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EVASÃOUMAREALIDADEENFRENTADANAEDUCAÇÃODEJOVENSEADULTOSEMVIAMÃO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

ESPECIALIZAÇÃO EM INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL À EDUCAÇÃO BÁSICA NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E

ADULTOS

EVASÃO: UMA REALIDADE ENFRENTADA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM VIAMÃO

ANDERSON LUÍS DO AMARAL DOS SANTOS Orientadora: Profª. Dra. Simone Valdete dos Santos

PORTO ALEGRE 2009

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FICHA CATALOGRÁFICA

___________________________________________________________________________ S237e Santos, Anderson Luís do Amaral dos

Evasão: uma realidade enfrentada na Educação de Jovens e Adultos em Viamão / Anderson Luís do Amaral dos Santos ; orientadora Simone Valdete dos Santos. – Porto Alegre, 2009.

51 f. : il.

Trabalho de conclusão (Especialização) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação. Curso de Especialização em Educação Profissional integrada à Educação Básica na Modalidade Educação de Jovens e Adultos, 2009, Porto Alegre, BR-RS.

1. Educação. 2. Educação de Jovens e Adultos. 3. EJA. 4. Evasão escolar – EJA – Viamão, RS. I. Santos, Simone Valdete dos. II. Título

CDU 374.7 _____________________________________________________________________________ CIP-Brasil. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação.

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RESUMO

Diariamente crianças, jovens e adultos abandonam os bancos escolares. Os motivos da desistência, algumas vezes, já são do conhecimento dos professores. Se o professor já conhece os causadores da evasão escolar, o que está sendo feito para coibir ou resgatar aqueles que abandonam os bancos escolares? Alicerçado em pesquisas teóricas (manuscritos) e práticas (entrevista) sob o tema evasão, o presente trabalho tem por objetivo elencar as causas do abandono escolar no ensino fundamental na modalidade de Educação de Jovens e Adultos, e propor possíveis soluções para, se não erradicar, diminuir o índice de evasão nas escolas.

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Introdução

O abandono escolar é um dos fatores que assola a educação e que preocupa a sociedade devido ao fato de ser, também, um fator de exclusão social. Os educadores se questionam cada vez mais com essa problemática. O estudo aqui apresentado tem como tema relevante a evasão, no entanto, para revelar os motivos de tal, temos que investigar como o público da Educação e Jovens e Adultos (EJA) chega a essa modalidade do ensino fundamental.

A proposta aqui é entender o porquê do fechamento de escolas municipais com a modalidade EJA no município de Viamão.

Para elaborar esse trabalho produzi uma pesquisa preliminar em uma escola municipal na cidade de Viamão, região metropolitana de Porto Alegre. Tal pesquisa efetivou-se com alunos dessa modalidade. É relevante salientar que o tema evasão é complexo e que o público com o qual foi realizada a pesquisa inicial tem idade entre 15 e 60 anos, e obviamente, muitos, pela sua idade, em algum momento tiveram que adiar a vida de estudante e hoje retomam essa atividade.

Ao definir meus objetivos, delimito os estudos a partir de alguns questionamentos:

 Quem são os educandos da EJA?

 Quais os objetivos desses educandos ao chegarem nessa modalidade?

 Quais os motivos que contribuem para evasão?  O que fazer para reduzir ao máximo a evasão?

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Objetivos

A evasão escolar é um problema de cunho educacional e social que preocupa educadores, governo e também a sociedade, pois é um dos causadores da exclusão social.

Este trabalho propõe-se em:

a) Analisar os agentes da evasão escolar no ensino fundamental na modalidade Jovens e Adultos (EJA);

b) Realizar pesquisa quantitativa para diagnosticar os agentes causadores da evasão escolar;

c) Fazer uma reflexão acerca dos resultados obtidos através da análise dos dados coletados;

d) Relacionar a evasão com fechamento de escolas com essa modalidade;

e) Expor possíveis fatores que possam reduzir a evasão nas escolas públicas no município em questão.

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Por que o aluno reprova 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% Desinteresse Bagunça Dificuldades Falta de atenção Falta de respeito Irresponsabilidade Falta de explicação Faltar às aulas Matar aula Problemas familiares Relacionamento professor-aluno N° de alunos por sala

Meninos Meninas

Fundamentação Teórica

A investigação do tema abordado tem por alicerce diversos autores, que enriquecem a presente obra. Falar de Educação de Jovens e Adultos é trazer à tona uma problematização de um passado que historicamente se repete ano após ano. O abandono dos estudos inicia-se, muitas vezes, na infância e os motivos são inúmeros. Uma pesquisa realizada nas séries finais do ensino fundamental em 2005 no município de Viamão nos mostra que há um grande desinteresse dos alunos, nessa modalidade, pelos estudos, o que posteriormente incide em reprovação.

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Outros m otivos 21,73% Falta de renda 27,09% Oferta 10,89% Falta de interesse 40,29%

O jornal Zero-Hora (16 abril de 2009) apresenta uma reportagem, a partir de dados obtidos do IBGE e FGV, que revela informações sobre a evasão escolar na região metropolitana (Anexo I).

O gráfico abaixo representa as razões que levam adolescentes de 15 a 17 anos a abandonar a escola no país (em 2006).

Esses alunos que já usufruíram do processo de educação regular e que não se encaixam nesse sistema, seja pelas continuas repetências ou pela desistência devido a motivos alheios, são ou serão os alunos da modalidade de educação de jovens e adultos. O aluno que sai do ensino regular e ingressa nessa modalidade encontrará um novo universo.

Apoiado, primordialmente, em Paulo Freire busco responder as indagações que assolam nossos educadores e escolas. Acredito que esse autor, bem como outros que serão citados, serão meus norteadores para fundamentar essa obra.

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Método de Pesquisa

A busca por resposta às questões pertinentes à evasão, nos remete a um campo sem fronteiras no que diz respeito as possíveis indagações com relação a essa problemática. Para obter um diagnóstico mais preciso, será utilizado o método quantitativo, pois esse é o método que melhor se adapta ao contexto abordado. Com esse método será possível analisar os resultados obtidos através de questionários.

O uso desse método pode ser justificado em Richardson (pág. 89): “Na coleta de dados, o questionário prévio pode ajudar a evitar perguntas rotineiras e a identificar características objetivas, como, por exemplo, geopolíticas de uma comunidade, que podem influir no contexto da pesquisa”. (1999)

A abordagem de questionários proporcionará uma visão mais objetiva para essa pesquisa. A pesquisa foi realizada em uma escola com a modalidade EJA e com dados sobre as matrículas no ano de 2007 no município de Viamão.

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Porto Alegre Alvorada

Gravataí

A cidade de Viamão

Com uma população estimada em quase de 262 mil habitantes e uma área de 1.650 km², o município de Viamão, localizado na região metropolitana de Porto Alegre, é considerado um dos municípios mais importantes do Rio Grande do Sul. Sua área urbana é de aproximadamente 280km² e a rural 1.244 km².

Viamão é o maior município em extensão da região Metropolitana de Porto Alegre e da microrregião de Porto Alegre. O município é interceptado pela RS 118 e RS 040. Ao Sul esta localizada Lagoa dos Patos; a Leste Capivari do Sul; a Oeste, Porto Alegre. Em suas terras predomina a política de desenvolvimento sustentável aliado a preservação ambiental. Na agropecuária destacam-se o cultivo do arroz, hortigranjeiros, gado leiteiro e gado de corte. No Parque Estadual de Itapuã podemos encontrar uma diversidade de

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espécies naturais, vegetais e praias de água doce. No Centro, as edificações antigas da arquitetura colonial portuguesa e Igreja Matriz são as atrações. O Autódromo Internacional de Tarumã é um dos mais importantes do país. Eventos tradicionais e o artesanato também fazem parte da rota turística.

