• Nenhum resultado encontrado

O herdeiro da ilha solta o verbo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "O herdeiro da ilha solta o verbo"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

O governador Ciro Gomes, que não fum a em público para não dar mau exemplo, defende com unhas e dentes a filosofia de Maquiavel.

Entrevista com o goverrxxjof Ciro Ferreiro Gomes, dia 2 7 / 0 5 / 9 2 .

Producflo, edlçflo e texto final: F e r n a n d a d a E s c õ s s i a , I s a b e l a M a r t i n e C h r i s t > a n e V i a n a .

Pcrtlclçâo: I s a b e l a M a r t i n , P a t r í c i a M a r r a , l y c í o R i b e i r o , R o b e r t o H i p ô l i t o , E d g a r d P a t r í c i o , L e ô n i a V i e i r a , L u c i e n e U c h ô a , C a r m e n B r a s i l , G i o v a n a T e l e s, A n d r ô a P i n h e i r o , R o g é r i o N o r O e s , A n g é l i c a R a m o s , F e r n a n d a a c r E s c õ s s i a e C l a y l s o n M a r t i n s .

Foto: J a r b o s O l i v e i r a

o v o c a b u lá r io d o s e r tã o d o C e a r á , e sp ilic u te q u e r d iz e r f a la n te , p re c o c e . O g o ­ v e r n a d o r d o C e a r á , C iro G o m e s , d o P S D B , te m o p e rfil d e u m m e n in o e s p ilic u te : seu s 34 a n o s tra z e m o d is c u r s o , a b a r r ig a , a ca- re c a e o c u rríc u lo d e u m p o lític o p r o f is s io ­ n a l. A n te s d e se r g o v e r n a d o r , fo i p r e f e ito d e F o r ta le z a e d u a s v ezes d e p u ta d o e s ta ­ d u a l. P a u lis ta d e n a s c im e n to , o g o v e r n a d o r te m o s o b r e n o m e F e rr e ir a G o m e s , u m r a ­ m o c e n te n á r io e p o d e r o s o d a p o lític a d e S o b r a l, a m a is v a id o s a c id a d e d o s e r tã o d o C e a r á .

N a e s tr a d a q u e le v o u C ir o G o m e s d e S o ­ b r a l p a r a o B ra sil — as p e s q u is a s d e o p i­ n iã o o a p o n ta r a m c o m o o m e lh o r g o v e r n a ­ d o r d o P a ís — u m a ta lh o p re c io s o : T a s so J e r e is s a ti, a n te c e s s o r d e C ir o n o g o v e rn o e p r e s id e n te n a c io n a l d o P S D B . “ A m in h a p e r s o n a lid a d e p o lític a , e m e sm o a in d iv i­ d u a l, n ã o s e ria e ss a se n ã o fo sse o T a s s o ” . A c r ia tu r a se v o lta r á c o n tr a o c r ia d o r ? C iro te n ta p r o v a r q u e n ã o , f a z e n d o c a m p a n h a a n te c ip a d a p a r a o líd e r: ‘‘O T a s so n ã o p o ­ d e se r p r e f e ito , p o r q u e v a i se r p r e s id e n te d o B ra s il” .

S u c e ss o f o r a d e c a s a , C ir o G o m e s e n f r e n ta d e n tr o d e su a ‘ ‘ilh a d e p r o s p e r id a d e ” — u m a e x p re s s ã o q u e ele j u r a n ã o s a b e r d e o n d e v e io — o a n o q u e c h a m o u d e ‘‘in f e r n o z o d ia c a l” . C ir o se p r e p a r o u p a r a a se c a e a e le iç ã o m u n ic ip a l. M a s a s a c u s a ­ ç õ e s d e c o r r u p ç ã o n a S e c r e ta r ia d e J u s tiç a , a c h e g a d a d a c ó le r a a o C e a r á , a s r e iv in d ic a ­ ç õ e s tr a b a lh is ta s d o fu n c io n a lis m o e s ta d u a l e m a is d e 100 d ia s d e g re v e d o s m é d ic o s j o ­ g a r a m le n h a n a f o g u e ir a q u e c h a m u s c a o g o v e r n a d o r .

O g o v e r n a d o r se d e f e n d e u u s a n d o a o r a ­ tó r ia : “ O a ç u d e d o C e d r o n u n c a fo i c o n ta ­ m in a d o ; v o u d e m itir o s e c re tá rio T a v a re s ; v o u m e e n c o n tr a r c o m o p r e s id e n te d o T r i­ b u n a l S u p e r io r d o T r a b a lh o e d iz e r q u e a J u s tiç a d o C e a r á é lic e n c io s a c o m o d in h e i­ ro p ú b lic o ” . A lg u m a s v ezes fo i p e g o n o c o n tr a p é : a S a ú d e c o n f ir m o u a c o n ta m in a ­ ç ã o d o C e d r o , e o m in is tro d o T S T d isse j a ­ m a is te r se e n c o n tr a d o c o m o g o v e r n a d o r . C ir o G o m e s c u lp o u a im p r e n s a lo c a l, e o g o v e r n o p a s s o u d o is m e se s v iv e n d o d e d e s ­ m e n tid o s .

A lé m d a r e tó r ic a , lis tra s ta m b é m fa z e m p a r te d o m a r k e tin g d o g o v e r n a d o r . F o i p o r m a r k e tin g q u e e le c o m e ç o u a u s a r c a m is a s lis tr a d a s ; h o je , u s a -a s “ p o r s o r t e ” . M e s m o d iz e n d o n ã o a c r e d ita r n o s a s tr o s , e n c o n tr a e m si a s c a r a c te rís tic a s d e u m e s c o r p ia n o le ­ g ítim o : c e n tr a liz a ç ã o e p o d e r d e c o n tr o le . “ S o b r e o c h a r m e , n ã o p o s s o f a la r n a d a ” .

