• Nenhum resultado encontrado

Praia de Itamambuca, SP: o surf como elemento propulsor do desenvolvimento turístico local

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Praia de Itamambuca, SP: o surf como elemento propulsor do desenvolvimento turístico local"

Copied!
122
0
0

Texto

(1)

DEPARTAMENTO DE TURISMO CURSO DE TURISMO

PRAIA DE ITAMAMBUCA-SP: O SURF COMO ELEMENTO PROPULSOR DO DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO LOCAL

PAULA VERÔNICA BASTOS PONTES

NITERÓI 2012

(2)

PAULA VERÔNICA BASTOS PONTES

PRAIA DE ITAMAMBUCA-SP: O SURF COMO ELEMENTO PROPULSOR DO DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO LOCAL

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Turismo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Turismo.

Orientador: Prof. Dr. Aguinaldo César Fratucci

Niterói 2012

(3)

DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO LOCAL

POR

PAULA VERÔNICA BASTOS PONTES

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Turismo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Turismo.

Banca Examinadora

____________________________________________________

Prof. Dr. Aguinaldo Cesar Fratucci Orientador

_________________________________________________

Prof. Dr. Marcello de Barros Tomé Machado Convidado – UFF

__________________________________________________ Prof. M.Sc Frederico Cascardo Alexandre e Silva

Departamento de Turismo - UFF

(4)

Agradeço em primeiro lugar ao Universo, que moveu meus caminhos para que eu chegasse nesta Universidade, me formando em um curso tão proveitoso. Agradeço à família, em especial à minha mãe Sônia, meu pai Jaime e meu irmão Rodrigo, que sempre foram os meus melhores exemplos, me incentivando e acompanhando nesta fase da vida tão difícil e ao mesmo tempo encantadora.

Agradeço aos amigos de coração, sejam eles colegas de classe ou não, que também não me deixaram desistir e estiveram presentes por toda esta caminhada, não apenas durante as festas, mas também nos longos períodos tensos antes das provas, e acima de tudo, ao meu lado em qualquer dificuldade. Um agradecimento especial para Aliene França, Almir Amaro, Tatiana Castro, Flávia Marques, Rafael Hernandez e Bruna Renova.

Agradeço ao Prof. Dr. Aguinaldo Fratucci, por ter me apresentado a vertente do Turismo que mais me agrada, e por ter sido o grande responsável pela conclusão deste trabalho, me auxiliando desde o começo, sempre com calma, paciência e muito profissionalismo.

Agradeço à Verônica Santos e toda a equipe da Egali Intercâmbio, que acreditaram no meu potencial e investiram na minha carreira como turismóloga.

Agradeço, finalmente, todos os dias, ao esporte, que além de me proporcionar realizações maiores que qualquer bem material, me proporciona uma chance de estudo e trabalho, podendo ter a graça de escrever sobre algo que realmente amo.

(5)

“A maior e a mais positiva influência do surf na sociedade é a legitimação da busca de uma vida melhor e muito mais prazerosa. Isso se transformou em cultura de vida, mercado e esporte, de forma única e exclusiva, na certeza de que se pode viver melhor a cada momento, a cada onda. Todos os surfistas, sem exceção, são exploradores do mais e do melhor. O surf é hedonista”. Romeu Andreatta

(6)

RESUMO

Em um contexto onde o esporte surge como um mercado em expansão e aquece outros mercados, a busca pelo conhecimento aprofundado destes mercados torna-se necessária para o planejamento de destinos turísticos. Este trabalho apretorna-senta o destino turístico da praia de Itamambuca-SP, suas referentes pesquisas de demanda, levantamento da oferta turística, principais atrativos e sua gestão ambiental. A metodologia da pesquisa foi a aplicação de formulários de inventário adaptados e a aplicação de instrumentos estruturados qualitativa e quantitativamente. Os resultados obtidos apontaram o surf como principal motivador da atividade da atividade turística em Itamambuca, porém o planejamento da praia como destino turístico ainda não está consolidado, sendo necessária a implementação de políticas públicas mais adequadas. Conclui-se então, que Itamambuca é dotada de grande potencial turístico, mas para que seja alavancada como destino de forma sustentável, a atual gestão deve redirecionar seus esforços de maneira gradual e focada na conservação da praia.

PALAVRAS-CHAVE: Destinos Turísticos; Desenvolvimento Sustentável; Surf;

(7)

ABSTRACT

In a context where the sport emerges as an expanding market and other markets heats up, the pursuit of detailed knowledge of these markets is necessary for the planning of tourist destinations. This paper presents the tourist destination of Itamambuca beach, São Paulo, its referent research of demand, arising of touristic offer, major attractions and environmental management. The research methodology was the application of inventory formularies tailored and, also, the application of structured questionnaires qualitatively and quantitatively. The results showed the surf as the main motivator of tourism activity in Itamambuca, but planning the beach as a tourist destination is not yet consolidated, necessitating the implementation of public policies more appropriate. It follows then, that Itamambuca is endowed with great tourist potential, but to be leveraged as a destination in a sustainable way, the current administration should redirect their efforts to gradually and focused on keeping the beach.

(8)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Modelo de Ciclo de Vida para destinos turísticos de BUTLER 22

Figura 2 Mapa Itamambuca 31

Figura 3 Praia de Itamambuca 35

Figura 4 Praia e Rio Itamambuca 36

Figura 5 Oferta de Meios de Hospedagem em Itamambuca 38

Figura 6 Oferta de Serviços de Alimentação em Itamambuca 39

Figura 7 Local de residência permanente da demanda potencial 43

Figura 8 Frequência que o turista potencial costuma viajar 43

Figura 9 Frequência que o turista potencial costuma viajar para surfar 44

Figura 10 Como o surfista tomou conhecimento da praia de Itamambuca

45

Figura 11 Avaliação da infraestrutura de Itamambuca 46

Figura 12 Avaliação detalhada da infraestrutura de Itamambuca 47

Figura 13 Principal atrativo de Itamambuca 48

Figura 14 O que o turista já ouviu falar sobre Itamambuca 49

Figura 15 Motivação principal para visitar Itamambuca 50

Figura 16 Local de residência permanente dos surfistas de Itamambuca 51

Figura 17 Periodicidade que o turista de Itamambuca surfa 52

Figura 18 Principal motivação para viajar 53

(9)

1 INTRODUÇÃO 9

2 DESTINOS TURÍSTICOS E O SEGMENTO DO SURF 14

2.1 CONCEITUAÇÕES BÁSICAS 14

2.2 O PROCESSO DE TURISTIFICAÇÃO DE ESPAÇOS 18

2.3 CICLO DE VIDA DOS DESTINOS TURÍSTICOS 21

2.4 SEGMENTAÇÃO DO MERCADO PARA DOS DESTINOS

TURÍSTICOS

24

2.5 EVOLUÇÃO DO SURF E INFLUÊNCIA NO TURISMO 28

3 PRAIA DE ITAMAMBUCA-SP: DESTINO TURÍSTICO DE SURF 31

3.1 OFERTA TURÍSTICA DE ITAMAMBUCA 33

3.1.1 Atrativos Turísticos 34

3.1.2 Equipamentos e Serviços Turísticos 37

3.1.3 Infraestrutura Urbana 40

3.2 DEMANDA TURÍSTICA ATUAL 41

3.2.1 Demanda Potencial 42

3.2.2 Demanda Efetiva 50

3.2.3 Análise dos Resultados das Demandas Potencial e Efetiva 54

3.3 GESTÃO AMBIENTAL EM ITAMAMBUCA 58

3.4 ITAMAMBUCA HOJE: UMA VISÃO GERAL 60

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 66

REFERÊNCIAS 70

(10)

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, o surf pode ser considerado um dos esportes mais populares no Brasil. O esporte atingiu finalmente, a atenção da mídia e de grandes patrocinadores, profissionalizando-se no país. O Rio de Janeiro é a cidade escolhida para ser a sede de uma etapa do circuito mundial de surf, ocasionando a vinda de surfistas profissionais de outros países, organizadores de eventos, imprensa, patrocinadores, técnicos, familiares e amadores, ou seja, aumentando o fluxo turístico da cidade e lançando sua imagem a nível internacional.

