• Nenhum resultado encontrado

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E"

Copied!
59
0
0

Texto

(1)

0

PRODUTO FINAL – PRD 2014

Suzana do Prado Silva

AS CRIANÇAS E A SALA DE LEITURA DO ESPAÇO DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL KARINE LORRAINE:

Novas estruturas e descobertas

Rio de Janeiro 02/2015

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E

(2)

1

Suzana do Prado Silva

AS CRIANÇAS E A SALA DE LEITURA DO ESPAÇO DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL KARINE LORRAINE:

Novas estruturas e descobertas

Coordenador: Luisa Azevedo Guedes

Orientador/Supervisor: Camila Machado de Lima

Campus de atuação no Colégio Pedro II: Realengo – Unidade de Educação Infantil Área/Disciplina: VIII – Anos Iniciais do Ensino Fundamental e Educação Infantil Instituição de Origem: EDI – Karine Lorraine Chagas de Oliveira

Rio de Janeiro 02/15

Produto final apresentado ao Programa de Residência Docente, vinculado à Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura do Colégio Pedro II, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Docência da Educação Básica no segmento Educação Infantil

(3)

2

CATALOGAÇÃO NA FONTE

COLÉGIO PEDRO II / PROPGPEC / BIBLIOTECA DA PROPGPEC

S586 Silva, Suzana do Prado

As crianças e a Sala de Leitura do Edi Karine Lorraine: novas estruturas e descobertas / Suzana do Prado Silva. - Rio de Janeiro, 2015.

58 f.

Produto Final (Especialização em Docência da Educação Básica na Disciplina Anos Iniciais do Ensino Fundamental e Educação Infantil) – Colégio Pedro II. Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura. Programa de Residência Docente.

Orientador: Camila Machado de Lima.

1. Salas de leitura. 2. Desenvolvimento da linguagem. 3. Educação infantil. 4. Pedagogia de projetos. I. Lima, Camila Machado de. II.

Colégio Pedro II. III. Título.

CDD: 028.9

(4)

3

Suzana do Prado Silva

Aprovado em: _____/_____/_____.

Professora Camila Machado de Lima (Orientadora); Colégio Pedro II

Profa. Dra. Helen Jardim; Colégio Pedro II

Professora Márcia Maria Baptista Maretti; Colégio Pedro II

Produto final apresentado ao Programa de Residência Docente, vinculado à Pró- Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura do Colégio Pedro II, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Docência da Educação Básica no segmento Educação Infantil.

(5)

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, em se preocupar comigo como ser integral que sou.

Agradeço a minha família, que sem seu apoio nas horas mais difíceis eu não concluiria tal projeto.

Agradeço a todos os Professores do Programa de Residente Docente do Colégio Pedro II, principalmente Camila e Luisa que sempre me trataram com muito carinho e respeito.

Agradeço a todos os amigos que adquiri ao longo desse ano. Foi um grande prazer conhecê-los!

(6)

5

RESUMO

SILVA, Suzana do Prado. As crianças e a Sala de Leitura do EDI Karine Lorraine:

Novas estruturas e descobertas. 2014 f. Produto Final (Especialização em Docência da Educação Básica na Educação Infantil) – Colégio Pedro II, Pró-Reitoria de Pós- Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura, Rio de Janeiro, 2015.

O presente trabalho visa apresentar os resultados do projeto denominado – As crianças e a Sala de Leitura do Espaço de Desenvolvimento Infantil Karine Lorraine: “Novas estruturas e descobertas” por meio de atividades desenvolvidas no âmbito do Programa Residência Docentes (PRD) do Colégio Pedro II. Este trabalho se destina à primeira etapa da educação básica, a Educação Infantil, e tem por principal objetivo reestruturar, em parceria e participação das crianças, a Sala de Leitura do Espaço Desenvolvimento Infantil Karine Lorraine Chagas de Oliveira, bem como oportunizar experiências às crianças que promovam a importância do espaço e dos livros em suas vidas. Embora a Sala de leitura seja para o deleite de toda unidade escolar, a participação na reconstrução da sala bem como a conscientização da importância desse espaço foi mais específica para a turma pré-escolar, composta por 20 crianças cuja faixa etária varia entre 4 a 5 anos, do turno da tarde na escola situada em Honório Gurgel, na cidade do Rio de Janeiro. Partindo da análise de trabalho no PRD de desenvolvimento de um trabalho que visasse uma situação-problema dentro da instituição de origem propôs-se como questão base a reabertura da sala de leitura do EDI por entender ser ela um espaço indispensável para a ampliação das possibilidades do desenvolvimento das linguagens das crianças na Educação Infantil. A pedagogia de projetos serviu como inspiração para a metodologia aplicada, pois além de objetivar as etapas torna o trabalho mais participativo e dinâmico com as crianças. Os resultados do projeto foram alcançados, pois no dia vinte e sete de novembro do ano de 2014 a Sala de leitura do EDI Karine Lorraine foi reaberta e novas possibilidades de trabalho foram realizadas a partir de sua reinauguração, reforçando que a sala de leitura é um espaço que deve ser valorizado, pois contribui para o desenvolvimento da educação das crianças na Educação Infantil e toda a comunidade escolar.

Palavras-chave: Sala de Leitura, linguagens, comunidade escolar, Educação Infantil

(7)

6

ABSTRACT

SILVA, Suzana do Prado. As crianças e a Sala de Leitura do EDI Karine Lorraine:

Novas estruturas e descobertas. 2014 f. Produto Final (Especialização em Docência da Educação Básica na Educação Infantil) – Colégio Pedro II, Pró-Reitoria de Pós- Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura, Rio de Janeiro, 2015.

The present work aims at presenting the results of the project named – children and the reading room of the Espaço de Desenvolvimento Infantil Karine Lorraine: "new structures and discoveries" developed under the Programa Residência Docente (PRD) at the Colégio Pedro II for the first stage of the basic education which is the early childhood education, and has as its main objective is to restructure the reading room of the child development place Karine Lorraine Chagas de Oliveira as well as raising awareness to children the importance of this place and the books in their lives. Although the reading room is to the delight of whole school , the participation in the reconstruction of this room as well as the awareness of the importance of this place was specificly to the preschool class, composed of 20 children whose age varies between 4 to 5 years, belonging to the afternoon shift at the school situated in Honório Gurgel, in Rio de Janeiro. After analysing the work in a job development PRD addressing a situation-problem within the institution, this work proposed the reopenning EDI's reading room, as an indispensable place for children language development in early child education. The project pedagogy were used as inspiration for the methodology applied, because in addition to objectify the steps it makes this worki more participative and dynamic with children. The results of this project were achieved, because on 27 2014 November, 27 th the reading room of the EDI Karine Lorraine was reopened becoming possible new possibilities of work., reinforcing that the reading room is a very important place since it contributes to the children education development in the early childhood education and to the whole school community.

Keywords: Reading Room, languages, school community, Early Childhood Education

(8)

7

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 09

2 OBJETIVOS... 10

3 JUSTIFICATIVA... 11

4 METODOLOGIA... 13

5 EMBASAMENTO TEÓRICO... 25

6 RESULTADOS... 28

7 CONCLUSÃO PARCIAL... 30

8 REFERÊNCIAS... 33

9 ANEXOS... 34

(9)

8

Proponho que a sala de leitura seja um local de consulta, de estudo e de entretenimento para a comunidade escolar; seja dirigida por uma professora especializada, em tempo integral, cujo trabalho possa ser articulado com as atividades de sala de aula; deve estar localizada em um espaço próprio, amplo, atraente e agradável, que ofereça condições satisfatórias para a guarda de acervo e de conforto para os leitores. Essas transformações dependiam de recursos financeiros?

Sim, mas não se pode oferecer educação de qualidade a preço vil.

Marlene Carvalho

(10)

9

1- INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por finalidade apresentar os resultados de um projeto desenvolvido no Programa de Residência Docente (PRD) do Colégio Pedro II destinado à primeira etapa da Educação Básica – Educação Infantil. A motivação deste trabalho é o desejo de compreender e pesquisar a minha própria prática no cotidiano escolar, desenvolvendo propostas de melhorias em minha instituição de origem.

