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Perigo baloeiro: aspectos culturais e regulamentares da atividade no Brasil

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JAKSON DE MATOS MENINO

PERIGO BALOEIRO: ASPECTOS CULTURAIS E REGULAMENTARES DA ATIVIDADE NO BRASIL

Palhoça 2019

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JAKSON DE MATOS MENINO

PERIGO BALOEIRO: ASPECTOS CULTURAIS E REGULAMENTARES DA ATIVIDADE NO BRASIL

Monografia apresentada ao Curso de graduação em Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Joel Irineu Lohn, MSc.

Palhoça 2019

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JAKSON DE MATOS MENINO

PERIGO BALOEIRO: ASPECTOS CULTURAIS E REGULAMENTARES DA ATIVIDADE NO BRASIL

Esta monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Ciências Aeronáuticas e aprovada em sua forma final pelo Curso de Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 25 de maio de 2019

__________________________________________ Orientador: Prof. Joel Irineu Lohn, MSc

__________________________________________ Prof. Orlando Flavio Silva, Esp

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Dedico este trabalho à minha família, pelos momentos de apoio durante minha jornada em busca da realização do sonho da aviação.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço especialmente a minha família por todo apoio e suporte no decorrer desta caminhada. Agradeço também a todo corpo docente da Universidade do Sul de Santa Catarina, pela competência e excelente comprometimento com minha formação acadêmica. Ao coordenador do curso em Ciências Aeronáuticas, por todo seu apoio e prontidão para sanar as dúvidas existentes no decorrer do curso.

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“Uma vez que você tenha experimentado voar, você andará pela terra com seus olhos voltados para o céu, pois lá você esteve e para lá você desejará voltar”. (Leonardo da Vinci).

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RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo geral estudar acerca do perigo baloeiro para a segurança de voo e entender os aspectos contribuintes para as altas taxas de avistamentos de balões de ar quente pelos céus do Brasil e o risco para a aviação civil associado a pratica desta atividade. Caracteriza-se como uma pesquisa exploratória cujo objetivo é explorar um problema conhecido e persistente, a fim de que possa fornecer informações precisas acerca do mesmo. Os dados foram coletados através do procedimento bibliográfico por meio de livros, artigos, reportagens, regulamentos e leis e esta pesquisa foi classificada como qualitativa, uma vez que a mesma será baseada em situações reais a fins de levantar dados para estudar o problema. Ao final desta pesquisa, conclui-se que a falta de uma educação e projetos sociais contribuem para as altas taxas de avistamentos, visto que não formam uma mentalidade capaz de coibir a prática de atividade e demonstrar os riscos e perigos associados à esta prática.

Palavras-chave: Perigo baloeiro. Segurança de voo. Balões de ar quente. Risco para a aviação civil.

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ABSTRACT

The objective of this research was to study about the danger of hot air balloons for flight safety and to understand the contributing aspects to the high rates of hot air balloon sightings in Brazil and the risk to civil aviation associated with the practice of this activity. It is characterized as an exploratory research whose purpose is to explore a known and persistent problem so that it can provide accurate information about it. The data were collected through the bibliographic procedure through books, articles, reports, regulations and laws and this research was classified as qualitative, since it will be based on real situations in order to collect data to study the problem. At the end of this research, it is concluded that the lack of education and social projects contribute to the high rates of sightings, since they do not form a mentality capable of curbing the practice of activity and demonstrate the risks and dangers associated with this practice.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Bartolomeu Lourenço de Gusmão demonstrando sua invenção. ... 17

Figura 2 - Distribuição de reportes por mês ... 19

Figura 3 - Ocorrências por aeródromo ... 19

Figura 4 - Ocorrências por estados - 2019 ... 20

Figura 5 - Ocorrencia por aeródromos - 2019 ... 20

Figura 6 - Bucha de balão ... 21

Figura 7 - Balão com armação e bandeira ... 22

Figura 8 - Avião passa próximo de balão em área do Aeroporto de Guarulhos ... 24

Figura 9 – Danos à aeronave ... 24

Figura 10 - Telefones de contato dos órgãos de controle... 30

Figura 11 - Campanha Perigo Baloeiro ... 31

Figura 12 - Campanha Perigo Baloeiro ... 32

Figura 13 - Campanha "Balão é Coisa Séria" ... 33

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LISTA DE SIGLAS

ABEAR Associação Brasileira das Empresas Aéreas ABRAPAC Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil ANAC Agência Nacional de Aviação Civil

ANEAA Associação Nacional das Empresas Administradoras de Aeroportos ASAGOL Associação dos Aeronautas da GOL

ATIS Automatic Terminal Information Service (Serviço Automático de Informação Terminal)

ATT Associação dos Tripulantes da TAM CBAer Código Brasileiro de Aeronáutica

CENIPA Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos CNPAA Comitê Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos DECEA Departamento de Controle do Espaço Aéreo

FAB Força Aérea Brasileira

ICA Instrução do Comando da Aeronáutica

IFALPA International Federation of Air Line Pilot’s Associations (Federação Internacional de Associações de Pilotos de Linha Aérea)

PLS Projeto de Lei do Senado

ROTAER Publicação Auxiliar de Rotas Aéreas SAC Secretaria de Aviação Civil

SENASP/MJ Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça SNA Sindicato Nacional dos Aeronautas

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 11 1.1 PROBLEMA DA PESQUISA ... 11 1.2 OBJETIVOS ... 11 1.2.1 Objetivo Geral... 11 1.2.2 Objetivos Específicos ... 11 1.3 JUSTIFICATIVA ... 12 1.4 METODOLOGIA ... 14

1.4.1 Natureza e Tipo da Pesquisa ... 14

1.4.2 Materiais e Métodos ... 15

1.4.3 Procedimentos de Coleta de Dados ... 15

1.4.4 Procedimentos de Análise de Dados ... 15

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ... 16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 17

2.1 HISTÓRIA DO BALÃO DE AR QUENTE ... 17

2.2 PERIGO BALOEIRO NO BRASIL ... 18

2.3 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ... 25

2.3.1 Enquadramentos Legais ... 28

2.4 ATUAÇÃO DOS ORGÃOS DE CONTROLE ... 30

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 35

REFERÊNCIAS ... 37

ANEXO A - Direitos autorais - Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Disposições preliminares. ... 41

ANEXO B - Fragmento Constituição Federal 1988. ... 44

ANEXO C - Fragmento Lei 7.565 de 19 de dezembro de 1986 – Código Brasileiro de Aeronáutica.. ... 46

ANEXO D - Fragmento Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998. ... 48

ANEXO E - Fragmento Decreto-Lei 2.848 de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal………. ... 50

ANEXO F - Fragmento - Projeto de Lei do Senado 258 de 2016. ... 52

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1 INTRODUÇÃO

A atividade aérea sempre foi fascinante para o homem, que desde os primórdios da humanidade almejava ganhar os céus. Diversos relatos da antiguidade demonstram a ânsia do ser humano pelo “meio aéreo”.

