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TRABALHO DA ESCOLA DE PSICOANALISIS DE TUCUMAN. Para o Congresso de CONVERGÊNCIA Madrid

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Academic year: 2021

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TRABALHO DA ESCOLA DE PSICOANALISIS DE TUCUMAN Para o Congresso de CONVERGÊNCIA 2015 - Madrid

Este trabalho recolhe algumas propostas de psicoanalistas que se reuniram para tratar a convocatória do Congresso. Abriram-se interrogantes e líneas de trabalho que serão continuados após do Congresso de acordo com o que este logre produzir. É um trabalho coletivo que trata de algumas razões, problemas e interrogantes, respeito de construir uma articulação entre estruturas clínicas e discurso da psicanálise em correlação com “o fato de que é preciso que cada psicoanalista reinvente, de acordo com o fato de ter sido analizante, a forma como a Psicanálise pode perdurar” (Seminário XVII).

1)Primeiras questões

A inclusão do termo “época” no argumento proposto na convocatória do Congresso coloca a dificuldade de estabelecer o que denominamos e incluímos em “época” y abre a possibilidade de pensar de que maneira ela tem consequências na estruturação subjetiva e na psicanálise, nos modos como esta ultima constrói a clínica. A posta à prova das estruturas neuróticas, psicóticas e perversas pode pensar-se não apenas no contraste com aquilo que provém de discursos que forcluem ao sujeito com os quais a psicoanálise confrontaria demonstrando suas possibilidades de uma eficácia terapêutica, mas também na maneira em que a clínica y a pratica da cura responde ao discurso da psicanálise; posta a prova que poderíamos chamar interna ao próprio movimento psicanalítico.

Desde suas origens a construção dos conceitos e operações implicou diferenciar-se de outros discursos, tomar distância da religiosidade e do positivismo científico, criar modos de organização para que os psicoanalistas sustivessem o descobrimento freudiano... com distinta sorte. Se a clínica, radica em parte em interrogar o que Freud há dito; como fazemos hoje essa interrogação? A questão é como pensamos esta ‘época’ da psicanálise e, se há mudanças na clínica, elas indicam uma maneira de situar-se em relação ao discurso da psicoanálise.

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Lacan, no Seminário 15, assinala respeito ao trabalho clínico do analista, a possibilidade de que este possa colocar-se no caso como Velázquez no quadro As Meninas e, assim, “tal vez encontrar uma nova classificação clínica diferente da que propõe a psiquiatria clássica que não tem sido tocada nem enfiada nunca por uma boa razão, que até agora – respeito de esta questão– ninguém conseguiu fazer outra coisa que segui-la” (Seminário do 27/3/68). Essa inclusão do analista ali onde já estava na história do analizante abre a possibilidade de uma nova classificação clínica, uma especificidade psicanalítica. O que sublinhamos em negrito no texto nos convoca a examinar as condições que constituem a obrigatoriedade de seguir a essa clínica da psiquiatria.

Neurose, psicose e perversão são termos que preexistem ao descobrimento freudiano. A apropriação que Freud fez deles, transformou o que se entendia por cada um desses termos, com algum retorno ao próprio campo médico. Então se pode considerar que a exclusão da homossexualidade do DSM III, considerada pela psiquiatria como perversão, responda a uma incidência da psicanálise nesse campo.

Não se trata de estruturas psicopatológicas, mas, de estruturas psíquicas ou existenciais: os termos que provém da psicopatologia servem para laços de trabalho com os psiquiatras e outros, porém o “patológico” não define ao sujeito. Estas estruturas constroem-se pela sua relação com a Castração.

Na época atual a psicanálise teve um crescimento importante no campo institucional da saúde, no campo jurídico e no campo da educação. A inclusão da psicanálise em esses campos significa possibilidades para o sujeito no campo do desejo e uma aposta que é uma posta à prova da clínica, mas também é preciso incluir as perguntas e interrogantes em relação com os alcances da psicoanálise quando não contamos com as estruturas, Neurose, Perversão e Psicose. Será a ocasião de considerar o que o objeto a introduziu no discurso da psicoanálise e apostar pelo sujeito e pela necessidade de discurso.

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Embora também, cabe examinar as leituras da época que se fazem no movimento psicoanalítico das quais se derivam algumas teses sobre as consequências da época na estruturação psíquica. Uma delas, tal vez a mais frequente, se refere às declinações e mutações da função do pai. Leituras que têm história nos intentos de pensar o social e que constituem um tema em si mesmo que adquire diversas orientações no campo da psicoanálise.

Tem também as condições impostas aos psicoanalistas que trabalham em instituições hospitalarias ou semelhantes, que operam a respeito do que se espera da psicoanalise. As condições sociais incidem na psicanálise e nas concepções da cura. Por isso Lacan se refere ao papel obscurantista que coube a muitos psicoanalistas na propagação de american way of life, revalorizando o predomínio das funções do eu, a psicanálise foi afetada por esse way e cumpriu funções de propagação do mesmo. Neurose, psicose e perversão, posições do ser, possibilidades e impossibilidades de ser, construídas por Freud a partir da sua prática da cura que é inseparável do discurso analítico, que é uma prática de discurso.

2) A respeito da vigência das Estruturas

Uma questão para colocar é se quando falamos de estruturas, falamos de categorias objetivas ou de coordenadas que permitem nossa orientação clínica. A crença de que se trataria de categorias objetivas farão que elas funcionem como leito de Procusto do trabalho clínico, impossibilitando a escuta e o analise mesmo. A reflexão erra se só se assinala que: ‘a psicanálise não utiliza os mesmos diagnósticos que a psicologia’ ou se a psicanálise praticada opera como uma psicologia que substitui algumas categorias objetivas que são erradas, por outras categorias ‘mais’ verdadeiras.

