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V.28 (2) abril-junho 2014

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V.28 (2) abril-junho 2014

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REVISTA PARAENSE DE MEDICINA PARÁ MEDICAL JOURNAL

Órgão Oficial da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará Vol. 28(2) abril-junho 2014

ISSN 01015907

GOVERNO SIMÃO JATENE Presidente- Ana Conceição Matos Pessoa

Diretoria administrativa-financeira- Sandra Rosemary Pereira de Souza Nery Diretoria assistencial- Mary Lucy Ferraz Maia Fiúza de Melo

Diretoria de Ensino e Pesquisa- Lizomar de Jesus Pereira Móia Diretoria Técnica- Cinthya Francinete Pereira Pires

Editor responsável- Alípio Augusto Barbosa Bordalo Editor adjunto- Nara Macedo Botelho Conselho Editorial

Assessoria de estatística Rogério da Silva Santos

Assessoria de língua inglesa Nathalya Botelho Brito Renan Kleber Costa Teixeira

Mário Roberto Tavares Cardoso de Albuquerque

Assessoria de informática Juliene de Souza Ferreira Paulo Roberto Simões

Secretaria

Renata A. M. Viégas Campelo

Bibliotecárias-indexadoras Luciane Obando Maia Regina Célia Coimbra

Membros honorários

Manuel Ayres, Camilo Martins Viana e Manoel Barbosa Rezende Menção honrosa - in memoriam

Clóvis de Bastos Meira, Leônidas Braga Dias, Clodoaldo Ribeiro Beckmann, José Monteiro Leite e Guaraciaba Quaresma da Gama

Antonio Celso Ayub SCMRS RS

Andy Petroianu UFMG MG

Alexandre Lopes de Miralha UFAM AM Arival Cardoso de Brito UFPA PA

Cléa Carneiro Bichara UEPA PA

Eliete da Cunha Araújo UFPA PA

Geraldo Ishak UFPA PA

Geraldo Roger Normando Jr UEPA PA

Habib Fraiha Neto IEC PA

Ítalo Suassuna UERJ RJ

Ivanete Abraçado Amaral FSCMPA PA Joffre Marcondes de Rezende UFGO GO José Thiers Carneiro Jr UFPA PA

Lizomar Pereira Móia FSCMPA PA

Luciana Lamarão Damous USP SP

Luciano Lobo Gatti FEMA SP

Lusmar Veras Rodrigues UFCE CE Manoel de Almeida Moreira UEPA PA

Manoel do Carmo Soares IEC PA

Márcia de Fátima M. de Rojas UEPA PA Marcus Vinícius Henriques Brito UEPA PA

Mauro José Fontelles UEPA PA

Maria de Lourdes B. Simões UFPR PR Maria Rosângela Duarte Coelho UFPE PE Mário Ribeiro de Miranda UFPA PA Nicodemos Teles de P. Filho UFPE PE Paulo Eduardo Santos Àvila UNAMA PA Paulo Roberto Alves Amorim UFPA PA Pilar Maria de Oliveira Moraes UNAMA PA Robson José de S. Domingues UEPA PA Simônides da Silva Bacelar UNB DF

William Mota Siqueira UFPA PA

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International Standard Serial Number ISNN 01015907

Indexada na Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde LILACS/BIREME/OPAS QUALIS B4 Medicina III, Odontologia e Psicologia; QUALIS B5 Medicina I, II - CAPES/MEC

A Revista Paraense de Medicina é o periódico biomédico da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará com registro n° 22, Livro B do 2º Ofício de Títulos, Documentos e Registro Civil das Pessoas Jurídicas, do Cartório Valle

Chermont, de 10 de março de 1997, Belém PA Diagramação e composição: Elias Teles dos Santos

Operador de CTP: Hélio Alcântara Oliveira Produção gráfica: Gráfica Sagrada Família Publicação trimestral e distribuição gratuita

Tiragem: 1000

Endereço: Rua Oliveira Bello, 395 - Umarizal 66050-380 Belém - PA

Fone: (91) 4009.2213 - Fax: (91) 4009.2299 Endereço eletrônico:

revista@santacasa.pa.gov.br – www.santacasa.pa.gov.br BVS-LILACS/BIREME/OPAS - IEC Portal Eletrônico da BVS

Filiada à

Revista Paraense de Medicina / Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. – Belém: FSCMP, vol. 28(2) 2014.

Irregular 1958-1995; semestral 1995-1998; trimestral 1998.

ISSN 01015907

1. Medicina-Periódico I. Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará.

CDD 610.5 Dados de catalogação na fonte:

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SUMÁRIO / CONTENTS

EDITORIAL

A AVALIAÇÃO DE UM TRABALHO BIO-MÉDICO ... 7 Alípio Augusto Bordalo

ARTIGOS ORIGINAIS

AVALIAÇÃO DO HEMOGRAMA EM PACIENTES TRATADOS PARA HEPATITE C ... 9 EVALUATION OF BLOOD CELL COUNT IN PATIENTS TREATED FOR CHRONIC HEPATITIS C AT FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ

Cristiane Moura SILVA, Gabriella Sampaio Pereira VIANNA, Manoel do Carmo Pereira SOARES, Ivanete do Socorro Abraçado AMARAL e Lizomar de Jesus Maués Pereira MOIA

CORRELAÇÃO ENTRE AS FORMAS CLÍNICAS DA HANSENÍASE E O GRAU DE INCAPACIDADE NEUROLÓ- GICA ... 15 CORRELATION BETWEEN THE CLINICAL FORMS OF LEPROSY AND THE DEGREE OF NEUROLOGICAL

INCAPACITY

Marília Brasil XAVIER, Núbia Cristina da Silva TAVARES, Suelen Costa CORRÊA, Bruna Kuroki GONÇALVES, Margarida Maria Azevedo Boulhosa RAMOS e Geraldo Mariano Moraes de MACEDO

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS GESTANTES ATENDIDAS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA EM PRÉ-

NATAL DE ALTO RISCO ... 23 THE EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF PREGNANT WOMEN SERVED IN A REFERENCE CENTER IN PRENATAL HIGH RISk

Joyce Carolina Silva dos ANJOS, Robert Rodrigues PEREIRA, Pedro Ruan Chaves FERREIRA, Taís Beltrão Paiva MESQUITA e Olavo Magalhães PICANÇO JÚNIOR

PREVALÊNCIA DE AGENTES MICROBIANOS E SENSIBILIDADE DA Pseudomonas aeruginosa ... 35 PREVALENCE OF MICROBIAL AGENTS AND SENSITIVITY Pseudomonas aeruginosa

Eliseth Costa Oliveira de MATOS, Núbia dos Santos MODESTO, Wana Lailan Oliveira da COSTA, Irna Carla do Rosário Souza CARNEIRO e Karla Valéria Batista LIMA

CONHECIMENTOS E HÁBITOS DA FOTOPROTEÇÃO INFANTIL ... 45 PROFILE AND EVALUATION OF kNOWLEDGE AND PHOTOPROTECTION CHILD HABITS

Camila dos Santos SÁ, Raísa Elena Tavares PINHEIRO, Ângela Cristina Ribeiro GUIMARÃES, Maria Suely Bezerra FERNANDES e Vera Regina da Cunha Menezes PALÁCIOS

CONSUMO ALIMENTAR DE LACTENTES DE DOIS ESTRATOS SOCIOECONÔMICOS ... 55 DIETARY INTAkE OF INFANTS FROM TWO DIFFERENT SOCIOECONOMIC GROUPS

Danielle Dias da SILVA, Kamylly Reina Dias CARNEIRO e Márcia Bitar PORTELLA

CRESCIMENTO DE PREMATUROS COM MUITO BAIXO PESO INTERNADOS EM UTI NEONATAL NO ESTADO DO PARÁ ... 63 GROWTH OF PRETERM BIRTH INFANTS WITH VERY LOW WEIGHT ADMITTED TO NEONATAL ICU IN THE STATE OF PARÁ

