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A Importância da Competência Cultural nos Cuidados da Saúde

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A Importância da Competência Cultural nos Cuidados da Saúde

Organizational Behavior in Health

Must University/2018

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Objetivos de Aprendizagem

• Conhecer a influência da cultura e das mudanças demográficas dos EUA;

• Entender como essas mudanças afetam a indústria de cuidados da saúde.

A Importância da Competência Cultural nos Cuidados da Saúde

Conteúdo organizado por Marcia Eloisa Avona do livro Organization Behavior

in Health Care, publicado em 2016 por Burlington: Jones & Bartlett Learning.

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Introdução

A demografia da população dos EUA mudou dramaticamente nas últimas três décadas. Dados obtidos do Censo de 2010 apontam que, além de a

população estar se tornando cada vez mais velha, há uma diminuição do número de jovens na América, o que terá um efeito direto sobre a capacidade de a indústria recrutar profissionais de saúde para prestar

serviços suficientes no futuro. Os jovens de todas as etnias devem ser atraídos para a indústria de cuidados de saúde como uma escolha de carreira, a fim de atender às necessidades de saúde da população de crescimento do país.

Implicações para a Indústria de Saúde As mudanças demográficas da

população da América afetam a saúde da indústria de duas formas. Primeiro, profissionais e organizações de saúde precisam ter competência cultural e linguística para prestar serviços eficazes e eficientes de saúde para

diversas populações de pacientes. Tem-

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se definido competência linguística como “a capacidade que uma organização e seu pessoal têm de comunicar-se de maneira eficaz e transmitir informações de uma forma que seja facilmente compreendida pelos diversos públicos, incluindo pessoas de limitada proficiência em inglês e aqueles que tenham baixo nível de alfabetização ou não sejam alfabetizados, e também pessoas com deficiência”

(GOODE; JONES, 2004). 

A competência cultural em exemplos práticos:

1. Um homem, pobre, negro, não hispânico, dependente de insulina, foi tratado em uma clínica de fronteira. Mais tarde, ele foi trazido de volta para a clínica em coma diabético. Ao ser questionado se tinha seguido as instruções,

respondeu afirmativamente. Então a enfermeira, cujo idioma é o espanhol, pediu-lhe para mostrar a ela como ele o tinha feito. Ela se assustou quando o paciente começou a injetar insulina em uma laranja e comê-la.

2. Enquanto Maria (uma idosa, que se comunicava apenas em espanhol) estava sendo preparada para uma cirurgia, sua intérprete (uma jovem parente) foi chamada por uma enfermeira de língua inglesa para que repassasse a Maria a mensagem de que

o cirurgião escolhido era o melhor em seu campo e que, por isso, ela passaria bem

1

pelo procedimento cirúrgico. A jovem intérprete traduziu o que foi dito desta forma: “a enfermeira disse que o médico sempre faz o melhor dele quando está no trabalho e que, quando a cirurgia acabar, você vai ter de pagar uma multa

2

!”

1 Fine, em inglês.

2 Também fine, em inglês. Uma vez que fine em inglês é um termo polissêmico, ele pode, a depender do contexto, ser traduzido (tanto para o espanhol quanto para o português) pelo substantivo “multa” e também pelo advérbio “bem”, razão pela qual houve, por parte da jovem, o erro de interpretação mencionado.

As diferenças culturais entre prestadores e pacientes afetam a relação entre

ambos. Em razão de a população americana estar cada vez mais diversificada, os

profissionais da saúde precisam se preocupar com a sua competência cultural.

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O corpo docente e os alunos devem não só demonstrar uma compreensão da maneira pela qual as pessoas de diversas culturas e sistemas de crenças percebem saúde e doença e respondem aos vários sintomas, doenças e tratamentos. É

fundamental aprender a reconhecer de forma adequada preconceitos culturais e, ao mesmo tempo, considerar primeiro a saúde do paciente.

Durante a última década, o Commonwealth Fund, uma associação

intergovernamental que é composta por 54 países e que auxilia os grupos da sociedade civil no que diz respeito à promoção da democracia, do

desenvolvimento e do entendimento cultural, tem liderado esforços para eliminar as barreiras culturais e linguísticas entre os prestadores de cuidados de saúde e

pacientes, que podem interferir com a prestação eficaz dos serviços de saúde. Além disso, também promove programas educacionais que auxiliam profissionais de

saúde a compreender a importância da comunicação entre pacientes culturalmente diferentes e seus médicos, as tensões entre medicina moderna e crenças culturais e os problemas em curso de discriminação racial e étnica (COMMONWEALTH FUND, 2003). 

