ww w . r e u m a t o l o g i a . c o m . b r
REVISTA
BRASILEIRA
DE
REUMATOLOGIA
Artigo
original
Policondrite
recidivante:
prevalência
de
doenc¸as
cardiovasculares
e
seus
fatores
de
risco
e
características
gerais
da
doenc¸a
de
acordo
com
o
gênero
Pablo
Arturo
Olivo
Pallo
a,
Maurício
Levy-Neto
a,
Rosa
Maria
Rodrigues
Pereira
be
Samuel
Katsuyuki
Shinjo
b,∗aUniversidadedeSãoPaulo,FaculdadedeMedicina,HospitaldasClínicasHCFMUSP,SãoPaulo,SP,Brasil bUniversidadedeSãoPaulo,FaculdadedeMedicina,DisciplinadeReumatologia,SãoPaulo,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem10desetembrode2016
Aceitoem11dejaneirode2017
On-lineem20defevereirode2017
Palavras-chave:
Doenc¸aautoimune
Doenc¸ascardiovasculares
Gênero
Policondriterecidivante
r
e
s
u
m
o
Háescassezdeestudosnaliteraturasobreascomorbidadesnapolicondriterecidivante(PR).
Alémdisso,excetoporalgunsestudosepidemiológicossobreaPR,nãoexistemtrabalhos
queanalisemespecificamenteadistribuic¸ãodaPRdeacordocomogênero.Portanto,os
obje-tivosdopresenteestudoforam:(a)analisaraprevalênciadedoenc¸ascardiovasculareseseus
fatoresderiscoemumasériedepacientescomPR;(B)determinarainfluênciadogênerona
PR.Fez-seumestudotransversalunicêntricoqueavaliou30casosdePRentre1990e2016.
Paracompararascomorbidades,foramrecrutados60indivíduossaudáveispareadospor
idade,gênero,etniaeíndicedemassacorporal.AidademédiadospacientescomPRfoide
49,0±12,4anos.Adurac¸ãomédiadadoenc¸afoide6,0anose70%erammulheres.Foi
obser-vadaumamaiorfrequênciadehipertensãoarterial(53,3%vs.23,3%,p=0,008)ediabetes
melli-tus(16,7%vs.3,3%;p=0,039)nogrupoPRemcomparac¸ãocomogrupocontrole.Emuma
aná-liseadicional,ospacientesforamcomparadosdeacordocomadistribuic¸ãodegênero(nove
homensversus21mulheres).Ascaracterísticasclínicasiniciaisdadoenc¸aforam
compará-veisemambosossexos.Noentanto,duranteoperíododeseguimento,ospacientesdosexo
masculinotiverammaiorprevalênciadeperdaauditiva,envolvimentovestibulareeventos
deuveíteetambémreceberammaistratamentocomciclofosfamida(p<0,05).Houveuma
altaprevalênciadehipertensãoarterialediabetesmellituseospacientesdosexomasculino
apresentarampiorprognósticodoqueaspacientesdosexofemininonoseguimento.
©2017PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobuma
licenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:samuel.shinjo@gmail.com(S.K.Shinjo).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2017.01.002
0482-5004/© 2017 Publicado por Elsevier Editora Ltda. Este ´e um artigo Open Access sob uma licenc¸a CC BY-NC-ND (http://
Relapsing
polychondritis:
prevalence
of
cardiovascular
diseases
and
its
risk
factors,
and
general
disease
features
according
to
gender
Keywords:
Autoimmunedisease
Cardiovasculardiseases
Gender
Relapsingpolychondritis
a
b
s
t
r
a
c
t
Thecomorbiditiesinrelapsingpolychondritis(RP)havebeenscarcelydescribedinthe
litera-ture.Moreover,apartfromafewRPepidemiologicalstudies,nostudiesspecifically
addres-singRPdistributionaccordingtogenderareavailable.Therefore,theobjetivesofthepresent
studywere:(a)toanalysetheprevalenceofcardiovasculardiseasesanditsriskfactorsina
seriesofpatientswithRP;(b)todeterminetheinfluenceofgenderonRP.Across-sectional
tertiarysinglecenterstudyevaluating30RPcasesfrom1990to2016wascarriedout.To
comparecomorbidities,60healthyindividualsmatchedforage-,gender-,ethnicity-and
bodymassindexwererecruted.ThemeanageofRPpatienteswas49.0±12.4years,the
mediandiseaseduration6.0years,and70%werewomen.Ahigherfrequencyofarterial
hypertension(53.3%vs.23.3%;p=0.008)anddiabetesmellitus(16.7%vs.3.3%;p=0.039)was
foundintheRPgroup,comparedtothecontrolgroup.Asanadditionalanalysis,patients
werecomparedaccordingtogenderdistribution(9menvs.21women).Theclinicaldisease
onsetfeatureswerecomparableinbothgenders.However,overthefollow-upperiod,male
patientshadagreaterprevalenceofhearingloss,vestibulardisorderanduveitisevents,
andalsoreceivedmorecyclophosphamidetherapy(p<0.05).Therewasahighprevalence
ofarterialhypertensionanddiabetesmellitus,andthemalepatientsseemedtohaveworse
prognosisthanthefemalepatientsinthefollowup.
