembro 2017 | periodicos.set.edu.br

Fonte: Mendes, Silveira e Galvão (2008).

3 RESULTADO E DISCUSSÃO

A síntese dos seis estudos primários é apresentada em categorias temáticas, a saber: promoção da saúde e esquistossomose, saneamento e esquistossomose e saúde e esquistossomose, tendo em vista a questão norteadora ampla e os estudos apresentarem diversidade de assuntos.

Na Figura 2 estão apresentados os artigos incluídos na revisão e relacionados à nossa temática.

Fonte: Mendes, Silveira e Galvão (2008).

3 RESULTADO E DISCUSSÃO

A síntese dos seis estudos primários é apresentada em categorias temáticas, a saber: promoção da saúde e esquistossomose, saneamento e esquistossomose e saúde e esquistossomose, tendo em vista a questão norteadora ampla e os estudos apresentarem diversidade de assuntos.

Na Figura 2 estão apresentados os artigos incluídos na revisão e relacionados à nossa temática. MEDLINE Saúde AND Esquistossomose 02 após leitura do resumo 206 artigos LILACS 18 artigos BDENF 01artigos 12 artigos após leitura

do título

00 após leitura do artigo na íntegra

09 artigos após leitura do título

01 após leitura do artigo na íntegra 04 após leitura do

resumo

01 após leitura do artigo na íntegra 01 após leitura do

resumo 01 artigos após leitura

(6)

Ciências Biológicas e de Saúde Unit | Alagoas | v. 4 | n. 2 | p. 337-348 | Novembro 2017 | periodicos.set.edu.br Figura 2 – Síntese dos estudos primários segundo título, ano de publicação, periódico, método aplicado, nível de evidência científica e principais resultados SÍNTESE DOS ARTIGOS INCLUÍDOS NA REVISÃO INTEGRATIVA

TÍTULO DO ARTIGO ANO DE PUBLI-CAÇÃO

PERIÓDICO MÉTODO APLICADO

NÍVEL DE EVIDÊNCIA CIENTÍFICA DESFECHO A Es- quistos-somose Mansoni no con-texto da Política de Saúde Brasileira. 2011 Ciência & Saúde Cole-tiva

“A expansão da cobertura dos serviços da saúde e a incorporação de novas tecnologias de diagnós-tico vêm permitindo a identificação dos velhos e novos quadros sindrô-micos da doença. No entanto, toda a agrega-ção tecnológica não foi suficiente para conter a expansão espacial da doença no Brasil, apesar da redução das taxas de mortalidade e prevalên-cia, dados frequente-mente subestimados pela subnotificação”. Consi-derações Sobre Es- quistos-somose Mansô-nica no Municí-pio De Jequié, Bahia. 2011 Revista de Patologia Tropical Estudo Descritivo VI

“Considerada uma do-ença tipicamente rural a esquistossomose tem se expandido para as áreas urbanas nas últimas cin-co décadas e as periferias das cidades têm repro-duzido as condições que permitem a instalação de novos focos da doença. As políticas públicas de controle da esquistos-somose têm enfocado o tratamento medicamen-toso da doença, reduzin-do o número de casos letais desta doença, mas ainda ocorrem danos físicos, morais e incapa-citantes nas populações afetadas.”

(7)

Ciências Biológicas e de Saúde Unit | Alagoas | v. 4 | n. 2 | p. 337-348 | Novembro 2017 | periodicos.set.edu.br TÍTULO DO ARTIGO ANO DE PUBLI-CAÇÃO

PERIÓDICO MÉTODO APLICADO

NÍVEL DE EVIDÊNCIA CIENTÍFICA DESFECHO Condi-ções de sanea-mento básico em áreas hiperen-dêmicas para esquis- tosso-mose no estado de Pernam-buco em 2012 2012 Epidemiol.

Serv. Saúde Estudo des-critivo VI

“No mundo, o baixo aces-so à água potável e a falta de saneamento e higiene são responsáveis por cerca de 1,9 milhões de mortes anualmente, e por 4,2% da carga global de doenças. A manutenção e a intensidade da trans-missão da esquistosso-mose nessas áreas endê-micas estão relacionadas, de forma diferenciada e focal, com fatores am-bientais e socioeconômi-cos, como a presença de coleções hídricas, com o caramujo enquanto hos-pedeiro intermediário e, sobretudo, com precárias condições de saneamen-to. A OMS reconhece a importância da imple-mentação de programas de educação em saúde capazes de minimizar os riscos de infecção, uma vez que fatores de ordem cultural – assim como os de saneamento básico – estão envolvidos na ma-nutenção da transmissão da esquistossomose. ”

