TERMO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA PELA PECUÁRIA SUSTENTÁVEL
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por meio dos Procuradores da República subscritos, no regular exercício de suas atribuições institucionais, com base nos artigos 127, 129, incisos II e III, e 225, caput e § 3°, da Constituição Federal, nos artigos 5°, incisos III, alínea d, V, alínea a, e 6°, inciso VII, alínea b, e XIV, da Lei Complementar n° 75/1993, bem como com fundamento no disposto na Lei Federal n° 7.347/1985 (doravante denominado “MPF”) e ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS - ABRAS, por meio de seu Presidente, Fernando Teruó Yamada, com sede na Av. Diógenes Ribeiro de Lima, 2.872, Alto da Lapa, CEP 05083-901, São Paulo-SP, (doravante denominada “ABRAS”), resolvem celebrar Termo de Cooperação Técnica pela Pecuária Sustentável, ante a análise das seguintes circunstâncias:
CONSIDERANDO
1. que cabe ao Ministério Público, como determinado no art. 129, III, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, atuar na proteção e defesa dos interesses sociais e difusos, bem como, especificamente, na tutela do meio ambiente, visando à ampla prevenção e reparação dos danos eventualmente causados, bem como a fiscalização de sua utilização por parte do particular, no interesse de toda a sociedade;
2. que o Ministério Público deve promover a proteção dos direitos difusos, dentre os quais está incluído o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, como prevê o art. 225 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, bem como o art. 2°, I, da Lei n°. 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente);
3. que "todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações" (art. 225 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988);
4. que a competência material para a proteção ambiental é comum a todos os entes da Federação (art. 23, VI, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988);
5. que a proteção do meio ambiente é princípio que deve nortear todas as relações sociais, inclusive as econômicas, e, em especial, as voltadas à exploração de recursos naturais (art. 170 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988);
6. que os supermercados sempre se mostraram atentos ao cumprimento da legislação acatando os termos das recomendações expedidas para evitar as transações com Empresas com passivo ambiental e social sempre que amparados por informações do MPF e de órgãos de governo;
7. que a ABRAS, como Entidade nacional do setor Supermercadista brasileiro, sempre se mostrou parceira do MPF e dos Órgãos de Governo nessa demanda.
8. que a atuação da ABRAS nesta questão sempre se dará de forma a informar e orientar as Empresas do setor Supermercadista, com o apoio direto das 27 filiadas em todos os Estados da Federação, ressaltando-se que as Entidades aqui mencionadas em nenhum momento têm ingerência direta nas ações comerciais das Empresas do setor, mas sim um papel relevante de conscientização dos empresários sobre a questão.
9. que o desafio que se impõe é de toda a sociedade brasileira e inclui a necessária evolução, com melhores processos e boas práticas da agropecuária nacional, incluindo a melhor atuação dos órgãos fiscalizatórios Federais, Estaduais e Municipais no combate à rede de abate clandestino de carne bovina no País.
10. que, com base no disposto no Código de Defesa do Consumidor (Lei n°. 8.078/90), em seus artigos. 4°, III, - e 6°, II, a informação é tanto um princípio das relações de consumo quanto um direito do Consumidor, devendo ser adotadas todas as medidas necessárias à identificação da proveniência, qualidade e legalidade de qualquer produto fornecido ao consumo;
11. que, atualmente, os projetos de regularização da cadeia produtiva da pecuária estão atrelados ao Programa Municípios Verdes, internacionalmente reconhecido pelos benefícios implementados aos produtores e empresários.
12. que, a responsabilidade legal pela regularidade ambiental é dever do poder público (federal, estadual e municipal), do setor privado (cadeia produtiva da carne bovina) e da sociedade civil.
Resolvem celebrar o presente Termo de Cooperação Técnica pela Pecuária Sustentável, que será regido pelas seguintes disposições:
CLÁUSULA PRIMEIRA- DO OBJETIVO GERAL
1.1 O presente Termo de Cooperação Técnica pela Pecuária Sustentável tem por objetivo fortalecer a parceria entre a ABRAS e o MPF, criando sistemas e práticas que mobilizem o setor Supermercadista brasileiro, que atua com mais de 82 mil lojas em todo o País, a evitar a compra de carne bovina proveniente de áreas de desmatamento da Amazônia e outras irregularidades ambientais e sociais, visando atender as normas estabelecidas na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no Novo Código Florestal, na Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC (Lei nº 9.985/00), no Código de Defesa do Consumidor, na Convenção 169 da OIT, na Convenção Interamericana dos Direitos Humanos e em outras normas internacionais de proteção do meio ambiente e dos direitos humanos.