©2017PublishedbyElsevierEditoraLtda.ThisisanopenaccessarticleundertheCC
BY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc¸ão
A policondrite recidivante (PR) é uma doenc¸a autoimune
rara caracterizada por inflamac¸ão recorrente de estruturas
cartilaginosas (i.e., orelhas,ponte nasal,articulac¸ões
peri-féricas e árvore traqueobrônquica) e/ou tecidos com altas
concentrac¸õesde proteoglicanas(i.e.,olhos, corac¸ão, rinse
vasossanguíneos).1–3 Asmanifestac¸õessistêmicastambém
podemenvolveros olhos,a pele,asarticulac¸ões,asvalvas
cardíacaseosvasossanguíneos.1,2
APRtemumaincidênciaanualde3,5casospormilhão.
Afeta todos os grupos étnicos, mas predominantemente a
populac¸ãobranca.4,5 Arelac¸ão entremulheresehomensé
de0,7a2,9:16–13eoiníciodadoenc¸anormalmenteocorrena
quartaequintadécadasdevida.14
Ospoucosestudosepidemiológicosfeitosatéopresente
momentomostraram queossintomasclínicosmais
preva-lentessãoacondriteauricular(65a98%doscasos),seguida
pelaartriteperiférica(36a81%)epelacondritenasal (29a
54%).6–13AmortalidadenaPRémaisdoqueodobrodoque
napopulac¸ãogeraleascausasdemortemaisfrequentessão
adoenc¸arespiratória,asdoenc¸ascardíacaseocâncer.11
Noentanto,ascomorbidadesnaPRtêmsidoescassamente
descritas na literatura. Notavelmente, atualmente há
ape-nasumestudodecoorteprospectivaquerelataaincidência
dedoenc¸ascardiovasculareseseusfatoresderisco(doenc¸a
cardíacacoronariana,acidentevascularencefálicoediabetes
mellitus)emumasériede117pacientescomPR.11Noentanto,
os autores nãodescreveram especificamente a prevalência
dessascomorbidades.
Alémdisso,nãoexistemestudosqueabordem
especifica-menteadistribuic¸ãodaPRdeacordocomogênero,oqueé
esperadoemdecorrênciadapequenaquantidadedeestudos
epidemiológicos queenvolvamaPR.6–13 Portanto,os
objeti-vosdopresenteestudoforam:(a)analisaraprevalênciade
doenc¸ascardiovasculareseseusfatoresderiscoemumasérie
depacientescom PR;(B)determinarainfluênciadogênero
naPR.
Material
e
métodos
Opresenteestudoéumacoorteretrospectivaunicêntricaque
incluiu 30pacientes consecutivoscom PR.Paramelhorar a
homogeneidade da amostra estudada, incluíram-se apenas
pacientesacompanhadosemnossoservic¸oterciáriodeabril
de1990aabrilde2016.
Todosospacientesreunirampelomenostrêsdosseis
crité-riosestabelecidosporMcAdametal.6Excluíram-sepacientes
com idade<18 anos, síndrome de sobreposic¸ão, câncer ou
infecc¸ões.
OestudofoiaprovadopeloComitêdeÉticalocal.