Nesse contexto, uma localidade no litoral norte paulista chama a atenção para o mesmo potencial turístico voltado para o esporte descrito anteriormente. Itamambuca, bairro e praia do município de Ubatuba-SP, famosa nacionalmente por suas ondas e belezas naturais, também sedia eventos relacionados ao esporte, em níveis municipal, estadual e nacional. O objeto de estudo deste trabalho de conclusão de curso é compreender a relação do esporte com o turismo e sua comunidade local. O objetivo geral buscou identificar a relação existente entre o surf e a atividade turística na praia de Itamambuca, município de Ubatuba. Em um aprofundamento maior, o trabalho buscou como objetivos específicos apurar se o

surf é um dos principais propulsores da atividade turística em Itamambuca, traçar o

perfil do visitante atual e potencial do local, identificar a oferta turística disponível e identificar como se encontra o atual estágio de gestão do desenvolvimento turístico daquela localidade.

Desta maneira, a partir dos elementos observados na construção do tema, foi criada uma hipótese para ser discutida neste trabalho. Com embasamento na revisão de literatura, nas pesquisas de demanda e levantamento da oferta turística de Itamambuca, pressupõe-se que o turismo na localidade em questão deve-se à existência de condições ideais para a prática do surf. Acredita-se que o esporte seja o principal motivador da atividade turística na praia e impulsionador de empreendimentos exclusivos para o turismo. Há também o pressuposto que o esporte, por mais ecologicamente correto que aparente ser, causa impactos sociais e ambientais, principalmente em uma localidade de preservação ambiental, como

(11)

Itamambuca. A hipótese mostrou-se verdadeira, a partir de elementos que serão abordados posteriormente. No entanto, mesmo com a confirmação desta hipótese, foram observados diversos aspectos em estado crítico, necessitando de reformas no planejamento do destino.

Por essa razão, foi observada a necessidade de um estudo mais amplo sobre o surf não apenas como esporte, mas também relacionado à atividade turística. De fato, já ocorrem estudos acadêmicos sobre a peculiar praia de Itamambuca, porém, em sua maioria relacionados à biologia, ecologia e geografia, sendo poucos específicos em relação ao surf, e principalmente poucos em relação ao turismo. Tratando-se de uma localidade onde a principal atividade econômica é o turismo esportivo, era esperado que já houvesse um número maior de análises e publicações sobre o tema. Nesta ótica, este tema selecionado para análise neste trabalho de conclusão de curso se mostra importante para a formação da autora como turismóloga, pois durante o processo de pesquisa e análise, foram utilizados técnicas e materiais aprendidos ao longo do curso. Ainda, foram revisadas teorias básicas para o exercício da profissão de qualquer turismólogo. Questões sobre capacidade de carga, ciclo de vida de um destino turístico, segmentação de mercado, processo de turistificação, definições de destino, noções de espaço, território, lugar e outros abordados neste trabalho são princípios essenciais que todo turismólogo, por ser uma profissão relacionada à gestão, deve dominar para realizar um planejamento turístico coerente com as necessidades e especialidades de cada destino.

O surf encontra-se em um momento de expansão e de reconhecimento internacional, especialmente para os surfistas profissionais brasileiros. Analisando o contexto atual do país, prestes a receber importantes eventos esportivos, o estudo de políticas de planejamento urbano e de influências do esporte no turismo brasileiro torna-se decorrente e relevante.

O trabalho está dividido em três capítulos além desta introdução e das considerações finais. O segundo capítulo, intitulado “Destinos Turísticos e o Segmento de Surf”, aborda a revisão de literatura necessária para embasamento de estudo do tema. Foram definidos conceituações básicas sobre destino, lugar turístico, o processo de turistificação dos espaços, ciclo de vida e capacidade de

(12)

carga de um destino turístico, segmentação de mercado turístico e uma breve história da evolução do surf como esporte no Brasil e no mundo. Na primeira seção do capítulo, foi entendido o conceito de destino turístico, este sendo um espaço com características homogêneas, e sendo um território de objetivo de visita, ou seja, tenha centralidade. Para uma localidade ser designada como destino turístico, é necessário também que esta possua uma oferta turística, que é constituída pelos recursos e atrativos turísticos. Ainda na mesma seção, foi feita uma reflexão sobre a qualidade da experiência do turista, e como isto influencia na percepção da imagem do destino em questão. Foram postos em análise definições e teorias sobre demanda turística, importantes para um melhor embasamento ao serem realizadas as pesquisas de demanda efetiva e potencial. Nas seções seguintes, o ciclo de vida dos destinos, entra em questão, seguindo a teoria de Butler (2006), como uma maneira de orientar as próximas ações a serem tomadas, após a identificação em qual estágio de desenvolvimento aquele destino se encontra. Porém, para que fosse possível uma análise correta do ciclo de vida, foi estudado anteriormente o processo de turistificação dos espaços, para que entender-se como aquela localidade se transformou ou está se transformando em destino turístico, assim como as relações da atividade turística com esse território e com seus habitantes.

Para um planejamento adequado, é importante que seja compreendido em que segmento de mercado a localidade se encontra enquanto atrativo turístico, para que seja possível criar produtos e colocá-los no mercado atendendo às expectativas e exigências da demanda de tal destino. Este assunto foi abordado na próxima seção, expondo que as ações de planejamento em Itamambuca devem ser baseadas principalmente nos segmentos de turismo desportivo, turismo urbano, turismo de eventos e turismo de sol e praia. É essencial ressaltar aqui, que embora sejam encontrados diversos segmentos em Itamambuca, a demanda atual é bastante homogênea, este fato sendo explicado a partir do princípio que estes segmentos são concomitantes, ou seja, se encontram no momento da prática da atividade do surf como principal atrativo de Itamambuca. Desta maneira, foi analisado em seguida, a história e evolução do surf, para que permitir a compreensão da relação do esporte com o turismo, sendo comprovado que, no destino estudado, uma atividade é ligada à outra. O surf teve início na Polinésia

(13)

Francesa e no Havaí, sendo introduzido no Brasil nos anos 1960. No entanto, a profissionalização do esporte na sociedade brasileira é recente, ainda buscando melhorias. O esporte, tanto no Brasil quanto ao redor do mundo, envolve patrocinadores e possui remunerações e premiações menores que outros esportes, como futebol e basquete, por exemplo. Sendo assim, o surfista profissional, que trabalha viajando ao redor do planeta em diversas competições, sofre com a falta de apoio ao esporte. Observou-se então, um nicho de mercado com grande campo a ser explorado, especialmente no Brasil, um país com enorme potencial para a prática do esporte, mas que não recebe os devidos incentivos necessários para a mesma.

Em seguida, no próximo capítulo, “A Praia de Itamambuca: Destino Turístico de Surf” analisa-se o destino em questão, a praia de Itamambuca. São relatadas as pesquisas realizadas com as demandas atual e potencial, o levantamento da oferta turística e a história de Ubatuba, além dos campeonatos e ações de gestão ambiental presentes no destino. As pesquisas apresentadas foram realizadas com o objetivo de identificar o perfil do turista que visita Itamambuca com o objetivo de surfar. Apresenta-se os resultados da pesquisa de demanda potencial, realizada à distância, com visitantes que conheciam ou não a praia, e a pesquisa de demanda efetiva, realizada na própria praia de Itamambuca, com visitantes surfistas. A partir dos dados coletados, foi possível comprovar que o esporte na praia está diretamente relacionado ao turismo, e que os recursos turísticos existentes na praia surgiram em função do fluxo de surfistas visitantes em Itamambuca. Por outro lado, ao realizar o inventário turístico apresentado na próxima seção do mesmo capítulo, ocorreram algumas limitações, devido à indisponibilidade de alguns funcionários e/ou proprietários em fornecer informações para a análise da oferta turística dos meios de hospedagem. No entanto, os dados incompletos não foram impeditivos para a análise geral da oferta, não influenciando nos resultados finais. Para que o leitor tenha um melhor conhecimento sobre o destino, apresenta-se a seguir, uma breve história de Ubatuba, seu processo de urbanização e como se tornou município. São apresentados os principais atrativos em Itamambuca, onde os atrativos naturais são a praia e o rio homônimos. Na próxima seção os planos e ações ambientais em Itamambuca estão expostos para que seja possível estabelecer uma relação entre o

(14)

esporte, a atividade turística e o impacto e degradação ambiental que ela pode provocar ou não.

