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Resultados dos investimentos em ciência da tecnologia nos estados brasileiros : uma análise dos indicadores no período 2000-2012

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PESQUISA - POSGRAP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL - PPGPI. Leidiane Bispo Brito. RESULTADOS DOS INVESTIMENTOS EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA NOS ESTADOS BRASILEIROS: UMA ANÁLISE DOS INDICADORES NO PERÍODO 2000-2012. SÃO CRISTÓVÃO - SE 2015.

(2) Leidiane Bispo Brito. RESULTADOS DOS INVESTIMENTOS EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA NOS ESTADOS BRASILEIROS: UMA ANÁLISE DOS INDICADORES NO PERÍODO 2000-2012 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciência da Propriedade Intelectual, como requisito à obtenção do título de Mestre em Ciência da Propriedade Intelectual.. Orientador: Prof. Dr Gabriel Francisco da Silva Coorientador: Prof. Dr José Ricardo de Santana. SÃO CRISTÓVÃO - SE 2015.

(3) FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. B862r. Brito, Leidiane Bispo. Resultados dos investimentos em ciência e tecnologia nos estados brasileiros : uma análise dos indicadores no período 2000-2012 / Leidiane Bispo Brito ; orientador Gabriel Francisco da Silva. – São Cristõvão, 2015. 74 f.. Dissertação (mestrado em Ciência da Propriedade Intelectual)– Universidade Federal de Sergipe, 2015.. 1. Patentes. 2. Invenções – Brasil – 2000-2012. 3. Indicadores de ciência. 4. Indicadores de tecnologia. I. Silva, Gabriel Francisco da, orient. II. Título. CDU 347.77(81).

(4) LEIDIANE BISPO BRITO. RESULTADOS DOS INVESTIMENTOS EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA NOS ESTADOS BRASILEIROS: UMA ANÁLISE DOS INDICADORES NO PERÍODO 2000-2012. Dissertação de Mestrado aprovada no Programa de Pós-graduação em Ciência da Propriedade Intelectual da Universidade Federal de Sergipe em 10 de fevereiro de 2015. BANCA EXAMINADORA. ____________________________________________________________________ Gabriel Francisco da Silva, Dr. – Orientador. ___________________________________________________________________ José Ricardo de Santana, Dr.- Co Orientador Universidade Federal de Sergipe. ____________________________________________________________________ Marcelo da Costa Mendonça, Dr Universidade Tiradentes – UNIT. _____________________________________________________________________________ Ana Eleonora Almeida Paixão - Drª Universidade Federal de Sergipe.

(5) AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por até aqui ter me sustentado, por ter providenciado a conclusão deste trabalho. A Ele, todo louvor e adoração. Agradeço a minha família que dividiu comigo a caminhada. A meus avòs e a meus pais que sempre acreditaram em mim, as minhas irmãs que estiveram sempre dispostas a colaborar. À companheira Nilza, minha secretária, valeu irmã. Agradeço a minha família da Igreja Batista do Feira VI pela atenção durante este período. Agradeço a minha família da Igreja Batista Nacional Ebenezer pelo acolhimento em São Cristovão, sem a qual a caminhada seria ainda mais difícil. Agradeço a toda equipe do NIT/UEFS pela compreensão e apoio nesta jornada. Agradeço ao professor Gabriel Francisco da Silva por ter acreditado no meu trabalho. Agradecimento especial ao Professor Ricardo Santana e Diego Araujo pelo empenho e motivação em construir este trabalho. Agradeço ainda aos colegas de turma que compartilharam os momentos de angústias e alegrias. A todos os amigos e amigas que me ajudaram neste longo caminho, muito obrigada!!!. Glória á Deus !.

(6) Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi Seu conselheiro? Ou quem Lhe deu primeiro a ele, para que Lhe seja recompensado? Porque dele e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém. Romanos 11:33-36.

(7) RESUMO Indicadores de ciência, tecnologia e inovação são amplamente utilizados em documentos de políticas, bem como em estudos. Estes são instrumentos essenciais para compreender e monitorar os processos de produção, difusão e uso de conhecimentos científicos, tecnologias e inovações. Nesse cenário, o presente estudo se propõe a contribuir realizando uma análise empírica de indicadores de desenvolvimento tecnológico e científico no Brasil, a fim de verificar se investimentos em C&T e números de docentes de fato influenciam no número de publicações internacionais e se os investimentos em P&D influenciam no número de depósitos de patentes. Utilizou-se a metodologia de dados em painel, com informações agregadas para os estados brasileiros. Os dados compreendem os anos de 2000 a 2012, e foram obtidos no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e Instituto Brasileiro de Geografia e estatísticas (IBGE), Geocapes - Sistema de Informações Georeferenciadas da Capes a Scopus e ISI Web of para o período de 2000 a 2012. As hipóteses básicas de que investimentos em C&T e números de docentes influenciam no número de publicações internacionais e que os investimentos em P&D influenciam no número de depósito de patentes foram confirmadas. Notou-se que os investimentos em C&T e números de docentes tem impacto positivo no número de publicações o que acontece também com os investimentos em P&D e depósitos de patentes significando que estes investimentos tem resultado em desenvolvimento cientifico e tecnológico. È marcante ainda o descompasso entre desenvolvimento científico e tecnológico. Para, além disso, os dados segmentados por estado permite verificar que as disparidades entre estes são ainda acentuadas. Desta forma, compreende-se que os esforços das políticas de C,T&I seja através de investimento em recursos humanos, seja através de fomento, tem atingido resultados científicos e tecnológicos, no entanto ainda há um longo caminho a seguir principalmente no que diz respeito ao entendimento do impacto destes resultados na promoção do desenvolvimento econômico e social.. PALAVRAS – CHAVE: Indicadores , patentes, inovação..

(8) ABSTRAT Indicators of Science, Technology and Innovation are widely used in policy documents and studies. These are essential tools to understand and monitor the processes of production, dissemination and use of research results, technologies and innovations. In this scenario the present study aims to contribute performing an empirical analysis of technological and scientific development indicators in Brazil in order to verify that investments in S & T and fact faculty numbers influence the number of international publications and investments in R & D influence the number of deposit of patents. We used the panel data methodology, aggregated information for the states. The data comprise the years 2000 to 2012, and were obtained from the Ministry of Science, Technology and Innovation ( MCTI ) , National Council for Scientific and Technological Development ( CNPq ) and the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE ) , Geocapes - System Georeferenced Information Capes Scopus and ISI Web of for the period 2000 to 2012. The basic hypothesis that investments in S & T and faculty numbers influence the number of international publications and investments in R & D influence the patent deposit number were confirmed . It was noted that investments in S & T and faculty numbers have positive impact on the number of publications which also happens with investments in R & D and patent applications meaning that these investments has resulted in scientific and technological development . It is still striking mismatch between scientific and technological development. For, in addition, the data segmented by state shows that the disparities between these is still wide. Thus it is understood that the efforts of S , T & I either through investment in human resources , either through promotion has achieved scientific and technological results, however there is still a long way to go especially with regard to the understanding of impact of these results in promoting economic and social development.. KEY - WORDS: Indicators, patents, innovation..

(9) LISTA DE TABELAS. 1 - Modelos Estimado com Efeito Fixo para equação 01 ......................................................... 48 2 - Testes e método de correção utilizados nas estimativas da relação entre indicadores de insumo e de resultados de C&T .............................................................................................. 50 3 - Modelos Estimado com Efeito Fixo equação 02 ................................................................ 50.