A partir de uma revisão sistemática dos prontuários,
coletaram-se dados demográficos(idade no início dos
sin-tomasediagnósticode PR,gênero),manifestac¸õesclínicas,
inclusive febre, fadiga, envolvimentonasal (narizem sela),
condriteauricular,perdaauditiva,problemasoculares(uveíte,
episclerite, esclerite, queratite ou conjuntivite),
envolvi-mentovestibular,envolvimentoarticular(artralgiaouartrite),
envolvimentoneurológico(principalmenteneuropatiaóptica,
cefaleia,convulsões,hemiplegia,síndromeorgânicacerebral,
meningiteasséptica,meningoencefaliteouaneurismas
cere-brais), costocondrite, estenose subglótica, laringotraqueíte,
envolvimentocardíaco(doenc¸adasvalvasatrioventriculares
esquerdaoudireita), envolvimentorenal(glomerulonefrite),
índicedemassacorporal,peso,durac¸ãodadoenc¸aedados
As manifestac¸ões clínicas e laboratoriais consideradas
foram aquelas quese apresentaramno inícioda doenc¸a e
duranteoseguimento(manifestac¸õescumulativas).Osdados
deíndicedemassacorporalepesoforamobtidosnaúltima
consultaambulatorial.
Os pacientes foram inicialmente tratados com
glicocor-ticoides(prednisona 0,5a 1,0mg/kg/dia), com subsequente
reduc¸ão progressivada dose deacordo com a estabilidade
clínica e laboratorial. No caso de manifestac¸ões graves
(i.e., perda auditiva aguda, uveíte, esclerite, envolvimento
vestibular, envolvimento neurológico, estenose subglótica,
laringotraqueíte), foi administrada terapia de pulso com
metilprednisolona (1g/dia durante três dias consecutivos).
Para a reduc¸ão progressiva dos glicocorticoides,
usaram--se diferentes imunossupressores, isoladamente ou em
combinac¸ão,comoazatioprina(2a3mg/kg/dia),metotrexato
(20a25mg/semana),ciclosporina(2a4mg/kg/dia),
micofeno-latodemofetila(2a3g/dia),leflunomida(20mg/dia),dapsona
(100mg/dia),talidomida(50a100mg/dia),ciclofosfamida(0,5
a1,0g/m2 desuperfície corporal),imunoglobulina humana
intravenosa (1g/kg/dia, durante dois dias consecutivos) ou
terapia biológica (tocilizumab 8mg/kg, a cada 4 semanas,
abatacept500a1000mgnassemanas0,2e4edepoisacada
4semanas)eanti-inflamatórios nãoesteroides.
Avaliaram--se osfármacos usados nocurso dadoenc¸a, bemcomoos
prescritosnaúltimaconsultaambulatorialdecadapaciente.
Determinou-seostatusdaPRdeacordocomtrêsgrupos,
combasenaúltimaconsultaambulatorial:(a)APRativafoi
definidacomoapresenc¸adequaisquersinaise/ousintomas
associadosàPR,depoisdaexclusãodecausasinfecciosase/ou
neoplásicasedepacientesemusodeimunossupressorese
glicocorticoides;(b) APR emremissão foi definidacomo a
ausênciadesintomasousinaisassociadosàPReanãousode
glicocorticoides/imunossupressoresnos últimos seis meses
consecutivos;(c)APRcontroladafoidefinidanaausênciade
sintomasousinaisassociadosàPR,mascomopacienteem
usodeimunossupressores eglicocorticoides (esses últimos
progressivamentereduzidos).
Analisaram-setambémasintervenc¸õescirúrgicas
(traque-otomia,implantecoclear)paraaPReamortalidade.
Avaliaram-se as seguintes condic¸ões: a) doenc¸as
cardi-ovasculares(infartoagudo domiocárdio, acidente vascular
encefálicoeinsuficiênciacardíacacongestiva)eb)fatoresde
riscocardiovasculares(hipertensãoarterial,diabetes mellitus
tipo2,dislipidemia,tabagismo).
A dislipidemia foi definida como um nível
plasmá-ticodecolesteroltotal>200mg/dL,colesterolHDL<40mg/dL
(homem)ou<50mg/dL(feminino),colesterolLDL>130mg/dL,
triglicerídeos>150mg/dL ou uso de tratamento
farmacoló-gicoparacolesterolLDLoutriglicerídeos.14Determinou-sea
presenc¸adehipertensãoarterialcasoospacientesrecebessem
medicac¸ãoanti-hipertensivaouquandoapressãosistólicaera
≥140mmHge/ouapressãodiastólica≥90mmHg.O
diabe-tesmellitusfoibaseadonosresultadosdamedic¸ãodaglicose
plasmática.15
Paraavaliaraprevalênciadecomorbidadesnospacientes
comPR,foramincluídos60indivíduossaudáveis
consecuti-vos(grupocontrole).Oscontrolesforamrecrutadosdeabril
de2013aabrilde2016epareadosporidade,gêneroeíndice
demassacorporal(IMC)(kg/m2)noiníciodaPR.
