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PERCEPÇÃO DE SINTOMAS AUDITIVOS E NÃO-AUDITIVOS DOS MOTORISTAS DE ÔNIBUS DE TRANSPORTE

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Academic year: 2021

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PERCEPÇÃO DE SINTOMAS AUDITIVOS E NÃO-AUDITIVOS DOS MOTORISTAS DE ÔNIBUS DE TRANSPORTE

Alexandre Ramos – NOVAFAPI Rita de Cássia - Orientadora - NOVAFAPI

INTRODUÇÃO

A saúde do trabalhador constitui uma área da saúde pública que estuda as relações entre o trabalhador e a saúde, tendo como objetivo de ações preventivas de proteção à saúde, assistência, recuperação e reabilitação.

Muitos são os fatores que trazem prejuízos à saúde do trabalhador, como exemplo, os riscos físicos, químicos e ergonômicos sem controle, que geram diversas problemáticas, entre estes danos encontram-se as perdas auditivas ocupacionais. Este estudo teve como questão norteadora a seguinte: Qual a situação de saúde auditiva em motoristas de ônibus de transporte coletivos?

Neste contexto, a presente monografia visa desenvolver uma pesquisa sobre o risco físico, de modo específico o ruído, como um dos agentes mais nocivos à saúde dos trabalhadores, constituído a maior causa de perda auditiva ocupacionais.

Para o desenvolvimento deste estudo têm-se como proposta de obtenção de dados uma pesquisa de campo numa empresa de transporte coletivo urbano no município de Teresina – Pi, no ano de 2006, tendo como sujeitos da pesquisa os motoristas de ônibus. Os motoristas são trabalhadores que estão expostos a diversos fatores de riscos, que podem provocar a perda auditiva. Estes profissionais, geralmente de baixa escolaridade, possuem hábitos que agravam sua saúde auditiva, pois além do trânsito, do barulho do motor, estes ainda utilizam toca-fitas ou CD como mecanismo de distração quando estão trabalhando, o que amplia a possibilidade de perda auditiva.

A qualidade de vida é um fator primordial para administração moderna e se mostra diretamente proporcional à produtividade do trabalhador e à diminuição do absenteísmo. Gozar de boa saúde não implica necessariamente ter uma boa qualidade de vida, que segundo a Organização Mundial de Saúde, depende do bem estar físico, emocional, mental, e espiritual, estando diretamente relacionado ao estilo de vida e das condições de trabalho de cada individuo (LOPES FILHO, 2005).

A perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR) é uma alteração auditiva sensorioneural irreversível, geralmente bilateral simétrica inicial nas freqüências de 4 e /ou 6KHz, com melhora em 8KHz, provocada pela exposição a níveis de ruído muito intenso, e sua progressão varia de acordo com a susceptibilidade individual. A PAIR pode vir acompanhada de alguns sintomas como zumbidos bilateral, de pitch agudo (SELIGMAN, 1997).

Este estudo trata do campo da ação do fonoaudiólogo e busca mostrar a sua contribuição na promoção da saúde, centrado na educação em saúde, na prevenção por meio do diagnóstico precoce e na reabilitação da saúde auditiva. Preocupa-se, em especial, com a consolidação dos direitos de proteção e cuidados da saúde do trabalhador brasileiro, considerando a importância do processo de trabalho em equipes

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multiprofissionais atuando em programas de conservação auditiva nas empresas além de cuidar do gerenciamento audiométrico dos operários. Acredita-se que, contemplando a prevenção e a proteção da saúde, as empresas terão trabalhadores mais saudáveis e produtivos, assim como diminuirão as ações indenizatórias na justiça.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste trabalho foi realizada uma pesquisa de campo, caracterizada por um estudo descritivo com utilização de técnica padronizados de coletas de dados para descrever a situação da saúde auditiva dos motoristas de ônibus coletivo urbano do município de Teresina - Pi, elegendo variáveis que puderam subsidiar a construção de conhecimento sobre esse fenômeno: Estabeleceu-se uma relação entre as variáveis e conheceu-se a percepção destes trabalhadores em relação de sua própria saúde auditiva.