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O que é a EJA?

A escola é um direito de todo cidadão brasileiro, conforme a constituição de 1988 (art. 6°), e uma obrigação do Estado em ofertá-la e da família promovê-la. A Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB) é clara, no artigo 4°, quanto explicita que todo cidadão tem direito à educação e é dever do Estado em atendê-lo oportunizando oferta qualificada. A educação tem por finalidade realizar o desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (Constituição, art. 2005, e LDB art. 2°). Então, fica evidente que a missão da escola, tal como definido em lei é, justamente, promover o pleno desenvolvimento do educando, preparando-o para a cidadania e qualificando para o trabalha.

Muitas crianças ingressam nas escolas no Brasil, mas infelizmente muitas destas não conseguem terminar o ensino fundamental. Os motivos são velhos conhecidos de quem atuam na educação: dificuldades de aprendizagem, reprovação e evasão são algumas delas. Esses motivos, entre outros não mencionados, são os geradores do público da Educação de Jovens e Adultos (EJA). A educação de Jovens e Adultos é uma modalidade integrante da educação básica direcionada àqueles que não conseguiram, na idade própria, ter acesso ou concluir os estudos. A expressão “Educação de Jovens e Adultos” surge para substituir o termo ensino supletivo da Lei nº 5.692/71. Nos dias atuais essa modalidade se estende ao processo de alfabetização, cursos ou exames supletivos nas etapas fundamental e média. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), no § 1o do art. 37 é claro:

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“Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas...”

A EJA surge como um uma modalidade reparadora e/ou conclusiva para aqueles que por inúmeros motivos abandonaram a escola e que mais tarde, por interesse ou necessidade, retornam para os bancos escolares a fim de concluir os estudos. Nesse espaço o incentivo, o resgate da auto-estima e a busca da cidadania plena são objetivos que diferenciam essa modalidade da regular. O ambiente diferenciado proporciona a construção de um ser mais critico, voltado para o seu cotidiano, pronto para agir de forma comprometida com a transformação da sociedade.

Segundo Jacques Delors:

“A educação deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais: aprender a conhecer adquirindo instrumentos de compreensão; aprender a fazer para agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, para participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; aprender a ser para melhor desenvolver a sua personalidade.”

A EJA tem como funções básicas: a) Reparação

b) Equalizar c) Qualificar

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A EJA deve proporcionar uma reavaliação do pensar, atualizar o conhecimento do cotidiano e do mundo que cerca aos que estão nessa empreitada.

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Como Surgiu a EJA em Viamão

Segundo IBGE/1991, Viamão tinha um alto índice de analfabetismo. Para reverter esse quadro, em 1998 foi criado o Projeto de Alfabetização de Jovens e Adultos (AJA) em convênio da prefeitura e MEC/FNDE. A coordenação do projeto colocou em prática, junto aos professores envolvidos, os princípios da Proposta pedagógica construtivista pós-piagetiana com assessoria inicial sistemática do GEEMPA (Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação) baseado em pesquisas fundamentada pelos autores Jean Piaget, Vigotsk, Wallon, Paulo Freire, Gerar Vergnaud e outros, através de um processo de inclusão social e enfatizando a cultura e a cidadania e vinculando a questões sócio-antropológica.

Durante a execução do projeto foram realizadas diferentes atividades culturais envolvendo as turmas e dada assessoria direta aos professores com relação aos conhecimentos construídos em sala de aula, bem como as intervenções didático-pedagógicas necessárias para a mudança de nível de cada aluno visando a alfabetização. Para o enriquecimento do mesmo foram também fornecidos, além de materiais para os alunos, materiais de suporte para o professor como livros de fundamentação teórica da proposta, jogos, caderno de atividade, etc...

Agregou-se também a proposta de Arte e Cultura na sala de aula com Conhecimento da história de vida de vários artistas e pintores, de diferentes épocas, acrescentando-se a isto a compra de quadros para exposição e estudo nas escolas.

Assim sendo, o projeto desmembrou-se em três etapas no qual os alunos aprenderam a ler e escrever em três meses:

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Etapa Período Alfabetizados 1ª novembro/1998 a janeiro/1999 236

2ª março à junho/1999 370

3ª julho à outubro/1999 256

O público alvo, jovens e/ou adultos analfabetos, eram convidados, pelas vilas de Viamão*, a fazerem parte de uma classe de alfabetização. Com o despertar do desejo e a crescente vontade de aprender destes jovens e adultos, que um dia passaram por crianças, adolescentes massacrados e discriminados por uma sociedade capitalista, individualista e competitiva, reforçada por um ensino que só incluía os mais capazes, competentes, “inteligentes” e excluía quem não se apropriasse do conhecimento estabelecido e que, foi realizado o AJA (Alfabetização de Jovens e Adultos) fazendo valer o direito à Educação, a Cidadania e a inclusão na cultura possibilitando a criatividade, a autonomia e, com isso favorecendo a transformação da sociedade.

Este novo paradigma de qualidade de vida adquirido por estes jovens e adultos fez, com que, cada vez mais o conhecimento fosse alimentado por diferentes saberes construído a partir das aprendizagens socializadas nos grupos. Com isto houve a solicitação, ou seja, o pedido dos alunos alfabetizados ao prefeito para a continuidade dos seus estudos. Desta forma, em março de 2000 iniciou-se o EJA (Programa de Educação de Jovens e Adultos) convênio prefeitura municipal e MEC/FNDE que teve e tem como principal objetivo propiciar a educação a Jovens e adultos. Esse programa, destinado às classes populares e voltado para um público com idade a partir de 15, propiciava o acesso a Educação Básica ou continuidade de estudos nas

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séries iniciais (1ª à 4ª série) aos que não tiveram a oportunidade de estudar ou que tivessem abandonado os estudos.

Frente a este Estímulo, no 1° semestre de 2001 havia uma média de 400 alunos cursando a 5ª série ou supletivo.

No ano de 2000 foram atendidos alunos de alfabetização e de 2ª à 4ª série em turmas multiseriadas com 900 alunos matriculados, constituindo 51 turmas envolvendo 46 escolas municipais da rede, uma ONG e uma escola estadual. Cada etapa entre alfabetização a 4ª série abrangia três meses onde a cada término o aluno seria promovido, havendo a mudança para a próxima etapa.

As ações destes programas incluíam atividades de música, teatro, artes plásticas, inclusão nos eventos das escolas onde as turmas funcionavam objetivando a integração das mesmas e incorporando a Cultura ao processo de ensino-aprendizagem servindo também de instrumento para as atividades didático-pedagógicas planejadas pelo professores em consonância com os desejos e interesse dos alunos.