Análiseestatística
Usou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov para avaliar a
distribuic¸ão de cada parâmetro. Os dados foram
expres-sos como a média±desvio padrão ou mediana (intervalo
interquartil25-75)paravariáveiscontínuasoucomo
frequên-cias (%) para variáveis categóricas. Calculou-se a mediana
(intervalo interquartil 25-75) para variáveis contínuas sem
distribuic¸ãonormal.Ascomparac¸õesentrepacientese
con-troles eintrapacientes (dosexofemininoversusmasculino)
foramfeitascomotestetdeStudentouotesteUde
Mann-Whitneyparavariáveiscontínuas.Otestedequi-quadradode
PearsonouotesteexatodeFisherforamusadosparaavaliar
asvariáveiscategóricas.Asmedidasforamexpressascomo
oddsratio(OR)comintervalodeconfianc¸a(IC)de95%.Valores
dep<0,05foramconsideradossignificativos.Todasasanálises
foramfeitascomosoftwareestatísticoSPSS15.0(Chicago,EUA).
Resultados
Inicialmente,30pacientesconsecutivoscomPRforam
compa-radoscom60indivíduossaudáveis(tabela1).Comoesperado,
idadeatual,gênero,etniaeIMCforamsemelhantesentreos
doisgrupos(p>0,05).Noentanto,oIMCmédionospacientes
comPRfoide28,0kg/m2e,portanto,estavamacimadopeso.
Adurac¸ãomédiadaPRfoide6,0(2,8a15,0)anos.
Tabela1–Característicasgeraisecomorbidadesde pacientescompolicondriterecidivanteeindivíduos saudáveiscontrole
Parâmetros PR
(n=30)
Controles (n=60)
p
Idadeatual(anos) 49,0±12,4 48,1±11,3 0,753 Idadeaoinícioda
doenc¸a(anos)
40,9±12,4 – –
Durac¸ãodadoenc¸a (anos)
6,0(2,8-15,0) – –
Sexofeminino 21(70,0) 42(70,0) 1,000 Etniabranca 29(96,7) 58(96,7) 1,000 Índicedemassa
corporal(kg/m2)
28,0±4,9 27,4±5,2 0,623
Peso(kg) 72,4±15,3 72,9±16,2 0,893
Comorbidades Hipertensão arterial
16(53,3) 14(23,3) 0,008
Diabetes mellitus
5(16,7) 2(3,3) 0,039
Dislipidemia 16(53,3) 26(43,3) 0,382 Insuficiência
cardíaca
1(3,2) 0 –
Infartoagudo domiocárdio
0 0 1,000
Acidente vascular encefálico
0 0 1,000
PR,policondriterecidivante.
Houve maior prevalência de hipertensão arterial
(53,3% vs. 23,3%, p=0,008, respectivamente) e diabetes
mellitus(16,7%vs. 3,3%;p=0,039)empacientescom PRem
comparac¸ãocomoscontroles.Adislipidemiaeadistribuic¸ão
detabagismoforamsemelhantesnosdoisgrupos,enquanto
ainsuficiênciacardíacafoiencontradaapenasempacientes
comPR.Nãohouvecasosdeinfartoagudodomiocárdioou
acidentevascularencefálico.
Naanálisemultivariada,apósajusteporgênero,idadee
IMC,tantoahipertensãoarterial(OR5,45;IC95%1,72a17,28)
quantoodiabetesmellitus(OR6,67;IC95%1,12a39,89)
estive-ramassociadosàPR.
Comoumaanáliseadicional,ospacientescomPRforam
comparadosde acordocom a distribuic¸ãode gênero(nove
homensvs.21mulheres)comomostradonatabela2.
Idadeatualdopaciente,idadenoiníciodadoenc¸a,tempo
entre o diagnóstico e o início dos sintomas e a durac¸ão
da doenc¸a foram comparáveis entre os grupos separados
porgênero.Todasasmanifestac¸õesclínicasiniciaistambém
foram semelhantes nos grupos PR e controle. No entanto,
quanto às manifestac¸ões clínicas durante o seguimento,
houve maior prevalência de perda auditiva, envolvimento
vestibular e uveíte nos homens em comparac¸ão com as
mulheres.
Naanáliseunivariada,apósajusteporgênero,idadeeIMC,
aperdaauditiva(OR11,76;IC95%1,84a76,12),auveíte(OR
15,16;IC95%2,20a104,83)eoenvolvimentovestibular(14,70;
IC95%1,59a136.14)estiverammaisfrequentemente
associa-dosàPRempacientesdosexomasculinodoqueempacientes
dosexofeminino.