(10) LISTA DE FIGURAS. 1 - Artigos científicos publicados, docentes e discentes nos programas de pós graduação por região (2012) .......................................................................................................................... 46 2 - Artigos científicos publicados, docentes e discentes nos programas de pós graduação na Região Nordeste (2012) ................................................................................................... 46 3 - Artigos científicos publicados e depósitos de patentes das regiões brasileiras dados acumulados entre 2000 -2012 ........................................................................................... 49.

(11) LISTA DE SÍMBOLOS OU ABREVIATURAS. ACTC- Atividades científicas e técnicas correlatas BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico CAPES – Coordenação Nacional de Aperfeiçoamento do Pessoal de Ensino Superior C,T&I - Ciência, Tecnologia e Inovação CNPq - Conselho Nacional de Pesquisa EF - Efeitos fixos EA - Efeitos aleatórios FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos FNDCT - Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico FUNTEC - Fundo de Desenvolvimento Técnico-Científico ICTS - Instituições de Ciência e Tecnologia MEC - Ministério da Educação – MCT- Ministério de Ciência, Tecnologia MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação MMQO - Método dos Mínimos Quadrados Ordinários NSF - National Science Foundation NSB - Conselho Nacional de Ciência OCDE- Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico PADCT - Programa de Apoio ao Desenvolvimento à Ciência e Tecnologia P&D - Pesquisa e Desenvolvimento PRONEX - Programa de Apoio aos Núcleos de Excelência SNI - Sistemas Nacionais de Inovação SNCTI - Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação SSRC - Centro de Coordenação de Pesquisa em Indicadores Sociais do Social Science Research.

(12) SUMÁRIO. 1. INTRODUÇÃO ... .............................................................................................................. 13 2. IMPORTÂNCIA DO PROGRESSO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO E OS INDICADORES DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA ..........................................................14 2.1. PROGRESSO TÉCNICO E CRESCIMENTO ECONÔMICO .......................... 15 2.1.1 Síntese da Evolução da teoria do Crescimento Econômico .................................... 17 2.1.2 Sistemas Nacionais de Inovação – SNI: o caso do Brasil ....................................... 21 2.2. INDICADORES DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA COMO INSTRUMENTOS DE POLÍTICAS ............................................................................................................. 28 2.2.1 Breve histórico de Indicadores de C & T ................................................................ 29 2.2.2 Estudos empíricos utilizando Indicadores de C&T.... ................................. ............ 33 3. ASPECTOS METODOLÓGICOS: MODELO DE ANÁLISE DOS INDICADORES DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA ........................................................................................ 35 3.1 METODOLOGIA DE CONSTRUÇÃO DA BASE DE DADOS ......................... 36 3.2 A MODELAGEM EMPÍRICA ............................................................................... 37 3.2.1 Análise com dados em painel .................................................................................. 39 3.2.2 Teste para modelo com dados em painel ................................................................. 42 4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .......................................................... 44 4.1 RESULTADO CIENTÍFICO DAS AÇÕES EM C&T .......................................... 44 4.1.1Análise exploratória de dados........................................................................................... 44 4.1.2 Análise das estimativas............................................................................................. 46 4.2 RESULTADO TECNOLÓGICO DAS AÇÕES EM C&T .................................. 48 4.2.1Análise exploratória de dados.................................................................................... 48 4.2.2 Análise das estimativas............................................................................................. 49 5. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 51 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 55 APÊNDICE ............................................................................................................................ 62.

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(14) 14. 1. INTRODUÇÃO. O processo de inovação e de acumulação de aprendizagem tornou-se assunto estratégico nos debates de desenvolvimento econômico dos países e regiões. Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) são elementos chaves para o crescimento, a competitividade e o desenvolvimento de empresas, indústrias, regiões e países. Também têm importância fundamental na determinação do estilo de desenvolvimento de regiões ou nações e na forma como este afeta no presente e, afetará no futuro, a qualidade de vida da população em geral e de seus diversos segmentos (VIOTTI e MACEDO, 2003). Segundo Avellar e Oliveira (2008), predomina a concepção de que existe uma forte correlação entre o grau de desenvolvimento de um país e seu esforço em Ciência, Tecnologia e Inovação – C,T&I. Os estudos sobre a importância das ações de C,T&I têm avançado, à medida que se consolida a mensuração dessa atividade, sobretudo por meio dos indicadores de C,T&I. Estes são instrumentos essenciais para compreender e monitorar os processos de produção, difusão e uso de conhecimentos científicos, tecnologias e inovações (VIOTTI, 2003). Além disso, constituem-se em uma fonte importante de orientação para o desenvolvimento estratégico de novos investimentos e apoio no planejamento dos programas. A constituição de indicadores de C,T&I é importante ainda como instrumento de planejamento e avaliação de políticas públicas. Desta forma se intensificam os estudos e construção de metodologias para melhor compreensão das interações destes indicadores e seus desdobramentos. Estes indicadores são muitas vezes medidas indiretas, pois fenômenos como a inovação por exemplo, é intangível ou não diretamente observável. Enquanto alguns indicadores são as estatísticas geradas especificamente com finalidade de medir um aspecto da inovação - como estatísticas nacionais sobre financiamento e pessoal de pesquisa e desenvolvimento - outros indicadores utilizados são baseados em estatísticas existentes, que são geradas para outros fins que não a inovação. Tais como estatísticas de patentes que são gerados como parte do processo de pedido de patente para obter a proteção da propriedade intelectual. No Brasil, a relevância conferida à Ciência, Tecnologia e Inovação pelos formuladores de políticas públicas pode ser percebida ao se examinar documentos como o Livro Verde1, que aponta a Ciência, Tecnologia e Inovação (C, T&I) como condição necessária ao 1. Documento do MCT que trata das Diretrizes Estratégicas para Ciência, Tecnologia e Inovação, com um horizonte temporal até 2010, que apresenta a inovação tecnológica a produção de conhecimento no centro da política para o desenvolvimento. Disponível em http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/18970.html.

(15) 15. desenvolvimento, bem estar, justiça social e de exercício da soberania, e o Livro Branco2, que aponta caminhos para que Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) possam contribuir para a construção de um País mais dinâmico, competitivo e socialmente mais justo. Além dessa tendência observada no governo federal, tem-se observado no país, sobretudo depois da lei de inovação de 2005, o interesse dos governos estaduais em apoiar as ações de C,T&I, reconhecendo o seu papel como elemento relevante para o processo de crescimento econômico regional e local.Em 2005 havia apenas a lei estadual de inovação do Amazonas. Atualmente há 16 leis estaduais e os demais estados estão discutindo minutas. A publicação, em âmbito estadual, de documentos que formalizam as estratégias para investimentos em C, T&I também apontam nesse sentido. No entanto, ainda são grandes os desafios neste campo, análises empíricas que contribui para o entendimento do comportamento de indicadores de desenvolvimento tecnológico e científico bem como sua relação causa /efeito são limitadas. A definição de indicadores de C,T&I ainda encontra obstáculos, principalmente no que diz respeito a capturar seus efeitos. Nesse sentido o objetivo deste trabalho é realizar uma análise empírica de indicadores de desenvolvimento tecnológico e científico no Brasil, a fim de verificar se os investimentos em C&T e números de docentes de fato influenciam no número de publicações internacionais e se os investimentos em P&D influenciam no número de depósito de patentes. O texto está organizado em 4 capítulos incluídos esta introdução. No capítulo 2 analisam-se aspectos teóricos e conceituais associados ao papel do progresso técnico sobre o crescimento econômico, sobre a utilização de indicadores de C,T&I e sistemas de inovação. O capítulo 3 aborda aspectos metodológicos para realização do trabalho. No capítulo 4 são apresentados os resultados. A última seção apresenta as conclusões do trabalho.. 2. IMPORTÂNCIA DO PROGRESSO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO E OS INDICADORES DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA. A pesquisa bibliográfica é necessária para construção de qualquer pesquisa científica e visa a explicar e discutir determinado tema, problema ou assunto, com base em referências 2. Documento do MCT que apresenta os resultados da Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada em 2002 como horizonte temporal até 2012, apresentando o desafio de elevar, no prazo de 10 anos, dos investimentos brasileiros em pesquisa e desenvolvimento (P&D) ao patamar de 2% do Produto Interno Bruto. Disponível em http://www.cgee.org.br/arquivos/livro_branco_cti.pdf.