Foram pesquisados 32 motoristas de ônibus (sujeitos da pesquisa) de uma empresa de ônibus de transportes coletivos da cidade de Teresina-PI, onde foram realizadas entrevistas com questionários de múltipla escolha (em anexo) com objetivo de obtenção de dados em profundidade para objeto de estudo.

O procedimento de campo iniciou com a aplicação de questionário dirigido ao motorista da empresa individualmente. Este levantou dados sobre: Identificação; idade e sexo. Fatores predisponentes à perda auditiva; Tempo que exerce a função de motorista, quantas horas de trabalho por dia, se ouve música durante o trabalho. A percepção dos motoristas em relação aos ruídos; se percebe ruídos no interior do ônibus, além de com qual intensidade e se incomoda. Identificou sinais e sintomas da PAIR, como: Zumbido, chiado, dificuldade para dormir, falta de concentração, dificuldade em ouvir, dores de cabeças, vertigem, desequilíbrio, insônia, dificuldade de conversar em ambientes ruidosos, estresse. Pergunta ao motorista em sua opinião qual é o maior causador de ruídos; o próprio ônibus, os demais veículos que circulam ao redor, as pessoas no interior do ônibus e outros. As alterações de saúde que possam potencializar a PAIR; diabetes mellitus, problema de tireóide hipertensão arterial problema cardíaco, colesterol alto. Se o motorista tem dificuldade de compreender a fala das pessoas, se já fez algum exame da audição.

Os dados foram processados de forma estatística, utilizando planilha no programa Excel em microcomputador no sistema operacional Windows. Os resultados serão apresentados em gráficos, quadros e tabelas.

RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO

O objetivo desta seção é mostrar as principais causas das prováveis etiologias que ocasionam a perda auditiva de motoristas numa empresa de ônibus coletivo no município de Teresina – Piauí.

No que se refere a idade dos funcionários pesquisados os estratos encontrados foram os seguintes:

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Fonte: pesquisa de campo, 2006

A idade dos motoristas, na sua maioria, se encontra na faixa acima dos 40 anos, sendo que 27% (vinte e sete por cento) de 41 a 45, 19% (dezenove por cento) de 46 a 50 e 16% (dezesseis por cento) acima de cinqüenta, somando um total de 62% (sessenta e dois por cento). Neste caso, estes trabalhadores, por sua idade, estão mais susceptíveis a apresentar problemas relacionados à perda auditiva. No que se refere ao sexo destes trabalhadores o resultado foi o seguinte:

Fonte: pesquisa de campo, 2006.

Sexo masculino

1 100%

Distribuição dos Funcionários por idade

16% 19% 13% 27% 9% 16% 25 a 30 anos 31 a 35 anos 36 a 40 anos 41 a 45 anos 46 a 50 anos Acima de 50 anos

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Do total de pesquisados 100% (cem por cento) são do sexo masculino.

Fonte: pesquisa de campo, 2006.

Dos funcionários pesquisados mais de 40% (quarenta por cento) possuem mais de 20 anos de serviço, isto implica que além da idade avançada, estes possuem um tempo de exposição aos ruídos relativamente longo, mais de 20 anos na profissão de motorista de ônibus. Percebe-se a existência de dois fatores que podem ocasionar a perda auditiva, são eles: a idade e o tempo de exposição aos ruídos.

Funcionários que exercem outras funções

SIM 13% Não 87% SIM Não

Fonte: pesquisa de campo, 2006.

Além do trabalho de motorista 13% (treze por cento) dos motoristas afirmaram cumprir outra jornada de trabalho, o que provavelmente deve agravar seu quadro de

Distribuição dos Funcionários por Tempo de Serviço

25% 25% 13% 22% 6% 9% 5 a 10 anos 11 a 15 anos 16 a 20 anos 21 a 25 anos 26 a 30 anos 31 a 35 anos

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exposição às causas de perda da audição, já que estes trabalhadores efetivam uma longa jornada de trabalho, se considerado as condições a que estão expostos e o tipo de trabalho efetivado, como mostra o gráfico a seguir.