Tabela2–Característicasgeraisemanifestac¸õesclínicasdepacientescompolicondriterecidivante,deacordocomo gênero
Parâmetros PR
Total (n=30)
PR Masculino (n=9)
PR Feminino (n=21)
p
Idadeatual(anos) 49,0±12,4 46,9±16,6 49,9±10,4 0,629 Idadeaoiníciodadoenc¸a(anos) 40,9±12,4 38,1±13,0 42,1±12,3 0,283 Diagnóstico–sintomas(meses) 6(4-21) 4(2-16) 7(5-24) 0,085 Durac¸ãodadoenc¸a(anos) 6,0(2,8-15,0) 5,0(3,0-9,0) 8,0(2,0-17,0) 0,563
Manifestac¸õesclínicasnoiníciodadoenc¸a
Febre 10(33,3) 5(55,6) 5(23,8) 0,104
Fadiga 15(50,0) 6(66,7) 9(42,9) 0,427
Condriteauricular 30(100,0) 9(100,0) 21(100,0) 1,000
Perdadeaudic¸ão 3(10,0) 1(11,1) 2(9,5) 1,000
Envolvimentovestibular 0 0 0 1,000
Condritedoseptonasal 3(10,0) 0 3(14,3) 0,534
Laringotraqueíte 1(3,3) 0 1(4,8) 1,000
Estenosesubglótica 1(3,3) 0 1(4,8) 1,000
Bronquite 1(3,3) 1(11,1) 0 0,300
Episclerite 2(6,7) 1(11,1) 1(4,8) 0,517
Uveíte 3(10,0) 1(11,1) 2(9,5) 1,000
Costocondrite 2(6,7) 0 2(9,5) 1,000
Artralgia 5(16,7) 1(11,1) 4(19,0) 1,000
Artrite 6(20,0) 2(22,2) 4(19,0) 1,000
Envolvimentocardíaco 0 0 0 1,000
Envolvimentorenal 0 0 0 1,000
Envolvimentoneurológico 1(3,3) 1(11,1) 0 0,300
Manifestac¸õesclínicasnoseguimento
Condriteauricular 28(93,3) 8(88,9) 20(95,2) 0,517
Perdadeaudic¸ão 9(30,0) 6(66,7) 3(14,3) 0,008
Envolvimentovestibular 7(23,3) 5(55,6) 2(9,5) 0,014
Pontenasal 3(10,0) 1(11,1) 2(9,5) 1,000
Traqueíte 8(26,7) 3(33,3) 5(23,8) 0,666
Estenosesubglótica 4(13,3) 1(11,1) 3(14,3) 1,000
Bronquite 5(16,7) 2(22,2) 3(14,3) 1,000
Episclerite 5(16,7) 4(44,4) 3(14,3) 1,000
Uveíte 11(36,7) 7(77,8) 4(9,0) 0,004
Costocondrite 6(20,0) 2(22,2) 4(19,0) 1,000
Artralgia 18(60,0) 6(66,7) 12(57,1) 0,704
Artrite 11(36,7) 4(44,4) 7(33,3) 0,687
Envolvimentocardíaco 1(3,3) 0 1(4,8) 1,000
Envolvimentorenal 0 0 0 1,000
Envolvimentoneurológico 4(13,3) 2(22,2) 2(9,5) 0,563
PR,policondriterecidivante.
