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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Vara de Origem: 15ª Vara da Fazenda Pública Autos de Origem: 1033071-79.2021.8.26.0053

Agravantes: Defensoria Pública do Estado de São Paulo e Ministério Público do Estado de São Paulo

Agravado: Prefeitura Municipal de São Paulo

A DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, instituição essencial à função jurisdicional do Estado, por meio de seu Núcleo Especializado de

Cidadania e Direitos Humanos e o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotoria de Justiça de Direitos Humanos da Capital, Área de Inclusão Social, vêm à presença de Vossa Excelência, tempestivamente, com fulcro nos

artigos 1.015, incisos I e II, e seguintes do Código de Processo Civil, interpor recurso de

AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA RECURSAL contra a r. decisão proferida nos autos do processo nº

1033071-79.2021.8.26.0053, em trâmite perante a 15ª Vara da Fazenda Pública, que indeferiu os pedidos de tutela de urgência formulados pelas partes, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

Informam que o presente agravo vai desacompanhado das peças obrigatórias, nos termos do art. 1.017, §5º, do Código de Processo Civil.

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Em atendimento ao disposto no artigo 1.016, IV, informam que as intimações pessoais da Defensoria Pública devem ocorrer no seguinte endereço: Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos – situado na Rua Boa Vista, n. 150, mezanino, São Paulo – SP e do Ministério Público, em sua Promotoria de Justiça de Direitos Humanos, na Rua Riachuelo, 115, Sala 133, Sé, São Paulo/SP.

A decisão agravada está às fls. 1402/1406 dos autos e foi proferida em 04 de agosto de 2021. O Ministério Público foi intimado em 20/08/2021 e a Defensoria Pública em 26/08/2021.

Ante o exposto, esperam que seja recebido e admitido o presente agravo, sendo, nos termos do artigo 1019, I, CPC, determinada a antecipação da tutela pretendida, consoante as razões de fato e de direito que passam a aduzir.

São Paulo, 30 de agosto de 2021

Davi Quintanilha Failde de Azevedo

Defensor Público do Estado de São Paulo

Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos

Fernanda Penteado Balera

Defensora Pública do Estado de São Paulo Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos

Letícia Marquez de Avelar

Defensora Pública do Estado de São Paulo Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos

Anna Trotta Yaryd

1ª Promotora de Justiça de Direitos Humanos

Eduardo Ferreira Valério

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RAZÕES DE AGRAVO DE INSTRUMENTO

Vara de Origem: 15ª Vara da Fazenda Pública Autos de Origem: 1033071-79.2021.8.26.0053

Agravantes: Defensoria Pública do Estado de São Paulo e Ministério Público do Estado de São Paulo

Agravado: Prefeitura Municipal de São Paulo

Egrégio Tribunal, Colenda Câmara

1. DA TEMPESTIVIDADE

O recurso é tempestivo, uma vez que a Defensoria Pública e o Ministério Público gozam dos benefícios da contagem em dobro dos prazos processuais, a teor do disposto nos artigos 180, 183, §1º e 186, caput, do Código de Processo Civil.

No caso dos autos, a intimação das partes ocorreu por meio eletrônico, conforme certidão de fls. 1407/1410 e 1415/1418, que indica ter sido encaminhada para o portal eletrônico em 05/08/2021, sendo que, às fls. 1455/1457, consta que em 20/08/2021 o Ministério Público tomou ciência da r. decisão, tendo, portanto, o prazo se iniciado em 23/08/2021 (primeiro dia útil seguinte).

Considerando-se que as partes gozam de prazo em dobro, o qual somente se conta em dias úteis (artigo 219 do CPC), e que o prazo para interpor o recurso é de 15 dias (artigo 1003, §5º, CPC), é certo que o prazo de 30 dias úteis (em dobro) somente vence em 05/10/2021, já que não há expediente forense em 06 e 07/09 de 2021, por conta dos feriados de comemoração da Independência do Brasil.

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Assim, diante da interposição do recurso na presente data, é evidente, pois, a sua tempestividade.

