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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU HABITAÇÃO E SANEAMENTO DEFICITÁRIOS E A CONSEQÜÊNCIA PARA A HUMANIDADE

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INSTITUTOAVEZ DOMESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

HABITAÇÃO E SANEAMENTO DEFICITÁRIOS E A CONSEQÜÊNCIA PARA A HUMANIDADE

Rio de Janeiro Janeiro de 2008

Julio Cesar Correia França

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTOAVEZ DOMESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

HABITAÇÃO E SANEAMENTO DEFICITÁRIOS E A CONSEQÜÊNCIA PARA A HUMANIDADE

Rio de Janeiro Janeiro de 2008

Monografia referente ao Curso de Gestão Pública da Universidade Cândido Mendes Orientado por: Mary Sue Realizado por: Julio Cesar Correia França

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AGRADECIMENTOS

À Deus por toda a proteção que recebo, aos meus pais Ivan (in memorian) e Maria de Lourdes que sempre apoiaram os meus estudos, à minha esposa Marilene e filhos Maurício e Fabiano pelo incentivo por mais esta etapa de conhecimento e todos os professores do IVM pelos ensinamentos.

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DEDICATÓRIA

Àqueles sofredores, diante da inexistência de moradia que represente dignidade e conforto, umas das condições ideais para a formação da família.

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RESUMO

Este trabalho representa um histórico da habitação do homem, desde o início da civilização até a presente data e foca o reflexo da situação vivida no Brasil. Ressalta o avanço da sua moradia ao longo da história da humanidade, o que colaborou na sua sobrevivência. Entretanto, mesmo diante do conceito de evolução e atualização das Ciências, nos atuais dias encontramos humanos desabrigados ou habitando em condições diferentes dos padrões considerados básicos para a sua sobrevivência e conforto, já que identificamos a falta de higiene associada à afetação do solo e meio ambiente, o que reflete na sobrevivência da humanidade,

Daí, ações dos Governos e da própria sociedade, são primordiais para a aceleração de resultados que traduzam em conforto para o homem, compatibilizando desenvolvimento educacional, industrial, agropecuário e tecnológico (entre outros) adequados para todos os Territórios.

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METODOLOGIA

A composição do presente documento é científica e atual, baseado em livros, jornais, textos da internet e Normas editadas pelo Governo Brasileiro. A sua aplicação é evidente e reconhecida, sendo que a sua extensão é mundial, uma vez que os meios de comunicação divulgam os patamares de diversos Países, não havendo exclusão até mesmo para os mais desenvolvidos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I – Habitação na Pré-História

1.1 - Período Paleolítico ou Idade da Pedra lascada 10

1.2 - Período Mesolítico 10

1.3 - Período Neolítico ou Idade da Pedra Polida 10

CAPÍTULO II – Habitação nos tempos modernos

2.1 - Revolução Industrial 11

2.2 - Brasil Colônia 11

2.3 - Brasil Império 12

2.4 - Brasil República 12

2.5 - A importância da habitação para o País 13

CAPÍTULO III – Questões atuais 19

CONCLUSÃO 23

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41

ÍNDICE 43

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INTRODUÇÃO

O homem pré-histórico buscando proteção para o seu descanso e fuga para situações de desvantagens (intempéries e lutas de sobrevivência), habitava as cavernas e outros abrigos à base de folhas. Mesmo correndo risco de vida, devido à invasão de animais ferozes e de maior porte, era nas cavernas, uma aparência de quatro paredes dos atuais tempos, que o homem iniciou o convívio familiar, percebeu a necessidade de criar ferramentas para a sua defesa e trabalho, além de descobrir o fogo para iluminar, aquecer e melhorar o preparo dos seus alimentos e, ainda, traçou os primeiros desenhos e pinturas nas paredes daquele ambiente que utilizava como lar. Percorria regiões próximas da habitação, à procura de alimentos, principalmente frutas silvestres e pequenas caças e quando estas estavam escassas, migrava para outras regiões para a obtenção de novas produções. Por este motivo e, também, pela elevação do número de integrantes da sua sociedade (família), não fixava residência e procurava novos ambientes que dessem condições de conforto e segurança para resistência à vida.

Somente após o desenvolvimento da agricultura e da criação de animais foi observada a permanência do homem no mesmo local de moradia por um tempo superior àquele sem técnicas produtivas, situação que gerou melhores entendimentos de habitação e que permitiu visualizar a sua importância para a continuidade da vida humana, associando proteção, guarda de comestíveis e guarda da terra.

Não só a melhoria do ambiente habitacional conquistada pelo homem, mas também a sua organização social representaram o surgimento dos assentamentos, vilas e das cidades, muitas delas condicionadas às questões geográficas, de clima e existência de água potável. Em tempos mais modernos, a

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maior aplicação da arquitetura fundamentou a importância da satisfação da moradia, já capacitada de habitabilidade e saneamento.

Importante observarmos que a associação de conceitos de vida criados pelo homem, sempre apoiados pelo avanço tecnológico de cada tempo, foi mola impulsora para melhorias e eliminação de condições que prejudicassem o meio social, tendência entendida como necessária e contínua, nem sempre identificada nos atuais dias.

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CAPÍTULO I

HABITAÇÃO NA PRÉ-HISTÓRIA

1.1 Período Paleolítico ou Idade da Pedra lascada

O ser humano habitava cavernas, disputando a sua ocupação com animais selvagens e sobrevivia da caça de pequenos animais e coleta de frutos e raízes, necessitando procurar outros ambientes quando acabava a sua fonte de alimentos, não existindo fixação no ambiente. Não havia escolha de molde ou situação, apenas tamanho para acolher os participantes do grupo. Não havia a identificação de dono da propriedade, traduzindo entendimento de elemento nômade e não apegado ao local que conquistara.

1.2 Período Mesolítico

O homem iniciou o período de fixação à moradia, uma vez que dominou o uso do fogo, da agricultura e da criação de animais.

1.3 Período Neolítico ou Idade da Pedra Polida

Os bons resultados do domínio das técnicas já vistas permitiram o desenvolvimento e estabilidade, tanto de trabalho como de moradia, gerando o surgimento de vilas e cidades e as negociações entre comunidades, o que permitiu crescimento e domínio de conceitos que incrementaram ações culturais e organizacionais em geral.