Tabela3–Tratamentoprévio(cumulativo)eatualdepacientescompolicondriterecidivante,deacordocomogênero
Parâmetros PR
Total (n=30)
PR Masculino
(n=9)
PR Feminino
(n=21)
p
Tratamentoprévio
PulsoterapiacomMP 9(30,0) 5(55,6) 4(19,0) 0,082
Prednisona 24(80,0) 8(88,9) 16(76,2) 0,637
Ciclofosfamida 11(36,7) 6(66,7) 5(23,8) 0,042
Azatioprina 14(46,7) 6(66,7) 8(38,1) 0,236
Metotrexato 25(83,3) 7(77,8) 18(85,7) 0,622
Ciclosporina 3(10,0) 2(22,2) 1(4,8) 0,207
Micofenolatodemofetila 6(20,0) 3(33,3) 3(14,3) 0,329
Leflunomida 1(3,3) 1(11,1) 0 0,300
Dapsona 2(6,7) 0 2(9,5) 1,000
NHAI 18(60,0) 8(88,9) 10(47,6) 0,490
Talidomida 2(6,7) 1(11,1) 1(4,8) 0,517
IVIg 4(13,3) 2(22,2) 2(9,5) 0,563
Biológico 5(16,7) 2(22,2) 3(14,3) 0,622
Tratamentoatualprednisona
Usoatual 8(26,7) 3(33,3) 5(23,8) 0,666
Dose(mg/dia) 15,0(8,2-20,0) 15(15-20) 10(6-30) 0,571
Imunossupressores
Nenhum 14(46,7) 3(33,3) 11(52,4) 0,440
Um 15(50,0) 6(66,7) 9(42,9) 0,427
Dois 1(3,2) 0 1(3,2) –
IVIg,imunoglobulinahumanaintravenosa;MP,metilprednisolona;NHAI,non-hormonalanti-inflammatory;PR,policondriterecidivante. Resultadosexpressosemporcentagem(%),média±desviopadrão,mediana(intervalointerquartil25-75).
Quanto ao tratamento cumulativo, observou-se uma maior tendência de pulsoterapia com metilprednisolona emhomensemcomparac¸ão commulherescom PR(55,6% vs. 19,0%; p=0,082) (tabela 3). Os pacientes do sexo
mas-culino usaram significativamente mais ciclofosfamida do
que as do sexo feminino (66,7% vs. 23,8%, p=0,042).
O uso de outros imunossupressores foi comparável nos
grupos masculino e feminino (p>0,05). Além disso, não
houvediferenc¸aestatisticamentesignificativanotratamento
atual (glicocorticoides e imunossupressores) entre os dois
grupos.
Procedimentoscirúrgicos de implantecoclearforam
fei-tos emdois (22,2%) pacientes do sexo masculino com PR,
enquantoatraqueotomiafoifeitaemum(11,1%)pacientedo
sexomasculinoequatro(19,0%)dosexofemininoduranteo
seguimento(tabela4).
Ostatusdedoenc¸a,remissão,atividadeecontrole
estive-ramigualmentedistribuídosentreosgêneros.
Não houve diferenc¸a estatisticamente significativa na
presenc¸adedoenc¸acardiovascularesuadistribuic¸ãode
fato-resde risco de acordo com o gênero. Osparâmetros mais
comunsnos homens foram a hipertensão arteriale a
dis-lipidemia, seguidos pelo diabetes mellitus, infarto agudo do
miocárdio,insuficiênciacardíacaetabagismo.Entreas
mulhe-res,osparâmetrosmaiscomunsforamahipertensãoarterial
eadislipidemia,seguidosdodiabetesmellitus,infartoagudodo
miocárdioetabagismo.
Nãohouvecasosdeacidentevascularencefálicoou
mor-talidade.
Discussão
No presente estudo, observou-se uma alta prevalência de
hipertensãoarterialediabetesmellitusnospacientescomPR.
Alémdisso,ospacientesdosexomasculinoapresentarampior
prognósticodoqueaspacientesdosexofemininono
segui-mento.
EmboraaPRsejaumadoenc¸arara,fez-seumaanáliseem
umaamostrade30pacientesconsecutivoscomPRdefinida.Os
pacientesforamrecrutadosdeumúnicocentro,oquereduziu
avariabilidadeinteravaliadoresdoseguimento.Além disso,
para avaliaraprevalênciade doenc¸a cardiovascular eseus
fatoresderisco,ospacientesforampareadoscom60
indiví-duossaudáveisemrelac¸ãoaidade,gêneroeíndicedemassa
corporal.
Aidade médiadospacientesnoinícioda doenc¸afoi de
49anos,comparávelàidadedospacientesnamaiorpartedos
outrosestudos,7–13mascontrastacomosestudosdeMcAdam
etal. 6 eHazra etal.11 Esses estudosrelataram umaidade
médiade44e55anos,respectivamente(tabela5).