Érika Ozela AUGUSTO, Maria Eunice Begot da Silva DANTAS, Andrezza Ozela de VILHENAe Hamilton Mendes de FIGUEIREDO

ATUALIZAÇÃO/REVISÃO

PRINCIPAIS PROFISSÕES DE SAÚDE E FATORES PREDISPONENTES DA SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO:

REVISÃO DE LITERATURA ... 69 MAIN HEALTH PROFESSIONS AND FACTORS RELATED TO PROFESSIONAL ACTIVITY DEVELOPERS OF THE CARPAL TUNNEL SYNDROME: A LITERATURE REVIEW

Hermógenes de Carvalho Paiva NETO, Ana Carolina de Almeida PAIVA, Damiana Leidiana de Lima AMORIM e Rosikely Farias CARNEIRO

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FATORES ASSOCIADOS À OBESIDADE NA GRAVIDEZ: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA ... 73 OBESITY IN PREGNANCY ASSOCIATED FACTORS: A SYSTEMATIC REVIEW

Tatiana Leticia de Figueiredo PESSOA, Lígia Marília Sá da SILVA e Márcia Cristina dos Santos GUERRA RELATO DE CASO

TUMOR ESTROMAL GASTROINTESTINAL DE INTESTINO DELGADO: RELATO DE CASO ... 79 GASTROINTESTINAL STROMAL TUMOR OF SMALL BOWEL: A CASE REPORT

Renato Raulino MOREIRA, Pablo de Melo Maranhão PEREIRA, João Eduardo de Sena de Souza PINTO, Jund da Silva REGIS, Rodrigo Ferreira da ROCHA e Bárbara Augusta Macedo Martins e SILVA

IMAGEM EM DESTAQUE

PACIENTE COM PROBLEMAS PSIQUIÁTRICOS INGERE CORPO ESTRANHO DE DIFÍCIL REMOÇÃO ... 83 PSYCHIATRIC PATIENT INGESTS FOREIGN BODY REMOVAL DIFFICULT

Renan Domingues Gavião de CARVALHO, Thais Cortez Silva RIBEIRO, César Augusto Pavão Barjona de Vasconcelos RODRIGUES, André Sousa de Macedo SANTOS, Ana Cláudia Mendes MOURÃO e Maria Luiza Monteiro NEGRÃO ARTIGO ESPECIAL

A TERAPIA OCUPACIONAL NAS CONDIÇÕES DE ESCALPELAMENTO E HOSPITALIZAÇÃO ... 85 Victor Augusto Cavaleiro CORRÊA, Alice da Silva MORAES, Clemici Lima CORRÊA, Otavio Augusto de Araujo Costa FOLHA e Mariane Sarmento da SILVA

NORMAS DE PUBLICAÇÃO ... 91

MODELO DE CARTA DE ENCAMINHAMENTO DE ARTIGOS ... 94

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EDITORIAL

Da Associação Brasileira de Médicos Editores ABEC Da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores SOBRAMES Do Instituto Histórico e Geográfico do Pará IHGP

Coordenador do Núcleo Cultural da Santa Casa de Misericórdia do Pará

EDITORIAL

A AVALIAÇÃO DE UM TRABALHO BIO-MÉDICO

Alípio Augusto Bordalo *

Pergunta-se: quais os critérios para se avaliar um trabalho ou artigo bio-médico?

São vários esses critérios, quais sejam – o conteúdo, a metodologia e a redação.

O conteúdo é o assunto que o artigo expressa, seja original ou não. Quando original, resulta duma pesquisa inédita, publicada pela primeira vez, seja direta ou não.

Mostra algo desconhecido. Os ganhadores do prêmio Nobel, desde o início do séc. XX se destacaram com trabalhos de alto relevo e relevante contribuição às ciências.

A metodologia obedece ao estilo Vancouver, onde houve um congresso interna- cional de editoração científica. Conforme as normas adotadas pelo referido congresso, o artigo científico segue os seguintes itens: título com tradução para língua inglesa, resumo dos itens – objetivo, método, resultados com tabelas e gráficos e conclusão ou conside- rações finais -. Usar o termo conclusão quando houver, somente, idéia nova.

A redação deve ser objetiva e explícita, o que muito facilita a compreenção.

Conforme a classificação deste periódico pela WebQualis/CAPES, alcançou os seguintes estratos: B4 em Medicina III e Odontologia; B5 em Medicina I, II e Ciências biológicasII e III.

Pode-se concluir que a Revista Paraense de Medicina RPM atingiu excelente nível na WebQualis da CAPES.

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ARTIGO ORIGINAL

_________________________

1 Trabalho realizado no Serviço de Hepatologia da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Belém, Pará, Brasil

2 Médica graduada pela Universidade do Estado do Pará. Belém, Pará, Brasil.

3 Médico pesquisador do Instituto Evandro Chagas/Sistema de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde.

4 Médica Doutoranda do Programa de pós-graduação em Doenças Tropicais do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará. Belém, Pará, Brasil.

5 Médica Professora adjunta da Universidade do Estado do Pará e da Universidade Federal do Pará.

AVALIAÇÃO DO HEMOGRAMA EM PACIENTES TRATADOS PARA HEPATITE C1 EVALUATION OF BLOOD CELL COUNT IN PATIENTS TREATED FOR CHRONIC HEPATITIS C AT FUNDAÇÃO

SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ

Cristiane Moura SILVA2, Gabriella Sampaio Pereira VIANNA2, Manoel do Carmo Pereira SOARES3, Ivanete do Socorro Abraçado AMARAL4 e Lizomar de Jesus Maués Pereira MOIA5

RESUMO

Objetivo: avaliar as alterações do hemograma em pacientes tratados para hepatite C crônica com interferon peguilado (PEG-IFN) e ribavirina (RBV) no Ambulatório do Fígado da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Método:

estudo transversal, realizado através de análise de 52 prontuários com aplicação de protocolos de pesquisa, posteriormente, submetidos à avaliação estatística. Resultados: observou-se queda nos níveis de hemoglobina, em ambos os sexos, mais importante nos três primeiros meses de tratamento. A anemia foi mais intensa com 6 meses após início da terapia. Ocorreu queda progressiva dos valores de leucócitos durante o primeiro ano de acompanhamento, caracterizando leucopenia a partir do sexto mês, com melhora após término do tratamento. Não houve ocorrência de plaquetopenia durante o período de acompanhamento. Conclusão: constatou-se a ocorrência de discrasia sanguínea durante o tratamento com PEG-IFN associado à RBV, caracterizada por anemia e leucopenia. No entanto, não houve trombocitopenia no período de acompanhamento.

DESCRITORES: hepatite C crônica; tratamento; hemograma; efeitos adversos.

INTRODUÇÃO

Em torno de 150 milhões de pessoas, no mundo, estão cronicamente infectadas com o vírus da hepatite C (HCV) e com risco de desenvolver cirrose hepática e carcinoma hepatocelular.1 A cada ano surgem cerca de 3 a 4 milhões de casos novos e, a cada dia, mais de 350.000 pessoas morrem por doenças hepáticas relacionadas à infecção pelo vírus C.1

Dados da Organização Mundial da Saúde estimam que 2,5% a 10% da população brasileira esteja infectada pelo HCV.2 Estudo de prevalência das infecções pelos vírus das hepatites A, B e C de base populacional, realizado nas capitais brasileiras, encontrou prevalência de anti-HCV de

2,1% na região Norte. O percentual de expostos ao HCV na faixa etária de 20 aos 69 anos foi de 3,2% nessa região.3

De acordo com o Protocolo Clínico para Hepatite Viral C,4 a definição de caso de hepatite C crônica se dá por anti-HCV reagente por mais de seis meses e confirmação diagnóstica com HCV-RNA detectável.

