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Etnicidade, classificações sociais e lutas políticas

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Academic year: 2018

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, v. 43, n. 2, jul/dez, 2012, p. 7 - 8

ETNICIDADE, CLASSIFICAÇÕES SOCIAIS E LUTAS

POLÍTICAS

Isabelle Braz P. Da Silva

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O dossiê Etnicidade, classii cações sociais e lutas políticas reúne artigos que se referem a temporalida-des e espacialidatemporalida-des distintas no contexto latino ame-ricano. São rel exões produzidas a partir da experiên-cia soexperiên-cial vivida por povos indígenas no México e no Brasil colonial e contemporâneo. Como se verá, seu conjunto traz um feixe de questões, cujas respostas nem sempre são elaboradas a partir de pressupos-tos comuns. Há diferentes pespectivas que orientam a compreensão sobre a forma como as sociedades indígenas interagem com as sociedades nacionais. Diferenças que são ampliadas pelas particularidades de cada situação em exame, ideologias, cosmologias e sistema culturais.

O artigo de Lígio de Oliveira Maia, “Honras, mercês e prestígio social: a inserção da família indí-gena Sousa e Castro nas redes de poder do Antigo Regime na capitania do Ceará”, segue o paradigma dos estudos históricos que reconhece e enfatiza as mudanças sociais nas organizações indígenas, segun-do percepções e aspirações nativas, impactadas pela convivência e estatutos coloniais. Assim procedendo, explicita o caráter histórico daquela sociedade e tam-bém o agenciamento de sua população sobre seu des-tino. A instituição em exame é o prestígio social, de grande signii cância para as sociedades pré-coloniais e que encontra ressonância no sistema de vassalagem

português.

O campo das relações interétincas é também ob-jeto de estudo do artigo “Las dinámicas identitarias étnicas en México”, de Miguel Alberto Bartolomé, este experiente antropólogo e estudioso da América Latina, membro do Grupo de Barbados. Nesse tra-balho, Bartolomé dedica-se a investigar relações con-temporâneas no México. Detecta a permanência e manifestações de ideologias étnicas em ambiente de culturas em confronto, desvelando o complexo pro-cesso de tradução, operado pelos sistemas simbóli-cos nativos, que confere coerência e inteligibilidade à presença do mundo dos brancos, em seus próprios termos.

O universo simbólico apresenta-se igualmen-te como esfera de produção de sentido para grupos indígenas no Nordeste do Brasil, segundo os argu-mentos de Marcos Luciano Lopes Messeder, no artigo “Etnicidade e ritual Tremembé: construção da me-mória e lógica cultural”. Ao interpretar o signii cado do ritual do Torém e da bebida que o acompanha, o

mocororó, o autor evidencia um sistema cultural pró-prio dos indígenas que se constitui entre memórias, subjetividades e práticas políticas.

Outra nuance relativa a grupos indígenas no Nordeste do Brasil é analisada por Joceny de Deus Pinheiro, no trabalho “Autores de autenticidade: ar-ticulação indígena no Ceará”. Ao rel etir sobre o Toré,

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Etnicidade, classifi cações sociais e lutas políticas

dança indígena marcadora de fronteira cultural, a au-tora problematiza os pares opostos continuidade/des-continuidade e permanência/invenção, examinando as implicações epistemológicas e políticas decorrentes das classii cações, sob as quais se inscreve a dança.

“‘Peles braiadas’: apontamentos sobre reconi gu-rações identitárias no sertão nordestino”, de Alexandre Herbetta, aborda transformações identitátias no ser-tão alagoano. Tais processos atingem índios, serta-nejos e governo, envoltos em uma trama social, cuja constante heterodoxa, são as metamorfoses sociais, das quais nem mesmo o antropólogo-pesquisador es-capa. A idéia de mistura é o foco da análise, explorada a partir da categoria peles braidas, expressão da forma de classii cação dos Kalankó e elemento central da-quela organização social indígena.

Rel etir sobre a relação dos povos indígenas com o Estado nacional é o que ocupa Alicia M. Barabas, em “Pensar la autonomia: el municipio para una re-organización etnopolítica y territorial”. Neste estudo, a autora discorre sobre a busca por autonomia políti-ca e territorial dos grupos indígenas no México, em particular Oaxaca. Para estes, o Municipio tem-se apresentado como uma possibilidade de construção da autonomia, ainda que, no presente, revista-se de restrições impostas pelo Estado, em suas políticas econômicas, territoriais e exercício do poder.

Relações políticas e de poder também são abor-dadas no texto de Nilson Almino de Freitas, “O índio, o ‘oportunista’ e o estar no Brasil: tensões, interesses e análise sobre a identidade na mídia e a proi ssão de antropólogo”. O autor toma como ponto de partida matéria publicada em revista de grande circulação no Brasil, para discutir o conceito de identidade étnica, ideologias e critérios de classii cações sociais alusi-vas ao exercício da proi ssão de antropólogo, no trato com processos de demarcações territoriais.

As alusões, a lutas poíticas sejam com o Estado, sejam com frações da sociedade civil com as quais se relacionam, parecem ser a tônica das relações interét-nicas latino americanas, ainda no século XXI.

Nota

Referências

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