Na última seção do terceiro capítulo é feita uma análise geral de Itamambuca, de acordo com os resultados apresentados no levantamento da oferta, demanda e políticas públicas de planejamento urbano. Indica-se, então, que o destino em questão possui elementos favoráveis para a implementação de um planejamento sustentável do turismo, levando em consideração a qualidade de vida e interesses da comunidade local e a preservação do meio ambiente. Esses elementos são entendidos como ações ambientalistas já existentes na praia partindo de organizações não governamentais e moradores, política rigorosa de construção civil no loteamento de Itamambuca e o público surfista, que naturalmente já procura conservar os seus locais de busca pelo prazer, a praia e o oceano.

Finalmente, no último capítulo, é exposta uma visão geral da situação atual de Itamambuca, sua relação com o esporte, com seus visitantes e com seus gestores, propondo melhorias nas políticas de planejamento atuais. Observa-se que Itamambuca possui grande potencial a ser explorado, mas necessita de investimentos maiores, pois o governo atual não realiza maiores esforços para tornar o destino mais viável à exploração turística. Desta maneira, indica-se ser possível modificar a gestão atual sem degradar o meio ambiente, e principalmente, atendendo aos interesses de todos os envolvidos, tanto organizações quanto a oferta turística e os surfistas e moradores locais.

(15)

2 DESTINOS TURÍSTICOS E O SEGMENTO DO SURF

Em um contexto de pesquisa onde será analisado a atividade turística e o esporte já citado, é necessário que haja um esclarecimento de algumas definições básicas de turismo, como destino turístico, oferta, infraestrutura turística, demanda turística, segmentos de turismo e segmentação de mercado, estes apresentados a seguir. Posteriormente, serão apresentados os conceitos de ciclo de vida de destino turístico, capacidade de carga de um destino turístico e um breve histórico do surf. A partir dos conceitos explicitados a seguir, será possível analisar outros contextos dentro do trabalho apresentado.

2.1 CONCEITUAÇÕES BÁSICAS

A definição de uma localidade como destino turístico indica que esta tenha um espaço geográfico homogêneo, com características comuns, capaz de suportar objetivos de planejamento (VALLS, 2006). O autor ainda afirma que, o destino turístico pode ser uma localidade que ainda não tenha um planejamento adequado, mas que tenha uma vocação para planejamento e disponha de capacidade administrativa para desenvolvê-lo.

Para que seja definido um destino turístico, é necessário que o espaço territorial apresente também outras características, sendo uma delas a centralidade, ou seja, o território deve ser o objetivo de visita para os turistas, para que estes tenham uma motivação para se deslocar do seu local de origem a fim de terem uma experiência em outra localidade. A terceira característica que o destino deve apresentar é

Uma oferta estruturada a serviço de determinadas satisfações dos clientes. Nesse sentido, pode ser compreendido como um sistema integrado em que os recursos, os atrativos e as empresas se oferecem em conjunto aos turistas (Ejarque, 2003), ou como uma

(16)

série de instalações e serviços que foram projetados para sua satisfação e que permitem, a cada turista, experimentar a seu gosto e realizar combinações segundo suas preferências. (VALLS, 2006, p.3).

Dias (2003) reforça este conceito ao afirmar que os recursos turísticos de um destino constituem-se pelos seus elementos naturais, atividades humanas ou qualquer outro produto gerado pelo homem que possa motivar um deslocamento de pessoas, influenciados pela curiosidade ou possibilidade de efetuar atividades físicas e/ou intelectuais.

A quarta característica proposta por Valls (2006) reafirma que o local para ser considerado destino, deve possuir uma marca que se apresente em forma de imagem atrativa, traduzindo toda a oferta de tal localidade. Esta marca deve facilitar a identificação do destino nos centros emissores e gerar uma emoção no visitante, uma interação de sentimentos.

A quinta e última característica é que o destino em questão deve possuir uma comercialização conjunta, isto é “a presença de cooperação vertical em termos de marketing para todo o espaço geográfico do destino, articulada a partir de uma visão estratégica ou de um plano conjunto.” (VALLS, 2006, p.4). Finalmente, o autor define destino turístico como

Um espaço geográfico determinado, com características de clima, raízes, infra-estruturas e serviços próprios; com certa capacidade administrativa para desenvolver instrumentos comuns de planejamento; que adquire centralidade atraindo turistas mediante produtos perfeitamente estruturados e adaptados às satisfações buscadas, graças à valorização e ordenação dos atrativos disponíveis; dotado de uma marca e que se comercializa tendo em conta seu caráter integral. (VALLS, 2006, p.4)

A definição de destino turístico é essencial para entender-se a complexidade do meio ambiente em que ele está inserido, e assim o planejamento do mesmo ser bem sucedido. Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), o destino é um

Espaço físico no qual um visitante permanece ao menos por um pernoite. Inclui produtos turísticos, como serviços de apoio e

(17)

atrações, e recursos turísticos ao alcance de uma viagem com retorno no mesmo dia. Possui fronteiras físicas e administrativas bem definidas para a sua gestão, e imagens e percepções que configuram sua competitividade de mercado. (PETROCCHI, 2009, p.03)

Petrocchi (2009, p.02), por sua vez, conclui que “destino de turismo é uma área que atrai visitantes, possui limites físicos, políticos e é percebida pelo mercado.”

Para ser classificado como um destino turístico, o local em questão deve oferecer serviços que tornarão a experiência do visitante satisfatória. O destino precisa então, conhecer e atender os desejos e exigências de seu mercado. Segundo Valls (2006), o destino turístico apresenta quatro funções, relacionados aos objetivos de aumentar a qualidade de vida de seus cidadãos, atrair competitividade internacional, aumentar o desenvolvimento econômico do local e promover a satisfação de seus visitantes. A satisfação é o fruto da interação entre o destino e turista, pois este viaja com a expectativa de encontrar serviços de qualidade, prazer e lazer durante a viagem, e, por o turismo ter seu consumo no ato da produção, esta expectativa se transforma a todo o momento. Para que ocorra a satisfação, o autor defende ainda que os destinos devam apresentar pacotes de experiências, para tornar o período de estadia do visitante o mais agradável possível. No entanto, ele também ressalta que a satisfação é algo pessoal e íntimo do visitante, e que a satisfação final é dada pelas satisfações parciais obtidas, estando relacionada às condições gerais do meio ambiente local e às condições que o turista relaciona diretamente à oferta, sendo estas valor dos recursos, estrutura, qualidade do serviço prestado, harmonia do planejamento, infraestrutura, entre outros.

Estas condições apontadas como as responsáveis pela satisfação dos clientes são estruturadas na oferta turística apresentada no local. É na oferta turística onde são encontrados os elementos necessários para a realização do “pacote de experiências”. Sendo assim, a oferta turística de uma região, é definida segundo Beni (2001), como o

Conjunto dos recursos naturais e culturais que, em sua essência, constituem a matéria prima da atividade turística porque, na realidade, são esses recursos que provocam a afluência de turistas. A esse conjunto agregam-se os serviços produzidos para dar consistência ao seu consumo, os quais compõem os elementos que

(18)

integram a oferta no seu sentido amplio, numa estrutura de mercado. (BENI, 2001, p. 177).

A OMT ainda afirma que oferta turística é o “conjunto de produtos turísticos e serviços postos à disposição do usuário turístico num determinado destino, para seu desfrute e consumo.” (OMT, 2001, p. 43), permitindo concluir-se que a oferta faz parte dos recursos turísticos do destino. Para que o turista sinta a motivação de viajar, é essencial que existam tais recursos, como uma prévia para o surgimento da demanda turística do local. O autor ainda afirma que os recursos turísticos são a matéria prima do turismo, formando parte essencial da oferta turística.

