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Rev. Bras. Reumatol. vol.57 número3

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w w w . r e u m a t o l o g i a . c o m . b r

REVISTA

BRASILEIRA

DE

REUMATOLOGIA

Artigo

original

Alívio

inadequado

da

dor

em

pacientes

com

osteoartrite

de

joelho

primária

Pedro

A.

Laires

a,∗

,

Jorge

Laíns

b

,

Luís

C.

Miranda

c

,

Rui

Cernadas

d,e

,

Srini

Rajagopalan

f

,

Stephanie

D.

Taylor

g

e

José

C.

Silva

h

aMerck,Sharp&Dohme,Oeiras,Portugal

bCentrodeMedicinadeReabilitac¸ãodaRegiãoCentro,Tocha,Portugal cInstitutoPortuguêsdeReumatologia,Lisboa,Portugal

dAdministrac¸ãodeSaúdedaRegiãoNorte(ARSNorte),Porto,Portugal eCentrodeSaúdedaAguda,Arcozelo,Portugal

fMedDataAnalytics,Inc.,EastBrunswick,EstadosUnidos gMerck&Co.Inc.,Kenilworth,EstadosUnidos

hHospitalGarciadeOrta,Almada,Portugal

informações

sobre

o

artigo

Históricodoartigo:

Recebidoem29desetembrode2015

Aceitoem8desetembrode2016

On-lineem28deoutubrode2016

Palavras-chave:

Osteoartritedejoelho Alívioinadequadodador Qualidadedevida Incapacidade

Desfechosrelatadospelopaciente

r

e

s

u

m

o

Antecedentes:Apesardostratamentosmuitodifundidosparaaosteoartrite(OA),dadossobre ospadrõesdetratamento,aadequac¸ãodoalíviodadoreaqualidadedevidasãolimitados. OestudomultinacionalprospectivoSurveyofOsteoarthritisRealWorldTherapies(SORT)foi projetadoparainvestigaressesaspectos.

Objetivos:Analisarascaracterísticaseosdesfechosrelatadospelopacientedoconjuntode dadosportuguêsdoSortnoiníciodaobservac¸ão.

Métodos:Consideraram-seelegíveisospacientescom50anosoumaiscomOAdejoelho primáriaquerecebiamanalgésicosoraisoutópicos.Ospacientesforamrecrutadosdesete centrosdesaúdedePortugalentrejaneiroedezembrode2011.Adoreafunc¸ãoforam avaliadaspeloBriefPainInventory(BPI)epeloWOMAC.Aqualidadedevidafoiavaliadacom o12-itemShortFormHealthSurvey(SF-12).Oalívioinadequadodador(AID)foidefinidocomo umapontuac¸ão>4/10noitem5doBPI.

Resultados: Foramanalisados197pacientes.Aidademédiafoide67anose78,2%eramdo sexofeminino.Adurac¸ãomédiadaOAdejoelhofoide6,2anos.OAIDfoirelatadopor51,3% dospacientes.Osexofeminino(oddsratioajustado-OR2,15[IC95%1,1-4,5]),odiabetes (OR=3,1[IC95%1,3-7,7])eadepressão(OR2,24[IC95%1,2-4,3])estiveramassociadosaum maiorriscodeAID.OspacientescomAIDrelatarampioresdesfechosemtodasasdimensões doWomac(p<0,001)eemtodososoitodomíniosenosdoiscomponentessumáriosdoSF-12 (p<0,001).

Autorparacorrespondência.

E-mail:pedro.laires@merck.com(P.A.Laires).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2016.09.003

(2)

Conclusões: Osresultadosdopresenteestudoindicamqueénecessáriomelhoraromanejo dadornaOAdejoelhoafimdealcanc¸armelhoresdesfechosemtermosdealíviodador, func¸ãoequalidadedevida.

©2016ElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Inadequate

pain

relief

among

patients

with

primary

knee

osteoarthritis

Keywords:

Kneeosteoarthritis Inadequatepainrelief Qualityoflife Disability

Patientreportedoutcomes

a

b

s

t

r

a

c

t

Background: Despitethewidespreadtreatmentsforosteoarthritis(OA),dataontreatment patterns,adequacyofpainrelief,andqualityoflifearelimited.Theprospective multinatio-nalSurveyofOsteoarthritisRealWorldTherapies(SORT)wasdesignedtoinvestigatethese aspects.

Objectives: Toanalyzethecharacteristicsandthepatientreportedoutcomesofthe Portu-guesedatasetofSORTatthestartofobservation.

Methods:Patients≥50yearswithprimarykneeOAwhowerereceivingoralortopical

analge-sicswereeligible.PatientswereenrolledfromsevenhealthcarecentersinPortugalbetween JanuaryandDecember2011.PainandfunctionwereevaluatedusingtheBriefPainInventory (BPI)andWOMAC.Qualityoflifewasassessedusingthe12-ItemShortFormHealthSurvey (SF-12).Inadequatepainrelief(IPR)wasdefinedasascore>4/10onitem5oftheBPI.

Results: Overall,197patientswereanalyzed.Themedianagewas67.0yearsand78.2%were female.MeandurationofkneeOAwas6.2years.IPRwasreportedby51.3%ofpatients. Femalegender(adjustedoddsratio–OR2.15[95%CI1.1,4.5]),diabetes(OR3.1[95%CI1.3, 7.7])anddepression(OR2.24[95%CI1.2,4.3])wereassociatedwithhigherriskofIPR.Patients withIPRreportedworstoutcomesinalldimensionsofWOMAC(p<0.001)andinalleight domainsandsummarycomponentsofSF-12(p<0.001).