Com o decorrer dos tempos, vários aventureiros arriscaram-se na tentativa de alçar voo, sendo a maioria inicialmente frustrada, até finalmente chegarmos ao modelo de exploração do espaço aéreo que conhecemos hoje.

Infelizmente, com o advento da prática da atividade aérea, vieram os riscos e perigos associados à mesma, dentre os quais, este trabalho busca explorar o impacto que a prática da atividade baloeira exerce sobre a aviação civil no Brasil nos dias atuais.

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA

Perigo Baloeiro no Brasil. Quais os aspectos culturais e regulamentares que envolvem a prática desta atividade e, porque é tão difícil combatê-la no Brasil?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar os fatores contribuintes para a alta quantidade de balões no espaço aéreo brasileiro e as questões culturais e regulamentares envolvidas nesta prática, bem como os esforços empreendidos pelos órgãos reguladores para coibir a prática.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Identificar e entender como a prática baloeira se instalou no Brasil e quais os riscos envolvidos nesta prática.

b) Identificar, com base em dados estatísticos as maiores concentrações de avistamentos de balões no Brasil e relacioná-las com a questão cultural na região.

c) Verificar a legislação aplicável para os casos em questão e os motivos pelos quais as mesmas não obtiveram êxito na coerção desta atividade.

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d) Abordar as campanhas efetuadas pelos órgãos competentes com intuito de modificar o perfil cultural da população acerca da prática baloeira.

1.3 JUSTIFICATIVA

Atualmente, dentro da comunidade aeronáutica, muito se houve falar sobre os avistamentos de balões nos principais terminais aeroportuários do país. Tal assunto é difundido também fora da comunidade aeronáutica, por meio de reportagens e notícias frequentemente exibidas pelos veículos de comunicação.

Para quem voa regularmente é algo corriqueiro a informação constante nos ATIS (Automatic Terminal Information Service), acerca da existência de balões na localidade. Segundo o Brigadeiro Luiz Ricardo, em entrevista veiculada pelo portal DEFESANET, quando um balão é avistado, a primeira ação tomada pelos controladores é notificar os operadores próximos acerca da ocorrência. (DEFESANET, 2017).

Segundo informações publicadas pelo CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), os estados do Rio de Janeiro e São Paulo são os recordistas no número de ocorrências, seguidos pelo Paraná. O órgão realizou um mapeamento estatístico acerca da distribuição geográfica dos avistamentos pelo país, onde pode ser observado um aumento progressivo do número de avistamentos a partir de 2015, bem como maior incidência nos períodos das festas juninas em todos os anos. (CENIPA, 2017).

No momento em que se realiza esta pesquisa, verifica-se através deste pesquisador, em voos a partir do Aeroclube do Paraná, sediado no aeroporto do Bacacheri, na cidade de Curitiba/PR, a existência de uma alta concentração de balões principalmente no período de junho a outubro que impactam diretamente nas operações aéreas. Inclusive, presenciando balões cruzando sobre o aeródromo, interferindo no eixo de aproximação ou caindo no sítio aeroportuário. Em reportagem realizada pelo portal de notícias BANDA B, relata que em um único dia, diversos balões foram avistados na cidade, e “um deles foi flagrado sobrevoando os bairros Tarumã e Jardim Social, bem na rota dos aviões para o Aeroporto do Bacacheri”. (BANDA B, 2018).

Tal situação mostra-se tão recorrente a ponto de existir, na publicação aeronáutica oficial ROTAER (Publicação Auxiliar de Rotas Aéreas) a seguinte informação: “Atenção quanto à possibilidade de balões de ar quente não tripulados (balões juninos) nas imediações

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do AD. Maior incidência nos meses de JUN, JUL, AUG, SEP e OCT”. (ROTAER, 2017, 3-C-21/3-C-22).

Segundo o portal BEM PARANÁ, embora a ocorrência seja maior nos períodos juninos, os avistamentos são observados durante todo o ano e causam problemas diversos, não apenas relacionados à aviação. Em sua publicação, o editor chama a atenção para o risco observado, onde relata que “os balões não tripulados prejudicam seriamente a aviação civil em diversos aspectos, desde o risco de uma colisão até a necessidade de manobras evasivas abruptas e a interrupção de pousos e decolagens, que acarretam atrasos”. (BEM PARANÁ, 2018).

Para quem participa da comunidade aeronáutica, percebe-se a existência de um esforço por parte das autoridades a fim de que possam coibir tal prática. Entretanto, pouca eficácia pode ser atribuída a estas medidas, uma vez que o problema é persistente. Segundo o CENIPA, “o órgão realiza atividades de conscientização sobre o risco baloeiro. O objetivo é prevenir que novos acidentes aeronáuticos com características semelhantes ocorram”. (CENIPA, 2017).

Em publicação realizada pelo CENIPA em 2017, ao ser questionado, o Coronel Aviador R1 Antônio Heleno da Silva Filho disse que “qualquer objeto que circule pelo espaço aéreo sem controle nenhum é um risco para a aviação. Esta é a razão principal da preocupação do CENIPA e da Força Aérea Brasileira com a questão dos balões livres não tripulados”.

Tal situação traduz-se a um problema que é observado de perto inclusive pelos organismos internacionais que defendem os interesses da aviação civil, a exemplo da IFALPA (International Federation of Air Line Pilot’s Associations), que em 2016, em comunicado encaminhado ao SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas), à ATT (Associação dos Tripulantes da TAM), à ABRAPAC (Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil) e à ASAGOL (Associação dos Aeronautas da GOL), rebaixou a categoria do espaço aéreo brasileiro para Critically Deficient (criticamente deficiente), conhecido também como “Black Star”. Segundo a ABRAPAC, “os locais classificados como Black Star requerem que procedimentos especiais sejam adotados por todos os pilotos que voem naquele espaço aéreo, de modo a mitigar os riscos ali presentes. Portanto, essa classificação é um alerta aos pilotos que forem sobrevoar o país”. (ABRAPAC, 2016).

Ainda segundo a ABRAPAC, a mesma informou quais ações devem ser adotadas para restabelecer uma classificação favorável para o espaço aéreo brasileiro, onde destaca:

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Segundo os critérios da IFALPA, se as medidas necessárias para mitigar o risco que levou à classificação Black Star forem tomadas, a situação será reavaliada pela entidade. Caso as medidas sejam consideradas satisfatórias, a classificação Black Star é removida. No caso dos balões, é necessária uma atuação mais firme das autoridades para coibir a prática até que seja discutida uma regulamentação específica para o assunto. (ABRAPAC, 2016).

