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OBJETO: Direitos do cônjuge sobre imóvel de propriedade do consorte, penhorado em razão de dívida garantida por aval prestado sem autorização.

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CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DAS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA CÍVEIS

FALIMENTARES, DE LIQUIDAÇÕES EXTRAJUDICIAIS,

DAS FUNDAÇÕES E DO TERCEIRO SETOR

PROTOCOLO N.º:

OBJETO: Direitos do cônjuge sobre imóvel de propriedade do consorte,

penhorado em razão de dívida garantida por aval prestado sem

autorização.

INTERESSADA: SONIA MARIA CASAGRANDE

CONSULTA N. 22/2012:

1. Cuida-se de consulta encaminhada pela senhora Sonia

Maria Casagrande, via e-mail, em 17.08.2012, a respeito das medidas

cabíveis para assegurar os direitos da mãe da solicitante – viúva - sobre

um imóvel pertencente ao seu pai, já falecido, que foi penhorado em

razão de uma dívida por ele avalizada, sendo que à época a empresa

devedora registrou equivocadamente o estado civil do garantidor como

solteiro, quando em verdade, ele era casado.

Consta nas informações que o imóvel do de cujos, pai da

solicitante, foi penhorado poucos dias antes da sua morte, bem como

que a viúva, mãe da senhora Sonia e atualmente com 80 (oitenta) anos

de idade, não consentiu com o aval, não foi citada no processo de

execução e “perdeu todos os prazos”.

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Av. Mal. Deodoro. 1028 – Edifício Baracat – 4º andar – FONE: (41) 3363-1344

2. Relativamente à matéria, dispõe o Código Civil de 2002,

em seu art. 1.647, inciso III, que:

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:

I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval;

IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.

Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada. (Grifou-se).

Nesses casos, tratando-se de casamento sob o regime de

comunhão universal, comunhão parcial ou participação final dos

aquestos, a falta de outorga do cônjuge, segundo o texto da lei, pode

implicar na anulação dos atos acima enumerados, consoante regra do

art. 1.649 do CC/02. Confira-se:

Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal.

Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou particular, autenticado. (Grifou-se).

Entretanto, em que pese a previsão legal acima indicada,

a jurisprudência é majoritária no sentido de que a falta de

autorização do cônjuge para a prestação de aval não torna,

necessariamente, o ato anulável.

Isso porque, há necessidade de conciliar a lei civil com os

princípios gerais do direito cambiário e, especialmente, com os tratados

internacionais assumidos pelo Brasil - dentre os quais, destaca-se o

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enunciado 114 do CEJ – Centro de Estudos Judiciários do Conselho da

Justiça Federal

1

:

“O aval não pode ser anulado por falta de vênia conjugal, de modo que o inciso III do art. 1.647 apenas caracteriza a inoponibilidade do título ao cônjuge que não assentiu com a garantia prestada.” (Grifou-se).

Tem-se, pois, que o aval prestado sem o consentimento

do cônjuge torna ineficaz o ato em relação, somente, à sua meação

2

.

Logo, se o casamento dos pais da solicitante foi realizado

no regime de comunhão universal, comunhão parcial ou participação

final nos aquestos, apenas metade do imóvel de propriedade do de cujos

poderia ser penhorado, em razão da ineficácia da garantia prestada pelo

falecido sobre o direito de meação do cônjuge sobrevivente.

Todavia, para a defesa do direito à meação da viúva sobre

o imóvel penhorado, não basta a comprovação da ausência de

consentimento para o aval. Há necessidade, também, da prova de que a

garantia não reverteu em benefício do casal ou da família, na

medida em que as dívidas contraídas por um dos cônjuges – ainda

que sem a autorização do outro – para adquirir objetos de consumo

1 NEGRÃO, Teotônio e GOUVÊA, José Roberto F. Código Civil Comentado. 24ª Ed., Saraiva, São Paulo, ano 2005, p.340.

2 Apelação cível. (...) NULIDADE DO AVAL PRESTADO SEM OUTORGA UXÓRIA. A falta de consentimento da mulher para o aval não constitui nulidade de pleno direito, implicando apenas ineficácia relativa em relação ao cônjuge não anuente,

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familiar obrigam, solidariamente, ambos os consortes (cf. art. 1.644

do CC/02)

3

.

Muito embora a mãe da solicitante não tenha sido citada

no processo de execução em que ocorreu a penhora do imóvel, ela pode

apresentar defesa da sua meação através dos embargos de terceiro,

previstos no artigo 1.046, § 3°, do Código de Processo Civil.

Os embargos de terceiro podem ser opostos no processo

de execução até cinco dias depois da arrematação, adjudicação ou

remissão, mas desde que antes da assinatura da respectiva carta (cf. art.

1.048 do CPC).

Na consulta, a solicitante afirma que a sua mãe já perdeu

todos os prazos. Contudo, ainda sim, aconselha-se que ela procure o

auxílio jurídico de um advogado, a fim de verificar se, realmente,

houve preclusão do direito da viúva de apresentar defesa.

(TJRS – Apelação Cível n. 70038918777, 18ª Câmara Cível, Relator Claudio Augusto Rosa Lopes Nunes, 10.11.2011). (Grifou-se).