O s o u tr o s fa la m : d iz e m o s a m ig o s d o g o ­ v e r n a d o r q u e ele te v e c a s o s r u m o r o s o s c o m a c a n to r a M a r is a M o n te e c o m a jo r n a lis ta M a r ília G a b r ie la . O s in im ig o s d iz e m q u e a lis ta é m a io r . O g o v e r n a d o r , q u e è c a s a d o e p a i d e tr ê s filh o s , n e g a .

(2)

0 g o v e r n a d o r C i r o G o m e s c h e g o u â s a l a d e r e d a ç ã o à s 1 4 h 4 0 m i n , c o m 1 0 m i ­ n u t o s d e a t r a s o , e f a l o u d u r a n t e d u a s h o r a s e m e l a .

A n t e s d a e n t r e v i st a , d o i s p o l i c i a i s d a g u a r d a p e s ­ s o a l d o g o v e r n a d o r i n s p e ­ c i o n a r a m a s c o n d i ç O e s d e s e g u r a n ç a d a s a l a

A e n t r e v i s t a f o i g r a v a d a e m v í d e o , m e t a d e d a g r a ­ v a ç ã o s e p e r d e u , p o r q u e o e q u i p a m e n t o d o c u r s o e s t a v a d a n i f i c a d o .

4

L a b o ra tó rio de Jornalism oG o­ vernador, d izem q ue o escorpiano é centraliza do r e m u ito sexy. O se­ n h o r se considera u m escorpiano legítim o ?

Ciro G om e s — Eu n ã o a c red ito n isso, n ã o . E u a c h o q u e essa a n ­ g ú stia q u e a g e n te tem d e b u sca r n o s a s tro s o u em o u tro s fetich es as re sp o sta s p a r a nossa ig n o râ n c ia , o u p a r a a lim itaç ão d a n o ss a co n s ­ c iên c ia , n ã o serve. E u te n h o a lg u ­ m as c a ra c te rístic a s dessa p e rs o n a ­ lid ad e q u e você c ito u a í. E u te n h o a v isão d e q u e é n ec essário d esc e n ­ tra liz a r a a ç ã o e c o n c e n tra r fo rte ­ m en te a sup erv isã o e o c o n tro le . E u só m e sin to seg uro se eu b o ta r o m eu o lh o m as c o isas. M as eu q u e ro q u e c a d a ’um te n h a a u to n o ­ m ia e vá fa z e n d o . S o b re o c h a rm e , n ã o p o sso fa la r.

L J — O senho r sem pre se veste m u ito bem , não é?

CG — V ocê a c h a ? A m in h a m u ­ lh e r d iz q u e eu so u m u ito d isp li­ c e n te , n ã o sei c o m b in a r n a d a . Eu só g o s to d e cores só b ria s, d e te sto co res b e rra n te s e só te n h o d o is te r­ n o s, to d o s dois c o m p ra d o s na O c a p a n a .

“ A im a g e m q u e eu

fa ç o d e m im a c e ita a

c a r e c a , m a s n ã o

a c e ita a b a r r ig a . O

c a b e lo n ã o e s tá m ais

n e m c a in d o , d e ix o u

d e n a s c e r ”

L J — E as cam isas listradas? C G — E ssa coisa d a listra c o m e ­ ç o u n a c a m p a n h a p a r a p re feito . C o m o eu era u m a p esso a d e sc o ­ n h ec id a — eu só e ra líd er d o G o ­ v e rn o — e fui la n ç a d o p a ra ser c a n d id a to , eu tin h a u m nível de r e c o n h e c im e n to m u ito b a ix o , a c h o q u e de 12% . N o d ia de tira r a fo to d a c a m p a n h a , u m a p esso a d o n o sso g ru p o a c o n s e lh o u u m a c a m isa d e listras az u is fin as. E u c o m p re i q u a tro e fiq u ei u sa n d o sem p re , só saía n a ru a d e listras. Q u e ria q u e as p essoa s m e re c o n h e ­ cessem , q u e tivessem o re call do c a rta z e se lem b ra ssem d e m im . E u so co m ca lças e sc u ras, n o rm a l­ m en te a z u is o u p re ta s.

L JÊ m a rk e tin g eleitoral? C G — N ã o . É u m a im ag em . As p essoa s c o m eç a ram a c o m e n ta r p o rq u e o T asso c o m e ç o u a u sar, o u tro c o m e ç o u , e a g e n te e stá g o s­ ta n d o d e s ta e stó ria . Ê o u n ifo rm e d a s m u d a n ç a s.

L JG overnador, apesar da p o u ­ ca idade, a careca está avançando. P reocupa?

C G — N ã o , a b a rrig a p re o c u p a m ais. E u fa zia m u ito e sp o rte e tive q u e p a r a r p o rq u e fiz u m a c iru rg ia d e h é r n ia n a q u in ta v é rte b ra , a in ­ d a q u a n d o e ra p re fe ito d e F o rta le ­ za. N esse caso, a re c o m en d a ç ã o é n e n h u m e sfo rç o p a ra a m u sc u la ­ tu r a d o a b d ó m e n . E a a u to - im ag em q u e eu fa ç o d e m im a c eita a c a re c a , m as n ã o a c eita a b a rrig a . O c a b e lo e stá d e sa p a re c e n d o m es­ m o , é u m p ro cesso e stra n h o . N ão está m ais nem c a in d o , e stá é d e i­ x a n d o d e n a sc e r...

L JD ize m as m ás-línguas que, co m careca, barriga e tu do , o se­ n h o r f a z m u ito sucesso com as m ulheres. O sen ho r se considera um sexy-sim bol?

C G — O lh a , essa coisa d o a sp e c to e sté tic o , às vezes, é re a lça d a p ra e s c o n d e r o u tra s co isas. A c h o q u e isso n ã o te m n a d a a ver. V e ja o p re fe ito d e F o rta le z a , q u e foi es­ c o lh id o — co m o eu fui — o m e­ lh o r d o B rasil. C o m ce rteza n ão foi pelo referen cial e stético . N ão q u e ele seja fe io , m as n ã o tem a q u e la beleza co m e rcial. A cho q u e as p essoa s a c e n tu a m esse lad o p a r a d im in u ir o u tro s m érito s.

