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Open Pedagogia da presença: uma estratégia para o sucesso escolar

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE EDUCAÇÃO / CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

APLICADAS

MESTRADO EM GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES APRENDENTES

MARIA DE FÁTIMA SANTOS

PEDAGOGIA DA PRESENÇA:

UMA ESTRATÉGIA PARA O

SUCESSO ESCOLAR

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MARIA DE FÁTIMA SANTOS

PEDAGOGIA DA PRESENÇA:

UMA ESTRATÉGIA PARA O

SUCESSO ESCOLAR

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Gestão de Organizações Aprendentes da Universidade Federal da Paraíba – Linha de Pesquisa Aprendizagem em Organizações, como requisito para a obtenção de título de mestre.

Orientadora: Profª Dra. Maria da Salete Barboza de Farias

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AGRADECIMENTOS

À Deus, acima de tudo. Por nos permitir a superação dos nossos limites quando desejamos e lutamos por algo.

Aos professores, mestres e doutores (as) do MPGOA UFPB/João Pessoa, pela sabedoria, compromisso e disponibilidade na condução de sua ação de educadores ao me incentivar, orientar e capacitar para busca do meu aperfeiçoamento como cidadã e como profissional.

À Profª Drª Maria da Salete Barboza de Farias, orientadora, competente, tranquila, humilde, detentora de grande sabedoria, disponível sempre a socializar para busca de novos conhecimentos, com orientações claras e indispensáveis para a construção e reconstrução do trabalho.

Aos colegas professores da EREM Odorico Melo por compreenderem a minha ausência e, contudo incentivarem e colaborarem para a construção deste trabalho.

À Profª Dra. Emilia Maria Trindade Prestes, como orientadora, no primeiro momento, teve papel fundamental para que eu compreendesse melhor o mundo da pesquisa cientifica me incentivando a buscar meus caminhos para realizá-la.

À banca examinadora pelas orientações precisas e compreensão das limitações ao oferecer indícios para realização de um trabalho acadêmico de qualidade.

Aos amigos e companheiros da turma 04 do MPGOA, pelo carinho, cumplicidade, apoio e incentivo. Um convívio saudável que oportunizou a construção de novas amizades tendo esse fato favorecido à elaboração de um conhecimento diferenciado, sistematizado e melhor organizado.

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SANTOS, Maria de Fátima. Pedagogia da presença: uma estratégia para o sucesso escolar.

2016. 124 p. Dissertação - Mestrado Profissional. Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2016.

RESUMO

A pedagogia da presença é utilizada nas Escolas de Referência em Ensino Médio - EREM, do estado de Pernambuco, como uma estratégia de gestão, para garantir a permanência e promover o sucesso escolar dos educandos. Tendo como base teórica a pedagogia da presença, o objetivo geral deste estudo foi analisar a experiência pedagógica da Escola de Referência em Ensino Médio Odorico Melo - EREM Odorico Melo, no município de Parnamirim, estado de Pernambuco. Pretende-se verificar a contribuição dessa pedagogia para a diminuição da evasão e para o êxito escolar dos educandos. Para tanto foi realizada uma revisão teórica sobre educação integral, interdimensional e evasão escolar, além de análise de documentos legais sobre a temática. Trata-se de uma investigação qualitativa do tipo estudo de caso como forma de analisar os procedimentos adotados pela escola para obter a permanência e o sucesso dos alunos nas diversas áreas do conhecimento. Utilizou-se a entrevista com professores e gestores da referida escola como instrumento de coleta de dados. A análise dos dados indicou que a pedagogia da presença tem contribuído sim, para favorecer a permanência e o sucesso do educando e que a escola em que o processo de ensino tem a preocupação de utilizar práticas pedagógicas que valorizam o indivíduo nas suas diversas dimensões, é prazerosa e tem garantido o êxito dos educandos. Com esta pesquisa, espera-se contribuir para que outras instituições de ensino possam avaliar suas práticas pedagógicas e estratégias que propiciam melhoria no desempenho escolar, principalmente em relação à permanência e ao sucesso escolar.

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SANTOS, Maria de Fátima. Pedagogia da presença: uma estratégia para o sucesso escolar.

2016. 124 p. Dissertação - Mestrado Profissional. Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2016.

ABSTRACT

The pedagogy of presence is used in reference schools in high school - EREM, the state of Pernambuco, as a management strategy to ensure the permanence and promote the academic success of students. Having as theoretical base the pedagogy of presence, the aim of this study was to analyze the educational experience of high school in Reference School Odorico Melo - EREM in the municipality of Parnamirim, Pernambuco state. It is intended to verify the contribution of this pedagogy to reduce dropout and academic achievement of students. For both a theoretical review of comprehensive education, interdimensional and truancy was held, as well as analysis of legal documents on the subject. This is a qualitative investigation of the case study type as a means of analyzing the procedures adopted by the school for the stay and the success of students in various fields of knowledge. We used the interview with teachers and managers of that school as a data collection instrument. Data analysis indicated that the pedagogy of presence has contributed rather to favor the permanence and success of the student and the school in which the teaching process takes care to use pedagogical practices that value the individual in its various dimensions, is pleasant and has guaranteed the success of the students. With this research, it is expected to contribute to other educational institutions can evaluate their teaching practices and strategies that promote improvement in school performance, especially in relation to the permanence and school success.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 – Competências básicas do conhecimento...32

Quadro 2 – Dimensões básicas do Ser, segundo Rorh...34

Quadro 3 – Dados relativos à Educação Básica internacional...55

Quadro 4 – Resultados históricos que revelam a permanência do educando...65

Quadro 5 – Resultado por turma referente ao ano de 2014...66

Quadro 6 – Resultado do Ensino Médio por escola estadual em Parnamirim...66

Quadro 7 – Resultados da EREM Odorico Melo no ano de 2013...74

Quadro 8 – Resultados das escolas de Ensino Médio em Parnamirim...75

Quadro 9 – Desenvolvimento das escolas de ensino médio de Parnamirim...75

Quadro 10 – Metas estipuladas para a escola...85

Quadro 11 – Desempenho histórico em Língua Portuguesa...87

Quadro 12 – Taxa de aprovação da escola no período de 2008 a 2014...88

Quadro 13 Educandos da escola que fizeram intercâmbio internacional...91

Quadro 14 Dados dos atores da escola que participaram da entrevista...94

Quadro 15 Resultados da evasão de 2008 a 2014 da EREM Odorico Melo...98

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Taxas de transição e rendimentos dos alunos...57

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LISTA DE FOTOGRAFIAS

Fotografia 1 – Aula de robótica...92

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LISTA DE SIGLAS

ANPAE – Associação Nacional de Política e Administração da Educação

BCC Base Curricular Comum para o Ensino Público de Pernambuco

BDE - Bônus de Desempenho Educacional

CIEPs – Centros Integrados de Educação Pública

DCNEM – Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio

ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio

EREM - Escola de Referência em Ensino Médio

GRE – Gerencia Regional de Educação

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICE – Instituto de Corresponsabilidade da Educação

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

IDEPE – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de Pernambuco

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

LDB – Lei de Diretrizes e Bases

MEC Ministério da Educação

OCNs Orientações Curriculares Nacionais

OTMs Orientações Teórico-metodológicas

ONU Organização das Nações Unidas

PDDE Programa Dinheiro direto na Escola

PE – Pernambuco

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PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PROEMI – Programa Ensino Médio inovador

PROFIC Programa de Formação Integral à Criança

PROGEPE – Programa de Formação do Gestor Escolar

PPE – Pacto Pela Educação

SAEB – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica

SAEPE – Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco

SEE – Secretaria de Educação

SEPLAG – Secretaria de Planejamento

SIEPE – Sistema de Informações da Educação de Pernambuco

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Proficiência do SAEPE em Matemática e Português...87