3 APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE CONSENTIMENTO À PRESTAÇÃO DE AVAL POR PARTE DO CÔNJUGE. COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS. A simples ausência de outorga uxória quando da prestação do aval não basta para que a cônjuge meeira veja resguardada a sua parcela patrimonial. Faz-se, ainda, indispensável a comprovação de que o negócio entabulado por seu marido não veio em proveito da unidade familiar. Ônus da prova que, no caso concreto, cabia à embargante. Precedentes do STJ. Pedido de produção de provas indeferido na origem, sob o fundamento de que a matéria dos autos seria unicamente de direito. Considerando-se a necessidade de comprovação de que o negócio não beneficiou a entidade familiar (o que restou obstado à embargante pelo magistrado de origem), entendo que a desconstituição da sentença é medida impositiva, sob pena de restar caracterizado cerceamento de direito de defesa. DE OFÍCIO, DESCONSTITUÍRAM A SENTENÇA, RESTANDO PREJUDICADA A ANÁLISE DOS APELOS. UNÂNIME. (TJRS – Apelação Cível n. 70047249974, 11ª Câmara Cível, Relatora Kátia Elenise Oliveira da Silva, 04.04.2012) (Grifou-se).

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Caso a interessada tenha baixa renda (isto é, aufira

anualmente valor inferior ao limite de isenção do imposto de renda,

aproximadamente), de tal forma que os honorários advocatícios e as

despesas do processo possam prejudicar sua subsistência, ela pode

procurar assistência jurídica gratuita

4

.

Por fim, tendo em vista a informação de que a mãe da

solicitante possui 80 (oitenta) anos de idade, ressalta-se que, se houver

interesse, também há possibilidade de contato com Centro de Apoio

4 DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO PARANÁ - Curitiba: Alameda Cabral, 184, Térreo. Fone: (41) 3219-7300. O assistido deverá munir-se de seus documentos pessoais, carteira de trabalho e comprovante de renda, além de outros referentes à prestação da tutela buscada, bem como, do respectivo mandado de citação ou intimação (se recebido). Deverá levá-los na primeira oportunidade que dirigir-se à Instituição, possibilitando averiguação imediata a cerca do cabimento ou não da sua postulação; Ruas da Cidadania: - Curitiba: FAS nos bairros: Pinheirinho, Boqueirão, Fazendinha, Bairro Novo e Santa Felicidade, se neles residirem; UFPR - Curitiba: Campus Santos Andrade. As orientações jurídicas serão agendadas pelo telefone (41) 3310-2733. Horário de Atendimento: 9h às 12h; 14h às 17h; UTP - Curitiba: Campus Mossunguê. Atendimento: de segunda a sexta, das 8h às 11h30 e das 14h às 21h30. (41) 3331-8045; UNICURITIBA - Curitiba: Rua Desembargador Westhphalen, 2.005/2.007, Rebouças. Horário de atendimento: de segunda a sexta-feira, das 8 às 12 horas e das 14 às 18 horas. Supervisora do Núcleo de Prática Jurídica: Profa. Nádia Mikos. Telefones: +55 41 3213-8820. E-mail: npj.secretarias@unicuritiba.edu.br; FAE - Curitiba: Rua Lamenha Lins, nº 750, no Bairro Rebouças; Faculdade Dom Bosco - Curitiba: Campus Marumby, Avenida Presidente Wenceslau Braz, 1172. Atendimento: segunda à sexta-feira das 8h às 12h e das 13h às 21h. Contato: Robson Luiz Santiago/Célia Maria V. de Oliveira Martins/Elisabete Neves Barbosa. E-mail:

npj@dombosco.sebsa.com.br. Telefones: 41 3213-5238 / 3213/5235; PUC-PR -

Curitiba : Rua Iapó, 1111. Tel.: (41) 3271-1949 | 3271-1959. Agendamento de atendimento com Fabiula (da 8hs as 12hs) - Londrina: Rua Ana Nery, 300 - 4º andar; Tel.: (43) 3341-2800 / 3342-4618 - Maringá: Praça Vitor Rodrigues Martins, 388, Tel.: (44) 3026-2322 - São José dos Pinhais: Rua Visconde do Rio Branco, 2852, Centro, Tel.: (41) 3283-4684 / 3282-3591. E-mail: ema.sjp@pucpr.br; UNOPAR - Londrina: Rodovia Celso Garcia Cid Km 377 (próximo ao Shopping Catuaí) - Arapongas: CCHSET, no endereço PR 218 - KM 01; FADEP - Pato Branco: Rua Benjamin Borges dos Santos,1100, Bairro Fraron. Tel: 46 3220 3065. E-mail: npj@fadep.br.

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Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Idoso e da Pessoa

Portadora de Deficiência (

http://www.idoso.caop.mp.pr.gov.br/

), via

e-mail:

caopddi@mp.pr.gov.br

– sem prejuízo de eventuais outros

esclarecimentos por este CAOP.

3. Frente ao questionamento formulado e aos dados

fornecidos à esta coordenadoria do Centro de Apoio Operacional das

Fundações e Terceiro Setor, são esses, em tese, os esclarecimentos que

se entende adequados.

Persistindo quaisquer dúvidas, poderá a solicitante

encaminhar novos questionamentos.

Curitiba, 21 de agosto de 2012.

T

EREZINHA DE

J

ESUS

S

OUZA

S

IGNORINI

Procuradora de Justiça – Coordenadora

Samantha Karin Muniz

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