L JM a s o q u e o sen ho r tem q u e to d o m u n d o q u e vem aqu i passa p e lo C a m beba e não passa pelo P aço? O q u e o C am beba te m que fa lta na P refeitura?

C G — N ã o fa lta n a d a n a P re f e itu ­ ra . O q u e n ó s e sta m o s se n tin d o é um nível d e a p ro v a ç ã o m u ito g ra n d e , a o n o sso tra b a lh o . M as a in d a fa lta m u ito o q u e fa zer. A e x p e riê n c ia d o C e a rá é u m a coisa im p re ss io n a n te fo r a d a q u i. O p o ­ vo a q u i fa la bem d o s p o lítico s, d o p re fe ito , d o g o v e rn a d o r. E n tã o , n ó s c o n se g u im o s u m a p ro je ç ã o p o lític a n o B rasil q u e é in é d ita . Se a c o n te c e q u a lq u e r c o isa p o r aí a f o r a , o s re p ó rte re s d o B rasil to d o ligam p a ra cá. Se é o e sc â n d a lo d as b icicletas, ligam p a r a cá p a ra sa b e r c o m o é q u e o C e a rã fez. E u n ã o p o sso te r c o n tro le de tu d o . L igu ei e p erg u n te i: “ V ocês c o m ­ p ra ra m bicicletas? C o m p ra m o s ” . “ D e q u a n to ? ” “ N o v e n ta e n o ­ v e ” . Q u a n d o aí p o r fo r a c o m p ra ­ ra m p o r 199. E n tã o , a g o ra sou c h a m a d o p a r a d a r p ale stra s, p a ra fa la r d as ex p eriên cias d o C e a r á . E c a d a vez eu c o m e ç o d iz e n d o : “ O C e a rá n ã o é n en h u m ilh a de p ro s ­ p e rid a d e . O C e a rá tem 4 0 % d e d e ­ se m p re g a d o s, tem p ro b le m a s d is­ so , d a q u ilo .

L J — G overnador, o sen h o r m e s­ m o acabou de fa z e r u m a tra je tó ­ ria: de desconhecido q u e precisa usar cam isas listradas para se r re­ conhecido, a um m ito , u m o lím ­

pia no referencial em to d o o Bra­ sil. U m a vez o sen ho r disse qu e ti­ nha m ed o de tu d o isso. O sen ho r ainda te m m e do ?

C G — N ã o m ais. M as o q u e a c o n ­ teceu n a q u e la é p o c a deve ser ex e m p lo p a ra vocês q u e vão se re ­ p ó rte re s. Ê p re ciso e v ita r o este­ re ó tip o . N o B rasil, o e stere ó tip o d o p o lític o , re fo rç a d o p ela a tu a ­ çã o d o p re sid e n te C o llo r, é o d o h o m em q u e faz tu d o . E u senti u m a a n g ú stia e n o rm e p o rq u e , e m ­ b o ra estivesse p re p a r a d o p a ra e n ­ fr e n ta r o s p ro b le m a s a d m in is tra ti­ v os, n ã o m e sen tia o super- h o m em . M as existem o u tra s v a riá ­ veis c o m o a e sta tístic a de 100% d o s sucesso res q u e b rigam c o m os su ce d ido s. O p o d e r é u m a coisa c x trc m a m c n tc so litá ria c cu senti essa im ensa so lid ã o . A in d a tin h a m ais: a p re ssão d o s e m p re sário s a fa v o r d o C o llo r. A elite d o C e a rá m e p re ssio n o u co m v iolência p a ra q u e eu co lorisse n u m m o m e n to em q u e n ing u ém fa la v a m al d o C o l­ lor. M as eu n ã o votei no C o llo r, n ã o a c re d ito nele. N ã o fazia p a rte d o m eu c o m p ro m isso co m a p o p u ­ laçã o d o C e ará a p o ia r o C o llo r. N o seg u n do tu rn o cu votei n o L u ­ la, sem fazer p ro se litism o , n ão p o rq u e n ã o a c re d itasse n o L ula. E u te n h o a d m ira ç ã o pessoal p o r ele m u ito g ra n d e , m as a c re d ita v a q u e a c o rrela ç ão d e forças n ão d a ­ va p ersp ectiv a d e um b o m G o v e r­ n o . E c o m o o s d o is n ã o tin h a m is­ so, eu votei na p e rso n a lid a d e que eu a c re d ita v a m ais.

“ A e lite d o C e a r á

m e p re s s io n o u p a r a

c o lo r ir , m a s isso n ã o

f a z ia p a r te d o m e u

c o m p r o m is s o . N o

s e g u n d o tu r n o , v o te i

n o L u l a ”

L JO sen ho r acha qu e h o je o presid ente C o llor te m m e d o do gove rn ad or C iro G om es?

C G — N ã o , n ã o . E ssa tra je tó ria n ã o tem p o n to de co n v erg ên c ia .

L JE xiste Ciro G o m e s sem Tas­ so Jereissati?

(3)

De um p ro cesso d e c o lap so d o s fi­ n a n c ia m e n to s d o E s ta d o , d a crise fiscal q u e faliu os e sta d o s e a U n iã o . N ão som o s co n se q u ên cia passiva, m as a n im a d a , p o rq u e lu­ ta m o s p a ra d a r c o n tin u id a d e a es­ te p ro c esso. E eu te n h o h u m ild a d e p a ra reco nh ec er q u e a m in h a p e r­ so n alid a d e p o lítica n ã o seria essa se n ã o fosse p o r T asso . M esm o a p erso n a lid a d e in d iv id u a l seria d i­ fe ren te, o T asso é um a d as in ­ fluências d a m in h a v ida, assim c o ­ m o o m eu p ai, a m in h a m u lh er e a lg um as p esso a s d o te m p o d a fa ­ c u ld a d e . A lgu n s a u to re s c o m o Er- nest M an d e i, q u e fez um a leitu ra d o tro tk is m o . Em 75 foi a m in h a é p o ca d o m o v im e n to estu d a n til. M a rcu se tam b ém m e in fluen c io u m u ito , n aq ue le te m p o em q u e eu era velho dem ais p a ra ser h ipp ie e jo v e m d em ais p a ra ser p u n k .