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...16

2 EDUCAÇÃO INTERDIMENSIONAL: FUNDAMENTOS DA PEDAGOGIA DA PRESENÇA...30

2.1 Presença Educativa: uma estratégia para o fortalecimento do sucesso escolar...36

2.2 Educação integral na escola de tempo integral ... 43

3 GESTÃO E PERMANÊNCIA: SUCESSO DA APRENDIZAGEM ... 48

3.1 A gestão escolar e a (re) construção dos valores ... 49

3.2 Considerações sobre evasão escolar ... 55

3.3 Permanência e sucesso de aprendizagem ... 59

4 PANORAMA DA EVASÃO E SUCESSO ESCOLAR NAS ESCOLAS DA REDE ESTADUAL NO MUNICÍPIO DE PARNAMIRIM ... 64

4.1 Educação Integral em Pernambuco: uma política para o Ensino Médio ... 67

4.2 As escolas da rede estadual de Pernambuco no município de Parnamirim...69

5 A PEDAGOGIA DA PRESENÇA NA ESCOLA DE REFERÊNCIA EM ENSINO MÉDIO ODORICO MELO...76

5.1 Caracterização da Escola de Referência em Ensino Médio Odorico Melo.78 5.2 Possibilidades do não possível: combate da evasão na Escola de Referência em Ensino Médio Odorico Melo ... 81

5.3 Práticas Pedagógicas mediadas pela Pedagogia da Presença na Escola de Referencia em Ensino Médio Odorico Melo...92

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5.5 Facilidades e dificuldades encontradas pelos professores para obtenção

do sucesso escolar...102

5.6 Sucesso escolar: suas causas...106

CONCLUSÕES...109

REFERÊNCIAS...113

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1 INTRODUÇÃO

A educação é um direito social básico e universal em todos os níveis. A educação é vital para a aproximação do homem com o conhecimento científico, tecnológico e cultural. Isso se dá pelo fato de que a circulação do conhecimento favorece o desenvolvimento de uma nação para que ela seja autônoma, soberana e solidária consigo mesma e com outras nações. Nesse sentido, a educação pode ser compreendida como uma exigência econômica e social para o ser humano do século XXI.

A Constituição Federal (BRASIL, 1988) no Art. 205, define “a educação é um direito do cidadão e um dever do Estado e da família”. Explica claramente que ela “será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao desenvolvimento pleno do ser, bem como seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, prevendo a integralidade. O princípio da integralidade do ser é o fundamento legal mais básico em que é pautada a base teórica deste estudo.

Delors (2012, p.11) define educação como um trunfo indispensável à humanidade na construção dos ideais da paz, da liberdade e da justiça social. Sendo o papel essencial da educação o desenvolvimento contínuo, tanto das pessoas como das sociedades, devendo ser um desenvolvimento humano mais harmonioso, mais autêntico, de modo a fazer recuar a pobreza, a exclusão social, os desajustes, as opressões, a desordem. Pensando na educação de crianças e adolescentes, o autor se refere à educação como um grito de amor à infância e à juventude as quais devem ser acolhidas nas sociedades, dando-lhes o espaço que lhes cabe no sistema educativo, na família, na comunidade de base, na nação. Mas, esclarece também que a educação deve ser ao longo da vida, ultrapassando a distinção tradicional entre educação inicial e educação permanente. Ela deve, pois sim, dar resposta aos desafios de um mundo em rápida transformação, pautada nesse aspecto, a exigência de um contínuo desenvolvimento do conhecimento.

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indivíduos. Nessa perspectiva, entendemos que a expansão do sistema educacional público e gratuito e a elevação de seus níveis de qualidade são prioridades no modelo de desenvolvimento social a ser assumido pelos governos das nações que querem crescer social e economicamente.

A educação faz parte da vida do homem na sociedade, serve de guia para uma boa convivência social e o capacita para socialização e construção de novos conhecimentos. É, portanto, a educação escolar, fator primordial na formação da sociedade para que ela se desenvolva e favoreça a vida. Estamos falando de uma educação básica determinante para uma formação integral humanística e científica dos sujeitos, sendo ela de qualidade será decisiva para romper com a condição de subalternidade de um povo. Pode ser considerada também, como um alicerce indispensável da inserção competitiva de um país num mundo em que as nações se projetam cada vez mais pelo nível de escolaridade e de conhecimento de seus povos.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN Nº 9394/1996 de 12.12.1996, nos Arts. 34 e 87 tratam de forma sucinta da ampliação progressiva da jornada escolar na direção do regime de tempo integral, no Ensino Fundamental, mas já expressa o sentido da Educação Integral. No Art. 1º a Lei esclarece melhor este princípio quando trata da vinculação entre o trabalho escolar e a vida em sociedade.

A experiência deste estudo se dar numa escola de ensino médio de tempo integral e educação integral. A pesquisadora analisou esta experiência tendo por base a pedagogia da presença como estratégia de trabalho para evitar a evasão.

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na garantia de direitos de nossas crianças e jovens na corresponsabilidade por sua formação integral. (BRASIL, MEC, 2009, p.18).

É importante ressaltar que essa visão de ser integral, de formação integral do ser, se apresentou nas discussões e fóruns sobre educação no Brasil tendo respaldo legal na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, Lei nº 9.394/1996, que introduziu a perspectiva de ampliação do tempo escolar diário nos arts. 34 e 87, sendo mais detalhada no Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/01 de 09.01.2001, no Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, Decreto nº 6.094/07, no Pacto Nacional Pelo Fortalecimento do Ensino Médio - Portaria Nº 1.140/2013 e no atual Plano Nacional de Educação - Lei nº 13.005/2014 de 25.06.2014. Esses são os principais marcos legais que orientam e favorecem a discussão e a implantação de políticas públicas de educação integral no Brasil nos tempos atuais.

A visão da integralidade reverbera a percepção da visão de uma educação interdimensional onde as ações desse ensino de fato promovam resultados significativos na vida dos sujeitos envolvidos com foco na pessoa humana, num processo continuo que favoreça o crescimento pessoal e social dos indivíduos. É nessa perspectiva, a formação do ser humano nas suas diversas dimensões, que buscamos analisar a experiência desta Unidade Escolar, procurando explicar porque a permanência e o sucesso dos educandos são o foco da ação pedagógica dos educadores que nela atuam.

De acordo com Gadotti (2009, p.30 e 31), a educação integral desponta neste inicio do Século XXI, como um caminho para garantir uma educação pública de qualidade. No sentido de que educação se dá em tempo integral, em todos os locais em que possamos estar. Portanto, ela não se confunde com o horário integral, o tempo integral ou a jornada integral. A educação integral busca a inclusão social numa sociedade do conhecimento, que cria a cada instante múltiplos espaços de aprendizagem, necessários ao desenvolvimento das nações e dos seres na sua integralidade.

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educação integral e buscar as ligações e rompimentos entre “vida” e educação escolar, tentando desvelar possibilidades e limites para a instituição escolar na realidade em que se vive.

Dutra (2014, p.25) diz que a educação integral surge, no atual momento, na forma de uma nova escola, que visa à qualidade social para além da construção unilateral dos conhecimentos e da aprendizagem dos conteúdos. Esta é uma educação voltada não apenas para a construção dos conhecimentos cognitivos, mas pautada por uma filosofia na qual o homem é sujeito da sua história, intervindo na realidade e no seu contexto social, a fim de transformá-los. Nesse sentido, entendemos que um processo pedagógico escolar de sucesso deve contemplar as diversas dimensões do ser humano, valorizando-as não somente para o bom desempenho escolar, mas também para desenvolvimento da autonomia individual com vistas ao protagonismo que favoreça a transformação da realidade social em um mundo, que a cada dia, ofereça novas oportunidades de participação ativa dos seres com equidade social.