O projeto aconteceu no período compreendido de março a dezembro de 2014 e denomina-se As crianças e a Sala de Leitura do Espaço de Desenvolvimento Infantil1 Karine Lorraine: Novas estruturas e descobertas, e tem por objetivo principal a reabertura da Sala de Leitura numa perspectiva de participação das crianças, da equipe pedagógica e de toda a comunidade escolar.

O EDI Karine Lorraine fica situado no bairro de Honório Gurgel, cidade do Rio de Janeiro, e teve sua inauguração no meado do ano de 2011. Este EDI contém duas salas para o segmento berçário (6 meses a 11 meses), duas para Maternais I (2 anos e 11 meses), duas para Maternais II (crianças de 3 a 4 anos) e duas para as turmas de Pré- escolar (crianças de 5 anos). Nele trabalham cerca de 40 funcionários, entre eles:

professores, agentes educacionais, diretoria e funcionários para conservação e limpeza.

A escola possui secretaria, sala de professores, refeitório, área de serviço, pátio interno e externo e uma sala de leitura.

A sala de leitura era um espaço estimado por toda a escola e nela eram desenvolvidos muitos trabalhos pedagógicos. No ano inaugural - mais precisamente no mês de agosto de 2011 - a sala de leitura passou a funcionar com uma professora no turno da manhã e outra no turno da tarde. Por orientação da direção, foi desenvolvido um projeto chamado “Bebê Lendo”. Esse projeto tinha como metodologia a utilização de uma bolsa personalizada como meio da criança levar um livro para a casa nos finais de semana. Depois de lê-lo, ela deveria registrar em um papel, junto com seus responsáveis, como foram esses momentos de leitura e contação de histórias. Outra prática recorrente na sala de leitura era a roda de contação de histórias e diferentes estratégias eram utilizadas pelas professoras para contar e recontar contos, fábulas, poesias, etc.

No ano de 2012, devido a problemas na construção estrutural da escola, as

1 EDI: Espaço de Desenvolvimento Infantil. Segundo a Secretaria Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro, o EDI junta creche e pré-escola. De seis meses a 5 anos e 11 meses, as crianças são estimuladas a se desenvolver com livros e materiais apropriados, contando com educadores dedicados, num ambiente feito pra elas (Disponível em: <

http://www.riosemprepresente.com.br/projetos/edi/>.

(11)

10

salas que eram reservadas para o segmento berçário tiveram sérios problemas de infiltrações e vazamentos. Assim, as goteiras espalhadas por todo o teto tornaram a sala intransitável, impossibilitando a permanência de alunos bem como qualquer tipo de trabalho a ser desenvolvido. Bastava uma pequena chuva que tudo ficava alagado. Com isso, as duas turmas dos berçários tiveram que ir para as salas que acomodavam a turma do Pré-escolar, que consequentemente, precisou ir para outro lugar, e o único lugar disponível era, infelizmente, a sala de leitura.

Com isso, alguns livros foram para as salas de aula e outros foram guardados.

Devido a toda essa mudança, foram feitas muitas adaptações, mas o trabalho não poderia parar. Então, toda a escola se mobilizou para que as crianças fossem assistidas e cuidadas da melhor maneira possível. Enquanto isso, as obras de reforma eram realizadas até que, por fim, tudo se normalizou. Mas, em 2013, devido à grande demanda da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro, mais alunos foram matriculados para a formação de uma nova turma do segmento Pré-escolar no EDI.

Dessa forma, precisávamos novamente de mais um espaço. A sala de leitura foi, novamente, o lugar disponível para o acolhimento de uma turma a fim de comportar as novas crianças na unidade de ensino. Então, na sala de leitura passou a funcionar uma turma de Maternal II.

Em 2014, a sala ficou vazia, mas devido às várias desconstruções ao longo desse tempo ficou inviável o retorno e utilização de sala de leitura, tornando-se, por fim, um depósito de materiais escolares. Outras ações pedagógicas, como o “Trenzinho da leitura” (trem que circulava no pátio com livros literários e as crianças podiam retirá-los dos vagões), foram feitas a fim de motivar as crianças à leitura e proporcionar às mesmas o contato com os livros.

A sala era um local estimado por todos e precisava ser reaberta. Assim, inicia-se um longo caminho para sua reabertura e reutilização, e este processo contou com todos os integrantes da escola e, principalmente, com as crianças.

2- OBJETIVOS Objetivo Geral:

 Reativar a sala de leitura do EDI Karine Lorraine Chagas de Oliveira com a participação das crianças, equipe pedagógica, comunidade escolar e de acordo com os documentos legais e estudos voltados para a Educação Infantil.

(12)

11

Objetivos específicos:

Enfatizar a importância da literatura na Educação Infantil.

 Organizar o espaço da sala de leitura com as crianças da turma pré-escolar observando os modos pelos quais elas compreendem este ambiente.

 Conhecer o que as propostas e práticas desenvolvidas na sala de leitura podem provocar na vida das crianças.

 Apresentar para as crianças outras realidades de salas de leitura, bibliotecas ou livrarias.

3- JUSTIFICATIVA

Na formação de cidadãos leitores, que amem essa prática, é preciso que desde a tenra idade o contato com a leitura aconteça e, para isso, é preciso haver a soma dos esforços das famílias, escolas e de outros organismos sociais que venham contribuir.

Pesquisas mostram que desde o ventre materno, o feto é estimulado quando ouve a mãe conversando, cantando ou contando alguma história. Ninfa Parreiras, em seu livro Do ventre ao colo, do som à literatura, declara:

Logo, enquanto a mãe está com o filho no ventre, a preparação dela e do futuro bebê pode ser feita por meio de histórias lidas, cantigas, poemas declamados, etc. Do contato com livros e literaturas, do manuseio, da leitura. Ou do silêncio vivido pela mãe mergulhada em pensamentos (PARREIRA, 2012, p. 178).

No decorrer da vida da criança, essa pratica de contar histórias deve ser mantida.

Parreira (idem) considera a família como núcleo inaugural da vida social da criança, como sendo a mediadora da leitura na vida dos bebês e das crianças. Não importando as configurações existentes de famílias, o mais importante é que o grupo ofereça à criança acolhimento e acesso à literatura. E por que na família? A autora contribui: É lá que o pequeno ser cria seus primeiros contatos e aproximações ao mundo da cultura. A leitura começa no espaço da intimidade (em casa) e depois alcança o espaço público (Idem, 2012, p. 187).

Assim, os lugares e os livros deveriam estar ligados em todos os momentos da criança e sua infância, iniciando no ventre, como dito, e perpassando pelas diversas fases do ser. Mas, infelizmente, a realidade é que nem todos os pais têm as oportunidades ou consciência de que são os principais responsáveis pela formação

(13)

12

leitora de seus filhos. Algumas pessoas criam gosto pela leitura pelo exemplo de familiares, outras por influência de professores ou por circunstâncias fortuitas de suas histórias de vidas (CARVALHO, 2014, p.67).

Junto as ações familiares, as escolas também exercem um papel importante na formação de leitores, Carvalho (2014, p.67) declara que para a formação, por essa via, só ocorrerá se houver uma política de leitura, traduzida na adequada formação de professores-leitores, na oferta abundante de bons e variados materiais escritos, e na instalação de bibliotecas e salas de leituras bem equipadas. As bibliotecas e salas de leituras, portanto, são instrumentos fundamentais para a formação de leitores, quando bem utilizadas.

Maria Helena Zancan Frantz em seu livro: A literatura nas séries iniciais, reforça a necessidade do compromisso da escola com a leitura:

A escola tem, portanto, um compromisso maior que é propiciar ao sujeito o desenvolvimento da sua capacidade de leitura do mundo.

Assim, uma educação que se queira libertadora, humanizante e transformadora passa, necessariamente, pelo caminho da leitura. Da mesma forma, na organização de uma sociedade mais justa e mais democrática, que vise a ampliar as oportunidades de acesso ao saber, não se pode desconhecer a importante contribuição política da leitura.