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CAPÍTULO II

HABITAÇÃO NOS TEMPOS MODERNOS

2.1 Revolução Industrial

Durante a Pré-História o homem conduziu a sua produção de forma artesanal visando, praticamente, a sua própria sobrevivência e tendo ele mesmo como todo o executor das tarefas.

Na Idade Moderna a produção apresentou crescimento para atender o mercado que sinalizava consumo, o que representou a participação de vários profissionais com seus conhecimentos específicos para suportar a demanda.

Diante do desenvolvimento do capitalismo e das máquinas, que passaram a incorporar o cenário da produção, surgiram as indústrias (Revolução Industrial – 1760) e, devido às suas características de funcionamento, necessitavam da mão- de-obra para o seu contínuo acompanhamento. Tal modificação refletiu muito na economia mundial, gerando alterações sociais, políticas e culturais para o homem, tendo, principalmente, o transporte, a comunicação e a eletricidade impulsionando o êxodo rural, originando as grandes cidades com as suas necessidades, entre elas, a construção de habitações.

2.2 Brasil Colônia

No período colonial, as casas daqueles de posse eram construídas de pedras ou madeira, em forma de sobrados, enquanto os menos favorecidos

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constavam com moradias de pau-a-pique.

2.3 Brasil Império

A vinda da família imperial para o Brasil marcou muito a falta de moradia, uma vez que não havia capacidade para o atendimento dos que aqui chegavam, como também a libertação dos escravos fez gerar maior êxodo de escravos do campo para as cidades.

As casas evoluíram em forma de cortiço nos grandes centros, contudo, não contavam com rede de esgoto e nem água encanada e na periferia, a classe mais popular habitava em pequenos cômodos, com poucas janelas e algumas delas construídas próximas a mangues e alagadiços, iniciando o aparecimento de epidemias (febre amarela, cólera e varíola) que acabam eliminando a população mais humilde e forçando medidas de saneamento com intervenção no espaço urbano.

2.4 Brasil República

Em 1930, na era Vargas, o sistema habitacional tomou fôlego no seu desenvolvimento, considerando que o Governo assumiu a criação de meios (Institutos de Aposentadorias e Pensões) com propósitos de construção de moradias, entre outras finalidades. Na década seguinte, esta iniciativa foi duramente abalada com o início de Segunda Guerra, já que a maioria dos materiais de construção era importada. A crise do petróleo também foi outro fator de recesso para a construção devido aos altos custos, gerando a moradia próxima ao local de trabalho, o que, consequentemente, estimulou a formação de favelas cujo tratamento dado pelo Governo em alguns casos foi, principalmente, de

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remoção para outro ponto da cidade, também sem grande infra-estrutura e maiores condições básicas de habitabilidade e transporte.

No ano de 1964 foi criado o SFH – Sistema Financeiro da Habitação, importante programa habitacional do país e o BNH – Banco Nacional da Habitação, tendo como principal finalidade suprir o déficit habitacional do país através de financiamento da casa própria mediante condições acessíveis aos cidadãos, preferencialmente os de baixa renda. Entretanto, o funcionamento do Banco não mais foi identificado a partir de 1970, quando deixou de promover o atendimento da classe mais necessitada para apoiar a classe média. Em 1986 o BNH foi extinto, passando as suas operações para administração da Caixa Econômica Federal, que até a presente data representa o principal Agente Financeiro da Habitação.

2.5 A importância da Habitação para o País

Pelo fato de ser considerada uma das necessidades básicas do ser humano, entende-se que a disponibilidade das habitações tem que ser rigorosamente crescente, o que permite a dedução de manutenção de atividades da construção civil com a geração de empregos.

Os saldos da habitação estão diretamente ligados ao resultado da economia, quando evidenciamos que é um ativo real, possui custo elevado de construção e de negociação e o seu mercado é reduzido.

Estes fatos são administrados diretamente pelo governo federal através de financiamentos, já que influenciam em muito nos resultados da economia e, ainda, por atingir parcela menos favorecida da população (ganhos de até cinco salários mínimos mensais). Daí, a criação do SFH detendo recursos do SBPE – Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo e FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de

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Serviço, associados ao desenvolvimento urbano (uso adequado do solo, padrões de edificação e ações sociais) e gerando condições de habitabilidade para a população.

O SBPE obtinha saldo através dos depósitos em cadernetas de poupança e outros fundos imobiliários, sendo direcionados recursos, em sua grande maioria, para financiamento das classes média e alta através dos Agentes Financeiros, enquanto o FGTS representava (e ainda representa) os depósitos dos trabalhadores formais da economia, trabalhados, principalmente, pelas COHAB – Companhias de Habitação para a construção de casas de interesse social.

Como principal gestor do assunto, o BNH também era responsável pela distribuição geográfica dos investimentos com o intuito de manter o equilíbrio populacional das cidades com as demais regiões vizinhas, a eliminação gradual das favelas e graduação de investimentos na indústria da construção civil, de materiais de construção e bens de consumos duráveis.

A matemática da obtenção dos recursos de financiamento e do retorno desses recursos era clara e permitiu a sua prática no prazo inicial de criação do SFH. No meado de 1982 foi identificado que a arrecadação do SBPE e do FGTS teve redução elevada, ao mesmo tempo em que a inadimplência dos mutuários atingiu índices muito alarmantes, desestabilizando por completo o processo de financiamento. Ou seja, o resultado econômico do País influenciou a quantidade de desemprego e dos baixos salários, refletindo diretamente no pagamento das prestações de financiamento.

Em 1983/1984 a política de reajuste salarial (percentual menor) confrontada às condições de reajuste das prestações de financiamento habitacional (percentual maior) sinalizou a grande queda de obtenção e retorno de recursos. A partir daquele momento, foi declarada a impossibilidade de atendimento da necessidade da população de baixa renda e reconhecida aumento da autoconstrução e construções informais. Os resultados demonstraram que a

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quantidade de financiamento para a classe média e alta foi superior do que para a classe menor favorecida.