(8)

Ciências Biológicas e de Saúde Unit | Alagoas | v. 4 | n. 2 | p. 337-348 | Novembro 2017 | periodicos.set.edu.br TÍTULO DO ARTIGO ANO DE PUBLI-CAÇÃO

PERIÓDICO MÉTODO APLICADO

NÍVEL DE EVIDÊNCIA CIENTÍFICA DESFECHO Análise Do Grau De Im-plantação (Gi) Do Progra-ma De Controle Da Es- quistos-somose Mansôni-ca (Pce) Em Um Município Endêmi-co Do Es-tado De Sergipe, Brasil. 2015 Revista Iberoame-ricana De Educación E Investi-gación En Enfermería Estudo des-critivo VI

“A educação em saúde é realizada através de palestras e informações a população utilizando os materiais educativos dis-poníveis na Secretaria de Saúde, porém o municí-pio não possui núcleo de educação em saúde nem parcerias com associa-ções ou ONGs. Conforme ressalta Vidal et al. as práticas de educação em saúde para o combate à esquistossomose devem focar o processo edu-cativo das populações afetadas, considerando seus conhecimentos pré-vios e não apenas a mera transmissão de informa-ções verticalizadas e de cunho científico, uma vez que essas populações, por conviverem com a doença, possuem algum conhecimento sobre ela.” Análise da positi-vidade da esquis- tossomo-se man-soni em Regionais de Saúde endêmi-cas em Pernam-buco, 2005 a 2010.

2015 Epidemiol. Serv. Saúde

“Pernambuco apresen-tou média de 9,2% de positividade; a Regional de Saúde III (Palmares) apresentou maior média de positividade (13,8%), seguida das regionais II (Limoeiro: 9,9%) e I (Re-cife: 7,8%); a Regional V (Garanhuns) apresentou melhor média de trata-mento (95,6%), seguida da III (86,6%); Pernambu-co apresentou tendência decrescente na positivi-dade para esquistosso-mose (p=0,005). ”

(9)

Ciências Biológicas e de Saúde Unit | Alagoas | v. 4 | n. 2 | p. 337-348 | Novembro 2017 | periodicos.set.edu.br TÍTULO DO ARTIGO ANO DE PUBLI-CAÇÃO

PERIÓDICO MÉTODO APLICADO

NÍVEL DE EVIDÊNCIA CIENTÍFICA DESFECHO Abor-dagem sobre Es- quistos-somose em Livros de Ci-ências e Biologia Indica-dos pelo Programa Nacional do Livro Didático (pnld) – 2011/ 2012.

2014 Rev Patol Trop Estudo qualitativo VI

“Os resultados deste trabalho confirmam os achados de Massara et al. (2013) e ainda revelam a necessidade de correção e atualização dos concei-tos referentes à dinâmica da endemia e um aper-feiçoamento na estética das imagens do ciclo de transmissão, especial-mente dos moluscos hospedeiros, o que faci-lita a correta assimilação das formas encontradas no ambiente. O conhe-cimento apropriado do hospedeiro intermediário contribui para a cons-trução de atitudes que minimizem o risco de se contrair a esquistosso-mose e que fortaleçam o encaminhamento de medidas promotoras de saúde. ”

Fonte: Mendes, Silveira, Galvão (2008).

A esquistossomose é uma endemia que ainda se configura como importante problema de saúde pública no Brasil. As últimas estimativas indicam cerca de 6 mi-lhões de pessoas infectadas pelo Schistosoma mansoni no país e mais de 70 milhões de indivíduos vivendo em áreas endêmicas de 13 estados (MURTA et al., 2014).

Dados do Ministério da Saúde apontam a região Nordeste do Brasil como res-ponsável pelo maior registro de casos de esquistossomose. Considera-se a endemia uma das principais causas de mortalidade por doença transmissível. Condições am-biental, como a presença de rios e clima favorável para reprodução de caramujos e condições socioeconômicas, como o saneamento básico precário, difícil acesso a atendimento médico e acentuada pobreza, contribuem para a manutenção do ciclo de transmissão da esquistossomose no estado (BARRETO et al., 2015).

Avaliações e reorganizações são fundamentais para as ações dos serviços, bus-cando o aprendizado, aperfeiçoamento, manutenção, podendo contribuir para uma qualidade no âmbito das diferentes áreas contaminadas, mas é preciso que todos colaborem desde a população quanto os profissionais de saúde, registrando todos os casos e assim contribuir para um serviço de qualidade (QUITES et al., 2016).

