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RESIGNIFICANDO O CONCEITO DE LOGARITMOS: UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA

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Academic year: 2021

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RESIGNIFICANDO O CONCEITO DE LOGARITMOS: UMA

SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Carlos Vidigal1 Eliane Gazire2 1 PUCMINAS, carlos.vidigal@outlook.com 2 PUCMINAS, egazire@terra.com.br Resumo

A pesquisa que deu origem a esse produto propôs verificar se a utilização de uma sequência de atividades de resolução de problemas que privilegiam situações reais e históricas, incentivando a investigação matemática e contribuindo para a ressignificação do conceito de logaritmo bem como para a compreensão de algumas aplicações por parte dos alunos. Com uma perspectiva interdisciplinar, as atividades foram desenvolvidas de forma a se iniciarem com um texto base para a resolução das questões apresentadas, tornando o aprendizado ainda mais significativo e contribuindo para o entendimento de alguns fenômenos do mundo real. Neste trabalho, foram analisadas as produções de 12 (doze) duplas de alunos da disciplina de Cálculo I de diversos cursos de Engenharia de uma instituição de ensino superior de Belo Horizonte (MG). Pode-se inferir, a partir das análises a posteriori, que as atividades contribuíram para a ressignificação do conceito de logaritmos e que muitas das dificuldades apresentadas nesse conteúdo estão relacionadas à não aquisição de habilidades prévias como, por exemplo, propriedades das potências e manejos algébricos. O produto final é um caderno com uma sequência de seis atividades que visa proporcionar ao aluno a reconstrução do conceito de logaritmos de forma interdisciplinar, com foco nas principais propriedades dos logaritmos a serem utilizadas no decorrer de um curso de engenharia, bem como na utilização da calculadora para o cálculo de logaritmos.

Palavras-chave: Logaritmos. Investigação Matemática. Resolução de Problemas. PERCURSO DA PESQUISA

O ensino da Matemática, como mostram os PCN (BRASIL, 1999), deve ser composto por uma série de temas ou tópicos em Matemática, escolhidos a partir de critérios que visam ao desenvolvimento de certas atitudes e habilidades.

O critério central é o da contextualização e da interdisciplinaridade, ou seja, é o potencial de um tema permitir conexões entre diversos conceitos matemáticos e entre diferentes formas de pensamento matemático, ou, ainda, a relevância cultural do tema, tanto no que diz respeito às suas aplicações dentro ou fora da Matemática, como à sua importância histórica no desenvolvimento da própria ciência. (PCN, 1999, p. 44)

Os PCN+ (2002) ainda destacam que o aluno deve saber consultar, analisar e interpretar textos veiculados em diferentes meios:

Ler e interpretar diferentes tipos de textos com informações apresentadas em linguagem matemática, desde livros didáticos até

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artigos de conteúdo econômico, social ou cultural, manuais técnicos, contratos comerciais, folhetos com propostas de vendas ou com plantas de imóveis, indicações em bulas de medicamentos, artigos de jornais e revistas.

Acompanhar e analisar os noticiários e artigos relativos à ciência em diferentes meios de comunicação, como jornais, revistas e televisão, identificando o tema em questão e interpretando, com objetividade, seus significados e implicações para, dessa forma, ter independência para adquirir informações e estar a par do que se passa no mundo em que vive.

(PCN+, 2002, p. 114). Schoenfeld (1997) afirma que, mesmo que pudéssemos preparar os alunos com treinamento em cada uma das estratégias para resolução de problemas isoladamente, isso poderia resultar em pequena ou nenhuma diferença em seu desempenho global na resolução de problemas.

Na tentativa de indagar acerca dessas estratégias, buscamos uma aprendizagem mais significativa através de uma sequência didática interdisciplinar, utilizando atividades exploratórias sobre vários aspectos dos logaritmos e que apresentam níveis de dificuldade diferenciados, partindo de situações-problema, algumas aplicadas a situações com referência na realidade. Tais atividades podem requerer o eventual apoio de recursos computacionais, com o objetivo de despertar o interesse dos alunos em buscar soluções, utilizando seus conhecimentos prévios e novos, sem que a aprendizagem se restrinja a uma memorização de fórmulas, regras e definições.

Inicialmente, passamos por um processo de revisão bibliográfica, que teve seus principais aspectos destacados nos capítulos 2 e 3. Logo após, nos dedicamos à elaboração de dois tipos de atividades: as primeiras, com caráter investigativo e que procurassem levar o aluno a (re)construir o conceito de logaritmos e verificar suas propriedades; as demais, atividades que procuravam aplicar os conceitos e as propriedades em problemas. Para finalizar, foi feita a análise qualitativa dos dados, que será discutida nos capítulos posteriores.

A ELABORAÇÃO DAS ATIVIDADES

As atividades que compõem esta pesquisa foram criadas tendo por finalidade (re)significar conceitos, propriedades e aplicações dos logaritmos através da resolução de problemas, utilizando diversos gêneros textuais. Essas atividades foram planejadas no modelo de investigação matemática, para que os alunos fossem capazes de construir o conhecimento e ressignificá-lo de forma autônoma. Além de poderem ser aplicadas em disciplinas introdutórias ao cálculo no ensino superior, como neste caso, as atividades podem ser aplicadas também em salas de aula do ensino médio ou em cursos de formação e capacitação de professores.