Findo o governo militar e assumindo o governo civil, a crise da habitação não obteve mudanças, ainda representando baixo desempenho social, elevada inadimplência, baixa liquidez, grande quantidade de reclamações de mutuários, quando tentativas de solução para o caso foram prejudiciais para o próprio sistema (opção de reajuste semestral e reajuste inicial de 112%, quando o reajuste anual era de 246,3%), ou seja, concessão de subsídio para diminuir a inadimplência do SFH daquela época.

Situações geradas pela economia com reflexos no Sistema Habitacional e a extinção do BNH foram marcos preocupantes em 1986, considerando que a Caixa Econômica Federal, responsável por assumir as operações do extinto Banco, era um dos Agentes Financeiros da Habitação, necessitando adequar as orientações do Governo Federal sobre habitação com as suas atividades, visando eliminar o tráfico de influências e dispensado a má utilização de recursos.

Importante perda para o nosso desenvolvimento foi a restrição de vínculo dos programas habitacionais com os programas de saneamento e de desenvolvimento urbano, falta de controle da qualidade da construção e falta de gestão dos recursos.

Preocupados com a situação, recentes governos federais focaram a classe menos favorecida para atendimento mais imediato, quando foram criados os Programas Pró-Moradia (fonte de recursos do FGTS) e Habitar Brasil (fonte de recursos do OGU – Orçamento Geral da União), nos quais os Governos Municipais e Estaduais apresentam as suas necessidades ao governo federal que as analisa e aprova, se possível, liberando verbas para a execução de melhorias de áreas habitacionais degradadas e habitadas por famílias de renda mensal inferior a três salários mínimos. A qualidade técnica do Projeto e relação custo- benefício entre outros parâmetros, são condições de concessão e medição dos

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resultados esperados, registrando que não existe contrapartida dos beneficiados, condição implícita nos objetos dos Programas, que não significam, exclusivamente, a construção de novas moradias, mas sim a melhoria de unidades existentes, qualificando-as e não aumento o seu quantitativo. Somente no Pró-Moradia existe o retorno do investimento do FGTS por conta do responsável pelo Projeto (Governo Municipal ou Estadual) e, neste caso, a sobra de recursos é grande pelo fato de, em muitos municípios, não haver condições de atendimento das exigências financeiras para a obtenção do financiamento, o que, consequentemente, deixa continuar o quadro de abandono das condições das habitações das classes mais pobres (sem contar que evidencia as condições administrativas impróprias que não são explicadas pelos Gestores de alguns municípios e estados). Por outro lado, a aprovação de recursos do Habitar Brasil depende do interesse e envolvimento político.

Alinhado à classe média, o financiamento foi totalmente modificado quando deixou de ser direcionado às construtoras e passou a ser concedido diretamente ao interessado no imóvel, através do Programa Carta de Crédito, podendo optar por imóvel novo ou usado, compra de terreno ou material de construção. Pelo fato de utilizar recursos do FGTS, necessita de retorno do investimento, além do que é obtido de forma espontânea.

Podemos enquadrar a participação de população carente no presente Programa pelo fato de ser flexibilizada ao máximo a comprovação de renda, visando à utilização da renda informal do pretendente.

Outros principais Programas do Governo Federal vinculados ao Ministério das Cidades são:

Programa Carta de Crédito Individual e Associativa – Recursos do FGTS para financiar a construção, melhoria ou compra de casas ou de lotes urbanizados, oferecendo subsídios à famílias que tenham renda de até cinco salários mínimos.

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Crédito Solidário – Atende famílias organizadas em associações e cooperativas habitacionais com recursos do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS). O valor financiado pode ser usado na construção de casas, compra de terreno, material de construção e reforma de prédios.

Programa de Arrendamento Residencial – Destinado para a construção de empreendimentos destinados à famílias com renda mensal de, no máximo, seis salários mínimos. O financiamento é realizado por 15 anos e, ao final, o arrendatário pode exercer o poder de compra.

Em junho de 2005 passou a vigorar a Lei 11.124 que criou o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS) e o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), além de instituir um Conselho Gestor.

O Fundo Nacional de Habitação opera com recursos do Orçamento Geral da União (OGU) e contrapartida dos Governos estaduais e municipais. Os três níveis do Governo devem contribuir financeiramente.

Além da legislação sobre financiamento habitacional, o Governo passou a controlar a preservação do meio ambiente e uso do solo. Muitas unidades habitacionais estão construídas em áreas de proteção ambiental ou em áreas não indicadas para moradia, como também algumas não seguem padrões de construção, situação que impede qualquer participação governamental para financiamento ou melhoria sobre elas ou o seu entorno.

A ferramenta PBQP-H – Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade Habitacional padronizou os materiais de construção de forma que em todas as regiões do País tenhamos os mesmos parâmetros das construções, permitindo avaliações sobre os valores financiados, aumento da produção em escala dos materiais, redução de custos (eliminação da má qualidade da moradia em

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decorrência da baixa produtividade e uso de tecnologia inadequada), além de promover o treinamento de pessoal.

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CAPÍTULO III

QUESTÕES ATUAIS

É de pleno conhecimento que a Declaração Universal dos Direitos dos Homens declara a moradia como uma condição básica para o padrão digno de vida de uma família, situação também constante da Constituição Federal, que estabelece responsabilidade para a condução do assunto para os três níveis de Governo. Programas de Combate à Pobreza e Inclusão Social referenciam a existência de habitação como condição favorável para a eliminação de condições subumanas.

A moradia não é apenas uma construção sólida que protege a família, mas representa uma composição de proteções para a comunidade do meio, servida de eletricidade, saneamento básico, vias públicas, transporte, escolas, hospitais e comércio, traduzindo meio-ambiente e bem-estar dignos.

Recentemente a Lei 10.257 (Estatuto das Cidades), regulamentou o uso da propriedade urbana sob o ponto de vista de interesse social, onde é evidente a técnica do planejamento urbano. Associado àquela Lei, o Programa de Fortalecimento da Gestão Municipal Urbana contribui com municípios na elaboração dos seus Planos Diretores (Lei municipal que estabelece diretrizes para orientar a política de desenvolvimento e de ordenamento da expansão urbana do município) capacitando-os na gestão territorial e urbana, concluindo na inclusão social e redução da desigualdade social e territorial.