Conclusions: Ourfindingsindicatethatimprovementsareneededinthemanagementof paininkneeOAinordertoachievebetteroutcomesintermsofpainrelief,functionand qualityoflife.

©2016ElsevierEditoraLtda.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-ND license(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc¸ão

A osteoartrite (OA) é uma doenc¸a altamente prevalente e

debilitantequelimitagravementeasaúdeeobem-estar,

espe-cialmentenapopulac¸ãoidosa.1,2Asobrecargaeconômicada

OAsobreosindivíduos,seuscuidadoreseasociedadeé

con-siderada bastanteelevada. Nos paísesdesenvolvidos, pode

custarentre1%e2,5%doProdutoInternoBruto.3

Aproximadamente13%dasmulherese10%doshomens

com60 anosoumaistêm OAde joelhosintomática. Essas

proporc¸õessãosusceptíveisdeaumentaremdecorrênciado

envelhecimentodapopulac¸ãoeda crescentetaxade

obesi-dadenapopulac¸ãoemgeral.4Outrosfatoresestãoassociados

aummaiorriscodedesenvolvimentoeprogressãodaOAde

joelho,comoosexofeminino,otraumaprévioaojoelho,a

den-sidadeóssea,afraquezamuscular,afrouxidãoligamentare

asocupac¸õesouatividadesfisicamenteexigentes.2,5

AEuropeanLeagueAgainstRheumatism(EULAR)recomenda

queodiagnósticoclínicodeOA dejoelhodeveserbaseado

emtrêssintomas(dornojoelhopersistente,rigidezmatinal

limitadaefunc¸ão reduzida)etrês sinais(crepitac¸ão, movi-mentorestritoeampliac¸ãoóssea).Apresenc¸adetodosesses

sinaisesintomasaumentaaprobabilidadedeOAdejoelho

radiográficapara99%.6

AdoréosintomamaiscomumnaOAdejoelhoeéa

prin-cipalcausadeincapacidadedecorrentedessacondic¸ão.2Esse

sintomatambémtemumadiversidadedeimplicac¸ões

psico-lógicasesociais.

OtratamentoclínicodaOAtemcomoobjetivoaliviarador, manteroumelhorarafunc¸ãoarticulareprevenirouretardara

progressãodadoenc¸aesuasconsequências.7,8Omanejo

efi-cazdadordependedeumaamplagamadecombinac¸ãode

modalidadesfarmacológicasenãofarmacológicas.9As

abor-dagensemodalidadesdetratamentofarmacológicasincluem

oparacetamol,osanti-inflamatórios,osopioides,os analgési-costópicoseainjec¸ãointra-articulardecorticosteroides.10,11

Noentanto,avariabilidade naeficáciadotratamento,bem

comoasuatolerabilidade,muitasvezesrequertentativascom

diferentesmodalidadesdetratamentoparaconseguiro

con-troleadequadodador.Otratamentodeveserindividualizado

de acordo com os sintomas dopaciente, as preferênciase

o perfil de seguranc¸a do agente terapêutico.12 Apesar das

suasgravesconsequências,amaiorpartedospacientescom

OAdejoelhopodesertratadanacomunidadeenaatenc¸ão

primária.7,13

OStudyofOsteoarthritisRealWorldTherapies(SORT)éum

estudo prospectivo clínico de 12 meses feito em seis

paí-ses europeus (Inglaterra, Franc¸a, Alemanha, Itália, Países

(3)

oimpactodoalívioinadequadodador(AID)nosdesfechos

relatadospelopaciente(DRP)entreindivíduoscom

osteoar-tritedejoelho(s)sintomáticatratadoscomanalgésicosorais

outópicos.

Opresente trabalho relataas característicasclínicas,os

padrõesdetratamentoeoDRPdoconjuntodedados

portu-guêsdoestudoSortnoiníciodaobservac¸ão.Oalívioadequado

dador como usodeanalgésicosécomparado como

sub-grupodepacientescomalívioinadequadodadorcomrelac¸ão

avariáveisdemográficas eclínicasde interesse,bemcomo

váriasdimensõesdeoutrosDRP,comoarigidezarticular,a

saúdegeraleaqualidadedevida.

Métodos

Participantesevariáveisdeinteresse

EmPortugal,oestudofoifeitoemsetecentrosdesaúdede

referência,oquerefleteumaampladistribuic¸ãogeográfica.

O conjuntode dadosincluiu pacientes de ambos os sexos

recrutadosentrejaneiro edezembro de2011. Ospacientes

eramelegíveissetivessem50anosoumaiseumdiagnóstico

clínicodeOA primáriadejoelho (s)deacordocomo

julga-mentoclínicodomédico.Ospacientestinham deestarem

usodeanalgésicosoraisoutópicosporumperíodonão

infe-rioraduassemanas.Ospacientesforamexcluídossetivessem

outrasformasdeartrite,setivessemsidosubmetidosà

artro-plastiasubtotaloutotal dojoelhoafetado,setivessem dor

crônicadecorrentedeoutrascausamquenãoaartriteou qual-queroutracondic¸ãoqueexigisseanalgesiadelongoprazo.Os

pacientestambémeraminelegíveissetivessemrecebido

ante-riormentefármacosantirreumáticosmodificadoresdadoenc¸a

outerapiabiológicaouseparticipassemdeumensaioclínico.