(16) 16. publicadas em livros, periódicos, revistas enciclopédias, dicionários, CDs, anais de congressos etc. Assim, a pesquisa bibliográfica é um excelente meio de formação científica para construção da plataforma teórica do estudo. (MARTHINS e THEÓFHILO, 2009). No intuito de promover o entendimento das questões a respeito dos indicadores de ciência, tecnologia e inovação e sua relação com crescimento econômico faz-se necessária identificar duas abordagens distintas da teoria do crescimento econômico: neoclássica exógena e a nova teoria do crescimento (endógena) bem como os conceitos de Sistemas Nacionais de Inovação e a utilização de Indicadores de C, T&I e sua consolidação ao longo do tempo. As subsecções seguintes tem o objetivo situar o trabalho dentro destas abordagens. Inicialmente, será abordada a importância do progresso técnico para o crescimento econômico. Em seguida, são apresentadas as políticas públicas de estímulo à C,T&I, com foco no Brasil. 2.1. PROGRESSO TÉCNICO E CRESCIMENTO ECONÔMICO No intuito de promover o entendimento das questões a respeito dos indicadores de ciência, tecnologia e inovação e sua relação com crescimento econômico faz-se necessária identificar duas abordagens distintas da teoria do crescimento econômico: neoclássica exógena e a nova teoria do crescimento (endógena) bem como o conceito de indicadores e sua consolidação ao longo do tempo. As subsecções seguintes tem o objetivo situar o trabalho dentro destas abordagens. No mundo da microeletrônica e da engenharia mecânica não se faz necessário destacar a importância da ciência e da tecnologia para a economia. Quer encaremos a tecnologia primordialmente como um meio de escravidão humana e de destruição como acreditam Marcuse e Simone de Beauvoir, ou quer como Adam Smith e Marx, como força libertadora (FREEMAN, SOETE, 2008, p 18). A história econômica está marcada por esforços teóricos para responder questões como: Por que algumas nações crescem e outras não? Por que algumas são pobres? Quais fatores contribuem para isto? O progresso técnico, apesar de aparecer com grande destaque nos últimos anos, está presente nos primeiros esforços teóricos. Adam Smith em A Riqueza das nações,1979 de imediato se aprofunda na discussão das “melhorias no maquinário” e na forma como a divisão do trabalho promove inventos especializados. O modelo de economia capitalista de Marx atribui um papel central à inovação tecnológica nos bens de capital considerando que a “burguesia não pode existir sem.

(17) 17. uma constante revolução nos meios de produção”, Marshal não hesitou em ver nos “conhecimentos” o principal motor de progresso econômico (FREEMAN e SOETE, 2008, p 20). Até mesmo no século XVIII, já se podia encontrar abordagens que compreendem a importância das inovações para o desenvolvimento de países e apontam para a necessidade de Sistemas Nacionais de Inovação3. Apesar desta convergência para investigações com relação ao progresso técnico considerado como principal fator para expansão econômica no pós guerra, poucos trabalhos se dedicaram a investigar este fator de perto, preocupações com o ciclos de conjuntura e os problemas de emprego ganharam maior atenção. (FREEMAN e SOETE, 2008, p 20). Somente nas décadas de 80 e 90 o debate da relação entre crescimento econômico e inovações e progresso técnico ganham força. Os trabalhos de Romer, de 1987 e 1990, os de Aghion e Howitt, em 1992, e os de Grossman e Helpman, em 1994 inauguram o que se convencionou chamar modelos de crescimento endógeno. Admitindo que as melhorias tecnológicas e o crescimento econômico são resultados endógenos e não exógenos da economia, estes modelos buscam compreender as forças econômicas que estão por trás destes processos. De modo geral pode-se dizer que estas novas análises inauguram a chamada nova teoria do crescimento econômico. Segundo FREEMAN e SOETE, 2008, ela só é de fato nova com relação ao tardio reconhecimento pelos construtores de modelos de ideais defendidas anteriormente por historiadores econômicos e alguns economistas como Schumpeter4, que sempre atribuíram um papel central a mudança técnica e institucional. Pode-se dizer que, o que, distingue a esta “nova” teoria do crescimento econômico é a ênfase no crescimento econômico, como resultado endógeno do sistema econômico, tendo como fator fundamental a mudança técnica endógena. Nos modelos de progresso técnico e crescimento econômico anteriores as invenções, inovações e novos conhecimentos eram considerados fatores externos ao arcabouço dos modelos ou seja, variáveis exógenas. Estas novas abordagens passam a considerar o progresso 3 Ver estudos de Friedrich List que em seu livro The National System of Political Economy (1841) que já apresenta preocupação não só com a proteção a indústrias nascentes, mas apresentava uma ampla variedade de políticas destinadas a acelerar ou tornar possível a industrialização e o crescimento econômico. A maioria destas políticas voltadas para o aprendizado de novas tecnologias e como aplicá-las; ele claramente antecipou muitas das atuais teorias sobre “Sistemas Nacionais de Inovação.in:FREEMAN.Chris.SOETE.Luc(A Economia da Inovação Industrial. Campinas.Ed da UNICAMP, 2008.São Paulo.. 4. Em seu livro The theory of economic development, publicado em 1934 os seguintes pontos estudados apresentaram avanços: a questão da inclusão da inovação, de novos produtos, do método de produção e, posteriormente, a análise de que a inovação não acontece repentinamente, mas através de ações requeridas pelas empresas..

(18) 18. tecnológico como força interna ao sistema econômico, assumindo que a tecnologia e o capital humano, consoante os autores, são fatores determinados endogenamente no modelo. Compreende-se então que a intensidade e o incremento destes fatores depende dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento - P&D, incentivos à formação de pessoas, entre outros investimentos. Por isto também esta abordagem ficou conhecida como teorias do crescimento endógeno (CÂNDIDO, 2008). 2.1.1 Síntese da Evolução da teoria do Crescimento Econômico A problemática do crescimento econômico tem permeado toda a ciência econômica. Ao longo dos anos com a dinâmica do sistema capitalista, a análise incorporou novas variáveis, no entanto, o fator tecnológico é considerado relevante nas análises de autores mais clássicos, tais como Adam Smith, David Ricardo e Malthus. O cenário econômico atual, marcado por constantes mudanças tem instigado este debate e análises mais robustas, no que diz respeito á relação entre o crescimento econômico e o progresso técnico. Ao analisar a evolução da teoria do crescimento econômico, percebe-se uma preocupação constante com a variável tecnologia na função de produção e sua inserção nos efeitos sobre o crescimento econômico. Neste contexto pode-se fazer um quadro evolutivo das principais abordagens com relação ao crescimento econômico e tecnologia. Quadro 01.