_____________________________

* Os professores iam de casa em casa procurando por pessoas que se encaixassem na modalidade AJA

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O contato com a Educação de Jovens e Adultos

No final do ano de 2004 eu fui nomeado em um concurso realizado pela prefeitura de Viamão. Nessa ocasião optei por duas escolas, Cristiano Vieira da Silva, na zona rural (diurno) e a outra, Vinte de Setembro, na zona urbana (noturno). A escola da zona rural era uma escola de ensino regular, já a urbana tinha outra realidade, era uma escola voltada para um público diferenciado. Os estudantes do noturno nessa escola ocupavam uma modalidade denominada de Educação de Jovens e adultos. Durante minha trajetória acadêmica tive diversas disciplinas que traziam a tona à educação de adultos, mas ficou na teoria. A minha pratica ficou restrita a minha jornada depois de formado. Aprendi, na prática, no dia-a-dia, a trabalhar com pessoas tão diferentes e carentes de algo que não é apenas o conhecimento. Os alunos que frequentam essa modalidade se caracterizam, predominantemente, como alunos que deixaram de estudar na infância ou adolescência por diversos motivos, entre eles o desinteresse pelos estudos, o fracasso escolar, a necessidade de trabalhar e a necessidade de cuidar da família. Foi muito laborioso esse processo de transição pelo qual passei. Para superar esse processo eu contei com a colaboração de outros colegas, com uma maior experiência nessa área e que já trabalhavam nessa escola. Muitos desses colegas fizeram parte do processo pioneiro de alfabetização em Viamão naquela comunidade e que posteriormente deram continuidade com abertura de turmas (etapas) para que os alunos pudessem dar continuidade aos estudos e não parassem após a alfabetização. Mudei muito minha postura, pois os alunos tinham muitas dificuldades, principalmente os mais velhos, por terem

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retomado os estudos após muitos anos sem estudar, alguns jovens, pela defasagem de aprendizagem ou até mesmo pelo desinteresse, características dos alunos adolescentes que eram transferidos para o noturno para amenizar conflitos que ocorriam no diurno. Não posso deixar de citar os alunos com excelente nível intelectual e acentuado desejo pelo conhecimento. Trabalhar com alunos tão diferentes exigiu-me árdua dedicação, compreensão e inovação em minha prática como docente. Trabalhar com jovens e adultos é algo fascinante, pois toda aula é uma construção distinta e exige constante transformação para atingir os vários universos que transcendem o campo de aprendizagem devido às barreiras imposta por cada um, seja intelectual, de idade ou até mesmos pelo cansaço físico. Alunos com idade bem avançada muitas vezes querem apenas a companhia, cansados da vida como “piões de obra”, buscam concluir os estudos para conquistar o almejado sucesso profissional. Ensinei e muito aprendi com alunos, aprendi a escutar quem quer ser ouvido, dar atenção a quem necessita parar para conversar sobre o dia-a-dia dos alunos, éramos mais do que professor e alunos, aos poucos nos dedicávamos mutuamente e nos tornávamos uma grande família. Nessa jornada tive muitas perdas, pois muitos alunos se evadiam devido às dificuldades, problemas familiares, trabalho ou até mesmo por falta de segurança no trajeto casa/escola. Fazíamos o possível para resgatar esses alunos e manter os frequentes.

Com apoio dos colegas fui superando os obstáculos e absorvendo o objetivo dessa modalidade. Com o passar dos anos o quadro se mantinha o mesmo, no início do ano turmas lotadas, no decorrer do ano os alunos se evadiam, e os motivos eram sempre os mesmos. Havia casos de alunos que

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frequentavam a escola apenas no inicio por uma necessidade de estar frequentando uma escola para ter determinado privilégio. Atualmente o município de Viamão vem reduzido, periodicamente, à oferta dessa modalidade. Os números da evasão alertaram a secretaria de educação para essa problemática, e a mesma tomou as medidas cabíveis para reverter essa situação. Para atenuar esse quadro, a secretaria de educação reestruturou o quadro da EJA, diminuiu o quadro de professores e criou área de conhecimentos para atender a necessidade dos educandos e promover o “acesso ao emprego”. Focados em trabalhar com a realidade bem como “as necessidades” da comunidade, essa reestruturação visa aumentar a clientela e minimizar a evasão escolar.

A tabela abaixo nos permite visualizar como ocorreu essa nova estruturação.

Estrutura vigente até de 2006 Estrutura após 2006

Disciplinas Área do Conhecimento

Ciências

Matemática Ciências Naturais e Matemática Ensino Religioso Geografia História Ciências Sócio-Históricas Inglês Literatura Português Comunicação

Artes Expressão Corporal e Plástica

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O ProJovem ×××× EJA em Viamão

O ProJovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens) é um programa do criado pelo governo federal, destinado a jovens na faixa etária de 18 a 24 anos, desempregados e sem vínculos formais de trabalho, que concluíram a 4ª série e que não concluíram a 8ª série do ensino fundamental. O objetivo desse programa é promover a inclusão social, através da integração entre a formação básica, qualificação profissional e ação comunitária. Superar as situações impostas pela posição social, financeira e até mesmo pelo local em que se encontra essa clientela, em sua maior parte, oriundos das periferias e bairros pobres e/ou violentos também são objetivos do ProJovem. Ao integrar educação, qualificação profissional e ação comunitária o programa oportuniza a seus educandos formas diferentes de integração, apropriação de novos conhecimentos, e formas de reelaborarem suas próprias experiências e visão do mundo. Com essa proposta o ProJovem chegou em todo território nacional em 2005. Essa proposta atentou muitos alunos da modalidade EJA a migrarem. Esse programa do governo federal prometia além de bolsa auxílio para alunos frequentes, a conclusão do ensino fundamental em tempo menor do que o da EJA. Muitos alunos que tinham idade para essa proposta migraram. Acredito que essa reestruturação aconteceu para confrontar o PROJOVEM, pois os ideais, inicialmente, eram muito similares.

Essas modificações na EJA não minimizaram a evasão. Os motivos da evasão, mesmo que já conhecidos, me instigam e persiste ainda hoje como um tema preocupante visto que atualmente essa modalidade parece estar se “extinguindo” nesse município. Em 2009 a escola Vinte de Setembro, que foi uma das escolas pioneiras na modalidade de Educação de Jovens e Adultos,

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por determinação da Secretaria da Educação, fechou as portas para esse público. Sobraram no município apenas quatro escolas ofertando essa modalidade.

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A pesquisa

As constantes repetências, os atrasos e os insucessos escolares são indicadores das desigualdades e tornam-se focos de inúmeros estudos que almejam associar resultados escolares e origem social. Esses indicadores são freqüentes em qualquer modalidade e muitas vezes culminam na evasão escolar. Como já foi mencionado no início da presente abra, a evasão é preocupante, mas na EJA podemos notar que esse fenômeno é alarmante devido aos altos índices que chegam próximo aos 50% em toda a rede municipal.

Para entender melhor os motivos da evasão em Viamão, na modalidade EJA, foi realizada uma pequena pesquisa com um grupo de alunos nessa modalidade na escola Vinte de Setembro. A pesquisa foi realizada em três turmas. Os alunos dessa modalidade se caracterizam por terem, em algum momento de suas vidas, abandonado a escola, seja pelo insucesso escolar ou até mesmo por uma oportunidade de trabalho. A pesquisa buscou identificar os possíveis motivos do abandono escolar ocorrido em alguma etapa da vida dos estudantes nessa modalidade. Os alunos pontuaram aqueles itens que influenciaram ou que acreditavam ser os responsáveis pela evasão escolar.

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Pesquisa realizada no final de 2008 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1 Bagunça

2 Companheiro não permite 3 Conflitos com colegas

4 Desgaste com trabalho e escola 5 Desinteresse

6 Dificuldade de aprendizagem 7 Distância entre casa e escola

8 Escola que não proporciona o que o aluno busca 9 Falta de perspectiva

10 Família (filhos) 11 Fracasso escolar

12 Incompatibilidade de horário com trabalho/escola 13 Preguiça

14 Saúde 15 Trabalho

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A tabela anterior nos mostra como os alunos, freqüentes, vêem a evasão escolar. Fica claro que um dos principais motivos da evasão é a necessidade de trabalhar.

Em entrevista (anexo II), o Secretário da Educação, José Gilnei Mielke Leite, faz o seguinte comentário:

“Acontece que se matriculava 35, 40, 50 alunos por turma, dependendo da região e da escola, quando chegava à metade do ano haviam 10, 12 e no final do ano chegava com 4, 5 ...”