Quantidade de Horas de Trabalho Diárias

4 Horas 6% 7 Horas 85% 8 Horas 9%

Fonte: pesquisa de campo, 2006.

Cerca de 85% (oitenta e cinco por cento) dos trabalhadores passam mais de 7 horas por dia expostos aos ruídos, agravados ainda pela utilização de mecanismos que intensificam as causas geradoras da perda auditiva, como mostra o gráfico a seguir:

16 16 0 20 1 SIM NÃO

Funcionários que houvem música durante o trabalho

SIM NÃO

Fonte: pesquisa de campo, 2006.

Verifica-se que 50% (cinqüenta por cento) dos trabalhadores pesquisados, intensificam os mecanismos de exposição ao ruído, se utilizando de equipamento de

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som no horário do trabalho. Os trabalhadores percebem os ruídos provocados pelo funcionamento e utilização do ônibus, como verifica o gráfico a seguir:

Percepção de Ruídos no Interior dos Ônibus

69% 22%

9%

SIM NÃO AS VEZES

Fonte: pesquisa de campo, 2006.

Cerca de 69% (sessenta e nove por cento) dos trabalhadores tem percepção dos ruídos no interior do ônibus, que aliado a sua intensidade provocam a intensificação etiológica para o desenvolvimento de patologias auditivas.

Intensidade da Percepção dos Ruídos

ALTA 28% MEDIA 47% BAIXA 25%

ALTA MEDIA BAIXA

Fonte: pesquisa de campo, 2006.

O gráfico mostra que 75% dos trabalhadores estão expostos a uma intensidade de ruído alta e média.

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Demonstrativo de Incômodo do Ruído

28%

53% 19%

INCOMODA NÃO INCOMODA AS VEZES INCOMODAM

Fonte: pesquisa de campo, 2006.

Sobre o demonstrativo de incômodo com o ruído os trabalhadores pesquisados responderam que 53% (cinqüenta e três por cento) não se sentem incomodados com os ruídos provocados pelo funcionamento do ônibus e 47% (quarenta e sete pro cento) afirmam se incomodar ou incomodam-se às vezes. O número elevado de trabalhadores que não se sentem incomodados pode ser reflexo da existência de problemas auditivos, pois o barulho provocado por este tipo de trabalho e intenso e diverso. O fato dos ruídos não incomodarem, não signifique saúde auditiva, mas possivelmente seja resultado de perda auditiva, tanto que o gráfico a seguir mostra que 46% (quarenta e seis por cento) dos trabalhadores afirmam que os ruídos são provocados pelo ônibus.

Fatores Causadores dos Ruídos na Opinião dos Motoristas

46%

22% 19%

13%

O PRÓPRIO ÔNIBUS OS DEMAIS VEICULOS QUE CIRCULAM AO REDOR AS PESSOAS NO INTERIOR DO ÔNIBUS OUTROS (O PISO DO ÔNIBUS)

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No que tange aos efeitos auditivos causados pelos ruídos, cerca de 17% (dezessete por cento) afirma ser o ruído a principal conseqüência desta exposição. Cerca de 15% (quinze por cento) disseram ter dificuldade para conversar e 12% (doze por cento) o chiado.

Efeitos Auditivos Causados Pelos Ruídos

15% 12% 17% 8% 10% 12% 12% 12% 2%

DIFICULDADE DE CONVERSAR EM AMBIENTES RUIDOSOS GASTRITE ZUMBIDO ESTRESSE CHIADO DIFICULDADE EM OUVIR

Fonte: pesquisa de campo, 2006.

Nesta mesma perspectiva 43,75% (quarenta e três vírgula setenta e cinco por cento) afirmaram ter dificuldade em compreender a fala das pessoas, o que é um percentual bastante elevado.