“ E u u tiliz o

M a q u ia v e l, p o r q u e

M a q u ia v e l n ã o e ra

m a q u ia v é lic o . E le

c o lo c a as q u e s tõ e s

d o E s ta d o a c im a d a

m o r a l b u r g u e s a ”

I JM aquiavel, o senho r leu? C G — C la ro .

U — Utiliza?

C G — O q u e é q u e você ac h a ? V o ­ cê leu ? C la ro q u e u tilizo . P o rq u e o M aq u iav e l n ão era m aq uiav é li­ co , n é? E m alg u ns m o m e n to s, M aq u iav e l to ca essa m oral p e q u e ­ n o b u rg u esa p a ra m o s tra r o s v a lo ­ res d o p o lític o . P o r exem plo: “ J a m a is p ro sp e ro u o p rín cip e que d eu e m p e n h o à p a lav ra d a d a ” . M as as p esso a s só e n te n d e m q u e o M aq uiav el q uer d izer q u e o b om p o lític o é aquele q u e n ã o h o n ra os c o m p ro m isso s. N ão é isso. Ele q u e r d ize r é q u e as q u e stõ es d o E s ­ ta d o e stão a cim a d a m o ral b u r­ g u esa q u e diz “ P a c ta sum servan- d a ” : o q u e foi p o s to tem q u e ser c u m p rid o . Se fo r assim , v ejam o s o p ro b le m a d a d ív id a e x tern a. Q u e r d izer q u e a g o ra o B rasil tem q u e p a g a r? O lh a aí o n d e é q u e está o M aq uiav el. Q u er dizer q u e le ­ m os q u e p a g a r estes ju ro s a b s u r­ d o s de h o je , q u a n d o o c o m b in a d o n o início e ra d e 2 % ? Q u e b ra r isso n ã o é d a r e m p en h o à p a lav ra d a ­ d a .

L J — G overnador, o sen ho r se diz adepto da social-dem ocracia, um m od elo po lítico qu e prega a

parti-cipaçõo d o s sindicatos inclusive nas gerências políticas d o E stado. P o r que é que o sen ho r briga com to d o s o s sindicatos?

“ S in d ic a lis m o

b r a s ile ir o é fa s c is ta e

te m o rig e m

c o r p o r a tiv is ta . O s

s in d ic a to s a c h a m q u e

a c o r p o r a ç ã o e s tá

a c im a d o E s t a d o ”

CG — E u n ã o b rigo com sin d ica ­ to . (N e sta h o ra o g o v e r n a d o r C iro G o m es fez u m a lon g a preleção q u e b em p o d e ria ser in titu la d a “ D e c o m o su rg iu a so cial- d e m o cra cia e de c o m o os sin d ica ­ to s n o B rasil são p atern a lista s e c o rp o ra v ista s). Q ual é o m eu p ro ­ blem a co m os sin d icato s? O sin d i­ calism o brasileiro é fa scista . E m a n té m , c o m o tal, a o rig em c o r­ p o ra tiv ista . O s sin d ica to s a c h a m q u e sua c o r p o ra ç ã o está acim a d o E sta d o . O sin d ic ato de tra b a lh a ­ d o re s ru ra is, p o r ex em p lo , é líder d o s tra b a lh a d o re s , e n ã o d o C e a­ rá. E sses sin d ica to s são legítim os p a ra d e fe n d e r o s interesses deles, m as n ã o o s d o C ea rá. M as n ã o só os sin d ica to s de tra b a lh a d o re s n ã o . E u já tive tu rr a s co m o p es­ soal d a c a sta n h a , co m o p esso al d a g a lin h a ... M as c o n v e rsa n d o a gente co n seg u e se e n te n d e r. P e r ­ g u n te a o sin d ic ato d o s co m erciá- rios. P a ra negociar co m o s m édi­ co s, eu peguei o te lefo n e e liguei p a ra o D ieese. Falei c o m a M arle- ne C aseia e disse: “ O lh a , vai lá p o rq u e eles n ão e stão sab e n d o fa ­ z e r” . P o u c o s d o s sind icalistas b ra sileiro s, com o o L ula e o Vi- c e n tin h o , se m o d e rn iz a ra m .

L J — O sen ho r acha que as elites cearenses sào pelegas?

C G — S ão , pela co n se q u ên cia, e m b o ra nem to d a s sejam d eso n e s­ tas. E m a lg u n s h á u m a m o tiv a ç ão esse n cialm en te d e so n esta. D iziam : “ N ão p re cisa a p o ia r o C o llo r d e v e rd a d e n ã o ” . A lg u m as são c o ­ v ard es. M as eu n ã o a c eito essa re n d iç ã o . P o r ex em p lo: q u em m ais to m o u d in h eiro d a C aixa E c o n ó m ic a no a n o p a ssa d o ? O C e a rá . Eles têm m ed o d o C ea rá. P e r g u n ta ra m o q u e eu a c h a v a d a ro lag e m da d ívida d o s E stad os ju n to à C aixa. E u disse: “ É u m a n e g o c ia ta d o G o v e rn o F ederal co m o seu O re stes Q u é rc ia ” . Q u em d e n u n c io u o e sc â n d a lo d e c o rru p ç ã o no G o ve rn o foi o C e a­ rá , q u a n d o o p re side n te veio a Ju a z e iro d o N o rte . Q u e ria m q u e eu assinasse ju n to co m o p re sid e n ­

te a c o rd o co m a C aixa e eu j á ti­ n h a n o tíc ia q u e e ra u m su p e r fa tu - ra m e n to . O p re side n te disse: “ O se n h o r n ã o vai a ssin a r n ã o ? ” V ou n ã o . A n u n c ia ra m no som a assi­ n a tu ra d o c o n v é n io , e eu disse: “ N ã o v o u a ssin a r n ã o ” . “ V ocê vai p e rd e r o d in h e iro ” . “ P erco n ã o . E u q u e ro o d in h e iro e q u ero fa zer trê s o b ra s com o d in h e iro desse su p e r fa tu ra m e n to q u e ia p a ­ g a r só u m a . E u q u ero o d in h eiro to d in h o n o C eará p o rq u e sen ão eu vo u c o n ta r a h is tó ria ” .