Comessescritérios,incluíram-se197pacientesnestaanálise

transversal.

Ospacientes foram incluídosno estudoconforme

com-pareciamàsconsultasagendadas.Duranteaconsulta,foram

obtidasinformac¸õesdaanamnesedopaciente,questionários

autoadministradoserevisãodeprontuários.

Consideraram--seasvariáveisaseguirparaessaanálise:sexo,idade,status

profissional,alturaepesoautorrelatados(oquepossibilitou

ocálculodoíndicedemassacorporal[IMC]),statusde

taba-gismoeinformac¸õesrelacionadascomodiagnóstico(durac¸ão, númerodejoelhosafetadoseoutrasarticulac¸õesafetadas).As

comorbidadesdeinteresseincluíram:incapacidade(totalou

parcial),artroplastiadequadrilprévia,condic¸ões gastrointes-tinais,diabetes,hipertensãoarterial,hiperlipidemia,doenc¸as

cardiovasculares,insuficiênciarenaledepressão.Tambémfoi

determinadoo uso de analgésicos (por classe) para OA de

joelho.

Desfechosrelatadospelopaciente

Usaram-seosinstrumentosaseguirparacoletarosDRP:

• OBriefPainInventory(BPI)éuminstrumentovalidadoque

mede a intensidade da dor (quatro itens), com escores

quevãode0(nenhumador)a10(piordorquevocêpossa

imaginar),eainterferênciadadoremdiferentesaspectos

da vida do paciente (sete itens), que variam de 0 (não

interfere)a 10 (interferetotalmente).15 Esse instrumento

tambémquestionaopacienteemrelac¸ãoàquantidadede

alívioobtidocomtratamentosoumedicamentos,a

quali-dadedasuadorcomaescolhadepalavrasdeumalistade

descritoresverbaisderivadosdoMcGillPainQuestionnairee

apercepc¸ãodacausadadordopaciente.16Opacientecom

AIDfoidefinidocomotendoumapontuac¸ão>4noitem5

doBPI-“Classifiqueasuadorassinalandocomumcírculoo

númeroquemelhordescreveasuadoremmédia?”(0=sem

dore10=apiordorquesepodeimaginar),oqueindicauma

dormoderadaagrave.Arobustezdonúmerodecorte4no

BPIjáfoiexaminadaemoutrosestudos.14

• OWesternOntarioandMcMasterUniversities(Womac)

Osteo-arthritisIndexéuminstrumentoquemedeador(doisitens),

arigidez(doisitens)eodesempenhonasatividades

diá-rias (17 itens) empacientes com osteoartrite de quadril

e/oujoelho. Aversão usadanesteestudo(Womac,VA3.0)

consistiuem24escalasvisuaisanalógicasde100mm.As

respostasvariaramdenenhumador/rigidez/dificuldade(0)

ador/rigidez/dificuldadeextrema(100).16–18

• Oinstrumentodestatusdesaúde12-itemShortFormHealth

Survey(SF-12)(v.2.0)medeaqualidadedevidaemrelac¸ão

aoitodomíniosdasaúdefuncionalebem-estar,bemcomo

oscomponentessumáriofísico(PCS)emental(MCS).19As

questõessãoreferentesàsemanaanterioreosescoresvão

de0a100.Valoresmaisaltosindicammelhorqualidadede

vida/saúdegeral.18

Alémdisso,cadapacienteavaliouoseuníveldesatisfac¸ão

comosanalgésicosprescritoseselevaramemconsiderac¸ão

duasperspectivas:1)alíviodadoredossintomascausados

pelaartritedojoelho;2)efeitoscolaterais(ouseja,dorde

estô-mago).Usou-seumaescaladeLikertdecincopontosnasduas

avaliac¸ões,comcincorespostaspossíveis:muitoinsatisfeito, insatisfeito,pouco insatisfeito,satisfeitoemuito satisfeito.

Cadapacientetambémclassificouasuarespostaglobalaos

analgésicoscomumaescaladeLikertdecincopontos(sem

resposta,respostaruim,respostaregular,respostaboa,

res-postaexcelente).Essasavaliac¸õessereferemaosúltimossete dias.

Porfim,avaliou-seaimpressãodomédicodaresposta

glo-baldopacienteaosanalgésicosprescritoscomumaescalade

Likertdecincopontoscomosmesmosdescritoresdaescala

administradaaopaciente.

OestudofoiaprovadopeloComitêdeÉticadecadalocale

osparticipantesforaminformadossobreanaturezadoestudo

antesdeassinarumtermodeconsentimentoinformado.

Análiseestatística

Esta análise incluiutodos ospacientes recrutados em

Por-tugaldeacordocomos critériosdeelegibilidade doestudo

Sort.Calcularam-seestatísticassumáriasparavariáveis

con-tínuas e categóricas. Usaram-se ostestes de qui-quadrado

e exato de Fisher para comparar os subgrupos AID versus

nãoAIDemrelac¸ãoàsvariáveiscategóricas.Usou-seoteste

de Mann-Whitney-Wilcoxon para comparar os dois grupos

emrelac¸ãoàsvariáveisnuméricas,incluindoaspontuac¸ões

(4)

logística multivariada para identificar quais características

dospacientesestiverammaisassociadasaoAID.Asvariáveis

foramselecionadasdeacordocomsuasignificância

estatís-tica na análise bivariada e de acordo com o seu interesse

paraapesquisa(incluindoaquelasteoricamenteassociadas

aoAID).Asvariáveisestudadasforam:idade,sexofeminino,

IMC,durac¸ãodaOAdejoelho,diagnósticoclínicoemambos

osjoelhos,comorbidadesdeinteresse(doenc¸a

cardiovascu-lar,diabetes,depressão,hiperlipidemia,hipertensãoarterial)

enúmerodediferentesclassesdemedicac¸ão.