Em um esforço combinado para mitigar a prática, a SAC (Secretaria de Aviação Civil) em conjunto com o DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), Infraero, CENIPA, ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), ABEAR (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), SNA, SENASP/MJ (Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça), IFALPA, ANEAA (Associação Nacional das Empresas Administradoras de Aeroportos), CNPAA (Comitê Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) e a GRU AIRPORT, publicou o MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), um documento que procura nortear a ação dos órgãos fiscalizadores. Trata-se de um compêndio contendo informações sobre campanhas, dados legais e regulamentares, bem como casos exemplificativos de ocorrências.

Na elaboração deste trabalho, este pesquisador busca relacionar a prática à questão cultural a fim de que possa ser identificada a “raiz do problema” e que ao leitor, seja possível imaginar uma solução que não seja paliativa, mas que, ao longo do tempo, possa modificar o perfil dos praticantes desta atividade e conscientizá-los dos impactos diretos e indiretos decorrentes da prática baloeira.

1.4 METODOLOGIA

1.4.1 Natureza e Tipo da Pesquisa

A presente pesquisa caracteriza-se como exploratória, cujo objetivo é explorar um problema conhecido e persistente, a fim de que possa fornecer informações precisas acerca do mesmo.

Para realização desta pesquisa, os dados foram coletados através do procedimento bibliográfico, uma vez que meus objetivos visam uma investigação aprofundada sobre o tema a fim de entregar ao leitor um material que lhe norteie no conhecimento acerca do problema estudado.

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Classifico esta pesquisa como qualitativa, uma vez que a mesma será baseada em situações reais a fins de levantar dados para estudar o problema.

1.4.2 Materiais e Métodos

Nesta pesquisa serão analisados os mais diversos dados relacionados ao objetivo em estudo, incluindo-se os materiais bibliográficos, onde obtêm-se as informações necessárias à história e prática cultural da atividade baloeira, relacionada com as festas populares advindas principalmente da crença católica e também materiais classificados como documentais, uma vez que serão objeto de análise as legislações relacionadas ao tema e demais documentos emitidos pelas autoridades competentes que se relacionem direta ou indiretamente com a prática da atividade baloeira no Brasil. Serão abordadas e referenciadas as demais reportagens e publicações veiculadas pela mídia em geral acerca da prática baloeira.

1.4.3 Procedimentos de Coleta de Dados

Para esta pesquisa, foram utilizadas diversas informações veiculadas pela mídia geral acerca da prática baloeira, onde pode ser observado o alto índice desta atividade no Brasil.

Entretanto, para fins de coleta de dados confiáveis e que representem a posição governamental em relação ao assunto, os dados utilizados nas análises foram extraídos de fontes oficiais, tais como o CENIPA e a Força Aérea Brasileira, que representam a posição oficial do estado brasileiro em relação ao assunto.

1.4.4 Procedimentos de Análise de Dados

Em virtude da vasta quantidade de informações acerca de avistamentos baloeiros na mídia geral brasileira, teve-se o cuidado de realizar uma interpretação acerca de quais dados poderiam ser levados em consideração para a formação de um posicionamento cientifico em relação ao assunto estudado.

Os dados fornecidos pelas autoridades oficiais do governo brasileiro, foram utilizados para embasar o posicionamento acerca do problema estudado, sendo que foram

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citadas demais informações genéricas veiculadas pela mídia geral, as quais não possuem intenção de formar um posicionamento, mas apenas de evidenciar a grande quantidade de ocorrências relatadas pelo meio jornalístico.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Para fins de melhor assimilação do conteúdo, e seguindo as normas técnicas vigentes, o presente trabalho foi subdividido com a seguinte estrutura:

Na introdução, buscou-se demonstrar o fascínio do homem pelo meio aéreo e a importância deste tipo de transporte para os dias atuais. Desta linha de raciocínio buscou chamar a atenção do leitor para o perigo gerado pela atividade baloeira, justificando a importância do presente trabalho para a contribuição na cultura de segurança operacional da aviação brasileira. Foram ainda evidenciados os métodos utilizados e a forma de coleta e análise dos dados utilizados.

Na seção 2, buscou-se referenciar e explorar o problema apresentado, iniciando o relato com uma breve história acerca da origem do balão de ar quente, dando ao leitor a possibilidade de compreender a origem do “objeto” (balão de ar quente) e a origem da tradição cultural em realizar a confecção e soltura.

Na sequência foi explorada a questão desta atividade no Brasil e utilizados dados fornecidos pelas autoridades aeronáuticas brasileiras, para demonstrar o alto impacto e a interferência gerada por esta prática na segurança das operações aéreas. Foi ainda referenciada a legislação brasileira que relaciona-se ao tema em estudo e as diversas ações realizadas pelos órgãos competentes para coibir a prática.

Na seção 3, foi realizada a consideração final acerca do tema explorado, onde buscou-se sintetizar os dados apresentados e reforçar ao leitor os principais pontos apresentados na pesquisa e os resultados obtidos com sua análise, para que ao mesmo seja possível compreender a relevância do tema exposto e a necessidade da continuidade deste debate por parte das autoridades aeronáuticas em harmonia com a população.

Na sequência foram referenciadas as fontes e materiais de onde foram extraídas as informações inerentes a esta pesquisa.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 HISTÓRIA DO BALÃO DE AR QUENTE

A história acerca dos balões inicia-se bem documentada a partir de 1709, quando o Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão efetuou uma demonstração perante o Rei Dom João V de Portugal e sua corte. (HISTÓRIA GERAL DA AERONÁUTICA BRASILEIRA, 1988). Entretanto, como relata Deng Yinke (2011), a existência de “aparelhos voadores” classificados como balões de ar quente, construídos e utilizados na China, data por volta de 220-280 DC.

Figura 1 - Bartolomeu Lourenço de Gusmão demonstrando sua invenção.

Fonte: Louro, 2014.

Tais aparelhos, classificados como aeróstatos, são assim designados por utilizar-se de princípios da física para garantirem sua flutuabilidade no meio aéreo. Segundo o Dicionário Online de Português, aeróstato é um “aparelho cheio de um gás mais leve do que o ar, e que pode, por isso, elevar-se e sustentar-se na atmosfera; balão”.

Embora a existência de tais aparelhos date de períodos mais antigos, estes inicialmente consistiam em balões não tripulados. De acordo com Lemos, 2012, o primeiro

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voo de um balão de ar quente tripulado, ocorreu em 1783 na França. Entretanto, embora tal feito seja de grande valor histórico, o mesmo não será aprofundado visto não ser o objetivo final deste estudo.

Da mesma forma, a questão dos balões tripulados não será abordada no Brasil, restringindo-se este estudo aos balões não tripulados, com foco principal nos balões de ar quente.

A história dos balões de ar quente no Brasil, potencializa-se com a incorporação das tradições portuguesas advindas do que conhecemos como “festas juninas”, que inspiram-se principalmente nas festas de Santo Antônio, São João Batista e São Pedro. De acordo com Diana, 2018, em informação disponibilizada no portal Toda Matéria, “os balões são tradicionais, embora atualmente existam restrições por questões de segurança. Tradicionalmente, a soltura de balões indica o início das comemorações”.