A inteireza do ser humano deve ser respeitada em cada ciclo do seu desenvolvimento, portanto a instrução não deve ser fragmentada em suas diferentes dimensões - física, sensorial emocional, mental e espiritual, é o que considera Röhr (2011). E enfoca a necessidade do entrosamento dessas dimensões básicas para o sujeito aprender a conhecer, aprender a amar, aprender a fazer, aprender a ser, aprender a conviver, aprender a crer e a se adaptar de acordo com as circunstâncias para melhoria da qualidade de vida. Nesse sentido, faz-se necessária uma educação que se estenda ao longo da vida e passe pela aprendizagem que favoreça a descoberta e a revelação do “tesouro escondido” em cada um. Essa deve ser a discussão sobre formação humana e busca da integralidade do processo educativo que a educação integral deve trabalhar.

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professores e os demais educadores das instituições de ensino que trabalham a educação integral, no estado de Pernambuco trabalham na perspectiva de uma presença intencional deliberada que tem como princípio norteador exercer no outro uma influência construtiva, utilizando-se dos componentes fundantes desta pedagogia: exemplo, presença, experiência, conhecimento e tempo.

Há um consenso por parte dos diversos segmentos da sociedade brasileira, principalmente no momento atual, segunda década do Século XXI, de que mudança social não se faz sem educação, mas é preciso que seja uma educação integral, transformadora que inclua o sujeito na sociedade e o torne capaz de exercer a cidadania com autonomia para compreender o seu papel nesse contexto. Para tanto ele, o sujeito, deve ter poder de crítico da realidade que o circula e da que está mais distante. Dessa forma, ou seja, compreendendo o contexto social os sujeitos possam fazer escolhas pautadas nos valores sociais e globais de convivência humana. E o maior desafio dessa formação humanística é a escola oferecer também uma formação sólida tendo como ponto de partida os conhecimentos prévios destes educandos e os conhecimentos acumulados historicamente pela humanidade. Na escola onde este estudo se realizou, podemos analisar e que essa é uma preocupação a partir da missão¹ que está exposta nos ambientes da escola para que todos possam ter acesso e compreendê-la, dado que o século XXI exige de todos nós grande capacidade de autonomia e de discernimento, juntamente com o reforço da responsabilidade pessoal na realização de um destino coletivo. (DELORS, 2012, p.18).

Sobre Pedagogia da Presença, Costa (2001, p.34) diz que ela é parte do esforço coletivo na direção de um conceito e de uma prática menos irreais e mais humanos de educação, pois sua realização permite ao educando superar o isolamento e a solidão. Ainda neste sentido, o autor nos esclarece que Pedagogia da Presença é uma tarefa de alto nível de exigência e requer uma aprendizagem por parte do educador para colocar-se por inteiro junto do educando, fazer-se presente na sua vida educativa, num esforço consciente, sincero e metódico. De forma atenta, interessar-se pelo cotidiano do educando, relacionar-se de maneira significativa, no

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entendimento de que limites existem, é o que se espera do educador. Espera-se também que ele esteja emocional e tecnicamente preparado e que use o bom senso, para evitar situações que não construam aprendizagem, mas aquelas que favoreçam o processo de mudança em que educador e educando estão envolvidos. A presença, portanto, é o conceito central desta pedagogia.

É importante ressaltar que a Pedagogia da presença é uma das premissas da Educação Interdimensional, que é o trabalho pedagógico que valoriza as quatro dimensões do ser que são o phatos, o eros, o mythos e o logos, isso quando buscamos os fundamentos na Paidéia grega. Costa (2008) pedagogo mineiro que introduziu o trabalho com a Educação Interdimensional nas escolas de educação integral de Pernambuco, considera que para a sua prática devemos considerar o conceito de interdimensionalidade nos fundamentos da educação na Grécia antiga, numa visão antropológica no processo civilizatório. Processo esse que valoriza a essência do paradigma do desenvolvimento humano, a visão de mundo, a visão de conhecimento, a matassíntese da convenção internacional dos direitos da criança, a lei de diretrizes e bases da educação nacional, os quatro pilares da educação para o século XXI, a concepção de itinerário formativo, a atitude de cuidado, a transcendência humana e as múltiplas inteligências. Nessa perspectiva, destacamos que a presença educativa está consideravelmente presente na vivencia da prática pedagógica da escola a partir do conceito de trabalho com valores e a relação dos seres entre si e dos seres com a ecologia da vida, a própria valorização do sentido da existência dos indivíduos.

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De acordo com Meneses (2011, p.01) “o problema da evasão escolar é uma questão que tem raízes históricas, associando-se a uma política imposta pelas elites, na qual pesam sucessivas intervenções do governo na mudança do sistema escolar”. Nessa linha de pensamento, podemos afirmar que as causas de evasão escolar surgem das necessidades de trabalho dos alunos chegando à escola muitas vezes exaustos e desmotivados, como também a baixa qualidade do ensino por da falta de uma política educacional eficiente no Brasil, em que a sala de aula não oferece atrativos suficientes para garantir a permanência deste educando.

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento da ONU - PNUD, no seu relatório de 2012, o Brasil tem a terceira maior taxa de abandono escolar entre os cem países com maior Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, com uma taxa de 24,3%, só atrás da Bósnia Herzegovina (26,8%) e das ilhas de São Cristovam e Névis, no Caribe (26,5%). O relatório revelou também que o Brasil tem a menor média de anos de estudo entre os países da América do Sul e que um a cada quatro alunos que inicia o ensino fundamental abandona a escola antes de completar a última série, justificando, então, esta média e o alto percentual de evasão.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2012), as maiores taxas de abandono escolar, no Brasil, estão no ensino médio. “Atribui-se esse fenômeno, de um lado aos jovens pouco estimulados pelos estudos e, do outro, a um currículo desconectado da realidade e incapaz de suprir deficiências anteriores dos alunos”, aponta Bergamachi, gerente de projetos da Organização Não Governamental Todos Pela Educação, acerca dos dados do IBGE.

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modalidades, orientado pela perspectiva de inclusão de todos que a ele tem direito (BRASIL, 2013).

O foco deste estudo é analisar a experiência pedagógica de uma Escola de Referência em Ensino Médio, localizada no município de Parnamirim, Sertão de Pernambuco no que se refere as estratégias utilizadas para diminuir a evasão. As Escolas de Referência em Ensino Médio – EREMs, no estado de Pernambuco foram instituídas legalmente pela Lei Estadual nº 125/2008, mas estão na rede desde 2004 quando começaram como Centros Experimentais com 07 escolas, em 2007 ocorreu uma expansão e elas passaram a ser EREMs. Esta é uma escola de tempo integral, o educando passa o dia inteiro na escola com estudos que buscam trabalhar a integralidade do ser na perspectiva da educação integral, valorizando as dimensões cognitivas, relacional, pessoal e produtiva destes educandos. Percebo no cotidiano da escola e nas entrevistas realizadas que neste modelo de escola a presença educativa tem contribuído para a redução da evasão e reprovação do educando, como também favorecendo o sucesso na aprendizagem. Para tanto, apresentamos a questão central: em que medida a pedagogia da presença pode ser utilizada como estratégia da gestão para diminuir a evasão escolar e, por conseguinte, obter sucesso escolar dos educandos?