Ostestesestatísticos forambicaudais, usaram umnível

designificânciade5%.Todasasanálisesforamfeitascomo

programaSAS®9.3(SASInstitute,Cary,NC,EUA).

Resultados

Característicasgeraisdaamostra

Nogeral,aidademédiafoide67(DP8,6)anoseamaiorparte

dospacienteseradosexofeminino(78,2%).Apenas17,8%dos

pacientestinhamumtrabalhoremuneradonomomentoda

avaliac¸ão–tabela1.Adurac¸ãomédiadaOAdejoelhofoide

cercadeseisanos.Ambososjoelhosforamafetadosem72,1%

dospacientese50,3%tambémtinhamsuacolunavertebral

afetada.Ahipertensãoarterial(64%)eahiperlipidemia(58,4%)

foramascomorbidadesmaiscomuns.

Adequac¸ãodoalíviodador

Nogeral,101/197(51,3%[IC95%44,1%,58,4%])dospacientes

relataramAID–tabela1.Asmulhereserammaispropensasa

relatarAIDdoquenãoAID(p<0,05).Aincapacidade,a

depres-são eodiabetes forammaisfrequentes entreos pacientes

comAIDdoqueentreosnãoAID(p<0,05).Nãofoiencontrada diferenc¸aestatisticamentesignificativaentreosdois

subgru-posemrelac¸ãoàmédiadeidade(67anos),médiadedurac¸ão

daOAdejoelhoeoutrascaracterísticassociodemográficase

clínicas.

Usodeanalgésicos

Onúmeromédiodediferentesclassesdemedicamentos

usa-dospelospacientesAIDenãoAIDfoisimilar(1,76[DP0,78]

versus 1,70[DP0,63]; p=0,866). Osanalgésicosmaisusados

foram osanti-inflamatórios nãoesteroides(Aine), seguidos

por terapias alternativas (incluindo a glucosamina, a

con-droitina e o hialuronato) – figura 1. Não houve diferenc¸a

estatisticamente significativano usodesses medicamentos

entreosgruposAIDenãoAID.Emboranãoestatisticamente

Tabela1–Característicassociodemográficaseclínicasdaamostra,geraisediscriminadasdeacordocomostatus

dealíviodadornojoelho

Total Alívioadequado

dador(nãoAID)

Alívioinadequado dador(AID)a

pb

n=197 n=96 n=101

Idade(anos) 67,0(8,6) 66,9(8,4) 67,0(9,0) 0,848

Mulheres 154(78,2%) 69(71,9%) 85(84,2%) 0,040

IMC(kg/m2) 29,4(5,2) 29,1(5,0) 29,7(5,4) 0,502

Atualmenteemtrabalhoremunerado 35(17,8%) 19(19,8%) 16(15,8%) 0,576

Fumanteatual 6(3,1%) 3(3,1%) 3(3,0%) >0,999

Durac¸ãodaOAdejoelho(anos) 6,2(6,3) 5,9(6,2) 6,5(6,4) 0,277

DiagnósticoclínicodeOA

Ambososjoelhos 142(72,1%) 65(67,7%) 77(76,2%) 0,206

Quadril 59(30,0%) 31(32,3%) 28(27,7%) 0,535

Colunavertebral 99(50,3%) 48(50,0%) 51(50,5%) >0,999

Comorbidadesdeinteresse

Doenc¸acardiovascularc 35(17,8%) 17(17,7%) 18(17,8%) >0,999

Hipertensãoarterial 126(64,0%) 61(63,5%) 65(64,4%) >0,999

Hiperlipidemia 115(58,4%) 61(63,5%) 54(53,5%) 0,193

Incapacidade(totalouparcial) 82(41,6%) 32(33,3%) 50(49,5%) 0,030

Depressão 74(37,6%) 28(29,2%) 46(45,5%) 0,019

Diabetes 32(16,2%) 10(10,4%) 22(21,8%) 0,035

Condic¸ãogástricad 19(9,6%) 11(11,5%) 8(7,9%) 0,473

Insuficiênciarenal 8(4,1%) 2(2,1%) 6(5,9%) 0,280

Artroplastiadequadril(totalouparcial) 4(2,0%) 1(1,0%) 3(3,0%) 0,622

Osdadossãoapresentadoscomoonúmero(%)oumédia(desviopadrão). IMC,índicedemassacorporal;OA,osteoartrite.

a AIDfoidefinidocomoumescore>4(indicadormoderadaougrave)noseguinteitemdoBriefPainInventory(BPI):“Classifiqueasuador

assinalandocomumcírculoonúmeroquemelhordescreveasuadoremmédia?”(0=semdore10=apiordorquesepodeimaginar).

b OtestetdeStudentfoiusadoparaasvariáveisnuméricaseotestedequi-quadradofoiusadoparaasvariáveiscategóricas.Onegritoindica

significânciaestatística.