Para que o planejamento do destino seja sustentável, coerente com a as demandas da comunidade local e tenha sucesso, a metodologia do planejamento de um destino se divide nos níveis estratégico, tático e operacional. É necessário que a oferta turística do destino seja bem estruturada, pois a estruturação da oferta turística representa as atividades táticas principais do destino de turismo: o planejamento, a operação e a comercialização dos serviços de hospitalidade (PETROCCHI, 2009). Entende-se por fim, como o autor ainda aponta, que participam da composição da oferta do destino as empresas privadas, os serviços públicos, os recursos naturais, o patrimônio público e a infraestrutura do lugar.

A demanda turística é outro ponto importante a ser analisado quando se estuda o planejamento de um destino, pois os destinos de turismo precisam estudar os mercados, conhecer as características e tendências, saber o que os turistas gostam de visitar, onde residem, quanto gastam, quanto tempo permanecem no destino, entre outros (PETROCCHI, 2009). Quando o perfil do visitante é definido, é possível estruturar os produtos do destino para satisfazer as expectativas do mercado. Dias (2005, p.52) conceitua a demanda turística como sendo o “número total de pessoas que viajam ou decidem viajar, para desfrutar de instalações turísticas e de serviços em locais diferentes do local de trabalho ou da residência habitual”. É de uma forma geral, o conjunto de turistas e visitantes que são motivados por serviços e produtos turísticos a visitar determinada localidade. O autor ainda ressalta que existem diversos fatores que condicionam uma demanda, dentre

(19)

eles a disponibilidade de tempo, disponibilidade econômica, fatores demográficos e fatores sociais.

BOULLÓN (2002) classifica a demanda do turismo em cinco tipos: a demanda real, efetiva ou atual, ou seja, o número de pessoas que viajam efetivamente; a demanda potencial, todos aqueles que podem viajar, mas não o fazem momentaneamente; demanda histórica, sendo o registro das demandas reais ocorridas no passado; a demanda futura, a projeção feita a partir dos dados do presente e da demanda histórica, prevendo o crescimento, estagnação ou diminuição, e finalmente a demanda potencial vinculada à demanda real, que são os gastos adicionais que pode realizar a demanda real durante sua estada, além daqueles já pagos. A demanda pode ainda ser classificada de acordo com a motivação principal da viagem, como lazer, recreação ou férias, visita a parentes e amigos, negócios profissionais, saúde, religião, ou outros motivos (DIAS, 2003).

O turismo tem características peculiares que são, em sua grande maioria, aplicáveis à sua demanda. Por isso, é preciso conhecer e entender cada uma dessas características, como a sazonalidade, elasticidade, heterogeneidade e concentração espacial, fundamentais para elaborações de estratégias turísticas. Estas características irão nortear o planejador para o tipo de turismo existente no destino, seu mercado e seu público alvo, para que seja possível um planejamento coerente com a realidade local. Para entender esta realidade, antes de projetar ações futuras, é necessário analisar como se desenvolveu a turistificação do destino em questão.

2.2 O PROCESSO DE TURISTIFICAÇÃO DE ESPAÇOS

O processo de turistificação de um destino pode estar relacionado ao seu planejamento. Para que o local se desenvolva de forma sustentável para o turismo, é necessário entender como a turistificação ocorre e acompanhá-la. Para entender este processo, é realizado o estudo das categorias de lugar e território. Milton Santos, afirma em seu trabalho que o lugar pode ser definido a partir das

(20)

densidades técnica, informacional, comunicativa e normativa, as quais caracterizam e diferencia os lugares dentro de um contexto global, pois é no lugar que os objetos, ações, técnica e tempo se concretizam. Ele cita ainda que o lugar é o quadro de uma referência pragmática do mundo, do qual lhe vem solicitações e ordens precisas de ações incondicionadas, ao mesmo tempo em que é o quadro insubstituível das paixões humanas, responsáveis, através da ação comunicativa, pelas mais diversas manifestações de espontaneidade e da criatividade (SANTOS, 1996).

Fratucci (2000) ressalta que o lugar turístico é aquele que reúne o espaço e o território, onde o fenômeno turístico se materializa e é o local de produção e consumo do produto turístico. O autor ainda afirma que o turismo estabelece uma rede de lugares, ou nós, localizados em diversos pontos do espaço, mas que mantêm entre si uma ligação de comando, isto é, a supraestrutura existente interliga esses lugares através de objetivos comuns. O nó emissor necessita do nó receptor para satisfazer as demandas turísticas. É dessa maneira que o turismo se apropria de espaços naturais e culturais, transformando esses espaços até então intocados em territórios turísticos, consumindo suas paisagens, promovendo relações e interações temporárias e permanentes, estabelecendo articulações lugar-mundo, inserindo-os na rede turística.

Observa-se ainda o turismo como um momento de encontro de alteridades, possibilitando a troca de experiências socioculturais e pessoais. O lugar turístico se torna então, o local de construção dessas trocas, o local de encontro do habitante local com o estrangeiro, o turista. Fratucci propõe então, que,

O lugar turístico é o território onde o turismo se realiza, e onde há a ocorrência de interações e inter-relações temporárias entre o anfitrião e o turista, aos quais irão permitir um contato direto, sem barreiras (físicas ou simbólicas) entre eles e o reconhecimento da existência do outro, recíproca e simultaneamente. (FRATUCCI, 2000, p.131)

Remy Knafou (1996) por sua vez,sugere que existam três tipos de relações entre o turismo e o território, sendo elas: possibilidade de território sem turismo; possibilidade de turismo sem território; possibilidade de territórios turísticos. Para o

(21)

estudo dessas relações é preciso o entendimento das fontes de turistificação dos espaços e como os habitantes das comunidades locais se relacionam com a atividade turística. As fontes citadas por Knafou afirmam que os turistas e as suas práticas é que originam o turismo; o mercado é a segunda fonte de criação de lugares turísticos; e os planejadores territoriais que apresentam iniciativas comuns ligadas ao destino.

Em relação aos habitantes locais, o autor aponta que ocorre um grande conflito de territorialidade entre os “nômades” e “sedentários”, isto é, entre o turista e a comunidade local. Ele cita que “o turista incomoda porque é em seu nome que se destrói o meio ambiente.” (KNAFOU, 1996, p. 65) Ele se apropria do meio ambiente da população local, ou seja, o meio ambiente é “destruído” e modificado em função dele. O turismo, por ser uma atividade em constante movimento, onde a sua produção ocorre simultaneamente ao seu consumo, é uma atividade quase que antropofágica, pois ao mesmo tempo em que se apropria do seu próprio recurso, a paisagem, para exercer a atividade. (KNAFOU, 1996).

É esta “destruição” frequentemente apontada que provoca o estudo da capacidade de carga do destino, isto é, o limiar máximo de crescimento turístico, o ponto até onde o destino deve se desenvolver para não se saturar e não prejudicar tanto a paisagem quando a população do entorno local. Segundo a OMT, “a capacidade de carga é um conceito chave na elaboração do plano para um desenvolvimento turístico sustentável” (OMT apud KNAFOU, 1996, p. 66). A questão a ser proposta é como o turismo pode desenvolver o destino sem degradá-lo? O estudo de capacidade de carga procura solucionar este ponto, definindo a capacidade de carga de um local como o número de turistas que um espaço pode receber sem prejuízos físicos em seus ecossistemas ou em seu meio ambiente artificial, sem incomodar a comunidade e as culturas locais e sem prejudicar a qualidade da experiência turística. (KNAFOU, 1996).

Petrocchi (2009) também analisa a capacidade de carga, apontando que o objetivo principal é identificar os limites para a expansão da demanda e os fatores que provocam congestionamentos e estrangulamentos no desenvolvimento do turismo, indicando também que existem diferentes abordagens para este conceito. O ponto de vista mais conhecido são a capacidade de carga física, os limites em que

(22)

surgem os problemas sociais; a capacidade de carga social, os limites de tolerância da população com os visitantes; a capacidade de carga psicológica, limites a partir dos quais a saturação leva os turistas a procurar por outros destinos e a capacidade de carga econômica, o limite máximo em que se pode integrar a atividade turística sem prejudicar as demais atividades econômicas do lugar (PETROCCHI, 2009, p.303). O autor ainda sugere que a comunidade deve estar engajada no processo de identificação das condições ambientais, sociais e econômicas que são desejadas, pois assim as diretrizes da capacidade de carga serão baseadas nas prioridades da sociedade local, beneficiando e satisfazendo a todos. É importante ressaltar que o comportamento e atitude dos visitantes acabam por dificultar o estudo da capacidade de carga, pois este pode delimitar o número de turistas em um local, mas jamais suas ações no destino, que serão sempre uma incógnita.