O conteúdo da Lei estabelece, entre outros, a edificação ou utilização compulsórias de terrenos ou imóveis urbanos não edificados ou não utilizados; o Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU progressivo no tempo e a subseqüente desapropriação com títulos públicos de imóveis sem uso há mais de cinco anos;

prioridade ao Poder Público na compra de qualquer imóvel urbano em

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determinada área e decretação de Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS, com destinação a habitações populares. Reforça a regulamentação de áreas ocupadas ilegalmente com a usucapião de imóvel urbano (terrenos privados ocupados há mais de cinco anos) e a concessão de uso especial para fins de moradia (terrenos públicos ocupados) e destaca a exigência de Estudos de Impacto Ambiental ou de Vizinhança.

A falta de banheiro de uso exclusivo, de acessibilidade, de utilização de serviços de água, esgoto, energia elétrica e coleta de lixo, o constante pagamento de aluguel, a contínua formação de favela e invasão de propriedades, degradação ambiental, o comprometimento de mais de 30% da renda familiar para pagamento de prestações de financiamento habitacional são situações que ainda identificamos atualmente no Brasil, mesmo diante de tanta legislação sobre o tema. Diretamente ligados a estes fatos, encontramos a marginalidade da população, doenças, promiscuidade, afetação do solo e meio ambiente, justamente o que dificulta o desenvolvimento educacional e social da população, ou seja, baixo IDH – Índice de Desenvolvimento Humano.

Mesmo com toda a intenção de prestar atendimento aos mais necessitados de moradia, um detalhe importante para o sucesso do financiamento que tem que ser observado e cumprido o mais rigorosamente possível, é o acompanhamento do trabalho técnico social, cultural e político para os novos mutuários, alguns deles não habituados ao convívio em condomínio, o que se subentende cumprimento de regras. O zelo pelo funcionamento e conservação das instalações, o pagamento das prestações de financiamento, quando devido, e cota condominial, participação na melhoria da comunidade, entre outros, também são fatores de desenvolvimento da cidadania e retorno de investimento, mesmo que sob o ponto de vista social.

A questão de remanejar comunidades de áreas consideradas inadequadas (favelas, por exemplo) requer muito cuidado por conta do levantamento da situação do atual local de instalação em todos os aspectos e a plena adequação

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com o novo local, considerando que a infra-estrutura é primordial para a acomodação da população envolvida.

Habitação e Saneamento são inseparáveis sobre todos os aspectos. São complementares sob a forma de utilização. Representam saúde, preservação, aproveitamento econômico, qualidade e cumprimento de responsabilidade.

O saneamento é representado por serviços de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário e tratamento do esgoto. São os Órgãos Públicos os principais responsáveis por estes serviços e, na omissão de política adequada, as camadas mais carentes da sociedade não o utilizam, representando instalações clandestinas que ferem e contaminam o solo, motivo para grandes aplicações de recursos pelos governantes, já que cada R$ 1,00 investido em saneamento existe a economia de R$ 4,00 na saúde pública. Mesmo com gastos superiores no tratamento do esgoto em relação à água, cabe a aplicação contínua de investimentos em novas instalações e manutenção daquelas já existentes, considerando tanto o crescimento da população como a sua distribuição por territórios ainda não ocupados.

Não só o interesse público é suficiente para a obtenção dos benefícios dos serviços de saneamento, considerando que para a população cabe campanha educacional do seu uso, pois em alguns momentos e localidades, se faz uso da mesma rede para vazamento de tanto de esgoto como de lixo, provocando graves danos às tubulações e equipamentos.

Preocupante também, é a procura individual e artesanal da água, quando grande poço pode ser explorado de forma inadequada, permitindo a contaminação de todo um lençol. Para regularizar e garantir transparência nas atividades foram impostas exigências ambientais para os serviços de tratamento e distribuição de água e esgoto.

Por dedução, o saneamento básico, cuidando da coleta e tratamento de resíduos humanos, evita perdas e danos à saúde e asseguram condições

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aceitáveis para a vida. As mortes de crianças e adultos causadas por ingestão de água contaminada, entre outras doenças originadas pela falta de saneamento, representam gastos para o Governo que poderiam ser canalizados para outros investimentos que certamente propiciariam retorno e maiores aproveitamentos para a população. Atrelado a este pensamento, o resultado do investimento em saneamento é o aquecimento do mercado de mão-de-obra.

É muito observado que nos países em desenvolvimento, como o Brasil, o investimento nos núcleos habitacionais vem diminuindo devido às restrições de recursos para todas as áreas.

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CONCLUSÃO

É evidente que o déficit habitacional está presente em grande escala no nosso País, principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste. Os fatores predominantes para a sua fixação são o crescimento e envelhecimento da população, a diminuição da quantidade de habitantes por domicílio, a necessidade de realização do sonho da casa própria, a falta de maiores investimentos do governo e de política mais direcionada para ramo.

A estimada de demanda é na ordem de sete milhões de novas moradias, recursos na ordem de R$ 160 bilhões e 16 anos para a redução do déficit, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – PNAD, de novembro de 2006.

Não só a habitação, mas como também o saneamento, são objetos de desenvolvimento. Entretanto, a disposição do governo em programar tais serviços sem compromisso eleitoreiro é fundamental para a combinação dessas providências primordiais da moradia, principalmente pelo fato de no passado, grande parte dos recursos terem financiado imóveis de luxo, atendendo interesse da elite e desprezando os mais pobres, que tem índice de cerca de 90% de necessidade de habitação.

Associada à concessão de financiamento, a oferta de trabalhos diretos e indiretos da construção civil tem aquecimento imediato e, considerando a possibilidade de redução da taxa de juros nos próximos anos, é possível imaginarmos um cenário de maior oferta de moradia, com preços e condições de financiamento mais facilitadas para, principalmente, a classe mais carente da população.

A especialização do uso de tecnologia alternativa nas construções são fatores muito relevantes para a diminuição do custo da moradia. A reciclagem de

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resíduos industriais e naturais são exemplos de estudos que avançam para resultados satisfatórios para o mercado local, considerando que a padronização de materiais permite o surgimento de linha de produção a baixos custos, considerando os recursos materiais de cada região.