c Incluiainsuficiênciacardíacacongestivaoudoenc¸acardíacaisquêmicaestabelecida,adoenc¸aarterialperiféricaedoenc¸ascerebrovasculares

dIncluiuadoenc¸ainflamatóriaintestinal,aulcerac¸ãopépticaativaouhemorragiagastrointestinal,aperfurac¸ãoassociadaaousopréviode

(5)

Terapias alternativas*

AINE

Fármacos contendo opioides

Paracetamol

Outros

Porcentagem dos pacientes

Não AID (n = 96) AID (n = 101) 46,9%

47,5% (p > 0,999)

(p = 0,494)

(p = 0,110)

(p = 0,874)

(p > 0,999)

80,2% 75,3%

10,4% 18,8%

27,1% 28,7%

5,2% 5,9%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Figura1–Analgésicosprescritos,discriminadosdeacordo comostatusdealíviodadornojoelho.

*Asterapiasalternativasincluemaglucosamina, acondroitinaeohialuronato.

Aine,anti-inflamatóriosnãoesteroides;AID,alívio inadequadodador.

Usou-seotesteexatodeFisherparaascomparac¸ões.

significativa,foiobservadamaiorprescric¸ãode

medicamen-toscomopioides apacientes comAID(18,8% versus10,4%;

p=0,110).

Aanálisemultivariadamostrouqueosexofeminino(odds

ratioajustado-OR2,15[IC95%1,1-4,5]),odiabetes(OR ajus-tado3,1[IC95%1,3-7,7])eadepressão(ORajustado2,24[IC

Tabela2–Análisederegressãologísticamultivariada queavaliaoORajustadodoalívioinadequadodador (AID)

Variáveisindependentes ORajustado IC95%

Idade 1,006 0,967 1,047

Feminino 2,149 1,063 4,480

IMC 1,026 0,965 1,096

Durac¸ãodaOAdejoelho(anos) 1,007 0,959 1,058

Ambososjoelhos 1,342 0,684 2,658

DCV 0,893 0,392 2,022

Diabetes 3,092 1,328 7,655

Depressão 2,236 1,194 4,268

Hiperlipidemia 0,457 0,240 0,849

Hipertensãoarterial 0,924 0,473 1,801

Númerodediferentesclassesde medicac¸ão

1,081 0,710 1,651

AID,alívioinadequadodador;DCV,doenc¸acardiovascular;OR,odds ratio.

Valordepmodelo(p<0,001).

95%1,2-4,3])estiveramassociados aummaiorriscodeAID (tabela2).

Outrosdesfechosrelacionadoscomasaúde

A intensidadeea interferênciada dor(BPI)foram maiores

entreospacientescomAID(p<0,001)–tabela3. Damesma

maneira,ospacientescomAIDrelatarampioresdesfechosnas

Tabela3–EscoresdoBriefPainInventory,Womac,avaliac¸ãoglobaldopacienteedomédicoquantoàresposta aotratamento,discriminadodeacordocomostatusdealíviodadornojoelho

Alívioadequado dador(nãoAID)

Alívioinadequado dador(AID)

pa

n=96 n=101

BPI–intensidadedador 1,83(1,58) 5,96(1,36) <0,001

BPI–interferênciadador 2,18(2,35) 5,72(1,98) <0,001

Womac–dor 36,31(22,28) 58,03(21,29) <0,001

Womac–rigidez 39,35(28,90) 61,34(25,48) <0,001

Womac–func¸ãofísica 40,63(22,15) 61,83(18,44) <0,001

Satisfac¸ãodopacientecomosanalgésicosprescritos

Satisfeito/muitosatisfeito 61(63,5%) 38(37,6%) 0,004

Insatisfeito/muitoinsatisfeito/umpoucosatisfeito 35(36,5%) 63(63,4%)

Satisfac¸ãodopacientecomatolerânciaaosanalgésicos

Satisfeito 67(69,8%) 61(60,4%) 0,181

Insatisfeito 29(30,2%) 40(39,6%)

Avaliac¸ãodopacientedarespostaaosanalgésicos

Excelente/bom 43(44,8%) 21(20,8%) 0,004

Nenhuma/ruim/regular 53(55,2%) 80(79,2%)

Avaliac¸ãodomédicodarespostaaosanalgésicos

Excelente/boa 35(36,5%) 16(15,8%) 0,001

Nenhuma/ruim/regular 61(63,5%) 85(84,2%)

Osdadossãoapresentadoscomoonúmero(%)oumédia(desviopadrão).

BPI,BriefPainInventory–Umamaiorpontuac¸ãonoBPIindicapiordoroumaiorinterferênciadadornasatividadesdiárias;Womac,Western OntarioMcMasterUniversityOsteoarthritisIndexQuestionnaire–Umamaiorpontuac¸ãonoWomacindicapiordor,rigidezemaioreslimitac¸ões funcionais.

a Usou-seotesteexatodeFisherparavariáveiscategóricaseotestedeMann-Whitney-Wilcoxonparaasvariáveisnuméricas.Todasas

(6)

43,5 32,8

48,5 54,2

55,9 36,9 32,9

41,0 22,3 19,6

52,4 37,3

65,9 73,1

80,0 56,1

55,5 58,6 36,5

31,6

Componente sumário mental Componente sumário físico Saúde mental Aspecto emocional Aspecto social Vitalidade Bodily Dor Aspecto físico Capacidade funcional Estado geral de saúde

90,0 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0

Média dos escores Componentes do SF-12

Não AID AID

Figura2–MédiadosescoresemcadadomíniodoSF-12, discriminadadeacordocomostatusdealíviodadorno joelho.AID:alívioinadequadodador.NãoAID(n=101)e AID(n=96),salvoindicac¸ãoemcontrário.Asdiferenc¸as foramestatisticamentesignificativasemtodasas

comparac¸ões(testedeMann-Whitney-Wilcoxon;p<0,001).

trêsdimensõesdoWomac(dor,rigidezefunc¸ãofísica)doque ospacientesnãoAID(p<0,001).