A complexidade do tema evasão escolar e o grande desafio da sua redução nas escolas públicas de ensino médio nos moveram a desenvolver esse estudo, visto que a escola na qual trabalho essa questão vem sendo combatida com sucesso. Essa pesquisa apresenta o cotidiano da escola e as estratégias utilizadas para o combate contínuo à evasão do educando. Nesse sentido, refletimos sobre o significado do sucesso escolar e qual a relação intrínseca com a permanência, ou seja, a diminuição da evasão; a relação do educando no processo de aprendizagem em que o foco é a sua permanência com êxito; e, por fim, as contribuições da pedagogia da presença para a permanência com sucesso do educando. Para tanto, definimos os seguintes objetivos:

Objetivo Geral

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Objetivos Específicos

a) conhecer as dificuldades e facilidades dos professores para diminuir a evasão e obtenção do sucesso escolar.

b) identificar a percepção dos professores sobre pedagogia da presença e sua contribuição para a permanência, diminuição da evasão, com sucesso dos educandos

c) analisar as práticas pedagógicas inovadoras dos professores, mediadas pela pedagogia da presença e sua relação com a sucesso escolar;

Procedimentos Metodológicos

Este trabalho configura-se como no tipo de pesquisa qualitativa. Segundo Santos Filho (2007, p.93), a pesquisa qualitativa apresenta uma visão idealista-subjetivista numa preocupação não só com o que é experienciado, mas também com o que é significativo para o pesquisador, colocando-o numa relação íntima com o objeto de investigação, sendo ao mesmo tempo sujeito e objeto de suas próprias pesquisas. Portanto, este tipo de pesquisa está mais voltado para a compreensão ou interpretação, com base nas perspectivas do pesquisador por meio da participação na ação.

Conforme Gamboa e Santos Filho (2007, p.95) “o conhecimento acontece quando captamos os significados dos fenômenos e desenvolvemos seu verdadeiro sentido, recuperando os contextos, as estruturas básicas e as essências, com base nas manifestações empíricas”, que, para ele, isso são técnicas qualitativas, pois buscam compreender os fenômenos.

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Por ser um estudo focado na permanência, ou seja, na diminuição da evasão escolar, esta pesquisa se enquadra como estudo de caso, quando este é o estudo da particularidade e da complexidade de um caso singular, levando a entender sua atividade dentro de importantes circunstâncias(ANDRÉ, 2005, p.18).

Ainda de acordo com André (2005, p.14), os estudos de caso em educação são, em geral, modelos pré-experimentais de pesquisa, com objetivo inicial de exploração de uma temática, destinada a levantar informações ou hipóteses para futuros estudos.

O conhecimento gerado pelo estudo de caso tem um valor em si mesmo, ele é diferente do conhecimento derivado de outras pesquisas, porque o conhecimento gerado pelo estudo de caso é mais concreto, se encontra na experiência de quem apresenta; mais contextualizado, as experiências estão num contexto; mais voltado para a interpretação do leitor, pois os leitores trazem as suas experiências e compreensões; baseados em populações de referências, generaliza uma população. Nesse sentido, podemos entender que um estudo de caso focaliza uma situação, um programa, um fenômeno particular, uma indagação decorrente da prática profissional do pesquisador (ANDRÉ, 2005, p. 19).

No caso deste estudo há uma singularidade, a pesquisadora também intervém no cotidiano da escola campo de estudo: observando, constatando, intervindo. E, conjuntamente com os outros sujeitos da Unidade de Ensino, busca estratégias para melhorar consideravelmente os índices de permanência com sucesso dos estudantes. Nesse sentido, este estudo, representa por si só, um caso digno de ser descrito por ser exitoso no combate a evasão, um fenômeno da educação escolar. Esse êxito pode ser constatado ao analisarmos as estatísticas da escola. No ano de 2008, quando a escola ainda não era EREM, portanto ainda não trabalhava utilizando a pedagogia da presença, de forma sistematizada e intencional, a evasão naquele ano foi de 10,24% e a aprovação foi de 89%. No ano

de 2009, primeiro ano como EREM, não houve evasão e a aprovação foi de 93%.² Também, para referendar os dados foram entrevistados quinze profissionais que

atuam na escola, sendo dez professores e cinco gestores.

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As entrevistas realizadas com os sujeitos da escola se deram através de um roteiro, previamente elaborada na forma de questionário. As entrevistas foram agendadas e estão gravadas em áudio. Os entrevistados autorizaram a transcrição de suas falas através de termo de consentimento assinado - modelo anexo. Porém, não divulgarei os nomes, quando se tratar de professor utilizarei a sigla PF1 e assim seguirei até o PF10; quando se tratar de gestor utilizarei a sigla G1 até o G5. Estas entrevistas tiveram o intuito de analisar, através da percepção dos sujeitos, a experiência pedagógica da escola campo para evitar a evasão. Bem como, analisar também, as práticas inovadoras dos professores mediadas pela pedagogia da presença; identificar a contribuição da pedagogia da presença para a permanência com sucesso dos educandos na escola e conhecer as facilidades e dificuldades dos sujeitos para obtenção do sucesso escolar.

Nesse sentido, para Borba (2011, p.509), a entrevista é uma matéria na forma de perguntas e respostas para obtenção de informações; é um questionário para levantamento de dados. Nesse tipo de trabalho a entrevista contribui para obtenção de opiniões e esclarecimentos pelos atores que exercem suas atividades na escola, sobre a prática cotidiana com seus desafios e êxitos.

Na realização deste estudo, optou-se, também, pela utilização da metodologia de pesquisa de campo referendada em bibliografia que tem como base a temática de estratégias de sucesso para a permanência do educando na educação integral pautada na Pedagogia da Presença. Houve uma busca bibliográfica em relação aos objetivos a serem estudados e suas relações com o tema. Buscamos, nas referências teóricas publicadas, em documentos e literatura o aprofundamento e análise das contribuições científicas existentes sobre o assunto tema deste estudo.

Segundo Gil (1991) a pesquisa bibliográfica é o conjunto das produções escritas para esclarecer as fontes, ou seja, é toda a literatura originária de determinada fonte ou a respeito de determinado assunto. E que em um processo metodológico é importante ter em vista os fundamentos e objetivos para acompanhar a evolução e o andamento do trabalho.

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2007 era o penúltimo estado da nação com os piores índices de abandono. De acordo com os resultados do IDEB (2014), à temática que gerou este estudo vai demonstrar a outra face: a permanência no sentido que em 2014 o estado apresenta-se como o primeiro colocado com a menor taxa de evasão no país, bem como, apresenta também, avanço nos índices de desempenho dos alunos.

Este trabalho tem um ponto considerável a se credenciar para ser discutido e analisado: a vivência da autora. No exercício da sua função de gestora da escola campo, viu que esta experiência pedagógica exitosa, em que a presença educativa é uma das premissas do trabalho, a oportunidade de mudar e socializar uma realidade escolar específica, isto é, como manter os educandos na escola com sucesso. Percebe-se a originalidade desse trabalho, que se contrapõe ao que parece ser a voz geral – a impossibilidade da extinção da evasão escolar.

O fato de a escola ser de tempo integral proporcionou aos professores receberem uma formação inicial para vivenciar a educação interdimensional, favorecendo o embasamento teórico para atenderem os alunos, de forma holística, com a presença efetiva, desenvolvendonão somente a competência cognitiva, mas, concomitantemente, as competências pessoal, relacional e produtiva, relacionando com algumas variáveis, como: gestão com metas estabelecidas e socializadas, formação do professor, uso efetivo de tecnologias a favor do pedagógico, método de ensino inovador. Desse modo, reafirmo a importância de socializar esta experiência com gestores, professores, pais, alunos e a sociedade em geral, estimando que seja um referencial para futuros estudos no sentido de que ele aponta horizontes para um velho problema da educação, a evasão.

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Estrutura do Trabalho

O presente estudo está estruturado em cinco capítulos. A introdução caracteriza-se como o capítulo primeiro, é destinado a apresentar e problematizar o objeto deste estudo. Portanto, apresenta conceitos, discorre sobre os objetivos, discute sobre procedimentos metodológicos e apresenta a estrutura deste trabalho. Ele dedica-se a explicar, à luz dos autores nos quais nos apoiamos e na legislação que trata do tema, as teorias que embasam este estudo.