(FRANTZ, 2011, p.30)

A escola deve valorizar um espaço que envolve o universo da literatura e imaginação infantil, proporcionando experiências singulares e coletivas de descobertas e criações pelas crianças. Muitas escolas, por considerarem não possuir um local apropriado para ser uma sala de leitura ou biblioteca, realizam ações pedagógicas como cantinhos da leitura, mala de livros, trenzinho da leitura para, de certa forma, sanar essa falta. Mas, deve haver por parte da instituição uma visão a fim de que proporcione um local fixo à comunidade escolar na apropriação desses saberes que a literatura traz ao ser. Portanto,

Devemos conceber a biblioteca escolar como um espaço de congregação da leitura e da cultura, o local que recebe o leitor, que lhe oferece as novidades que são os livros e periódicos. É o local de presença constante de educadores, de professores, de alunos, de funcionários e de famílias, ou seja, toda a comunidade escolar. É de fato um lugar de troca e de apropriação, do conhecimento: daquele subjetivo que é só nosso. (PARREIRA, 2012, p. 188)

A autora segue afirmando:

Seu acervo deve ser oferecido às crianças, aos professores e à comunidade escolar. Ao frequentar a biblioteca, na escola, os pequenos leitores poderão aprender para que serve e a sua função

(14)

13

social e cultural: troca entre os colegas e os adultos e aquisição de leituras e de conhecimentos, respectivamente (PARREIRA, 2012, p.

188).

É compreendendo e se preocupando com o compromisso da escola na formação de leitores que nasce a proposta de revitalização da sala de leitura do EDI Karine Lorraine Chagas de Oliveira como um lugar agradável, atraente, acolhedor e que estimule e proporcione as crianças experiências com a literatura. Com a ajuda da direção escolar e de toda a equipe pedagógica vislumbramos que esse espaço será motivo de grandes descobertas a todos que o adentrarem.

4 - METODOLOGIA DIDÁTICO–PEDAGÓGICA: Caminhos que levaram a reinauguração da sala de leitura

Sem a sala de leitura as crianças perderam o acesso a um espaço cultural dentro da sua escola, um bem cultural que desenvolve a linguagem verbal, que inclui a linguagem oral e a escrita, instrumentos básicos de expressão de ideias, sentimentos e imaginação como nos informa o Parecer CNE/CEB nº 20/2009 que revisa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil:

A aquisição da linguagem oral depende das possibilidades das crianças observarem e participarem cotidianamente de situação e comunicativas diversas onde podem comunicar-se, conversar, ouvir histórias, narrar, contar um fato, brincar com palavras, refletir e expressar seus próprios pontos de vista, diferenciar conceitos, ver interconexões e descobrir novos caminhos de entender o mundo. É um processo que precisa ser planejado e continuamente trabalhado (BRASIL, 2009, p. 15).

Tendo como experiência a vivência dos trabalhos realizados no PRD onde eram realizados projetos a fim de alcançar uma prática mais significativa e com sentido para e com as crianças no campus em Realengo com o segmento Educação Infantil, o presente trabalho se aproxima da metodologia de projetos de trabalho.

A proposta de um trabalho escolar tendo como estruturação de seu plano um Projeto, sempre me chamou a atenção devido a sua organização estrutural que auxilia o professor na sistematização das práticas propostas e faz gerar novos conhecimentos capazes de transformar todos os que nele estão envolvidos.

A fim de uma maior aproximação desta metodologia, Prado (2003, p.7), me ajuda a pensar:

A pedagogia de projetos deve permitir que o aluno aprenda-fazendo e reconheça a própria autoria naquilo que produz por meio de questões

(15)

14

de investigação que lhe impulsionam a contextualizar conceitos já conhecidos e descobrir outros que emergem durante o desenvolvimento do projeto. Nesta situação de aprendizagem, o aluno precisa selecionar informações significativas, tomar decisões, trabalhar em grupo, gerenciar confronto de ideias, enfim desenvolver competências interpessoais para aprender de forma colaborativa com seus pares.

No planejar do professor que tenha uma visão mais tradicional, muitas vezes não são consideradas as produções das crianças, mas os resultados que serão produzidos das propostas que lhes são impostas. Se eu desejo uma abordagem interacionista de educação, preciso reavaliar a metodologia e considerar a proposta de projetos que, como dito, envolve os alunos tornando e oportunizando mais sentidos ao seu aprendizado.

Portanto, dentro da proposta de uma prática pedagógica que investe na participação e interesses das crianças, exploração e recriação das relações de aprendizagem e ensino, este trabalho encontrou na metodologia da Pedagogia de Projetos caminhos a trilhar.

Dessa forma, a respeito de sua estruturação, Flôr e Silva afirmam que:

Não há como pensar um projeto se eu não conheço o público para quem ele se dirige, qual a razão de ele ser pensado, o que o faz/torna importante, o que pretendo alcançar com ele; também é imprescindível para qualquer projeto a clareza de como e com o que ele será posto em prática, ou seja, o que é necessário para realizá-lo e quanto tempo será necessário para sua efetivação (FLÔR; SILVA, 2012, p. 117).

Assim, a razão do trabalho proposto partirá de uma situação-problema que afetava o trabalho pedagógico do EDI Karine Lorraine: a ausência do espaço adequado para sala de leitura. A partir desse momento algumas perguntas me desafiaram: Como reativar a sala de leitura? Como as crianças podem participar deste processo? O que elas tem a contribuir? O que a revitalização deste espaço poderá provocar na vida da escola, das crianças e da comunidade?

Dessa forma, busco como resultado reativar o espaço tornando-o mais significativo para as crianças da escola e a todos que envolvem a comunidade escolar, num espaço de nove meses decorrentes.

O projeto foi muito mais que reinaugurar a sala de leitura, foi preciso conscientizar as crianças que aquele espaço era delas e que nele poderiam brincar, criar, imaginar, produzir, falar, interpretar, viajar e sonhar, e no caminho da reconstrução e recriação teríamos a companhia dos livros, e de estórias, que podem nos levar além da imaginação.

(16)

15

Caminho 1 – Sala de leitura, muito prazer...

Eu precisava entender que tipo de conhecimentos ou vivências em salas de leitura as crianças da turma do pré-escolar tinham. Eu somente sabia que a maioria desses alunos era bebê da época do início da escola quando frequentavam a sala de leitura original.

Para entender o que os alunos já conheciam, utilizei os seguintes procedimentos: em dado momento do dia eu convidei as crianças a ouvirem uma história em um lugar diferente do habitual. Ao entrarem nesse local, a sala de leitura2, se mostraram bastante eufóricas, convidei-as para a roda de conversa a fim de combinarmos o que poderíamos fazer neste espaço: No primeiro momento foi proposto que ouvissem uma estória contada por mim, para o segundo momento as crianças propuseram escolher um livro que mais gostassem.

No momento em que eu contava a estória É a minha vez de David Bedford e Elaine Field, todos ficaram quietos, prestando atenção em tudo. No final da estória conversamos a respeito do assunto do livro partindo da nossa realidade.

No segundo momento, da escolha de um livro, percebi que as crianças avançaram rapidamente, sem critérios, nos livros a fim de explorá-los e conhecê-los. A partir desse dia comecei a conversar com elas sobre como são as bibliotecas, salas de leituras e o que elas conheciam a respeito disso. Percebi que não tinham contato com esse universo e tão pouco se lembravam que já frequentavam aquela sala tempos atrás.

Mais familiarizadas com o ambiente literário, as crianças iniciaram a sua leitura particular (Figuras 1 e 2)3.

Caminho 2 – Conhecendo outros universos de salas de leitura e bibliotecas.