Embora a prática de atividade baloeira seja criminalizada no Brasil, segundo o CENIPA, em informação publicada em seu portal na internet, estima-se que sejam soltos 100 mil balões todos os anos no Brasil, sendo que os estados do Rio de Janeiro e São Paulo lideram as estatísticas, seguidos pelo estado do Paraná.

2.2 PERIGO BALOEIRO NO BRASIL

No Brasil, de acordo com dados divulgados pelo CENIPA em seu portal na internet, no ano de 2017, a prática baloeira intensifica-se a partir de abril, chegando ao ápice com as festas juninas e julinas. Ainda de acordo com o mesmo órgão, observa-se uma concentração significativa nas áreas dos aeroportos dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, os quais, juntos, representam mais de 75% das notificações.

Em informação publicada pela SAC (Secretaria de Aviação Civil) no MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), foram confeccionados gráficos utilizando-se dados de avistamentos fornecidos pelo CENIPA, a partir do ano de 2013.

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Figura 2 - Distribuição de reportes por mês

Fonte: MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), Secretaria de Aviação Civil, 2016, p. 07.

Figura 3 - Ocorrências por aeródromo

Fonte: MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), Secretaria de Aviação Civil, 2016, p. 07.

De acordo com informações obtidas no portal on-line do CENIPA, para o ano de 2019, até o momento de confecção desta pesquisa, observou-se os seguintes dados estatísticos para os reportes de avistamentos de balões:

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Figura 4 - Ocorrências por estados - 2019

Fonte: CENIPA, 2019.

Figura 5 - Ocorrencia por aeródromos - 2019

Fonte: CENIPA, 2019.

De acordo com o Ministério da Infraestrutura, 2018, em publicação realizada em seu portal na internet, o órgão destaca:

Apesar de parecer uma prática inofensiva, soltar balão artesanal e não tripulado é perigoso e é considerado crime ambiental. A prática pode provocar incêndios em florestas e em áreas urbanas como casas, escolas e hospitais, além de colocar em risco a vida das pessoas. (Ministério da Infraestrutura, 2018).

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Ainda na referida publicação, o Ministério da Infraestrutura esclarece que para a aviação o risco é ainda maior: “Os balões podem colidir com aeronaves, enroscar nas turbinas dos aviões, provocar incêndios ou até mesmo cair na pista sobre aeronaves em abastecimento”. (Ministério da Infraestrutura, 2018).

O Ministério da Infraestrutura esclarece ainda que no Brasil também existe a atividade do balonismo, a qual é legal e regulamentada, diferente da prática da soltura de balões não tripulados que é uma atividade não regulamentada e considerada criminosa. (Ministério da Infraestrutura, 2018).

Estes balões não tripulados, de acordo com o CENIPA, em informação publicada no Manual de Orientações às Forças de Segurança Pública para a Fiscalização de Balões não Tripulados (Balões Juninos), podem ter tamanhos variados entre os 15 e 30 metros, havendo casos relatados de balões com mais de 100 metros. Tal estrutura, para vencer os limites impostos pela física e alçar voo, necessita de um recurso que lhe proporcione o aquecimento necessário do ar em seu interior, o que é feito por uma tocha ou bucha, que nos balões maiores podem inclusive incluir botijões de gás e outros materiais pesados. (MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), Secretaria de Aviação Civil, 2016, p. 09).

Figura 6 - Bucha de balão

Fonte: MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), Secretaria de Aviação Civil, 2016, p. 10.

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Além dos recursos necessários a geração de calor, segundo o CENIPA, os balões de tamanho maior “podem carregar grandes bandeiras ou armações com centenas de quilos de explosivos, sustentadas por longos cabos. Assim, todo o conjunto pode atingir até quatro vezes a altura do balão”. (MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), Secretaria de Aviação Civil, 2016, p. 09).

Figura 7 - Balão com armação e bandeira

Fonte: MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), Secretaria de Aviação Civil, 2016, p. 09.

Ainda segundo o CENIPA, a hipótese da colisão de um balão de grande porte com uma aeronave comercial geraria uma situação catastrófica:

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Por intermédio de uma fórmula matemática, desenvolvida pelo Centro Técnico Aeroespacial (CTA), calcula-se que uma aeronave em descida, com 250 nós de velocidade, ao colidir com um balão de 150 quilos, receberia um impacto equivalente a 208 toneladas, ou seja, a metade de um Boeing 747 ou Airbus A380. A regra aplicada à certificação de aeronaves comerciais estipula que seus pára-brisas devem resistir, sem penetração, ao impacto de uma ave de 4 lbs (1,82 kg). Considerando forças da magnitude apresentada acima, não é difícil imaginar o que aconteceria se um jato comercial colidisse contra um balão, botijão de gás ou uma bucha de massa similar à mencionada anteriormente. (MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), Secretaria de Aviação Civil, 2016, p. 10).

Culturalmente, verifica-se a existência das chamadas “equipes”, que são formadas por pessoas com intuito de efetuar a prática baloeira, os quais são responsáveis pela confecção, lançamento e “resgate” dos balões. Tais “equipes” utilizam-se principalmente de locais inóspitos e de difícil acesso para realizar a soltura dos balões. Tal prática advém da tentativa de dificultar o trabalho por parte das autoridades policiais que coíbem a prática. (SILVA, 2013).

Entretanto, em diversas situações os lançamentos podem ser efetuados em locais populosos, principalmente quando tratam-se de balões de pequeno porte, cujo lançamento é realizado de forma rápida e não demanda tanta preparação. Em sua publicação no site VICE, em 2016, o fotojornalista Apu Gomes, relata a soltura de um balão à noite, o qual foi confeccionado e solto em intervalo inferior a 15 minutos, a partir do teto de uma residência.

Este repórter acompanhou o referido grupo por um período de 3 meses, no qual ele pôde observar todos os detalhes que envolvem a prática desta atividade.

Embora a maior parte dos lançamentos de grandes balões ocorra em áreas mais afastadas, de acordo com os dados fornecidos pelo CENIPA em seu portal na internet, no ano de 2017, é absurdamente grande a quantidade de balões que percorrem áreas populosas ou cruzam área de elevado movimento aéreo, tais como as terminais dos principais aeroportos brasileiros, bem como as aerovias. (CENIPA, 2017).

Existem casos relatados de balões que interferem inclusive na aproximação de aeronaves em determinados aeroportos, ou interferem diretamente na operação de solo. Em publicação realizada em seu portal na internet, no ano de 2018, a GRU Airport, concessionária que administra o Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, informou que foram registradas 65 ocorrências com balões na área do terminal e 52 ocorrências no ano de 2018. (GRU Airport, 2018).