L JO sen h o r está d izen do q u e o presid ente sabia desse su p e rfa tu ­ ra m ento?

C G — Se ele sab ia d o s u p e r fa tu ra ­ m e n to , eu n ã o sei. Ele sa b ia que tin h a u m p ap e l p a ra a ssin a r e q u e eu disse a ele q u e n ã o assin a v a .

L JO superfa tu ra m en to passou adiante e o presidente não to m o u co nh ec im ento?

C G — Isso aí eu n ã o d iscu ti co m o p re sid e n te , n ão . E u fui lá n o p re si­ d e n te d a C a ix a E c o n ó m ic a e disse p a r a ele q u e a q u ilo e ra u m a escu ­ lh a m b a ç ã o e q u e eu n ã o assin av a . Ele disse: “ T á b o m g o v e r n a d o r, o se n h o r é quem m a n d a ”

L JQ u ando o secretário A n tô ­ nio Tavares f o i exonerado da Se­ cretaria de Justiça, condenado a pagar dois m ilhões de cruzeiros, ele disse q u e isso era um a coisa co­ m u m em todas as secretarias. C o­ m o é que o sen h o r analisa essa de­ claração?

C G — A q u e le caso n ã o está c o n ­ c lu íd o a in d a . E u já disse: se for a p u ra d a a lg u m a coisa c o n tra ele, ele será d e m itid o .

“ P e r g u n ta r a m o q u e

a c h a v a d a d ív id a d o s

E s ta d o s j u n t o à

C a ix a : É u m a

n e g o c ia ta d o

G o v e r n o F e d e ra l

c o m o seu O re ste s

Q u é r c ia ”

L J — P o r que o sen ho r o recolo­ cou no cargo antes q u e saísse o re­ sultado d o relatório do Tribunal de C ontas?

C G — E u a fa stei o se c retário e p e­ d i, cm d ez e m b ro , u m a p o siçã o d o T rib u n a l d e C o n ta s . Eles n ã o m e d e ra m n e n h u m a re sp o sta . E u re­ cebi o p a re ce r d a A ssem bleia e d a J u n ta C o m ercia l, in o c e n ta n d o o se c re tá rio , e n tã o o re co loq u ei n o c a rg o .

D u r a n t e a e n t r e v i st a , C i r o G o m e s f u m o u c i n c o c i g a r ­ r o s - m a r c a C h a r m - , c o m e u d o i s c h o c o l a t e s e b e b e u u m a g a r r a f a d e á g u a m i n e r a l .

C i r o G o m e s n ã o u s a

a l i a n ç a . E d i z q u e n u n c a u s o u , a n ã o s e r n o d i a d o c a s a m e n t o , p o r q u e n õ o g o s t a

D o i s d i a s d e p o i s d a e n t r e ­ v i st a , a Se c r e t a r i a d e Sa ú d e c o n f i r m o u a c o n t a ­ m i n a ç ã o d o a ç u d e d o C e ­ d r o p e l o v í r u s d a c ó l e r a .

(4)

A J u n o s d e o u t r o s s e m e s ­ t r e s d o c u r s o r e p u d i a r a m o f a t o d e a e n t r e v i s t a t e r s i d o e x c l u s i v a a o s a l u n o s d o L a b o r a t ó r i o d e J o r n a ­ l i s m o .

P e r g u n t a s s o b r e a g r e v e d o s m é d i c o s e a c a m p a ­ n h a " A b r a o O l h o e o C o - r a ç ó o " p r o v o c a r a m o s d o i s m o m e n t o s m a i s p o ­ l é m i c o s .

Da dopa eecoNdo,

c o m A s e i s ( M a c h a d o ) - A d o l ­ f o ( M a r i n h o ) , d t z - se q u e o t t t u t ar n d o t e m a s i m p a t i a d o g o v e r n a d o r C i r o G o ­

m e s .

6

L J — M as governador, a decisão d eve ser d o TCE.

C G — M as se o T rib u n a l n à o deci­ d e, eu vo u ficar n u m a situ a ç ã o ve­ x a tó ria dessas? N esse c a so , to d a s as d e n ú n c ia s feitas a té a g o r a fo ­ ra m in fu n d a d a s , tu d o , a licita ção , a fo rm a fa n ta sm a , a fa lta d e e sto ­ q u e , tu d o . E u vi q u e o sec re tá rio é in o c en te .

“ E u li n o s j o r n a is

s o b r e a

c o n ta m in a ç ã o d o

C e d r o e a d e s tr u iç ã o

d o s m a n g u e s d o

C o c ó . N ã o sei

e x p lic a r . N a d a d is so

a c o n te c e u ”

L JC om o é que o se n h o r expli­ ca o f a t o de ter a firm a do q ue con­ versou em Brasília com o presi­ d en te do Tribunal S up erior do T r a b a lh o , G u im a rã es F alcão, qu an do u m dia depo is ele veio ao Ceará e disse que n unc a h o u ve tal conversa?

C G — O m in istro e stá c e rto . Eu n u n c a disse q u e h o u v e essa c o n ­ v e rsa , m as eu tam b é m li essa in ­ fo rm a ç ã o n o s jo rn a is . D o m esm o je ito q u e eu li q u e o a ç u d e d o C e ­ d ro e s tá c o n ta m in a d o , d o m esm o je ito q u e li so b re a d e s tru iç ã o dos m a n g u es d o C o có , d o m esm o je ito q u e eu li so b re a greve n a P o líc ia M ilita r. N a d a disso a c o n te c e u . E u n ã o sei e x p lica r isso.

