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J. Pediatr. (Rio J.) vol.86 número4

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Academic year: 2018

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Jornal de Pediatria - Vol. 86, Nº 4, 2010 259

Diagnosis of cow milk allergy in the gut,

never an easy task

Diagnóstico de alergia intestinal ao leite de vaca, nunca uma tarefa fácil

Jon A. Vanderhoof*

O

artigo de Lins et al.1 é um estudo importante porque ressalta vários fatores-chave da alergia à proteína do leite de

vaca. Os pesquisadores identiicaram, com base na história,

66 pacientes com reações adversas à proteína do leite de vaca. Essas reações incluíam uma variedade de sintomas cutâneos, gastrointestinais e sistêmicos. Mediram-se os

níveis de imunoglobulina E (IgE) sérica total e especíica, incluindo anticaseína, anti β-lactoglobulina e anti

α

-lactal-bumina. Os pacientes foram orientados a seguir uma dieta

de exclusão do leite de vaca por pelo

menos 2 semanas, utilizando fórmula de proteína de soja. Após a resolução dos sintomas, um teste de desaio com

proteína do leite de vaca foi realizado

em ambiente hospitalar, com consultas

semanais de acompanhamento por 4

semanas consecutivas após o teste,

período durante o qual os pacientes

continuaram a consumir leite de vaca. Aproximadamente metade dos pacientes não apresentou reação positiva à proteína do leite de vaca. Naqueles que tiveram reação positiva, uma reação tardia foi comum, ocorrendo em 77% dos casos. Os pacientes apresentaram reação até a terceira semana de consumo de proteína do leite de vaca. Os níveis

de IgE especíica de duas subfrações de proteína de leite de

vaca foram elevados em somente uma porcentagem muito pequena dos pacientes com resultado de teste positivo.

A conclusão óbvia do artigo é que muitas crianças nas

quais se considera que os sintomas estão relacionados à alergia ao leite de vaca provavelmente têm outras causas

para seus sintomas. Outras conclusões não tão óbvias, mas igualmente importantes, a serem lembradas incluem a ob -servação de que a maioria dos casos de alergia ao leite de

vaca na primeira infância não é mediada pela IgE. Esse tipo de alergia é caracterizado por hipersensibilidade tardia, como foi elegantemente exempliicado pela recidiva bastante tardia dos sintomas após o teste (até 3 semanas). Portanto, não

se pode diagnosticar ou excluir a alergia ao leite de vaca de

maneira coniável com base em teste cutâneo ou dosagem dos anticorpos IgE especíica em bebês e crianças pequenas.

Da mesma forma, um teste oral deve ser realizado com um

período prolongado de observação, até 4 semanas, como os

autores demonstraram.

Sabe-se que a alergia ao leite de vaca em bebês tem

uma resolução relativamente precoce em muitos casos, geralmente durante o primeiro ano de vida2. Portanto, é possível que os pesquisadores tenham

subestimado a porcentagem de bebês

realmente alérgicos ao leite de vaca, já que alguns podem ter se livrado da alergia antes da realização do teste. Não

temos como saber, mas o número desses

casos provavelmente é pequeno.

A importância dessas observações deverá crescer nos próximos anos, pois

o espectro da alergia à proteína do leite de vaca parece

estar aumentando. A observação de que a esofagite eosi -nofílica é uma doença alérgica e a resposta ao tratamento com dieta mesmo fora da primeira infância aumentarão a

necessidade de melhores critérios e métodos diagnósticos

para alergia alimentar3. Atualmente, estamos limitados à

biopsia repetitiva para avaliar tanto a sensibilidade alimentar

quanto as respostas terapêuticas. Parece que a alergia ao leite de vaca pode causar constipação depois dos primei-ros dois anos de vida, assim como sangramento retal em

pré-escolares quase tanto quanto em bebês4. Igualmente, a avaliação da reação à intervenção alimentar pode ser

difícil, e as características histológicas, mesmo que pre

-sentes, são inespecíicas. Para distúrbios como esses, os testes tradicionais para validar o diagnóstico serão ainda

mais difíceis.

A alergia ao leite de vaca provou ser uma causa re-lativamente comum de uma variedade de manifestações

cutâneas e gastrointestinais em bebês e crianças pequenas.

Veja artigo relacionado na página 285

* MD. Division of Gastroenterology and Nutrition, Children’s Hospital, Harvard Medical School, Boston (MA), EUA.

Como citar este editorial: Vanderhoof JA. Diagnosis of cow milk allergy in the gut, never an easy task. J Pediatr (Rio J). 2010;86(4):259-260.

Conflito de interesse: Vice-presidente, Global Medical Affairs, Mead Johnson Nutrition.

doi:10.2223/JPED.2017

(2)

260 Jornal de Pediatria - Vol. 86, Nº 4, 2010

O diagnóstico dessa condição permanece difícil; assim, a conirmação com um teste de desaio com leite é ideal para

evitar excesso de tratamento complexo e de alto custo.

Quando o teste de desaio com leite de vaca é realizado,

deve ser feito com a compreensão de que provavelmente

se está lidando com uma alergia não relacionada à IgE,

sendo necessário um período de monitoramento prolongado

com observação cuidadosa de uma série de sintomas.

Referências

1. Lins MG, Horowitz MR, da Silva GA, Motta ME. Oral food challenge

test to conirm the diagnosis of cow’s milk allergy. J Pediatr (Rio J). 2010;86:285-9.

2. Vanderhoof JA, Young RJ. Allergic disorders of the gastrointestinal tract. Curr Opin Clin Nutr Metab Care. 2001;4:553-6.

3. Chehade M, Aceves SS. Food allergy and eosinphilic esophagitis.

Curr Opin Allergy Clin Immunol. 2010;10:231-7.

4. Troncone R, Discepolo V. Colon in food allergy. J Pediatr

Gastroenterol Nutr. 2009;48 Suppl 2:S89-91.

Referências

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