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Figura 8 - Avião passa próximo de balão em área do Aeroporto de Guarulhos

Fonte: Reprodução/TV Globo.

Em outra situação, no ano de 2011, uma aeronave foi atingida por um balão após decolar do Aeroporto Santos Dummont no Rio de Janeiro. De acordo com o CENIPA, 2013, em seu relatório final, consta que “o plástico do banner que o balão carregava obstruiu os três tubos de pitot (sensores de pressão que possibilitam o funcionamento do velocímetro) e um TAT sensor (que mede a temperatura do ar). Isso causou a degradação dos sistemas automáticos de voo”. (CENIPA, 2013, p. 07).

Conforme imagem publicada pelo CENIPA no referido relatório final, podemos verificar a extensão dos danos causados a aeronave no caso relatado:

Figura 9 – Danos à aeronave

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Tais equipamentos possuem a capacidade de ascensão elevada, compatível ou superior às altitudes praticadas pelas aeronaves em voo de cruzeiro, o que implica em risco de colisão não apenas nas operações de subida ou descida, mas também no voo em rota. De acordo com relato publicado pelo CENIPA em seu portal na internet, no ano de 2016, ficou visível a situação ocorrida em voo na terminal São Paulo, onde o piloto relatou:

“Decolamos da pista 09L efetuando CGH 1A (procedimento de subida por instrumentos), fomos autorizados à proa direta de CGH (fixo balizado por um VOR) e subir para o FL de voo. Durante a curva, avistamos um balão 2000ft acima, a 2000m de distância. Já na proa de CGH, foi necessário desviar para passar no meio de dois outros balões, estávamos sobre CGH no FL 100 e os balões na mesma altitude a 1000m de distância. No total, avistamos na terminal São Paulo sete balões de grande porte.” (CENIPA, 2016).

Em reportagem exibida pelo portal R7, em data de 25/12/2015, ficou visível o tamanho do problema enfrentado pelo sistema de aviação brasileiro, na ocasião em que foram reportados a existência de pelo menos 11 balões sobrevoando a terminal de São Paulo ao mesmo tempo.

O problema que advém de anos, atingiu níveis tão críticos, que levou em 2016 ao rebaixamento do espaço aéreo brasileiro pela IFALPA (International Federation of Air Line Pilots' Associations), que foi inserido na categoria Critically Deficient (criticamente deficiente), conhecido também como “Black Star”. Segundo a ABRAPAC, “os locais classificados como Black Star requerem que procedimentos especiais sejam adotados por todos os pilotos que voem naquele espaço aéreo, de modo a mitigar os riscos ali presentes. Portanto, essa classificação é um alerta aos pilotos que forem sobrevoar o país”. (ABRAPAC, 2016).

Embora alarmante tal situação foi necessária, em virtude da aparente ineficácia das medidas adotadas pelos órgãos reguladores brasileiros para a resolução do problema.

2.3 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

No Brasil a atividade aeronáutica encontra-se respaldada pela lei maior do estado brasileiro, ou seja, a Constituição Federal de 1988, que em seu artigo 21, relata:

Art. 21. Compete à União: [...]

(27)

XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;

(CF, 1988)

Ainda no texto da referida norma, encontramos em seu artigo 22, acerca da atribuição legal sobre a legislação aeronáutica:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

[...]

X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial; (CF, 1988)

A atividade aeronáutica é regulamentada pela Lei n.º 7.565, de 19 de dezembro de 1986, que instituiu o Código Brasileiro de Aeronáutica, mais conhecido como CBAer.

Entretanto, conforme observado no Art. 1º da referida Lei, o Direito Aeronáutico é composto também por demais legislações complementares:

Art. 1° O Direito Aeronáutico é regulado pelos Tratados, Convenções e Atos Internacionais de que o Brasil seja parte, por este Código e pela legislação complementar. (CBAer, 1986).

Segundo publicação realizada pelo portal Senado Notícias, Anderson Vieira relata acerca do PLS (Projeto de Lei do Senado) 258, que trata do Novo Código de Aeronáutica, na qual cita o relator do projeto, senador José Maranhão:

O relator lembrou que o Código de Aeronáutica atual é de 1986. Portanto, é anterior à Constituição (1988), ao Código de Defesa do Consumidor (1990) e à lei que criou a Agência Nacional de Aviação Civil (2005), o que, a seu ver, evidencia a necessidade de atualização. (Senado Notícias, 2017).

A prática da atividade baloeira no Brasil encontra ainda regulamentação dada pela ICA 100-12 do DECEA, na qual o referido órgão teve a clareza de especificar que “O lançamento do balão de ar quente não tripulado (ex. balão junino) está condicionado às demais legislações brasileiras em vigor.” (DECEA, 2016, p. 26).

As referidas “demais legislações” compreendem a Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências, e, em seu artigo 42 destaca:

(28)

Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:

Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. (Lei 9.605, 1998).

A atividade baloeira é tipificada ainda no Decreto-Lei 2848 de 7 de dezembro de 1940, que instituiu o Código Penal, e em seu artigo 261 trata acerca do “Atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo”:

Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea: Pena - reclusão, de dois a cinco anos. (Decreto-Lei 2.848, 1940).

O PLS 258, de 2016, ainda em tramitação perante o Senado Federal e que pretende instituir o Novo Código Brasileiro de Aeronáutica, prevê em seu artigo 16:

Art. 16. É vedada a prática de balonismo com a utilização de balões sem dirigibilidade ou controle de azimute ou de altitude.

§ 1º Entende-se por balão qualquer artefato inflado com ar quente ou gás, com ou sem chama.

§ 2º Excetuam-se do disposto neste artigo as práticas de balonismo destinadas a pesquisa científica, previsão meteorológica, proteção do meio ambiente ou a outras finalidades de interesse público, que obedeçam às normas específicas da autoridade de aviação civil e da autoridade aeronáutica.

§ 3º A inobservância do disposto neste artigo sujeitará o infrator à sanção penal prevista no art. 357, sem prejuízo da responsabilidade civil por danos causados a terceiros. (PLS 258, 2016).

O Artigo 357 da referida norma, caso sancionado da forma atual, irá prever:

Art. 357. Soltar balões sem dirigibilidade ou controle azimute ou de altitude, exceto quando destinados a atividades de pesquisa científica, previsão meteorológica, proteção do meio-ambiente ou a outras finalidades de interesse público previamente autorizadas pela autoridade competente.

Pena – detenção de dois a quatro anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, e multa de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). (PLS 258, 2016).