2. BREVE SÍNTESE DA DEMANDA

Trata-se de ação civil pública proposta pelo Ministério Público do

Estado de São Paulo, por sua Promotoria de Justiça de Direitos Humanos, Área de

Inclusão Social, em face do Município de São Paulo com o objetivo de adequar judicialmente a atuação da Guarda Civil Metropolinata (GCM) em razão de sua atuação com evidente desvio de finalidade e abuso de poder na região da “Cracolândia” e da violação aos direitos das pessoas em situação de rua que ali vivem.

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo, por seu Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos, ingressou no feito na condição de assistente litisconsorcial (fls. 1068/1111).

Conforme exposto na petição inicial pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, a região central da cidade de São Paulo tem inúmeras cenas de uso abusivo de álcool e outras drogas, o que acarreta a aglomeração diuturna de milhares de pessoas nas vias e logradouros públicos.

O “fluxo humano” do território do bairro da Luz formado por pessoas usuárias de álcool e drogas e outras em situação de extrema vulnerabilidade, chamado de “Cracolândia”, é uma manifestação humana resultado de múltiplas situações: pessoas com sofrimento psicossocial, exclusão social, falta de acesso aos serviços de saúde e de assistência adequada. De forma desorganizada, tornou- se um coletivo humano com expressão de suas próprias vidas criando um sistema de proteção, convivência e auto acolhimento social.

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Embora a complexidade da região demande a intervenção do Poder Público para a garantia dos direitos das pessoas que ali estão, uma simples visita ao território indica que o Estado falhou nas políticas públicas de saúde e assistência social e que sua ação apenas produz mais preconceito e contribui para a exclusão social daqueles indivíduos.

Ao longo dos anos, muitas foram as tentativas de “resolução” do problema da chamada “Cracolândia” e, como já colocado pelo Ministério Público na petição inicial, os escopos das políticas públicas se alternaram da abstinência à redução de danos; do tratamento ambulatorial à internação compulsória, em tentativa e erro com seres humanos e gasto de dinheiro público, em políticas públicas descontínuas e pouco eficientes. O que se mantém constante, no entanto, é a repressão, seja pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, seja pela Guarda Civil Metropolitana do município de São Paulo. Para demonstrar o acerto de sua argumentação, o Ministério Público fez histórico das intervenções da GCM na região, dando ênfase às operações que se intensificaram a partir de 2017, as denúncias recebidas entre 2017 e 2021 e as provas colhidas no inquérito civil (fls. 96/987).

O cenário de grave violações de direitos humanos, apurado pelo Ministério Público, é corroborado por diligências extrajudiciais realizadas pelo Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, que realiza atendimentos itinerantes na região, oportunidade em que são coletados diversos relatos de violência, a maior parte deles relacionados à atuação da Guarda Civil Metropolitana, conforme se pode verificar nas fichas de atendimento juntadas às fls. 640/652 e 656/666.

Em suma, as provas apresentadas pelas partes indicam que a atuação da Guarda Civil Metropolitana na região caracteriza abuso de poder e desvio de finalidade e configura quadro de violações sistemáticas aos direitos humanos. Isso porque ficou demonstrado que a GCM cotidianamente atua como se fosse polícia

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repressiva e investigativa e viola os direitos das pessoas em situação de rua que ali se concentram.

Note-se, ainda, a total ausência de qualquer movimentação do poder público municipal para contê-las, não obstante as diversas recomendações e tratativas extrajudiciais realizadas pelo Ministério Público.

Diante desse quadro, foi proposta a ação civil pública e requerido, liminarmente:

(i) a obrigação de fazer, consistente em realizar previamente a qualquer operação de segurança urbana, por sua Secretaria Municipal de Segurança Urbana e por sua Guarda Civil Metropolitana, no território dos Campos Elíseos e Luz – a denominada Cracolândia –, estudo prévio de impacto e de efetividade das medidas a serem adotadas;

(ii) a obrigação de não fazer, consistente em se abster de realizar, por sua Secretaria Municipal de Segurança Urbana e por sua Guarda Civil Metropolitana, naquele mesmo território da cidade, ações de apoio à atividade de zeladoria urbana fora do horário permitido nas normas administrativas que regulam o assunto;

(iii) a obrigação de não fazer, consistente em se abster de realizar, por sua Secretaria Municipal de Segurança Urbana e por sua Guarda Civil Metropolitana, qualquer operação de natureza policial militar no território dos Campos Elíseos e Luz – a denominada Cracolândia –, entendidas estas como a prática organizada de ações típicas de polícia repressiva e sob formação militar, voltada à conquista de “espaços” nas vias públicas, com arremesso indiscriminado de munições contra pessoas e expulsão desmotivada de pessoas de logradouros públicos.