14 18

0 20

SIM NÃO S1

TEM DIFICULDADE EM COMPREENDER A FALA DAS PESSOAS

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Problemas de Saúde Apresentados Pelos Funcionários - Alterações que Possam Potencializar a PAIR

6 3

2 00

HIPERTENÇÃO ARTERIAL COLESTEROL ALTO DIABETES MELLITUS PROBLEMA DE TIREOIDE PROBLEMA CARDÍACO

Fonte: pesquisa de campo, 2006.

Os principais problemas de saúde identificados nos trabalhadores pesquisados são hipertensão arterial, o diabetes mellitus e os problemas cardíacos.

Demonstrastivo de Funcionários que já realizaram exame de audição 18 14 13 1 0 5 10 15 20 Série1 18 14 13 1

NÃO SIM PARTCULAR EMPRESA

Fonte: pesquisa de campo, 2006.

Do total de pesquisados, a maioria não dizerem exames de audição (18 pessoas) e 14 indivíduos disseram que fizeram exames, sendo que 13 em consultório particular e 1 e empresa pública.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As doenças ocupacionais têm como etiologia principal os riscos a que estão expostos os trabalhadores, quando no exercício de suas atividades. Os fatores que podem gerar tais problemas são multicausais, o que demanda estudos multidisciplinares, portanto. A legislação vigente, no entanto, possibilita ao empregador a adoção de uma série de mecanismos e ferramentas para atenuar ou mesmo impossibilitar o aparecimento de patologias relacionadas ao exercício profissional dos trabalhadores.

No caso dos motoristas de ônibus, que conduzem veículos no perímetro urbano do município de Teresina - Piauí os fatores que provavelmente produzirão surdez precoce, devido à perda auditiva induzida pelo ruído são o elevado índice de ruído no ambiente ao qual estão expostos e a não-utilização regular dos protetores auriculares, que neste caso específico é indevido.

A medição dos níveis de ruído nos postos de trabalho é importante para o redimensionamento da carga horária de trabalho nestes veículos, assim como para a orientação do tipo de EPI’s que deva ser utilizado.

O risco aumentado de ocorrência de perda auditiva induzida pelo ruído nos motoristas de ônibus é importante e ocorre principalmente quando não é realizado campanhas pelas empresas de esclarecimento e motivação para a não utilização de som, por exemplo. Seria fundamental dispor o motor do veículo também na parte traseira do ônibus, o que submeteria estes profissionais a uma carga menor de barulho ou ruído.

A importância da execução de audiometrias ocupacionais nos motoristas de ônibus, para a prevenção e controle da PAIR e a real necessidade de avaliação das freqüências de 250, 500, 1000, 2000, 4000, 6000 e 8000 hertz.

Existe uma relação importante entre as perdas auditivas obtidas nas audiometrias ocupacionais e os sintomas auditivos mais freqüentes como: dificuldade de compreensão da fala, hipoacusia, tinitus, sensação de plenitude auricular, otorreia e tonturas.

REFERÊNCIAS

ABNT - ASSOSSIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Disponível no site < http://www.abnt.org.br/home_new.asp >. Acesso em 10 de julho de 2006.

Agenda 21 Local – Construindo nosso futuro – Guia do Cidadão, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1996.

BARROS, E.A.Ruídos Ocupacionais, Seus efeitos e suas leis.Rio de Janeiro,1998. BERNARDI,A.P.A.Audiologia ocupacional.São José dos Campos: Pulso,2003. BESS, F.H;HUMOS,L.E.Fundamentos de audiologia. 2.ed.Porto Alegre: ArtMed, 1998.

*Rita de Cássia Servia Mendes Lopes Coordenadora do curso de Fonoaudiologia da Faculdade NOVAFAPI. rita@novafapi.com.br

** Alexandre Alysson Nogueira Ramos Acadêmico do curso de Fonoaudiologia da faculdade NOVAFAPI. alexandrealysson@gmail.com

Referências

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