2.3 CICLOS DE VIDA DE DESTINOS TURÍSTICOS

Os destinos turísticos são dinâmicos, e por conseqüência de fatores externos e do comportamento dos visitantes já citado, eles mudam e se reinventam frequentemente. Butler (2006) aprofunda esta discussão em seu trabalho The

tourism area life cicle, onde apresenta o ciclo de vida dos destinos turísticos, ponto

importante para o seu planejamento, pois saber em que ponto do ciclo o destino se encontra orienta as próximas ações a serem tomadas ou não.

O ciclo de vida apresentado por Butler determina sete estágios: exploração, envolvimento, desenvolvimento, consolidação, estagnação, declínio e rejuvenescimento, conforme a figura 1.

O primeiro estágio, o de exploração, é caracterizado por um número pequeno e irregular de visitantes. São normalmente visitantes que foram atraídos pelo local por suas peculiaridades naturais e culturais, apesar de o destino ainda não prover nenhuma facilidade para os turistas. De fato, o uso dos elementos locais e o contato com a comunidade local é uma grande atração, se não a principal, para alguns visitantes.

(23)

Com o aumento do número e frequência de visitantes, alguns habitantes locais entram no negócio turístico, iniciando o estágio de envolvimento; nesse momento algumas facilidades e estruturas passam a ser oferecidos principalmente ou exclusivamente para os visitantes. Durante o progresso deste estágio, o mercado turístico começa a ser definido, e se iniciam as ações promocionais específicas para atrair a demanda turística.

Figura 1 – Modelo de Ciclo de Vida para destinos turísticos de BUTLER Fonte: BUTLER, 2006

O estágio seguinte, de desenvolvimento, reflete um destino com um mercado turístico bem definido, com fortes ações promocionais nos centros emissivos; o contato e envolvimento do turista com a comunidade local tende a diminuir significativamente, os arranjos e facilidades locais produzidos para o turista dão lugar à facilidades maiores e mais elaboradas, oferecidas por empresas e organizações externas, principalmente para a hospedagem. Algumas mudanças territoriais também são visíveis, e nem sempre são aprovadas por todos da comunidade. O envolvimento de organizações regionais e nacionais para a construção da oferta turística torna-se necessário, e o número de turistas pode ser igual ou maior que o da população do destino. É importante destacar que, neste

(24)

estágio, o tipo de turismo praticado pode sofrer modificações, pois pode passar a desagradar os visitantes iniciais, atraindo novos tipos de turistas.

O próximo estágio é o de consolidação do destino no mercado, onde o aumento de visitantes tende a crescer mais lentamente. A maior fatia da economia local agora é vinculada ao turismo, porém alguns visitantes ainda não concordam com algumas ações tomadas para a produção da oferta turística do local. Quando o destino entra no estágio seguinte, o de estagnação, o número máximo de visitantes foi alcançado, e as diversas capacidades de carga foram alcançadas ou até mesmo excedidas, causando problemas ambientais, sociais e econômicos. Há um número excedente de unidades habitacionais e é preciso um esforço maior para mantê-las ocupadas.

Em seguida, o destino tende a ingressarno estágio de declínio, onde ele não é mais capaz de competir com novos destinos e atrações, estando em um mercado também em declínio. Algumas facilidades da oferta desaparecem conforme o destino se torna menos atraente, e o local pode até perder sua função turística. No entanto, o estágio de rejuvenescimento pode ocorrer, caso haja uma completa mudança nos atrativos turísticos do local. Uma alternativa seria se apropriar de recursos naturais ainda não explorados, e em muitos casos para este estágio ter sucesso, é necessária a aliança entre o governo e as iniciativas privadas. (BUTLER,2006)

Butler (2006) enfatiza ainda que nem todos os destinos passam por todas as fases do ciclo, e este conceito, apesar de ser essencial no planejamento turístico, muitas vezes é ignorado pelo governo e empresas, que acreditam que uma área turística sempre será atrativa. A curva exposta pelo ciclo de vida deve também variar de acordo com cada localidade, refletindo as variações como nível de desenvolvimento, número de visitantes, acessibilidade, políticas públicas, entre outros. Com a adoção do estudo do ciclo de vida, é possível desenvolver o turismo dentro de seus limites pré-determinados e prolongar seu potencial competitivo.

(25)

2.4 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO PARA DOS DESTINOS TURÍSTICOS

Entender em qual segmento está inserido o destino em questão também é importante para nortear as ações públicas e privadas no mesmo. Como o consumidor tem cada vez mais e mais rapidamente acesso á informação, ele está cada vez mais exigente. O consumidor atual deseja que suas necessidades sejam atendidas sempre, mesmo que estas mudem a todo o momento, devido à grande oferta de produtos disponíveis no mercado. Para isso, o destino precisa estar preparado para atrair e agradar os diversos perfis de visitantes. A segmentação surge então como uma estratégia de posicionamento de mercado, para estruturar e melhor comercializar os destinos em um país. (MTur, 2010).

A segmentação pode ser feita de acordo com variadas vertentes de classificação dos tipos de turismo, como afirmam Margarita Barreto e Mirian Rejowski (2009), sendo estes a nacionalidade do turista, classe social, objetivo da viagem, motivações, modo de viajar, âmbito geográfico, entre outros. As autoras ainda apontam a segmentação em cima dos perfis psicográficos de turistas, de acordo com seus comportamentos: os mais aventureiros que buscam novos destinos são denominados de alocêntricos, os que buscam os destinos já conhecidos são os mesocêntricos e finalmente, os psicocêntricos buscam os destinos já consolidados, com infraestrutura turística confiável e já conhecida, normalmente levando ao declínio dos mesmos. Estes perfis irão definir que tipo de experiência o turista busca em cada destino, e assim ser possível criar um produto que o atraia e atenda às suas necessidades e desejos. No entanto, é importante observar que nenhum deste enquadramento se aplica rigidamente aos consumidores, pois são passíveis de mudança.

De acordo com Alexandre Panosso Netto e Marilia Ansarah (2009) estes

Segmentos de mercado turístico surgem devido ao fato de as empresas e o governo desejarem atingir, de forma mais eficaz e confiável, o turista ou o consumidor em potencial. É praticamente impossível um destino turístico abarcar todo o público que em algum momento estaria interessado em consumir seus bens e produtos,

(26)

assim, a segmentação torna-se o meio mais precioso de se atingir o público desejado. (PANOSSO NETTO e ANSARAH, 2009, p. 19)

Os autores apontam também que os destinos turísticos e suas empresas e organizações de turismo devem obter estatísticas sobre seus possíveis consumidores, para que possam empreender ações de marketing e alcançar os objetivos de mercado desejados.

Para Petrocchi (2009), a segmentação é o processo de identificação de grupos de pessoas no mercado que estão compartilhando os mesmos interesses e características. Esse processo divide um mercado heterogêneo em grupos menores homogêneos, com o objetivo de permitir ao destino selecionar mercados-alvo, avaliar cada segmento e escolher os que possam ser melhores atendidos. A segmentação é uma ferramenta importante no planejamento, pois subdivide

o mercado em grupos menores, possibilitando que a oferta turística seja adequadamente estruturada. As pesquisas nos mercado-alvo proporcionam orientações relevantes sobre: os tipos de produto que devem ser ofertados; os desejos, hábitos e necessidades dos turistas potenciais, para oferecer o melhor atendimento possível; os tipos de turistas que são considerados como alvo; o perfil desses turistas. (PETROCCHI, 2009, p. 216)

Em outra vertente de estudo, Philip Kotler conceitua a segmentação de mercado como a escolha dos clientes que a empresa/organização irá atender, pois “envolve a divisão de um mercado em grupos menores de compradores de necessidades, características ou comportamentos diferentes que podem requerer produtos ou mix de marketing distintos.” (KOTLER, 2007, p. 164). O autor reforça o conceito das principais variáveis de segmentação de mercado, sendo estas geográficas, demográficas, psicográficas e comportamentais.