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Antes de apreciar a tutela de urgência, o D. Juízo determinou a citação da Prefeitura de São Paulo para que: “em contestação esclareça se há cronograma para intervenção da municipalidade ou da GCM na região da Cracolândia, se há estudo prévio de impacto, como são definidas as metodologias de atuação na área e qual objetivo. Também deverá esclarecer quais atividades de zeladoria urbana estão sendo implementadas na região e qual horário”. (fls. 990).

Logo após essa decisão, o Sindicato dos Guardas Civis Metropolitanos de São Paulo postulou o ingresso no feito como amicus curiae (fls. 997/1000), o que foi deferido às fls. 1049/1050. Embora discorde de alguns pedidos, o próprio sindicato

reconhece que a atividade de policiamento não deve ser feita pela GCM e, em se

sítio eletrônico, publicou nota afirmando que: “(...) no que se refere à retirada do policiamento da Guarda Civil Metropolitana daquele local de colapso social. Com isso estamos de pleno acordo: NÃO HÁ RAZÃO PARA A MANUTENÇÃO DO POLICIAMENTO DA GUARDA CIVIL METROPOLITANA NO LOCAL, SE OS DEMAIS ÓRGÃOS PÚBLICOS ABANDONARAM TAL DEMANDA!”1.

Ou seja, o próprio Sindicato dos Guardas compartilha da visão dos agravantes de que a GCM atua na região fazendo, principalmente, atividade de policiamento, o que é incompatível com o seu desenho constitucional, mormente diante do abandono das demais políticas públicas em uma região de tamanha complexidade.

A contestação da Prefeitura foi juntada às fls. 1113/1178 e, em resumo, faz um histórico da região da “Cracolândia”, aborda o atual programa existente na área - “Redenção” - e situa a GCM como o ator que dá suporte e condições de segurança para os servidores públicos que atuam na região nas áreas da saúde, assistência social e zeladoria urbana. Neste sentido, defende que a atuação da Guarda na região é central

1 Fonte: http://www.sindguardas-sp.org.br/site/NoticiaInterna/1282/sindguardas-sp-ingressa-na-acao-do-ministerio-publico-que-trata-da-atuacao-da-gcm-na-cracolandia. Grifos e destaques no original.

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para o desenvolvimento das políticas públicas na região e que está em conformidade com o texto constitucional.

Após a contestação da Prefeitura, foi proferida a decisão de fls. 1403/1406, que negou os pedidos de tutela de urgência formulados nos seguintes termos:

“Quanto a tutela de urgência, o pedido não comporta acolhida. É de conhecimento público, que a região da Cracolândia representa um dos maiores desafios da Administração Pública na Cidade de São Paulo, considerando as peculiaridades que envolvem a dinâmica da região. Como pontuado pela municipalidade, se de um lado a Cracolândia abriga pessoas em situação de extrema vulnerabilidade, que merecem do Poder Público o cuidado necessário para que possam superar as dificuldades da vida, por outro lado, é ponto conhecido da prática de crimes ao ar livre e em plena luz do dia (sobretudo o tráfico de drogas), não podendo o Poder Público ficar alheio a este aspecto da região

A atuação do poder público na Cracolândia precisa estar atenta as necessidades das pessoas extremamente vulneráveis que vivem na região, e combater a atuação do tráfico de drogas, que utiliza da vulnerabilidade para impor seu poder e domínio, tarefa complexa e que demanda atuação coordenada. Quanto ao pedido de tutela de urgência, no que se refere ao "item 1", não se revela possível impor à municipalidade a apresentação de estudo de impacto antes de realizar atos de zeladoria ou cumprimento de mandado judicial. Isto porque, a legislação não impõe ao poder público a apresentação de estudo de impacto, e não define o que englobaria este tipo de estudo. Também não há como impor ao ente público estudo de impacto para o cumprimento de mandado judicial, principalmente se a ordem judicial consistir na prisão de autor de prática de crime.