L JP o r q ue sua relação com a im prensa local é tão difícil, en­ q u a n to q u e co m a im prensa d o S u l o se n h o r se relaciona bem ? C G — O m eu p ro b le m a n ã o é co m o s jo rn a lis ta s , co m as re d aç õ e s. O m eu p ro b le m a é co m o s d o n o s d as e m p re sa s, q u e são c o rp o ra tiv is ta s, q u e só q u e r e m ver a d e fesa d o s in ­ teresses deles. M as esse c o n flito é n o rm a l, v ai, m e lh o ra , a u m e n ta , a té q u e se chegue a u m a c o rd o . A v irtu d e d o d iá lo g o é essa.

L J — Q ual o p e rfil d o p ró x im o candid ato a p re fe ito ?

C G — V eja b em , q u a n d o eu a ssu ­ m i a P re fe itu ra , eu tin h a u m a b a ­ caxi m o n s tru o s o . N ã o sa b ia de n a ­ d a , n em o saldo b a n c á rio m e d e ­ ra m , e a té o te le fo n e e stav a b lo ­ q u e a d o p o r fa lta de p a g a m e n to . E u tin h a q u e to m a r m ed id a s t r u ­ c u le n ta s , p o rq u e a c o n fu s ã o e ra g ra n d e dem ais. A P re fe itu ra n à o tin h a d in h e iro . E u fechei o caixa. C o rte i a té a c o m id a d o s garis, e co n se g u i a p ro e z a d e m a n d a r p a r a

a C â m a r a u m b a la n c e te c o m to d o s os g a sto s z e ra d o s. E u sab ia q u e ia fa z er inim igo s m o rta is , m as tin h a d e ser d a q u e le je ito . D ali, eu ia p a ­ ra c a sa . M as o n o v o p re fe ito vai te r u m tra b a lh o m ais d ifícil. É m u ito m ais c o m p lex o a d m in is tra r a p a r tir de u m referen ciai p o sitiv o d o q u e a p a r tir d e um re fere ncial n eg a tiv o . N ó s tín h a m o s o re fe re n ­ cial q u e era o d e sa stre n o p a ssa d o . H o je q u e m a ssu m ir vai te r o su­ cesso d o p re se n te.

L JE o p e rfil?

C G — V a m o s lá: tem q u e ser a l­ guém co m c a p a c id a d e g eren cial. E u n à o q u e ro v alo riz ar n o m es em d e trim e n to d e p ro g ra m a s, c o m o é c o m u m n a n o ssa tra d iç ã o p o p u lis­ ta . M as h á de ser u m a lid e ra n ça n o v a n o E s ta d o , alg u ém sério . Se vo cê tem re ta g u a rd a m o ra l p es­ so a l, vo cê co nseg u e re sistir m e lh o r a o s c o n flito s . T o d o s o s c a n d id a ­ to s d o P S D B têm essas q u a lid a ­ d e s . ( A d o l f o M a r i n h o , ex - s e c re tá rio d e A ç ã o S o cial, M a ríisa A g u ia r, d e D e se n v o lv im e n to U r­ b a n o , o e m p re sá rio A ssis M a c h a ­ d o e o p ró p rio T a sso Jereissati e ra m os p re fe itu rá v e is d o P S D B n a ép o c a ).

L J — P o r q u e essa idéia da cam ­ p a n h a <(A b ra o O lho e o C ora­ ç ã o" só surgiu em u m ano eleito­ ral?

C G — N ó s e sta m o s p ro c u ra n d o m e lh o ra r. H á e n tre n ó s u m p r o ­ cesso d e a v a n ço e, n u m se m in ário d e a v a lia ç ã o d o G o v e rn o , a p a rtir d a s c o m u n id a d e s, surgiu essa idéia q u e n ó s a c h a m o s excelente. A p a rtir d aí foi d a d o um t r a ta ­ m e n to su p e rp ro fis sio n a l, c o m o

“ N ó s s o m o s

c o m p e te n te s e as

p e s s o a s n ã o se

a c o s tu m a r a m c o m

is so a in d a . T u d o q u e

n ó s fa z e m o s ,

f a z e m o s m e lh o r q u e

q u a lq u e r u m ”

n ó s sem p re fo m o s. T u d o q u e a g e n te faz , a g e n te q u e r fa z e r bem fe ito , m e lh o r d o q u e q u a lq u e r u m , p o rq u e n ó s som o s c o m p e te n te s e a p o p u la ç ã o m ere ce. E isso n ã o é u m a p e sq u isa, n à o , é u m e sfo rço d e m o b iliz a ç ã o p a ra q u e a p o p u la ­ ç ã o d ig a o q u e ela c o n sid e r a o p rin c ip a l p ro b le m a . N ão é u m a p e sq u isa p o rq u e n ó s j á sab e m o s o s p ro b le m a s d e F o rta le z a . V ocê a c h a q u e e u , q u e c o n h e ç o to d a s as ru a s , to d a s as p ra ç a s, n à o c o n h e ­ ço o s p ro b le m a s? D esse exercício

d e m o b iliz a ç ã o vai sair u m p ro g r a ­ m a e, a p a rtir d a n u a n c e d e te c ta d a e n tre a p o p u la ç ã o , po d e-se esco ­ lh e r esse o u a q u ele c a n d id a to .

L J — A propaganda do P SD B , ,fA b r a o O lho e o C ora ção” , é cam p a nh a p olítica antes do pr a­ zo ?

C G — N ã o é, n ã o . C o m essa p es­ q u isa , n ó s p re te n d e m o s a c a b a r c o m essa falsa d isju n tiv a de q u e a eleição vai ser d ec id id a e n tre C hi- c o e M an ei, e q u e re m o s levar a d iscu ssã o p a r a os p ro g ra m a s. N ós q u e re m o s sa b e r q u e p ro b lem a s a p o p u la ç ã o c o n sid e ra m ais graves, e q u e c id a d e a g en te re alm en te q u e r.