Os objetivos desse programa são:

1. Melhorar a relação entre pacientes e profissionais de saúde, que muitas vezes têm diferentes perspectivas, valores e crenças sobre saúde e doença, o que pode gerar conflitos, especialmente quando a comunicação é limitada por barreiras linguísticas e culturais.

2. Familiarizar-se com os tipos de questões e desafios que são particularmente importantes no cuidado de pacientes de diferentes origens culturais.

3. Conscientizar que cada paciente deve ser visto como um indivíduo, com muitas influências sociais, culturais e pessoais diferentes, em vez de usar estereótipos gerais sobre grupos culturais.

4. Entender como a discriminação e desconfiança afetam a interação dos pacientes com médicos e o sistema de saúde.

5. Desenvolver um maior senso de curiosidade, empatia e respeito para com

os pacientes que são culturalmente diferentes, e desenvolver melhores

habilidades de comunicação e negociação.

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O Instituto de Medicina (2004) descobriu que a diversidade racial e étnica é importante para os profissionais de saúde porque: 

1. pacientes que provêm de minorias e que têm uma escolha são mais propensos a selecionar profissionais de saúde de sua própria raça ou origem étnica. Além disso, os pacientes de minorias raciais e étnicas são geralmente mais satisfeitos com o atendimento que recebem de profissionais minoritários;

2. a diversidade em ambientes de treinamento de profissionais de saúde pode ajudar nos esforços para melhorar o treinamento transcultural e competências de todos os formandos.

Vale destacar que, em 2014, a Joint Commission implementou normas de

comunicação de acreditação centradas no paciente, as quais exigem hospitais que atendam a certos itens relacionados a qualificações para intérpretes de língua e tradutore, identificando e abordando as necessidades de comunicação dos pacientes, coletando dados de raça e etnia do paciente, o acesso do paciente a uma pessoa de apoio, e a não discriminação nos cuidados ( JOINT COMMISSION, 2014).

Um estudo realizado em 2002 pelo Instituto de Medicina, intitulado Tratamento desigual: Confrontando disparidades raciais e étnicas nos cuidados da saúde,

descobriu que minorias raciais e étnicas dos Estados Unidos recebem ainda

menos procedimentos médicos de rotina e experimentam uma menor qualidade de serviços de saúde do que a maioria da população. Por exemplo, minorias são menos susceptíveis de receber medicações cardíacas apropriadas, de se submeter a cirurgia de ponte de safena, de receber diálise renal ou transplantes. Por outro lado, são mais propensos a receber certos procedimentos menos desejáveis, tais como amputações de membros inferiores para a diabetes (SMEDLEY; STITCH; NELSON, 2002) .

As recomendações do estudo para reduzir as disparidades raciais e étnicas nos

cuidados de saúde incluíram aumentar a consciência sobre as disparidades entre

o público em geral, prestadores de cuidados de saúde, seguradoras e os decisores

políticos.

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Governança, Liderança e Força de Trabalho

1. Fornecer cuidados e serviços que atendam a diversas crenças e práticas

culturais de saúde, línguas preferenciais, conhecimento sobre saúde e outras necessidades de comunicação efetiva, com qualidade, compreensão e

respeito.

2. Recrutar, promover e apoiar a diversidade cultural e linguística tanto dos líderes quanto dos demais funcionários (força de trabalho) que atuem nesta área.

3. Educar e treinar a governança, a liderança e a força de trabalho, de forma contínua, para políticas culturais e linguísticas adequadas.

Comunicação e Linguagem

4. Oferecer assistência linguística aos indivíduos que têm limitada proficiência em inglês e/ou que têm outras necessidades de comunicação, sem nenhum custo para eles, para facilitar o acesso oportuno a todos os cuidados e serviços de saúde.

5. Informar todos os indivíduos da disponibilidade de serviços de assistência de linguagem clara, em seu idioma preferido, nas modalidades verbal e escrita.

6. Assegurar a competência dos indivíduos que prestam assistência de linguagem, reconhecendo que o uso de indivíduos e/ou menores não treinados como

intérpretes deve ser evitado.

Engajamento, Melhoria Contínua e Responsabilidade

7. Estabelecer metas culturalmente e linguisticamente apropriadas, políticas e

prestação de contas de gestão, e infundir-las em todo o planejamento e nas

operações da organização.