Esse fato podemos facilmente entender. Muitos alunos ingressam na EJA com o propósito de estudar, mas no decorrer do ano, o tempo gasto com o percurso trabalho e escola vai tornando-se um fator preponderante para o abandono dos estudos. Um atraso hoje, outro amanhã, o corpo cansado após um dia de trabalho, sala de aula com “jovens” que muitas vezes só perturbam, são situações que, muitas vezes, culminam com abandono escolar, o que é muito comum nessa modalidade. Existem outros fatores elencados, mas o trabalho foi o fator mais indicado como causador da evasão.

A evasão nas escolas municipais de Viamão é facilmente detectada ao compararmos o número de matrículas iniciais e finais no ano de 2007. Para isso a tabela a seguir nos mostra, em números, essas informações.

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Analisando a tabela abaixo podemos realizar uma previa comparação das matrículas iniciais e finais em Viamão.

Aprovados Reprovados Transferidos Evadidos

Matrícula Inicial

Matrícula Final

Etapa Etapa Etapa Etapa

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV

Alberto Pasqualini 2 4 69 57 4 5 2 6 1 1 6 13 10 9 86 144 389 149

Apolinário A Santos 4 5 15 20 13 11 9 10 0 0 2 0 11 8 24 25 157 87

Araçá 2 6 42 59 1 4 2 3 1 2 2 1 10 21 41 32 229 119

Dom Diogo de Souza - - - - - - 36 - - - - - - 1 - - - - - - 5 - - - - - - 15 57 37

Farroupilha 18 29 61 94 5 4 2 5 0 0 1 4 22 14 115 77 451 218

Jardim Viamar - - - - - - 32 - - - - - - 4 - - - - - - 1 - - - - - - 19 56 36

Luciana de Abreu 9 12 38 99 8 8 17 13 0 0 8 7 24 29 95 48 415 204

M. H. A. Castelo Branco 8 17 75 94 12 8 31 21 0 0 10 4 8 15 48 44 395 266

Monte Alegre - CAIC - - - - - - 94 - - - - - - 7 - - - - - - 3 - - - - - - 32 136 101 N. Sra da Conceição - - - - - - 46 - - - - - - 2 - - - - - - 0 - - - - - - 16 64 48 Pres. Getúlio Vargas - - - - - - 61 - - - - - - 0 - - - - - - 6 - - - - - - 37 104 61 Recanto da Lagoa - - - - - - 54 - - - - - - 0 - - - - - - 4 - - - - - - 30 88 54

Ricardo Faicker Nunes 0 5 39 53 21 13 24 10 0 0 5 3 8 7 67 18 273 546

Vinte de Setembro 6 9 53 70 4 4 13 13 0 0 1 5 18 25 68 65 354 172

Sub Total 49 87 392 869 68 57 100 95 2 3 35 56 111 128 544 602 3.168 2.098

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A partir dessas informações podemos estabelecer o percentual de evasão por etapas e em cada escola.

Aprovados e Reprovados Evadidos % de Evadidos

Matrícula Inicial

Matrícula Final

Etapa Etapa Etapa

I II III IV I II III IV I II III IV

Alberto Pasqualini 6 9 71 63 10 9 86 144 63% 50% 55% 70% 389 149

Apolinário A Santos 17 16 24 30 11 8 24 25 39% 33% 50% 45% 157 87

Araçá 3 10 44 62 10 21 41 32 77% 68% 48% 34% 229 119

Dom Diogo de Souza - - - - - - 37 - - - - - - 15 - - - - - - 29% 57 37

Farroupilha 23 33 63 99 22 14 115 77 49% 30% 65% 44% 451 218

Jardim Viamar 36 19 35% 56 36

Luciana de Abreu 17 20 55 112 24 29 95 48 59% 59% 63% 30% 415 204

M. H. A. Castelo Branco 20 25 106 115 8 15 48 44 29% 38% 31% 28% 395 266

Monte Alegre - CAIC - - - - - - 101 - - - - - - 32 - - - - - - 24% 136 101

N. Sra da Conceição - - - - - - 48 - - - - - - 16 - - - - - - 25% 64 48

Pres. Getúlio Vargas - - - - - - 61 - - - - - - 37 - - - - - - 38% 104 61

Recanto da Lagoa - - - - - - 54 - - - - - - 30 - - - - - - 36% 88 54

Ricardo Faicker Nunes 21 18 63 63 8 7 67 18 28% 28% 52% 22% 273 546

Vinte de Setembro 10 13 66 83 18 25 68 65 64% 66% 51% 44% 354 172

Sub Total 117 144 492 964 111 128 544 602 49% 47% 53% 38% 3.168 2.098

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Podemos notar que o número de matrículas ao final do ano letivo se seduz a quase 50%.

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Algumas considerações

Viamão é a maior cidade, em extensão territorial, da região metropolitana, e apresenta uma irregularidade na distribuição demográfica. Existem diversos bairros separados por grandes porções de terras (campos). A falta de emprego dá ao município a condição de cidade dormitório. Esses dois fatores, distância e falta de empregos, são, segundo os alunos, os causadores da evasão na EJA.

A repetência, a necessidade de trabalho para gerar uma renda familiar e a distorção série-idade são fatores que eu considero preponderantes no abandono escolar na EJA. Por se tratar de uma modalidade que visa, inicialmente, um público com idade mais avançada, a EJA busca assegurar o retorno aos estudos daqueles que, em outrora, tiveram que interromper seus estudos. Assim temos dois grupos, o primeiro aquele formado por adultos com mais de 18 anos e o segundo grupo formado por jovens entre 15 e 18 anos.

O público adulto, geralmente é constituído por subempregados, desempregados, trabalhadores informais que fazem parte de populações em situação de risco social e/ou são responsáveis pela sobrevivência da família, com pouco tempo para o estudo fora da sala de aula. (BRASIL, 2007)

Esse público, em sua maioria, busca concluir os estudos na esperança de aumentar a renda familiar ou para poder ingressar no mercado de trabalho.

O público mais jovem é formado por adolescentes que têm procurado essa modalidade, seja por uma necessidade de trabalho, por inúmeras repetências ou, até mesmos, por uma conduta imprópria na modalidade seriada. O adolescente ao ingressar na EJA é tratado como adulto, e esse adulto, segundo Furter (1978), é um ser humano inacabado. Essa transição,

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muitas vezes, não ocorre em um ano, pois o adolescente continua na adolescência, porém inserido em um grupo de adultos.

Essa diversidade etária faz da EJA uma modalidade onde surgem divergências no que diz respeito às vivências, culturas, objetivos e comprometimento de cada individuo ou até mesmo de um determinado grupo. O secretário de educação do município faz o seguinte relato, quanto a essa diversidade:

“Alguns anos atrás era muito tranquilo e característico ter um grupo de gente mais jovem, mas a predominância era de pessoas mais velhas, gente mais vivida, que retornava depois de um certo tempo para a escola, aí a EJA é a que dava a acolhida, mas hoje, tem um grupo muito grande de jovens que são encaminhados do diurno pro noturno por que no diurno não deu certo. Então isso muitas vezes virava como que uma medida sócio-educativa ou disciplinar.”

O conflito entre esses grupos se dá devido, primordialmente, por que o adulto está em um momento mais competitivo (trabalho), das relações interpessoais (família/trabalho), possui uma bagagem de experiências vividas, conhecimentos adquiridos ao logo dos anos ao contrário do adolescente, que muitas vezes é descomprometido e que está vivendo o momento.

Para esses grupos a EJA surge como uma oportunidade, um início ou recomeço, um mecanismo de inserção social e/ou profissional.

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A declaração de Hamburgo (BRASIL, 1997), artigo 3 esclarece:

“Entende-se por educação de adultos “o conjunto de processos de aprendizagem, formais ou não formais, graças aos quais as pessoas, cujo, entorno social consideram os adultos, desenvolvem suas capacidades, enriquecem seus conhecimentos e melhoram suas competências técnicas e profissionais ou as reorientam a fim de atender às suas próprias necessidades e às da sociedade” (p. 16).