Tanta necessidade levou a Caixa Econômica Federal, juntamente com o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento do Estado da Bahia, a firmarem um Convênio para tratamento do Projeto Tecnologias Alternativo para Habitação de Baixo Custo (solo-cimento), permitindo a utilização sob a forma de auto-ajuda ou autoconstrução, O resultado de tal trabalho evidenciou a redução aproximada de 40% de custos, considerando a comparação com a construção convencional. A alternativa está devidamente registrada na ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Algumas preocupações observadas no desenvolvimento da construção, tais como baixo consumo de energia elétrica e água, uso de matérias-primas ecológicas, baixa geração de resíduos, utilização mínima do terreno com a conseqüente preservação do ambiente natural, não descaracterização da paisagem, ventilação e temperatura e adaptação atuais e futuras dos usuários são vitais de atendimento.

Outra importante decisão é a localização da terra na qual será edificada a moradia. Por conta disso, pode ser muito sacrificante o transporte urbano que sirva à comunidade, considerando o custo relacionado à perda de tempo, ao consumo de combustível e à poluição ambiental. A relação transporte urbano, pobreza e inclusão social têm resultados desfavoráveis para os mais pobres, causando forte impacto sobre a renda familiar.

Muito oportuno para alcance da qualidade de vida de portadores de necessidades especiais é a acessibilidade das suas moradias, principalmente quando financiadas com recursos públicos para famílias mais pobres. Portas estreitas, pias e boxes em formas inadequadas e não adaptados são alguns itens

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vitais para análise e modificação de projeto, de modo que o adquirente não necessite promover reformas sob a sua responsabilidade, em moradias recém construídas. A localização desses imóveis também é destaque importante, visto que o andar térreo do prédio e proximidade de via de circulação são muito facilitadores para locomoção.

Recursos oriundos do OGU para o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento e destinados à habitação estão sendo disponibilizados para os governos municipais para a construção de moradias e reurbanização de favelas, incluindo o saneamento básico.

O volume de tais recursos, na ordem de R$ 12 bilhões, requer um planejamento adequado para o seu uso, visto que o resultado das ações é muito significativo para toda a sociedade, pois representam a substancial eliminação da desigualdade social nas cidades.

Daí a conclusão de que a utilização dos conceitos de Gestão Pública (todo e qualquer processo gerencial que vise à consecução de políticas públicas assumidas; processos de formulação, planejamento, coordenação, execução e monitoramento das ações governamentais) são imprescindíveis para o sucesso no uso dos recursos financeiros públicos, manutenção do solo e meio ambiente, pleno atendimento das necessidades básicas das famílias e cumprimento das políticas de habitação. Não só o Governo, mas como a sociedade organizada é responsável pelo controle da aplicação desses recursos desde o início do processo, quando da indicação das áreas trabalhadas.

A adoção de princípios e políticas ambientais que visem o desenvolvimento sustentável e a prática de ações educacionais é fundamental para a preservação do planeta. A conscientização da coleta seletiva, diminuição do lixo e reaproveitamento de resíduos sólidos devem fazer parte constantemente de projetos das esferas governamentais. Tais itens refletem diretamente na qualidade de vida da população.

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O futuro da humanidade está diretamente ligado à disponibilidade da energia, água e meio ambiente.

A proteção ao meio ambiente evita o esgotamento do seu potencial climático, mantendo a relação entre o ser humano e a natureza em equilíbrio mesmo com o consumo dos espaços da terra e da água potável.

A gestão pública participativa é a grande oportunidade dos municípios e estados, a população através de organizações populares, ONG – Organizações Não Governamentais e entidades sindicais utilizar canais de comunicação com o Governo para eliminar, na medida do possível, a desigualdade das cidades, a pobreza e exclusão social.

O espaço que o homem habita não representa somente uma construção.

Faz parte da sua vida e permite sentimento de capacidade, certeza, de bem estar individual e com o mundo próximo. Tamanha interpretação foi objeto da mudança da legislação urbanística brasileira no decorrer do século XX, quando alertou para o tipo de atividade e conflito do uso do solo urbano, estabelecendo normas técnicas de habitabilidade e padrão de higiene. Ainda, no final do século XIX, decretos concediam benefícios a empresas para a construção de casas para operários e classes pobres, na tentativa de dar atendimento ao foco da habitação popular.

Estudos científicos demonstram que a saúde do ser humano está vinculada ao seu modo de viver e as suas interações com o meio ambiente, descartando apenas o conceito biológico. Assim, os estilos de habitação configuram como fator base de promoção da saúde familiar e melhoria da qualidade de vida. A situação ambiental das moradias, em alguns casos, é motivo de manifestação de doenças geradas pela falta de infra-estrutura básica. O crescimento das epidemias, doenças infecto-parasitárias e sexualmente transmissíveis, a violência urbana, o uso de drogas e o nível de stress são visíveis no cotidiano urbano que não possui adequações ambientais.

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Hoje, a população urbana no Brasil chega a 80% da população total, sendo que 50% vivem em áreas de favela. Os 10% mais ricos no Brasil têm renda 22 vezes maior que 40% dos mais pobres. Entretanto, comparando o Brasil com a América Latina, esta cifra é 19 vezes maior, o que comprova que em relação à América Latina, o Brasil apresenta maiores contrastes (Cepal, 2000) onde 80%

dos mais ricos possuem saneamento básico, enquanto 32% dos 40% mais pobres não têm esse benefício.

A partir do III Fórum Social Mundial (2003) foram identificados problemas que só poderiam ser solucionados com a cooperação de diversos setores sociais como as instituições acadêmicas, ONGs, movimentos sociais e órgãos governamentais que interagiram na intenção de programar um conceito abrangente de política pública de habitação saudável.

A precariedade habitacional, a deterioração da qualidade de vida, o impacto na saúde de ambientes insalubres e o distanciamento da comunidade científica da realidade comprovaram a necessidade de aumentar a eficácia e eficiência das políticas públicas de saúde.

Do ponto de vista determinante da saúde, a habitação se constitui em um espaço de construção e consolidação do seu desenvolvimento. A família tem raiz na habitação e esta é o espaço essencial, o veículo da construção e desenvolvimento da Saúde da Família.