Ao entender que as crianças ainda não tinham contato com outros universos de salas de leitura ou bibliotecas, propus à direção da escola um passeio. Conhecer o ambiente literário traria um aprendizado mais significativo. Contudo, não pudemos ir devido à falta de ônibus disponível pela rede de ensino do Município do Rio de Janeiro e também a um momento de tensão caracterizado pela violência de facções criminosas rivais em torno do EDI, gerando assim mais uma grande preocupação por parte da

2 A sala já estava sendo arrumada por algumas professoras, na tentativa de reorganizá-la. Por isso, este espaço continha alguns livros em cima de mesas quebradas, caixotes de madeiras e de plásticos. Contudo, a sala ainda estava inutilizada.

3 As figuras constam no anexo deste trabalho.

(17)

16

direção.

Compreendi que a única possibilidade de mostrar para as crianças uma biblioteca ou sala de leitura seria através de imagens. Utilizando o programa de computador PowerPoint, criei alguns slides que mostravam a sala de leitura de outras escolas e a Biblioteca Nacional. Para projeção das imagens, utilizei o computador e o recurso multimídia Datashow para que as figuras ficassem grandes e atraentes. As atividades na sala de leitura com a utilização dessas imagens foram quase diárias (Figuras 3, 4, e 5).

As imagens foram nosso referencial de pesquisa para análise e comparação da nossa realidade de Sala de Leitura. Analisávamos o tamanho do espaço, a quantidade de livros, onde os livros estavam organizados, o comportamento das pessoas no ambiente literário. A partir dessas observações víamos algumas possibilidades: As crianças concordaram que o nosso espaço era bom, poderíamos transformá-lo e, além disso, temos uma boa quantidade de livros.

Caminho 3 – Despertar dos sentidos dos livros para as crianças.

Não bastava motivar as crianças para reestruturarmos a sala de leitura era preciso interação das crianças com o espaço mostrando a importância daquele lugar e dos livros que lá estavam à disposição de toda escola.

A fim de chegar ao objetivo proposto, disponibilizei no centro da nossa roda de conversa todos os livros que foram lidos ao longo do mês em nossas aulas, conversamos e relembramos algumas partes das estórias. Perguntei também para as crianças o que aconteceria conosco se não houvesse aqueles livros nos quais ouvíamos as histórias contadas pela professora ou que muitas vezes foram lidos por eles. O objetivo era perceber que o livro desperta emoções, tais como alegria, tristeza, decepção, esperança, coragem, fé. Iniciamos, assim, um diálogo sobre o valor das histórias e o que elas poderiam produzir nas nossas vidas. Não houve uma resposta clara pelas crianças, mas demostraram estar de acordo com o que eu dizia. Para concluirmos, assistimos o curta metragem “Fantásticos livros voadores do Senhor Lessmore”4 a história de um homem que redescobriu a alegria através dos livros (Figura 6).

No final do filme as crianças destacaram alguns aspectos:

 Devido ao filme iniciar com o furacão o menino Gustavo perguntou se o filme era de terror.

4 Link para o filme: https://www.youtube.com/watch?v=wDkfhwRlcZw

(18)

17

 Sobre os livros que voavam tivemos uma conversa interessante:

Cauã: “- O livro era um passarinho!”

Yasmim: “- Não, tem uma pessoa dentro.”

Cauã:” -Esse livro é mágico, não é, tia?

Eu: “- O que acha?”

Cauã: “- É!”

Eu: “E por que a menina ficou alegre?

Yasmim: “- A menina vai ficar alegre e com cor porque ela entrou na biblioteca e ela vai ficar feliz!”

Eu: “Cauã, do que mais você gostou da estória?”

Cauã: - “A parte que mais gostei foi quando ele ficou feliz por causa dos livros.

Dessa forma a ideia de que o livro trouxe alegria para as pessoas foi se consolidando conforme íamos assistindo o filme novamente.

Ressaltávamos em todos os momentos as boas ações do livro para com a personagem e vice-versa, e portanto concluímos: “Os livros nos deixam felizes, com eles nós podemos brincar, dançar, até dormir e sonhar.”

Caminho 4 – Criação coletiva dos combinados para utilização da sala de leitura.

As crianças já entendiam que iríamos reinaugurar a sala de leitura, a importância desta na vida da escola e a importância dos livros na vida delas. Mas, outra questão de relevância era a criação de combinados para conviver e utilizar o espaço coletivo da sala de leitura. Eu precisaria também compreender o que as crianças já haviam internalizado a respeito das regras de convivência conversadas ao longo do projeto.

Era fato que as crianças não tinham muito cuidado em manusear os livros, isso foi visto em vários momentos, desde a primeira visita à sala de leitura quando afoitos disputavam o livro a ponto de não se importarem se iriam rasgá-lo ou não, em sala de aula quando não se preocupavam quando o livro estava no chão ou quando em suas mãos os livros viravam brinquedos bumerangues. Em todos esses momentos, eu intervinha explicando o cuidado que eles deveriam ter com os livros, mas percebia que algo ainda não estava internalizado em suas vidas: a importância de cuidar do material a fim de preservá-lo para seu uso e de toda comunidade escolar.

Na roda de conversa utilizei o trecho do curta “Fantásticos livros voadores do Senhor Lessmore” em que a personagem faz uma “cirurgia” para restaurar um livro

“doente”, alertei-os quanto aos cuidados que devemos ter com todos os livros e

(19)

18

principalmente àqueles que estariam na sala de leitura. Conversamos também a respeito dos combinados que eram utilizados em nossa sala de aula e que outros seriam criados por nós e serviriam para todas as pessoas que frequentassem a sala de leitura.

Perguntei quais, então, seriam estes combinados que ficariam expostos na sala. De imediato não houve uma resposta espontânea, percebi, mais uma vez, que precisariam de intervenções a fim de obter alguma resposta. Para isso, iniciei perguntando à eles o que poderia ou não poderia ser feito nesse espaço? Fui escriba das crianças, registrando o que compreendiam ser importante como regra da sala de leitura.

As regras ficaram da seguinte forma:

O que não pode:

 Levar comida.

 Rasgar o livro.

 Deixar o livro no chão.

 Deixar o livro fora do lugar.

O que pode:

 Respeitar a professora.

 Fazer silêncio.

 Escolher o livro que quiser.

 Cuidar do livro.

 Pegar o livro emprestado.

Após a criação das regras algumas crianças se ofereceram para ilustração e pintura das mesmas (Figuras 7, 8 e 9).

Caminho 5 – Reinauguração.

Já tínhamos uma data, combinada com a direção escolar para reinauguração, seria dia 27 de novembro de 2014. A contagem regressiva havia sido estabelecida, precisávamos de algumas ações para arrumação geral da sala.

Ao longo do projeto, conversas quanto à organização da sala, o cuidado e a importância dos livros e da leitura, aconteciam em diversas oportunidades e momentos do cotidiano. Dessa forma, desde a parte do projeto em que as crianças conheceram, através das imagens, como era uma biblioteca, sala de leitura e através do filme quando a personagem é levada para dentro de uma biblioteca, eu chamava a atenção para algo

(20)

19

em que queria destacar e enfatizava, para esse momento: como os mobiliários ficavam disponibilizados? Carteiras, almofadas, estantes, etc?

É preciso ressaltar que além da participação das crianças, precisávamos compartilhar o projeto com a direção, equipe pedagógica e docente do EDI para que houvesse o envolvimento de todos, afinal a sala de leitura era de toda a escola. Houve, por parte de todos, total abertura para que a nossa turma arrumasse a sala da maneira como achássemos melhor.

Sendo assim, para a arrumação da sala conversei com as crianças, nos baseamos nas imagens que já havíamos assistido: Como nossa sala poderia ficar arrumada? Como os livros ficariam disponibilizados? Haveria cadeiras, almofadas para sentarmos? Televisão, computador, etc.?

Foram muitos os caminhos para chegarmos até a inauguração, por isso vou subdividi-los.

De caixotes a estantes

Com as imagens que observávamos, ao longo do projeto, que eram as salas de leituras de outras escolas e a Biblioteca Nacional ressaltei com as crianças, em roda de conversa, a maneira como os livros eram dispostos, observamos que alguns livros ficavam em estantes, em prateleiras, ou em caixas. Perguntei sobre como ficariam os nossos livros sem as estantes e Cauã falou que “os livros ficariam no chão e bagunçados”.