A Educação de Jovens e Adultos está amparada pela Lei n° 9.394/96 (vide anexo III) que legitima a possibilidade da continuidade dos estudos, mesmo para aqueles fora da idade adequada, visando à preparação para o mundo do trabalho e à prática social.

Visto as características dessa modalidade, faço um breve comentário a cerca dos fatores que contribuem para a evasão.

Na pesquisa com alunos o fator que mais contribui para a evasão é o trabalho, fato este constatado em pesquisa divulgada em jornal local (anexo I), outros fatores como família e desgaste com trabalho e escola também foram citados.

Afim e minimizar a evasão escolar proponho algumas reflexões que poderiam contribuir para, se não erradicar, então amenizar tal problemática.

• Entre os fatores causadores da evasão, a prática pedagógica é, sem dúvida alguma, um fator relevante que poderá influenciar na minimização sobre o tema evasão escolar. O uso de políticas públicas, direcionada e atuantes em escolas contribuiria de forma expressiva para a erradicação dessa problemática.

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• Desenvolver aulas mais atrativas com conteúdos que sejam do interesse do aluno.

• Valorizar a prática docente e propor mecanismos de avaliação que tenham maior credibilidade com o corpo discente. Essa proposta extingue, em parte, a avaliação “prova” e abre discussão para outras formas de avaliar.

• Utilizar recursos didático-pedagógicos que possibilitem uma inovação em sala de aula. As aulas expositivas e rotineiras, frequentemente efetuadas com uso de giz e quadro negro se tornariam menos maçantes e passariam, com o uso desses recursos, a serem mais atrativas.

• A escola deve ser vista como um agente de transformação no processo intelectual e social, garantindo aos seus freqüentadores condições de contribuírem e modificarem o meio em que vivem. A proposta aqui é realizar atividades diferenciadas e que possibilite, aos educandos, um contado com o mundo externo, fora e dentro da comunidade.

• Proporcionar uma escola onde o aluno possa aprender uma profissão, nos mesmos moldes do ProJovem, minimizaria a evasão escolar.

A construção conhecimento se dá através da visualização, audição e compreensão, esta última, que é a associação das duas primeiras. Conhecer o seu “mundo” e entende-lo é vital para o ser humano, bem como conservar a diversidade, pois ela é fundamental para a sociedade. É conhecendo o seu espaço que o individuo poderá reformular seus pensamentos. É fundamental que o individuo conheça a si mesmo para poder mudar o seu mundo. A necessidade em ensinar formas que permitiriam enfrentar os inúmeros imprevistos, faz da EJA um agente de transformação.

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Na EJA, cada individuo tem o seu tempo então a compreensão se dará conforme o seu tempo. Para uma melhor compreensão é necessário considerar o meio pelo qual será efetivado, a prática metodológica utilizada e o processo. O processo deve ser mútuo, pois para explicar é preciso conhecer o “objeto” e saber aplicá-lo. A compreensão se dará através de uma eximia explicação, motivo pelo qual o falante tem de ter total domínio de conteúdo e didática para conquistar o ouvinte e obter total êxito. O uso de novas tecnologias nos permitirá uma maior atenção de nossos educandos, por isso é relevante o usos de tais.

A proposta desse trabalho é identificar os fatores que geram a evasão e propor possíveis fatores que possibilitariam minimizar a evasão. Sabemos que o tema é complexo e que requer uma atenção mais minuciosa para tal assunto. Acredito que nossos governantes poderiam propor políticas públicas mais atuantes e eficazes para reverter esse quatro. Essa pesquisa que foi realizada superficialmente no município de Viamão e pode ser reaproveitada e aplicada em todo o município de tal forma que pudesse gerar dados mais consistentes e que pudessem fortalecer e originar novas propostas para uma inovação educação de jovens e adultos.

Quanto ao fechamento de escolas, o secretário de educação do município faz o seguinte comentário com relação ao fechamento de escolas:

“Então, conversando com a coordenadoria estadual de educação, nós negociamos o nosso setor de matrículas, de vagas, e lá onde há uma escola do estado e que tenha a modalidade de EJA, embora diferente da nossa EJA, onde houvesse atendimento do estado que nós deixaríamos para o

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estado e onde não houvesse oferta pelo estado só pelo município, nós continuaríamos atendendo pelo município.”

A preocupação do secretário é manter a oferta de escola em parceria com o estado, fechar escolas onde ambas ofertam a mesma modalidade não é boa para nem uma das partes envolvidas, pois a demanda tende a diminuir ano após ano. Concordo plenamente com a proposta do secretário, no entanto o que se vê a diminuição gradativamente de escolas ano após ano. Segundo o secretário, as escolas que permaneceram tornaram-se pólos e recebem alunos de suas proximidades. Fechar escolas é uma forma de minimizar gastos com educação, mas quando uma escola fecha, os recursos que antes eram destinados a essa, tem que serem repassado as escolas que permanecerem, dessa forma as escolas poderão se preparar para receberem essa nova clientela. É relevante salientar que a permanência na escola tem que ser garantida e trabalhada junto aos alunos, pois muitos se evadem devido a distância (dificuldade de acesso) ou pela periculosidade apresentada no percurso escola/casa ou trabalho/escola.

Com relação à clientela da EJA ainda podemos fazer a seguinte reflexão:

A formação humana é o processo no qual o individuo adquire conhecimento e experiência intelectual e da vida, lutando, muitas vezes contra adversidades da vida e de si mesmo, respeitando o seu tempo e o dos que os cercam, buscando responder aos seus questionamentos e contribuir para o seu crescimento perante a sociedade. A EJA é uma família, um alento, um caminho para o recomeço. Diante da problemática evasão só nos resta

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lutarmos por uma nova educação capaz de reverter esse quadro que ocorre não somente em Viamão, mas em todo território nacional.

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Anexo I

Evasão escolar atinge 18,7% dos jovens na Grande Porto Alegre

Uma pesquisa divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FVG) revela um quadro preocupante para a educação gaúcha.

Segundo o estudo, 18,7% dos adolescentes entre 15 e 17 anos matriculados no início do ano abandonam a escola na grande Porto Alegre. É a segunda pior taxa entre as seis principais regiões metropolitanas.

Coordenada pelo economista Marcelo Néri, do Centro de Políticas sociais da FGV, a pesquisa Motivos da Evasão Escolar detecta uma razão econômica por trás do mau desempenho do estado. O texto afirma que regiões que regiões com mais oportunidades de emprego afastam os jovens da escola. A explicação ganha força porque a Região Metropolitana de São Paulo, uma das áreas com o maior desenvolvimento econômico do país, ocupa a primeira posição no ranking.

- O pior da evasão acontece quando uma família pobre está num ambiente rico. O canto da sereia do mercado é mais forte – interpreta o pesquisador.

Para o pesquisador, a crise mundial cria um efeito colateral positivo na área da educação. A desaceleração faz com que a economia dispute menos o jovem com a escola.

Apesar de as razões econômicas explicarem os casos porto-alegrense e paulistano, o levantamento aponta outras explicações para o abandono escolar em todo o país: a falta de interesse dos adolescentes pelos estudos. Baseado

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10,7% 12,2% 14,0% 16,4% 18,7% 19,4% Rio de Janeiro Salvador Recife Belo Horizonte Porto Alegre São Paulo Falta de interesse 40,29% Oferta 10,89% Falta de renda 27,09% Outros motivos 21,73%

em dados de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o trabalho mostra que 40,3% de adolescente entre 15 e 17 anos deixaram de estudar por considerar as aulas desinteressantes.