(10)

Ciências Biológicas e de Saúde Unit | Alagoas | v. 4 | n. 2 | p. 337-348 | Novembro 2017 | periodicos.set.edu.br

No Brasil, a esquistossomose distribui-se mais intensamente sobre uma faixa de terras contínuas e contíguas, ao longo de quase toda a costa litorânea, seguindo o tra-jeto de importantes bacias hidrográficas. Atualmente, o Ministério da Saúde recomenda a identificação oportuna dessas condições, quais sejam: área geográfica de distribui-ção dos caramujos; movimentos migratórios de pessoas oriundas de áreas endêmicas; deficiência de saneamento domiciliar e ambiental; deficiência de educação em saúde. Nas áreas endêmicas, cuja transmissão da esquistossomose encontra-se esta-belecida, além do monitoramento, o controle dessas condições implica, a da redução da ocorrência de formas graves e óbitos e da prevalência da infecção, a indicação de medidas para reduzir a expansão da endemia. A estratégia de tratamento a ser utiliza-da nessas áreas tem por base o percentual de positiviutiliza-dade encontrado na localiutiliza-dade (SAUCHA et al., 2012).

A descentralização das ações de vigilância e controle de doenças retirou toda a sua estrutura política de saúde da esfera federal para as instâncias estadual e mu-nicipal, fato incontestável para o avanço da gestão municipal. Entretanto, há uma ausência por parte da Estratégia Saúde da Família (ESF) em estratégias para contro-les, combates de infecção, material explicativo, falta de capacitação dos profissionais, reuniões para ser discutido em áreas de edemias. Sabendo que ainda tem problemas relativos como a desorganização dos serviços no Sistema Único de Saúde (SUS). Equi-pes que não trabalham de forma organizada, clara ou padronizada distanciam-se de seu objetivo que é o controle eficaz (QUITES et al., 2016).

A educação em saúde, principal medida de controle o que reforça, na popula-ção, apenas a concepção de prevenção médico-sanitária. Segundo Massara e outros autores (2006), ações de educação em saúde, combinadas com tratamento e sa-neamento, constituem potencialmente as medidas mais eficazes para o controle da esquistossomose (MURTA et al., 2014).

O Brasil tem como objetivo eliminar a esquistossomose como problema de Saúde Pública nos municípios endêmicos. Nesse caminho, para que as metas esta-belecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo governo brasileiro sejam alcançadas, é necessária a intensificação das ações de vigilância e controle do PCE nas áreas endêmicas, refletida no diagnóstico e tratamento oportunos dos casos de esquistossomose.

A priorização no enfretamento dessa doença contribuirá para a mudança do perfil epidemiológico, reduzindo, cada vez mais, o número de casos de esquistos-somose e, consequentemente, a ocorrência das formas graves e a mortalidade a ela associada, possibilitando alcançar os níveis de controle e eliminação da esquistosso-mose nas regiões (BARRETO et al., 2015).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A esquistossomose é considerada um problema de saúde pública que causa agravos à saúde de muitas pessoas, notadamente em áreas endêmicas nas quais esta doença passou a fazer parte do cotidiano, sendo, muitas vezes, considerada como

(11)

Ciências Biológicas e de Saúde Unit | Alagoas | v. 4 | n. 2 | p. 337-348 | Novembro 2017 | periodicos.set.edu.br algo natural, apesar de levar muitas pessoas à incapacidade física e até a morte. Nes-te conNes-texto, é importanNes-te a implantação de políticas públicas e medidas de controle contínuas, não fragmentadas e mais efetivas contra a esquistossomose que visem não apenas ao tratamento, mas, sobretudo, à redução da infecção e reinfecção.

Estas políticas públicas precisam ter natureza intersetorial, visar à integralida-de e estar aliadas a um planejamento estratégico elaborado com base na realidaintegralida-de das áreas endêmicas, realizar ações de adequado saneamento básico, melhorar as condições de vida das populações mais pobres, despoluir as fontes de água doce e combater as práticas poluidoras e desenvolver a educação em saúde das populações.

Entendemos que as ações educativas constituem o principal pilar da promoção da saúde, porém não devem ser desenvolvidas como mera transmissão de informações, antes devem partir do conhecimento prévio das populações tornando-as agentes de seu próprio processo educativo, tendo em vista o desenvolvimento da consciência crítica.