O tratamento da hepatite C crônica objetiva deter a progressão da doença hepática pela inibição da replicação viral e redução da atividade inflamatória.5 A terapia baseia-se na combinação de interferon (IFN) ou interferon peguilado (PEG-IFN) com ribavirina (RBV), por um período de 48 a 72 semanas, de pendendo do genótipo encontrado, obtendo-se um clea rance em torno

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de 80% para os genótipos virais 2 e 3 e cerca de 40% para o genótipo 1.4,6

O tratamento com IFN e RBV para hepatite C ocasiona diversas alterações laboratoriais e possíveis efeitos colate rais que necessitam de monitoramento clínico e laboratorial mais rigoroso, com o objetivo de melhorar a adesão ao tratamento e a adequação de doses.7

Segundo o Ministério da Saúde, 4 os efeitos colaterais reconhecidos da terapia com IFN convencional e PEG-IFN são: alopecia, anemia, distúrbios autoimunes, depressão ou transtornos do humor, diarreia, sintomas semelhantes aos da gripe, dor ou eritema no local da injeção, retinopatia, transtornos do sono, trombocitopenia e neutropenia, disfunção da tireoide e perda de peso. Com relação à RBV, os efeitos adversos reconhecidos são:

anemia hemolítica, tosse, dispneia, gota, náuseas, erupções cutâneas e teratogenicidade.4

Em virtude da importância do tratamento para hepatite C e do manejo dos eventos adversos relacionados à terapia medicamentosa, e levando em consideração a carência de trabalhos científicos na região Norte envolvendo o tema, este estudo tem como objetivo avaliar as alterações do hemograma em pacientes tratados para hepatite C com PEG-IFN e RBV no Ambulatório do Fígado da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA).

MÉTODO

Trata-se de estudo transversal realizado a partir da análise de 52 prontuários de pacientes tratados para hepatite C com PEG-IFN e RBV no Grupo do Fígado da FSCMPA, período de 01 de janeiro de 2000 a 01 de dezembro de 2008, sendo estes dados coletados em protocolos elaborados pelos pesquisadores especificamente para este estudo, que continham variáveis como: sexo, idade, valores de hemoglobina (Hb), leucócitos e plaquetas.

Os valores de hemoglobina de 12,8 g/dl em homens e 11,3 g/dl em mulheres, leucócitos de 3.800 e plaquetas de 140.000 foram adotados como limite inferior da normalidade. 8

Foram utilizados os softwares Microsoft® Excel 2007, para confecção de dados e tabelas, e BioEstat® 5.0, para análise estatística quantitativa, utilizando-se para isso o Teste Qui-quadrado (p˂0,05).

Todos os pacientes da pesquisa foram avaliados segundo os preceitos da declaração de Helsinque e do Código de Nuremberg, sendo respeitadas as normas de pesquisa envolvendo seres humanos (Res. CNS 196/96) do Conselho Nacional de Saúde.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FSCMPA e autorizado pelos sujeitos da pesquisa através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

RESULTADOS

TABELA I – Média dos valores de hemoglobina após início do tratamento para hepatite C crônica, segundo o sexo, em pacientes acompanhados pelo Grupo do Fígado da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, de 2000 a 2008.

Tempo após início do

tratamento Início 3 meses 6 meses 12 meses 18 meses

Hb no sexo masculino 15,13 12,7 12,8 12,05 14,28

Hb no sexo feminino 12,89 11,36 10,87 11,44 13,16

FONTE: protocolo de pesquisa p<0,05 (teste do qui-quadrado)

Figura 1 – Média dos valores de hemoglobina após início do tratamento para hepatite C crônica, segundo o sexo, em pacientes acompanhados pelo Grupo do Fígado da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, de 2000 a 2008.

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TABELA II – Média dos valores de leucócitos após início do tratamento para hepatite C crônica, em pacientes acompanhados pelo Grupo do Fígado da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, de 2000 a 2008.

Tempo após início

do tratamento Início 3 meses 6 meses 12 meses 18 meses

Leucócitos 5.600 4.370 3.580 3.340 4.920

FONTE: protocolo de pesquisa p<0,05 (teste do qui-quadrado)

Figura 2 – Média dos valores de leucócitos após início do tratamento para hepatite C crônica, em pacientes acompanhados pelo Grupo do Fígado da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, de 2000 a 2008.

TABELA III – Média dos valores de plaquetas após início do tratamento para hepatite C crônica, em pacientes acompanhados pelo Grupo do Fígado da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, de 2000 a 2008.

Tempo após início do

tratamento Início 3 meses 6 meses 12 meses 18 meses

Plaquetas 178.872 145.330 154.543 162.921 172.000

FONTE: protocolo de pesquisa p<0,05 (teste do qui-quadrado)

DISCUSSÃO

Quase a totalidade dos pacientes tratados com PEG-IFN e RBV apresentam um ou mais efeitos adversos durante o curso do tratamento, sendo as alterações laboratoriais o motivo mais comum de redução de dose.7

Neste estudo, observou-se queda nos níveis de hemoglobina, em ambos os sexos, mais importante nos três primeiros meses de tratamento, o que está de acordo com o Consenso Brasileiro que relata desenvolvimento de anemia quase imediatamente após início da terapia.9

No entanto, em nenhum momento a intensidade da anemia caracterizou indicação de redução de doses,4 uso de eritropoietina10 ou interrupção do tratamento.4

Diferentemente de estudo realizado em Porto Alegre, onde 39,6% dos pacientes que utilizaram ribavirina apresentaram anemia, sendo necessário o uso de fator estimulador de eritrócitos em sete destes indivíduos.11

Em relato de caso de Ucciferri,12 a paciente apresentou Hb pré-tratamento de 14,1g/dl, evoluindo com anemia (Hb 10,6g/dl) já no primeiro mês de terapia com PEG-IFN e RBV.

Alguns autores afirmam que em aproximadamente um terço dos pacientes ocorre anemia, atingindo um nadir com 6 a 8 semanas,7 diferente do presente estudo onde os níveis mais baixos de Hb ocorreram com 6 meses após início do tratamento. Ensaios cínicos demonstraram que em 9-15% dos casos foi necessário

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reduzir as doses das medicações, devido níveis de hemoglobina abaixo de 10g/dL.7

Os pacientes avaliados demonstraram queda progressiva dos valores de leucócitos durante o primeiro ano de acompanhamento, apresentando-se leucopênicos a partir do sexto mês.

Gonçalves et al11 observaram que 4,4% dos pacientes que utilizaram IFN combinado com ribavirina apresentaram leucopenia, sendo necessário o uso de filgrastima em três destes indivíduos, como fator estimulador de granulócitos. Neste estudo, houve melhora da leucopenia após término do tratamento, não sendo necessário o uso de fator estimulador de colônias ou suspender o PEG-IFN.

Segundo o Consenso da Sociedade Brasileira de Infectologia,9 a incidência aproximada de plaquetopenia associada ao tratamento com PEG-IFN e RBV é de 3 a 6%.

Nesta pesquisa, não houve ocorrência de plaquetopenia durante o período de acompanhamento.

Em contrapartida, estudo desenvolvido em Porto Alegre demonstrou que 3,7% dos pacientes que utilizaram IFN combinado com RBV apresentaram plaquetopenia.11 Fried13 observou uma frequência de 4%

de descontinuidade do tratamento e modificação de dose

devido trombocitopenia associada ao PEG-IFN.

O eltrombopag olamina, um novo agonista do receptor de trombopoetina, tem sido estudado, pois poderia permitir que o tratamento para hepatite C em pacientes com trombocitopenia fosse bem sucedido. No entanto, o uso rotineiro de fatores estimuladores não deve ser recomendado, sendo a redução de dose a primeira opção no manejo das citopenias.7

Aproximadamente 25% dos pacientes necessitam de pelo menos uma redução de dose devido anormalidades laboratoriais durante a terapia.13 Neste estudo, em nenhum momento da avaliação os resultados apresentados indicaram alteração da posologia das medicações.