Para se atingir os fatores determinantes da saúde no espaço construído faz-se necessária a articulação das políticas públicas, de habitação, saúde, meio ambiente e infra-estrutura urbana. O que convoca a formação de alianças inter- setoriais em uma visão holística integradora e multidisciplinar, em que a participação comunitária tem um papel essencial para a resolução das questões locais da precariedade das relações do meio ambiente e o homem em seu habitar.

Ao identificar que o Programa Saúde da Família responde ao problema discutido no III Fórum Social Mundial e constitui uma prioridade da política de

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saúde pública do Brasil e da Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS, valoriza-se a iniciativa da Habitação Saudável, como ferramenta para otimização dos resultados do Programa Saúde da Família.

Como metodologia, o conceito de habitação saudável se aplica desde o ato da elaboração do seu desenho, microlocalização e construção, estendendo-se até seu uso e manutenção. Está relacionado com o território geográfico e social onde a habitação se assenta, os materiais usados para sua construção, a segurança e qualidade dos elementos combinados, o processo construtivo, a composição espacial, a qualidade dos acabamentos, o contexto global do entorno (comunicações, energia, vizinhança) e a educação em saúde ambiental de seus moradores sobre estilos e condições de vida saudável.

O conceito de ambiente e entorno saudável incorpora a necessidade de ter equipamentos urbanos básicos com saneamento, espaços físicos limpos e estruturalmente adequados e redes de apoio para se conseguir hábitos psicossociais sãos e seguros, isentos de violência (abuso físico, verbal e emocional).

A idéia de municípios/cidades saudáveis só é possível se houver uma política de habitação saudável. Portanto, a estratégia de habitação saudável se insere através da colaboração entre municípios e cidades.

Entende-se por padrão de habitabilidade a adoção de tipologias em correspondência aos requisitos mínimos que garantam o morar com desfrute de saúde e bem-estar e propiciem a dignidade humana. Nesse sentido, promove o pleno exercício do ato de morar, ampliando e melhorando, respectivamente, a qualidade do espaço e da vida. Padrões que propiciem o convívio harmônico através da reflexão e do aprimoramento do lugar/objeto/habitação.

Segundo a OPA (2000), entende-se por fatores de risco o espectro de causalidades que têm a possibilidade de interferir nos sistemas vivos, psicossociais e do ser humano em seu funcionamento, com prejuízo às condições

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individuais ou coletivas de saúde. Na análise de fatores de risco são considerados os aspectos: físicos, químicos, psicossociais, biológicos e socioeconômicos.

Outro conceito importante para ser desenvolvido é o da atenção primária ambiental, considerada uma estratégia de ação ambiental preventiva e participativa, que reconhece o direito das pessoas a viverem em um meio ambiente saudável e de serem informadas sobre os riscos ambientais em relação a sua saúde e bem-estar.

Encontra-se no âmbito da atenção primária aquelas medidas de proteção ou recuperação de baixa complexidade, denominadas ações ambientais primárias, tais como: educação ambiental; contaminação simples dos ambientes de trabalho e domicílios; poluição sonora; qualidade e disponibilidade de água potável;

controle de vetores transmissores de doenças, em combinação com a vigilância epidemiológica; manejo e reciclagem de resíduos sólidos; controle de qualidade de alimentos, em combinação com a vigilância sanitária; erosão de solos, queimadas florestais, pragas, urbanização de ruas, áreas verdes e outras. Através deste enfoque, a atenção primária ambiental aplica sua estratégia na área de habitação saudável.

Outro conceito importante para ser desenvolvido no campo da saúde e da habitação é o de vigilância ambiental em saúde. Por definição, a vigilância ambiental em saúde se configura como um conjunto de ações que proporcionem o conhecimento e a detecção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle dos fatores de riscos e das doenças ou agravos relacionados à variável ambiental. A vigilância ambiental em saúde se aplica no âmbito da habitação saudável, a partir do monitoramento ambiental e estabelecimento de valores-limite de exposição

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para estressores ambientais e conduzem a uma proposta de medidas de intervenção e controle para otimização sanitária do ambiente.

A moradia estável e a vivência doméstica dela decorrente parecem contribuir para um maior equilíbrio familiar: “Hoje considero minha família feliz, [...]

considero que depois que a gente tem esta casa, eu considero uma família boa”, (R.J.L.,39,fem.), diz uma mulher chefe de família.

A casa também sustenta a memória da experiência vivida: “Eu e minha esposa valoriza muito isso, o sofrimento que a gente teve por essa casa...”

(E.F.B.,30,masc.) Em sentido de continuidade, única certeza diante de um futuro impreciso, a casa é o abrigo na velhice e a herança a ser deixada. Uma herança que conjura a vida vivida e livra os filhos da repetição da experiência dos pais.

Declarações de moradores de empreendimento evidenciam que a casa permanentemente justificará o investimento emocional, afetivo e material, o imenso desgaste vivido: o chamado “tempo da luta”. Mais que isso, a casa fixará para sempre sua condição de sujeitos políticos capazes de mobilizarem-se por seus direitos, de lutarem pela vida, construírem sua história, interagindo com o mundo e nele deixando sua marca. A casa estimula a prosseguir: “porque não acabou, a gente tá correndo atrás do grupo escolar, um posto médico [...] então o sonho da gente é isso aí” (M.C.S.,36,fem.).

As concepções e expectativas referentes à qualidade ambiental e de vida nas cidades apresentam uma variação sob o ponto de vista de tempo e espaço, tendo os fatores geográficos, econômicos e culturais representando importantes significados. Deste modo, podemos observar que durante a história da humanidade, houve a busca por regiões mais propícias para o desenvolvimento do homem, influenciando nas suas relações, descoberta de recursos ambientais e naturais (água em condições de portabilidade, por exemplo), permitindo, assim, condições de assentamentos territoriais e fluxos de mercados.

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Já no final do século XVII começaram a surgir visões que vinculavam as diversas condições ambientais aos problemas resultantes da falta de saneamento, tendo como exemplo as epidemias e outras doenças infecto-contagiosas transmitidas por águas contaminadas e outros vetores biológicos.

