SUSPENSÃO POLÍTICA DA VENEZUELA NO MERCOSUL: UMA ANÁLISE DAS QUESTÕES POLÍTICAS E ECONÔMICAS

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XI FATECLOG - OS DESAFIOS DA LOGÍSTICA REAL NO UNIVERSO VIRTUAL FATEC JORNALISTA OMAIR FAGUNDES DE OLIVEIRA

BRAGANÇA PAULISTA/SP - BRASIL 29 E 30 DE MAIO DE 2020

SUSPENSÃO POLÍTICA DA VENEZUELA NO MERCOSUL: UMA ANÁLISE DAS QUESTÕES

POLÍTICAS E ECONÔMICAS

ALEXIA LUCIA DA SILVA (FATEC ZONA LESTE) alexialucia12@gmail.com

MAURO COSTA (FATEC ZONA LESTE) Mauro.costa3@fatec.sp.gov.br WASHINGTON ROBERTO DOS SANTOS (FATEC ZONA LESTE) Robert-hall@hotmail.com

RESUMO

O bloco econômico Mercado Comum do Sul (Mercosul) foi instituído em 26 de março de 1991, com o objetivo de melhorar as relações comerciais entre alguns países da América do Sul. Formado inicialmente por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, o bloco admitiu a entrada da Venezuela como membro absoluto a partir de 31 de julho de 2012. Contudo, o país foi suspenso do bloco em 1 de dezembro de 2016 devido ao não cumprimento da conduta imposta pelo Mercosul. Tendo esses fatos apresentados, o objetivo do trabalho é compreender os termos jurídicos inseridos na ata de suspensão do Mercosul elaborado pelos seus países integrantes. A pesquisa foi realizada utilizando fontes bibliográficas e sites em que procura-se analisar e investigar os motivos pelo qual a Venezuela foi suspensa do bloco econômico, propondo uma análise sobre os conflitos atuais acerca do país e diretrizes do bloco em questão.

PALAVRAS-CHAVE: Mercosul. Termos Jurídicos. Suspensão

A B S T R A C T

The Common Market of the South (MERCOSUR) trade bloc was established on March 26th, 1991, with the aim of improving trade relations between some of the countries of South America. Initially formed by Argentina, Brazil, Paraguay and Uruguay, the bloc admitted the entry of Venezuela as an absolute member on July 31st, 2012.

However, the country was suspended from the bloc on December 1st, 2016, due to a non-compliance with the conduct imposed by Mercosur. With these facts, the objective of the work is to understand the legal terms included in the protocol of suspension of Mercosur prepared by its member countries. The research was made by using bibliographic sources and sites in which it is tried to analyze and investigate to find out the main reasons why Venezuela was suspended from the trade bloc, proposing an analysis on the current conflicts on the country and guidelines of the bloc in question.

Keywords: Mercosur. Legal terms. Suspension.

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1. INTRODUÇÃO

O Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), com mais de 20 anos de existência, foi constituído para integração dos países da América Latina, com o objetivo de reaproximar os países vizinhos, de facilitar negociações e desburocratização do processo de importação e exportação atual. Processo iniciado pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, no Tratado de Assunção em 1991 que posteriormente ampliou-se para Venezuela e Bolívia.

O presente Trabalho aborda dados e informações relacionadas ao movimento político e econômico da Venezuela em relação ao bloco econômico Mercosul e compreende os termos jurídicos inseridos na ata de suspensão do referido país do bloco econômico elaborados pelos membros integrantes. Contribuições relevantes de como poderá ser o direcionamento desse movimento no futuro são abordadas, na política externa entre países da América, econômicas e sociais.

A pertinência do tema se deu por ser um assunto que impacta a realidade socioeconômica do Brasil procurando responder e justificar os motivos que levaram o Brasil, juntamente com os outros países membros do bloco econômico, a suspender a Venezuela do Mercosul, e quais foram as sanções aplicadas pelos mesmos à Venezuela. Cita-se, como por exemplo, a redução parcial das trocas comerciais dos países pertencentes ao bloco com base no Protocolo de Ushuaia II.

Diante deste cenário, a suspensão da Venezuela do bloco Mercosul apresenta justificativas jurídicas, algumas delas através do tratado feito pelos países do Mercosul o qual não foi respeitado pela Venezuela, outras de intervenções externas ao bloco, e as mais relevantes são as atuais medidas políticas tomadas dentro da Venezuela, consideradas antidemocráticas, como por exemplo, a busca pela maior nacionalização do país através da aplicação de uma ditadura.