Conversamos a respeito da possibilidade de utilizarmos caixotes de madeiras usados em feiras como se fossem estantes, para isso vimos através de imagens alguns modelos. As crianças concordaram com a ideia, mas vimos que eram necessários fazer a assepsia dos caixotes. Vimos também através de imagens como fazer o passo a passo para a reforma. A aluna Cauane e o aluno Gustavo entenderam a necessidade do processo de limpeza, pois afirmaram que deveríamos lixar e pintar para a sujeira sair e tudo ficar limpo e bonito (Figuras 10 e 11).

Apresentei a eles as ferramentas que utilizaríamos: as lixas, os pincéis e as tintas. Os alunos ficaram felizes e empolgados para fazer o serviço. Dirigimo-nos ao pátio externo da escola aonde formamos uma roda para recebermos as instruções de como deveríamos fazer. As crianças ajudaram a carregar os caixotes e todo material até ao pátio e em grupo de 4, para não ficar tumultuado, eles iam lixando e, logo após, outros iam pintando. Enquanto um grupo trabalhava o restante da turma brincava no parquinho da escola (Figuras 12 e 13).

Conseguimos preparar dois caixotes com a participação de duas turmas, a minha

(21)

20

e a outra turma pré-escolar. Após a atividade, nos reunimos em sala de aula e conversamos a respeito da reinauguração, começamos a contagem regressiva até esse dia. Vimos que faltavam 24 dias. Para finalizarmos as tarefas do dia, fizemos um texto coletivo dizendo como tinha sido a atividade, eu atuei novamente como escriba.

Denominamos o diário como “Registros de atividades na Sala de Leitura” (Figuras 14 e 15).

As estantes de caixotes estavam sendo preparadas, mas faltavam ainda alguns detalhes para o nosso espaço ficar ainda mais bonito e atraente, para isso as crianças criaram quadros conforme o título do livro que mais gostavam.

Em roda de conversa foram disponibilizados os livros preferidos dos alunos e que dado o comando foi sendo escolhido por cada criança para que naquele momento pudessem lê-lo, em particular. Após a leitura, as crianças foram convidadas a ilustrarem em uma folha de papel o livro escolhido a fim de que este se tornasse quadros que iriam ornamentar a sala de leitura.

Alguns títulos literários foram escolhidos por duas crianças que juntas compartilharam a leitura sem que houvesse algum tipo de conflito (Figuras 16, 17 e 18).

Devido à grande quantidade de caixotes que tínhamos que preparar antes da reinauguração da Sala de leitura eu e as crianças concordamos que precisaríamos da ajuda de mais pessoas. Para isso contamos com a participação da comunidade escolar que nos ajudaram a finalizar todo o processo de pintura, dediquei a narrar os fatos em um tópico mais abaixo nesse projeto pelo qual denominei de parceiros na reforma.

Em roda de conversa compartilhei com as crianças que no horário após o jantar, às quatorze horas e trinta minutos, chegariam as mesas e as estantes para que pudéssemos arrumar a sala de leitura para nossa reinauguração. As crianças ficaram na expectativa e no horário determinado foi uma grande festa. Elas se admiraram e declararam estar tudo muito bonito. Elas falavam das cores dos caixotes e perguntavam se eram aqueles os quais elas haviam pintado. Todas as vezes que uma estante chegava, as crianças faziam um grande alvoroço (Figura 19).

Logo após esses acontecimentos, partimos para arrumação dos livros nas estantes, o que causou grande tumulto, pois todos queriam colocar os livros ao mesmo tempo. Devido à falta de tempo, tivemos que parar a arrumação e terminar no dia seguinte (Figuras 20).

Colocamos as estantes nos lugares, as mesas, cadeiras, um tapete, algumas almofadas, os quadros, um mural com as regras, e outro mural com um resumo da história para todos que entrassem conhecesse um pouco de como a nossa sala de leitura chegou até aqui (Figuras 21, 22, 23, 24, 25, 26 e 27).

(22)

21

Confecção do cartaz de divulgação

Em roda de conversa vimos o cartaz da contagem regressiva para a reinauguração da Sala de Leitura, verificamos que o dia estava próximo e que precisávamos nos organizar para a festa que haveria - as crianças ficaram muito empolgadas quando souberam que nesse dia haveria uma grande festa. Vimos, com isso, que deveríamos convidar todos os amigos da escola e familiares para esse dia.

Sugeri criarmos um cartaz para irmos às salas convidar as crianças, professores e funcionários.

Para confecção do cartaz de divulgação foi primeiramente observado os outros cartazes informativos que tínhamos espalhados pela sala. Mostrei que nosso cartaz tinha o objetivo de chamar os colegas a participarem da festa de reinauguração.

Procuramos a partir desse momento formular as informações que caberiam em nosso cartaz. Como escriba e mediadora das informações chegamos aos seguintes dizeres:

“Venham na reinauguração da Sala de Leitura, dia 27/11/2014 às 15:00 horas”. Com a escrita feita no quadro branco perguntei às crianças quem gostaria de escrever no papel a fim de confeccionar o cartaz. Algumas crianças se propuseram e, dessa forma, dividi quais palavras ou frases ficariam para cada uma delas. Ao perguntar à criança Emanuelle para que servia aquele cartaz ela respondeu:

“– Pra gente ler.”

“- E para quem mais ler?” Perguntei.

“- Os bebezinhos.” Ela respondeu.

Os alunos Gustavo e Yasmim disseram que aquele cartaz era para a sala de leitura. Embora percebesse que eles ficavam calados quando a ideia era lançada, ao mesmo tempo percebia satisfação e interesse em participar daquela atividade. E no final, quando o cartaz estava pronto, todos queriam segurá-lo entendendo para que e para quem aquela escrita havia sido produzida (Figuras 28 e 29).

Divulgação da reinauguração pelas crianças.

Em roda de conversa falamos sobre quais seriam os componentes para uma festa divertida, concluímos que para tal era preciso ter bolo, convidados, convites, presentes... Analisamos também que, para a festa de reinauguração da sala de leitura precisaríamos nos mobilizar para conseguir todos os componentes citados. Perguntei às crianças quem poderiam ser os convidados, além de nós, para a festa de reinauguração. Percebemos que toda a escola deveria estar presente e as crianças com suas famílias. Então, era importante falarmos com os alunos em suas salas utilizando o

(23)

22

nosso cartaz de divulgação.

As crianças se mostraram interessadas. Combinamos o que cada um iria fazer:

alguns iriam falar para as turmas e outros segurariam o cartaz. Foi preciso primeiramente ensaiarmos em nossa sala o que deveriam falar.

Na sala dos amigos, nossos divulgadores ficaram muito tímidos precisando da minha ajuda para completar o que por nós fora proposto. Contudo, avaliando a turma, percebi um grande esforço e satisfação, pois em nenhum momento as crianças hesitaram em fazê-lo, muito pelo contrário, até mesmo com a direção escolar nossos alunos foram fazer o convite. Levamos dois dias fazendo a divulgação para as crianças do turno da tarde (Figuras 30, 31 e 32).

Produção do convite

Dando prosseguimento às atividades para inauguração da Sala de Leitura, relembramos que outro componente era indispensável para convidar as pessoas para a nossa festa: O convite!

Levei para a turma um convite que ganhei para ir a uma festa de aniversário, li para eles o que dizia enfatizando a estrutura desse tipo de linguagem escrita.

Analisamos que o objetivo de um convite era chamar alguém para algum lugar, informando a hora, data, o motivo, e de certo ter o nome tanto de quem convida como de quem é convidado.

Comuniquei a eles que iríamos confeccionar um convite colocando todos os dados analisados anteriormente a fim de convidarmos os seus pais para nossa festa de reinauguração do nosso novo espaço da escola.

O convite despertou neles lembranças de seus aniversários. Essa atividade gerou, posteriormente, motivo de brincadeiras para a aluna Emanuelle, ela confeccionou para seus amigos vários convites pedindo para que eu escrevesse os nomes deles, compreendendo, portanto, a função social do convite quando o utilizou como integrante de sua brincadeira de faz-de-conta.