CONCLUSÃO

Constatou-se a ocorrência de discrasia sanguínea durante o tratamento com PEG-IFN associado à RBV, no tratamento da hepatite C crônica, caracterizada por anemia e leucopenia, como já descrito em diversos trabalhos.

No entanto, não houve plaquetopenia no período de acompanhamento, o que diverge dos dados da literatura atual. Ressalta-se a necessidade de realizar estudos com maior casuística e estratificação do estádio da hepatite crônica C para ratificar esses resultados.

SUMMARY

EVALUATION OF BLOOD CELL COUNT IN PATIENTS TREATED FOR CHRONIC HEPATITIS C Cristiane Moura SILVA, Gabriella Sampaio Pereira VIANNA, Manoel do Carmo Pereira SOARES, Ivanete do Socorro Abraçado

AMARAL e Lizomar de Jesus Maués Pereira MOIA

Objective: to evaluate changes in blood cell count of pacients treated for chronic hepatis C with pegylated interferon (PEG - IFN) and ribavirin (RBV) at “Ambulatório do Fígado da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará”.

Method: transversal study with 52 patient’s records by implementation of research protocols subsequently analyzed statistically. Results: there was a reduction in hemoglobin levels in both sexes, more important during the first three months of treatment. Anemia was more severe with 6 months of therapy. There was a reduction in leukocytes during the first year of follow-up, featuring leukopenia at the sixth month with improvement after the end of treatment. There was no occurrence of thrombocytopenia during the monitoring period. Conclusion: occurrence of blood dyscrasias during treatment with PEG - IFN in combination with RBV, characterized by anemia and leukopenia. However, there was no thrombocytopenia during the follow-up.

KEY WORDS: chronic hepatites C. Treatment. Blood cell count. Adverse effects.

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REFERÊNCIAS

1. WHO. World Health Organization. Hepatitis C, 2013. Disponível em http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs164/en/ - Acessado em: 01 de dezembro de 2013.

2. Lavanchy D. The global burden of hepatitis C. Liver Int. 2009; 29(s1): 74–81.

3. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretária de Vigilância em Saúde. Estudo de prevalência de base populacional das infecções pelos vírus das hepatites A, B e C nas capitais do Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

4. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretária de Vigilância em Saúde. Departamen to de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para hepatite viral C e coinfecções. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.

5. Strauss E. Hepatite C. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 2001; 34 (1): 69- 82.

6. Shepherd J, Jones J, Hartwell D, Davidson P, Price A, Waugh N. Interferon alfa (pegylated and non-pegylated) and ribavirin for the treatment of mild chronic hepatitis C: a systematic review and economic evaluation. Health Technol. Assess. 2007; 11(11).

7. Ghany MG, Strader DB, Thomas DL, Seeff LB. AASLD practice guidelines: diag nosis, management, and treatment of hepatitis C: an update. Hepatol. 2009; 49(4): 1335-74.

8. Ângulo IL. Interpretação do hemograma clínica e laboratorial – Hemocentro de Ribeirão Preto. Disponível em http://www.

sogab.com.br/hemograma2.pdf - Acessado em: 01 de dezembro de 2013.

9. Sociedade Brasileira de Infectologia. I Consenso da Sociedade Brasileira de Infectologia para o Manuseio e Terapia da Hepatite C. São Paulo: 2008.

10. Tortorice K. Recombinant Erythropoietin Criteria for Use for Hepatitis C Treatment-Related Anemia, 2007. Disponível em http://hivinsite.ucsf.edu/algorithm/HCV-treatment/epo-criteria.pdf - Acessado em: 01 de dezembro de 2013.

11. Gonçalves CBT, Amaral KM, Sander GB, Martins NLC, Pereira L, Picon PD. Effectiveness of alpha interferon (+ribavirin) in the treatment of chronic viral hepatitis C genotypes 2 and 3 in a Brazilian sample. Arq. Gastroenterol. 2012; 49(2): 150-156.

12. Ucciferri C, Mancino P, Vignale F, Vecchiet J, Falasca K. Induction with ribavirin in a relapsing patient with chronic HCV hepatites. Braz. J. Infect. Dis. 2012; 16(3): 297-299.

13. Fried MW. Side effects of therapy of hepatitis C and their management. Hepatol. 2002; 36: S237-244.

Endereço para correspondência Cristiane Moura Silva

Rua Arcipreste Manoel Teodoro, 103, 1201 Batista Campos

CEP: 66023-700 Belém – Pará – Brasil Telefone: (91)3241-0649

E-mail: cristianemoura88@gmail.com

Recebido em 05.02.2013 – Aprovado em 14.05.2014

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ARTIGO ORIGINAL

1 Trabalho realizado no Núcleo de Medicina Tropical - Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará.

2 Reitora da Universidade do Estado do Pará, Profª. Drª. Adjunto II da Universidade do Estado do Pará e Profª. Adjunto I da Universidade Federal do Pará.

3 Graduandas do Curso de Medicina da Universidade do Estado do Pará.

4 Graduando do Curso de Medicina da Universidade Federal do Pará.

INTRODUÇÃO

A hanseníase é uma doença sistêmica, dermatoneu- rológica e infectocontagiosa crônica, que pode apresentar alterações imunológicas e reumatológicas, representando assim um problema de saúde pública1. Tal assertiva pode ser comprovada pela informação da Organização Mundial de Saúde de que a hanseníase encontra-se mais concentrada em nove países, os quais respondem por 84% da prevalên- cia e 88% da detecção mundial2.

CORRELAÇÃO ENTRE AS FORMAS CLÍNICAS DA HANSENÍASE E O GRAU DE INCAPACIDADE NEUROLÓGICA1

CORRELATION BETWEEN THE CLINICAL FORMS OF LEPROSY AND THE DEGREE OF NEUROLOGICAL INCAPACITY

Maria Brasil XAVIER2, Núbia Cristina da Silva Tavares3, Suelen Costa CORRÊA3, Bruna Kuroki GONÇALVES3, Margarida Maria Azevedo Boulhosa RAMOS3 e Geraldo Mariano Moraes de MACEDO4

RESUMO

Objetivo: correlacionar as formas clínicas e o grau de incapacidade neurológica de pacientes com hanseníase, além de obter informações sobre características epidemiológicas e verificação do grau da correlação pesquisada. Método: foram estudados 200 pacientes diagnosticados com hanseníase, no período de ≤ 1950 a ≥ 2000, independente da forma clínica apresentada e do sexo, provenientes da “Colônia do Prata”. Utilizou-se protocolo de pesquisa que continha variáveis epidemiológicas, como idade, sexo, procedência, data de nascimento e informações clínicas referentes à hanseníase, como data do diagnóstico, forma clínica e o grau de incapacidade neurológica no momento do diagnóstico até a alta.

Resultados: verificou-se que a maioria dos pacientes era do sexo masculino (63%), com idade entre 15 e 60 anos e que manifestaram a forma multibacilar (62,5%). Quanto ao número de casos, houve maior incidência a partir da década de 70. Observou-se que pacientes com grau de incapacidade 0 apresentavam predominantemente a forma Indeterminada, enquanto os que apresentavam alguma incapacidade tinham essencialmente a forma virchowiana. Conclusão: o estu- do constatou que pacientes do sexo masculino, que adoecem depois dos 15 anos de idade e que desenvolvem a forma multibacilar possuem maior chance de evoluírem com algum grau de incapacidade neurológica.

DESCRITORES: hanseníase; incapacidade; epidemiologia.

Entretanto, segundo estudos da “World Health Orga- nization” (WHO), a prevalência da doença diminuiu signi- ficativamente, especialmente em países onde a hanseníase tem sido altamente endêmica há várias décadas3.