É importante citar que, para uma segmentação ser efetiva, os segmentos de mercado devem ser: mensuráveis, sendo capaz de medir o tamanho, poder de compra e perfil; acessíveis, podendo ser alcançados e atendidos eficientemente; substanciais; diferenciáveis e acionáveis (KOTLER, 2007)

(27)

A segmentação também ajuda a descentralizar, flexibilizar, coordenar e integrar as decisões de planejamento e gestão dos diferentes mercados em cada destino. De acordo com o Plano Nacional de Turismo (PNT 2007-2010), a segmentação é útil pois norteia as ações de planejamento “tendo em vista a concepção de produtos, roteiros e destinos que reflitam as características de peculiaridade e especificidade de cada região” (MTur, s.d., p. 67). Outras facilidades e benefícios da segmentação são facilitar a identificação de públicos mais rentáveis; perceber em qual segmento a concorrência tem menor atuação, podendo focar nestes segmentos; facilitar a adaptação dos produtos às mudanças de mercado e das preferências do consumidor; reduzir o desperdício de investimento, pois as ações são direcionadas; melhorar a comunicação do produto e destino, entre outros. (MTur, 2010). Tkaczynski (2011) também reforça esta ideia, ao concluir que devido à grande competitividade de destinos, tanto nacionalmente quanto internacionalmente, os stakeholders1 de cada destino devem certamente ter uma estratégia efetiva que irá aumentar suas chances de atingir seus públicos alvos.

O PNT 2007-2010 também aponta que estes elementos característicos de cada região caracterizam os principais segmentos da oferta turística trabalhados pelo programa de Regionalização de destinos que o plano propõe. São estes os segmentos: turismo cultural, turismo rural, ecoturismo, turismo de aventura, turismo de esportes, turismo náutico, turismo de saúde, turismo de pesca, turismo de estudos e intercâmbio, turismo de negócios e eventos, turismo de sol e praia, entre outros. (MTur, s.d., p. 68).

Após a adoção da estratégia de segmentação, é possível planejar e colocar no mercado produtos turísticos que atendam às necessidades do público alvo e atendam ao seu poder de compra. Os segmentos encontrados em Itamambuca,

objeto de nosso estudo, são o de turismo de esportes, de eventos, urbano e de sol e praia.

O turismo desportivo, segundo BENI (2007), refere-se ao

1

(28)

Deslocamento de turistas aficionados das distintas modalidades de esporte, que afluem a núcleos esportivos tradicionais com calendários fixos de eventos ou a núcleos que eventualmente sediem olimpíadas, competições e torneios. Nesse caso, o principal produto turístico é o esporte. (BENI, 2007, p. 472)

Para o Ministério do Turismo, o turismo de esportes “compreende as atividades turísticas decorrentes da prática, envolvimento ou observação de modalidades esportivas” (MTur, s.d.). Ainda segundo o Ministério, o turismo de esportes possui algumas características específicas, pois estimula outros segmentos e produtos turísticos, incentiva eventos e calendários esportivos, não depende de recursos naturais na maioria das vezes, deixa como legado para a comunidade receptora instalações desportivas, estimula a comercialização de produtos e serviços agregados, estimula o convívio social e práticas saudáveis.

É observado também o turismo de eventos sazonais, como campeonatos de

surf, definidos também por Beni como sendo de ocorrência regional, gerando um

processo de crescente competitividade entre municípios e organizações que se situem dentro do mesmo circuito homogêneo. O Ministério do Turismo (MTur) também caracteriza o turismo de eventos como “o conjunto de atividades turísticas decorrentes dos encontros de interesse profissional, associativo, institucional, de caráter comercial, promocional, técnico, científico e social.” (MTur, s.d.). É apontado ainda, que a movimentação turística relacionada aos eventos inclui algumas atividades como visitas técnicas, reuniões, congressos, exposições comerciais, convenções, exposições, entre outros.

Já o turismo urbano, tem como principal destaque os marcos referenciais da paisagem natural e também da paisagem construída pelo homem, e, segundo o autor, “A visão turística deve apreender os recortes da paisagem natural e cultural, tais como parques, bosques, rios, lagos, entre outros, e obras arquitetônicas históricas como museus, pontes, viadutos, praças, jardins e outras.” (BENI, 2007, p. 475).

O turismo de sol e praia, observado no estado de São Paulo em feriados e alta temporada, é o de maior intensidade no país, devido à facilidade de se desenvolver por conta da enorme costa brasileira e do clima favorável ao lazer no

(29)

litoral. É ainda, como aponta DIAS (2007), transformador de comunidades quem vivem em função do mar, como pescadores e caiçaras, que tem suas vidas modificadas em função do fluxo turístico. No entanto, o turismo de sol e praia apresenta uma forte sazonalidade, pois depende do clima. Assim,

Como o fluxo de turistas durante os meses quentes é muito grande, de um modo geral, há necessidade de criação de uma enorme infra-estrutura e equipamentos para o atendimento da demanda e que fica ociosa durante a maior parte do ano.” (DIAS, 2003, p. 62).

De acordo com os Marcos Conceituais do MTur (s.d.), o turismo de sol e praia “constitui-se das atividades turísticas relacionadas à recreação, entretenimento ou descanso em praias, em função da presença conjunta de água, sol e calor”, sendo um dos principais tipos de turismo explorados no Brasil, tendo inicio no Rio de Janeiro durante a década de 70.

Nesse contexto, após entender os tipos de turismo que são analisados neste trabalho, será dissertado sobre como o surf se desenvolveu como modalidade esportiva e quais os seus aspectos que influenciam a atividade turística em destinos litorâneos.

2.5 EVOLUÇÃO DO SURF E SUA INFLUÊNCIA NO TURISMO

A história do surf, apesar de diversos estudos, ainda está imprecisa. Um dos maiores surfistas brasileiros, Rico de Souza, em seu trabalho “Boas Ondas” (2004), aponta que os primeiros a iniciarem a forma mais rústica do esporte teriam sido os taitianos e polinésios, levando em seguida o esporte para o Havaí, onde teve maior desenvolvimento e expansão. O surf no arquipélago havaiano tomou então proporções maiores, onde era relacionado a crenças religiosas e atuava como um separador de classes (os mais nobres podiam utilizar pranchas melhores), e foi então documentado pelo capitão James Cook em sua passagem pelo Havaí em 1778. No entanto, o responsável pela difusão do esporte foi o nadador havaiano

(30)

Duke Kahanamoku, se tornando o “pai do surf moderno, levando-o para os Estados Unidos em 1910, e em seguida para a Austrália.” (SOUZA, 2004, p.18).

No Brasil, o esporte começou a ser praticado nas areias da praia do Arpoador, no Rio de Janeiro, entre 1950 e 1960, chegando à cidade em um momento em que se intensificava nos Estados Unidos, promovendo a nível mundial todas as tradições, cultura e estilo de vida inventados por ele. (GONÇALVES DIAS, 2008). A popularização do surf entre os brasileiros ocorreu simultaneamente à evolução dos tipos de pranchas utilizadas para a prática do esporte. Em 1965, foi criada a primeira fábrica de pranchas no Brasil, a São Conrado SurfBoards, e no mesmo ano foi criada também a Federação Carioca de Surf. A Federação organizou o primeiro campeonato oficial de surf no país, trazendo também americanos praticantes do esporte, o que ajudou ainda mais a promovê-lo no Brasil.

Gonçalves Dias (2008) explica que em 1962 e 1963, dois movimentos marcaram o sucesso do esporte, o primeiro sendo a ampliação do acesso às madeirites (à época, novos tipos de pranchas mais leves e fáceis de usar), e o segundo sendo a constante busca por aqueles que praticavam o esporte de aprimorar a fabricação e o uso das pranchas. O autor ainda aponta que o lançamento de livros, filmes, músicas, roupas e outros artefatos baseados na cultura jovem encontrou um grande mercado no mundo do esporte de uma maneira geral, e principalmente do surf. Ainda, era como se esta exploração comercial do esporte permitisse uma comunicação entre o Havaí e a Califórnia, Califórnia e Austrália e então entre todo o mundo, motivando cada vez mais os desejos por conhecer novas ondas e novos produtos.