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2. EMBASAMENTO TEÓRICO

2.1 Categorias de integração

Segundo Celli Júnior (1999) os graus ou formas de integração formulados por Bela Balassa refletem coerentemente seu ponto de vista sobre a integração econômica, entendida, principalmente, como a abolição das diversas formas de discriminação entre as economias nacionais participantes. É preciso ressalvar, contudo, que esses graus supõem uma sequência de etapas no processo de integração, que, na prática, não é cumprida. Os processos de integração econômica, ainda que se possa admitir terem eles uma direção dominante que os conduz das formas elementares às superiores, não passam pelos graus sucessivos, ordenados e diferenciados da classificação de Balassa.

2.2 Zona de Livre Comércio

O art. XXIV do GATT, define a Zona de Livre Comércio da seguinte forma: “um grupo de dois ou mais territórios aduaneiros entre os quais são eliminados os direitos alfandegários e as demais regulamentações comerciais restritivas, relativamente ao essencial dos intercâmbios comerciais dos produtos originários dos territórios constitutivos dessa zona de livre comércio”.

Segundo Celli Júnior (1999) a Zona de Livre Comércio configura, assim, um acordo jurídico comercial que deve abranger o essencial do comércio. Os estados participantes obrigam-se a, gradual e progressivamente, suprimir os entraves aduaneiros e outras restrições quantitativas existentes, empregando, para tanto, o mecanismo de desagravamentos negociados ou de desagravamentos automáticos, segundo um calendário predeterminado.

2.3 União Aduaneira

Conforme Mercadante (1988) União Aduaneira é entendido como todo o território para o qual tarifas aduaneiras distintas de outras regulamentações aplicáveis às trocas comerciais sejam mantidas a respeito de outros territórios para uma parte substancial do comércio do território em questão

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Sob o ponto de vista de Celli Júnior (1999) da mesma forma que a Zona de Livre Comércio, a União Aduaneira caracteriza-se pela formação de uma área entre diversos estados, dentro da qual vão sendo suprimidos aos poucos os direitos alfandegários e os entraves aduaneiros. Contudo, é uma categoria mais sofisticada de integração do que a Zona de Livre Comércio, à medida que os estados adotam uma política comercial uniforme em relação aos territórios exteriores à ela, isto é, passa a existir uma tarifa externa única para terceiros países.

Nesse sentido, a União Aduaneira conduz à abdicação de certas prerrogativas de soberania, para facilitar ou viabilizar tal política comum, e à adoção de instrumentos comerciais mais aperfeiçoados que, em certos casos, limitam a independência dos estados em seus domínios. O Tratado de Assunção, de 1991, definiu para Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, a partir de 1º de janeiro de 1995, a adoção da Tarifa Externa Comum (TEC) com base Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). A Venezuela tornou-se Estado Parte do Mercosul em 2012 e informou ter concluído seu cronograma de adoção da TEC em abril de 2016.

Para Celli Júnior (1999) o MERCOSUL, costuma ser classificado como uma União Aduaneira imperfeita. Encontra-se estagnado, já que não se obteve sucesso na harmonização de políticas nacionais, há um déficit de incorporação de suas normas (resoluções e decisões) ao ordenamento jurídico de seus Estados-membros, principalmente por parte do Brasil e, sobretudo, existe uma quantidade inaceitável de listas de exceção à tarifa exterior comum. Não existe coordenação em matéria monetária, nem tampouco em matéria fiscal. A ausência de recursos também tem impossibilitado a integração física (construção de estradas, ferrovias, desenvolvimento de transportes em geral), que é fundamental para o escoamento das exportações. (Celli Júnior, 1999.)

2.4 Mercado Comum

Para Celli Júnior (1999) no Mercado Comum, categoria bem mais ambiciosa de integração, os Estados-membros não somente acordam em suprimir as restrições tarifárias, não- tarifárias e quantitativas ao comércio recíproco, como também os obstáculos que dificultam o livre movimento de fatores de produção, capital e trabalho, o que deverá resultar na liberdade de estabelecimento e na livre prestação de serviços. Caracteriza-se, pois, o Mercado Comum pela livre circulação de bens e mercadorias (eliminação de restrições tarifárias, não-tarifárias e

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quantitativas e estabelecimento de tarifa exterior comum e política comercial comum); de pessoas (qualquer cidadão de um Estado-membro poderá circular nos demais Estados- membros, com direito de investir, de residir e de exercer uma profissão); de serviços (liberdade de estabelecimento e livre prestação de serviços); e de capitais (eliminação de restrições aos movimentos de capitais entre Estados-membros). Há, ainda, uma quinta e fundamental liberdade que deve vigorar no Mercado Comum: a livre concorrência. O controle e a aplicação das regras comunitárias de concorrência tem sido, de fato, fundamentais para a evolução deste processo de integração. Em face de sua maior complexidade, a formação do Mercado Comum requer a harmonização e a uniformidade de políticas, notadamente políticas econômicas e comerciais, e suscita a constituição de órgãos de caráter supranacional encarregados de orientar o processo de integração. (Celli Júnior, 1999.)