A situação epidemiológica da enfermidade no Brasil é considerada heterogênea, devido à grande variação do coeficiente de prevalência nas várias regiões do país. Cerca de 47.000 casos novos são detectados a cada ano, sendo 8% deles em menores de 15 anos4.

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Segundo o Ministério da Saúde (2008)4, a hanseníase apresenta tendência de estabilização dos coeficientes de detecção no Brasil, mas ainda em patamares muito altos nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste. Essas regiões concentram 53,5% dos casos detectados em apenas 17,5%

da população brasileira.

Dada a importância do conhecimento acerca das formas clínicas da hanseníase devido à multiplicidade de sinais e sintomas, destaca-se a correlação com suas com- plicações, em virtude da gravidade das mesmas, sendo a deterioração neural a mais devastadora da doença5.

O comprometimento da função neural é um problema que requer atenção cuidadosa, tanto com o objetivo de se evitar ou minimizar a sua progressão, como para prevenir suas sequelas, deformidades sensitivas ou sensitivo-moto- ras e as incapacidades6.

Atualmente, a região Norte apresenta coeficientes com valor médio de 67,57/100.000 habitantes, tendo classifi- cação hiperendêmica, ainda que tenha tendência decres- cente para o coeficiente de detecção7. Tal fato evidencia a relevância de trabalhos de pesquisa neste campo, a fim de proporcionar maior conhecimento e assim auxiliar na for- mação de resoluções ou medidas de controle efetivas, que contribuam para a diminuição ou eliminação da doença.

Desta maneira, este estudo tem como objetivo avaliar a correlação entre as formas clínicas da hanseníase e o grau de incapacidade neurológica de pacientes procedentes da

“Colônia do Prata” e, ainda, prover informações sobre características epidemiológicas, bem como a verificação do grau da correlação pesquisada.

OBJETIVO

Correlacionar as formas clínicas da hanseníase e o grau de incapacidade neurológica de pacientes procedentes da

“Colônia do Prata”, além de determinar o perfil clínico-e- pidemiológico destes pacientes e verificar o grau de relação entre as formas clínicas e a incapacidade neurológica dos mesmos.

MÉTODO

Os sujeitos da pesquisa foram estudados segundo os preceitos da Declaração de Helsinque e do Código de Nuremberg, sendo respeitadas as Normas de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (Res. CNS 196/96) do Con-

selho Nacional de Saúde, após aprovação de anteprojeto pelo Núcleo de Pesquisa Pós-Graduação e Extensão em Medicina (NUPEM), pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará e pelos pacientes estudados ou responsá- veis pelos mesmos, por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Realizou-se um estudo transversal, no mês de dezembro de 2007, retrospectivo e de coorte. A casuística foi composta por 200 pacientes diagnosticados com hanse- níase, no período de ≤ 1950 a ≥ 2000 (que corresponde ao diagnóstico dado desde o período inicial da implementação da “Colônia do Prata” até o mês que antecedeu a coleta dos dados do presente estudo), independente da forma clínica apresentada e do sexo, provenientes da “Colônia do Prata”.

Dentre os critérios de exclusão, enquadram-se os pacientes que não receberam diagnóstico de Hanseníase ou que rece- beram em outro período que não seja o pré-estabelecido, os que não são procedentes da “Colônia do Prata” e os que apresentem comorbidades associadas.

Foi utilizado um protocolo de pesquisa, elaborado pelos autores, que contém variáveis epidemiológicas, como idade, sexo, procedência, data de nascimento e informações clínicas referentes à hanseníase, como data do diagnóstico, forma clínica (preconizada pelo Ministério da Saúde) e o grau de incapacidade neurológica no momento do diag- nóstico até a alta. Este foi determinado de acordo com as normas estabelecidas por formulários preconizados pela DNDS/MS (Divisão Nacional de Dermatologia Sanitária/

Ministério da Saúde)8.

Os dados apresentados foram obtidos a partir de informações de prontuários de pacientes cadastrados na

“Colônia do Prata”, que receberam diagnóstico de hanse- níase no período já mencionado.

Após obtenção dos dados provenientes dos prontuá- rios, os mesmos foram trabalhados por meio de tabelas e gráficos (Excel) com aplicação de parâmetros estatísticos descritivos através do programa BioEstat 3.0. Os resultados foram trabalhados através da aplicação do teste do Qui- Quadrado com Correção de Yates, teste ANOVA/ Bonfer- roni, p = 0,0111 e da “Odds Ratio”(OR), obedecendo um p valor < 0,05 e um Intervalo de Confiança 95% (IC 95%).

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RESULTADOS

TABELA 1- Prevalência de casos de Hanseníase procedentes da “Colônia do Prata” , distribuídos de acordo com o sexo, no período de ≤1950 a ≥2000

Número de Casos

Total Masculino Feminino

n % n % n %

≤ 1950 5 2.5 5 2.5 0 0

1950-60 12 6 7 3.5 5 2.5

1960-70 25 12.5 22 11 3 1.5

1970-80 63 31.5 45 22.5 18 9

1980-1990 39 19.5 20 10 19 9.5

1990-2000 29 14.5 16 8 13 6.5

>2000 27 13.5 11 5.5 16 8

Total 200 100 126 63 74 37

Fonte: Protocolo de pesquisa

TABELA 2- Relação do período de adoecimento e a faixa etária dos pacientes portadores de Hanseníase, procedentes da “Colônia do Prata”, no período de ≤1950 a ≥2000.

Período que adoeceu

Faixa Etária de Adoecimento

≤15 anos 15 -60 anos > 60 anos

n % n % n %

≤ 1950 3 1.5 2 1 0 0

1950-60 5 2.5 7 3.5 0 0

1960-70 9 4.5 16 8 0 0

1970-80 10 5 53 26.5 0 0

1980-1990 5 2.5 31 15.5 3 1.5

1990-2000 13 6.5 14 7 2 1

>2000 8 4 16 8 3 1.5

Total 53 26.5 139 69.5 8 4

Fonte: Protocolo de pesquisa

TABELA 3- Distribuição das formas clínicas de Hanseníase, no período de ≤1950 a ≥2000, na “Colônia do Prata”, Belém – PA.

Período Multibacilar Paucibacilar

n % n %

≤ 1950 5 2.5 0 0

1950-60 9 4.5 3 1.5

1960-70 17 8.5 8 4

1970-80 45 22.5 18 9

1980-1990 16 8 23 11.5

1990-2000 21 10.5 8 4

>2000 12 6 15 7.5

Total 125 62.5 75 37.5

Fonte: Protocolo de pesquisa

TABELA 4- Correlação entre o Grau de Incapacidade neuroló- gica e as formas clínicas da Hanseníase, idade de adoecimento e o gênero de pacientes procedentes da “Colônia do Prata”, no período de ≤ 1950 a ≥2000

Grau de Incapacidade (%)

0 I II III

Forma Clínica

Indeterminada 37.9 19.2 9.6 0.0

Tuberculóide 22.4 3.8 19.4 25.0

Dimorfa 17.2 30.8 19.4 2.6

Virchowiana 22.4 46.2 51.6 72.4

Total 100 100 100 100

Idade que adoeceu

≤15 anos 13.5 3.5 1 7.5

>15 anos 15.5 9.5 14.5 30.5

Total 29 13 15.5 38

Gênero

Masculino 48,3 61,5 58,1 76,3

Feminino 51,7 38,5 41,9 23,7

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Protocolo de pesquisa

TABELA 5- Período (anos) por grau de incapacidade (GI) dos pacientes portadores de Hanseníase, procedentes da “Colônia do Prata”, no período de ≤1950 a ≥2000

Período em anos com GI sem GI

n % n %

≤ 1950 5 2,6 0 0

1950-60 11 5,8 1 0,5

1960-70 19 9,9 6 3,1

1970-80 56 29,3 7 3,7

1980-1990 20 10,5 17 8,9

1990-2000 11 5,8 15 7,9

>2000 11 5,8 12 6,3

Total 133 69,6 58 30,4

Fonte: Protocolo de pesquisa

(18)

TABELA 6: Correlação entre e a presença ou não de incapaci- dade neurológica e as formas clínicas da Hanseníase, idade de adoecimento e gênero de pacientes procedentes da “Colônia do Prata”, no período de ≤ 1950 a ≥2000

Grau de Incapacidade n

Presente Ausente n

Forma Clínica

Multibacilar 98* 23

Paucibacilar 35 35

Idade

>15 anos 109* 31

≤15 anos 24 27

Gêne- ro Masculino 92** 28

Feminino 41 30

Fonte: Protocolo de pesquisa

*P= 0,0001 (Qui-Quadrado com Correção de Yates).