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8. Obter dados demográficos precisos e confiáveis para monitorar e avaliar o impacto do atendimento.

9. Realizar avaliações periódicas dos ativos e das necessidades de saúde da comunidade, e usar os resultados para planejar e implementar serviços que respondam à diversidade cultural e linguística da população na área de serviço.

10. Formar parcerias com a comunidade para projetar, implementar e avaliar as políticas, práticas e serviços que garantam a adequação cultural e linguística.

Conclusão

Os Estados Unidos enfrentam uma tendência mundial: a de que a população mais velha cresce em grande número, graças aos recursos que a tecnologia aliada à área médica e aos tratamentos que proporcionam. Por outro lado, jovens precisam ser direcionados a se cativar pela referida área quando escolherem seus interesses nos estudos, de forma a atender à necessidade de contingente na saúde.

Paralelamente a isso, cresce também a necessidade de investir em questões culturais e de linguagem. Vários são os equívocos na comunicação em razão da dificuldade de compreensão, o que ocorre de vários lados – cuidador, profissionais e pacientes.

Essa situação requer ainda engajamento e responsabilidade de toda a equipe de

trabalho, voltando-se para ações que visem solucionar os problemas e investir na

melhoria contínua.

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Estudo de Caso

Um dentista recém-formado decidiu iniciar sua carreira numa cidade do interior do Amazonas, movido pelo idealismo de ajudar uma população

carente. Procurava sempre ser prático ao dar exemplos para seus pacientes. Por exemplo, para evitar hemorragia após extração de dente, ele dizia: “nada de café quente na boca”. Um dia, porém, um de seus pacientes chega com a boca toda inchada e, questionado, diz ter feito tudo direitinho: “tomei café quente e fui nadar...”. O caso demonstra que, ao se comunicar com pessoas de ambientes culturais diferentes do seu, é preciso se familiarizar com os usos costumes da localidade a fim de evitar termos que podem ter conotações distintas.

Adaptado de <www.grupodeseminario4.blogspot.com.br>

Saiba Mais

Para complementação do tema, leia a seguinte reportagem:

“Idioma ainda é principal dificuldade de imigrantes no Brasil”.

Disponível em: <https://exame.abril.com.br/brasil/idioma-ainda-e-

principal-dificuldade-de-imigrantes-no-brasil/>.

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Referências Bibliográficas

BORKOWSKI, N. Organization Behavior in Health Care. Third Edition. Burlington:

Jones & Bartlett Learning, 2016.

COMMONWEALTH FUND. Worlds apart: A film series on cross-cultural health care.

2003. Disponível em: <www.cmwf.org>.

Na ponta da língua

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INSTITUTE OF MEDICINE. In the nation’s compelling interest: Ensuring diversity in the health care workforce. Washington: National Academy Press, 2004.

SMEDLEY, B. D.; STITCH, A. Y.; NELSON, A. R. (eds.). Unequal Treatment:

Confronting Racial and Ethnic Disparities in Health Care. Washington: National Academy of Sciences, Institute of Medicine Committee on Understanding and Eliminating Racial and Ethnic Disparities in Health Care., 2002.

THE JOINT COMMISSION. A crosswalk of the National Standards for Culturally and Linguistically Appropriate Services (CLAS) in health and health care to The Joint Commission Hospital Accreditation Standards. July 2014. Disponível em: < www.

jointcommission.org/assets/1/6/Crosswalk-_CLAS_-20140718.pdf >.

Acesso em: 10 nov. 2017.

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ATIVIDADES DE AUTOESTUDO

1. A capacidade de uma organização para se comunicar de forma eficaz e transmitir informações que sejam facilmente

compreendidas pelos diversos públicos (pessoas com deficiência ou sem

escolaridade) corresponde à:

2. Nas últimas décadas a demografia da população dos EUA:

a) Capacidade linguística.

b) Competência linguística.

c) Competência organizacional.

d) Habilidade de comunicação.

a) Cresceu.

b) Diminuiu.

c) Cresceu inicialmente e depois diminuiu.

d) Não se alterou.

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3. O Commonwealth Fund é um programa que visa melhorar a integração constante entre:

a) Médicos e pacientes.

b) Comunidade e governo.

c) Governo e médicos.

d) Comunidade e área de enfermagem.

Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn:

Organization Behavior in Health Care Nancy Borkowski

Burlington: Jones & Bartlett Learning, 2016.

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