No século XIX preocupações ligadas à Revolução Industrial foram crescentes sob o foco do abalo das condições ambientais, geradas pela multiplicidade de processos, viagens internacionais e as precárias condições de urbanização e industrialização. O cenário de miséria e exclusões sociais provocaram reações da população em busca de melhores índices de qualidade ambiental e de qualidade de vida, influenciando muito na elaboração e implementação de programas de planejamento urbano, habitacional, de saneamento e paisagístico.

Muitas concepções variaram da Antiguidade até os atuais dias, porém, as conseqüências negativas dos impactos ambientais continuam a predominar nas cidades, aumentando a perda do equilíbrio e qualidade ambiental, bem como da qualidade de vida dos seus habitantes. A preocupação com a preservação dos recursos naturais leva à aproximação de distintas visões de mundo das populações. Conceitos de planejamento urbano surgem buscando solucionar os problemas ambientais. A tendência do urbanismo contemporâneo é de ampliar os valores ambientais, de modo que o paisagismo supere o valor puramente estético, valorizando a ecologia urbana e o planejamento ambiental. Há um pensamento voltado para o retorno e reutilização dos recursos ambientais e naturais, na redução da geração de resíduos e reciclagem, na minimização dos gastos energéticos a partir da elaboração de materiais e técnicas construtivas alternativas, na justiça social e ecológica através da participação popular na gestão urbana e ambiental.

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Entretanto, podemos perceber grande parte da população diante da necessidade da transformação de suas atitudes e condutas nas ações cotidianas, fundamentais para o equilíbrio de melhores indicadores.

As paisagens não são as mesmas ou iguais em todas as partes, considerada a variação do espaço e tempo. O processo de percepção, interpretação e representação do meio ambiente é elaborado a partir de diversas variáveis, levando-se em conta as características individuais, herança cultural e classe sócio-econômica de cada ser - humano.

O significado de sustentabilidade tem a ver com a distribuição eqüitativa dos benefícios resultantes do desenvolvimento. Comunidades sem acesso a equipamentos e serviços, privilégios a uma região ou segmento em detrimento de outros não constituem ações sustentáveis para o desenvolvimento do progresso.

A desigualdade entre os países pobres e os ricos e entre regiões de um mesmo país em que à pobreza se somam as más condições sanitárias e o fato de que, muitas vezes, essas populações carentes são as que pagam mais caro pelos bens e serviços essenciais e as últimas a terem acesso a eles. Em momentos os serviços de esgotamento sanitário não cobrem a maioria da população, ressaltando que em alguns casos de atendimento, a grande utilização é de sistema de fossa.

O conjunto de carências sanitárias contribui para exacerbar os efeitos de fenômenos climáticos como tempestades, inundações (especialmente sobre a as populações mais pobres que habitam as zonas periféricas) criando uma vulnerabilidade sanitária que dificulta o rompimento do círculo de pobreza e desenvolvimento.

Nos últimos 30 anos a ampliação de informações e a sua disseminação e do trabalho persistente em busca de mobilização das comunidades e sua apropriação dos bens, serviços e atividades relacionadas à manutenção da saúde e busca de uma melhor qualidade de vida, emerge neste novo século uma forma

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de atuação centrada na participação cidadã. Foi fundamental a redefinição dos papéis dos setores do governo, das entidades governamentais e não governamentais, onde ganhou ênfase o estímulo à participação das organizações sociais.

A capacitação e o tratamento da água para o abastecimento não são um ato isolado em si mesmo. É necessário que os mananciais estejam em boas condições, que seu entorno esteja preservado. Ao desempenhar sua função de atender às necessidades básicas do ser humano a água cumpre um ciclo que a transforma em esgoto doméstico, que necessita ser afastado e tratado e devolvido novamente à natureza em condições de não interferir na qualidade ambiental.

Igual cuidado precisa ser dedicado ao correto tratamento da disposição dos resíduos sólidos e das águas pluviais sob pena de ao se dirigirem ou retornarem aos mananciais, comprometerem sua utilização.

O que a experiência tem demonstrado é que a gestão integrada dos recursos naturais baseada na resposta e participação das comunidades é a melhor estratégia de administração não apenas das águas, mas também do conjunto dos recursos naturais, e dos seus efeitos sobre a qualidade de vida.

Tendo em vista que a componente água está presente e é fator preponderante em qualquer ramo da área ambiental, é desejável que exista articulação entre todas as iniciativas para a sua manutenção.

Em vários programas em andamento, é focado como destaque o envolvimento das comunidades como estratégia para promover a sua sustentabilidade.

Ultimamente não têm faltado previsões sombrias a respeito do futuro da humanidade no que diz respeito à água, tendo como mais ameaçadora a de que será objeto de disputa, desencadeando conflitos. Embora o continente americano possua grandes reservas de água (cerca de 31% da água doce disponível no mundo), estes recursos não estão distribuídos de forma a contemplar as regiões

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com maior demanda e concentração populacional. Tomando apenas o Brasil, a constatação é de que quase 90% das reservas hídricas nacionais estão concentradas nas regiões Norte e Centro-Oeste, cuja demanda hídrica é de menos de 10% e aonde vivem somente 14,5% da população brasileira.

Não bastasse essa distribuição desigual dos mananciais, justamente as áreas de maior demanda por água – seja porque concentram grandes contingentes populacionais ou intensa atividade econômica – têm grande parte de seus recursos hídricos comprometidos com pela poluição de origem doméstica e/ou industrial e agrícola. Cidades como São Paulo, uma das principais metrópoles do continente, podem enfrentar rodízio de abastecimento por causa da escassez de chuvas e falta de alimentação de seus pontos de captação. Até mesmo a água subterrânea não está imune do contágio, cujas fontes estão sujeitas à contaminação por vazamentos de postos de gasolina.

Os especialistas vêm advertindo constantemente que a perfuração excessiva de poços, especialmente na região litorânea, pode provocar sanilização dos mananciais subterrâneos. O fenômeno pode inviabilizar o uso da água doce mesmo a vários quilômetros do local onde ocorreu.