(19) 19. Quadro 01 – Teorias do crescimento econômico Principais autores 1º Bloco. 2º Bloco. 3º Bloco. Smith, Ricardo, Malthus. Joseph Schumpeter. Keynes, Roy Harrod, Evsey Domar, Kaldor, Pasinetti. 4º Bloco. Swan. Solow. 5º Bloco. Romer, Aghion, Howitt, Grossman e Helpman. Baseado em PEREIRA, 2003. Período. Resumo. 1776, 1817 e 1798. Versavam sobre tamanho de mercado, acumulação de capital físico e divisão do trabalho; rendimentos decrescentes e estado estacionário - papel da tecnologia e do salário de subsistência regulado pelo mecanismo malthusiano.. 1928,1944, 1934. Para o economista austríaco Joseph A. Schumpeter, em seu livro The theory of economic development, publicado em 1934 os seguintes pontos estudados apresentaram avanços: a questão da inclusão da inovação, de novos produtos, do método de produção e, posteriormente, a análise de que a inovação não acontece repentinamente, mas através de ações requeridas pelas empresas.. 1939,1946, 1955,1962. 1956. 1987,1990, 1992. As contribuições do terceiro bloco surgiram via derivações de Keynes, dos trabalhos de Roy Harrod, em 1939, de Evsey Domar, em 1946, de Kaldor, em 1955 e Pasinetti, em 1962. Dos dois primeiros autores, surgiu o famoso Modelo de Harrod/Domar (a taxa de crescimento da renda e dos investimentos depende diretamente da propensão a poupar e inversamente da relação capital/produto) e dos dois seguintes, a análise da taxa de poupança e da distribuição funcional da renda como mecanismo de ajuste ao longo do ciclo (modelo desenhado sob o formato matemático).. No quarto bloco se insere “a grande parábola neoclássica” analisada por Solow e Swan em 1956, isto é, o ajustamento automático ao crescimento equilibrado via tecnológica, a convergência de níveis de riqueza para dado padrão tecnológico, flexibilidade á necessidade do inexplicado e exógeno progresso técnico para explicar a contínua acumulação de riquezas. Como último grande bloco, podem-se citar as contribuições de Romer, de 1987 e 1990, as de Aghion e Howitt, em 1992, e as de Grossman e Helpman em 1991. Eles inseriram, dentre outras coisas, a incorporação da pesquisa e do desenvolvimento a concorrência imperfeita nos modelos, o governo e o progresso técnico..

(20) 20. Percebe-se que apesar da constante presença do fator tecnológico como relevante no processo de crescimento econômico, só na década de 50, o modelo de Solow5 incorpora o progresso técnico e o conhecimento se destacando por aprofundar em sua análise a variável tecnológica. No entanto a tecnologia ainda era considerada variável exógena ao processo econômico. Só na década de 80 surgiram novas concepções que viriam a contribuir de forma mais significativa quanto á relação da tecnologia e o crescimento econômico. Neste aspecto, temse como referência as contribuições de Romer (1986), que enfatizam a questão do progresso técnico como variável endógena e a incorporação do capital humano e de externalidades. Merecem grande destaque ainda as contribuições de Romer, de 1987 e 1990, as de Aghion e Howitt, em 1992, e as de Grossman e Helpman em 1991. Eles inseriram, dentre outras coisas, a incorporação da pesquisa e do desenvolvimento, a concorrência imperfeita nos modelos, o governo e o progresso técnico como variáveis fundamentais. É neste contexto que põem –se em pauta a questão das inovações tecnológicas e da apropriação do conhecimento como fator fundamental na competitividade dos países ou região (PEREIRA, 2003, p.136). Ao tornar endógenas as ideias no modelo de crescimento econômico, Romer demonstra que o progresso tecnológico passa a ser o motor do crescimento. O progresso é decorrente da busca intensiva por novas ideias, tendo como pano de fundo o esforço de captar, sob a forma de lucros, os ganhos produzidos pela geração e obtenção das novas ideias. Todavia, a eficiência do capital humano ao longo desse processo aumenta a sua eficiência alocativa (PEREIRA, 2003, p. 137). Estes autores inauguram o que se convencionou chamar modelos de crescimento endógeno. Admitindo que as melhorias tecnológicas e o crescimento econômico são resultados endógenos, e não exógenos, da economia, estes modelos buscam compreender as forças econômicas que estão por trás destes processos.. 5. A introdução do progresso tecnológico no modelo de Solow (∆T/T > 0), deslocando a função de produção per capita y para cima, implica que o mesmo número de trabalhadores e idêntico estoque de capital exercem um impacto maior sobre o nível de produção, do que na situação anterior. Em outras palavras, na prática, para uma dada taxa de crescimento demográfico, n, precisa-se acrescentar a taxa do progresso técnico ∆T/T = t, para se obter a taxa efetiva de crescimento do produto real. O modelo de Solow mostra a dinâmica de longo prazo de uma economia capitalista desenvolvida, que se dirige a um estado de equilíbrio estável. Nesse ponto, o crescimento demográfico e a tecnologia determinam o ritmo de crescimento equilibrado. (Souza 2005, p.36).

(21) 21. Assim, podem-se distinguir na literatura econômica duas vias de explicação do crescimento econômico: a primeira, historicamente, é exógena, estudada pelos economistas neoclássicos, a outra, mais recente, é endógena, também conhecida como a nova teoria do crescimento. A Grosso modo, pode–se dizer que o modelo de crescimento exógeno estudado pelos neoclássicos predominou durante muitos anos como a principal corrente da teoria do crescimento. Neste, a tecnologia não é considerada um fator explicativo interno ao modelo. Para os neoclássicos, o trabalho e o capital eram os fatores de maior influência ao crescimento econômico dos países. Segundo esta teoria, o crescimento de longo prazo só pode ser atingido através do progresso tecnológico, o qual é considerado como exógeno, focando-se o modelo na acumulação de capital. Por outras palavras, os fatores tecnologia e capital humano são tidos como exógenos (pré-determinados fora do modelo de crescimento econômico). O modelo de crescimento endógeno (nova teoria do crescimento), por sua vez, passa a considerar o progresso tecnológico como força interna ao sistema econômico. Destaque para os trabalhos pioneiros de Paul Romer (1986) e Robert Lucas (1988) bem como aos mais recentes Krugman (1991) Romer (1990) Aghion e Howitt, (1992) Barro e Sala-i-Martin (1992 e 1995). Esta nova abordagem propõe uma alternativa ao modelo neoclássico de crescimento, assumindo que a tecnologia e o capital humano, consoante os autores, são fatores determinados endogenamente no modelo. Compreende-se então que a intensidade destes fatores depende das despesas em P&D, incentivos à formação de pessoas, entre outros investimentos. Originalmente, o crescimento endógeno faz referência aos modelos em que as mudanças de política adotadas pelos países influenciam a taxa de crescimento permanentemente. Nos modelos de crescimento endógeno, o conhecimento é tido como o principal motor do crescimento econômico e todos os modelos supõem que a P&D é essencial para o desenvolvimento das atividades de inovação (CÂNDIDO, 2012) Portanto predomina a concepção de que existe uma forte correlação entre o grau de desenvolvimento de um país e seu esforço em ciência, tecnologia e inovação – C,T&I (AVELLAR e OLIVEIRA, 2008). Neste sentido, algumas análises empíricas têm corroborado. Segundo Mortatti (2011), vários modelos empíricos de crescimento endógeno, como o de Lichtenberg (1993), Ulku (2004) e mais recentemente nas evidências empíricas de Cândido (2010) baseando-se nos modelos de Fagerberg (1987) e Fagerberg e Verspagen (2002), dos teóricos do hiato tecnológico, tem verificado a existência de uma relação positiva.