É frequente que se produza um deslizamento da noção de estrutura para a classificação dos seres falantes. Então o diagnostico se converte em um saber prévio, sustido na crença da unidade do sujeito. Porém, a verdade é outra, “Eu, a verdade, falo”, fala pela boca do analizante.

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3) Algumas questões na abordagem da Psicose:

A proposta de Lacan respeito ao tratamento da Psicose consistiu, em primeiro lugar, em não colocá-la como uma estrutura deficitária e em poder pensá-la com uma lógica (da castração) diferente à lógica da neurose (Lacan, Apresentação Memórias de Schreber). Então a questão da lógica particular da psicose se converte em questão central e a aposta do psicoanalista é poder constituir seu lugar, sua função, respeito à existência de um sujeito e à necessidade de discurso para esse sujeito. Neurose, perversão e psicose são diferentes relações do sujeito com a linguagem, mas na psicose o sujeito está fora de discurso, e dizer fora de discurso, indica que o sujeito não se inscreve como argumento da função: ‘que para todo ser falante, ele está sujeito ao falo’.

Tem transferência na psicose. É preciso considerar suas características particulares pelo modo de estruturação da subjetividade. A relação à linguagem e ao corpo, ou seja, ao saber e ao goze, possibilita deixar-nos tomar como um secretário... alguém que sabe guardar um segredo... Essa maneira de assistir ao curso da ‘doença’, para a psicoanalise é um recurso, é outorgar legalidade à palavra e intervir no goze imposto desde alguma personagem persecutória.

É interessante constatar as mudanças que introduz a nova lei em Saúde Mental, proteção dos direitos do paciente, variedade de recursos e uma ênfase na interdisciplinaridade e nas possibilidades de ampliar os lugares onde acolher e atender aos pacientes. No entanto, tem também as dificuldades com os outros das outras práticas e os outros discursos... “Afinal de contas não tem mais que isso, o vinculo social. Eu utilizo o termo discurso... percebemos que o vínculo social se instaura só ancorando-se na maneira como a linguagem se situa y se imprime, naquilo que borbulha, no ser que fala” (Seminário XX).

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4) Os casos difíceis e a vigência das Estruturas Freudianas:

Geralmente chamados ‘casos sociais’, trata-se de consequências do discurso do capitalismo, da segregação e exclusão. É importante pensar esta questão em relação com as estruturas freudianas. Sem estar falando de psicose, se trata do sujeito fora de discurso.

Se o sujeito é o que representa um significante para outro significante e se sustém em um dizer, a essência mesma do humano estará sustida nesta necessidade de discurso. Trata-se de construir uma ‘aposta’: abordar estes casos onde os sujeitos estão situados fora de discurso, restos avassalados pelo discurso jurídico, pela medicina, pela família, pelas instituições de saúde; aposta em instituir a necessidade de discurso, já que a ignorância da necessidade implica desconhecer a função da causa... forclusão do sujeito.

Algo semelhante acontece nas praticas clínicas com pacientes toxico dependente, que fazem um consumo elevado de diversas substâncias e estão em permanente situação de risco.

Os relatos sobre o consumo de substâncias não configuram cenas, não se trata do buraco da fechadura surpreso por outro olhar, do fantasmático na Neurose, que Freud chamou cisão do Eu no processo da defesa.

Lacan utilizou no Seminário 11, o termo esquizia para referir-se particularmente a esta operação entre o órgão e o objeto a, por exemplo, entre o olho e o olhar. A partir daqui, o trabalho pode consistir em situar os alcances da função da ezquizia no sujeito em relação à linguagem considerada como um órgão e ao lugar que parecem ter estes sujeitos, como fora de discurso.

5) Na clínica psicoanalítica com crianças

Adverte-se que a prova da especificidade da psicoanálise e da cura sucede pela operação do significante e o acolhimento do sujeito na sua singularidade, retificando as “soluções” propostas pelas demandas dos pais, as escolas e outros, em uma passagem da criança (agressiva, má, díscola) ao

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sujeito. Uma das colegas lembra o trabalho com uma criança de sete anos. A mãe consulta por condutas agressivas do menino para sua irmã, na escola, para os parceiros e para si mesma. O pai foi tirado do lar, por vias judiciais, por agressões físicas e verbais com a mãe e a irmã. A mãe diz que veste ao menino com roupa ‘unissex’, lhe pede que urine sentado, faz que ele tome banho e veste-o... Em ocasião de uma festividade pátria diz que a criança não pode aprender a letra do poema ao General San Martín, libertador (Pai) da pátria... Tenta desenhá-lo, diz: “parece que tem um vestido... parece mais um homem ou uma mulher?”. A analista diz: “ou é homem ou é mulher”. O menino desenha personagens masculinos… pintor, pirata, porteiro… alguma coisa falta em cada um deles. Pergunta “o que falta?” A analista sublinha a letra p em cada uma dessas personagens e diz p... pênis? A operação significante de substituição metafórica do significante materno ‘unissex’ por ‘um pênis’ permite ao menino a promessa de acessar a um lugar masculino. Produz-se a passagem de ‘comportamentos’ e ‘condutas agressivas’ à constituição de um sintoma em termos psicanalíticos, pela via de introdução de uma falta, função do significante fálico.

Trata-se na clínica de aquilo que é dito nessa situação... essa é a clínica, por isso é que dizemos que o inconsciente está em aquilo que dizemos. Que a cura “é por aditamento (añadidura)” e que “a psicoanalise não é uma terapêutica igual a demais”, mas constitui balizas para a clínica e a prática da cura, que sustém o analista para não encalhar respondendo aos chamados da eficácia desta época.

Referências

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