O capítulo segundo tem caráter teórico. Abordamos sobre a Educação Interdimensional que aponta a Pedagogia da Presença como uma premissa para a sua prática, esclarecendo porque esta estratégia de trabalho fortalece o sucesso escolar. Trataremos também, neste capítulo, sobre educação integral e escola de tempo integral, visto que este estudo se dá numa escola que trabalha com essas duas perspectivas.

O capítulo terceiro discute o papel da gestão para o sucesso escolar. Está estruturado em duas seções onde abordaremos a questão conceitual de gestão escolar fazendo análise dos procedimentos da gestão na escola de uma maneira geral, passando, em seguida, a conceituar e contextualizar a evasão, a permanência e o sucesso da aprendizagem, conceitos essenciais deste estudo, o que irá favorecer a compreensão do capítulo seguinte.

O capítulo quarto, dividido em duas seções que esclarecem ao leitor a política de ensino médio do estado de Pernambuco que tem na educação integral o seu maior trunfo para promover melhorias neste nível de ensino. Apresenta também, este capítulo, as escolas da rede estadual no município de Parnamirim.

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entrevistas para esclarecer ao leitor, a experiência pedagógica da EREM Odorico Melo.

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2

EDUCAÇÃO

INTERDIMENSIONAL:

FUNDAMENTOS

DA

PEDAGOGIA DA PRESENÇA

O grande desafio da educação para este século está configurado no relatório da UNESCO: “Educação, um Tesouro a Descobrir”, de Jacques Delors, que coloca para o mundo o conceito de educação ao longo de toda a vida, como uma chave de acesso ao século XXI, numa perspectiva que ultrapasse a distinção tradicional entre educação inicial e educação ao longo da vida, sendo esta uma exigência válida, com razão de ser, para um mundo em rápida transformação. Essa exigência, segundo o relatório, só será satisfeita quando todos aprendermos a aprender.

Moura (2012) interpreta o conceito de educação para o século XXI, colocado no relatório da UNESCO, e esclarece que nele está expressa claramente a necessidade da realização de um trabalho educativo para diminuir a lacuna entre a realidade educacional e a ideal, apontando o desafio de criar oportunidades e condições educativas para o educando desenvolver seu conhecimento, deixando expressa, também, a questão de que o educando não está no futuro, está aqui, nesse momento histórico, por isso é necessário usar mecanismos e instrumentos que o dote de poder para participação social com perspectivas de equidade, tendo no fazer das escolas várias possibilidades educativas que compreendam o ser em sua integralidade.

O relatório da UNESCO chama à atenção para os fins da educação:

Todo ser humano deve ser preparado especialmente, graças à educação que recebe na juventude, para elaborar pensamentos autônomos e críticos e para formular seus próprios juízos de valor, de modo a poder decidir por si mesmo nas diferentes circunstâncias da vida. A educação pluridimensional é uma construção contínua da pessoa humana, do seu saber e das suas aptidões, portanto a sua proposta pedagógica deve levar a pessoa a tomar consciência de si própria e do meio que a cerca, bem como a desempenhar o papel social que lhe cabe no mundo do trabalho e na comunidade; uma proposta capaz de reorientar a educação em seu conjunto, para uma perspectiva de educação permanente. (DELORS, 2012, p. 87).

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todos os espaços, em todos os momentos para dar conta de um ser plural, com ansiedades e construções variadas que o ser humano precisa para sobreviver, desenvolver, viver e trabalhar com dignidade para melhorar a sua qualidade de vida e continuar a aprender. Este é o sentido da Educação Interdimensional, “formar um homem mais apto para a construção de uma sociedade melhor” (COSTA, 2008, p. 26). É interessante salientar que para compreendermos melhor a educação Interdimensional, devemos ter claro:

O ambiente natural e humano em que as pessoas vivem tende a tornar-se planetário, para dar conta da simultaneidade do universal para o singular, a ideia é a educação pluridimensional, desenvolvida ao longo de toda a vida, numa construção contínua da pessoa humana (DELORS, 2012, p.88).

Costa (2008), por sua vez, fundamentado no Relatório Delors, que expressa através de contribuições de especialistas de diferentes países participantes da Comissão Internacional sobre educação para o século XXI, a forma como a escola deve trabalhar para suprir as diferentes necessidades formativas dos sujeitos. Este autor se pautou na visão pluridimensional do ser explicada no relatório e definiu a base metodológica para a educação interdimensional. E complementou seu pensamento com as ideias da educação ativa, dialogando com pensadores como Freinet, Dewey e Anísio Teixeira. Nos princípios legais ele utilizou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira - LDB, artigo II que indica a finalidade da educação “o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, (BRASIL, 1996), bem como os artigos 12, 13 e 14 da mesma lei, que apresentam os princípios de liberdade, ideais de solidariedade e formação plena para os estudantes.

Costa (2008, p. 16) buscou na interpretação da Paidéia grega o referencial das dimensões humanas do logos,dopathos, do erose do mytho. Ele apresentou o norte do desenvolvimento de uma Educação Interdimensional que deve ser explorada em quatro aprendizagens como pilares do conhecimento, já apontada em Delors (2012, p.73):

Para dar resposta ao conjunto das suas missões, a educação deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentaisque, ao longo

de toda a vida de cada indivíduo, serão de algum modo os pilares do

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Com base nesta definição, Costa (2008), definiu as competências básicas do conhecimento que são: competências pessoais, competências relacionais, competências produtivas e competências cognitivas. Para cada grupo de competências foi definido um conjunto de habilidades a serem dominadas pelos educandos.

QUADRO 1 Competências básicas do conhecimento (continua)

Aprendizagens Competências Atitudes Habilidades

Aprender a

Ser

Pessoais Autodesenvolvimento (voltado para si mesmo)

 Autoconhecimento

 Autoconceito

 Autoestima

 Autoconfiança

 Autonomia.

Aprender a conviver

Relacionais Autodesenvolvimento (voltado para o outro)

 Habilidade de relacionamento interpessoal e social

 Varias dimensões do cuidado

Aprender a fazer

Produtivas Desenvolvimento das circunstâncias

(voltado para a realidade econômica, ambiental, social política ou cultural)

 Trabalhabilidade:

 Autogestão

 Cogestão

 Heterogestão

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(continuação)

Aprender a conhecer

Cognitivas Desenvolvimento intelectual (voltado para a gestão do conhecimento)

 Autodidatismo

 Didatismo

 Construtivismo

FONTE: Costa (2008, p.23).

Moura (2012) nos fala da formação humana na visão interdimensional, ela mostra que:

A discussão acerca das quatro aprendizagens descortina-se a compreensão em outro ponto: a exigência de uma educação ao longo da vida, de que ela forneça elementos para a formação como algo constante, que não se esgota em determinada fase da vida, ou etapa de escolarização.

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QUADRO 2 Dimensões básicas do Ser, segundo Rorh

FONTE: WWW.m40s.com/humanização Rorh, 2011

O conceito de aprendizagem ao longo da vida, ou seja, a capacidade de continuarmos a aprender depois de terminada a nossa formação “escolar”, esquecendo a dicotomia entre adquirir conhecimento - na escola - e aplicar o conhecimento - no local de trabalho - é talvez o aspecto mais central na construção de uma nova ordem social, apostar no lifelong-learning³ é uma necessidade da qual depende o futuro da sociedade da informação e do conhecimento (FISHER, 2000, p. 265). Essa vocação para a aprendizagem permanente é própria das pessoas, por isso o educador escolar deve estar sempre cuidando da aprendizagem dos educandos e da sua própria aprendizagem, a qualidade da educação ofertada pela escola parte dessa premissa básica.