(22) 22. entre o nível de desenvolvimento tecnológico e o crescimento econômico, em termos do nível de renda por trabalhador dos países analisados (MORTATTI, 2011, p 23). Entretanto, no Brasil ainda são limitadas as análises empíricas que colaboram para o entendimento do comportamento de indicadores de desenvolvimento tecnológico e científico bem como sua relação causa /efeito. A definição de indicadores de C,T&I ainda encontra limitações, sobretudo no que se refere a obter seus resultados. Considerando a relevância das contribuições teóricas, todavia não é objetivo aqui exaurir análises destas teorias. O propósito aqui é situar o leitor sobre qual abordagem o presente trabalho pretende seguir. Neste sentido, enquadra-se o trabalho na abordagem dos teóricos da nova teoria do crescimento econômico ou o modelo de crescimento endógeno. Ao utilizar variáveis como conhecimento, inovação e sua difusão, esta abordagem retoma elementos - como sistemas nacionais de inovação, indicadores de Ciência, Tecnologia e inovação - fundamentais para o objetivo deste trabalho. 2.1.2 Sistemas Nacionais de Inovação – SNI: o caso do Brasil No novo paradigma técnico econômico baseado no conhecimento, as inovações tecnológicas tornaram-se fundamentais não só para países como também para as empresas. A forma como estas ocorrem, como são difundidas e como contribuem para o crescimento econômico tem se tornado assunto fundamental na definição de políticas de desenvolvimento de países e regiões. Neste contexto, é importante destacar que a inovação não deve ser encarada como um processo linear. Os processos de geração de conhecimento e de inovação são interativos e localizados (LASTRES et al, 1998 ). A capacidade inovativa de um país ou região é vista como resultado das relações entre os atores econômicos, políticos e sociais, e reflete condições culturais e institucionais próprias (CASSIOLATO E LASTRES, 2005). Deste modo, a articulação de Sistemas de Inovação torna-se papel fundamental do Estado na promoção de desenvolvimento econômico e social. Compreende-se aqui Sistema de Inovação como um sistema constituído por elementos e relações que determinam em grande medida a capacidade de aprendizado de um país e, portanto, aquela de inovar e de se adaptar às mudanças do ambiente. (FREEMAN E LUNDVALL, apud LASTRES,2005). Segundo Sendin & Appoloni, (2006) O Sistema Local de Inovação pressupõe a existência de entidades de pesquisa científica e/ou tecnológica, como Universidades ou Institutos, geradoras de.

(23) 23. conhecimento, empresas inovadoras que se utilizam desses conhecimentos para a produção de inovações e agentes ou estruturas atuando na transferência ou difusão do conhecimento, que podem estar situados dentro das próprias Universidades ou Institutos, ou se vincular ao chamado “setor produtivo”, nas empresas ou suas associações. Podem esses agentes estar vinculados ao Estado, como um serviço público, ou esse papel pode ainda ser desempenhado por entidades do Terceiro Setor. O que se espera, portanto, de um sistema de inovação, quer ele seja local, regional ou nacional, é que nele estejam presentes Empresa, Academia e Governo. Mas, para que esse conjunto realmente funcione como “sistema”, é necessário que um mínimo de coordenação seja exercido, de forma a que a interação entre os agentes ocorra sinergicamente.. Desta forma, cabe ao Estado não só disponibilizar recursos financeiros para incentivos à C,T&I, mas articular políticas que promovam um Sistema de Inovação e principalmente a interação entre os diversos atores que compõem estes Sistema. Dessa forma, as políticas de C,T&I podem ser consideradas como instrumentos para as estratégias de desenvolvimento econômico de um país ou região. As Diretrizes de Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (2003) e a lei de Inovação (2005) constituem-se como um importante passo para estruturar o Sistema Nacional de Inovação Brasileiro, na medida em que buscam promover a articulação entre empresas, ICTs, instituições de fomento e financiamento ao desenvolvimento tecnológico, instituições de apoio à metrologia, propriedade intelectual, gestão tecnológica e gestão do conhecimento, instituições de apoio à difusão tecnológica – caracterizadas como agentes voltados ao processo de inovação do setor produtivo. A institucionalização da política científica no Brasil data do início nos anos cinquenta, com a criação em 1951 do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq)6, com o objetivo de financiar a pesquisa científica e tecnológica no país7. No mesmo ano, o Ministério da 6. Em 1916 surge a Academia Brasileira de Ciência - ABC, inicialmente chamada de Sociedade de Ciência Brasileira. A Sociedade, que nasceu a partir de reuniões informais de professores da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, tinha como objetivos: “estimular a continuidade do trabalho científico de seus membros, o desenvolvimento da pesquisa brasileira e a difusão do conceito de ciência como fator fundamental do desenvolvimento tecnológico do país.” Logo após a guerra, foi criada a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, que teve suas atividades iniciadas em 08 de julho de 1948. Formada por um grupo de cientistas e amigos da ciência, contou com a participação de 256 sócios em sua ata de Fundação. Por meio de uma solicitação formal advinda da ABC, fortalecida pelos ideais da SBPC, requereu-se formalmente ao governo a criação de uma instituição no país que possibilitasse fomentar e orientar o desenvolvimento da ciência. Desde então, o Brasil, por meio do então Presidente da República, Eurico Gaspar Dutra, decidiu criar uma comissão que iria elaborar e apresentar a Lei de Criação do Conselho de Pesquisa. Foi então, que em 15 de janeiro de 1951, por meio da Lei 1.310, foi criado o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.. 7. A atuação do CNPq em sua primeira década foi basicamente a concessão de bolsas para formação de recursos humanos. Em 1964, seu estatuto foi alterado e o Conselho passou a realizar as seguintes atividades: “1) fomento, envolvendo bolsas de estudos no país e no exterior e auxílio à pesquisa; 2) execução direta de pesquisa e atividades afins em suas próprias unidades e; 3) prestação de diversos serviços à comunidade, tais como, documentação e informação científica e tecnológica” (BARBIERE, 1993)..