O estudo foi realizado com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) dos anos de 2004 e 2006 e a série de 2008 da pesquisa mensal de emprego do IBGE. Utilizando as respostas diretas de pais e alunos sobre os motivos da evasão escolar. Ele foi patrocinado pela Fundação Educar Pela Educação, Instituto Unibanco e FGV.

Taxa de abandono

Proporção de adolescentes de 15 a 17 anos que frequentava escola em 2007, mas abandonou em 2008:

Motivos para evasão

As razões dos adolescentes de 15 a 17 anos para deixar a escola no país (em 2006):

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Anexo II

Entrevista com secretário de Educação

José Gilnei Mielke Leite (Secretário da Educação)

1. Qual sua formação?

Sou formado em Teologia e Pedagogia pela PUC, atualmente concluindo o curso de História pelo IPA.

2. Qual a sua experiência com a modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos)?

No formato atual não trabalhei com EJA, mas já atuei como professor do antigo supletivo e na verdade sou oriundo do mesmo, por que ainda jovem eu retornei aos bancos escolares através dessa modalidade de ensino que depois se tornou Educação de Jovens e Adultos. O contato que nós temos com a EJA é de dentro da secretaria, observando e vendo as modificações e ajustes que sofremos nos últimos anos, uma, tentando acertar o mais possível essa..., vamos dizer assim, essa modalidade, trazê-la mais para a realidade da necessidade dos alunos e outra, numa das perspectivas, é também evitar a evasão, que a gente constata que é muito grande, é muito forte.

3. Já atuastes na secretaria de educação em anos anteriores? Qual função (relato do gestor)?

Sim! Aqui nesta secretaria de Educação trabalhei dois anos: em 2003, no setor de recursos humanos, e em 2005 e 2006 como assessor técnico da secretaria na parte da direção geral. A gente fazia mais apoio de logística, na

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questão administrativa, pedagógica, relacionamento com a comunidade e tal, agora eu estou retornando como responsável pela pasta, mas eu tenho uma experiência anterior, fui professor há muitos anos, já exerci a direção de escola na cidade, então a gente já tem uma caminhada bastante boa nessa área da educação.

4. Há quanto tempo estás na secretaria de educação trabalhando no setor da EJA?

Na verdade eu nunca trabalhei direto com a EJA, não tenho uma ligação direta com a EJA, a não ser aquela..., por que a EJA faz parte de toda secretaria, é um dos componentes da mesma. Eu estou chegando à secretaria neste ano, assumi em janeiro de 2009 como titular, e este é meu contato, vamos dizer, mais próximo da EJA de anos anteriores, por que anteriormente a gente trabalhava mais com educação de apoio logístico, então eu não tinha ligação com Educação de Jovens e Adultos, com Educação Infantil ou mesmo Ensino Fundamental (anos iniciais e/ou anos finais), não era uma coisa especifica. A EJA faz parte da estrutura da secretaria então, claro é ao mesmo tempo.

5. Qual a características dos alunos dessa modalidade?

Observo uma mudança, acho que a EJA ou antigo supletivo tinha uma característica de receber aqueles alunos que se perderam no caminho, alunos que não estudaram no tempo correto e que querem dar um novo destino, dar um novo impulso e retornar a estudar, é claro que as motivações são variadas

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nos alunos da EJA. Eu já identifiquei alguns motivos mais esdrúxulos possíveis, mas a gente percebe também que há uma diferenciação de faixa etária. Alguns anos atrás era muito tranquilo e característico ter um grupo de gente mais jovem, mas a predominância era de pessoas mais velhas, gente mais vivida, que retornava depois de um certo tempo para a escola, aí a EJA é a que dava a acolhida, mas hoje, tem um grupo muito grande de jovens que são encaminhados do diurno pro noturno por que no diurno não deu certo. Então isso muitas vezes virava como que uma medida sócio-educativa ou disciplinar. Transferir o aluno que no dia não estava dando certo pra noite, pra que lá ele pudesse, porque era mais tranquilo, era fácil, ou por que os professores tinham outras dinâmicas, ou o número de alunos era menor e tal... bom, isso gera uma desmotivação, se o aluno não é bom de manhã ou de tarde, ele vai ter dificuldade à noite também a questão não é o turno em que ele está, a questão é a dificuldade do aluno, é isso que tem que ser trabalhado, e tem que ser olhado mais de perto. Esses elementos todos, eu vejo que aos poucos foram se alterando, de um período onde o supletivo, que agora é EJA, essa modalidade de ensino para os adultos, ela foi se transformando, se modificando, não sei se não é mais simplória a afirmação ou constatação de que de repente se foi atendendo esse grupo que estava sem formação e que agora, cada vez mais, as pessoas se dão por conta de que têm que retomar os estudos e a EJA acaba se tornando um grupo mais jovem, não significa que não tenha gente mais vivida, não tenha pessoas de mais idade ali, claro, sempre tem um desgarrado, mas a predominância, hoje, não é de pessoas maduras, é de juventude, de 16 aos 25 anos, e muda de realidade para realidade... Não posso comparar a escola A com a escola B porque são

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características diferentes, as comunidades são diferentes, as realidades são diferentes, mas se olhares em linha geral, existe essa modificação ao longo dos anos.

6. Quais as mudanças que percebes que ocorreram com essa modalidade, especialmente na cidade de Viamão?

Respondida na questão anterior.

7. Como percebes a evasão na EJA? Quais fatores julgas como responsáveis pela evasão desses alunos?

Olha, pra nós é um grande desafio, por que em algumas escolas fica claro, ou ficava claro ou parecia que indicava para uma coisa que às vezes até pode parecer um pouco menos nobre, mas que há uma regimentação de alunos meio que na corrida... “precisamos abrir uma turma com tantos alunos, então vamos matricular”, e aí você vê certas figurinhas carimbadas, ano a ano se rematriculando, quatro, cinco anos se matriculando no mesmo grupo, na mesma etapa, e quando começa a esfriar, e até é um pouco característico isso, quando começa baixar a temperatura, que fica menos agradável e mais exigente a frequência, pois aí começa dar a evasão, é claro, que esse não é o fator preponderante, pra mim o fator preponderante ou predominante é o aluno se matricular a partir de um interesse superficial, eu diria, eles realmente não têm claro o que querem, vão lá por que está aberta a matrícula, por que esse convidou, aquele convidou, por que precisava que tivessem um número x de

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matrículas para abrir uma turma, essa é a condicionante, que tenha tantos alunos para abrir a turma, e se matrícula como que uma massa de 40 a 50 alunos e aí, chega ali por abril, maio já se vê que aqueles alunos que se matricularam sem uma motivação clara, firme, definida de realmente terminar os estudos, eles vão se perdendo pelo caminho. Há aqueles que se matriculam e nem frequentam, então quer dizer... começa aí, então parece-me que falta alguma coisa nesse sentido que eu acho que tem que ser reavaliado, retomado, revisado, reestruturado, por que acredito que não dá simplesmente para abrir uma modalidade de ensino, do tipo supermercado, a gente abre o supermercado e diz: “A gente tem tudo isso aqui. Vocês podem se servir”, e agente fica de braços cruzados, esperando que eles sirvam... não, agente tem que ir lá oferecer, insistir, conversar e se nós tivermos que ir ao encontro desse aluno, é aí que está um dos grandes problemas, um dos grandes desafios, que nós teremos que planejar, e a gente já está pensando nisso enquanto secretaria, de ir ao encontro desse aluno, por que se é pra matricular pra desistir em abril, então é melhor que ele não se matricule, até por que daqui a pouco, quantas vezes a gente, quem sabe, tenha negado vaga para esse ou aquele aluno, por conta que está lotado e aí ele acaba perdendo a vaga e no fim perde a vaga pra alguém que nem frequenta, então, quer dizer, então pode haver aí, umas discrepâncias que depois não tem como solucionar. Essa questão da evasão pra mim ela é muito seria, é claro, também vai da forma como a EJA é trabalhada, como são atingidas as metas é o conteúdo, propriamente dito, o conhecimento propriamente dito. Poderá haver aquela situação em que o aluno se depara com uma situação onde ele acha quase que intransponível aquela barreira que está se apresentando para ele, e ao