A concepção de Educação Interdimensional, na elaboração de Costa (2008, p. 20), é, portanto, a proposta pedagógica que procura articular os fins e os meios da ação educativa, visando tornar real a visão de homem, de mundo e de conhecimento consistente com as exigências de vida coletiva na contemporaneidade, valorizando as várias dimensões do humano, superando a centralidade da dimensão cognitiva, acolhendo também as dimensões que compõem a formação do ser humano. Analisando a concepção filosófica deste autor, observamos que ele apresenta dois caminhos imprescindíveis para vivermos na atualidade: o dinamismo dos riscos e o dinamismo das oportunidades.

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conceitos e nas práticas que presidiam a construção do homem grego, os quais posteriormente fundiram-se com os conceitos e as práticas do mundo judaico-cristão, dando origem à civilização ocidental. Conforme evidencia o autor, estas dimensões são quatro, remetendo a Paidéia grega:

Nossa proposta é a criação de uma nova educação, uma educação interdimensional, que seja capaz de reequilibrar as relações do logos com o pathos, o mytho e o eros de forma mais inteligente e harmônica. Isso

significaria recalcar a dimensão do logos? De forma alguma. Trata-se de

abrir os projetos pedagógicos para outras dimensões do humano, acolhendo, valorizando e dignificando aspectos como a sensibilidade, a corporeidade, a transcendentalidade, a criatividade, a subjetividade, a afetividade, a sociabilidade, a convivência e tantas outras dimensões relacionadas com o pathos, o eros e o mytho. (COSTA, 2008, p.17).

Prosseguindo nessa reflexão com Costa (2008, p.26), a cerca de Educação Interdimensional, com base nos quatro pilares da educação do relatório de Delors, observamos que:

A Educação interdimensional aponta na direção de um ensino capaz de superar suas próprias tendências e se abrir para práticas e vivências de sentido existencial, social, produtivo e cognitivo, de impacto mais abrangente e profundo. Isso ocorre porque a compreensão de que os educandos devem desenvolver competências pessoais, sociais, produtivas e cognitivas permite que os educadores ultrapassem os limites do intelectualismo e abra-se para a necessidade de repensar o conjunto das oportunidades de desenvolvimento pessoal e social oferecidas às novas gerações.

Ao analisarmos as propostas de Costa (2001, 2006, 2008) e Costa (2011) destacamos a contribuição da vivência da Educação interdimensional na manifestação da vida, observando os valores para uma nova postura do educando diante da vida, traduzida em quatro cuidados básicos: autocuidado - cuidar de si mesmo, altercuidado - cuidar do outro, ecocuidado cuidar do ambiente em que vive, e transcuidado – cuidar dos significados, sentidos e valores que presidem a sua existência. Nessa perspectiva a escola deve oportunizar ao educando o seu desenvolvimento integral de forma equilibrada e a educação Interdimensional amplia esta oportunidade à medida que considera a totalidade do ser, sem privilégio de uma dimensão em detrimento da outra.

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É necessário salientar que os valores que orientam e estruturam o comportamento do educando estejam presentes e claros na prática pedagógica impulsionando o protagonismo e considerando o desenvolvimento integral do educando.

Os valores devem ser mais do que transmitidos. Devem ser vividos, através de práticas educativas. E no curso dos acontecimentos, como educadores, precisamos nos fazer presentes na vida dos educandos, de forma construtiva, emancipadora e solidária. (COSTA, 2006, p. 47).

No sentido do educador se fazer presente na vida do educando, falaremos com maior profundidade no próximo item em que trataremos de uma das premissas da Educação Interdimensional: a presença educativa ou pedagogia da presença.

2.1 Presença Educativa: uma estratégia para o fortalecimento do

sucesso escolar

Um dos grandes desafios das escolas atualmente é oferecer uma formação acadêmica para os educandos, sem contudo esquecer a formação humanística. Essa formação vai desde a valorização dos conhecimentos prévios com os quais eles chegam à escola, passando pelo trabalho de valores humanos, e neste processo são apresentados os descritores de desempenho da aprendizagem, com atividades pedagógicas que contemplem o todo deste educando, proporcionando alternativas para que ele construa o conhecimento e que esse momento seja significativo para a sua formação cidadã.

Nessa compreensão, é necessária uma clara e abrangente presença educativa do educador frente aos questionamentos e anseios dos educandos, através do acompanhamento sistemático e direcionado, com vistas ao favorecimento dos processos formativos, onde se configura esta presença como um caminho inovador no preparo para a cidadania e convivência social.

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década de setenta, ele sistematizou os fundamentos da pedagogia da presença, que seria a base para o desenvolvimento de um trabalho que coloca a relação humana estabelecida entre educador e educando como força nucleadora do processo educativo. Nessa perspectiva, é necessária a compreensão de que para um ser humano desenvolver-se verdadeira e autenticamente o melhor de si mesmo, ele precisa ser compreendido e aceito pelo outro, condição para que ele próprio se compreenda e se aceite. O grande insight a respeito dessa proposta, segundo o próprio foi o seguinte pensamento: “Quem nunca sentiu, em algum momento de sua vida, a presença de quem estava longe e a ausência de quem estava perto” (COSTA, 2001,p.55) .

Nessa perspectiva da presença e da relação com o outro para ser compreendido e aceito, buscamos ampliar a nossa compreensão sobre essa temática na filosofia de Martin Buber na qual ele ressalta a relação humana na sua concretude e movimento, isto é, Buber trata do homem no mundo e suas múltlipas possibilidades de existir. Nesse sentido ele apresenta as noções de relação eu-tu, eu-isso buscando o diálogo incessante para o encontro genuíno com o outro. A ideia é a de que o homem está em constante construção que se dá a partir do contato com os outros e com as coisas. As palavras eu-tu, eu-isso assinalam o modo de ser do indivíduo como formas de responder a realidade. O eu que se abre para um tu, não é como o que se relaciona para com o isso. Então a forma de se relacionar fundamenta o modo de ser, por isso eu-tu, eu-isso são inseparáveis e alteram-se a cada relacionamento. (LUCZINSKI, 2010, p.78).

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cerceamento de sua liberdade, pois essa reciprocidade não eliminará a pessoalidade e o respeito à alteridade.

Querette (2007, p.7) aponta que Paulo Freire e Martin Buber consideram o diálogo como base do pensamento filosófico e pedagógico uma vez que interfere na relação educador e educando. Trazendo para a questão da presença educativa na escola, consideramos que o diálogo que Freire propõe na educação é o que favoreça a libertação e humanização, já Buber traz o diálogo como base para a realização humana, sem antecipadamente ter um cunho político social. O diálogo na educação para Freire é direcionado a assuntos sociais e culturais necessários às mudanças. Na visão de Buber o diálogo exige mutualidade total, cuja tarefa educacional é favorecer, no educando, condições para entrar numa vida dialógica. Nas duas teorias, apesar dos conceitos distintos, confirma-se o diálogo como um elemento constitutivo de uma teoria pedagógica. Na perspectiva da ação pedagógica, na escola, nessa discussão analisa-se claramente, a importância da presença intencional e deliberada do educador para que o diálogo se dê com o educando com a intenção de promover o respeito e a confiança para o desenvolvimento e consequentemente o sucesso deste educando.