2.5 União Econômica e Monetária

Celli Júnior (1999) define União Econômica como um Mercado Comum caracterizado pelo aprofundamento da harmonização e da uniformização legislativa dos Estados-membros. A União Monetária, que implica a criação de uma moeda única, seria uma “consequência lógica e inevitável do aprofundamento da integração nos domínios comercial, produtivo e financeiro, assim como será um potente mecanismo de convergência das políticas econômicas e de aproximação de comportamentos sociais nos vários Estados-membros originando, a prazo, uma maior integração política”. (Pinto, 1995).

Celli Júnior (1999) diz que uma crítica que se poderia fazer a esses modelos de integração é que partem da premissa de que é preciso liberalizar primeiramente o comércio recíproco e o movimento de fatores de produção, antes de enfrentar-se o problema da harmonização das políticas econômicas. Em qualquer processo de integração, independentemente de seu nível de ambição, faz-se necessária a coexistência dos programas de liberalização dos intercâmbios com a coordenação e a harmonização das políticas econômicas nacionais.

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2.6 Mercosul

A criação do MERCOSUL originou-se do princípio de facilitar as negociações com países da América do Sul, a fim de trazer benefícios para as economias nacionais e assim estabelecer vínculos e monetização com os países ingressantes do bloco.

Em 1991 foi assinado o Tratado de Assunção, sendo os países participantes da signatária, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, com o propósito de estabelecer normas e legislações comuns sobre troca de bens e serviços entre os países, com uma tarifa comum e competitiva entre eles.

Já em 2012 a Venezuela ingressa ao bloco com a intenção de fortalecer e acelerar a competição entre países, tendo fim após a reunião de líderes do MERCOSUL onde decidem suspender a República Bolivariana da Venezuela em 2017 das suas atividades por ruptura da ordem de adesão firmada no protocolo de Ushuaia sob o Compromisso Democrático no MERCOSUL e continua suspenso obrigatoriamente até o cumprimento do artigo quinto do protocolo. (MERCOSUR, 2019).

Este processo caracteriza-se por um conjunto de medidas de caráter econômico e tem como objetivo promover a aproximação e a união entre as economias de dois ou mais países. O grau de profundidade dos membros permite que se visualize e determine as fases ou etapas do seu desenvolvimento.

O Mercado Comum é um dos estágios de integração econômica e tem livre circulação de mercadorias, o mesmo requer a circulação de serviços e fatores de produção. Porém, deve- se ressaltar que, além da livre circulação de bens, serviços e fatores de produção, todos os países membros de um Mercado Comum devem seguir os mesmos parâmetros para fixar a política monetária (fixação de taxas de juros), a política cambial (taxa de câmbio da moeda nacional) e a política fiscal (tributação e controle de gastos pelo Estado), ou seja, os países membros devem concordar com o avanço integrado da coordenação das suas políticas macroeconômicas.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto com base neste estudo, trazendo consigo diversas regras acordadas pelos países-membros do MERCOSUL que devem ser respeitadas e seguidas, é possível inferir que quando não há o comprometimento de um país com as cláusulas do Protocolo de Ushuaia II como pode-se observar no lado venezuelano, poderão ocorrer severas sansões, entendendo-se assim, pela suspensão do país.

Temporariamente o Protocolo de Ushuaia II está sendo aplicado, suspendendo a Venezuela do MERCOSUL, por rompimento do regime democrático, podendo ocorrer a exclusão, caso não sejam tomadas medidas de melhoria ou soluções. A suspensão de um país de um bloco, como mostrado claramente no projeto, o qual tal procedimento traz consigo enormes mudanças no país agridem diretamente sua economia, prejudicando sua população e trazendo dificuldades que talvez demorem anos para serem consertadas.

A dependência quase que exclusivamente da grande economia venezuelana vem em relação ao petróleo, que durante muitos anos, não foi entendida como algo negativo. O produto se manteve durante décadas com seu valor de comercialização em um nível elevado.

No entanto, em 2013 sofreu queda continua e expressiva do valor pago em barril de petróleo desencadeando uma crise econômica na Venezuela, que chegou a seu ápice em 2016.

A grande intensidade da crise provocou a falta de grandes produtos e serviços para o país, como alimentos, água e até energia elétrica. Ressalta-se que o MERCOSUL, como a maioria parte dos blocos de países, possui grandes interesses na situação econômica em que o país se encontra, junto com a OMC que procura manter o ambiente seguro para todos que fazem parte do bloco, e com isso a atual economia caótica da Venezuela juntamente com atitudes antidemocráticas influenciaram de forma significativa para o fim da tolerância em relação ao descumprimento das normas estabelecidas do bloco por parte da Venezuela e sua consequentemente suspensão.

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