1.2 O presente Termo de Cooperação Técnica pela Pecuária Sustentável também visa a consolidação e ampliação do Programa Municípios Verdes, internacionalmente reconhecido pela implementação de benefícios aos produtores rurais e empresários.
CLÁUSULA SEGUNDA- DOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS
O Presente Termo de Cooperação Técnica pela Pecuária Sustentável tem por objetivos específicos informar, divulgar e orientar as Empresas do setor Supermercadista brasileiro sobre práticas que:
2.1. Valorizem a produção nacional;
2.2. Melhorem a imagem do setor produtivo;
2.4. Ajudem a coibir, com vista à erradicação, o trabalho escravo na cadeia da carne;
2.5. Apoiem a redução do desmatamento e recuperação de áreas desmatadas;
2.6. Fomentem a intensificação da produção nas áreas já abertas; 2.7. Apoiem políticas de incentivos jurídicos e creditícios aos produtores;
2.8. Apoiem a proteção dos direitos indígenas, das populações tradicionais e de quilombolas;
2.9. Apoiem o empoderamento do setor local, para o devido fortalecimento dos Órgãos Municipais e outros.
CLÁUSULA TERCEIRA- DAS OBRIGAÇÕES DA ABRAS
3.1. A ABRAS, dentro do seu âmbito de atuação nacional e institucional e contando sempre com o apoio direto das 27 ASSOCIAÇÕES ESTADUAIS de Supermercados filiadas, empenhará de ora em diante todos os esforços para informar e orientar o setor Supermercadista acerca das melhores práticas de comercialização de carne bovina no País, seguindo o objetivo de evitar as compras de carnes provenientes de fazendas que comprovadamente tenham passivo ambiental e social.
3.2. A ABRAS irá divulgar pelos meios de comunicação próprios, ou seja, o Portal ABRAS e a Revista SUPERHIPER, todas as ações positivas empenhadas pelo MPF e outros Órgãos de Governo, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), na ação de combate ao comércio de carne proveniente de fazendas que comprovadamente tenham passivo ambiental e social. Estas divulgações dependerão sempre de requisição específica do Ministério Público Federal, observados os espaços disponíveis nos veículos de comunicação da ABRAS e de acordo com prévia programação.
3.3. A ABRAS poderá divulgar também os fornecedores e produtores (frigoríficos e fazendas) que já se comprometeram com o MPF e são parceiros nesta causa, assim colaborando para a criação de uma agenda positiva sobre o tema.
3.4. A ABRAS dará continuidade ao processo de incentivo das Empresas do setor Supermercadista à boa gestão e controle dos seus fornecedores de carne bovina, orientando sobre a importância do registro de data, nome das Empresas e demais informações que se entendam necessárias, no intuito de averiguar, à época da transação, se o fornecedor cumpre as obrigações de ordem ambiental.
3.5 A ABRAS, quando requisitada pelo Ministério Público Federal, na forma da lei, alertará as Empresas Supermercadistas através de seus meios de
comunicação para que não adquiram carnes de fornecedores que não estejam comprovadamente cumprindo suas obrigações legais.
3.6. Tendo em vista que a informação é um princípio das relações de consumo, a ABRAS incentivará as Empresas Supermercadistas a divulgar, sempre que compatível e cabível, no ponto de venda, a origem do produto bovino (Frigoríficos) e todas as suas ações, e de seus parceiros, em benefício do aprimoramento da cadeia bovina com o objetivo de mostrar transparência ao Consumidor e conscientizá-lo ainda mais sobre esse tema.
3.7. A ABRAS divulgará, por seus meios de comunicação, a importância da valorização dos Municípios Verdes, enfatizando o exemplo positivo para o setor e para outros Municípios do País.
3.8. A ABRAS apoiará o combate ao abate clandestino de carne bovina no País e demais causas de concorrência desleal, divulgando efetivamente todas as ações do MPF e órgãos de governo nesta questão.
3.9. A ABRAS incentivará os supermercados a obter mais informações sobre os procedimentos das operações dos seus fornecedores diretos (frigoríficos) em relação aos seus fornecedores (os produtores), como forma de evitar a aquisição de produtos que não tenham origem legal.