Pretende-se, por meio da organização desse caderno de atividades, proporcionar ao educador a possibilidade de criação de investigações e experimentações em sala de aula, relacionando aspectos históricos e interdisciplinares dos logaritmos. Schneuwly e Dolz (1999) destacam a importância de ações que incentivem a produção, compreensão e interpretação de enunciados escritos para oportunizar diferentes ações de linguagem. Por esse motivo, as atividades são sempre iniciadas com a leitura de textos de diversas fontes, que trazem informações da história da Matemática ou da atualidade. Segundo Miranda (2010), essa estratégia visa a incentivar e valorizar o hábito de leitura e escrita dos

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estudantes, bem como aproximá-los dos meios de comunicação. Miranda ainda destaca que tais textos motivam os envolvidos nessas atividades a um conhecimento interdisciplinar.

Portanto, a partir da leitura do texto de cada atividade, o aluno é levado a investigar, discutir e resolver as situações-problema. Com essa proposta, espera-se que o estudante vivencie experiências matemáticas de investigação, conjecturação e generalização.

Em uma metodologia centrada na resolução de problemas, o aluno tem a possibilidade de colocar em ação seus conhecimentos e desenvolver a capacidade para ler e gerenciar informações expressas de diferentes maneiras, ampliando sua visão acerca da Matemática. (KLESSER, 2006, p. 113).

As atividades deverão ser aplicadas na ordem numérica pré-estabelecida, visto que a sequência das atividades pretende levar o aluno a refletir sobre a necessidade da criação dos logaritmos e a motivação dessa criação pelo uso de certas propriedades antes de se tratar da aplicação dos logaritmos em contextos interdisciplinares.

Figura 1: Sequência das atividades

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Para a realização das atividades, propomos o agrupamento em duplas. Coll (1997) nos motiva a usar esse agrupamento quando afirma que se deve dar ênfase às relações que se estabelecem entre aluno-aluno, isto é, entre o grupo de pares. O mesmo autor afirma que numerosas investigações revelaram que as relações entre alunos incidem de formas decisivas sobre aspectos como a socialização, a aquisição de competências, o aumento do nível de desempenho e o rendimento escolar.

APLICAÇÃO E ANÁLISE DAS ATIVIDADES

Os sujeitos da pesquisa são alunos de uma turma especial da disciplina de Cálculo I, do ciclo básico de todos os cursos de Engenharia dessa IES. São alunos dos turnos da manhã e da noite e que já conheciam o pesquisador como professor da disciplina.

A aplicação ocorreu em meados do mês de setembro de 2013 e a investigação se deu em um contexto rotineiro de sala de aula, envolvendo 24 alunos.

No início de cada aplicação, os alunos foram orientados a executar a atividade em dupla, possibilitando a discussão das atividades. Desse modo, o professor passa a assumir o papel de mediador. Cada aluno recebia uma cópia da atividade, sendo que apenas uma das cópias seria devolvida ao professor, ficando a outra cópia em posse da dupla para que pudessem fazer suas anotações no momento da discussão. As duplas também foram orientadas a fazer uma leitura das atividades com bastante calma e atenção, sem se preocupar com os possíveis erros e acertos, e a fazer uma análise reflexiva das atividades.

Os alunos foram alertados sobre a importância da frequência durante os encontros para não prejudicar o andamento das atividades. Também foi pedido a eles que, preferencialmente, as atividades fossem realizadas com a mesma dupla.

Para a realização de cada atividade, foi disponibilizado apenas lápis, borracha, papel, caneta e calculadora. Durante a realização da tarefa, os alunos foram observados informalmente e, a partir dessa observação, as informações sobre as atitudes dos alunos e o modo como articulam os conhecimentos matemáticos formais e informais foram coletados. Os registros realizados pelos alunos na resolução de cada situação proposta se deram através de pequenos textos, de registro numérico e registro algébrico.

Após o cumprimento de cada atividade, as duplas socializaram suas experiências, dificuldades e reflexões e houve uma sistematização do conteúdo pelo pesquisador. Para isso, utilizaram como base a folha de atividades que permaneceu em posse da dupla.

Ao final das atividades, foi aplicado um questionário de avaliação do trabalho realizado. Nesse questionário, os alunos não se identificaram, de modo que pudessem se expressar com mais liberdade.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretária da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1999.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais + (PCN+) - Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Brasília: MEC, 2002.

COLL, C.. Aprendizaje escolar y construcción del conocimiento. Barcelona: Editorial Paidós Ibérica, S.A. 1997.

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KLESSER, M. C. Educação de Jovens e Adultos: (des)construindo saberes nos espaços do aprender e ensinar matemática. Zetetiké: UNICAMP,v. 14, n. 26, p. 103-121, jul./dez. 2006.

MIRANDA, P. R. Uma proposta para o ensino de matemática para o curso técnico de agente comunitário de saúde na modalidade PROEJA. Dissertação de Mestrado. PUCMINAS, 2010.

SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Os gêneros escolares: das práticas de linguagem aos objetos de ensino. Revista Brasileira de Educação. ANPED, n. 11, maio-ago. 1999. p. 5-16. SCHOENFELD, A. Por que toda esta agitação acerca da resolução de problemas? In: ABRANTES, P.; L. C. LEAL, L. C.; PONTE, J.P. (Eds.). Investigar para aprender matemática. Lisboa: APM e Projecto MPT, 1997. p. 61-72.

Referências

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