O surf começava, então, a provocar fluxos de pessoas tanto nacionalmente quanto internacionalmente. Americanos e australianos vinham para o Brasil e traziam consigo novos modelos de pranchas, tipos de materiais e novas ideias de manobras.a visita do australiano Peter Troy, em 1964, com certeza impulsionou ainda mais o esporte no Rio de Janeiro. Em contrapartida, os surfistas brasileiros viajavam ao redor do mundo, mas principalmente para o Havaí, Califórnia e Austrália, em busca de desfrutar das famosas ondas espalhadas por estes litorais.

Com o regresso dos primeiros brasileiros que tinham viajado ao Havaí no final da década de 60, o surf começa a ser analisado como uma atividade que deve

(31)

ser levada a sério. Saquarema (RJ) foi a cidade escolhida como santuário do surf carioca, e cada vez mais aumentava a disposição para se buscar no exterior referências morais e materiais para serem utilizadas no esporte. Ainda, os brasileiros começavam a ter acesso a diversas revistas estrangeiras, e a equipamentos e roupas específicas para surfistas trazidos dos EUA. De acordo com Gonçalves Dias (2009),

Dessa vez eram os brasileiros que viajavam ao exterior, aprofundando o processo de institucionalização do surf. O primeiro nome que se tem notícia é o de Carlos Eduardo Soares, o Penho, que viajou ao Havaí em 1966. Lá, participou de campeonatos e conheceu nomes consagrados do esporte. (GONÇALVES DIAS, 2009, P. 119)

Rafael Fortes (2011) reforça esta ideia ao afirmar que a revista brasileira de

surf mais famosa, a Fluir, apresentava juntamente com as competições, matérias

sobre viagens como o principal foco da revista. A quantidade de informações passadas ao leitor interessado em viajar era cada vez maior, condições de acesso aos picos de surf, equipamento necessário, presença de outros surfistas locais, custos de viagem e hospedagem, clima, período propício para o surf, transporte e acesso. (FORTES, 2011). Ainda, nestas matérias, a palavra mais recorrente era “sonho”, explorando que as viagens eram os momentos em que os surfistas concretizavam seus sonhos de ondas perfeitas tão imaginadas anteriormente.

As viagens de surf permitem também que o turista/surfista passe o dia inteiro fazendo “a melhor coisa do mundo, sem preocupações de qualquer ordem, praticamente extasiados pelo visual dos lugares e estradas e por surfar ondas indescritíveis” (FORTES, 2011, p. 341). Essas experiências são proporcionadas pelo esporte, e são muito potencializadas pelos lugares.

Será analisado nos próximos capítulos como se desenvolveu o processo de busca pelo surf e turismo em Itamambuca, e a interação entre o surfista, turista, morador e a praia, e a partir de que momento o esporte foi o principal motivador da atividade turística no local.

(32)

3 A PRAIA DE ITAMAMBUCA: DESTINO TURÍSTICO DE SURF

A praia de Itamambuca, que faz parte do bairro homônimo do município Ubatuba, no litoral norte paulista, é considerada uma das principais praias para a prática do surf na região, se tornando um patrimônio natural paulista. Também se caracteriza pelo turismo familiar, principalmente em feriados e na alta temporada, pois é uma região de veraneio da grande São Paulo. Itamambuca se caracteriza então como um destino turístico de lazer, ecoturismo e turismo de esportes/aventura, tendo como atrativos a praia e o rio Itamambuca, além de trilhas, cachoeiras e outras praias próximas.

O bairro de Itamambuca engloba um loteamento, onde há um condomínio residencial e um pequeno comércio, além de uma pequena vila próxima ao rio Itamambuca e também a bacia hidrográfica do rio Itamambuca. O foco deste presente trabalho será o loteamento da praia de Itamambuca (Figura 2).

Figura 2 – Mapa Itamambuca Fonte: Google, abril, 2012

(33)

Ubatuba, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentava em 2010, uma população de 78.801 habitantes, área da unidade territorial 710,783 km² e uma densidade demográfica de 110,87(hab/Km²).

A história de Itamambuca está diretamente ligada à história de Ubatuba, que teve início com a habitação dos índios Tupinambás. Segundo o IBGE,

Foram os índios Tamoios os primeiros habitantes de Ubatuba, que até início do século XVII, possuíam numerosas aldeias. Transcorreu ali, a Confederação dos Tamoios, levante indígena contra os colonizadores portugueses, causado por incentivo dos franceses (Nicolau Durand de Villegaignon) invasores do Rio de Janeiro.(IBGE, 2010)

Em seguida, os padres jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega chegaram à região com o intuito de pacificá-la. Alguns anos depois, o governador-geral do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá e Benevides, decidiu colonizar a região, enviando os primeiros moradores para garantir a terra para a Coroa Portuguesa. O povoado conseguiu sua emancipação político-administrativa e foi elevado à categoria de vila em 28/10/1637, tendo o nome de Vila Nova da Exaltação da Santa Cruz do Salvador de Ubatuba, e como seu fundador Jordão Albernaz Homem da Costa. A população do povoado foi se instalando ao longo da costa, pois o mar era seu meio de transporte. A agricultura comercial cresceu na região, produzindo aguardente, açúcar, fumo, anil e também a pesca. No entanto, em 1787, o presidente da província de São Paulo decretou que todas as embarcações seriam obrigadas a irem ao porto de Santos, deixando Ubatuba com uma decadente economia. A situação só melhorou em 1808, com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, e a consequente “abertura dos portos”, tornando novamente Ubatuba importante no cenário comercial, principalmente por conta da expansão do café. Em seguida, no ano de 1855, Ubatuba elevou-se ao posto de cidade, iniciando o processo de urbanização (NATURAM, s.d.).

A ocupação de Itamambuca é relativamente recente no cenário turístico paulista e nacional. Sua primeira aparição importante na mídia foi em 1986, com o primeiro Sundek Classic, o primeiro campeonato de grande porte localizado na praia.

(34)

O evento foi um grande sucesso, com nomes importantes do surf participando, ondas perfeitas e grande público presente, contando com cerca de cinco mil pessoas no dia decisivo.

No entanto, a história do surf em Ubatuba começou em 1966, quando a primeira prancha chegou à praia da Enseada, sendo usada comunitariamente. Nos anos seguintes, novas pranchas chegaram do Rio de Janeiro, e o esporte começou a crescer entre os moradores. Já em 1971, dois surfistas locais, Paulo e Beto Issa, organizaram o primeiro Festival Brasileiro de Surf, que chamou a atenção dos surfistas cariocas, e, posteriormente, com a abertura da rodovia Rio-Santos em 1974, diversos campeonatos e eventos passaram a ocorrer em Itamambuca. O esporte no local só cresceu na década seguinte, sendo berço de diversos atletas campeões tanto nacionalmente quanto internacionalmente.

A praia de Itamambuca conta com uma associação responsável por preservá-la, a Sociedade Amigos de Itamambuca (SAI), fundada em 1977, com o objetivo de impedir que a local virasse praia de campistas. Atualmente a SAI atua regulando ações sustentáveis na praia, como coleta de lixo, conscientização do visitante/morador, desenvolvimento de ações comunitárias, patrulhamento diurno e noturno das ruas da praia, reflorestamento, entre outros. A associação também participa ativamente dos estudos do projeto de lei de uso e ocupação do solo, a fim de definir um zoneamento coerente e adequado para Itamambuca. Além disso, durante os feriados e alta temporada, é instalada a Zona Azul, nas ruas mais próximas da praia, cobrando estacionamento de todos os não moradores, com o objetivo de limitar o número de turistas e excursionistas.

Atualmente a SAI também atua nos projetos: Projeto Lixo Zero Itamambuca – reciclagem, redução de destino adequado de resíduos; diagnóstico das áreas verdes do loteamento; reflorestamento das áreas verdes – Projeto Adote uma Área Verde, entre outros.