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Quanto ao "item 2 " do pedido de tutela de urgência, para que as ações de apoio à atividade de zeladoria urbana não sejam realizadas fora do horário permitido nas normas administrativas que regulam o assunto também não merece acolhida, pois o Decreto Municipal n. 59.246/2020 estabelece no artigo 6º que as ações de zeladoria urbana poderão ocorrer em qualquer horário e dia da semana.

Quanto ao "item3" do pedido de tutela de urgência, consistente em se abster de realizar, por sua Secretaria Municipal de Segurança Urbana e por sua Guarda Civil Metropolitana, qualquer operação de natureza policial militar no território dos Campos Elíseos e Luz – a denominada Cracolândia, também não comporta acolhida. A GCM é uma força de segurança pública (ainda que com as especificidades atinentes ao disposto no art. 144, §8º da Constituição), podendo utilizar de instrumentos e equipamentos não letais para controle de multidões, quando essa providência se fizer necessária. Incoerente seria que uma força de segurança pública não seja permitida utilizar os meios para garantir segurança alguma.

Contudo, não quer dizer que a GCM possa empregar a força sem atender aos limites constitucionais, tanto que seus agentes são punidos quando atuam com excesso de força. Os enfrentamentos ocorrem na Cracolândia em razão da dinâmica social ali instalada. Ao realizar o serviço de zeladoria os funcionários da limpeza pedem para que os usuários saiam do local e isso gera tensão, pois muitos estão embriagados ou sob efeito de drogas ilícitas, sendo que em algumas ocasiões ocorrem insurgências contra os agentes da Guarda Civil, que são atingidos por todo tipo de objetos. Para controlar a chamada "virada de fluxo", os agentes empregam meios para evitar confronto direto, como bombas de efeito moral, onde o confronto se instalada (fls. 1142/1143). Para a atuação da

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municipalidade, quer na zeladoria ou implementação de atividade de saúde ou educação, os funcionários necessitam do apoio da GCM. Em razão da tensão que envolve a região e os interesses antagônicos (a GCM buscando a segurança pública local e a proteção de bens, serviços e servidores municipais e, de outro lado, uma parte do fluxo buscando consumir e comercializar drogas ilícitas sem qualquer perturbação à luz do dia e ao ar livre) o uso da força acaba sendo necessário. Quando há excessos os agentes são responsabilizados, e limitar a atuação da GCM acaba por limitar a atuação do município no serviço de zeladoria e na implantação do Projeto Redenção. Pelo exposto, diante dos fundamentos declinados, INDEFIRO O PEDIDODE TUTELA DE URGÊNCIA”.

Há inúmeras razões que impõem, data maxima venia, a reforma da r. decisão, conforme se demonstrará a seguir, sendo de rigor, inclusive, a concessão da tutela de urgência requerida pelos Agravantes.

3. DAS RAZÕES PARA A REFORMA

A I. Magistrada, em sua decisão denegatória da tutela de urgência, invoca a necessidade de se enfrentar o tráfico de drogas e de se garantir os trabalhos de zeladoria urbana na região da denominada Cracolândia como fatores que impediram o acolhimento dos pedidos formulados pelos Agravantes.

Necessário esclarecer, contudo, que os Agravantes – Ministério Público Estadual e Defensoria Pública Estadual – concordam com tais necessidades. E, com a devida vênia, a leitura das petições trazidas aos autos demonstram isso à exaustão. Em momento algum, as Instituições de Estado pretendem enfraquecer o enfrentamento à

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criminalidade e ao tráfico de drogas no território, tampouco criar qualquer óbice aos trabalhos de limpeza e zeladoria urbanas da Municipalidade.

Os Agravantes pretendem tão somente que o enfrentamento ao tráfico de drogas seja feito pelas instituições constitucionalmente competentes para tal e que as atividades de zeladoria urbana não acarretem violação a direitos fundamentais constitucionalmente previstos de pessoas em situação de rua e dependentes químicos.

Os Agravantes sustentam, em consonância com o texto constitucional e precedentes jurisprudenciais, que o combate ao crime não é tarefa de guarda civil, mas, sim, de Polícia Militar e Polícia Civil. Os organismos policiais não precisam do reforço de uma guarda municipal para enfrentar traficantes de drogas; por outro lado, os direitos de cidadania de pessoas vulneráveis, que amiúde não são assegurados pelas forças policiais, precisam – e muito! – da presença e atuação de uma guarda civil.

Trata-se, pois, de se garantir que cada órgão público cumpra com a sua finalidade constitucional, de modo que a atuação conjugada resulte em eficiência e eficácia do Poder Público.

O desvio de função da Guarda Civil Metropolitana, entregando-se ao exercício de atividade policial militar, desguarnece a proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos vulneráveis. E, para piorar a situação, nem obtém o resultado desejado com a diminuição do tráfico de drogas no território, como comprova a persistência de décadas daquela lamentável cena pública de uso.

E o deplorável resultado talvez se deva exatamente à muita repressão policial e à pouca garantia de direitos. Exatamente o que se reforça com a decisão judicial ora atacada.

Nesse ponto, chama atenção a r. decisão agravada quando afirma que “Incoerente seria que uma força de segurança pública não seja permitida utilizar os meios para garantir segurança alguma.” Ora, como se sabe, a Guarda Civil Metropolitana do Rio de Janeiro não usa armas de fogo – e não há nada de incoerente nisso.

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A Guarda Municipal é tratada na Constituição Federal de 1988 no Título V – Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas, no Capítulo III – Da Segurança Pública: “Artigo 144, parágrafo 8º: Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei”. A finalidade primordial das Guardas Municipais é bem clara e seus limites estão dados pela Constituição Federal. Mesmo a lei ordinária posteriormente editada não pode ampliar tais limites finalísticos: proteger os bens, serviços e instalações municipais.

Trata-se de princípio fundamental de hermenêutica: se a Constituição Federal traça limites para a atuação de um órgão público, a lei ordinária pode regular o modo como tal atuação deva ser exercida, mas não pode, jamais, ampliá-la, sob pena de violar o comando constitucional. É neste sentido e sob esta convicção que a Lei Federal nº 13.022/2014 deve ser compreendida e interpretada.

Tal lei dispõe sobre o estatuto geral das guardas municipais e não

autoriza, para além da presença e vigilância, as ações típicas de policiamento ostensivo, em especial a revista de pessoas indistintamente nas vias públicas, a formação para combate ao tráfico, a atuação para repressão de crimes, o impedimento de livre circulação, violação à liberdade de imprensa, a realização de operações de policiamento repressivo de cunho claramente militar etc.

Em sua primeira disposição, já em seu artigo 1º, o texto legal dispõe que “esta Lei institui normas gerais para as guardas municipais, disciplinando o § 8º do art. 144 da Constituição Federal”. A sua fonte de interpretação, portanto, é essa norma constitucional e dela não pode o intérprete se afastar. E no § 2º, reafirma a “função de proteção municipal preventiva”, o que implica compreender essa expressão ‘proteção municipal’ como ‘proteção de bens, serviços e instalações municipais’.

Que não se pretenda, portanto, entender que a guarda municipal possa exercer função equivalente à de polícia simplesmente porque o artigo 5º, inciso II, prevê, como sua competência específica, “inibir infrações penais ou administrativas e atos

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infracionais”. E isto porque o inciso, lido e compreendido em sua integralidade, sugere duas balizas inafastáveis: (a) a inibição das infrações dá-se pela ‘pela presença e vigilância’; (b) as infrações a serem prevenidas são as que ’atentem contra os bens, serviços e instalações municipais’. E em todos os outros 17 incisos do mencionado artigo 5º, que compõem o rol das competências da guarda municipal, não há nada que sequer superficialmente sugira a possibilidade de alguma atuação repressiva, militar ou de polícia ostensiva.