(24) 24. Educação – MEC criou a CAPES, inicialmente denominada “Campanha Nacional de Aperfeiçoamento do Pessoal de Ensino Superior”, com o objetivo de estimular a qualificação do corpo docente das Universidades Públicas do país. Neste momento, os propósitos destas instituições estavam vinculados à política nacionalista do período que, no contexto de Guerra -fria pretendia dotar o país de uma capacitação mínima que permitisse o acesso à tecnologia nuclear. Um segundo momento de articulação da política científica no Brasil aconteceu nos primeiros anos da década de sessenta, com a criação Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – a FAPESP. Desde sua criação, a FAPESP teve um papel expressivo no fomento á pesquisa naquele Estado. Com uma dotação de recursos que correspondiam a 0,5% de toda a arrecadação ordinária do Estado, e operando em linhas similares às do CNPq, essa Fundação representou uma base de apoio importante para sustentar o desenvolvimento diferenciado do sistema de pesquisa no âmbito do Estado de São Paulo (BALBACHEVSKY, 2010). Na década de 60, com a implantação do governo militar introduziu uma nova dinâmica nessas políticas. Num primeiro momento, com o objetivo deliberado de despolitizar a sociedade, o governo executou uma série de intervenções, tanto nos órgãos de fomento à pesquisa como em universidades e centros de pesquisa, afastando lideranças que não pareciam confiáveis. Essas intervenções produziram importantes descontinuidades na atividade científica praticada no Brasil. Num segundo momento, no bojo das políticas desenvolvimentistas adotadas no final dos anos sessenta, o governo passou a sustentar a articulação de uma política de suporte à expansão acelerada do parque científico e tecnológico do país; centrada na formação de recursos humanos e no apoio a grandes projetos de desenvolvimento tecnológico, a partir dos quais, se supunha que o impulso inovador aos poucos. se. irradiaria. por. toda. a. sociedade. (SCHWARTZMAN,. apud. BALBACHEVSKY,2010). Deste modo, nos primeiros anos do período pós-64 ocorreram significativas medidas no âmbito das políticas regulatórias no setor de C&T, especialmente no que se refere à formação de recursos humanos. Merecem destaque a publicação em 1965 do parecer nº 977 do Conselho Nacional de Educação – Parecer Sucupira – que reconhecia e regulamentava os programas de pós-graduação nas universidades brasileiras e em 1968 a reforma de todo o ensino superior, que implicou a implantação de uma política de contratação de professores em regime de dedicação integral nas universidades públicas; a substituição do antigo sistema de.

(25) 25. cátedras pela organização departamental; a criação de institutos especializados nas áreas básicas e incentivos para a implantação de programas de mestrado e doutorado8. A década de 70 é marcada por uma série ações que intensificam o processo de construção institucional de políticas de C&T. Destaca-se o envolvimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES)9 e do Ministério do Planejamento nas operações de financiamento das atividades de C&T. A criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT)10, em 1969 e da Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP (1967), empresa estatal criada para a gestão do novo fundo possibilitou o envolvimento destes autores, disponibilizando. recursos financeiros em volumes antes. desconhecidos que alavancou a implementação do parque de pesquisas científicas no país em escala até então impensável. Vale destacar que foi em 1968 que se promulgou o Plano Estratégico de Desenvolvimento, que, pela primeira vez, explicitava a questão científica e tecnológica como objeto de política governamental. O FNDCT surgiu no contexto do aludido plano (ALVES, 2013). A operacionalização do FNDCT possibilitou o acesso a instrumentos altamente flexíveis de apoio institucional. A novidade na concessão destes recursos era a flexibilidade para sua utilização. Os recursos contratados podiam ser empregados no pagamento de obras, aquisição de equipamentos, pagamento e/ou suplementação de salários de pesquisadores e técnicos, bolsas de estudo e tudo o mais que fosse necessário para consolidar um laboratório, centro de pesquisa ou programa de pós-graduação. Além disso, esses programas poderiam ser contratados diretamente junto à direção do grupo de pesquisa, passando por cima das instâncias decisórias formais das universidades. Na época, esse desenho impediu que esses recursos se diluíssem no custeio geral das universidades, viabilizando a consolidação de um parque de pesquisa e a concentração da pós-graduação, em especial dos programas de doutorado, no interior das universidades públicas (e algumas Universidades Católicas) com maior tradição de pesquisa. (BALBACHEVSKY, 2010). 8. Sobre está reforma ver Martins, Carlos Benedito. A Reforma universitária de 1968 e a abertura para o ensino superior privado no Brasil. Educ. Soc., Campinas, vol. 30, n. 106, p. 15-35, jan./abr. 2009.Disponível http://www.cedes.unicamp.br 9. Em 1964, por força das exigências de investimentos em áreas tecnológicas no país, foi criado pelo BNDE o Fundo de Desenvolvimento Técnico-Científico – FUNTEC, com o objetivo de apoiar cursos de pós-graduação nas áreas de engenharia e pesquisas aplicadas de interesse da indústria de base (Resolução BNDE 146/64). O FUNTEC teve sua extinção em 1975. 10. O Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT, em 31 de julho de 1969, pelo Decreto-Lei nº 719. O Fundo tinha por finalidade dar apoio financeiro aos programas e projetos prioritários de desenvolvimento científico e tecnológico, notadamente para a implantação do Plano Básico de Desenvolvimento Científico Tecnológico – PBDCT, que, por sua vez, deveria detalhar o Plano Nacional de Desenvolvimento – PND na área da ciência e da tecnologia..

(26) 26. Em 1974, foi criada a Secretaria de Planejamento da Presidência da República por meio da Lei 6.036/74. A Secretaria tinha status de Ministério e sua Lei de criação deliberou que o CNPq, o BNDES e a FINEP, juntamente com o IBGE e o IPEA, seriam órgãos vinculados a esta Secretaria. Neste momento, todos os órgãos que executavam ações voltadas para os assuntos de Ciência e Tecnologia, estavam vinculados á SEPLAN (ALVES, 2013). A década de 80, marcada por crises econômica e fiscal, não trouxe grandes alterações no sistema de apoio á ciência e tecnologia. Entretanto, o longo período de crise que se abateu sobre o país terminou por afrouxar a forte conexão entre as políticas de financiamento de C&T e o projeto macroeconômico de desenvolvimento do país. Em 1983, a criação do Programa de Apoio ao Desenvolvimento à Ciência e Tecnologia – PADCT permitiu a manutenção de grupos de pesquisa consolidados em áreas consideradas estratégicas para o país, tais como química, biotecnologia, novos materiais, etc. Vale destacar que neste período o país passava por um processo de redemocratização conforme assinala Balbachevsky (2010). No bojo do processo constitucional que marcou os últimos anos da década de oitenta, as áreas ligadas á ciência e tecnologia foram bem sucedidas em ativar suas conexões com as lideranças da oposição democrática que então subiam ao poder. Como resultado desse processo, a área ascendeu ao status ministerial, com a criação do Ministério de Ciência, Tecnologia (MCT)11, tendo à frente o ex-deputado Renato Archer, um político conhecido e com raízes antigas na comunidade de C&T. Apesar da criação do MCT, foi necessária uma estruturação do setor de C&T, a definição de papéis levou á modificação do setor de C&T várias vezes, o que ocasionou uma instabilidade institucional; esta resultou muitas vezes em sobreposição de funções e autoridade entre o próprio Ministério e suas principais agências, a FINEP e o CNPq. Além disso, no âmbito macroeconômico, uma conjuntura de crise e de alta inflação favoreceu a adoção de estratégias defensivas por parte das diferentes agências, criando um cenário de indefinição de papéis, objetivos e funções no setor de C&T. Em resumo, pode-se dizer que a crise econômica e fiscal, que se arrastou por quase toda a década de oitenta e o início da década de noventa, deu origem a um estancamento dos investimentos públicos e um retrocesso em muitas das conquistas da década anterior. O 11. Cabe ressaltar que no governo de Fernando Collor de Mello, o MCT foi extinto e recriado como Secretaria de Ciência e Tecnologia. A CAPES também foi extinta pela Medida Provisória nº 150, de março de 1990, mas restabelecida por pressão da comunidade científica no mesmo ano pela Lei nº 8.028. A pasta do MCT só foi recriada no governo do Presidente Itamar Franco por meio de medida provisória. O CNPq, neste período, teve sua organização reestruturada e uma redução significativa nos recursos direcionados para pesquisa. Somente com o impeachment do presidente Collor sua normalidade foi restabelecida (RÖDER, 2011)..