Com efeito, os dispositivos citados anteriormente (excetuando-se o PLS 258, ainda em tramitação), servem como base para as decisões judiciais envolvendo a prática da atividade:

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APELAÇÃO CRIMINAL. CONDENAÇÃO. ART. 42 DA LEI 9605/98, C/C ART. 14, II, DO CP. Absolvição. Impossibilidade. Apelante, na companhia de mais cinco infratores, foi detido por policiais militares, quando fabricavam um balão em uma praça. Materialidade e autoria comprovadas. Laudos periciais adunados aos autos e prova oral robusta. Condenação mantida. Revisão da dosimetria. Cabimento. Substituição da pena privativa de liberdade por fixação de pena de multa. Reconhecimento da prescrição por ofício. Lapso temporal entre a data do recebimento da denuncia e concessão da suspensão condicional do processo somado ao decurso do tempo entre a data da revogação do beneficio e sentença, ultrapassa-se dois anos. Recurso provido em parte. Declaração da extinção da punibilidade da pretensão punitiva pela prescrição. Unânime. (TJ-RJ - APL: 00558889720108190001 RIO DE JANEIRO CAPITAL 32 VARA CRIMINAL, Relator: ANTONIO CARLOS NASCIMENTO AMADO, Data de Julgamento: 19/04/2016, TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 03/05/2016).

Apelação Crime Ambiental (soltar balão) em concurso material com lesão corporal culposa, sendo esta ultima em concurso formal - Art. 42 da Lei 9605/98 c/c. art. 69, e art. 129, § 6º c/c. art. 70, todos do C.P. - Recurso Defensivo Pretendida a Absolvição por Insuficiência Probatória Inadmissibilidade Vítimas presenciaram o réu acendendo a tocha propulsora do balão guarnecido por fogos de artifício Laudos periciais que comprovam as lesões corporais provocadas nas vítimas Condenação de rigor.Dosimetria Pena base dos delitos de lesão corporal e do crime ambiental fixada no mínimo legal Aumento de 1/6 no delito de lesão corporal pelo reconhecimento do concurso formal Regime Aberto Aplicação da substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos consistente na prestação de serviços a comunidade pelo prazo da carcerária, além de 10 dias-multa Medida socialmente recomendada nos termos do artigo 44 do C.P. Recurso Improvido?. (TJ-SP - APL: 990103007018 SP, Relator: Salles Abreu, Data de Julgamento: 30/11/2010, 4ª Câmara de Direito Criminal, Data de Publicação: 01/12/2010).

2.3.1 Enquadramentos Legais

De acordo com informações publicadas pela SAC (Secretaria de Aviação Civil) no MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), a referida secretaria disponibiliza de forma clara quais os enquadramentos tipificados na legislação vigente se aplicam à prática da atividade baloeira:

A) Crime de Atentado Contra a Segurança do Transporte Aéreo: A conduta de soltar balões pode comprometer a segurança do transporte aéreo e, nesse sentido, o art. 261 do Código Penal Brasileiro configura como crime: “Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea”, ou seja, independente da consequência advinda, o simples fato de soltar balões sem a devida autorização já se configura crime e possui pena de reclusão de dois a cinco anos.

B) Crime ambiental: A Lei Federal 9.605 de 1998, Lei de Crimes Ambientais, em seu art. 42, proíbe a fabricação, a venda, o transporte e a soltura de balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas ou qualquer tipo de assentamento urbano. A pena para este crime é a detenção de um a três anos, multa ou ambas.

(30)

C) Apologia ao Crime: Os responsáveis pela produção de vídeos, compilação e difusão de imagens de soltura de balões de ar quente, não tripulados, também podem responder pelos crimes de apologia ao crime, disposto no art. 287 do Código Penal, o qual prevê pena de detenção de três a seis meses ou multa; associação criminosa (antigo crime de formação de quadrilha), disposto no art. 288, com pena de um a três anos de reclusão; ou na modalidade de cometimento de crime em concurso de pessoas, previsto pelo art. 29 do Código Penal, onde duas ou mais pessoas com seus comportamentos contribuem para o cometimento do crime, no caso, de atentado contra a segurança do transporte aéreo ou crime ambiental.

D) Dano: Caso da prática dos crimes acima citados decorra algum dano, como destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia, o Código Penal Brasileiro prevê, em seu art. 163, a pena de detenção de um a seis meses ou multa.

E) Lesão Corporal: Existe, ainda, a possibilidade da prática de soltar balões resultar em lesão corporal, que é ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem, crime tipificado pelo Código Penal Brasileiro no art. 129, com pena de detenção de três meses a um ano. Caso a lesão corporal seja de natureza grave, ou seja, resultando na incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias, perigo de vida, debilidade permanente de membro, sentido ou função ou aceleração de parto, a pena será de reclusão de um a cinco anos. Havendo incapacidade permanente para o trabalho, enfermidade incurável, perda ou inutilização do membro, sentido ou função, deformidade permanente ou aborto, a pena estipulada será de dois a oito anos.

F) Lesão Corporal seguida de Morte: No caso da lesão corporal ser resultada em morte e as circunstâncias evidenciarem que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena será de reclusão de quatro a doze anos. G) Lesão Corporal Culposa: Havendo o caso de lesão corporal culposa, há previsão de pena de detenção de dois meses a um ano. (MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), Secretaria de Aviação Civil, 2016, p. 18). O referido manual ainda prevê a requisição de força policial:

Qualquer cidadão, assim como a autoridade aeronáutica poderá requisitar o auxílio da força policial para obter a detenção dos presumidos infratores ou da aeronave que ponha em perigo a segurança pública, pessoas ou coisas, nos limites do disposto no art. 290 do Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA), que prevê: “Art. 290. A autoridade aeronáutica poderá requisitar o auxílio da força policial para obter a detenção dos presumidos infratores ou da aeronave que ponha em perigo a segurança pública, pessoas ou coisas, nos limites do que dispõe este Código.” (MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), Secretaria de Aviação Civil, 2016, p. 20).

A fim de facilitar a ocorrência de denúncias e facilitar o contato com os órgãos responsáveis, o Manual ainda informa os telefones de contato dos diversos órgãos em todos os estados brasileiros.

(31)

Figura 10 - Telefones de contato dos órgãos de controle

Fonte: MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), Secretaria de Aviação Civil, 2016, p. 21.

2.4 ATUAÇÃO DOS ORGÃOS DE CONTROLE

De acordo com informação constante no portal on-line da Força Aérea Brasileira, a mesma descreve o CENIPA e sua atuação perante a estrutura aeronáutica brasileira:

O CENIPA é o órgão do Comando da Aeronáutica responsável pelas atividades de investigação de acidentes aeronáuticos da aviação civil e da Força Aérea Brasileira. As investigações são embasadas no Anexo 13 à Convenção Internacional de Aviação Civil da ICAO – International Civil Aviation Organization, órgão de referência mundial, que normatiza as leis sobre aviação civil internacional. (Força Aérea Brasileira).