(35)

3.1 OFERTA TURÍSTICA DE ITAMAMBUCA

A oferta turística de Itamambuca compõe-se de opções simples, porém oferecendo o essencial àqueles que procuram a estadia na praia. Para delimitar a oferta turística de Itamambuca, foi realizada uma pesquisa de campo nos dias 19, 20 e 21 de abril de 2012, tendo como instrumentos metodológicos a utilização dos formulários de oferta turística do Ministério do Turismo adaptados para a disciplina de Gestão de Destinos Turísticos do curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense, pelo professor Aguinaldo Fratucci. Estes formulários foram o de atrativo turístico, equipamentos e serviços turísticos, informações básicas do município e o de infraestrutura urbana. Os dados citados encontram-se no apêndice D. Além disso, foi realizada a pesquisa de gabinete e entrevistas com o diretor de meio ambiente Rodrigo Carlos, da Secretaria de Turismo de Ubatuba.

No loteamento e nas proximidades de Itamambuca, são facilidades como meios de hospedagem como pousadas, campings e resorts, pequenos restaurantes, creperia, lanchonete, quiosques, um pequeno mercado e uma padaria que tornam o destino viável à exploração de um número maior de turistas. O centro da cidade de Ubatuba, localizado a cerca de 10 km de Itamambuca, pode ser considerado parte da oferta, pois ali se encontram um número maior de meios de hospedagem, restaurantes, comércio e até um centro de informações turísticas. Assim, observam-se para região, todos os elementos que compõem a oferta turística: atrativos naturais, caracterizado pela praia e boas ondas para a prática do surf; os equipamentos e serviços turísticos, caracterizados pelos meios de hospedagem e serviços de alimentação no local; a supraestrutura, caracterizada pela Secretaria de Turismo de Ubatuba e a Associação Ubatuba de Surf (AUS); e a infraestrutura de apoio turístico, como os hospitais, serviços de comunicação, transportes, segurança, de informações e de educação, tanto na praia de Itamambuca quanto no centro de Ubatuba.

(36)

3.1.1 Atrativos Turísticos

Foram observados como os principais atrativos turísticos da localidade a praia, como atrativo natural e os eventos esportivos, que acontecem anualmente.

A praia de Itamambuca, localizada a 12 km do centro de Ubatuba, é uma das mais de noventa e duas que o município apresenta no continente, além das dez existentes nas ilhas do território municipal (SETUR, s.d.). A praia de Itamambuca é considerada pelos visitantes e pelos próprios moradores de Ubatuba e das comunidades próximas como a mais importante e melhor praia para a prática do

surf, pois recebe boas ondulações de leste, sul e sudeste durante o ano inteiro,

proporcionando excelentes condições para surfistas de todos os níveis, do iniciante aos surfistas profissionais. A praia ainda é cercada por dois rios que deságuam no mar, sendo o maior o Rio Itamambuca, onde é possível nadar. Na areia, próximo ao rio há opções de aluguel de caiaque, para ser utilizado ao longo do rio. O rio Itamambuca possui 1,5 km de águas tranquilas e 14,5km de corredeiras, sendo monitorado semanalmente pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), tendo a sua balneabilidade avaliada. A CETESB também mobiliza diversos órgãos e entidades para ajudar a diminuir – se possível zerar - a incidência de bandeiras vermelhas, que indicam o uso impróprio do Rio.

Figura 3– Praia de Itamambuca Fonte: Acervo pessoal, janeiro, 2012

(37)

Os eventos de surf realizados no município de Ubatuba, e principalmente na praia de Itamambuca são grandes atrativos tanto para os adeptos do esporte quando para os espectadores. Esses eventos são também a principal fonte de mídia de Itamambuca, momentos em que o destino consegue se vender como destino propício e ideal para a prática do surf.

Figura 4– Praia e Rio Itamambuca Fonte: Google, maio, 2012

Os principais eventos em Itamambuca, segundo o calendário de eventos de 2011 da Secretaria de Turismo de Ubatuba, são: Maresias Paulista de Surf, que ocorre em maio; Hang Loose Surf Attack, ocorrendo entre o final de maio e início de junho; a segunda etapa do Ubatuba Pro Surf, em julho; Tent Bench SP Contest de

Surf, no início de agosto; a terceira etapa do Ubatuba Pro Surf, em setembro; Quiksilver Paulista Universitário de Surf, também em setembro.

Estes campeonatos são, para Itamambuca, o principal modo de exposição na mídia, quando ocorrem investimentos de grandes patrocinadores e a participação de surfistas profissionais importantes no cenário do esporte. Essa evidência dos ídolos do surf funciona também como uma forma de profissionalizar ainda mais o esporte.

Cabe aqui destacar as etapas do Ubatuba Pro Surf, o maior circuito profissional municipal do Brasil. O Ubatuba Pro Surf possui estrutura de nível internacional, e conta com a participação de juízes do circuito nacional, todos filiados

(38)

à Associação Brasileira de Surf Profissional (ABRASP). Este campeonato recebe grande atenção de todo o país, dos principais patrocinadores e também de jovens surfistas profissionais em início de carreira que buscam uma chance de se alavancar dentro do esporte.

Destaca-se também o Maresia Surf Pro, evento que define o campeão estadual e oferece uma premiação superior a cem mil reais, além de colocar o campeão na elite do surf nacional, o Brasil Surf Pro. São etapas como estas, que além de lotarem o destino, são transmitidas pela internet e televisão para todo o Brasil, divulgando para amadores, profissionais e simpatizantes a praia e suas condições mais que ideais para o surf.

Há também eventos esportivos não relacionados às competições, como o “Surf e Praia para todos”, que no verão de 2011 ocorreu na Praia Grande de Ubatuba, além de outros municípios no litoral paulista. O evento foi organizado pela Skol, com realização da revista e organização ALMASURF, e dispôs aos espectadores aulas de surf grátis, além de uma mostra de artes plásticas e uma mostra de cinema, todos ocorrendo a céu aberto, na própria praia. O “Surf e Praia para todos”, apesar de não ser realizado na praia de Itamambuca em si, acaba por disseminar o esporte e o estilo de vida do surfista na sociedade, convocando mais pessoas a aderirem ao surf.

3.1.2 Equipamentos e Serviços Turísticos

Durante o levantamento da oferta turística de Itamambuca, foram pesquisados os meios de hospedagem, os equipamentos de alimentação e outros serviços existentes no atrativo. Constatamos que Itamambuca não possui uma oferta turística focada em atrair mais visitantes, e sim em atender as necessidades básicas daqueles que já visitam ou possuem casas no condomínio.

Foi possível observar que a oferta de hospedagem não possui um número amplo de unidades habitacionais, mas possui serviços diferenciados, atendendo a variadas demandas, como ilustrado no quadro a seguir:

Referências

Documentos relacionados

Ficou com a impressão de estar na presença de um compositor ( Clique aqui para introduzir texto. ), de um guitarrista ( Clique aqui para introduzir texto. ), de um director

A proposta colocada para esse trabalho foi de dimensionar uma moto bomba, movida a um motor de combustão interna para o reabastecimento de água em uma caldeira específica de

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

Foi apresentada, pelo Ademar, a documentação encaminhada pelo APL ao INMETRO, o qual argumentar sobre a PORTARIA Nº 398, DE 31 DE JULHO DE 2012 E SEU REGULAMENTO TÉCNICO

Neste trabalho avaliamos as respostas de duas espécies de aranhas errantes do gênero Ctenus às pistas químicas de presas e predadores e ao tipo de solo (arenoso ou

Hu (Hu, 1996) e Maury (Maury, 1999) apresentaram simula¸c˜oes de acoplamento de movimento de part´ıculas e fluxo de fluido utilizando o m´etodo dos elementos finitos, para problemas

Our contributions are: a set of guidelines that provide meaning to the different modelling elements of SysML used during the design of systems; the individual formal semantics for

(essencialmente toalhas adamascadas, damasquilho de linho e algodão, panos de linho e lenços de linho e algodão, desenvolvidos essencialmente em 17 freguesias do concelho