Assim, poderão reconhecer o impacto socioeconômico e sobre a saúde, pro-vocado pela doença, a importância das políticas públicas e da mudança de com-portamento para o combate da esquistossomose. O ciclo de ações (identificação de casos, tratamento, educação em saúde e saneamento), políticas públicas eficazes, planejamento e gestão estratégica e intersetorial contribuiriam para a efetiva redução não apenas da esquistossomose, mas também de outras doenças infectoparasitárias ainda prevalentes.

REFERÊNCIAS

BARRETO, Ana Virgínia Matos Sá et al. Análise da positividade da esquistossomose mansoni em Regionais de Saúde endêmicas em Pernambuco, 2005 a

2010. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v.24, n.1, p.87-96, mar. 2015. Disponível em: <http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679497420150001000 10&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 30 de maio de 2016.

MURTA, Felipe Leão Gomes et al. Abordagem sobre esquistossomose em livros de ciências e biologia indicados pelo programa nacional do livro didático (PNLD) – 2011/2012. Rev Patol Trop, v.43, n.2, p.195-208, 2014. Disponível em: <https://www. arca.fiocruz.br/handle/icict/11407>. Acesso em: 30 de maio de 2016.

SANTOS, Allan Dantas dos et al. Análise do grau de implantação (GI) do programa de controle da esquistossomose mansônica (PCE) em um município endêmico do estado de Sergipe, Brasil. Rev. iberoam. educ. invest. enferm., 2015. Disponível em: <http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=go ogle&base=BDENF&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=29353&indexSearch=ID>. Acesso em: 30 de maio de 2016.

SAUCHA, Camylla Veloso Valença; SILVA, José Alexandre Menezes da; AMORIM, Liliane Barbosa. Condições de saneamento básico em áreas hiperendêmicas

(12)

Ciências Biológicas e de Saúde Unit | Alagoas | v. 4 | n. 2 | p. 337-348 | Novembro 2017 | periodicos.set.edu.br

para esquistossomose no estado de Pernambuco em 2012. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v.24, n.3, p.497-506, set. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S223796222015000300497&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 30 de maio de 2016.

TIBIRICA, Sandra Helena Cerrato; GUIMARAES, Frederico Baêta; TEIXEIRA, Maria Teresa Bustamente. A esquistossomose mansoni no contexto da política de saúde brasileira. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v.16, supl.1, p.1375-1381, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232011000700072&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 30 de maio de 2016.

VIDAL, Lícia Marques et al. Considerações sobre esquistossomose mansônica no município de Jequié, Bahia. Revista de Patologia Tropical, [S.l.], v.40, n.4, p.367-382, jan. 2012. ISSN 1980-8178. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/iptsp/article/ view/16751/10196>.Acesso em: 30 de maio de 2016.

Data do recebimento: 15 de setembro de 2017 Data da avaliação: 25 de setembro de 2017. Data de aceite: 6 de outubro de 2017

1 Acadêmica de Enfermagem do Centro Universitário Tiradentes – UNIT/AL. E-mail: layssesampaio@hotmail.com.

2 Acadêmica de Enfermagem do Centro Universitário Tiradentes – UNIT/AL. 3 Acadêmica de Enfermagem do Centro Universitário Tiradentes – UNIT/AL.

4 Mestra em Enfermagem; Especialista em Terapia Intensiva; Enfermeira; Docente do Centro Universitário Tiradentes – UNIT/AL. E-mail: laysnm@hotmail.com.

Referências

Documentos relacionados

Desta forma, o presente estudo teve como objetivo investigar a distribuição espacial e temporalmente a ocorrência de agregações reprodutivas, a verificação de

O desenvolvimento experimental consistiu na determinação dos hormônios naturais estrona (E1), 17β-estradiol (E2), estriol (E3), do hormônio sintético 17α-etinilestradiol

Os tópicos a seguir discorrerão acerca: da Reforma da Administração Pública, que traz em seu bojo a busca pela eficiência orientada para o cidadão no atendimento das

A ideia da pesquisa, de início, era montar um site para a 54ª região da Raça Rubro Negra (Paraíba), mas em conversa com o professor de Projeto de Pesquisa,

Although a relation between pitch accent types and gesture types was observed, sentence type or pragmatic meaning constrain this relation: visual cues

Para essa discussão, selecionamos o programa musical televisivo O fino da bossa, apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues, na TV Record de São Paulo, entre os anos de 1965 e

Assinale a alternativa correta com relação ao conceito de direitos humanos. a) Direitos humanos é uma forma sintética de se referir a direitos fundamentais da pessoa