Outro efeito danoso para as condições das águas superficiais e subterrâneas é o resíduo de remédios e seus efeitos na cadeia alimentar e por extensão, seres humanos. A maior parte das substâncias químicas ingeridas pelo homem e animais, passa por significativas mudanças no organismo, onde sofre ações de componentes orgânicos. Salivas, ácidos estomacais e outras enzimas decompõem alimentos e os remédios, menos aqueles que vão direto para a corrente sanguínea. De lá circulam pelo corpo onde são utilizados de várias formas e enviados para o fígado para serem destruídos ou transformados em outros materiais, como amônia e uréia, eliminadas pela urina. O aumento populacional e os esgotos tratados inadequadamente ou não tratados entram no ecossistema, há cada vez mais chances de que aconteçam esses impactos

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adversos na flora e fauna – e por efeito de cadeia alimentar. Especialmente levando-se em conta que as agências governamentais e companhias farmacêuticas que avaliam os impactos dos novos remédios e drogas raramente consideram os efeitos secundários além do organismo primário.

O relatório sobre as condições globais de saneamento apresentado durante o Simpósio regional sobre Água e Saneamento no Novo Milênio em Porto Alegre (2000), revelou que ainda é deficiente a cobertura de água e esgoto nas Américas.

Dos 790 milhões de habitantes das três Américas, 95,64% dispõem de abastecimento de água e 59,08% são servidos com esgotamento sanitário. Os dados debatidos pelos especialistas revelam também que 15,4% (mais de 76 milhões de pessoas) não são abastecidas com água de qualidade adequada.

Na América Latina e Caribe, cuja população é de 497 milhões, a cobertura total de água beneficia a 85% dos habitantes, enquanto que em relação ao esgoto, a situação é mais deficiente, identificando somente 48,61% (241 milhões de habitantes) conectados a sistemas convencionais de esgoto, enquanto outros 151 milhões contam com sistema de fossas. Os que não contam com condições consideradas mínimas de afastamento de dejetos somam 37 milhões nas zonas urbanas e 67 milhões nas áreas rurais. Outro registro muito importante é de que somente 13,7% dos esgotos coletados recebem tratamento.

Em alguns centros urbanos da América Latina a água captada nos mananciais de superfície apresenta elevado grau de degradação que exige tratamentos mais sofisticados e caros. Embora alguns países já venham utilizando o reuso da água nas atividades agrícolas, a tendência é que se expanda o reuso industrial. Está prática pode representar uma saída para o impasse da água, especialmente se for levado em consideração que a agricultura e a indústria respondem por mais de 80% do uso da água na América Latina.

Outro ramo econômico em expansão é o ecoturismo, cuja viabilização como importante gerador de divisas externas pode representar a opção mais promissora

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para as economias dos tempos de globalização. Por isso cresce a demanda das comunidades por sistemas de tratamento de esgotos domésticos e industriais, tendo em vista a necessidade de preservação de zonas costeiras e grandes ecossistemas aquáticos. São cada vez mais comuns os programas que buscam integrar ações de conservação e preservação ambiental com o turismo, onde a manutenção da qualidade da água é um fator de valorização econômica.

Para a garantia de que água seja um elemento fundamental na promoção da saúde e bem-estar das populações é preciso prever não somente a qualidade, mas também a regularidade em quantidades adequadas à satisfação das necessidades humanas. Em estudos relacionando quantidade de água consumida e incidência de diarréias, foram encontradas ligações positivas na maioria dos casos.

As estatísticas internacionais apontam que cerca de 80% das doenças e mais de 30% das mortes em países em desenvolvimento são causadas pelo consumo de água contaminada. Mas não é somente como veículo de transmissão de doenças que a água tem importância no que diz respeito à promoção da saúde.

As alterações climáticas e ambientais, os desflorestamentos, as inundações e outros fenômenos meteorológicos ou até mesmo de correntes migratórias por criação ou extinção de pólos econômicos influenciam decisivamente o comportamento dos vetores. O mesmo acontece em relação a despejos oriundos de atividades industriais, extrativas ou agrícolas ou de esgotos domésticos sem tratamento.

Já existe entre grande parte das comunidades, a consciência de que o acesso à água em qualidade e quantidade adequadas é um dos fatores básicos da saúde. Mesmo sendo um direito elementar de todo ser humano, é preciso atuar de forma mais participativa para assegurá-lo a todos.

O crescimento, expansão e fortalecimento das entidades comunitárias e de defesa de direitos individuais e coletivos estão consolidando as bases

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institucionais para garantir a participação não somente consultiva, mas também deliberativa em programas e projetos da área ambiental.

A mudança da política de Saneamento, como a de qualquer setor de atividades, terá de levar em conta as condições atuais, isto é, nos encontrarmos num regime de liberdade democrático-representativa, num país de gigantescas dimensões, de marcantes diferenças regionais e com dificuldades sócio- econômicas, muito conhecidas, mas diante de um governo honesto e voluntarioso em resolver problemas, principalmente os sociais. Estar num regime de liberdade democrático-representativa, significa que qualquer proposta ou solução terá que ser amplamente debatida e submetida à sanção do dono maior, que é no final o próprio povo.

É interessante lembrar que os nossos colonizadores portugueses, além de exímios navegantes, também foram, como herdeiros dos romanos, exímios construtores de cidades, escolhendo os locais mais protegidos, dando-lhes, mesmo nos climas mais quentes como o nosso, condições de ventilação que amenizavam em muito o calor; escolheram para as cidades locais protegidos, perto de mananciais de água potável, de mais fácil drenagem, e não têm culpa do gigantismo do desenvolvimento urbano que se deu posteriormente nem das tendências agrícolas nascentes diante de um mundo ecológico diferente do seu.

A engenharia sanitária brasileira renasce na década de 40 com o estabelecimento da Fundação SESP, na Amazônia e no Rio Doce, e com a criação da Faculdade de Higiene e Saúde Pública de São Paulo, que formam jovens profissionais de Saúde Pública e de Saneamento de bom padrão técnico, o que coincide, por sua vez, com a fundação da AIDIS (Associação Interamericana de Engenharia Sanitária).

Contudo, a falta de recursos financeiros e de técnicos suficientes, e a desorganização administrativa, associados a uma politicagem desenfreada fizeram agravar o atraso histórico.

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