Na teoria de Costa (2001, p.37) a presença educativa deve ser vivenciada para re-humanizar os relacionamentos humanos, não somente dentro do ambiente de aprendizagem, mas também no ambiente de trabalho. E para melhor esclarecer como o educador deve se posicionar e direcionar suas ações para a vivência efetiva de uma presença educativa, ele complementa: “afinal, não se pode tentar aplicar com as novas gerações aquilo que não se vivencia entre nós educadores, mesmo porque a educação se dá mais pelo exemplo do que por belas palavras”. Isso significa que o educador precisa estar mais perto do educando, apostando na possibilidade de transformação e de crescimento, apoiando, orientando, valorizando as conquistas individuais e no grupo, buscando a preventividade ao se fazer presente na vida deste educando, intencional e deliberada, buscando exercer uma influência construtiva.

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um conteúdo relacional que faz dela a mais exigente das realidades, é o que nos esclarece o autor desta teoria, Costa (2011, p.44). Prosseguindo no diálogo com o mesmo autor, podemos observar com clareza que na vivência da pedagogia da presença podemos destacar três pilares de sustentação, o primeiro a abertura, ela se dá quando temos disposição sadia de entrar na experiência de vida da pessoa com quem nos relacionamos e permitir que ela entre na nossa. E deixa patente que entrar na experiência de vida do outro é a disposição que cada um deve ter de compartilhar o prazer e a dor, a alegria e a tristeza, a frustração e o sonho, as perdas e os ganhos, a vida enfim, pois a presença intensifica o ato de viver. Ao penetrar no outro, nos deixamos ser penetrados pela alegria, pelo sofrimento, pela dificuldade, pelo contentamento, havendo assim um encontro. Num segundo momento vivenciamos a reciprocidade, em que ocorre uma troca de elementos que nos dá a certeza de que temos valor para alguém. Esta presença muitas vezes, se configura na “troca de pequenos nadas”, que ele chama de comércio singelo entre as pessoas, para criar um ambiente de qualidade. O terceiro pilar da presença educativa é o compromisso, através dele assumimos uma atitude de não indiferença, de corresponsabilidade com o outro.

A observação atenta e metódica dos comportamentos que lhe são próprios tentará conhecer, entre os ganhos e perdas de sua vida, aquilo a que dá mais importância, atenção e valor. Enfim, será necessário descobrir nos educandos aptidões e capacidades que apenas uma observação criteriosa e sensível permitirá despertar e desenvolver. É preciso ter clareza de que o educando deverá encontrar o caminho para si mesmo e para os outros, com sentido, é este o objetivo maior da presença construtiva e emancipadora do educador na vida do educando, (COSTA, 2001, p.40).

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esforço consciente e sincero do educador envolvendo-se no cotidiano do educando de forma atenta, criativa e metódica, (COSTA, 2001, p.18).

No diálogo com o autor buscamos esclarecimentos e entender o conceito para refletirmos e vivenciarmos aPedagogia da Presença, nesse sentido ele explica que no desenvolvimento de uma ação educativa é preciso estar atento às nuances do sucesso e do fracasso, elas tendem a deslocar-se com as oscilações das realidades internas e externas do educador e do educando. Limitações existem em qualquer aspecto das relações humanas, algumas são superáveis, outras nos convidam a conviver com elas, para tanto, por opção e dever, devemos estar sempre empenhados em reverter os impactos sobre o processo de mudança. No exercício da Presença Educativa, o educador tem que ter interesse em estar junto do educando, dirigir-se a ele, ouvi-lo, orientá-lo, ser exemplo, histórias de vida precisam ser mostradas. O educando precisa ser orientado a vencer as dificuldades pessoais e reconciliar-se consigo mesmo e com os outros, como condição necessária da mudança e integração social. É nesse instante que o educador apresenta uma resposta mais humana as inquietações que sufocam o jovem educando e até mesmo as suas aspirações mais elevadas, mostrando caminhos, apresentando oportunidades para que este educando faça escolhas mais adequadas para sua existência cidadã. Esta presença do educador deve ser solidária, aberta e construtiva para acolhida do educando (COSTA, 2001, p. 23).

Na Pedagogia da Presença, valorizamos o ser humano em sua inteireza, a sua subjetividade, por isso a conversa, a atenção que o educador dispensa ao educando promove uma aproximação, revela um sentimento de pertencimento à instituição, que pode favorecer a frequência do educando a escola, impedindo-o de evadir. Nessa perspectiva podemos dialogar com e educador Paulo Freire (2005), que falou com muita emoção e clareza da beleza e rigorosidade que o ato de ensinar/aprender exige, chamando sempre para a presença efetiva do educador diante o educando:

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dos educadores, apreensão da realidade, alegria e esperança, convicção de que a mudança é possível, curiosidade. Ensinar é uma especificidade humana. Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade, comprometimento, compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo; exige liberdade e autoridade; exige tomada consciente de decisões, saber escutar, reconhecer que a educação ideológica; exige disponibilidade para o diálogo e querer bem aos educandos. (FREIRE, 2005, p. 7 e 8).

Freire (2005, p. 92) explica que devemos observar a exigência da generosidade, do saber escutar e da disponibilidade para o diálogo, como condições necessárias a presença do educador junto ao educando no ato de ensinar. Para Freire, escutar o educando em suas dúvidas, em seus receios, em sua incompetência provisória, é aprender a falar com ele, nesse sentido escutar é algo que vai além da possibilidade auditiva de cada um, é marcar presença efetiva para o outro. Ele complementa esclarecendo que é na disponibilidade que o educador constrói a segurança, indispensável à própria disponibilidade que vem a ser condição essencial nas relações entre educador e educando na ação educativa.

A presença educativa é um dos pilares de sustentação ao educando para que permaneça na escola e tenha sucesso na aprendizagem. Na prática dessa ação o educador atua como líder, um organizador, um coautor de acontecimentos estruturantes na relação eu-tu, eu-isso, com os educandos. Nessa perspectiva ele é mais que um transmissor de conhecimentos, ele estabelece uma convivência sinérgica e solidária, buscando levar o educando a não fazer apenas o que gosta, mas gostar do que deve e precisa ser feito em favor do desenvolvimento do seu potencial (MOURA, 2012).

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presença o educador precisa de três características básicas: a) domínio do conhecimento; b) disponibilidade do tempo; e, c) exemplo. Sabendo que o fazer-se presente, numa perspectiva educativa, implica em abertura de educador para educando e vice-versa, ele define esta presença como aptidão, uma habilidade que se adquire pelo exercício do trabalho, nessa perspectiva orienta o educador a aproximar-se do educando procurando identificar-se com suas necessidades de forma empática e significativa gerando uma relação de confiança com este educando.

Há que haver uma relação dialógica, por sua vez o professor deverá expressar sua função de mediador da aprendizagem, gerar confiança, para isso ele não terá apenas o discurso como recurso para favorecer esta formação de vínculos, mas ele tem necessariamente que na sua vivencia afirmar o exemplo de relações harmônicas pautadas no respeito, na ética, no diálogo, no reconhecimento da alteridade do outro (MOURA, 2012).

Além disso, observa-se grande dependência afetiva de parcela importante dos educandos, que muitas vezes tem na escola e em seus profissionais a referência mais estável entre suas experiências de vida, aponta Cavaliere (2002). Esta afirmativa nos deixa claro a necessidade da Pedagogia da Presença incluída nas estratégias que irão favorecer o sucesso da ação educativa nas instituições escolares da educação básica no Brasil.

No passado, o educando era geralmente obrigado a aceitar o que o professor lhes passava através do conteúdo das disciplinas. Hoje em dia, cada vez mais o educando tem algo a dizer ou a propor em relação ao ensino na busca da construção de aprendizagens. Nesse sentido a presença educativa do educador é fortemente necessária.

O professor deve estabelecer uma nova relação com quem está a

aprender, passar do papel de “solista” ao de “acompanhante”, tornado-se não alguém que transmite conhecimentos, mas que ajuda seus alunos a encontrar, organizar e gerir o saber (DELORS, 2012, p.123).