Pedi para que cada criança escolhesse um personagem para que desenhassem em seu convite. Alguns quiseram copiar o modelo do meu convite, os “Mínions” do filme O meu Malvado Favorito, outro desenhou o personagem Homem de ferro, uma aluna preferiu desenhar flores. No final, as crianças levaram o convite para os seus pais e responsáveis e toda a escola recebeu um convite em xerox feito pela direção (Figuras 33 e 34).

Caminho 6 – A reinauguração.

(24)

23

O dia da reinauguração era esperado por todos nós da turma e direção, gerando grandes expectativas em como se daria esse momento.

A diretora do EDI Karine Lorraine direcionou como gostaria que fossem as ações e com a minha ajuda planejamos uma tarde onde haveria, às quinze horas, uma única concentração das turmas da escola a fim de compreenderem o objetivo da festa, ouvirem, por uma contadora, uma história, interagirem com o boneco fantoche, (que sempre despertou nas crianças do EDI muita alegria) e, como um ato simbólico e significativo, acompanharem o corte da fita inaugural.

No horário das dezesseis horas, seria a vez dos pais participarem ouvindo a história contada pela convidada das crianças, a senhora Márcia Gomes. Em seguida, finalizando com a entrega de um pedaço de bolo de cenoura e uma lembrança que era um marcador de texto personalizado com o dia da reinauguração da Sala de leitura.

Assim se deu a festa de reinauguração: Reunimos as crianças no pátio interno da escola e conversamos sobre os motivos pelos quais aquela festa era muito importante e o valor que os livros têm.

A contadora de histórias Marcia Gomes contou a história: O rei, o pescador e o anel de Bia Bedran – Editora LE, e as crianças participaram com alegria. O fantoche surgiu logo em seguida para complementar a fala da apresentadora de que iríamos conhecer o novo espaço da escola. (Figura 35)

Pedimos para que fosse escolhida uma criança que cortaria a fita de inauguração, a menina escolhida foi uma das minhas alunas da turma que participara do projeto (Figura 36).

Cada turma do EDI teve a oportunidade de entrar uma por uma e olhar toda a sala, e em seus olhares era notória a expressão de alegria e entusiasmo (Figura 37).

No momento com os pais e responsáveis, estes foram se sentando nas cadeiras da Sala de Leitura e, logo em seguida, ouviram uma breve história a respeito da importância daquele lugar e a contadora explanou sua história, a mesma contada às crianças (Figura 38). Ao saírem com seus filhos os pais e as crianças ganharam um pedaço de bolo e um marcador de texto.

Foi muito bom o sentimento de realização não somente por mim, mas pelas crianças, professoras e direção. Entendemos que um grande passo foi dado para que a partir desse marco de reinauguração haja diversas possibilidades de desenvolvimento das práticas pedagógicas no EDI Karine Lorraine.

Caminho 7 – Utilizando a nova sala de leitura

(25)

24

Um dia após a reinauguração, as crianças que participaram do projeto tiveram o privilégio de utilizar a Sala de Leitura. Foi combinado em roda de conversa que iríamos à nova Sala de leitura para, em primeiro momento, ouvirmos uma história de Natal, (oportuna para a época festiva que estávamos vivendo e o projeto que estava em vigor pela coordenação pedagógica); em segundo momento, eles poderiam escolher o livro preferido e por fim, no terceiro momento, os alunos iriam desenhar em uma folha de papel algo relacionado ao livro lido por mim, como resposta a uma pergunta feita após o término da história: Qual presente você daria para o Papai Noel?

As crianças entraram eufóricas no novo espaço e, conforme combinado, ouviram a história contada por mim, algumas deitadas no tapete, outras sentadas nas almofadas, outros nas cadeiras, do modo como se sentiam melhores. Aos poucos elas foram se ambientando, escolheram os livros preferidos e, no momento seguinte, realizaram a atividade de desenho livre relacionado ao livro: Meu encontro com o Papai Noel, de Walcyr Rodrigues Carrasco – Editora Quinteto (Figuras 39 e 40).

A aluna Emanuelle chamou a minha atenção nessa atividade, pois ela decidiu não desenhar, mas escrever aquilo que ela gostaria de dizer ao Papai Noel. Perguntei a ela o que estava escrito na carta, daí, então, sua imaginação foi fluindo, pois ela foi relatando, como se tivesse lendo na realidade, o que o Papai Noel deveria fazer, como por exemplo: tirar férias e cortar a barba (Figura 41).

Foi uma tarde prazerosa e poder participar com as crianças desse momento de conclusão de projeto, foi inenarrável. Percebíamos que as crianças se sentiram em um ambiente muito acolhedor, confortável, agradável como almejávamos para o projeto (Figuras 42, 43 e 44).

Outras utilizações do espaço

A valorização do espaço motivou, não só as crianças à leitura, mas também as funcionárias da limpeza, que antes somente iam ao espaço, antes inutilizado, para descansar. Agora utilizavam seu horário de almoço também para ler os livros (Figura 45).

Acredito que este movimento ocorra por conta do desenvolvimento do projeto que perpassou diferentes esferas da unidade escolar, fazendo com que todos pudessem se sentir parte constitutiva deste espaço.

Com o movimento de revitalização, o espaço motivou a professora das crianças de 3 e 4 anos a contar uma história antes mesmo de ser reinaugurada. Todas as turmas acompanharam e vivenciaram, de certo modo, o processo de recriação da Sala de Leitura (Figura 46).

(26)

25

Com o novo computador na Sala de Leitura, a professora da turma pré-escolar II utilizou as multimídias como recurso sobre a temática desenvolvida em sala de aula:

preconceito racial (Figura 47).

Essa disseminação que de alguma forma estava acontecendo com o desenrolar do projeto era de suma importância para mim, pois eram essas respostas que considerei positivas que me estimulavam a querer prosseguir para novas conquistas. Todos nós educadores devemos ser parceiros incentivando uns aos outros sempre com o único propósito de trazer uma educação de qualidade às crianças.

5- EMBASAMENTO TEÓRICO

Desejo compartilhar as bases teóricas que fundamentam as minhas práticas pedagógicas realizadas ao longo do projeto e que tornaram minhas ações mais reflexivas.

Ressalto que as ações estabelecidas ao longo do trabalho tiveram como base, primeiramente, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010, p.

18) que propõem que:

A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo garantir à criança acesso de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à consciência e à interação com outras crianças.

Dessa forma, busquei considerar as crianças - centro do projeto - como sujeitos competentes para interagir e produzir no cotidiano das práticas pedagógicas estabelecidas em todo o trabalho. Assim, além delas entenderem os sentidos do espaço Sala de Leitura, elas fizeram parte da reconstrução desse lugar o que possibilitou várias formas de acesso às diferentes linguagens, à ludicidade e desenvolvimento pedagógico.

As múltiplas linguagens perpassaram desde a escrita quando desenvolvemos atividades de confecção de convites, criação de cartazes, criação de cartas, textos coletivos, registros coletivos, criação das regras. Na linguagem oral foram desenvolvidos nas diversas vezes em que nos reunimos nas rodas de conversa, nos momentos de contação de histórias, no convite feito para as outras turmas. A linguagem tecnológica quando utilizamos os recursos de multimídia para ampliação do conhecimento. E a respeito das práticas pedagógicas, ainda com base nas Diretrizes Curriculares, encontrei a seguinte proposta:

(27)

26

As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira e garantir experiências que (...) favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e musical; Possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e escritos (BRASIL, 2010, p. 25).

Portanto, as propostas pedagógicas estabelecidas no projeto proporcionaram às crianças interação e construção, favorecendo o contato com uma diversidade de produtos culturais como: livros de literatura, objetos e outros materiais, buscando criar oportunidade para que elas, visando solucionar o problema da falta do espaço da Sala de Leitura, expressassem sua imaginação, oralidade, faz de conta, tentativa de escrita.