L JE ssa cam panha não é u m re­ fe re n c ia l eleitoral? A cam panha já f o i suspensa p o r ter sido conside­

rada propag an da eleitoral? C GN ã o fo i, f o i barrigada de no vo . O pro curad or voltou atrás. Isso não é ilegal, não. A p r o p a ­ ganda institucional de p a rtid o s é legal e esse f o i o equivoco do Dr. M e to n (M eton Vieira F ilho f o i o pro cu ra d o r q u e p e d iu a su sp en­ são). N ó s verificam os tu d o isso antes de lançar a cam panha. N ó s so m o s co m p ete ntes e as pessoas não se acostum aram com isso ain­ da. Você q u er o u vir de m im que nós esta m o s fa z e n d o propaganda eleitoral? N ão estam os. (M ud a de assunto e fa la das eleições de S o ­ bral).

L JA secretário M arfisa Jlca bem de listras?

C G — F ic a , sim (rin d o ). Q u a lq u e r u m d o s n o sso s Fica bem d e listras.

L JO sen ho r concordaria com um a aliança P S D B /P T nas elei­ ções locais?

(5)

E xistem exceções n o P SB c o m o o A rio sto (H o la n d a ), o Régis Ju c á .

“ N ã o te n h o re s p e ito

p o r esses m a lu q u e te s

q u e e s tã o a g o r a n o

P S B , o g r u p o d o

P R O , a e x - p re fe ita

M a r ia L u iz a . M as

e x is te m e x c e ç õ e s ”

L JQ uem são os m aluquetes? CG — P R O .

L JA p re je u a M a n a L uiza está ai?

CG — C la ro . E u fui o suce ssor d e ­ la, eu c o n h e ço . E la n ã o é d eso n e s­ ta . m as é in c o n se q u e n te , n ã o sab e d e n a d a d o q u e é a co isa p ú b lica.

L JG overnador, o sen ho r f o i A rena, P M D B ...

CG — N u n c a fui .A rena, fui P D S . Eu devia ter 20, 22 a n o s, e o m eu p ai q uis q u e eu m e c a n d id a ta sse a d e p u ta d o e sta d u a l. O m eu pai era p re fe ito d e S o b ral p ela A re n a , q u e e stav a se re fo rm u la n d o . N esta é p o c a se c rio u o v o to v in cu la d o , e eu tive q u e me c a n d id a ta r pelo P D S , q u e era o p a r tid o d o m eu pai. E foi um e sc â n d a lo , p o rq u e eu e ra d o m o v im e n to e stu d a n til, co n h e cia o M a u ro B enevides, es­ sas co isas. E u a c h a v a o Ira n ild o P ere ira o m áxim o — p a ra você ver c o m o as p esso as ev oluem . O m eu idolo e ra o P aes de A n d ra d e . M as eu se m p re fui so c ial-d e m o c ra ta , d esde a q u e la ép oc a.

“ E u e r a d o

m o v im e n to

e s tu d a n til. A c h a v a o

I r a n ild o P e r e ir a o

m á x im o . P a e s d e

A n d r a d e e r a m e u

íd o lo . C o m o as

p e s s o a s e v o l u e m ...”

L JC o m o f o i qu e o sen h or se candidatou a pr e fe ito de Fortaleza se o sen ho r era dom iciliado em Sobral?

C G — B om , n a q u e la é p o c a era u m a c o n fu s ã o d a n a d a , u m a h istó ­ ria de F o rta le z a sim , C am b e b a n ã o . U m a m istura de c o rp o ra tiv is ­ m o e e sq u e rd ism o , u m e sq u e rd is- m o sem sen tid o , p o rq u e e sq u e rd a

a q u i so m o s n ó s ... Isso m esm o , eu g o sto d e p ro v o c a r, e sq u e rd a aq u i som o s n ó s. Q uem fez re fo rm a s p ro fu n d a s e e stru tu ra is a q u i foi o T a ss o , e a g o r a , e sta m o s c o n ti­ n u a n d o isso.

L JC o n tin u a n d o ...

C G — N a q u e la é p o c a , eu e ra líder d o G o v e rn o . O T asso ch e g o u p a ra m im e disse assim : “ O lh a esse n e­ gócio de F o rtale z a a í” . E u disse: “ T á c e r to ” !. E ele: “ É essencial q u e a g e n te d isp ute eleição . E co m c h a p a p u ra , q u e é p a r a a p o p u la ­ çã o d ec id ir se está co m a g e n te o u n ã o . E aí só vale a p e n a com a l­ guém re a lm en te c o m p ro m e tid o c o m o p r o j e t o ” . E u d is s e : “ P e r f e i ta m e n t e , eu ta m b é m a c h o ” . “ E o c a n d id a to é v o cê ” . E eu digo: “ T á d o id o . T á m alu co . E u n ã o p o sso , eu so u de S o b ra l, eu so u d o m icilia d o em S o b ra l” . N essa é p o c a , o m eu so n h o e ra ser p re fe ito d e S o b ra l. U n s três o u q u a tro d ias d ep o is, o T asso m e c h a m o u e disse q u e M a u ro B ene­ vides tin h a d ito q u e seria a p ro v a ­ da u m a e m e n d a n a C o n stitu in te q u e ia m u d a r de um a n o p a ra cem d ias o p ra z o d o d o m icílio e leito ­ ral. E e sta v a n a v ésp era d o ú ltim o d ia p e rm itid o . E u fui lá e m udei o d o m icílio , sem p ro b le m a , p o rq u e eu já m o ra v a a q u i. M as a e m en d a a in d a ia ser v o ta d a p ela C o n s ti­ tu in te . Isso era m a rç o . C heg o u a b ril, m a io , ju n h o e n a d a . J u lh o n a d a , a g o s to , se te m b ro , o u tu b ro e a C o n s titu in te foi p ro m u lg a d a co m a em en da . N ós a p o s ta m o s na C o n s titu in te , foi só isso.

I.JF agora q ue o sen h o r está à fr e n te d o G overno do E sta do,

0

q ue o sen ho r acha da d en o m in a ­ ção do Ceará co m o a “Ilha da p ro sp erid a d e' ’?