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invés de procurar ajuda naqueles que seriam os facilitadores, os professores, ele, às vezes, prefere desistir. Eu tenho dito aos alunos, eu tenho visitado as escolas da rede, eu pergunto assim muito matreiramente, quem gosta de estudar e quem não gosta, depois eu digo pra esse povo que, sobre tudo para os que manifestam que tem pouco gosto pelos estudos que não é que eles não gostem de estudar, é que estudar é uma tarefa difícil, não é uma tarefa agradável, não é uma tarefa gostosa como sentar na frente de uma teve, ou sentar em um cinema e assistir um filme e coisa e tal. Estudar, você não é agente passivo da ação de estudar, você é agente ativo, você tem que ir lá e fazer sua parte, e isso exige concentração, esforço, exige uma série de elementos que nem sempre a gente está disposto a dar, e aí a gente precisa saber, bom o que eu quero pra minha vida, e é em cima disso que eu vou trabalhar a idéia... bom se eu preciso e reconheço que preciso estudar eu preciso fazer minha parte, não é que eu não goste de estudar em si, é que o trabalho de estudar, e é trabalhoso, exige as vezes algumas coisas que eu não estou disposto a abrir mão, aí é que está a questão, quer dizer, tem que ser olhado por outro ângulo, e eu sei que cada vez que digo isso eu coloco lá uma fagulha, uma centelha de dúvida na cabecinha desses jovens, desses adolescentes que aí estão na nossa rede municipal e que tem claro o que vão fazer, vão estudar até ali e depois não vão estudar mais por que estudar é pra gente que não tem o que fazer, e não é verdade, é preciso saber estudar. Pode não ser uma coisa gostosa como jogar bola, jogar vôlei, assistir um filme. Enfim fazer uma coisa pro deleite pessoal, pode não ser agradável pra muitos, mas é algo exigente, porque na vida a gente não vai fazer só o que a gente gosta, vamos fazer algumas coisas que as vezes nem são agradáveis mas que temos

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que fazer, trabalhar, por exemplo, levantar cedo, sair de casa, são desafios da vida, ninguém vai me trazer na porta de casa a solução pra me ajudar, eu tenho que ir em busca, eu tenho que ir ao encontro, isso muitas vezes é muito desagradável, muito desafiador e acho que esse é um dos elementos fortes, assim também da desistência da EJA, seja a questão pedagógica que muitas vezes não está apropriada, porque por mais que os manuais, os programas, por mais que a reflexão pedagógica direcione para uma forma, outra coisa é quando o professor, o agente desse processo, vai para sala de aula com os alunos e se ele não está sintonizado com isso ele não sabe exatamente o que ele está fazendo lá ou o que ele foi fazer lá, por que ele está ali, ele pode colocar a perder, vamos dizer um processo de motivação que já começa a se formar no aluno, ele pode acabar desmotivando, na prática, quer dizer, é claro não vou jogar a culpa, não dá pra dizer que existem culpados ou responsáveis diretos, são pequenas responsabilidades de diversos fatores que acho que levam a um grande circuito de evasão e que a gente precisa combater, mas que eu te juro que se tivesse a resposta já estava solucionado, não tem uma resposta única, é um trabalho gradativo.

8. No ano de 2006 ocorreu uma reestruturação na educação de jovens e adultos, as disciplinas foram agrupadas por área do conhecimento e as turmas foram reduzidas. Essa reestruturação foi motivada para minimizar a evasão e adaptar a escola as necessidades do educando?

Sim, é porque na verdade, eu lembro um pouco, ao largo, eu acompanhei essa reestruturação. Acontecia de que nós tínhamos muitas escolas ou praticamente toda a rede tinha turmas de EJA. Acontece que se

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matriculava 35, 40, 50 alunos por turma, dependendo da região e da escola, quando chegava na metade do ano haviam 10, 12 e no final do ano chegava com 4, 5 e aí, o que é que está havendo? Bom, vamos tentar enxugar, não no sentido de tirar coisas daquilo que é a formação dos jovens, mas tentar readequar, ver aquilo que, não vamos dizer aquilo que seria dispensável. Eu sempre parto do princípio que em formação nada é dispensável, na verdade quanto mais puder se agregar melhor, mas aí estamos falando de uma coisa muito prática, nós temos um tempo estabelecido e é um tempo “x” estabelecido e tem que trabalhar dentro desse tempo “x” estabelecido, quais são os recursos relevantes, quais são os conteúdos relevantes ou vai fazer diferença na vida dessas pessoas, desses indivíduos, desses cidadãos. Por isso é que se tentou adequar a EJA, não pra ficar mais fácil, mas pra ficar mais atraente, pra tratar de coisas que dissessem mais ou que tocassem mais a realidade deles mesmos e que eles pudessem, quem sabe a partir da EJA, perceberem uma necessidade de quem sabe buscar coisas a mais porque a nossa EJA é de ensino fundamental, então tu ainda tens que passar pela tarefa do ensino médio que também tem em modalidade de EJA, mas que modifica de escola para escola. Na verdade eu estou, vamos dizer, fora deste contexto da EJA do estado, daquilo que é o ensino médio do estado. Eu me lembro que na época tu fazias em seis meses uma série, quer dizer, um ano e meio tu fazias os três anos. Hoje em dia é por totalidade, quer dizer, daqui a pouco em um ano tu consegue tudo que leva três anos, quer dizer o regular. Então quero dizer tem aí uma miscelânea de coisas que às vezes seriam pra facilitar, mas que no fim das contas acabam dificultando. Se o aluno venceu essa etapa, mas tem uma outra que ele teria que ter vencido, aí ele fica preso lá por causa de uma

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disciplina, por causa de alguma área do conhecimento que ele acabou não vencendo, não chegando lá. Então quando se tentou reagrupar, reestruturar isso, era também para dar um norte pros professores, por que antes era simplesmente entrar em sala de aula, quem trabalha português trabalha português, trabalha o mesmo que trabalha durante o dia, quem cobra tem que exigir, tem que isso tem que aquilo, e se via que muitas vezes acabavam não chegando aquele resultado final que se queria, que era realmente o processo de aprendizagem acontecer. Bom, a reestruturação aconteceu no sentido de dar melhores condições de aprendizado para os alunos, para os professores, e não para dar linha definitiva, única, traçada e claro, a reestruturação e a redução da EJA ocorreu porque até pouco havia aqui algumas discrepâncias e algumas aberrações, eu diria, de duas escolas uma ao lado da outra, uma estadual e outra municipal oferecendo a mesma modalidade, cada uma oferecendo para oito, dez alunos, quer dizer, deixamos e é desperdício de dinheiro público e de força, é desperdício de uma série de coisas que a gente luta pra que sejam realmente aproveitados de forma adequada, então vamos reestruturar isso, pra que essas pessoas, bom nesta região esta escola vai atender, naquela região aquela escola do estado está atendendo, bom, então é pra ela fazer e assim nós nos organizamos com a delegacia, coordenadoria regional de ensino, pra que as coisas pudessem ser trabalhadas neste estilo. Eu acho que tenho essa percepção, assim, de que esta adaptação também ofereceu para aqueles alunos que são muito voláteis, essa idéia: ”puxa, mas isso aqui é uma coisa mais séria, não basta eu ir lá me matricular, e eu vou se quiser. Se eu me matricular significa que eu vou lá eu mostro a minha cara, eu vou ter que freqüentar, até por que é uma coisa que eu to me propondo, sou eu

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que quero”. Só que ainda acho que está faltando alguma coisa, aquilo que eu já disse antes, acho que a gente tem que desenvolver, daqui a pouco, um trabalho de ir ao encontro desse aluno, ir lá na comunidade conversar com as pessoas, eu acho que a EJA ta caminhando pra uma melhoria, uma proximidade mais forte com aquilo que seria o ideal dela, mas tem estrada.