3.10 Todas as informações, dados, relatórios e/ou avisos aqui previstos serão divulgadas pela ABRAS, após expressa comunicação e requisição por parte do MPF.
3.11 A ABRAS manterá o MPF informado a respeito do cronograma, como segue:
3.11.1 Informações ao Setor (previsão 1º trimestre de 2013).
• A ABRAS procederá comunicado Geral do Acordo ABRAS-MPF às 27 ASSOCIAÇÕES ESTADUAIS e estas aos seu afiliados Supermercadistas; • A ABRAS disponibilizará, através do Portal ABRAS, os links de consulta das
eventuais listas restritivas divulgadas pelo SISNAMA (IBAMA, ICMBio e Órgão Estadual de Meio Ambiente e Ministério do Trabalho e Emprego) conforme previamente acordado com o MPF. As listas restritivas de que trata esta Cláusula, referem-se exclusivamente às questões de Cooperação pela Pecuária sustentável;
• A ABRAS divulgará a relação dos “Municípios Verdes” informados pelo MPF.
3.12 Sem prejuízo do aqui estabelecido, a ABRAS poderá desenvolver e implementar outras ações complementares com o fim de atingir os resultados previstos no item 1.1, dando ampla divulgação ao setor e ao MPF.
CLÁUSULA QUARTA- DAS OBRIGAÇÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
4.1. O MPF compromete-se em diligenciar junto aos Órgãos e Entidades Públicas de modo a assegurar o fiel cumprimento de suas funções institucionais, solicitando e requisitando informações, expedindo Recomendações, formalizando Termo de Ajuste de Conduta e Termos de Cooperação Técnica, promovendo Ações Judiciais, e tudo mais o que for necessário a garantir a proteção e defesa dos interesses sociais e difusos, bem como, especificamente, a tutela do meio ambiente, visando à ampla prevenção e reparação dos danos eventualmente causados, bem como à fiscalização de sua utilização por parte do particular, no interesse de toda a sociedade.
4.2. Para que a ABRAS cumpra adequadamente o estabelecido no item 3.1. e seguintes, o MPF compromete-se a fornecer-lhe, com a regularidade que entender necessária, todas as informações, dados, relatórios e/ou avisos, advertências, etc., quer sejam oriundas do próprio MPF, ou dos demais Órgãos e Instituições citadas, que deseja ver divulgadas pela ABRAS, através de competente requisição do MPF.
CLÁUSULA QUINTA- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
5.1 Todas as comunicações entre as PARTES deverão ocorrer por escrito e enviadas aos endereços e pessoas constantes deste instrumento (ou indicadas por elas), por carta com aviso de recebimento ou outro meio assemelhado com prova de recebimento.
5.2. Os comunicados eletrônicos via internet (e-mails) poderão ser utilizados a título de troca de informação para abastecimento dos meios de comunicação da ABRAS, com vista a dar mais agilidade ao processo.
5.3 A alteração do endereço por qualquer uma das partes deverá ser de imediato comunicado por escrito à outra parte. Até que seja feita essa comunicação, serão válidos e eficazes os avisos e as comunicações enviadas para o endereço constante do preâmbulo deste instrumento.
5.4 O presente Termo de Cooperação Técnica tem prazo indeterminado, podendo as partes, contudo, por comum acordo, proceder revisões anuais se entendidas convenientes.
5.5 Para os casos omissos não previstos neste Termo de Cooperação serão consultadas as partes por escrito.
5.6 A assinatura do presente Termo não isenta os associados da ABRAS das responsabilidades inerentes às Empresas comerciais de distribuição de alimentos.
CLÁUSULA SEXTA - DA PUBLICIDADE
6.1 Fica autorizada a divulgação do presente Termo de Cooperação Técnica para terceiros e público em geral pelas partes. O MPF disponibilizará publicação de seu extrato no Diário Oficial da União, bem como no seu sítio eletrônico na internet. A ABRAS disponibilizará publicação integral do mesmo no Portal ABRAS e reportagem na Revista SUPERHIPER.
E por estarem de acordo com as Cláusulas e Condições fixadas, firmam o presente TERMO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA em 02 (duas) vias de igual teor e forma, contendo 6 (seis) páginas cada.
