• Nenhum resultado encontrado

Rev. Assoc. Med. Bras. vol.58 número5

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Rev. Assoc. Med. Bras. vol.58 número5"

Copied!
1
0
0

Texto

(1)

EDITORIAL

513

Rev Assoc Med Bras 2012; 58(5):513 PAULO SALDIVA

Professor Titular do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil – pepino@usp.br

©2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.

A discussão é a parte do artigo que se depara com o desaio de manter o equilíbrio entre erudição e concisão. É importante apresentar ao leitor as implicações dos re-sultados obtidos, e, ao mesmo tempo, não desviar signi-icativamente dos achados objetivos. Em outras palavras, algum nível de especulação sobre o potencial dos acha-dos é esperado, sem, no entanto, permitir que as asas da imaginação conduzam o texto para o etéreo domínio do devaneio, sem fundamento em dados obtidos no estudo em discussão. Tendo em mente as diiculdades acima ex-postas, serão feitas algumas sugestões orientadoras sobre como escrever uma discussão.

Inicialmente, seria oportuno logo no começo do texto colocar, de maneira objetiva e sucinta, um resumo dos resultados. Por exemplo, “Os dados obtidos no presente estudo demonstram que o tratamento X mostrou ser po-sitivo para o tratamento da doença Y. Os efeitos popo-sitivos observados foram consistentes e se mantiveram inalterados frente a diferentes procedimentos de controle, tais como X, Y e Z.”. Logo após essa pequena revisão da seção de re-sultados, é importante apontar as potenciais implicações do estudo, como “o conjunto de achados indicam que, nas circunstâncias e limitações deinidas no presente estudo, o tratamento X tem o potencial de beneiciar os pacientes portadores da doença Y, sem apresentar alguns dos efeitos adversos (ou menor custo, ou em menor tempo, etc.) dos tratamentos convencionais”.

Em seguida, seria oportuno comparar os resultados obtidos com a literatura e expor, ao mesmo tempo, os estudos concordantes e discordantes. Caso existam estu-dos que divirjam estu-dos resultaestu-dos obtiestu-dos, seria oportuna a apresentação das possíveis razões da divergência, tais como, diferentes protocolos, regimes de tratamento, mé-todos de avaliação, entre outros. Não é justo nem mesmo eticamente justiicável ignorar deliberadamente os estu-dos divergentes. Não se deve deixar de tornar evidente ao leitor em que medida os resultados do estudo contri-buem para o tema. Em outras palavras, os autores estão em uma posição privilegiada para dizer o que há de novo no estudo e não devem se furtar a apontá-los.

Após comparar os resultados obtidos em relação aos já existentes, seria interessante fornecer as bases bioló-gicas que conferem plausibilidade aos dados obtidos. Nesse ponto, é importante incluir as medidas feitas no próprio estudo, realizadas com o intuito de determinar

Redação e literatura científica

Discussão

as bases mecanísticas dos efeitos observados e, também, referenciar a literatura existente que comprovam os me-canismos apontados como responsáveis pelos efeitos observados. Essa parte da discussão poderia soar como “os efeitos observados são compatíveis com um aumento da condutância do canal de sódio, mediada pelo aumento da expressão da proteína Z. As medidas de expressão gê-nica do gene que controla a expressão da proteína Z (Fi-gura XX) corroboram esta hipótese. Em estudo realizado em roedores, Fulano et al. (referência) demonstraram efeitos similares”. Essa parte da discussão – a explicação dos mecanismos responsáveis pelos efeitos observados – é uma das mais suscetíveis a declarações hiperbólicas, ou seja, argumentos que, embora plausíveis, não encon-tram suporte nos resultados obtidos. Portanto, caro lei-tor, cuidado nessa parte!

É também importante na discussão expressar de ma-neira clara as limitações do estudo. Por exemplo, não se pode furtar da discussão os pontos fracos do estudo, tais como tamanho da amostra, falta de medidas comple-mentares que ajudariam a comprovar as hipóteses tes-tadas, inconsistências com estudos anteriores, e outros pontos que mereçam comentários. Um reconhecimento objetivo dos pontos fracos não prejudica a aceitação do estudo e, pelo contrário, demonstra o conhecimento que o grupo executante tem do assunto e sua seriedade. Por-tanto, nada de tentar ignorar as fragilidades. Os revisores do estudo são, via de regra, especialistas no tema e irão apontar as deiciências do trabalho sob seu julgamento.

Finalmente, uma maneira elegante de inalizar a dis-cussão é apresentar de modo resumido as conclusões que se possibilita fazer em face dos resultados obtidos, como “Em resumo, os resultados obtidos suportam o conceito de que o tratamento X tem efeitos positivos sobre a doença Y, indicando ser esta abordagem uma alternativa adicional para o manejo dos pacientes. Caso sejam conirmados, o tratamento empregado neste estudo abre novas perspecti-vas terapêuticas para o controle de uma condição de extre-ma importância em termos de saúde pública”.

Referências

Documentos relacionados

Currently, it is believed that the most cost-efective strategy for diagnosis of suspected cases of schwan- noma of the eighth cranial nerve (performed ater au- diometry)

Apesar do treinamento, a tensão gerada pela necessidade do cuidado (por exemplo com a sonda) impede uma atenção apropriada ao paciente?. ©2012 Elsevier

In spite of the training, the tension generated by the necessity of careful handling (e.g., the tube) prevents the patient from getting proper care?. ©2012 Elsevier

Molecular analysis of rubella virus in travelers suspected of measles infection in São Paulo, Brazil.. C RISTINA

his is a retrospective cross-sectional study that included CNB samples obtained before surgery and excised breast tumor specimens from 69 patients with breast cancer, not

Objective: he aim of the present study was to determine the genotype association for al- leles of class II human leukocyte antigens (HLA) in the DRB1* locus among blood donors at

he results of the study will be reported to the health- care professionals of HEMC, guiding them to better care for patients with hepatitis C, especially those patients subject

ACC/AHA 2005 practice guidelines for the management of patients with peripheral arterial disease (lower extremity, renal, mesenteric, and abdominal aortic): a collaborative