**P = 0,0097 (Qui-Quadrado com Correção de Yates)

DISCUSSÃO

O acometimento neural ocorre em todas as formas de hanseníase9, sendo sua característica mais marcante e responsável pelo estigma de enfermidade deformante10. A distribuição dos casos por sexo mostrou diferença significativa no presente trabalho, sendo 63% do sexo masculino (TABELA 1). Aquino e col. (2003)11 ratificam a maior prevalência de hanseníase em pacientes do sexo masculino, sendo tal grupo representado por 60,9%.

Quanto ao número de casos de hanseníase no período ≤ 1950 a ≥ 2000, constatou-se que a partir da dé- cada de 70 houve maior incidência de casos para ambos os sexos, sendo 22,5% do sexo masculino e 9% do sexo feminino (TABELA 1).

A maioria dos pacientes estudados (69,5%) se encontra na faixa etária entre 15 e 60 anos, sendo apenas 4% com idade acima dos 60 anos (TABELA 2). Situação semelhante foi vista em um trabalho realizado em Recife (PE) no ano de 2002, no qual foi notada que a frequência dos casos aumentou com a idade12.

Com relação às formas clínicas da hanseníase, a maioria dos pacientes manifestou a forma Multibacilar (62,5%), enquanto que as formas paucibacilares represen- taram 37,5% dos casos (TABELA 3). Em desacordo com este dado, Aquino e col. (2003)11 relataram o predomínio de diagnóstico das formas paucibacilares com 51,4% dos casos registrados. Entretanto, em estudo desenvolvido du- rante os anos de 2000 a 2006, os autores corroboram com os achados do presente estudo, mostrando a predominância da forma multibacilar em comparação à paucibacilar13.

A predominância de uma ou outra forma clínica

varia de acordo com o período estudado, pois entre as décadas de 70 e 80 foi verificado um maior número de casos de hanseníase multibacilar (MB), enquanto que entre as décadas de 80 e 90 foi constatado um maior número de casos das formas paucibacilares (PB) (TABELA 3).

Não há dados na literatura que justifiquem tais dados de acordo com essas décadas, mas acredita-se que uma pos- sível explicação seja o aumento da eficácia do tratamento em virtude da implantação da poliquimioterapia (PQT) que otimizou a recuperação dos pacientes portadores de hanseníase, possibilitando uma redução nos casos de han- seníase MB. A alça ascendente da curva poderia ainda ser explicada pela organização de um serviço especializado, com a consequente melhoria das condições de diagnóstico e de registro de informações14.

A partir do ano de 1990 houve uma queda significativa nos casos da hanseníase MB, representada por apenas 6 casos no ano de 2000. Na década de 90, entretanto, foram notificados apenas 4 casos da hanseníase PB (TABELA 3). Segundo Ponnighaus e col. (1994)15, as formas vir- chowiana e tuberculóide aumentam sua freqüência com a idade. No trabalho de Aquino e col., realizado no estado do Maranhão no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1995, houve um discreto predomínio das formas PB (51,4%). Entretanto, o percentual de pacientes portadores das formas indeterminada e virchowiana foi igual (32,7%).

A tuberculóide foi responsável por 18,7% dos casos e a dimorfa por 15,9%11.

Percebe-se então que há variações quanto à preva- lência das formas clínicas da hanseníase de acordo com o ano e com a procedência dos pacientes. Porém, de acordo com a literatura, há concordância de que os portadores de formas multibacilares parecem apresentar apreciavelmente mais reações e neurite do que os paucibacilares16.

Quando se correlacionou as formas clínicas da hanseníase e o grau de incapacidade (GI), verificou-se que os pacientes com GI 0 apresentavam, predominantemente, a forma clínica indeterminada, enquanto que os portadores dos graus I, II e III apresentavam essencialmente a forma virchowiana (TABELA 4). Os dados são condizentes com os encontrados por Carvalho e col. (2000)17 e por Mos- chioni e col. (2010)18, constatando que as formas clínicas que apresentaram maior GI física foram a virchoviana e a dimorfa.

Além disso, constatou-se que pacientes com ida- de igual ou inferior a 15 anos eram acometidos, em sua maioria, pelo grau I, enquanto que pacientes com idade superior a 15 anos apresentavam como GI predominante o grau III (TABELA 4).

(19)

Como pôde ser visto, houve uma ascensão, verifi- cada no período estudado até a década de 70-80, do número de pacientes que apresentavam algum GI. Como um grande número de hansenianos com as formas multibacilares foi registrado na mesma época e estas são as que mais cursam com incapacidades. Este resultado era de se esperar devido ao que já foi apresentado.

Posteriormente, observou-se ainda uma queda nos casos de hanseníase relacionada ou não com o GI (TABELA 5). Isso pode ser o reflexo da introdução da PQT a partir de 198119.

Verificou-se que o paciente que pertence ao sexo masculino tem uma chance de 2,4 vezes maior de evoluir com GI em relação aos pacientes do sexo feminino (TABE- LA 4 e 6). Oliveira e col. (1996)20 observaram também que entre os pacientes avaliados, a presença de incapacidades foi maior no sexo masculino em relação a todas as sequelas.

Uma possível justificativa para tal, é que as mu- lheres se cuidariam mais que os homens. Geralmente, elas mostram-se mais preocupadas com a aparência física, e por isso buscam assistência médica logo e mais vezes, o que faz com que não evoluam tanto com incapacidade. Foi o que mostrou um estudo feito por Oliveira e col. (1998)21. Outro fator observado por ele foi com relação à regularidade da frequência dos doentes ao serviço, revelan- do que 70% das mulheres são mais assíduas aos retornos médicos do que os homens (59,84%). As ausências foram justificadas por eles como: esquecimento do dia do retorno médico; presença de reações indesejadas, alegando que os remédios estavam fazendo mal; credibilidade na doença;

preferência pela bebida alcoólica e impossibilidade de faltar ao serviço.

A forma clínica da doença também poderia expli- car o maior GI encontrado no sexo masculino, uma vez que taxas de incapacidade e deformidade altas são vistas nas formas virchowianas e dimorfas (TABELA 4), as quais são as formas mais comuns neste sexo22.

Pode-se observar na tabela 4 que o paciente que adoece depois dos 15 anos de idade possui aproximada- mente 4 vezes mais chance de evoluir com GI em relação ao que adoece antes dos 15 anos de idade. Fato concordante ao encontrado por Borges e col. (1987)23, no qual os pacientes que apresentaram grau II de incapacidade enquadravam-se na faixa etária de 15 - 49 anos.

A incidência da hanseníase em menores de 15 anos indica a precocidade da exposição ao agente etioló- gico, reflexo do maior nível de endemicidade. Da mesma forma, a presença de GI nessa faixa etária é indicativa de diagnóstico tardio22.

De acordo com a tabela 6, os pacientes que de- senvolvem a forma Multibacilar possuem uma chance de aproximadamente 4 vezes maior de evoluir com algum GI em relação a quem desenvolve a forma paucibacilar. Resul- tado semelhante ao encontrado por Moschioni (2007)22 em que pacientes multibacilares tiveram a chance de ter grau II aumentada em 5,7 vezes quando comparado à chance dos paucibacilares.

Isso ocorre uma vez que tais formas multibacilares têm período de evolução longo, com possibilidade de dano neural mais intenso e grave24.

A situação de hiperendemicidade, agravada pelo ele- vado percentual de pacientes que apresentam incapacidades físicas em consequencia da doença, pode interferir na qualidade de vida dos mesmos. Há, portanto, a necessidade urgente de medidas que revelem o lado oculto do caráter endêmico da enfermidade, a fim de que se reduzam a mor- bidade e as incapacidades físicas decorrentes da mesma.

Além disso, é necessária a realização de novos tra- balhos científicos nessa área, a fim de se elucidar questões ainda não totalmente esclarecidas na literatura com respeito à doença, para que se compreenda melhor os mecanismos que podem levar às enfermidades e assim melhorar a qua- lidade de vida desses pacientes.

CONCLUSÃO

Entre os pacientes procedentes da “Colônia do Prata”, no período estudado, a chance de evoluírem com algum grau de incapacidade era maior para homens, que adoe- ceram depois dos 15 anos de idade e que desenvolveram a forma clínica multibacilar. Os pacientes com grau de incapacidade 0 apresentaram predominantemente a forma indeterminada, enquanto os que apresentaram algum grau de incapacidade tinham essencialmente a forma clínica Virchowiana.

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SUMMARY

CORRELATION BETWEEN THE CLINICAL FORMS OF LEPROSY AND THE DEGREE OF NEUROLOGICAL INCAPACITY”

Marília Brasil XAVIER, Núbia Cristina da Silva TAVARES, Suelen Costa CORRÊA, Bruna Kuroki GONÇALVES, Margarida Maria Azevedo Boulhosa RAMOS e Geraldo Mariano Moraes de MACEDO

Objective: to correlate the clinical forms and the degree of neurological incapacity of patients from with Leprosy, be- yond getting information on epidemiological characteristics and verification of the degree of the searched correlation.

Method: 200 patients diagnosed with Leprosy were studied, in the period of ≤ 1950 ≥ 2000, independent of the clinical form and the sex, proceeding from “Colônia do Prata”. A research protocol was used, and it contained epidemiological variables, as age, sex, origin, date of birth and referring clinical information to the Leprosy, as date of the diagnosis, clinical form and the degree of neurological incapacity at the moment of the diagnosis until the successful treatment.

Results: it was verified that the majority of the patients were male (63%), with age between 15 and 60 years and that they had revealed the form Multibacillary (62,5%). The highest incidence of cases was on seventy’s decade. It was observed that patients with degree of incapacity 0 presented the Indetermined form predominantly, while the ones that presented some incapacity essentially had the Virchowiana form. Conclusion: it was evidenced that male patients that got sick after 15 years old and that developed the Multibacillary form possess higher possibility to evolve with some disability.

KEY-WORDS: Leprosy; incapacity; epidemiology

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Endereço para correspondência Núbia Cristina da Silva Tavares

Conj. Império Amazônico, Bloco 11, Quadra B, Apto. 5 – Souza – Belém – Pará Fones: 091-81174714 / 91157195

E-mail: tavares_nubia@yahoo.com.br / tavares_nubia@hotmail.com Recebido em 09.07.2010 – Aprovado em 28.05.2014

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ARTIGO ORIGINAL

1 Trabalho realizado no Hospital Regional do Baixo Amazonas do Pará. Santarém. Pará.

² Residente em Cirurgia Geral pela Universidade do Estado do Amapá. Macapá. Amapá. Graduada em Medicina pela Universidade do Estado do Pará. Santarém. Pará.

³ Residente em Clínica Médica pela Universidade do Estado do Amapá. Macapá. Amapá. Graduada em Medicina pela Universidade do Estado do Pará. Santarém. Pará.

4 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Pará. Belém. Pará.

5 Especialista em Ginecologia e Obstetrícia.Graduada em Medicina pela Universidade do Estado do Pará.Orientadora da pesquisa.

6 Coordenador do Programa de Residência médica da Universidade Federal do Amapá.Especialista em Cirurgia Geral/MEC.Graduado em Medicina pela Universidade do Estado do Pará.

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS GESTANTES ATENDIDAS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA EM PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO1

THE EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF PREGNANT WOMEN SERVED IN A REFERENCE CENTER IN PRENATAL HIGH RISk

Joyce Carolina Silva dos ANJOS2, Robert Rodrigues PEREIRA3, Pedro Ruan Chaves FERREIRA4, Taís Beltrão Paiva MESQUITA5 e Olavo Magalhães PICANÇO JÚNIOR6

RESUMO

Objetivo: conhecer o perfil das gestantes atendidas em um centro de referência em pré-natal de alto risco no município de Santarém, período de setembro de 2010 a setembro de 2011. Método: estudo realizado de modo quantitativo, descritivo e retrospectivo utilizando os prontuários das mulheres grávidas que realizaram consultas, no Centro de Referência em pré-natal de alto risco do Hospital Regional do Baixo Amazonas do Pará Dr. Waldemar Penna. Resultados: foram atendidas 94 pacientes, sendo 20% destas atendidas em julho de 2011; 70% foram referenciadas da própria região do hospital pesquisado; 17% encontravam-se em grupo de risco, já que 3% possuíam idade igual ou inferior a 15 anos e 14% tinham 35 anos ou mais; 43% das pacientes relataram possuir ou estar cursando o ensino fundamental; 42%

eram casadas e 77% foram classificadas como pardas, segundo a sua etnia; 66% revelaram que não tiveram nenhum quadro de morbidade antes da gestação e 53% afirmaram não terem tido nenhum antecedente mórbido familiar; 59%

das gestantes eram multíparas e 67% já realizaram parto cesáreo. A principal causa do acompanhamento pré-natal de alto risco foi a hipertensão arterial, acometendo 40,5 % das gestantes e 94% das gestantes realizaram ultrassonografia obstétrica durante a internação hospitalar. Considerações finais: o incentivo e orientação das políticas públicas para o esclarecimento da população e dos profissionais da saúde sobre a importância do pré-natal, é a melhor forma de se obter resultados satisfatórios de diminuição do índice de morbimortalidade da gestante, feto e do recém-nascido e de fornecer à mulher oportunidade de uma gravidez sem intercorrências.

DESCRITORES: gestantes; cuidado pré-natal; indicadores de morbimortalidade.

INTRODUÇÃO

Atualmente a população mundial enfrenta sérios problemas na saúde pública, dentre eles a mortalidade

materno-infantil tem ganhado grande destaque no cenário social.

De acordo com dados divulgados em 2011 pelo

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Fundo de População das Nações Unidas1, a população mundial chegou a 7 bilhões de habitantes. Segundo estimativas da referida organização, o contingente populacional do planeta poderá atingir a marca de 10,6 bilhões de habitantes em 2050, e mais de 15 bilhões em 2100.

A população brasileira é de 190.732.694 habitantes2. Segundo as estimativas, no ano de 2025, a população brasileira deverá atingir 228 milhões de habitantes.

A taxa de natalidade refere-se ao número de nascimentos a um dado período, usualmente, um ano.

Expressa o número de crianças nascidas para cada grupo de mil pessoas. Ressalta-se que as taxas de natalidade variam de um grupo de país para outro e refletem as condições de existências de suas populações3.

Anualmente, ocorrem cerca de 7,6 milhões de mortes perinatais, das quais 98% nos países em desenvolvimento.

Nesses, cerca de 57% são representadas pelos óbitos fetais, cuja queda tem sido muito lenta. Sabe-se que essa mortalidade originária do período perinatal, vem aumentando, consideravelmente no Brasil, onde em sua maioria, seriam evitáveis com uma participação mais efetiva do sistema de saúde4.

Na região norte e especialmente no Pará, por suas peculiaridades geográficas e demográficas, socioeconômicas e políticas, tem-se observado um elevado número de gestantes desenvolvendo gestações de alto risco, o que oferece perigo tanto materno, quanto fetal, necessitando de atendimento especializado e de referência5.

A gestação é um fenômeno fisiológico e, por isso mesmo, seu desenvolvimento se dá na maioria das vezes sem anormalidades. Para que a gravidez transcorra sem intercorrências e com segurança, são necessários cuidados da gestante, do parceiro, da família e, especialmente dos profissionais de saúde.

Conhecer o perfil dessa gestante de alto risco é mapear as dificuldades que contribuem para elevar o risco da gestação e suas consequências sociais. E dessa forma, facilitar o desenvolvimento de ações e de políticas públicas de saúde que possam minimizar os elevados índices de gestações de alto risco e mortalidade perinatais.

Os fatores norteadores para a realização desta pesquisa estão presentes na importância da implantação do pré-natal de alto risco do HRBA para a população do município de Santarém e dos demais municípios em torno.

No mundo, a cada ano, ocorrem 120 milhões

de gravidezes, entre as quais mais de meio milhão de mulheres morrem em conseqüências de complicações, durante a gravidez ou o parto, e mais de 50 milhões sofrem enfermidades ou incapacidades sérias relacionadas à gravidez6. De acordo com a Organização Mundial de Saúde OMS, a África Subsaariana é a região do mundo onde há o maior risco de morte por complicações durante a gestação.

A razão da mortalidade materna no Brasil, segundo o Ministério da Saúde MS, em 2002, 50,3 por cem mil nascidos vivos. A região Nordeste teve o maior índice, 60,8, seguida da região Centro-Oeste, com 60,3; região sul, com 56,6, e Norte 53,2; o menor índice foi encontrado na região Sudeste, com 45,97.

Infere-se, portanto, a partir desses dados, que uma parcela significativa dessas gestantes morreria de causas direta ou indiretamente relacionadas com nosologias que poderiam ser tratadas ou acompanhadas durante o pré-natal. Diante desses dados, é constatável que a causa mais comum desta problemática tem sido, muitas vezes, a dificuldade de acesso a um atendimento mais especializado.

O Hospital Regional do Baixo Amazonas do Pará – Dr. Waldemar Penna por ser referência e por combater, diretamente, este problema no município de Santarém, se tornou alvo do estudo desta pesquisa que pretende demonstrar os resultados e consolidá-los em gráficos e tabelas, o perfil das gestantes atendidas em um centro de alta complexidade, pioneiro na região.

OBJETIVO

Conhecer o perfil das gestantes atendidas em um Centro de referência em pré-natal de alto risco, no município de Santarém, período de setembro de 2010 a setembro de 2011, intencionando-se identificar fatores de risco, que, possivelmente, contribuíram para o desenvolvimento de uma gestação de alto risco.

MÉTODO

O estudo foi realizado de modo quantitativo, descritivo e retrospectivo utilizando os prontuários das mulheres grávidas que realizaram consultas, no Centro de Referência em pré-natal de alto risco do Hospital Regional do Baixo Amazonas do Pará - Dr. Waldemar Penna, localizado no município de Santarém, durante o período de setembro de 2010 a setembro de 2011.

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Após a análise dos prontuários definiu-se o perfil das gestantes atendidas e, posteriormente, foram classificadas quanto aos fatores de risco, a gestação segundo o Ministério da Saúde: características individuais e condições sócio-demográficas desfavoráveis, história reprodutiva anterior, doença obstétrica na gravidez atual e intercorrências clínicas8.

Os prontuários foram apresentados de forma anônima e quantitativa, sendo atribuído a cada um, uma numeração aleatória. O mesmo procedimento foi realizado quanto à apresentação dos resultados consolidados em tabelas e gráficos.

Foram obedecidos os critérios preconizados pelos princípios sobre pesquisas que envolvem seres

humanos: o Código de Nuremberg (1947), a Declaração dos Direitos do Homem (1948), Declaração de Helsinque (1954 e suas versões posteriores de 1945, 1983 e 1989), o Acordo Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (ONU, 1966, aprovado pelo Congresso Nacional Brasileiro em 1992), as Propostas das Diretrizes Éticas Internacionais para Pesquisas Prómédicas envolvendo Seres Humanos (CIOMS/OMS 1982 e 1993) e as Diretrizes Internacionais para Revisão Ética de Estudos Epidemiológicos (CIOMS/1991).

Este projeto de pesquisa foi encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará, sob o parecer de número 557.258.

RESULTADOS

Tabela I – Faixa etária das gestantes atendidas no Hospital Regional do Baixo Amazonas – Dr. Waldemar Penna, período de setembro de 2010 a setembro de 2011

Faixa etária das gestantes Nº casos

< 15 anos 3

16 - 25 anos 43

26 - 35 anos 35

> 35 anos 13

Total de casos 94

Fonte: Prontuários das gestantes atendidas no pré-natal de alto risco do Hospital Regional Baixo Amazonas – Dr. Waldemar Penna

3%

46%

37%

14%

Faixa etária das gestantes atendidas no pré-natal de alto risco no período de setembro de 2010 a

setembro de 2011

menor ou igual a 15 16-25 anos 26-35 anos acima de 35

Figura 1 – Faixa etária das gestantes atendidas no pré-natal de alto risco do Hospital Regional do Baixo Amazonas – Dr. Waldemar Penna, período de setembro de 2010 a setembro de 2011.

Fonte: Prontuários das gestantes atendidas no pré-natal de alto risco do Hospital Regional Baixo Amazonas – Dr. Waldemar Penna

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Tabela II – Cor/etnia das gestantes atendidas no Hospital Regional do Baixo Amazonas, período de setembro de 2010 a setembro de 2011

Cor/etnia das gestantes atendidas Nº casos

Branca 9

Negra 10

Parda 72

Indígena 2

Total de casos 93

Fonte: Prontuários das gestantes atendidas no pré-natal de alto risco do Hospital Regional Baixo Amazonas – Dr. Waldemar Penna

Tabela III – antecedentes pessoais das gestantes atendidas no Hospital Regional do Baixo Amazonas – Dr. Waldemar Penna, período de setembro de 2010 a setembro de 2011

Antecedentes pessoais das gestantes atendidas Nº casos

Nenhuma 62

Hipertensão arterial sistêmica 13

Diabetes mellitus 6

Pneumopatia 4

Cardiopatia 3

Neuropatia 1

Infecção urinária 3

Cirurgia ginecológica anterior 19

Rubéola 1

Alergia 2

Total de casos 114

Fonte: Prontuários das gestantes atendidas no pré-natal de alto risco do Hospital Regional Baixo Amazonas – Dr. Waldemar Penna

Tabela IV – Antecedente obstétrico das gestantes atendidas no Hospital Regional do Baixo Amazonas – Dr. Waldemar Penna, período de setembro de 2010 a setembro de 2011

Antecedente obstétrico das gestantes atendidas Nº casos

Nulípara 39

Multípara 55

Total de casos 94

Fonte: Prontuários das gestantes atendidas no pré-natal de alto risco do Hospital Regional Baixo Amazonas – Dr. Waldemar Penna

Figura 4 – Antecedentes Obstétricos das gestantes atendidas no pré-natal de alto risco do Hospital Regional do Baixo Amazonas – Dr. Waldemar Penna, período de setembro de 2010 a setembro de 2011.

Fonte: Prontuários das gestantes atendidas no pré-natal de alto risco do Hospital Regional Baixo Amazonas – Dr. Waldemar Penna

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