(27) 27. resultado final desses processos foi o sucateamento da infraestrutura de pesquisa do país (GUIMARÃES, 1996). A década de 90 traz mudanças mais significativas. Com a abertura da economia nacional, os debates acerca da indústria nacional mudaram de direção. Nos anos setenta, o debate em torno da estrutura de nossa indústria tinha por referência duas questões: a autonomia nacional em setores considerados estratégicos, a preocupação com a diversificação de nosso parque industrial e com a sua capacidade de prover o mercado interno (BALBACHEVSKY, 2010). Nos anos noventa, o debate se direcionou para a capacidade da indústria nacional de incorporar novas tecnologias, as fragilidades de alguns setores de alta tecnologia e a composição da pauta de exportações do país. Essas novas preocupações suscitaram também maior atenção ao volume de investimentos em C&T em relação ao PIB e, principalmente, à composição destes investimentos, evidenciando a baixa participação dos recursos oriundos do setor empresarial e, particularmente, das empresas privadas. Essa percepção era então relacionada à questão da capacidade inovativa do nosso setor industrial. Neste novo contexto encontram-se os elementos que direcionam as reformas do setor de C&T no interior do governo federal no final dos anos noventa. Estas reformas ocorreram nas estruturas e atuação de suas agencias: CNPq12, FINEP13 A década de 90 iniciou-se com um conjunto de medidas pelo MCTI que visavam estimular os investimentos em P&D, aproximando ciência e indústria. Vários programas surgiram, destacando-se o Programa de Capacitação Tecnológica Industrial (PACTI), sob o qual distintos instrumentos de incentivos foram implementados: Programa Nacional de Apoio a Incubadoras de Empresas (PNI), Programa de Gerenciamento e Competitividade Tecnológica (PGTEC), Apoio à inovação tecnológica nas pequenas e médias empresas (projeto Alfa), incentivo fiscal para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Indústria (PDTI) e o mesmo para a agricultura (PDTA), Apoio a Projetos Cooperativos entre universidades e indústrias (Projeto Omega) (DUDZIAK, 2011).. O final dos anos noventa também foi marcado pelo lançamento de dois novos instrumentos: o Pronex e os Fundos Setoriais. O Pronex, Programa de Apoio aos Núcleos de. 12. O processo de negociação das reformas no CNPq se estendeu de 1995 a 1996 (CNPq,1999). Os principais resultados se concentraram em torno da adoção de um modelo de fomento induzido a partir de chamadas que orientassem a atividade de pesquisa em torno de temas estratégicos; a priorização do apoio à redes de pesquisa como estratégia para o atendimento da demanda regional; e a valorização das atividades de acompanhamento e avaliação como atividades estratégicas da instituição. 13 O início dos anos 90 foi marcado por uma grave crise institucional, quando se considerou inclusive a possibilidade de extinção da agência. Mas a resposta a essa situação de colapso foi uma reforma extensiva da agência que terminou por reorientar o foco de sua ação para o universo das empresas, colocando como meta a promoção do investimento em tecnologia no âmbito empresarial (FINEP, 1999)..

(28) 28. Excelência14 pretendia criar instrumentos capazes de sustentar núcleos de excelência científica no país e os Fundos setoriais, criados em 1999 com a finalidade de fortalecer a pesquisa em setores tecnológicos estratégicos, tais como energia elétrica, siderurgia, aeronáutica e petróleo. Por fim, destaca-se também a instalação oficial do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), como órgão de assessoramento direto da Presidência da República para a formulação de políticas para a área (1996), colocando a Ciência e Tecnologia novamente na pauta de debates no âmbito federal do Estado. Do lado regulatório, um importante marco dos anos 2000 foi a Lei nº 10.973, denominada Lei de Inovação, sancionada, no dia 02 de dezembro de 2004, que teve como objetivo dispor sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo. A proposta dessa lei data do final dos anos noventa. Seu propósito original era o de criar mecanismos que facilitassem a circulação de pesquisadores entre as instituições de pesquisa e as empresas e a promoção da cooperação universidade empresa na área de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. O resultado buscado por essa lei, em sua proposta original, era, portanto, articular canais que permeabilizem os limites das instituições de pesquisa, aumentando a interação entre essas instituições e o mercado. Quando aprovada, em 2005, a lei propunha o apoio a alianças e projetos cooperativos; o compartilhamento de laboratórios entre o setor produtivo e as universidades e centros de pesquisa; a permissão para que universidades (públicas) participem, minoritariamente, do capital de empresas tecnológicas; o apoio a mecanismos de remuneração diferenciados a pesquisadores envolvidos em projetos de inovação e sua participação nos ganhos derivados da exploração de criação protegida por direitos de propriedade intelectual; e a possibilidade de que o pesquisador obtenha uma licença em sua instituição de pesquisa para formar empresa que explore inovações tecnológicas desenvolvidas a partir de suas pesquisas. (BALBACHEVSKY, 2010). Segundo Dudziak (2007): A Lei busca promover a autonomia tecnológica e o desenvolvimento industrial do país por meio de um cenário favorável ao desenvolvimento científico e tecnológico e incentivo à inovação, considerando as instituições públicas, as empresas e os inventores/pesquisadores. Objetiva também criar um ambiente propício às parcerias estratégicas, entre as universidades, institutos tecnológicos e as empresas, colocando o conhecimento como elemento central (DUDZIAK, 2007). Na primeira década do século XXI, a política de C&T foi marcada pela questão da inovação. O termo Inovação foi incluído na rubrica C&T que passou a ser C,T&I. Como parte 14 Em seu lançamento, em 1995, o Pronex assumiu a forma de um programa multi-anual de apoio institucional a grupos de excelência de todas as áreas do conhecimento. O formato das primeiras chamadas, entretanto, oscilou entre a preferência por um apoio temático - a grupos capazes de articular conjuntos de projetos dentro de uma mesma área – e a sustentação de projetos unitários, mas de maior envergadura. Essa indefinição, somada aos efeitos das sucessivas crises econômicas internacionais que se abateram sobre o país no final dos anos noventa, limitaram severamente os efeitos do programa. Esse programa é percussor de uma linha de programas – os Institutos do Milênio e, mais recentemente, os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia..