EmboraamaiorpartedosestudosmostrequeaPRafeta
ambosos gênerosdemaneirasemelhante,6–9 osresultados
dopresenteestudoencontraramqueaPRafeta
predominan-temente asmulheres.Adistribuic¸ãoétnicanaPRcontinua
controversa.EmboraaPRafetetodososgruposétnicos
igual-mente,algumassériesdecasoencontrarampredominância
napopulac¸ãobranca.1Osresultadosdopresenteestudo
Tabela4–Cirurgia,statusdedoenc¸aecomorbidadesempacientescompolicondriterecidivante,deacordocomogênero
Parâmetros PR
Total (n=30)
PR Masculino
(n=9)
PR Feminino
(n=21)
p
Cirurgia
Implantecoclear 2(6,6) 2(22,2) 0 –
Traqueostomia 5(16,7) 1(11,1) 4(19,0) 1,000
Situac¸ãodadoenc¸a
Remissão 14(46,7) 3(33,3) 11(52,4) 0,440
Ativa 8(26,7) 3(33,3) 5(23,8) 0,666
Controlada 8(26,7) 3(33,3) 5(23,8) 0,666
Comorbidades
Hipertensãoarterial 16(53,3) 5(55,6) 11(52,4) 1,000
Dislipidemia 16(53,3) 5(55,6) 11(52,4) 1,000
Diabetesmellitus 5(16,7) 2(22,2) 3(14,3) 0,622
Insuficiênciacardíaca 1(3,2) 1(11,1) 0 1,000
Infartoagudodomiocárdio 0 2(22,2) 3(14,3) 0,622
Acidentevascularencefálico 0 0 0 1,000
Mortalidade 0 0 0 1,000
PR,policondriterecidivante.
Resultadosexpressosempercentagem(%).
Tabela5–Estudosepidemiológicosqueanalisamapolicondriterecidivante
Autores [referências]
Estudo atual
McAdam etal.6
Michet etal.7
Chang--Miller etal.8
Zeuner etal.9
Trentham etal.10
Hazra etal.11
Linetal.12 Shimizu
etal.13
Ano 2016 1976 1986 1987 1997 1998 2015 2015 2016
Estudo Brasil EUA EUA EUA Alemanha EUA ReinoUnido China Japão
Casos 30 159 112 129 62 66 106 158 239
Proporc¸ão(mulher: homem)
2,3:1 0,9:1 1,0:1 1,0:1 0,7:1 2,9:1 D 0,7:1 1,1:1
Idadeaodiagnósticoda doenc¸a(anos)
41 44 51 50 46,6 46 55 45,3 52,7
Condriteauricular(%) 89 85 84 94 95 70 68 78
Deficiênciaauditiva(%) 46 30 ND 19 42 ND 25 ND
Artrite(%) 81 52 53 53 85 36 56 ND
Envolvimento laringotraqueal(%)
56 48 44 31 67 12 69 50
Inflamac¸ãoocular(%) 65 51 51 50 57 20 44 ND
Envolvimento cardiovascular(%)
9 6 3,9 23 8 ND 10 7,1
Envolvimentorenal(%) ND 26 23 7 9 ND 3 ND
Envolvimentonervoso(%) ND ND ND 8 8 ND 12 12
Envolvimentocutâneo(%) 17 28 ND 25 38 12 46 14
ND,nãodescrito.
No presente trabalho, não foram encontrados casos de
infartoagudo domiocárdio nemacidente vascular
encefá-lico.Noentanto,houveumaaltaprevalênciadehipertensão
arterial e diabetes mellitus. Nessas condic¸ões, as causas
podemsermultifatoriais(istoé:associadasàPR,tabagismo
e/ou uso crônico de fármacos, particularmente
glicocorti-coides). Aliás,estudosanterioresmostraram quepacientes
com condic¸ões reumáticas inflamatórias crônicas – como
lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide,
espon-diloartrite (artrite psoriática e espondilite anquilosante),
miopatias inflamatórias e artrite idiopática juvenil – estão
emmaiorrisco dedesenvolver umadoenc¸a cardiovascular
prematura.16–25
A manifestac¸ãoclínicamaiscomum daPR éacondrite
auricular,6–13oquecoincidecomopresenteestudo.Acondrite
auricularéencontradaemtodosospacientes,semdiferenc¸a
entreosgêneros.Deve-senotarqueacondriteauricular
pode-riaserconfundidacomumacondic¸ãodeetiologiainfecciosa
outraumática.Asoutrasmanifestac¸õesclínicasencontradas
são altamentevariáveis,emoutras sériesde casoseneste
estudo:condritenasal,artralgiacom/semsinovite,
laringotra-queíte,inflamac¸ãoocular.Osachadosmenoscomunsforam
envolvimentocardíaco,renaleneurológico.6–13
Emanáliseadicional,foramavaliadoso cursoclínicoda
PR e suascomorbidades, de acordo com a distribuic¸ão de
prognósticoquandocomparado como sexofeminino,com
altaprevalênciadeuveíte,perdaauditivaeenvolvimento
ves-tibular(55,6%).Paracorroboraressesdados,ogrupomasculino
tevetendênciaarecebermaisterapiaempulsosde
metilpred-nisolonaetambémrecebeumaispulsosdeciclofosfamida.