9. Nos últimos anos a prefeitura de Viamão vem diminuindo a oferta de escolas com essa modalidade. Das 14 escolas em 2008 apenas 4 escolas permanecem em atividade com essa modalidade em 2009. Quais seriam os fatores preponderantes para essa diminuição de escolas com EJA?

Bom, eu acho que eu já entrei nessa idéia antes, o que nós constatamos é que de todas as escolas que nós tínhamos, apenas uma se mantêm aberta, com um pequeno número de alunos devido a distância, pois não há nenhuma outra escola perto. Isso é um cuidado que a gente tem, essa escola está dentro de um perímetro urbano, mas numa área que é considerada zona rural e por perto não há nenhuma oferta de EJA que pudesse contemplar este grupo de alunos que queriam estudar nessa região, então nessa escola se manteve.

Eu pedi para que se fizesse uma averiguação sobre a incidência dos alunos que se matricularam e evadiram duas vezes nos últimos tempos, e o que se constatou, é que quase sempre eram os mesmos nomezinhos, claro uma ou outra variação, um ou outro acréscimo daqui pra lá e de lá pra cá.

Então, conversando com a coordenadoria estadual de educação, nós negociamos o nosso setor de matrículas, de vagas, e lá onde há uma escola do estado e que tenha a modalidade de EJA, embora diferente da nossa EJA,

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onde houvesse atendimento do estado que nós deixaríamos para o estado e onde não houvesse oferta pelo estado só pelo município, nós continuaríamos atendendo pelo município. É o caso das escolas que nós estamos tendo. Uma escola, de maneira especial nós mantivemos, porque vimos que a característica daquela turma que lá estava tinha se mantido durante todo o período, mais ou menos aquele mesmo grupo, ou seja, então ela fugiu daquele critério que nós tínhamos dito, que era um critério assim: de onde há 50 matrículas e depois chega no final com dez, doze. Esses doze podem estar numa escola do estado. Onde não se confirmou isso nós mantivemos a turma, até pra eles concluírem dentro da modalidade do ensino da EJA do município que é diferenciado do estado, pra não criar um problema pra esses alunos, afinal de contas a gente também tem uma responsabilidade por essas pessoas. Então a idéia foi exatamente fazer essa reestruturação.

Eu sei que tu vai me perguntar alguma coisa do PROJOVEM em seguida. Seria, qual a relação entre EJA e PROJOVEM na cidade de Viamão. Na verdade são duas modalidades deferentes sim, porque o PROJOVEM atua com uma parte especifica de idade, de 18 a 29 anos, e a EJA é pra todos a partir dos 16 anos de idade, e o que acontece é que eu pedi: - façamos um levantamento, vamos ver, todos aqueles que estão enquadrados dentro da modalidade de PROJOVEM, serão convidados a ir pro PROJOVEM que é uma modalidade diferente de ensino sim, mas eles terão essa oportunidade, os que tiverem fora do PROJOVEM nós vamos encaixar na EJA, nas escolas em torno, e foi assim que fizemos pra nos dar esse tempo, pra quem sabe, reavaliar o processo da EJA, retomar esse processo da EJA e refazer discussão por que do jeito que estava não dava, estávamos meio que assim,

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um ônibus que começa sua viagem lotado e vai perdendo gente pelo caminho e daqui a pouco não tem nem motorista.

10. Qual a relação da EJA com o PROJOVEM na cidade de Viamão? Respondida anteriormente

11. Como você vê o futuro da EJA em Viamão?

Olha, eu vejo assim, e te digo, que é claro a tendência daqui pra frente é que cada vez mais a EJA seja um grupo menor, por conta de que hoje existem outras ferramentas, o PROJOVEM é uma delas que vai ofertar formação pros alunos, pelo menos naquela faixa etária ou naquela faixa de ensino que o município tem por obrigação atender, mas ele não vai deixar de existir, nem pode deixar de existir porque a gente sabe que a formação é uma constante, assim como alguns anos atrás havia gente que não tinha interesse de estudar, ainda hoje tem gente que não tem interesse de estudar, no momento certo nós vamos ter que ter uma ferramenta, uma válvula de ajuste ou escape para atender esses alunos. Uma coisa eu tenho claro, nós não vamos voltar aos tempos onde todas as escolas do município tinham educação de jovens e adultos, por que não vamos ter demanda, já vimos isso, constatamos isso na prática. O que vai acontecer é que nós vamos trabalhar, possivelmente daqui para frente, muito mais tentando criar pólos de atendimento em regiões onde realmente haja a demanda, sempre trabalhando em conjunto e em consonância com o estado pra gente também não, vamos dizer assim, passar toda a responsabilidade para o estado ou não assumir toda a responsabilidade

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e sim, compartilhar responsabilidades. Eu acho que a EJA é uma tarefa da sociedade como um todo, enquanto formação, eu diria, é claro que o aparato técnico, o professor, o espaço público, isso tem que ser ofertado pelo poder público e o poder público não pode se eximir disso, não tem como se eximir disso, mesmo que tivesse não tem esse interesse. EJA ainda é uma modalidade de ensino interessante, importante, e eu diria indispensável para a sociedade, pra nossa sociedade de hoje, mas ela vai ter, é claro, que sofrer esses ajustes, no sentido de estar adequada pra atender aquelas necessidades dentro daquelas regiões onde se vai oferecer, e é claro que aí nós estaremos trabalhando permanentemente com a avaliação, lá onde houver necessidade de alguma coisa a mais, vamos ter que estar reformando e tal, acho que é uma coisa que vamos ter que fazer, um processo de avaliação neste momento, agora, vamos dizer que, não que a EJA tenha encerrado, mas que esse encolhimento da EJA agora, não significa o encolhimento pra desaparecer, significa um encolhimento para retomar, reavaliar e rever posições e quem sabe, inclusive, algumas medidas dessas que a gente tenha pra ir ao encontro do aluno pra que ele não venha pra escola, se matricule e depois não dê as caras, pra comprometer o aluno com o seu processo de aprendizagem.

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Anexo III

A LDB para a EJA

A Educação de Jovens e adultos é um direito púbico e subjetivo amparada pela lei nº 9.394/96 Diretrizes e Bases da Educação Nacional:

Art. 37 A Educação de Jovens e Adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.

§ 1º - Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.

§ 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento (parágrafo incluído pela Lei no. 11.741 de 16/07/2008).

Art. 38 Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.

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I – no nível de conclusão do Ensino Fundamental, para maiores de quinze anos;

II - no nível de conclusão do Ensino Médio, para os maiores de dezoito anos.

§ 2º - Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.

(52)

REFERÊNCIAS CONSULTADAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo, Editora UNESP, 2001

Moll, Jaqueline. Histórias de vida, histórias de escola – Elementos para uma pedagogia da cidade. Petrópolis, Rio de Janeiro, Editora UNESP, 2001

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. São Paulo, 3ª ed., Editora Atlas, 1999.

ROOCCO, Gaetana Maria Jovino Di. Educação de Adultos – Uma contribuição para seu estudo no Brasil. São Paulo, Coleção “Realidade educacional”. Rio de Janeiro, Edições Loyola, 1979

Referências

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