Aproximadamente 64% dospacientes não AID estavam

satisfeitosoumuitosatisfeitoscomosefeitosdosanalgésicos prescritosnoalíviodadoredossintomascausadospelaOAde

joelho.Poroutrolado,63,4%dospacientescomAIDestavam

insatisfeitosoumuitoinsatisfeitoscomosefeitosdos

anal-gésicos.Umamaiorproporc¸ãodepacientescomAIDrelatou

umarespostaregularouruimaosanalgésicosprescritosem

comparac¸ãocom ospacientesnãoAID(79,2%versus55,2%,

respectivamente;p<0,05).Osmédicosrelataram quea res-postadopacienteaosanalgésicosfoiregularouruimem84,2%

dospacientescomAID,emoposic¸ãoa55,2%dospacientesdo

gruponãoAID(p<0,05).

Umamaiorproporc¸ãodepacientesdosubgrupoAID

rela-touestadogeraldesaúderegularouruimnapontuac¸ãogeral

doSF-12emcomparac¸ãocompacientesnãoAID(87,1%versus

72,9%,respectivamente,p<0,001).

Adistribuic¸ãodas respostas emcada umdosdomínios

desaúde doSF-12éapresentada nafigura2. Ospacientes

com AIDtiveram piores desfechosem todosos oito

domí-niosdesaúdeenosdoiscomponentessumáriosdoSF-12em

comparac¸ãocompacientesnãoAID(p<0,001).

Discussão

Verificou-sequemaisdemetadedospacientesportugueses

tinhadormoderadaougrave,apesardousodeanalgésicos.

Esseachadosugerequeasestratégiasadotadasnoscentrosde

saúdeparaocontroledadordaOAdejoelhosãoinsuficientes

paraamaiorpartedospacientes.

Atualmente,otratamento clínicodaOA ésintomáticoe

visaaaliviaradorearigidezeamanteroumelhorarafunc¸ão

articular. Além disso, o tratamentoda OA visa areduzir a

incapacidadefísicaemelhoraraqualidade devida

relacio-nada comasaúde.9 Paraospacientes comOAde joelho,a

importânciadoalíviodadoredamelhoriafuncionalfoi

evi-dentenosresultadosdeumexperimentodeescolhadiscreta

recentementedescritoqueavaliou aspreferênciasdo

paci-entenoquedizrespeitoaosbenefíciosrelacionadoscomos

Aine.20Contudo,otratamento daOAdejoelhosintomática

impõedesafiosimportantesaosprofissionaisdesaúde.Para

sereficaz,otratamentodaOAcontacomousoapropriadode

umasériedetratamentosnãofarmacológicos,

farmacológi-cosecirúrgicos.Emboraasintervenc¸õesfarmacológicasmais

comumenteusadasparaaOAdejoelhofornec¸ammelhoria

clinicamentesignificativadador,21aliteraturasobreaOA

evi-dencia queparaumaproporc¸ãosubstancialde pacientesa

monoterapiacomanalgésicosnãofornecealívioadequadoou

completodossintomasarticulares.MuitospacientescomOA

continuamasentirdorimportanteenquantoemusode

para-cetamolouAine(nãoespecíficoouespecíficodaCOX-2).22–24

Váriosfatoressubjacentesaosubtratamentodadortêmsido

sugeridos.Essespodemincluirafaltadeatendimentomédico

profissional,anãointroduc¸ãode terapiasnão

farmacológi-cas(comoaperdadepesoeoexercíciofísico)noplanode

tratamentoeoexcessodeconfianc¸anamonoterapia.25

Nopresenteestudo,agrandemaioriadospacientesfazia

usode Aine,independentementedostatusde alíviodador

no joelho relatado. Essaproporc¸ão concorda com oestudo

decoortemultinacionallongitudinalprospectivoSort.14Esse

achadotambémcorroboraosachadosdeoutrosestudosque

relataramaltosíndicesdeusodeAine.Umapesquisa

telefô-nicafeitaem2003com1.149pacientescomOAnoReinoUnido

mostrou que 50%estavam emusode Aine,enquanto

ape-nas15%tomavamparacetamol.26EmboraousodeAineseja

maiorentreospacientesnãoAIDdoqueempacientescom

dormoderadaagrave,asdiferenc¸asobservadasnopresente

estudonãoforamestatisticamentesignificativas.

A American Academy of Orthopedic Surgeons (AAOS)

reco-menda veementemente o uso de Aine (oral ou tópico) ou

tramadol em pacientes com OA de joelho sintomática. O

endossodosAinebaseou-seemevidênciasdealtaqualidade

resultantesdeváriosestudosquecompararamos

analgési-cosseletivos,nãoseletivosoutópicosemrelac¸ãoaoplacebo.