Neste sentido, o CENIPA em um esforço para coibir a prática e direcionar melhor os recursos necessários à coerção da atividade, criou o serviço de mapeamento e reportes denominado “Ficha de Notificação de Ocorrência com Balão”, disponível na internet, e que

(32)

“poderá ser usada por qualquer pessoa que tenha avistado balões perto de aeronaves em procedimento de pouso, decolagem ou em voo de cruzeiro”. (CENIPA, 2012).

Outra atuação no sentido de informar acerca da ilegalidade da prática, foi a elaboração de campanhas, informando sobre os riscos e perigos associados à atividade.

Figura 11 - Campanha Perigo Baloeiro

(33)

Figura 12 - Campanha Perigo Baloeiro

Fonte: CENIPA.

Outra campanha realizada pela SAC (Secretaria de Aviação Civil), teve como objetivo a “conscientização da sociedade dos sérios riscos que os balões não tripulados causam à segurança operacional da aviação e aos aeroportos.” (MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), Secretaria de Aviação Civil, 2016).

A SAC destacou ainda que:

Esta campanha visa conscientizar a população, por meio de ações de divulgação envolvendo os diversos tipos de mídias, as escolas e demais áreas da sociedade para consolidar o entendimento que a solturas de balões não tripulados é um sério risco à aviação e ao meio ambiente. (MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), Secretaria de Aviação Civil, 2016, p. 15).

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Figura 13 - Campanha "Balão é Coisa Séria"

Fonte: MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), Secretaria de Aviação Civil, 2016, p. 15.

A referida campanha foi citada no MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), publicado pela Secretaria de Aviação Civil no ano de 2016.

Ainda no referido manual, foi destacado o papel a ser desempenhado pelas Forças de Segurança Pública, a saber:

a) Atuação Preventiva: O constante monitoramento das redes sociais e o acompanhamento permanente de sítios eletrônicos dos grupos baloeiros consistem em importantes ferramentas para a atuação preventiva por parte dos Órgãos de Segurança Pública em face ao lançamento de balões de ar quente, recreativos e não tripulados quando utilizados de forma clandestina e criminosa que colocam a aviação e a população em sérios riscos.

b) Atuação Repressiva: O foco deste Manual de Orientação às Forças de Segurança Pública é orientado a incentivar e reforçar a atuação policial repressiva contra a soltura de balões que não cumprem as regras estabelecidas pela Aeronáutica, se constituindo em ação criminosa, ou seja, aqueles balões que possam causar incêndios, pôr em risco aeronaves em voo e a segurança dos aeroportos. (MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), Secretaria de Aviação Civil, 2016, p. 16).

No referido Manual, foi deixado claro a necessidade da atuação integrada por parte dos órgãos de segurança pública:

É necessário, portanto, que as autoridades trabalhem de forma integrada para coibir a ação e buscar a punição dos infratores na forma da Lei. Esta atuação abrange desde ações de identificação de infratores, captura de balões e apreensão de material, até o correto enquadramento das infrações penais para que ocorra o devido processo legal com o objetivo de punir os infratores de forma a tornar os céus brasileiros mais seguros para a aviação. (MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), Secretaria de Aviação Civil, 2016, p. 16).

(35)

A Secretaria tomou o cuidado de deixar claro acerca da atuação diferenciada dependendo do tipo de balão que esteja sendo transportado, fabricado ou solto, por ocasião da abordagem:

Inicialmente, deve-se verificar qual o tipo de balão que está sendo transportado, fabricado ou solto. Caso seja um balão capaz de causar incêndio, este deverá ser imediatamente apreendido, sendo portanto enquadrado o infrator em crime ambiental e atentado contra a segurança do transporte aéreo. (MANUAL DE ORIENTAÇÃO ÀS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A FISCALIZAÇÃO DE BALÕES NÃO TRIPULADOS (Balões Juninos), Secretaria de Aviação Civil, 2016, p. 17).

A fim de orientar e tipificar os tipos de atividades baloeiras existentes, o DECEA, na publicação da ICA-100-12, estabeleceu uma classificação para os balões livres não tripulados, de acordo com o quadro a seguir:

Figura 14 – Classificação dos balões livres não tripulados

Fonte: ICA-100-12, DECEA, 2016.

Na referida publicação, o DECEA esclarece que “um balão livre não tripulado não deverá ser operado sem a devida aprovação prévia do DECEA”. (DECEA, 2016).

(36)

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, muito se ouve falar sobre novas aeronaves, novas tecnologias, novas formas de transportes. A globalização levou as indústrias a caminharem a passos largos, o que fez que com a sociedade tivesse uma evolução tecnológica sem precedentes.

Neste ambiente globalizado e altamente tecnológico o homem ainda luta para resolver ou mitigar velhos problemas, que, em sua maioria, enraizados na cultura popular de determinado lugar, criam verdadeiros desafios quanto à sua resolução.

Esta pesquisa buscou evidenciar o problema advindo da prática baloeira no Brasil. Para fins de aprofundamento do estudo, buscou-se evidenciar a prática baloeira atrelada aos “balões juninos”, que são aqueles cuja prática é tipificada como ilegal e que possuem um elevado potencial de causar danos à vida e ao meio ambiente.

A prática desta atividade vem aumentando em número de reportes observados pelo CENIPA, e as maiores concentrações observadas encontram-se nas áreas de maior movimento aéreo do país.

Através da pesquisa exploratória, referenciou-se que a prática teve origem popular, sendo inserida na cultura brasileira, com o advento principalmente das festas de Santo Antônio, São João Batista e São Pedro.

Foi possível estabelecer que, com o decorrer do tempo, a legislação brasileira buscou criminalizar a prática em diversas áreas: no direito aeronáutico, penal e ambiental. Entretanto, embora com a evolução da legislação, pouca eficácia pode ser atribuída a esta regulamentação, uma vez que o problema tornou-se persistente.

Conforme observado e referenciado, existem casos julgados pelos tribunais brasileiros, onde a legislação que rege esta matéria foi aplicada na forma prevista para penalizar praticantes deste ato, o que, na prática não serviu para inibir a atividade.

Inúmeros esforços estão sendo realizados pelos órgãos de controle, dos quais vale citar o CENIPA e a Secretaria de Aviação Civil, no sentido de criar e divulgar campanhas acerca do risco envolvido com a prática desta atividade.

É de se considerar louvável a iniciativa, entretanto a mesma ainda apresenta pouca eficácia, visto não ter contribuído significativamente para a redução do número de reportes. Todavia a educação é a alternativa que considero viável à formação de uma mentalidade responsável e que, em longo prazo seja capaz de desestimular a prática.

A curto prazo, cita-se o PLS 258, que trata do Novo Código de Aeronáutica e que cita em seu texto atual, dispositivos para intensificar o combate à esta prática. Entretanto,

(37)

conforme relatado, o referido projeto encontra-se em tramitação e ainda não pode ser utilizado na coerção e combate da atividade. Espera-se que quando sancionado, torne-se um importante instrumento de auxílio às autoridades.