(29) 29. de reorientação do Sistema Nacional de Ciência Tecnologia e inovação - SNCTI, em 03 de Agosto de 2011, o então Ministro Aloísio Mercadante, por sugestão da Presidenta da República, Dilma Rousseff, alterou por meio da medida Provisória 541, o nome do MCT para Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI. O MCTI, como órgão da administração direta, tem como competências os seguintes assuntos: política nacional de pesquisa científica, tecnológica e inovação; planejamento, coordenação, supervisão e controle das atividades da ciência e tecnologia; política de desenvolvimento de informática e automação; política nacional de biossegurança; política espacial; política nuclear e controle da exportação de bens e serviços sensíveis (ALVES, 2013). Apesar da expectativa criada pela aprovação desta lei, os resultados ainda são desapontadores. A lei não resolveu o descompasso entre produção cientifica e tecnológica e não resolveu os nós jurídicos das parcerias público-privadas, que são essenciais para interação entre as instituições públicas de pesquisa e o setor privado e assim articular C,T&I. e. desenvolvimento econômico.. 2.2. INDICADORES DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA COMO INSTRUMENTOS DE POLÍTICAS A avaliação das políticas de C,T&I executadas pelos agentes que compõem o Sistema Nacional de Inovação requer o uso de indicadores. Indicadores de Ciência e tecnologia (C & T) são amplamente utilizados na elaboração de políticas públicas. Mas de onde vem a ideia de indicadores? Como tem evoluído ao longo do tempo? O que isso significa para os governos? O uso de indicadores de C,T&I tem se tornado essencial na investigação do funcionamento dos Sistemas de Inovação e sua relação com o sistema econômico. A alocação de recursos financeiros, seja do setor público, seja do privado, nos Sistemas de Inovação torna necessário a utilização de ferramentas estatísticas que controle e demonstrem a eficácia destes investimentos. Estas estatísticas permitem ainda a elaboração de comparações entre países, regiões, organizações (públicas e / ou privadas) quanto a eficiência de seus esforços. Neste sentido, o desenvolvimento de indicadores de C,T&I esteve sempre ligado ao objetivo de comparar o desempenho dos países em áreas como ciência, tecnologia e inovação e compreender seus impactos no sistema econômico como todo. Apesar de várias décadas de debate, a medição da ciência, tecnologia e inovação ainda é bastante instigante. Ainda que com muitos esforços na área, até o momento, não foi.

(30) 30. desenvolvida uma variável ideal para a ciência ou a inovação (PATEL E PAVITT, 1995). Em muitos casos, vários indicadores têm sido utilizados, porém o uso de vários indicadores não anula a utilização de outros métodos convencionais, como a função de produção de conhecimento (Griliches, 1995) e outros conceitos conhecidos de medição da eficiência (GODIN, 2002). Mesmo considerando avanços plausíveis na área, ainda são necessárias mais pesquisas sobre a validade de indicadores de C,T & I, sua relação com os conceitos políticos importantes, seu desempenho em diferentes domínios da ciência e da tecnologia, a sua sensibilidade à seleção, inclusão, e os métodos de cálculo alternativos. Outra área possivelmente frutífera para a investigação seria sobre como indicadores científicos e tecnológicos são utilizados no sistema de formulação de políticas nacionais. Se o principal uso de indicadores de C & T é tranquilizar o orgulho dos políticos e dos cidadãos de um país, então os custos de possíveis imprecisões ou outras deficiências são baixos. Se, no entanto, for constatada que existe uma ligação forte e direta entre esses indicadores e políticas públicas, as preocupações sobre os possíveis impactos negativos de suas deficiências tornamse muito maior(GODIN, 2002). 2.2.1 Breve histórico de Indicadores de C & T Os Estados Unidos foram um dos primeiros países a despertar para utilização de indicadores como importante ferramenta para tomada de decisão. Segundo Benoıt Godin, (2002) foi o governo, juntamente com os cientistas sociais que inventaram a noção de indicadores. Estes começaram a aparecer em economia na década de 30: o crescimento, a produtividade, o emprego e a inflação. Os primeiros indicadores sociais foram desenvolvidos durante o mesmo período, mas o próprio termo generalizou-se apenas na década de 60 ( BAUER, 1966 e SHELDON e MOORE, 1968 ). O "movimento" para os indicadores sociais influenciou consideravelmente o desenvolvimento de estatísticas semelhantes em ciência e tecnologia. Assim, as primeiras tentativas de definir indicadores estão relacionadas com aspectos de resultados sociais. Em 1969, o presidente americano L. Johnson pediu ao Departamento de Saúde, Educação e BemEstar para desenvolver as estatísticas e indicadores sociais necessários para traçar o progresso social. O relatório, publicado em 1970, definiu indicador como "uma estatística de interesse normativo direto que facilita julgamentos concisos, abrangentes e equilibrados sobre a condição dos principais aspectos de uma sociedade. Em todos os casos, uma medida direta do bem-estar está sujeita à interpretação de que, se ele muda na direção "certa", enquanto outras.

(31) 31. coisas permanecem iguais, as coisas ficaram melhores” ( Departamento de Saúde, Educação e Bem-Estar, 1970 , p. 97). Da mesma forma, Parke, então diretor do Centro de Coordenação de Pesquisa em Indicadores Sociais do Social Science Research Council - SSRC, definiu indicadores como "séries estatísticas no tempo que medem alterações nos aspectos significativos da sociedade" ( PARKE, 1976 , p. 48 apud GODIN, 2002). Para compreender o que as principais características da sociedade são, como eles se inter-relacionam, e como esses recursos e seus relacionamentos mudam, é a nosso ver, o principal objetivo do trabalho sobre os indicadores sociais. (SHELDON e PARKE, 1975 , p 696 apud GODIN, 2002). Um elemento importante dessas definições é a de alertar sobre as mudanças. Um indicador social mede dimensões de um fenômeno, a fim de acompanhar o estado da sociedade. Uma segunda característica dos indicadores é que são as estatísticas que devem ser recorrentes, caso contrário não iria cumprir o referido requisito de medição de mudança. Em terceiro lugar, os indicadores aparecem geralmente como uma coleção de estatísticas: a estatística solitária raramente pode ser um indicador confiável. A definição da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico OCDE de 1976 reúne todas estas características segundo a qual um indicador é "uma série de dados que mede e reflete a ciência e tecnologia esforço de um país, demonstra seus pontos fortes e fracos e segue o seu caráter mutante nomeadamente com o objetivo de proporcionar alerta de eventos e tendências que possam prejudicar a sua capacidade de atender às necessidades do país "(OECD, 1976b , p. 6 apud GODIN,2002). Da mesma forma, o National Science Foundation (NSF) sugeriu que: "Os indicadores são destinados a medir e refletir ciência, para demonstrar seus pontos fortes e fracos e acompanhar a sua personagem mudando. Indicadores como estes, atualizados regularmente, podem fornecer alertas antecipados de eventos e tendências que possam prejudicar a capacidade da ciência e sua tecnologia-relacionado para atender às necessidades das nações" ( Conselho Nacional de Ciência, 1975 , p. vii apud GODIN, 2002) Data de 1973 a publicação do primeiro relatório nacional de indicadores de ciência e tecnologia (C & T) Science Indicators (doravante SI), pelo Conselho Nacional de Ciência (NSB), o conselho de políticas da National Science Foundation (NSF), por solicitação do Congresso dos EUA. O relatório foi elaborado pela Unidade de Ciência e Engenharia de Indicadores (SIU) na Divisão de Recursos Ciência Estudos da NSF. O objetivo final deste relatório era oferecer um conjunto de índices que revelassem os pontos fortes e fracos de.

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