Verificamos tais fatos, por exemplo, nas ações práticas do projeto analisadas anteriormente a esse tópico, onde as crianças foram: autoras de um livro, criadoras de um quadro, relatoras de textos, escritoras cartazes, pintoras, artesãs, etc. As crianças tiveram também a oportunidade de ampliação cultural através do conhecimento da Biblioteca Nacional, ao assistirem o filme, apreciar imagens.

Desejo enfatizar, inclusive, que na realização do projeto houve reconhecimento das narrativas das crianças, sempre respeitadas, bem como suas colocações, comparações, culturas e conhecimentos de mundo eram levadas em consideração.

Para as análises e trocas de experiências, a prática das rodas de conversas era um procedimento importante. Nelas eu escutava o que cada criança tinha a contribuir, o que gostariam ou não que fosse realizado, suas dúvidas, se estavam aprendendo. Para esse olhar tive como base Bernardina Leal (2004, p. 22) que nos faz refletir sobre a infância:

Se não há mais o que dizer sobre a infância, talvez tenha chegado o momento de aprendermos com as crianças o que a infância tem a nos dizer. Talvez a infância, assim como a poesia, não precise ser analisada, mas sentida.

Para a reconstrução estrutural do espaço Sala de Leitura e sua importância tive como base a resolução com vista no Parecer CNE/CEB nº 20/2009 que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, este nos mostra que:

Um espaço limpo, seguro e voltado para garantir a saúde infantil quanto se organizar como ambiente acolhedor, desafiador e inclusivo, plenos de interações, explorações e descobertas partilhadas com outras crianças e com professores. Espaços que criem contextos que articulem com diferentes linguagens e que permitem a participação, expressão, criação, manifestação e consideração de seus interesses.

Dessa forma, compreendi que práticas pedagógicas devem acontecer em um espaço com um ambiente que garanta o cuidado com as crianças. Lembrando que o

(28)

27

cuidar e o educar estão sempre associados, pois cuidar é também proporcionar acolhimento à criança, garantia de segurança, é dar condições a elas de manipularem objetos, falar, explorar o ambiente. Não adiantaria um lugar bonito, limpo, cheio de materiais e possibilidades se as crianças não podem explorá-lo.

Ainda no que diz respeito à estruturação, foi entendido por mim que a valorização desse espaço não deveria partir somente da minha turma, mas de toda a comunidade escolar, pois segundo Kaercher, (s/d, p. 136) em primeiro lugar é afirmado que para que seja trabalhada a Literatura Infantil, visando uma formação de leitores literários, é preciso haver um compromisso de toda a instituição escolar. Para a autora, às escolas perpassariam as questões estruturais e organizacionais, ou seja para alcançar o objetivo de formar leitores literários a escola deverá se preocupar com os espaços e tudo mais que complementariam este, a fim de proporcionar um bom ambiente literário:

As escolas precisam assumir a formação do leitor literário como um compromisso institucional. Portanto, prever como deverá ser a organização do espaço e do tempo dentro da instituição, para alcançar esse objetivo. Isso inclui organização de bibliotecas, equipagem das salas de aula (com tapetes, almofadas, estantes adequadas etc.).

Implica pensar o que cada instituição já dispõe e o que falta conseguir para ter os espaços adequados (Idem, s/d, p.135).

E com essa visão busquei integrar ao projeto além das crianças, a direção escolar, o corpo docente e a comunidade escolar, seja buscando suas opiniões ou críticas, torneio-os parte para na realização do projeto. Obtive deles o apoio necessário bem como a ajuda em certos momentos do projeto como relatados anteriormente no tópico da metodologia.

Para concluirmos, a respeito do envolvimento da escola que entende a importância dos espaços busquei no texto Infâncias, tempos e espaços: tecendo ideias (2013, p.277), uma contribuição de Toledo, Camões e Roncarati, onde propõem:

Uma reflexão sobre a escola que acolhe a infância e as novas formas de relação com o espaço-tempo indica a necessidade de reconhecer a dimensão social, histórica e cultural da infância, compreendendo a educação como processo. Criar condições para o desenvolvimento sugere investimento em um ambiente que conte suporte de mobiliários, equipamentos que criem oportunidades de trabalhar em grupos, construindo significações e ressignificações e ressignificando práticas.

Cabe aos professores o olhar atento para as especificidades do sujeito infantil, para que possam organizar o espaço de maneira que contemple a brincadeira, a imaginação, a criatividade e a descoberta próprias da infância.

Meu desejo é que continuemos como escola constituindo-se nesse olhar a todos que utilizarem a sala de leitura, bem como os demais espaços, a fim de proporcionar às

(29)

28

crianças o gosto pela literatura.

6- RESULTADOS

Como resultado final do projeto, o avaliei da seguinte forma:

No objetivo proposto de enfatizar a importância da literatura na educação Infantil e conhecer o que a sala de leitura pode provocar na vida das crianças encontrei respostas significativas demonstradas no prazer e alegria ao terem contato com um livro, de se sentirem como parte contributiva na organização da Sala de Leitura e a apropriação da escrita vista nos momentos onde escrevemos as regras, criamos o convite, o cartaz de divulgação e os momentos de registros coletivos.

Um ponto a destacar para a resposta a esses resultados, foi a preocupação do aluno Cauã que, no momento em que festejávamos a chegada de nossas estantes para a sala, se mostrou preocupado com os outros colegas da unidade escolar que poderiam estragar algum de nossos materiais. Quando perguntei como poderíamos fazer para que isso não acontecesse, o aluno não hesitou e falou da ideia de escrever como uma possibilidade de comunicação. Apresentei ao aluno que as regras criadas eram uma forma de leitura que alertariam a todos que entrassem na sala impedindo tal acontecimento. O resultado da fala do aluno demonstrou a apropriação da linguagem escrita com função social (CARVALHO, 2014).

A apropriação e sentimento de pertencimento do espaço foi também constatada quando os alunos indagaram por que a sala não poderia ser somente deles, tal atitude não deve ser encarada como egoísmos por parte dos alunos, mas foi declarada com tom de afeição, carinho e amor que foi sendo adquirido pelo espaço ao longo do projeto.

O objetivo de reinauguramos o espaço sala de leitura foi alcançado graças à participação em conjunta da comunidade escolar que entendeu a importância que constitui esse lugar, sem estes parceiros seria impossível concluirmos esse principal objetivo do projeto.

Em relação à organização da sala de leitura, pude observar os diferentes modos pelos quais as crianças compreendem este espaço. Houve a tentativa de organizar os livros da sala catalogando e separando por gêneros literários ou ordem alfabética, contudo esta proposta não foi alcançada devido às várias arrumações e desarrumações que a reorganização gerou. A ideia é utilizarmos o computador para catalogarmos de forma organizada e por assunto a fim de facilitar o reconhecimento das obras literárias.

Entendemos que foi dado um passo inicial e, a partir de agora, será preciso dedicar tempo por parte de quem ficar responsável à catalogação dos livros.

(30)

29

A ideia de apresentarmos outras realidades de bibliotecas não foi possível, como dito no corpo desse projeto. Outro fator determinante não revelado, que impediu persistir o alcance desse objetivo, foi a violência que durante o projeto instaurou-se em torno da comunidade de Honório Gurgel refletindo uma dúvida da diretora da escola e causando- lhe mais uma preocupação dentre muitas que a gestão escolar provoca. Contudo, os resultados obtidos com os recursos didáticos imagéticos foram satisfatórios.