Embora louváveis, as medidas atuais tomadas pelos órgãos reguladores da atividade aeronáutica não tem se mostrado suficiente para diminuir a quantidade de reportes e avistamentos nas principais terminais aeroportuárias do país. Diante disto a IFALPA, em 2016, rebaixou a classificação do espaço aéreo brasileiro.

Nesta linha de raciocínio e possível concluir que a aparente ineficácia das medidas advém da dificuldade em promover um amplo debate do tema com a sociedade. Conforme referenciado nesta pesquisa, mesmo o tema aparecendo em reportagens veiculadas pela grande mídia, ele ainda não é tratado com a importância esperada.

Pode-se atribuir a isso a inexistência de acidentes com vitimas ocorridos em função da prática da atividade baloeira na aviação civil. Embora, conforme relatado, já existiram casos de colisões entre aeronaves e balões, estas felizmente resultaram em danos apenas aos equipamentos, mantendo os ocupantes em total segurança, o que contribuiu para manter o assunto às margens do noticiário.

Espera-se que não seja necessária a ocorrência de acidentes mais graves para que o assunto seja posto em discussão com a atenção merecida. Espera-se ainda que o amplo debate dos órgãos reguladores com a população, em um trabalho educacional, contribua para a formação de uma mentalidade capaz de inibir a prática desta atividade, visto que, conforme observado, apenas a legislação rigorosa não será suficiente para atingir o nível de segurança esperado.

Há de se convir que o tema estudado possa ser visto como polemico aos olhos de muitos leitores, visto tratar de um assunto que, embora criminalizado, advem de uma prática cultural. Neste sentido, entende-se a necessidade da continuidade deste debate por parte de outros pesquisadores, com intuito de mostrar a situação a partir de outros pontos de vistas, de forma que, a partir de um apanhado geral as referidas pesquisas possam servir para nortear as ações dos órgãos reguladores na resolução deste problema.

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REFERÊNCIAS

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FORÇA AÉREA BRASILEIRA. Cartazes Risco Baloeiro. Disponível em:

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______. Risco baloeiro. Disponível em:

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______. Tensão no ar: balões na área terminal de São Paulo. Disponível em:

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GRU AIRPORT. GRU Airport promove campanha sobre os riscos de acidentes com pipas e balões. Disponível em:

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JUSBRASIL. Tribunal de Justiça de São Paulo TJ-SP - Apelação: APL 990103007018 SP. Disponível em: <https://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/17626225/apelacao-apl-990103007018-sp?ref=serp>. Acesso em: 13 mai. 2019.

______. Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro TJ-RJ - APELAÇÃO: APL 0055888-97.2010.8.19.0001 RIO DE JANEIRO CAPITAL 32 VARA CRIMINAL. Disponível em: <https://tj-rj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/351481419/apelacao-apl-558889720108190001-rio-de-janeiro-capital-32-vara-criminal?ref=serp>. Acesso em: 13 mai. 2019.

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(41)

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SILVA, Marcos Vinícius Guidotti. Balão não tem destino: uma etnografia das relações de quebrada através das práticas dos baloeiros. Primeiros Estudos, São Paulo, n. 4, p. 46-57, 2013. Disponível em:

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VICE. Balão é compromisso: por dentro da cena de baloeiros da zona sul de São Paulo. Disponível em: <https://www.vice.com/pt_br/article/jpe4g7/balao-compromisso-por-dentro-da-cena-de-baloeiros-da-zona-sul-de-sao-paulo>. Acesso em: 28 fev. 2019.

YINKE, Deng. Ancient chinese inventions. 1 ed. [S.L.]: Cambridge University Press, 2011. 155 p.

(42)

ANEXO A - Direitos autorais - Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Disposições preliminares

(43)

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998.

Mensagem de veto Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos

autorais e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Título I

Disposições Preliminares

Art. 1º Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos de autor e os que lhes são conexos.

Art. 2º Os estrangeiros domiciliados no exterior gozarão da proteção assegurada nos acordos, convenções e tratados em vigor no Brasil.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade na proteção aos direitos autorais ou equivalentes.

Art. 3º Os direitos autorais reputam-se, para os efeitos legais, bens móveis.

Art. 4º Interpretam-se restritivamente os negócios jurídicos sobre os direitos autorais. Art. 5º Para os efeitos desta Lei, considera-se:

I - publicação - o oferecimento de obra literária, artística ou científica ao conhecimento do público, com o consentimento do autor, ou de qualquer outro titular de direito de autor, por qualquer forma ou processo;

II - transmissão ou emissão - a difusão de sons ou de sons e imagens, por meio de ondas radioelétricas; sinais de satélite; fio, cabo ou outro condutor; meios óticos ou qualquer outro processo eletromagnético;

III - retransmissão - a emissão simultânea da transmissão de uma empresa por outra;

IV - distribuição - a colocação à disposição do público do original ou cópia de obras literárias, artísticas ou científicas, interpretações ou execuções fixadas e fonogramas, mediante a venda, locação ou qualquer outra forma de transferência de propriedade ou posse;

V - comunicação ao público - ato mediante o qual a obra é colocada ao alcance do público, por qualquer meio ou procedimento e que não consista na distribuição de exemplares;

VI - reprodução - a cópia de um ou vários exemplares de uma obra literária, artística ou científica ou de um fonograma, de qualquer forma tangível, incluindo qualquer armazenamento permanente ou temporário por meios eletrônicos ou qualquer outro meio de fixação que venha a ser desenvolvido; VII - contrafação - a reprodução não autorizada;

VIII - obra:

a) em co-autoria - quando é criada em comum, por dois ou mais autores;

b) anônima - quando não se indica o nome do autor, por sua vontade ou por ser desconhecido; c) pseudônima - quando o autor se oculta sob nome suposto;

d) inédita - a que não haja sido objeto de publicação; e) póstuma - a que se publique após a morte do autor; f) originária - a criação primígena;

g) derivada - a que, constituindo criação intelectual nova, resulta da transformação de obra originária;

h) coletiva - a criada por iniciativa, organização e responsabilidade de uma pessoa física ou jurídica, que a publica sob seu nome ou marca e que é constituída pela participação de diferentes autores, cujas contribuições se fundem numa criação autônoma;

i) audiovisual - a que resulta da fixação de imagens com ou sem som, que tenha a finalidade de criar, por meio de sua reprodução, a impressão de movimento, independentemente dos processos de sua captação, do suporte usado inicial ou posteriormente para fixá-lo, bem como dos meios utilizados para sua veiculação;

IX - fonograma - toda fixação de sons de uma execução ou interpretação ou de outros sons, ou de uma representação de sons que não seja uma fixação incluída em uma obra audiovisual;

X - editor - a pessoa física ou jurídica à qual se atribui o direito exclusivo de reprodução da obra e o dever de divulgá-la, nos limites previstos no contrato de edição;

Referências

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