C GIsso f o i um a coisa que in­ ventaram e colocaram co m o se fo s s e m in ha afirm ação, m as n u n ­

ca disse isso. E ntão, to d a vez que so u con v id a do para algum a pales­ tra, a prim eira coisa q u e digo é: O Ceará não é nen h u m a ilha de prosperidade. O Ceará te m p r o ­ blem as gravíssim os e n ó s não p o ­ de m o s estar satisfeitos co m um a sociedade q ue m a n té m 40% de seus filh o s desem pregados o u su-bem pregados, (esse é o m e sm o n ú ­ m ero d o s an alfa beto s no E stado), 65 crianças m orrem , a cada m il q ue nascem , antes de com pletar u m ano de vida, afora o u tro s n ú ­ m eros q ue vou dispensar para qu e en trem o s logo no assunto q u e va­ m o s discutir. Esse discurso eu já ten ho decorado. O utra coisa q u e ressalto ta m b é m é que, to d a vida q ue eu parecer im o desto, q u e eu parecer vaidoso, eu não estou f a ­ la ndo d e m im , eu esto u fa la n d o de um esforço coletivo d e u m a c o m u ­ nidade inteira q u e está envolvida n u m p ro je to . L em br a nd o ainda q ue q ue os grandes m érito s dessa

ruptura estão nas m ão s d e m eu antecessor Tasso Jereissati. L J — G overnador, o sen ho r não te m m ed o q u e o cigarro acabe p r e ­ ju d ic a n d o sua saúde?

C G — Já está. Já está p reju dican ­ do. E u p eç o desculpas p o r estar prejud ica nd o con ju n tu ra lm en te a sua.

L JE verdade que o se n h o r p e ­ de sem pre para os fo tó g r a fo s que não o fo to g r a fe m fu m a n d o ? C G — S ab e o q u e é? E u te n h o u m a re la ç ão co m c ria n ç a m uito fo rte . E eu n ã o g o sta ria q u e as c ria n ça s m e vissem fu m a n d o .

L J — E a a lia n ç a d e c a s a d o , p o r­ q u e o se n h o r n ã o usa?

C G — N u n c a usei. S ó usei alian ç a n o d ia d o c a sa m e n to . N ão te n h o je ito . N ã o u so an el, n a d a .

L JG overnador, com enta-se que o sen ho r teve um caso com a cantora M arisa M onte. O q u e é q u e o sen h o r te m a dizer sobre is­ so?

C G — V ocê o u v iu fa la r d a M arília G a b riela ta m b é m ? (risos). V ocê o u v iu isso n o s c o rre d o re s d o p o ­ d er? N ã o , n u n c a tive, co m n e n h u ­ m a d as d u as. M esm o . E u a d m iro m uito ela (sic), g o sto d em ais dela, eu te n h o isso em c o m u m co m a P a tríc ia e com o m eu filh o m ais n o v o , o Y uri.

“ Q u a n d o e u tin h a

u n s 14 a n o s , q u is ser

p re s id e n te d a

R e p ú b lic a . C o is a d e

a d o le s c e n te . S o u

m u ito n o v in h o .

D e ix a p a r a o

T a s s o ”

L JN a prefe itura, o sen h o r dis­ se que p o d ia fa z e r m u ito s inim igos p o r q u e ia para casa. D epois do G overno, o sen h o r vai para casa? C G — Q u e ro escrever u m livro c o m m u ito s e p isó d io s q u e eu esto u a n o ta n d o , co m tre c h o s d e d iv e r­ sos p ro cesso s, d iversas e x p e riê n ­ cias. E , n o in te rv a lo de d o is an o s a té as p ró x im a s eleições vou a p re n d e r a to c a r sa x o fo n e e vou b o ta r u m b a r .

L J — O sen h o r vai ser presidente d a R epública?

C G — N ã o , so u m u ito n o v in h o . D eixa p a r a o T asso .

L JJ á quis?

C G — J á , q u a n d o eu tin h a u n s 14 a n o s . C o isa d e ad o lesc en te.

0 g o v e r n a d o r v e s t i a o i n ­ f a l í v e l u n i f o r m e t u c a n o : c a m i s a d e l i s t r a s a z u i s f i ­ n a s . t ô n i s R e e b o k p r e t o e c a l ç a p r e t a .

0 p o r t a - v o z E g í d i o Se r p a , p r e s e n t e à e n t r e v i st a , p o r d u a s v e z e s c h a m o u o g o ­ v e r n a d o r p a r a u m c o m ­ p r o m i s s o à s c i n c o d a t a r ­ d e .

C i r o G o m e s c o n t i n u o u r e s p o n d e n d o a t o d a s a s

q u e s t õ e s : " e l e ê a s s e s ­ s o r , m a s . . . ''

Referências

Documentos relacionados

• Agora, a base de dados de implantes do GALILEOS Implant também inclui linhas de implantes dos seguintes fabricantes: BioHorizons, Klockner, Neoss, O.M.T e Osstem.. • O

Caso 4/2003 - Paciente de 61 anos, portadora de cardiopatia da doença de Chagas, com disfunção ventricular, taquicardia ventricular recorrente e marcapasso cardíaco, que

O metano (CH 4 ) é produzido por microrganismos que vivem no sistema digestivo dos animais ruminantes. Os gases produzidos por seres humanos e outros animais

E os específicos foram: verificar as reações dos clientes diante do diagnóstico de insuficiência renal crônica e da necessidade de realizar hemodiálise; identificar as

Evolução conceitual em atividade física, exercício e esporte. Meios e métodos de treino,

A Seqüência de Três Níveis oferece um quadro mais amplo de uma situação e pode ser útil para fazer perguntas a respeito da situação de pessoas que não estão fisicamente

Essas duas últimas funções, diferentemente das outras funções trigonométricas, têm um eixo móvel, isto é, para cada ponto P da circunferência, traçamos a reta tangente a ela

Refletir sobre como esses jovens e adultos pensam e aprendem envolve, portanto, transitar pelo menos por três campos que contribuem para a definição de seu lugar social: