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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO SUZIMAR WACTON DE MORAIS

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

SUZIMAR WACTON DE MORAIS

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, UMA REALIDADE VELADA NO BAIRRO VILA TEREZINHA: Participação comunitária para o fim dos conflitos.

(2)

SUZIMAR WACTON DE MORAIS

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, UMA REALIDADE VELADA NO BAIRRO VILA TEREZINHA: Participação comunitária para o fim dos conflitos.

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Psicologia Social sob a orientação do Professor Doutor Salvador Antonio Mireles Sandoval.

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SUZIMAR WACTON DE MORAIS

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, UMA REALIDADE VELADA NO BAIRRO VILA TEREZINHA: Participação comunitária para o fim dos conflitos.

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Psicologia Social.

Aprovada em: ___/____/____

BANCA EXAMINADORA

_________________________________

Orientador Professor Doutor Salvador Antonio Mireles Sandoval.

_________________________________ Professor Doutor (Nome do Professor 1 da Banca)

(4)
(5)

AGRADECIMENTOS

Certamente, apesar de toda singularização que tentei processar ao longo da

escrita, o que me torna responsável por ela, gostaria de agradecer a muita

gente. São pessoas que contribuíram de uma forma ou de outra, para que este

trabalho fosse possível. Em primeiro lugar a Deus pela minha vida e aos meus

intercessores Padre Konrad Konner e Pastor Sandro Sanches de Oliveira

Baena por essa conquista.

À Fundação São Paulo na representação dos Padres João Júlio e Rodolfo

Perazzolo e da Irmã Valdete: sem a concessão da bolsa para o mestrado não

haveria possibilidade de continuar este trabalho que iniciei na graduação.

Ao meu orientador Prof. Dr. Salvador Antonio Mireles Sandoval por ter aceitado

o desafio de orientar este trabalho com uma porção extra de paciência e

atenção. Sua paciência foi de suma importância para a concretização deste

estudo.

À Profª Drª Myrt Thania por suas contribuições pertinentes e proveitosas

apresentadas ao projeto de pesquisa no Exame de Qualificação.

À Dina minha esposa, companheira e grande amiga pela parceria e

cumplicidade.

Aos meus amigos Luiz Antonio Brigatti Jr pelas palavras de incentivo, Edilene

de Fátima Moretti pelo carinho e amizade sincera, Robson Marlon da Silva, um

jovem que ao querer aprender aquilo que eu tinha para ensinar passou de

aprendiz a professor e Eduardo Soares Saraiva por sua dedicação e amizade

sincera.

Ao grande amigo Elizeu Celestino de Oliveira pelos longos anos de amizade e

(6)

A uma grande família que contribuiu muito com minha formação pessoal.

Agradeço a todos e todas: Francisco Rodrigues de Assis Ferreira, Quitéria

Fausta Ivo Rodrigues, Cleber Ivo Rodrigues, Anderson Ivo Rodrigues e

Carolina Ivo Rodrigues.

À grande amiga e conselheira Marlene Camargo pelo incentivo constante e

pela ajuda nos diversos momentos desta jornada.

Ao grande amigo Luciano Mota de Azevedo que em momentos ruins da minha

vida esteve presente como um verdadeiro amigo.

Ao grande amigo e compadre Ricardo Brambila Bressan pelo incentivo ao

estudo.

Aos colegas do Programa de Psicologia Social, em especial os participantes do

Núcleo de Psicologia Política do Programa de Pós Graduados da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP.

As (aos) funcionárias (os) da DRH (Divisão de Recursos Humanos) da

PUC/SP, em especial Angela Renna, Célia, Gislaine Dlacosta, Helena, Juliana,

Mônica, Shirley Cristina, Renato, Carlos pelo incentivo e contribuição na

conquista da bolsa de estudo.

Às (aos) moradoras (es) do bairro Vila Terezinha, na zona norte da cidade de

São Paulo que voluntariamente participaram como sujeitos desta pesquisa.

Às (aos) estagiárias (os) que passaram pelo plantão do NAPSF - Núcleo de

Atendimento Psicossocial à Família – Comunidade e Justiça por suas

contribuições para minha formação enquanto pesquisador, supervisor de

(7)

RESUMO

MORAIS, S.W. de (2013). Violência contra a mulher, uma realidade velada no

bairro Vila Terezinha: Participação comunitária para o fim dos conflitos.

Dissertação de Mestrado, Programa de Pós Graduação em Psicologia Social,

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.

Esta pesquisa se propõe estudar qual a predisposição dos moradores do

bairro Vila Terezinha para atuarem como possíveis atores na diminuição das

incidências de violência contra a mulher. O intuito de realizar este trabalho de

pesquisa fundamenta-se na minha experiência profissional em um projeto

social vinculado a Igreja Presbiteriana Independente de Vila Terezinha,

localizada na zona norte da Capital do Estado de São Paulo, da qual participo

como membro. O projeto foi escrito e implantado por mim em 2008, logo após a

conclusão do curso de Serviço Social na Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo, no ano de 2007. Nesta dissertação pretende-se tomar como objeto

de estudo e pesquisa o possível potencial dos moradores do bairro Vila

Terezinha para diminuição das incidências de violência contra a mulher. A

justificativa, portanto, é o de sensibilizar os moradores do bairro Vila Terezinha

a respeito do potencial que têm para diminuir as incidências de violência

doméstica contra a mulher. Partimos da decisão do Supremo Tribunal Federal

que retirou da vítima de violência a responsabilidade da denúncia e permitiu

que qualquer pessoa possa fazê-la. O que estava no campo do privado,

portanto, passou para o campo do público. Pode-se dizer agora que em briga

de marido e mulher é lei meter a colher. Utilizaremos a metodologia de análise

discurso proposto por Spink (1999) onde a partir da escuta, leitura de todo o

material construímos mapas dialógicos que nos possibilitaram visualizar a

multiplicidade de sentidos atribuídos à violência contra a mulher. Os discursos

circularam em torno da ausência do Estado, de discussão sobre o despreparo

dos profissionais que recebem as denuncias sobre a prática da violência contra

a mulher As discussões também se deram sobre a violência no dia-a-dia dos

(as) moradores (as) e o quanto esses (as) moradores (as) vão criando

estratégias para lidar com essa violência no cotidiano.

Palavras-chave: Mulher, Cultura Popular, Violência contra a Mulher, Lei

(8)

ABSTRACT

MORAIS, S.W. of (2013). Violence Against women, a veiled reality in the

neighborhood Vila Therese: Community Participation for the end of conflict.

Dissertation Graduate Program in Social Psychology University Of São Paulo.

This research aims to study which the predisposition of the residents of

Villa Therese neighborhood to act as potential actors in decreasing incidences

of violence against women. The purpose of performing this research work is

based on my professional experience in a social project linked the Independent

Presbyterian Church of Villa Therese , located in the northern part of the city

and state of São Paulo , in which I participate as a member . The project was

written and created by me in 2008 , shortly after completing the course of Social

Service at the Catholic University of São Paulo , in 2007 . This dissertation is

intended to be taken as an object of study and research the possible potential of

residents the Villa Therese neighborhood to decreasing incidences of violence

against women . The rationale , therefore, is to sensitize the residents of Villa

Therese neighborhood about the potential they have to decrease the incidence

of domestic violence against women . We leave the decision of the Supreme

Court which removed the victim of violence the responsibility of the complaint

and allowed anyone to do it. What was in the field of private , so went to the

field of the public . Can say now that in a fight between husband and wife is the

law put the spoon. We use the methodology of analysis proposed by Spink

(1999 ) where speech from listening , reading all the material dialogical

construct maps that allowed us to visualize the multiplicity of meanings

attributed to violence against women . The speeches circulated around the

absence of the state , to discuss the unprepared professionals who receive

complaints about the practice of violence against women also gave Discussions

about violence on a day- to-day of ( the ) residents ( the ) and as such (as)

locals ( as) will create strategies to deal with such violence in everyday life.

Keywords: Women, Popular Culture, Violence Against Women, Maria da Penha

(9)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Os municípios da Bahia incluídos entre os cem mais

violentos do País... 34

Tabela 2- Os municípios do Ceará incluídos entre os cem mais

violentos do País... 35

Tabela 3- Os municípios do Espírito Santo incluídos entre os cem

mais violentos do País. (Em municípios com mais de 26 mil mulheres

em 2010)... 37

Tabela 4- Os municípios de Goiás incluídos entre os cem mais

violentos do País... 37

Tabela 5- Os municípios do Maranhão incluídos entre os cem mais

violentos do País... 38

Tabela 6- Os municípios do Mato Grosso do Sul incluídos entre os

cem mais violentos do País... 40

Tabela 7- Os municípios de Minas Gerais incluídos entre os cem

mais violentos do País... 40

Tabela 8- Os municípios do Pará incluídos entre os cem mais

violentos do País... 41

Tabela 9- Os municípios da Paraíba incluídos entre os cem mais

violentos do País... 42

Tabela 10- Os municípios do Paraná incluídos entre os cem mais

violentos do País... 43

Tabela 11- Os municípios do Pernambuco incluídos entre os cem

mais violentos do País... 44

Tabela 12- Os municípios do Rio de Janeiro incluídos entre os cem

mais violentos do País... 45

Tabela 13- Os municípios do Rio Grande do Norte incluídos entre os

cem mais violentos do País... 46

Tabela 14- Municípios do Rio Grande do Sul incluídos entre os cem

mais violentos do País... 47

(10)

violentos do País... 48

Tabela 16- Municípios de São Paulo incluídos entre os cem mais

violentos do País... 49

Tabela 17- Municípios de Sergipe incluídos entre os cem mais

(11)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADC Ação Declaratória de Constitucionalidade

ADI Ação Direta de Inconstitucionalidade

CEDAW Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher

CIDH Comissão Interamericana de Direitos Humanos

CLADEM Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos

Direitos da Mulher

CPI Comissão Parlamentar de Inquérito

CPMI Comissão Parlamentar Mista de Inquérito

DIEESE Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos

Socioeconômicos

DRH Divisão de Recursos Humanos

FAPSS Faculdade Paulista de Serviço Social

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

NAPSF Núcleo de Atendimento Psicossocial a Família

NASF Núcleo de Atendimento Social a Família

OEA Organização dos Estados Americanos

PCdoB/MG Partido Comunista do Brasil/ Minas Gerais

PIB Produto Interno Bruto

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PUC/SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

SEADE Sistema Estadual de Análise de Dados

SIC Segundo Informação Consta

SPM Secretaria de Políticas para as Mulheres

STF Supremo Tribunal Federal

(12)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 13

1 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 19

1.1 Gênese 21

1.2 Conceituando violência contra a mulher 22 1.3 Panorama nacional da violência contra a mulher 29

1.4 Marco de luta pelo fim da violência contra a mulher 51 2 LEI MARIA DA PENHA 53 3 A MULHER NA CULTURA POPULAR 65 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E CAMINHOS DA PESQUISA 73 4.1 Método da pesquisa 73

4.1.1 A pesquisa qualitativa 74 4.2 Campo de investigação 75 4.2.1 Relatos sobre Vila Terezinha 76 4.3 Critérios para seleção 78

4.4 Procedimento para as entrevistas 80

4.4.1 Aspectos éticos 84 4.4.2 Entrevistados 86 4.3 Caracterização dos sujeitos 86

5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS 89 CONSIDERAÇÕES FINAIS 108

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 113

ANEXOS 122

Anexo A 123

(13)

INTRODUÇÃO

O estudo deste tema é de grande relevância no cenário atual, já que

com avanços legislativos, como a sanção da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da

Penha) e a decisão do STF, por unanimidade, que garantiu no ano de 2012 a

constitucionalidade dos artigos 1º, 33 e 41 da referida Lei, é notório o aumento

da preocupação da sociedade civil com a questão, ratificando que é um

problema social e de saúde pública, afetando tanto a integridade física como

psíquica das mulheres, constituindo grave violação dos direitos humanos.

A violência de gênero está longe de ser um comportamento natural e

normal nas culturas, embora haja uma compreensão cultural neste sentido. O

que há é uma reprodução da violência de geração em geração, criando o que

chamamos de ciclo da violência, entendida pela sociedade como normal na

relação conjugal e familiar.

As pessoas aprendem a se relacionar amorosa e sexualmente através

do domínio e submissão, chamamos isto de construção de papéis sexuais,

onde homens e mulheres assimilam cultural e socialmente como se comportar.

A violência contra a mulher constitui um grave problema que carece ser reconhecido e enfrentado, tanto pela sociedade como pelos órgãos governamentais, através da criação de políticas públicas que contemplem sua prevenção e combate, assim como o fortalecimento da rede de apoio à vítima, É imperioso que este fenômeno não seja compreendido em nível individual e privado, mas sim como uma questão de direitos humanos, pois, além de afrontar a dignidade da pessoa humana, impede o desenvolvimento plena da cidadania da mulher. (FONSECA & LUCAS, 2006, p. 18).

O interesse pelo estudo sobre violência contra a mulher está associado

à experiência acadêmica e profissional, acrescida ao longo dos anos pelas

leituras relacionadas à violência e aos estudos sobre a mulher. Após estudar

em escola pública e cursar supletivo, em 1999 ingressei no curso de Ciências

(14)

de curso cancelei a matrícula e em 2001 ingressei no curso de serviço social

na mesma universidade.

A minha trajetória como assistente social iniciou-se em 2008, após ter

concluído o curso de serviço social no final de 2007 e ter idealizado, escrito e

implantado o Projeto NASF – Núcleo de Atendimento Social à Família, projeto

vinculado à Igreja Presbiteriana Independente de Vila Brasilandia, localizada na

periferia da capital para atender os moradores do bairro Vila Brasilândia e

adjacências. Nessa igreja o projeto permaneceu em funcionamento por 2 anos,

sendo transferido em 2010 para a Igreja Presbiteriana Independente de Vila

Terezinha onde permanece até o momento. Atualmente no mês de março de

2014 devido ao perfil psicossocial que o projeto se identificou optou-se pela

mudança no nome do núcleo que passou a ser NAPSF – Núcleo de

Atendimento Psicossocial à Família – Comunidade e Justiça.

Mesmo antes e ainda mais depois de obter o título de Assistente Social

formado pela PUC/SP, o foco de atuação e da trajetória política é a defesa dos

direitos da classe trabalhadora e dos grupos excluídos socialmente, como

negros, homossexuais, pobres, mulheres, deficientes, crianças, adolescentes e

idosos. Ademais, um dos focos de atuação é a militância na luta para garantir

que as mulheres sejam respeitadas como mulher e cidadã.

Durante esses anos participei ativamente de diversas atividades

ligadas à temática de violência contra a mulher, tanto como ouvinte como

palestrante. Participei também de capacitação para grupos que atendiam

mulheres vítimas de violência doméstica. Coordenei grupos de mulheres

vítimas de violência doméstica com o objetivo de empoderá-las para que

pudessem sair da situação de vítima.

O trabalho realizado no Projeto NAPSF constituiu-se numa experiência

rica e estimulante, que possibilitou entrar em contato com profissionais e

estagiários capazes e compromissados com o trabalho social e com a

(15)

Esse fato incentivou o prosseguimento dos estudos na área e, em 2010,

ingressei no curso de Especialização em Políticas e Práticas de Promoção

Social oferecido pela FAPSS – Faculdade Paulista de Serviço Social. Esse

curso possibilitou o aprofundamento dos conhecimentos na área de políticas

públicas e foi fundamental para reafirmar meu interesse no campo da

assistência social.

No ano de 2011 meu interesse pela questão da violência contra a mulher

ficou ainda maior a partir das discussões travadas nas aulas do curso de

especialização. No mesmo ano iniciei concomitantemente o mestrado em

Psicologia Social na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,

aproveitando a bagagem acadêmica e profissional acumulada ao longo desses

anos. Como diz Marcel Proust: “A verdadeira viagem não consiste em chegar a

novas terras, mas ver com outros olhos”.

Situando a problemática

Considerando a relevância social deste tema, faz-se um chamado às

autoridades governamentais para que tenham olhar mais acurado no

encaminhamento de políticas públicas que combatam a violência contra a

mulher. Além de combater esse triste fenômeno, deve-se proporcionar

assistência adequada às vítimas, preparando comunidade, organizações

governamentais e não governamentais para construir e fortalecer redes de

apoio às vítimas, para que possam superar o trauma e seguir com suas vidas

em novo patamar de dignidade.

A proposta desse estudo é investigar o potencial dos moradores do

bairro Vila Terezinha para a diminuição das incidências de violência contra a

mulher, trazendo discussões relevantes como o papel dos vizinhos na

sensibilização dos moradores sobre a problemática em questão.

A escolha do tema encontra-se relacionada a um percurso acadêmico e

profissional, em que elegemos como loco de estudo o bairro Vila Terezinha,

(16)

Paulo. É um bairro onde os moradores vivem em situação de pobreza e,

segundo dados do IBGE, possui alto índice de violência doméstica contra a

mulher. Na escolha do tema, além de buscar conhecer o motivo pelo qual os

moradores não interferem nas brigas de casais vizinhos, movia-nos o interesse

de mudanças nos números de casos de violência contra a mulher a partir da

decisão do Supremo Tribunal Federal, que reconheceu a constitucionalidade

de três importantes artigos da Lei Maria da Penha.

Busca-se na presente dissertação, portanto, entender os motivos, a

partir de uma análise científica dos aspectos econômicos, políticos, sociais e

culturais, que influenciam na não intervenção dos moradores quando se

deparam com casos de violência contra a mulher, criando barreira entre o

campo do público e do privado.

Uma série de questões nortearam nossos interesses, mas,

especialmente, interessou-nos entender o motivo pelo qual os vizinhos não

interferiam nas brigas entre os casais e, sobretudo entender a razão dessa

passividade.

Todavia, numa primeira constatação, pode-se afirmar que os estudos

sobre a interferência dos vizinhos nas brigas entre casais são quase

inexistentes, muito pouco se tem escrito. Sendo escassas as pesquisas que se

dedicam ao estudo e a análise de políticas públicas para as mulheres onde

incluam os vizinhos como participantes para a diminuição das incidências de

violência contra a mulher, esta lacuna leva a refletir, entre outros aspectos,

sobre a raridade de análises sobre a discussão acerca da intervenção dos

vizinhos nas brigas entre casais.

Assim, para subsidiar o estudo sobre o tema proposto pela pesquisa,

fez-se necessário realizar um levantamento bibliográfico com o objetivo de

conhecer as publicações existentes sobre a intervenção dos moradores de

bairro em briga de casais, especialmente violência doméstica contra a mulher.

Optamos por realizar uma consulta exploratória aos ensaios, pesquisas e

(17)

violência doméstica, cultura. Posteriormente, utilizando-se da mesma

metodologia, foram consultados periódicos referentes ao assunto.

Nessa busca de subsídios para o estudo mereceram atenção especial,

considerando os últimos 5 anos, os periódicos de psicologia, serviço social,

psicologia comunitária, psicologia social e ciências sociais de maior circulação

no país.

Objetivo geral

Esta pesquisa se propõe estudar qual a predisposição dos moradores do

bairro Vila Terezinha para atuarem como possíveis atores na diminuição das

incidências de violência contra a mulher.

Objetivos específicos

a) Investigar o conceito de violência contra a mulher conhecido pelos

moradores;

b) Investigar questões culturais que impedem que os moradores

interfiram nas brigas de casais;

c) Investigar iniciativas de reflexão sobre a violência contra a mulher na

comunidade e a construção de práticas solidárias entre os

moradores;

d) Entender como se dão as relações interpessoais entre os moradores

do bairro Vila Terezinha;

No intuito de responder aos objetivos e às indagações que permeiam

esta investigação, a dissertação está estruturada da seguinte forma:

Uma introdução contendo a descrição do plano de pesquisa e o

delineamento metodológico do estudo.

No primeiro capítulo aborda-se a violência contra a mulher:gênese,

conceituação, realidade no Brasil e o marco de luta pelo fim da violência contra

(18)

O segundo capítulo busca detalhar a Lei 11.340/2006 (Lei Maria da

Penha): breve relato e constitucionalidade, com ênfase na decisão de 2012 do

Supremo Tribunal Federal.

O terceiro capítulo analisa a mulher na cultura popular. Após conceituar

cultura popular e identificar a imagem da mulher nesta visão, aborda-se a

construção social da mulher mediante um breve histórico da mulher na cultura

machista.

No quarto capítulo são apresentados os procedimentos metodológicos e

os caminhos da pesquisa, como método da pesquisa, campo de investigação,

relatos sobre Vila Terezinha, critérios para seleção, procedimento para as

entrevistas e entrevistados.

No quinto capítulo são efetuadas as análises e as interpretações dos

dados para, finalmente, serem apresentadas as considerações finais e as

(19)

1 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Estão ocorrendo grandes mudanças nas relações familiares,

principalmente no que tange aos vínculos conjugais. Surgiram nas últimas

décadas novas formas de comportamento e relacionamentos entre os sexos.

Essas novas transformações estão ligadas a mudanças no Estado, na

sociedade e na comunidade.

Supera-se cada vez mais a intransponibilidade da intimidade relacionada

à vida privada, sendo então possível dar visibilidade à violência que antes

permanecia oculta, entendendo-a como violação aos Direitos da Pessoa

Humana, pouco importa se cometida no âmbito privado, no âmbito da família.

Com essa visibilidade surge a necessidade em denunciar, já que se encontra

exacerbada entre os diversos grupos sociais, muitas vezes na roupagem de

uma violência gratuita. As alterações percebidas nas relações sociais

apresentam oscilações, ora apresentando avanços e ora retrocessos, não

encontrando formas eficazes de lidar com o problema.

Nesse contexto inserimos a violência contra a mulher, que esteve

sempre presente e apresenta também esta oscilação, aparecendo com maior

ou menor intensidade nas diferentes épocas, como um fenômeno mundial

perpassando todas as culturas, etnias, economias, regimes políticos e

ultimamente, infelizmente, ainda apresentando índices elevados.

A violência contra a mulher é um gravíssimo problema que traz inúmeras

consequências a sociedade, dentre elas as sequelas físicas e psicológicas nas

vítimas.

A violência contra a mulher é uma das mais cruéis e está relacionada a fatores culturais, sendo ‘mais frequente em países de uma prevalecente cultura masculina e menor em culturas que buscam soluções igualitárias para as diferenças de gênero’. (BLAY, 2003, p. 87, apud TAVARES, 2011, p.2).

Quando essa violência ocorre no bojo da família, instituição considerada

(20)

as pessoas sentem-se envergonhadas em admitir que um membro dessa

família pratique violência. Tal fato gera uma modalidade de violência em que

geralmente é criado um código de silêncio. Ninguém fala sobre o assunto.

É inacreditável admitir que dentro do próprio lar a mulher sofra agressão

por parte de seu companheiro, pois essa prática de violência é contrario o que

se espera, uma vez que o espaço domiciliar é visto como sagrado.

As situações de violência contra a mulher resultam, principalmente, da relação hierárquica estabelecida entre os sexos, sacramentada ao longo da história pela diferença de papéis instituídos socialmente a homens e mulheres, fruto da educação diferenciada. Assim, o processo de ’fabricação de machos e fêmeas’, desenvolve-se por meio da escola, família, igreja amigos, vizinhança e veículos de comunicação em massa. Sendo assim, aos homens, de maneira geral, são atribuídas qualidades referentes ao espaço público, domínio e agressividade. Já às mulheres foi dada a insígnia de ‘sexo frágil’, pelo fato de serem mais expressivas (afetivas, sensíveis), traços que se contrapõem aos masculinos e, por isso mesmo, não são tão valorizados na sociedade. (AZEVEDO, 1985)

As mulheres são vítimas de violência de toda a ordem, física,

psicológica, sexual, patrimonial e moral, desde a mais sutil a mais cruel forma

de violação de seus direitos humanos.

A violência contra as mulheres é o tipo mais generalizado de abuso dos Direitos Humanos no mundo, apesar de ser pouco reconhecido. Muitas sociedades do mundo têm instituições sociais que legitimam, obscurecem ou negam esse tipo de agressão; o silêncio em torno do espaço intrafamiliar favorece a prática e a recorrência da violência. (MARCONDES, 2010, p.8)

A violência contra a mulher é mitificada como se fosse uma prática

apenas dos homens pobres. Mas não podemos afirmar que todos os homens

que agridem as mulheres sejam desempregados e/ou tenham ocupação com

baixa remuneração.

O fenômeno da violência de gênero, como é chamada a violência contra

a mulher, ignora as fronteiras da classe social e de raça/etnia. Podemos afirmar

que o número de violência nas classes pobres aparece mais por ser mais

(21)

dificilmente as pessoas comparecem nas delegacias para que seja realizada a

denúncia.

Muitas vezes o tema é tratado como se fosse um problema muito distante, e não fizesse parte das preocupações das pessoas de bem: um fruto das desigualdades econômicas, algo que ocorre com as pessoas pobres, que moram longe e que vivem alcoolizadas e drogadas. Não há dúvidas de que quando se vive em condições precárias, tudo se torna mais difícil - até mesmo a violência contra as mulheres, mas a ideia de que são os pobres ou os alcoolizados que espancam suas mulheres é relativamente falsa. Em qualquer classe social há a violência contra a mulher. O fenômeno pode acontecer com qualquer mulher, com qualquer casal..(TELES & MELO, 2013, pgs. 9 e 10)

Para desmitificar a ideia que só os pobres e/ou alcoolistas agridem suas

esposas, serão apresentados alguns casos envolvendo pessoas da classe rica,

como o crime ocorrido no dia 20 de agosto de 2000, no município de Ibiúna,

cidade do interior do Estado de São Paulo.

O jornalista Pimenta Neves, diretor do jornal Estado de São Paulo,

assassinou sua ex-namorada, a também jornalista Sandra Gomide,

simplesmente por esta não aceitar reatar o namoro com ele. Ambos eram

brancos, de classe rica, com formação e bem informados.

Pimenta Neves não se encontrava alcoolizado nem a matou por um descuido. Planejou cuidadosamente o assassinato de Sandra. Saiu de casa com sua arma disposto a matá-la se não conseguisse o intento de tê-la de volta como namorada. (TELES & MELO, 2013, p. 10).

1.1 Gênese

O presente item tem como objetivo buscar analisar como o papel da

mulher na sociedade tem mudado de posição em relação às décadas

anteriores, pois o que predominava era a ideologia machista que via a mulher

(22)

Na idade antiga as mulheres eram consideradas como seres inferiores,

já na idade média eram classificadas como os “portões do inferno”, sendo

vítimas de preconceitos e violências de toda ordem. Esses padrões de

comportamento, até pelo fato de a história ser sempre de longa duração,

persistem culturalmente até os dias atuais, sendo que em alguns casos ocorre

mesmo uma “naturalização”, ou seja, fatos que são meramente culturais

passam a ser entendidos como pertencentes à própria natureza humana,

ficando ainda mais difícil de serem debelados do comportamento social. A ideia

de a mulher ser um sexo frágil é uma delas.

Vivemos em uma sociedade culturalmente preconceituosa e machista,

onde a mulher esteve por muitos séculos subordinada a princípio a seu pai e

posteriormente a seu marido, sendo a responsável por executar as tarefas do

lar (lavar, passar, cozinhar, entre outras atividades) e pelos filhos (cuidando

desde sua alimentação até sua educação), além de terem o dever de serem

obedientes e dedicadas a seu marido.

Toda mulher que pretende falar de si e de sua posição na própria cultura pode narrar a sua história de menina, de adolescente, de mocinha e a história daquilo que imagina ter sofrido por causa de seu sexo, mas por mais longe que consiga recuar suas recordações, descobrirá que sempre existe uma zona obscura, os primeiros anos da infância, sobre a qual não sabe dizer nada, e que é a matriz de suas dificuldades posteriores. (BELOTTI, 1975, p.8)

1.2 Conceituando violência contra a mulher

Existem várias definições sobre violência; mas analisando estudos

realizados por pesquisadores que trabalham na área que a definem, não

encontramos uma unanimidade.

MINAYO (1994) diz que a violência, em termos gerais, é um complexo e

dinâmico fenômeno bio-psico-social, cujo espaço de criação e desenvolvimento

é a vida em sociedade, sendo assim uma ação que não faz parte da natureza

(23)

Diferenciando os conceitos anteriores, ROJA (1997) conceitua violência

como o uso intencionado da força física contra um semelhante, com o

propósito de ferir, abusar, roubar, humilhar, dominar, ultrajar, torturar, destruir

ou causar morte.

Para TELES (2012), violência em seu significado mais frequente quer

dizer o uso da força física, psicológica ou intelectual para obrigar outra pessoa

a fazer algo que não está com vontade; é constranger, é tolher a liberdade, é

incomodar, é impedir a outra pessoa de manifestar seu desejo e sua vontade,

sob pena de viver gravemente ameaçada ou até mesmo ser espancada,

lesionada ou morta. É um meio de coagir, de submeter outrem ao seu domínio,

é uma violação dos direitos essenciais do ser humano.

Quando se fala de violência (SEIXAS & DIAS, 2013), pensa-se:

- Na conversão dos diferentes em desiguais;

- Em desigualdades nas relações entre superior e inferior;

- Em qualquer ação que trata o ser humano como objeto;

- Quando a ação ou a fala de alguém é impedida ou anulada.

Define-se que um indivíduo é considerado violento quando ele rompe o

pacto social existente (ADORNO, 1993, p.9) – apud SEIXAS & DIAS,2013).

Rompe com as regras, se não legítimas, pelo menos consideradas legais e

morais numa sociedade, em determinado momento de sua história.

A violência é pensada (SEIXAS & DIAS, 2013) sempre do ponto de vista

de relações de força expressas enquanto relações de dominação. Ou seja, são

relações em que as diferenças na sociedade são convertidas em relações

assimétricas e hierarquizadas, que implicam que a vontade de uns seja

submetida à vontade de outros. É nesse sentido que a ação é violenta. A

violência é, portanto, uma ação que envolve a perda da autonomia, de modo

que pessoas são privadas de manifestar a sua vontade, submetendo-a à

(24)

Ainda segundo as autoras supra mencionadas a violência não se

expressa apenas nessas relações entre as classes sociais, ela se expressa

também nas relações interpessoais. A violência está presente nas relações de

gênero, nas relações entre homens e mulheres, nas relações entre adultos e

crianças, nas relações entre brancos e negros, nas relações entre uma certa

identidade heterossexual e a chamada identidade homossexual.

Em referência a violência contra a mulher, é esta considerada qualquer

violência que tem por base o gênero que resulta ou pode resultar em danos ou

sofrimento de natureza física, sexual ou psicológica. Seja por ameaças,

coerção ou privação arbitrária da liberdade tanto na vida pública como privada.

A violência de gênero pode ser entendida como “violência contra a mulher”, expressão trazida a tona pelo movimento feminista nos anos 1970, por ser esta o alvo principal da violência de gênero. Enfim, são usadas várias expressões e todas elas podem ser sinônimos de violência contra a mulher. Vejamos. A própria expressão “violência contra a mulher” foi assim concebida por ser praticada contra pessoa do sexo feminino, apenas e simplesmente pela condição de mulher. Essa expressão significa a intimidação da mulher pelo homem, que desempenha o papel de seu agressor, seu dominador e seu disciplinador. (TELES & MELO, 2013, p. 17).

De acordo com a Convenção de Belém do Pará, que é a

Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra

a Mulher, adotada pela OEA em 1994, violência contra mulher é qualquer ação

ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como privado.

O termo violência contra a mulher inclui a violência doméstica, a

violência familiar e a violência conjugal. É importante salientar que violência

doméstica é aquela conduta que cause dano físico, psíquico ou sexual não só

à mulher, como a outras pessoas que coabitem na mesma casa, incluindo

empregados e agregados. No caso da violência familiar é esta mais específica,

abrangendo apenas as agressões físicas ou psicológicas entre membros da

mesma família, sejam residentes do espaço sócio habitacional ou não. Por fim,

mas não menos importante, é a violência conjugal. Esta deve ser entendida

(25)

namorada(o). Não se deve restringir a violência conjugal àquela praticada pelo

marido contra a esposa ou pela esposa contra o marido, embora sejam poucos

os casos conhecidos, pois sabemos que essas agressões se estendem aos

casais de namorados, seja um casal heterossexual ou homossexual, o que

desconstrói a ideia de que essa violência seja perpetrada apenas e

exclusivamente pelos homens contra as mulheres (esposas, companheiras ou

namoradas).

De acordo com a Declaração das Nações Unidas, de 1949, sobre a

Violência Contra a Mulher, aprovada pela Conferência de Viena em 1993, a

violência se constitui em “todo e qualquer ato embasado em uma situação de

gênero, na vida pública ou privada, que tenha como resultado dano de

natureza física, sexual ou psicológica, incluindo ameaças, coerção ou a

privação arbitrária da liberdade” (ADEODATO, 2005, p.2).

A violência contra a mulher é geralmente praticada pelo marido,

namorado ou companheiro, tanto pelos atuais como por aqueles cuja relação

ficou mal resolvida. Ocorrem várias formas de violência, algumas mais sutis, na

forma de ironia, chegando até ao cúmulo do homicídio. A violência contra a

mulher pressupõe que homens e mulheres têm uma participação social

desigual em função de sua condição sexual.

O conceito de violência de gênero deve ser entendido como uma relação de poder de dominação do homem e de submissão da mulher. Ele demonstra que os papéis impostos às mulheres e aos homens, consolidados ao longo da história e reforçados pelo patriarcado e sua ideologia, induzem relações violentas entre os sexos e indica que a prática desse tipo de violência não é fruto da natureza, mas sim do processo de socialização das pessoas. Ou seja, não é a natureza a responsável pelos padrões e limites sociais que determinam comportamentos agressivos aos homens e dóceis e submissos às mulheres. Os costumes, a educação e os meios de comunicação tratam de criar e preservar estereótipos que reforçam a ideia de que o sexo masculino tem o poder de controlar os desejos, as opiniões e a liberdade de ir e vir das mulheres. (TELES & MELO, 2013, p. 16).

O problema da violência física do homem contra a mulher está respaldado

(26)

1) Fatores estruturais: como uma dimensão possível da condição feminina.

Neste sentido, estudos históricos-antropológicos já evidenciam que as

mulheres são dotadas de uma existência relativa e dependente em

todas as esferas sociais. Logo, quando se trata de optar entre apanhar

ou garantir a subsistência pessoal e da prole, torna-se mais seguro

continuar apanhando;

2) Fatores ideológicos: como o braço forte do machismo, que legitima o

padrão de dominação do homem sobre a mulher, e o uso da força física

quando falham os mecanismos mais sutis de controle. O machismo

consiste em um sistema de crenças e valores, que se originaram a partir

de uma prática de relacionamento entre homens e mulheres, podendo

garantir a supremacia masculina. O machismo é uma ideologia

introjetada por homens e mulheres, e, assim como o feminismo,

engendra-se a partir de multiplicidade de fatores: um complexo quadro

psicossocial, político, econômico e cultural;

3) Fatores institucionais: como face oculta da família patriarcal. A relação

de dominação de um sexo sobre o outro torna-se legítima através da

institucionalização do patriarcado. A condição de desigualdade dos

papeis exercidos pelos membros e o excesso de poder nas mãos do

patriarca dão a família patriarcal o status de lócus privilegiado de violência doméstica, em que os conflitos são resolvidos por dominação

oculta (violência psicológica) ou explícita (violência física);

4) Fatores pedagógicos: como um efeito perverso da educação

diferenciada. A autora entende por educação diferenciada o processo de

“fabricação de machos e fêmeas”, ou seja, um processo psicossocial

que se desenvolve formal (escola) e informalmente, através da família,

Igreja, meios de comunicação de massa, em que ocorre a aprendizagem

(27)

SCHRAIBER (2005, et al) conceitua violência contra a mulher como atos

dirigidos contra a mulher que correspondem a agressões físicas ou sua

ameaça, maus-tratos psicológicos e abusos ou assédios sexuais.

Segundo a autora violência doméstica:

São atos cometidos por um membro da família ou pessoa que habite, ou tenha habitado, o mesmo domicílio. Nesse caso, as mulheres podem estar envolvidas como agredidas como quanto agressoras. Muitas vezes estão em ambas as situações, quando, por exemplo, sofrem violência do marido e batem nas crianças. (SCHRAIBER, 2005, et al, p.37).

BRAGHINI (2000), diz que a questão de violência doméstica é um

nódulo, um tema tabu, que perpassa todas as classes sociais.

A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher exerce um papel fundamental, uma vez que para a efetiva função de direitos é primeiro necessário reconhecimento dos direitos. (MARCONDES, 2010, p. 82).

Ademais, além das dimensões físicas, sexual e psicológica, agrega

ainda a dimensão patrimonial.

Para MARCONDES (2010, p. 82), essas violências podem ocorrer em

diversos espaços relacionais, tais como o doméstico, o do trabalho, o

institucional e outros, dentre os quais os dos conflitos armados.

A autora ainda tipifica e conceitua a violência contra a mulher. Por

violência física se entende aquela que é perpetuada no corpo da mulher por

meio de socos, empurrões, beliscões, mordidas e chutes, ou por meio de atos

ainda mais graves, como queimaduras, cortes e perfurações feitas com armas

brancas (facas, canivetes, estiletes) ou armas de fogo.

Na violência sexual a vítima é obrigada, em geral por meio de uso da

força, coerção ou ameaça, a manter relações ou a praticar atos sexuais que

não deseja. Muitas vezes o agressor é o próprio marido ou companheiro que se

(28)

mulher, uma vez que mantém com esta uma relação de casamento, namoro ou

companheirismo. Em outros casos, o agressor é o patrão, que usa de sua

relação de poder hierárquico de chefia para obrigar a funcionária a manter com

ele relações independentes de seu desejo – é a figura do assédio sexual.

Nestes casos, parece “natural” forçar a mulher a manter relações sexuais que

deseja. A vergonha ou o medo induz ao silêncio as mulheres e seus familiares.

Na violência psicológica a mulher tem sua autoestima atingida por

agressões verbais constantes: ameaças, insultos, comparações, humilhações e

ironia. Muitas vezes a mulher é proibida de se expressar, estudar, sair de casa,

trabalhar, escolher o que vestir etc. Esta forma de violência é, em geral, mais

sutil, mas não menos danosa. A consequência mais severa do abuso

psicológico é o enfraquecimento da capacidade de reagir ante a agressão.

A violência moral pode ser entendida como uma manifestação da

violência psicológica, uma vez que para violentar psicologicamente é

necessário também desmoralizar, colocar em dúvida a idoneidade moral da

mulher. Na interação entre homem e mulher, essa agressão moral é, de fato,

uma agressão psicológica. A violência moral consiste em calúnias, difamações

ou injúrias que afetam a honra ou a reputação da mulher. É comum nestes

casos que a ofensa sofrida se relacione ao exercício da sexualidade pela

mulher, tratando esse exercício como algo reprovável e sujo. Deve ser

entendida como uma forma de julgamento, controle e limitação da sexualidade

das mulheres. Trata-se, pois, da dupla moral que estabelece parâmetros

diferenciados e desiguais para homens e mulheres.

A violência patrimonial configura-se por ações ou omissões que

impliquem em dano, perda, subtração, destruição, retenção de objetos,

instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores, direitos ou

recursos econômicos destinados a satisfazer a necessidade da mulher. A

violência patrimonial, muitas vezes, é utilizada como forma de limitação da

liberdade da mulher, inclusive de ir e vir, na medida em que lhe são retirados

(29)

A Convenção de Belém adverte:

Os diferentes tipos de violência podem ocorrer tanto na vida pública como na privada, no intuito de destacar que a violência que ocorre na intimidade também é responsabilidade do Estado e da sociedade. Não há, então, uma violência pública nem uma privada, mas sim agressões que ocorrem em espaços muito mais específicos de interação entre as pessoas. (MARCONDES, 2010, p.83).

A Lei 11.340/2006 estabelece o conceito de violência contra as

mulheres:

Art. 5º - Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. (MARCONDES, 2010, p. 101).

1.3 Panorama nacional da violência contra a mulher

Segundo relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito,

presidida pela Deputada Federal Jô Morais (PCdoB/MG), investigações sobre a

violência contra a mulher já teve a atenção do Congresso Nacional em outras

oportunidades. Em 14 de março de 1992 houve a instalação de uma Comissão

Parlamentar de Inquérito (CPI) com o objetivo de investigar a questão de

violência contra a mulher, na ocasião presidida pela Deputada Federal Sandra

Itarling, tendo como relatora a também Deputada Federal Etevalda Grassi de

Menezes.

Essa comissão já apontava em sua conclusão alguns problemas no

enfrentamento à violência contra a mulher. Dentre elas as principais foram: a)

inúmeras dificuldades no tocante ao levantamento de dados sobre os índices

de violência quando solicitados às Delegacias da mulher e às Comarcas; b)

(30)

violência contra a mulher; c) dados incompletos ou que chegaram tardiamente

à CPI.

O relatório apontou que, em relação aos homicídios, a CPMI de 1992

trouxe dados alarmantes em Alagoas (24,8%), Espírito Santo (11,1%) e

Pernambuco (13,2).

Em 2003, conforme é apresentado pelo relatório, a CPMI da exploração

sexual contra crianças e adolescentes, presidida pela Senadora Patrícia

Saboya, tendo como relatora a Deputada Federal Maria do Rosário, apontou a

grave violação aos direitos humanos das crianças e dos adolescentes

submetidos à exploração sexual.

Em 2012, já passados 20 anos da realização da CPI da Violência contra

a mulher, e tendo em vista a crescente violência letal contra as mulheres, o

Congresso Nacional julgou pertinente a instalação de uma CPMI para

investigar a atual situação da violência contra a mulher.

Segundo o relatório, essa CPMI nasce no contexto em que a mais grave

forma de violência, o homicídio, aumentou nos últimos 30 anos. O relatório

destaca que conforme pesquisa realizada pelo Instituto Sangari, nos últimos 30

anos foram assassinadas no país perto de 91 mil mulheres, sendo que 43,5 mil

só na última década. O número de mortes anuais nesses 30 anos passou de

1.353 para 4.297, o que representa um aumento de 217,6%.

O relatório destaca ainda que, dentre 84 países pesquisados, o Brasil

ocupa a 7ª posição, com uma taxa de 4,4 homicídios em 100 mil mulheres,

atrás apenas de El Salvador (10,3), Trinidad e Tobago (7,9), Guatemala (7,9),

Rússia (7,1), Colômbia (6,2) e Belize (4,6).

O relatório traz uma reflexão de que mesmo tendo ocorrido mudanças

na vida das mulheres brasileiras, como aponta pesquisa realizada em 2011,

(31)

Destaque-se que em 2010 a Fundação Perseu Abramo ampliou a

pesquisa e, no que se refere à violência, não foram constatadas mudanças

significativas. Como em 2001, cerca de uma em cada cinco mulheres (hoje

18% antes 19%) afirmaram já ter sofrido alguma vez “algum tipo de violência

de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido”. Diante de 20

modalidades de violência citadas, no entanto, duas em cada cinco mulheres

(40%) já teriam sofrido alguma, ao menos uma vez na vida, sobretudo algum

tipo de controle ou cerceamento (24%), alguma violência psíquica ou verbal

(23%), ou alguma ameaça ou violência física propriamente dita (24%).

Comparando-se a 2001, quando apenas 12 modalidades de violência haviam

sido investigadas, a taxa de mulheres que já sofreram alguma violência caiu de

43% para 34%, mais especificamente a taxa agregada de violências ou

ameaças físicas oscilou de 28% para 24% e a de violência psíquica caiu de

27% para 21%. Isoladamente, entre as modalidades mais frequentes, 16% das

mulheres já levaram tapas, empurrões ou foram sacudidas (20% em 2001),

16% sofreram xingamento e ofensas recorrentes relacionada a sua conduta

sexual (antes 18%) e 15% foram controladas a respeito de aonde iriam e com

quem sairiam.

O referido relatório aponta que além de ameaças de surras (13%), uma

em cada dez mulheres (10%) já foi espancada ao menos uma vez na vida

(respectivamente 12% e 11% em 2001), considerando-se a última vez em que

essas ocorrências teriam se dado e o contingente de mulheres representadas

nos dois levantamentos, o número de brasileiras espancadas permanece

altíssimo, mas decresceu de uma a cada 15 segundos para uma em 24

segundos, ou de 8 para 5 mulheres espancadas a cada 2 minutos.

Frente a todo o problema enfrentado pelas mulheres no tangente a

violência em 2013, a CPI do tráfico de pessoas, do Senado Federal, presidida

pela Senadora Vanessa Grazzioutin (PCdoB/AM) e tendo como relatora a

também Senadora Lídice da Mata (PSB/BA) destacou a necessidade de

mudanças na legislação atual de modo a proteger as mulheres do tráfico e

(32)

O relatório da CPMI de 2012 traz um panorama assustador da violência

contra a mulher nos estados brasileiros.

Seguiremos por ordem alfabética de acordo com a formatação do

relatório da CPMI:

Acre

População: 733.559 (IBGE, censo 2010)

Número de municípios: 22 (IBGE, censo 2010)

IDH: 0,751 (PNUD, IDH 2005)

PIB: 8.477 milhões de reais (IBGE, Contas regionais do Brasil 2010)

Segundo o relatório da CPMI, o Estado do Acre ocupa uma área de

164.123,040 km2, equivalente a 1,92% do território nacional. 72% da população

vive em áreas urbanas. A capital, Rio Branco abriga cerca de 336 mil pessoas.

O Acre detém o 25º PIB do País e posiciona-se na 21ª colocação no

tocante ao índice de desenvolvimento humano de sua população. Seu PIB per

capita é de R$ 11.567,41.

População feminina: 365.235 (IBGE, censo 2010)

Data da assinatura do Pacto com a SPM: 14 de abril de 2009.

Posição no ranking de violência contra a mulher: ocupa o 14º lugar no

ranking nacional, com a taxa de 4,9 homicídios femininos por cem mil

mulheres, ao passo que Rio Branco é a 10ª capital mais violenta, com a taxa

de 6,4 (CEBELA, Mapa da Violência 2012)

Alagoas

População: 3.120.494 (IBGE, censo 2010)

Número de municípios: 102 (IBGE, censo 2010)

IDH: 0,677 (PNUD, IDH 2005)

PIB: 24.575 milhões de reais (IBGE, Contas regionais do Brasil 2010)

O Estado de Alagoas é a segunda menor unidade da federação,

ocupando 0,33% do território brasileiro e 1,79% do território nordestino, com

uma área total de 27.767,661 km2 . As cidades mais populosas são Maceió, Arapiraca, Palmeira dos Índios, Rio Largo, Penedo, União dos Palmares, São

(33)

Alegre. 73,6% de sua população concentram-se em área urbana, conforme o

Censo 2010 do IBGE. A capital abriga 29,9% da população do Estado.

População feminina: 1.608.727 (IBGE, censo 2010).

Data da assinatura do Pacto com a SPM: 23 de julho de 2009.

Posição no ranking de violência contra a mulher: Ocupa a 2ª posição no

ranking nacional, com taxa de 8,3 homicídios femininos, por cem mil mulheres.

Entre as capitais, Maceió ocupa a 3ª posição com taxa de 11,9 (CEBELA,

Mapa da Violência 2012)

Amapá

População: 669.526 (IBGE, censo 2010)

Número de municípios: 16 (IBGE, censo 2010)

IDH: 0,780 (PNUD, IDH 2005)

PIB: 8.266 milhões de reais (IBGE, Contas regionais do Brasil 2010)

O Estado do Amapá ocupa a área de 142.814 km2, 80% dos quais cobertos por floresta.

População feminina: 334.391 (IBGE, censo 2010)

Data da assinatura do Pacto com a SPM: 15 de maio de 2009.

Posição no ranking da violência contra a mulher: 16ª lugar no ranking

nacional, com a taxa de 4,8 homicídios femininos a cada cem mil mulheres. A

capital, Macapá, é a 9ª mais violenta do País, com a taxa de 6,4 homicídios

femininos a cada cem mil mulheres. Entretanto nenhum dos municípios do

Estado se inclui entre os cem mais violentos do País (CEBELA, Mapa da

Violência 2012)

Amazonas

População: 3.483.985 (IBGE, censo 2010)

Número de municípios: 62 (IBGE, censo 2010)

IDH: 0,780 (PNUD, IDH 2005)

PIB: 59.779 milhões de reais (IBGE, Contas regionais do Brasil 2010)

O Estado do Amazonas ocupa uma área de 1.559.159,148 km2 equivalente a 18,5% do território nacional. A capital Manaus concentra boa

(34)

População feminina: 1.730.806 (IBGE, censo 2010)

Data da assinatura do Pacto com a SPM: 23 de novembro de 2009.

Posição no ranking da violência contra a mulher: O Estado do Amazonas

ocupa o 23º lugar no ranking nacional, com taxa de 3,8 homicídios femininos

por cem mil mulheres, ao passo que Manaus é a 20ª capital mais violenta, com

a taxa de 5,2 (CEBELA, Mapa da Violência 2012).

O município de Coari está incluído entre os cem mais violentos do País

de acordo com o Mapa da Violência de 2012.

População feminina: 36.489.

Posição no ranking: 99ª.

Taxa de homicídio feminino (em 100 mil mulheres): 8,2.

Bahia

População: 14.016.906 (IBGE, censo 2010)

Número de municípios: 417 (IBGE, censo 2010)

IDH: 0,742 (PNUD, IDH 2005)

PIB: 154.340 milhões de reais (IBGE, Contas regionais do Brasil 2010)

O Estado da Bahia ocupa a área de 564.773,177 km2 equivalente a 6,63% do território nacional. 72% das pessoas vivem em áreas urbanas. A

capital, Salvador, abriga cerca de 2,7 milhões de habitantes.

População feminina: 7.138.640 (IBGE, censo 2010)

Data da assinatura do Pacto com a SPM: 30 de junho de 2008.

Posição do Estado no ranking de violência contra a mulher: ocupa o 6º

lugar no ranking nacional, com a taxa de 6,1 homicídios femininos por cem mil

mulheres, ao passo que Salvador é a 5ª capital mais violenta, com a taxa de

8,3 (CEBELA, Mapa da Violência 2012).

Tabela 1- Os municípios da Bahia incluídos entre os cem mais violentos do País: Posição

no ranking

Município População

feminina

Taxa de homicídio

feminino (em 100

mil mulheres)

3º Porto Seguro 63.440 22,1

4º Simões Filho 60.034 21,7

(35)

10º Teixeira de Freitas 70.264 18,5

16º Eunápolis 50.800 15,7

24º Santo Amaro 30.045 13,3

27º Itamaraju 31.069 12,7

32º Jacobina 40.919 12,2

33º Itabuna 107.731 12,1

36º Dias d’Avila 33.622 11,9

39º Candeias 42.844 11,7

41º Ilhéus 94.796 11,6

50º Valença 45.142 11,1

59º Paulo Afonso 56.426 10,6

63º Jequié 78.283 10,2

92º Itapetinga 34.824 8,6

94º Salvador 1.426.759 8,3

Fonte: (CEBELA, Mapa da Violência 2012)

Ceará

População: 8.448.055 (IBGE, censo 2010)

Número de município: 184 (IBGE, censo 2010)

IDH: 0,726 (PNUD, IDH 2005)

PIB: 77.865 milhões de reais (IBGE, Contas regionais do Brasil, 2010)

O Estado do Ceará ocupa a área de 148.825,6 km2 equivalente a 1,74% do território nacional. 75% da população vivem em áreas urbanas. A capital

Fortaleza concentra boa parte dos moradores, abrigando cerca de 2,5 milhões

de pessoas.

População feminina: 4.332.293 (IBGE, censo 2010)

Data da assinatura do Pacto com a SPM: 18 de dezembro de 2008.

Posição no ranking de violência contra a mulher: ocupa o 22º lugar no

ranking nacional, com a taxa de 4,0 homicídios femininos por cem mil

mulheres, ao passo que Fortaleza é a 16ª capital mais violenta, com a taxa de

5,6 (CEBELA, Mapa da Violência 2012).

Tabela 2- Os municípios do Ceará incluídos entre os cem mais violentos do País:

(36)

ranking feminina feminino (em 100 mil

mulheres)

13º Barbalha 28.419 17,6

51º Quixeramobim 36.158 11,1

Fonte: (CEBELA, Mapa da Violência 2012)

Distrito Federal

População: 2.570.160 (IBGE, censo 2010)

PIB: 149.906 milhões de reais (IBGE, Contas regionais do Brasil 2010)

População feminina: 1.341.280 (IBGE, censo 2010)

Data da assinatura da repactuação com a SPM: 5 de março de 2012.

Posição no ranking de violência contra a mulher: O Distrito Federal

ocupa o 8º lugar no ranking nacional, com a taxa de 5,8 homicídios femininos

por cem mil mulheres, taxa idêntica a de Brasília, que se posiciona em 17º

lugar no ranking das capitais mais violentas para as mulheres (CEBELA, Mapa

da Violência 2012)

Espírito Santo

População: 3.514.952 (IBGE, censo 2010)

Número de municípios: 78 (IBGE, censo 2010)

IDH: 0,765 (IPEA, IDH 2000)

PIB: 82.121 milhões (IBGE, censo 2010)

A localização geográfica da população capixaba se configura em 83,4%

na área urbana e 16,6% na área rural. As mulheres representam 50,8% da

população. Dentre elas 42,9% estão no meio urbano e 7,81% no meio rural.

População feminina: 1.783.734 (IBGE, censo 2010)

Data da assinatura do Pacto com a SPM: 17 de dezembro de 2008 e

repactuado em 16 de setembro de 2011.

Posição no ranking de violência contra a mulher: O Espírito Santo ocupa

o 1º lugar no ranking nacional, com a taxa de 9,8 homicídios femininos por cem

mil mulheres. Vitória é a 1ª capital mais violenta do País, com 13,2 homicídios

(37)

Tabela 3- Os municípios do Espírito Santo incluídos entre os cem mais violentos do País-(Em municípios com mais de 26 mil mulheres em 2010)

Posição no

ranking

Município População feminina Taxa de homicídio

feminino (em 100

mil mulheres)

7º Serra 207.852 19,7

14º Aracruz 41.037 17,1

19º Cariacica 178.780 14,0

29º Vila Velha 215.440 12,5

84º São Mateus 55.098 9,1

90º Colatina 57.497 8,7

Fonte: CEBELA/FLASCO, Mapa da Violência 2012.

Goiás

População: 6.003.788 (IBGE, censo 2010)

Número de municípios: 246 (IBGE, censo 2010)

IDH: 0,800 (IPEA, IDH 2000)

PIB: 97.576 milhões (IBGE, Contas regionais do Brasil 2010)

A maior concentração da população é urbana.

População feminina: 3.022.503 (IBGE, censo 2010)

Data da assinatura do Pacto com a SPM: 24 de março de 2009.

Posição no ranking de violência contra a mulher: Goiás ocupa a 9ª

posição no ranking nacional, com a taxa de 5,7 homicídios femininos por cem

mil mulheres. Goiânia é a 7ª capital mais violenta do País, com 6,8 homicídios

femininos a cada cem mil mulheres. (CEBELA/FLASCO, Mapa da Violência

2012).

Tabela 4- Os municípios de Goiás incluídos entre os cem mais violentos do País (em municípios com mais de 26 mil mulheres em 2010)

Posição no

ranking

Município População

feminina

Taxa de homicídio

feminino (em 100 mil

mulheres)

20ª Formosa 50.126 14,0

21ª Jataí 44.045 13,6

(38)

42 Rio Verde 83.394 11,6

88ª Águas Lindas de

Goiás

79.652 8,8

Fonte: CEBELA/FLASCO, Mapa da Violência 2012.

Maranhão

População: 6.574.789 (IBGE, censo 2010)

Número de municípios: 217 (IBGE, censo 2010)

IDH: 0,636 (IPEA, IDH 2000)

PIB: 45.256 milhões de reais (IBGE, Contas regionais do Brasil 2010)

O Estado do Maranhão ocupa a área de 331.937,450 Km2, equivalente a 3,89% do território nacional. 63% dos habitantes se concentram em áreas

urbanas. A capital São Luiz abriga cerca de um milhão de pessoas.

População feminina: 3.313.274 (IBGE, censo 2010)

Data da assinatura do Pacto com a SPM: 8 de julho de 2008.

Posição no ranking de violência contra a mulher: O Estado do Maranhão

ocupa o 24º lugar no ranking nacional, com a taxa de 3,5 homicídios femininos

por cem mil mulheres, ao passo que São Luiz é a 12ª capital mais violenta,

com a taxa de 6,3 homicídios femininos a cada cem mil mulheres. (CEBELA,

Mapa da Violência 2012)

Tabela 5- Os municípios do Maranhão incluídos entre os cem mais violentos do País:

Posição no

ranking

Município População

feminina

Taxa de

homicídio

feminino (em 100

mil mulheres)

22ª Açailândia 51.932 13,5

35ª Balsas 41.954 11,9

95ª Santa Luzia 36.344 8,3

Fonte: CEBELA, Mapa da Violência 2012.

Mato Grosso

População: 3.035.122 (IBGE, censo 2010)

(39)

IDH: 0,773 (IPEA, IDH 2000)

PIB: 59.600 milhões de reais (IBGE, censo 2010)

O Estado do Mato Grosso compreende aproximadamente 10% de

território nacional, ocupando uma área de 903.357 Km2, mas conta com apenas 1,59% da população do País.

83% da população vive na zona urbana e 16,72% vive na zona rural.

População feminina: 1.549.536 (IBGE, censo 2010)

Data da assinatura do Pacto com a SPM: 31 de março de 2010.

Posição no ranking de violência contra a mulher: O Estado do Mato

Grosso ocupa o 11º lugar no ranking nacional, com a taxa de 5,4 homicídios

femininos por cem mil mulheres, ao passo que Cuiabá é a 23ª capital mais

violenta, com a taxa de 3,5 homicídios femininos por cem mil mulheres.

(CEBELA, Mapa da Violência 2012)

Não há municípios do Mato Grosso entre os cem mais violentos do País.

(CEBELA, Mapa da Violência 2012).

Mato Grosso do Sul

População: 2.449.024 (IBGE, censo 2010)

Número de municípios: 78 (IBGE, censo 2010)

IDH: 0,778 (IPEA, IDH 2000)

PIB: 43.514 milhões de reais (IBGE, Contas regionais do Brasil 2010)

O Estado do Mato Grosso do Sul ocupa uma área de 357.145.532 Km2,

equivalente a 4,1% do território nacional.

85,6% de sua população está concentrada em áreas urbanas,

principalmente na capital Campo Grande, cerca de 790 mil pessoas.

População feminina: 1.229.96 (IBGE, censo 2010)

Data da assinatura do Pacto com a SPM: 5 de março de 2009.

Posição no ranking de violência contra a mulher: O Estado do Mato

Grosso do Sul ocupa o 5º lugar no ranking nacional, com a taxa de 6,1

homicídios femininos por cem mil mulheres, sendo que Campo Grande é a 19ª

capital mais violenta, com a taxa de 5,4 homicídios femininos por cem mil

(40)

Tabela 6- Os municípios do Mato Grosso do Sul incluídos entre os cem mais violentos do País:

Posição no

ranking

Município População

feminina

Taxa de homicídio

feminino (em 100 mil

mulheres)

12ª Ponta Porã 39.380 17,8

Fonte: CEBELA, Mapa da Violência 2012.

Minas Gerais

População: 19.597.330 (IBGE, censo 2010)

Número de municípios: 853 (IBGE, censo 2010)

IDH: 0,773 – o 9º maior do País (IBGE, censo 2010)

PIB: 351,381 bilhões de reais (IBGE, Contas regionais do Brasil, 2010)

População feminina: 9.9555.453.

Data da assinatura do Pacto com a SPM: 26 de novembro de 2008.

Posição no ranking de violência contra a mulher: O Estado de Minas

Gerais ocupa a 19ª colocação nesse ranking, com a taxa de 3,9 homicídios a

cada cem mil mulheres. Belo Horizonte é a 13ª capital mais violenta do País,

com taxa de 6,2 homicídios feminino a cada cem mil mulheres. (CEBELA,

Mapa da Violência 2012).

Tabela 7- Os municípios de Minas Gerais incluídos entre os cem mais violentos do País:

Posição no

ranking

Município População

feminina

Taxa de homicídio

feminino (em 100

mil mulheres)

8ª Patrocínio 40.352 19,7

47ª Coronel Fabriciano 53.659 11,2

48ª Vespasiano 53.521 11,2

49ª Nova Serrana 35.632 11,2

53ª Betim 191.737 11,0

69ª Esmeraldas 30.001 10,0

80ª Paracatu 42.248 9,5

Imagem

Tabela 1- Os municípios da Bahia incluídos entre os cem mais violentos do País:
Tabela 2- Os municípios do Ceará incluídos entre os cem mais violentos do País:
Tabela 3- Os municípios do Espírito Santo incluídos entre os cem mais violentos do País-(Em  municípios com mais de 26 mil mulheres em 2010)
Tabela 5- Os municípios do Maranhão incluídos entre os cem mais violentos do País:
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