Alémdisso,arecomendac¸ãoquantoaoparacetamolfoi

rebai-xadade“moderada”para“inconclusiva”,nacomparac¸ãocom

adiretrizanteriorpublicadapelaAAOSem2008.27

Poroutrolado,osAineorais(tantonãoseletivosquanto

seletivos da COX-2) são condicionalmente recomendados

pelasdiretrizes daOARSIde2013paraotratamentoda OA

de joelho, particularmente em indivíduos sem

comorbida-desouindivíduoscomOAmultiarticularcomriscomoderado

decomorbidades.11 Quantoaousodeparacetamol,as

dire-trizes da OARSI diferem da AAOS, mas coincidem com as

diretrizesdoACRde2012,querecomendamoseuusopara

pacientessemcomorbidadesrelevantes.10,11

Umaproporc¸ãoconsideráveldeparticipantes(44%)estava

em uso de terapias alternativas, que incluíam a

glucosa-mina,acondroitinaeohialuronato.Asevidênciasemrelac¸ão

(7)

joelho e quadril são controversas. Embora alguns estudos

tenhammostradoefeitospositivosdessesagentes,outros

tra-balhosnãomostrarambenefícios.9,28AAAOSécontraouso

daglucosaminaedacondroitinaeoACRécontraousoda

condroitinaecondicionalmentecontraaglucosamina.10,27 A

Oarsiémaisespecíficaaoavaliaressestratamentos separada-mentequantoaoalíviosintomáticoeamodificac¸ãodadoenc¸a. Arecomendac¸ãoé“incerta”emrelac¸ãoàeficáciasintomática

deambosostratamentos,masoseuusocomoagente

modifi-cadordadoenc¸aéconsiderado“nãoapropriado”.11Emrelac¸ão

aoácidohialurônico,aAAOSécontraoseuusonaOAde

joe-lho,citaumaausênciadeeficácia,enquantoaOarsifornece

umarecomendac¸ão“incerta”.11,27

Nopresenteestudo,ousodeopioidesfoimaiorentreos

pacientesquerelataramAID,emboraesseachadonãotenha

sidoestatisticamentesignificativo.Osopioidesfracostêmsido

cadavezmaisusadosparaotratamentodadorrefratáriaem

pacientescomOAdequadriloujoelho.Diversosestudos

for-neceramevidênciasquantoàeficáciaeseguranc¸aemcurto

prazodosopioidesnadorcrônicadaOA.9Umametanálise

deumagrandeamostradepacientescomOAapresentouum

tamanhodeefeitomoderadonareduc¸ãodaintensidadeda

dor. Noentanto, observou-se umagrandeheterogeneidade

entreosestudos.Osbenefíciosassociadosaousodeopioides

estãolimitadospelaelevadaincidênciadeefeitoscolaterais,

comonáuseas,constipac¸ãoetonturas.Combasenoconjunto

deevidênciasdisponíveisenaexperiênciadosespecialistas,

asdiretrizes atuaisda Oarsifornecem umarecomendac¸ão

“incerta”paraousodeopioidesnaOAdejoelho.11

Descobriu-sequeainadequac¸ãonoalíviodadorfoimais

frequenteentreasmulheres.Alémdisso,aanálisede

regres-sãomostrou que asmulheresestão associadas aumrisco

aumentadode experimentaralívioinadequadodadorcom

analgésicos.Asmulheressãomaisgravementeafetadaspela

OA de joelho, relatammais dore incapacidade doque os

homens.Aetiologia daOAdejoelhoemmulheresé

multi-fatorialeinclui:diferenc¸asanatômicasemcomparac¸ãocom

oshomens,traumaanterior,questõesgenéticaseproblemas

hormonais.Asmulherestêmmaiorincidênciadelesõesdo

ligamentocruzadoanterioreessaslesõeslevamàosteoartrite

futuraindependentementedosexo.Alémdisso,asmulheres

pós-menopáusicas,emdecorrênciadadiminuic¸ão no

estro-gênio,têmumriscoaumentadodedesenvolvimentodeOA.29

Aanálisederegressãotambémmostrouqueodiabetesea

depressãoforamascomorbidadesmaisassociadasaoAID,um

achadoquecorroboraosresultadosgeraisdoestudoSort.14

Éimportanteobservarqueahiperlipidemiaestáassociada

aummenorriscodeAIDnomodeloderegressão,umachado

queéconsistentecomoresultadodaanálisebivariada.Nãofoi encontradaexplicac¸ãoclaraparaesseresultado,alémda

exis-tênciadeumfatordeconfusãoouemrazãodoacaso.Ainda

assim,maispesquisasdevemexaminarmaisatentamenteas

ligac¸õesentreessasduasvariáveis.

Aanálisefeitanopresenteestudomostrouqueos

paci-entes que relataram AID tiveram dor mais grave e maior

interferênciadadornasatividadesdiárias.Ademais,alémda

dor,essespacientestiverampioresdesfechosnasdimensões

RigidezeFunc¸ãoFísicadoWomacdoqueospacientesnãoAID.

AincapacidadeéumadasprincipaisconsequênciasdaOAde

membroinferior.30Jordanetal.mostraramqueagravidade

dadornojoelhosecorrelacionacomaincapacidade

autorre-latadanacomunidade.31 Outrosautorestambém relataram

essa correlac¸ãoem pacientes com OA de joelho atendidos

naatenc¸ãoprimária32 eemconsultóriosdereumatologia.33

Nãoestáclaroomecanismopeloqualadorcontribuiparaa

incapacidade.Algunsautoressugeremqueadorpodelevar

àausênciadeatividadefísica, resultaremumciclode dor,

inatividadeeperdademassamuscular.Fatorespsicológicos,

comoaansiedade,podemintensificaresseciclonegativo.34

Curiosamente,osresultadosdopresenteestudomostraram

queadepressãoeaincapacidadeforammaisfrequentesem

pacientescomAID.