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e integral em uma instituição escolar. Deste assunto, educação integral iremos tratar no próximo item.

2.2 Educação integral na escola de tempo integral

A expansão do crescimento da urbanização, a metropolização da vida humana, impulsionando “a vivência na cidade” (GADOTTI, 2009, p.43) se constitui uma necessidade de novas aprendizagens, mais aprendizagens. E este autor prossegue afirmando que a cidade tem diversos espaços e diversas motivações para a aprendizagem. Essas diversas aprendizagens na cidade, podem se dá no sinal de trânsito, no cuidado com o ambiente saudável, no letreiro das lojas, no contato com diferentes pessoas e diferentes culturas, na luta política, entre outras. Nesse sentido é necessário haver uma integração das diversas educações da cidade em benefício da formação integral dos educandos.

Nesse contexto, dialogamos com Cavaliere (2002) na reflexão de que vemos delinear uma realidade educativa que nos aponta necessidades de integração social do educando. Impulsionando, nesses termos, a ampliação das funções da escola numa crescente modificação acrescida de ingredientes que favoreçam essa completude do educando. Essa realidade chega à escola por uma situação social muito mais do que por uma escolha política educacional.

Esse debate nos faz “retomar a reflexão sobre um tema antigo e recorrente na história das ideias e das práticas pedagógicas” (CAVALIERE, 2002, p.250); um tema que ”não é novo, é tema recorrente desde a antiguidade” (GADOTTI, 2009, p.21), a educação integral. Educação integral não somente na ampliação do horário pedagógico, do incremento das matrizes curriculares ou da abertura de escolas com esses ingredientes. Sim é necessário condições, e essas são algumas, mas o principal é o trabalho educativo que favoreça a integralidade do ser.

De acordo com Cavaliere (2002) durante o Século XX, em várias partes do mundo, uma série de experiências educacionais escolanovistas foi desenvolvida. Estas experiências tinham características básicas que poderiam ser consideradas de uma concepção de escola de educação integral.

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desse formato de educação como um tema recorrente desde a antiguidade. Nesse período Aristóteles já falava de uma educação que desabrochasse todas as potencialidades do ser. Educadores como Édouard Claparède (1873-1940), Jean Piaget (1896-1980) e Célestin Freinet (1896-1966) defendiam a necessidade desse formato de educação ao longo da vida. No Brasil, destacam-se como marco pioneiro o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932) quando se defendia a universalização da escola pública e a educação integral concebida como um direito de todos, como também a visão de educação integral e transformadora, defendida por Paulo Freire (1921-1997).

Na história da educação integral no Brasil, além dos dois marcos que acabamos de falar, associa-se alguns projetos sobre o tema “escola de tempo integral”, como a experiência da Escola Parque, de Anísio Teixeira (1900-1971) e os Centros integrados de Educação Pública - os CIEPs, defendidos pelo antropólogo, sociólogo, escritor, educador e político mineiro Darcy Ribeiro (1922-1997), (GADOTTI, 2009, p. 22).

Na década de 1950, na cidade de Salvador, Bahia, idealizada por Anísio Teixeira, a Escola Parque surgiu como a primeira experiência de Educação Integral no Brasil, de forma sistematizada. Essa escola experimental atendia crianças nas séries iniciais, desenvolvendo as atividades cognitivas e atividades culturais e de lazer. (DUTRA, 2014, p.24). A outra experiência importante como já destacamos, foi a dos CIEPs que foram idealizados por Darcy Ribeiro e criados no governo de Leonel Brizola, no Rio de Janeiro.

Durante a década de 1980, destacou-se no estado do Rio de janeiro o Programa dos Centros Integrados de Educação Pública - CIEPs, com escolas de tempo integral onde as crianças deveriam permanecer durante todo o dia participando de atividades curriculares variadas e recebendo alimentação e cuidados básicos. Era um modelo que previa a abertura da escola à comunidade (CAVALIERE, 2009, P. 52).

De acordo com Dutra (2014), no período em que surgiram os CIEPs no Rio de Janeiro, em São Paulo, surgiu um Programa de Formação Integral á Criança - PROFIC, um programa governamental que tinha como finalidade complementar a formação das crianças, utilizando outros espaços além dos da escola.

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Educação se apresentou como uma alternativa para a oferta de atividades diversificadas, utilizando o contraturno, nas escolas que ofertavam o Ensino Fundamental. Este programa foi visto como uma estratégia do Governo Federal para a construção de uma agenda de Educação Integral para o país. Para atender ao Ensino Médio, O Governo Federal institui em 2009 o Programa Ensino Médio Inovador – PROEMI, cuja proposta é ofertar atividades cognitivas, de lazer, desportiva e cultural, buscando a iniciação científica. As atividades se davam em horários diferentes do ensino regular, ampliando a carga horária com o objetivo de criar a Educação Integral para esta etapa da Educação Básica.

Em seuartigo intitulado “A política de educação integral no Brasil”, Teresa da Cruz, faz uma análise dessa política, observando a base legal e o contexto social e esclarece que, é possível inferir que integral significa inteiro, total, portanto defender uma educação integral é defender uma educação completa que conceba o ser humano por inteiro em todas as suas dimensões. É pensar uma educação que discuta e construa valores, cidadania, ética, na valorização e fortalecimento da identidade étnica, cultural, local, de gêneros, valores, estes essenciais para a construção de uma sociedade sustentável, com justiça social. Nesse sentido, observamos que na escola base deste estudo, a compreensão e a prática pedagógica se dar nessa perspectiva, principalmente porque essa prática é pauta na vivência de uma educação interdimensional: aquela que permeia todas as dimensões do ser.

De acordo com Gadotti (2009, p.33) as diversas experiências de Educação Integral, no Brasil, têm em comum tanto uma dimensão quantitativa - mais tempo na escola e no entorno, quanto uma dimensão qualitativa – a formação integral do ser humano. Essas duas dimensões são inseparáveis.

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formação do cidadão, por isso esse tipo de escola requer uma maior participação e envolvimento das famílias na concretização do seu projeto político pedagógico.

As recentes políticas públicas que buscam garantir a permanência dos educandos nas escolas pelo menos até o final do período da obrigatoriedade revelam a percepção, por parte da sociedade, de que existe a necessidade de construção de uma nova identidade para a escola fundamental, sendo a primeira e indispensável condição para tal a integração efetiva de todas as crianças à vida escolar. Busca-se, de forma pouco explícita e pouco sistematizada, um novo formato para essa escola que associe a instrução escolar a uma forte ação no campo da socialização primária e da integração social de contingentes da população ainda em grande parte pouco marcados pelo ethos escolar. Para Cavaliere (2002), uma das bases da concepção de educação integral é, justamente, esta predisposição de perceber os educandos como indivíduos multidimensionais. E podemos observar esta afirmativa em outros autores como a explicação seguinte:

Em suma, para que a educação alcance um patamar promotor do desenvolvimento integral dos alunos, preparando-os para enfrentar os desafios de uma sociedade que tem como premissa básica, as constantes mudanças em todos os segmentos sociais, compete à escola a tarefa de educar crianças, jovens e adultos de maneira diferente para um mundo mutante. A escola, sob hipótese alguma, deverá mutilar o espírito investigador dos seus alunos, pois é nesta lógica de descoberta que se aprende mais. É imprescindível formar alunos com espírito empreendedor, que sejam criativos e que tenham capacidade de resolver problemas aos mais diversos níveis (COUTINHO e LISBOA, 2012 p.16).

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Imagem

Figura 1  –  Taxas de transição e de rendimento dos alunos
FIGURA 2  –  Resultados do SAEPE
GRÁFICO 1  –  Proficiência do SAEPE em Matemática e Português
GRÁFICO 2  –  Resultado histórico do IDEPE

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