Aperdaauditivacondutivasedesenvolveematé46%dos
pacientes e pode ocorrer perda auditiva neurossensorial e
disfunc¸ãovestibular.Poderiasersecundáriaàdestruic¸ãoda
cartilagemcomfechamentodomeatoacústicoexterno,otite
médiaserosaouobstruc¸ãodatubaauditiva,ouotitemédia
serosa.4,26,27
A etiologia da perda auditiva neurossensorial e da
disfunc¸ão vestibular pode ser a perda auditiva condutiva,
a vasculite dos ramos da artéria auditiva interna28 ou
autoanticorposcontralocaisdeligac¸ão labirínticacom
res-posta inflamatória local e posterior apoptose de células
labirínticas.29 Aperda auditivaneurossensorialrelacionada
com o mecanismo vascular geralmente é permanente,
enquanto a disfunc¸ão vestibular periférica geralmente é
reversível.26
Ainflamac¸ãoocularnaPRpodeafetarqualquerpartedo
olhoeocorreentre20e60%doscasos.27–30Nopresenteestudo,
auveíteocorreuemaproximadamente36,7%dospacientes
comPR.
Nopresentetrabalho,16,7%dospacientesforam
submeti-dosàtraqueostomia(11,1%dosexomasculinoe19,0%dosexo
feminino).Ocomprometimentodotratorespiratórioé
obser-vadoematé38%dospacientescomPRnaapresentac¸ãoeem
cercademetadeadoisterc¸osdospacientesaolongodocurso
dadoenc¸a.6,7,10Oenvolvimentodasviasrespiratórias
geral-menteé consideradoameac¸ador erelata-se queapresenta
ummauprognóstico.7Atraqueobroncomalácia,decorrenteda
perdadosuportedosandaimescartilaginososdasvias
respi-ratóriassuperiores,podeservistacomoumasequelacrônica
da PRdecorrente da inflamac¸ão recorrente.31,32 O
compro-metimentorespiratóriodecorrentedaobstruc¸ãofixadasvias
respiratóriasoudocolapsohiperdinâmicopodecausar
mor-bidadeemortalidadesignificativas.33
Nopresenteestudo,adistribuic¸ãodascomorbidadeseo
statusdadoenc¸aforam comparáveisentreosgrupos
distri-buídos por gênero. Não há dados sobre adistribuic¸ão das
comorbidadesentreosgêneros,masopresenteestudonão
encontrou diferenc¸as entre homense mulheres. Os dados
sobreostatusdedoenc¸atambémsãolimitados.Naamostra
estudada,46,7%doscasosestavamemremissão, 26,7%em
atividadee26,7%controlados.Tambémédifícildeterminaros
fatoresassociadosaessestatus,quepodemseratribuíveisà
gravidadedadoenc¸a,àheterogeneidadedossintomas
clíni-cos,àausênciadeprotocolosdetratamentoemrazãodafalta
deensaiosclínicoscontrolados,àadesãoaotratamentooua
componentesgenéticos.
AprincipalcausademortalidadenaPRéaobstruc¸ãodas
viasrespiratóriassecundáriaàpneumonia,insuficiência
res-piratória ou envolvimento cardiovascular progressivo.34 No
presenteestudo,nãoocorreramóbitosduranteoseguimento
dospacientes.
Esteestudotemalgumaslimitac¸ões.Asprincipaissãoque
setratadeumestudodecoorteretrospectivo.Alémdisso,a
inclusãodepacientesdeapenasumcentrodeatenc¸ão
terciá-riapodenãorepresentaroespectrocompletodaPRepodeter
resultadoemsuperestimac¸ãodascomplicac¸õesdadoenc¸aou
defármacosnessescasosmaisgraves.Porfim,outrosfatores
deriscocardiovascularnãoforamanalisados,comoo
taba-gismo,adieta insalubre,ainatividadefísicaeobaixonível
socioeconômico.
Em conclusão, foi encontrada uma alta prevalência de
hipertensão arterialediabetesmellitusnaPReos pacientes
dosexomasculinoapresentarampiorprognósticoduranteo
seguimentodoqueasdosexofeminino.Sãonecessários
estu-dosepidemiológicosadicionaisparaconfirmarosresultados
dopresenteestudo.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
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