A respeito das respostas produzidas pelas crianças demonstrei preocupação no que diz respeito à fala que muitas vezes vinha de forma tímida ou até mesmo sem respostas, tendo que haver minhas intervenções. Mas, na busca de um aprendizado a respeito dessa situação constatei que, por base no Parecer CNE/CEB nº 20/2009, cada criança:

Apresenta um ritmo e uma forma própria de colocar-se nos relacionamentos e nas interações, de manifestar emoções e curiosidade, e elabora um modo próprio de agir nas diversas situações que vivencia desde o nascimento conforme experimente as sensações de desconforto ou de incerteza diante de aspectos novos que lhe geram necessidades e desejos, e lhe exigem novas respostas. Assim busca compreender o mundo e a si mesma, testando de alguma forma as significações que constrói, modificando-as continuamente em cada interação, seja com ser humano, seja com objetos. (BRASIL, 2009, p.88)

O ponto máximo do resultado na realização do projeto foi, sem dúvida, a inauguração. Neste dia podemos compartilhar com toda a escola a produção do trabalho desenvolvido pela turma do pré-escolar. Houve grande euforia, tanto por parte das crianças quanto por parte das professoras, direção e pais. Todos elogiavam a linda sala totalmente repaginada com uma estrutura carinhosamente preparada e organizada com a turma.

Creio que todos nós nos sentimos valorizados com essa transformação que a Sala de Leitura viveu. Somado a isso, como resultado pessoal, há uma grande satisfação na realização desse projeto, quer seja por ver o resultado positivo na concretização de uma nova Sala de leitura para o EDI Karine Lorraine Chagas de Oliveira como também por conseguir vencer as barreiras que causam a insegurança, o medo e os desafios que foram surgindo ao longo do projeto, tais como no que diz respeito ao fator tempo (tínhamos no PRD prazos a cumprir) e a questão da violência que surgiu em torno da comunidade escolar, o que ocasionou a dispersão por um período das crianças, prejudicando assim a sequência pré-estabelecida para a realização do projeto. O sentimento de solidão, também foi um fator a ser vencido, pois por mais que houvesse o apoio de todos, recaía somente sobre mim, a responsabilidade de concretizar o que todos esperavam, que era a reabertura da Sala de Leitura.

(31)

30

Ressalvo mais uma vez que para a realização de algumas tarefas, como a pintura dos caixotes, por exemplo, foi de suma importância as ações de algumas pessoas no cumprimento dessa tarefa bem como o apoio da equipe do PRD foi fundamental para o meu avanço, crescimento e amadurecimento, sem isso ficaria impossível cumprir o prazo estabelecido para que a Sala de Leitura fosse reinaugurada com a estrutura das estantes, mesas e o computador.

Quanto às crianças de minha turma, ao final do projeto já demostravam um comportamento diferenciado, mais centradas no que faziam, mais amadurecidos talvez.

Infelizmente esse será o último ano deles no EDI, mas espero receber boas notícias de que estão se tornando grandes leitores.

7- CONCLUSÃO PARCIAL

“Proponho que a sala de leitura seja um local de consulta, de estudo e de entretenimento para a comunidade escolar; seja dirigida por uma professora especializada, em tempo integral, cujo trabalho possa ser articulado com as atividades de sala de aula; deve estar localizada em um espaço próprio, amplo, atraente e agradável, que ofereça condições satisfatórias para a guarda de acervo e de conforto para os leitores. Essas transformações dependiam de recursos financeiros?

Sim, mas não se pode oferecer educação de qualidade a preço vil.”

Marlene Carvalho

Na epígrafe que proponho, ela me motiva a pensar e refletir os resultados obtidos no projeto a considerar que o local escolhido para a Sala de Leitura do EDI Karine Lorraine Chagas de Oliveira é satisfatoriamente amplo, tornou-se agradável oferecendo condições da guarda dos acervos literários e conforto para os leitores que nele adentrarem. Houve um investimento considerável para que o objetivo proposto fosse alcançado com as crianças e equipe pedagógica.

Contudo, será preciso a continuação desse projeto para uma melhor constatação de que a Sala de Leitura se tornará um local de constantes possibilidades de suas práticas pedagógicas, por parte de toda a comunidade escolar: alunos, professores, direção, pais, responsáveis, ou a todos que se mostrarem interessados em aprender e apreciar mais sobre o universo literário.

A proposta de uma professora que esteja em tempo integral desenvolvendo trabalhos que se articulem com os que são desenvolvidos em sala de aula já faz parte da visão educacional da direção do EDI a fim de que este espaço receba devidamente o seu valor e também para que haja (como nos mostram o discurso dos bibliotecários):

a liberdade de escolhas do leitor, o direito à leitura prazerosa, a necessidade de transformar o caráter sisudo das bibliotecas, tornando-as atraentes, coloridas, lúdicas

(32)

31

(CARVALHO, 2014, p.82).

Faz-se importante ressaltar que eu poderia ter desenvolvido mais a respeito das questões relevantes que perpassam sobre o desenvolvimento sustentável, ecologia e meio ambiente nos momentos com as atividades de reciclagem dos caixotes.

Como forma de considerar o que Parreira (2012) nos diz como a biblioteca sendo um local de presença constante de educadores, de professores, de alunos, de funcionários e de famílias, ou seja, toda a comunidade escolar será preciso incluir uma das propostas de sala de leitura com doações de diferentes gêneros para os diversos públicos da comunidade escolar (tendo em vista o interesse dos adultos pela leitura).

Em minhas considerações finais como profissional que sou, concluo que o prazer do educador que atua com as crianças na fase da Educação Infantil é inenarrável, mas posso citar sendo a troca e as interações com elas um fator determinante no trabalho pedagógico, como nos mostra a resolução com vista no Parecer CNE/CEB nº 20/2009 que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil:

(...) as professoras e os professores têm, na experiência conjunta com as crianças, excelente oportunidades de se desenvolverem como pessoa e como profissional. Atividades realizadas pela professora ou professor de brincar com a criança, contar-lhe histórias, ou conversar com ela sobre infinidades de temas, tanto promovem o desenvolvimento da capacidade infantil de conhecer o mundo e a si mesmo, de suas autoconfianças e a formação de motivos e interesses pessoais, quanto ampliam as possibilidades da professora ou professo e de compreender e responder às iniciativas infantis (BRASIL, 2009, p.

7).

Constato, dessa forma, que ao desenvolver meu trabalho educacional com a realização do projeto tive tantos ganhos assim como as crianças, acredito, também obtiveram. Com as crianças eu aprendi a ser simples e sincera. Simples, porque não precisa de muitas coisas para agradá-las, tais como os recursos de Datashow ou outra coisa grandiosa qualquer. Percebi que elas mais gostavam era da interação, a conversa o aprender brincando. Não é isso que todos nós desejamos? E a sinceridade, pois (essa talvez sejam uma das características que mais me encanta nas crianças), quando não gostavam da proposta demostravam rapidamente e quando gostavam se mostravam carinhosas e receptivas às minhas ações. Não tem como não se envolver e respeitá-las no seu direito de serem crianças - sujeitos de cultura.

Em cada conquista ou desapontamento obtive experiências marcantes, desde o início até a conclusão do projeto e aprender a desenvolver tendo por base uma prática reflexiva pode ter sido o meu maior ganho. Sei que essa parte ainda precisa ser em muito exercitada, mas já foi dado o primeiro passo e muitas outras conquistas, quiçá a continuação desse projeto.

Referências

Documentos relacionados

visam o ensino de habilidades de compreensão e de produção de textos orais e escritos e o desenvolvimento da competência comunicativa, na proposta curricular da instituição

Algumas propostas de políticas foram influenciadas pelo fundamento político e pela ação do PVNC, tais como: o Programa Universidade para Todos – PROUNI e o Programa de Apoio

Os principais objectivos definidos foram a observação e realização dos procedimentos nas diferentes vertentes de atividade do cirurgião, aplicação correta da terminologia cirúrgica,

The challenges of aging societies and the need to create strong and effective bonds of solidarity between generations lead us to develop an intergenerational

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

Os principais resultados obtidos pelo modelo numérico foram que a implementação da metodologia baseada no risco (Cenário C) resultou numa descida média por disjuntor, de 38% no

No primeiro, destacam-se as percepções que as cuidadoras possuem sobre o hospital psiquiátrico e os cuidados com seus familiares durante o internamento; no segundo, evidencia-se

Assim, no nado crawl, a coordenação pode ser descrita a partir de três modelos: (i) modelo de oposição, quando um dos membros superiores inicia a puxada exatamente quando o