OsparticipantesquerelataramAIDtiveramescores

signifi-cativamentepioresemtodososdomíniosfísicosementaisdo

SF-12,emcomparac¸ãocompacientesnãoAID.Aqualidadede

vidaéumconstrutocomplexoqueincluiváriasdimensões

diferentes,entreelasosaspectosfísico,emocionalesocial.O

corpodeevidênciassubstanciamenoresescoresdequalidade

devida(QV)empacientescomOAdejoelhoemcomparac¸ão

comindivíduossaudáveispareados poridade.35Desmeules

et al. observaram que 197 participantes com OA de joelho

recém-agendados paracirurgia deartroplastia totalde

joe-lhotinhampontuac¸ãosignificativamentemenoremtodosos

oitodomíniosenoscomponentessumáriomentalefísicodo

SF-36 do que a média.36 Um estudo com idosos coreanos

tambémmostrouqueadornojoelhoestevecorrelacionada

comumareduc¸ãosubstancialnaqualidadedevidaeaspecto

físico.37Outrosautoresrelataramachadossemelhantes.38,39

Osresultadosdopresenteestudosugeremqueos

pacien-tes comAID estavammenossatisfeitoscom osefeitosdos

analgésicosprescritosdoqueospacientesnãoAID.Ograu

de satisfac¸ão do paciente com o tratamento é um

desfe-chocomumenteusadoparaavaliarosucessodotratamento.

Esseresultadopodeserumindicadoradequadodaqualidade

doscuidadosprestadosemaspectosdistintosdotratamento,

como asuaeficáciaetolerabilidade.Issoéparticularmente

importanteempacientescomdoenc¸ascrônicascomoaOA,

em que os tratamentos são frequentemente alterados em

decorrênciadafaltadeeficáciaouefeitosadversos.8

Pontos

fortes

e

limitac¸ões

Os pontos fortes deste estudo são que ele analisa dados

do mundo real,fornece umaimagem realista e valiosa da

populac¸ãoportuguesacomOAdejoelhoeospadrõesde

tra-tamentonascondic¸õesdepráticaclínicanormal.

Alémdisso,usaram-seescalasconfiáveisevalidadaspara

avaliarossintomasdaOAdejoelho,particularmenteador.O

BPIéamplamenteusadoparamedironíveldedoremvárias

doenc¸ascrônicaseérecomendadopelopaineldeconsenso

InitiativeonMethods,Measurement,andPainAssessmentin Cli-nical Trials(Immpact).40Esse instrumentoévalidadoparaa

populac¸ãoportuguesaeestudosrecentesmostraramumforte

apoioàsuaconfiabilidadeevalidade.41,42OWomacfoi

desen-volvidoparamediraincapacidadeempacientescomOAde

membroinferior17etemsidoamplamenteusadoemvários

ensaiosclínicosqueavaliamadornaOAdejoelho.

O presente estudo tem uma série de limitac¸ões.

(8)

métodosdeamostragemprobabilísticos.Alémdisso,nãofoi

usada qualquer estratificac¸ão geográfica da amostra.

Por-tanto,deve-setercautelaaogeneralizarosresultadosparaa

populac¸ãoemgeralcomOAdejoelho.Noentanto,em

con-trastecom ascaracterísticasdosparticipantes dopresente

estudocomaliteratura,observa-sealgumasobreposic¸ãona

distribuic¸ãodecondic¸õesdegênero,idadeecomorbidades.

Conclusões

O presente trabalho constitui uma análise preliminar da

amostraportuguesaincluídanoestudomultinacional

pros-pectivoSort.Apesardousodeanalgésicos,maisdametade

dospacientesrelatoudormoderadaagravenojoelho.Esses

pacientestambémrelatarampioresdesfechosemrelac¸ão a

outrossintomasdaOAdejoelho,saúdegeralequalidadede

vidadoqueospacientessemdoroucomdorlevenojoelho.

Osresultadosdopresenteestudosugeremqueháespac¸opara

melhoriasnomanejodadornojoelhodecorrentedaOAem

Portugal.MaispesquisasdoestudoSortqueenvolvamuma

avaliac¸ãolongitudinalda amostrafornecerão umaimagem

maisclaradocursodoscuidadosclínicosedesfechosnaOA

dejoelho.

Financiamento

OestudoSortfoifinanciadopelaMerck,Sharp&Dome.

Conflitos

de

interesse

PedroLaireseStephanieD.TaylorsãofuncionáriosdaMerck.

Agradecimentos

Atodos ospesquisadoresdoSORT eaLuísVeloso porsua

contribuic¸ãofundamentalparaesteartigo.

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Tabela 1 – Características sociodemográficas e clínicas da amostra, gerais e discriminadas de acordo com o status de alívio da dor no joelho
Tabela 2 – Análise de regressão logística multivariada que avalia o OR ajustado do alívio inadequado da dor (AID)
Figura 2 – Média dos escores em cada domínio do SF-12, discriminada de acordo com o status de alívio da dor no joelho

Referências

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