De se observar que na hipótese de flagrância, ao guarda municipal só cabe encaminhar a ocorrência ao delegado de polícia (inciso XIV), denotando de modo claro que lhe é vedada qualquer iniciativa de revista pessoal, busca e apreensão de bens ou valores, realização de investigações, oitiva de testemunhas etc. Sua atuação, pois, é de colaboração em, no máximo, atuação conjunta com os órgãos de segurança pública, prestando apoio para a continuidade do atendimento, nos termos do parágrafo único do dispositivo legal. Apoio se presta a alguém, de sorte que a iniciativa será sempre do órgão policial e jamais da guarda municipal. Mostra-se inquestionável, portanto, que, nos

estritos termos da Constituição Federal, Guarda Municipal não é polícia– esta compreendida exclusivamente como as polícias civil, militar, federal, rodoviária, ferroviária e penal, embora seja uma força de segurança pública.

É certo, de outra sorte, que a decisão agravada leva em conta a complexidade da combinação de fatores presentes na região da Cracolândia, que impõe, de um lado, o enfrentamento a práticas criminosas e, de outro, a proteção dos direitos das pessoas que ali vivem. No entanto, o entendimento exposto na r. decisão a quo é o de que a Guarda Civil Metropolitana deveria se somar à Polícia para combater o crime. Sobre o outro lado do problema: nenhuma palavra. Nenhuma palavra sobre a

proteção dos direitos das pessoas que vivem na Cracolândia, nas mais extremas condições de vulnerabilidade, como é de conhecimento público e notório.

Com efeito, embora a r. decisão agravada reconheça que “a Cracolândia abriga pessoas em situação de extrema vulnerabilidade, que merecem do Poder Público o

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cuidado necessário para que possam superar as dificuldades da vida”, não há qualquer consideração, em termos práticos, de como o Poder Público deveria atuar para garantir esse “cuidado”. Fica claro que a principal preocupação, no que concerne à região da

Cracolândia, é o combate ao crime, e não a oferta de condições de vida digna às pessoas que ali estão.

De fato, caso houvesse uma preocupação também voltada às demandas sociais da região, o deferimento da tutela de urgência seria de rigor.

O pretendido plano de impacto é exigência lógica e indeclinável de qualquer política pública que se pretenda eficiente, ainda mais se consideradas “as peculiaridades que envolvem a dinâmica da região” (nas palavras da r. decisão agravada). É inerente à atuação do Poder Público, quando marcada pelo profissionalismo e seriedade, que o emprego de seus recursos seja inspirado por planejamento que preveja o impacto (resultado) a ser produzido junto à população a que se destina.

No caso em questão, essa conclusão é escancarada! Uma Guarda Civil voltada à proteção de direitos fundamentais do cidadão e da cidadã, atuando num território marcado por altíssimos índices de vulnerabilidade (com a gravíssima conjugação de pobreza, violência extrema, consumo habitual e problemático de drogas, especulação imobiliária e exploração política) não pode se atirar à matroca às vias públicas, com seus armamentos e agressividade, sem avaliar de modo objetivo e profissional, o resultado possível – e previsível e desejável – de seus procederes.

Por isso, espera-se que a Guarda Civil Metropolitana contribua para o êxito das operações de limpeza urbana com a atuação respeitosa e garantidora de direitos que se espera de um órgão público de natureza civil e, não, militar. O uso de escudos, de armamentos ostensivos, de tiros de elastômero e as formações militares não combinam com as prosaicas vassouras e pás de lixo que vêm na sequência.

O modo de garantir essa coerência por parte do Poder Público, de modo a compatibilizar a atividade de zeladoria sem emprego de violência, é atribuição da

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própria Municipalidade em seu planejamento de ação, não cabendo ao Ministério Público, à Defensoria Pública ou ao Poder Judiciário dizer como fazer. Por isso se postula a apresentação de um plano de ação que garanta a eficiência, exigível em qualquer atividade do Poder Público que gere impacto no direito dos cidadãos e cidadãs.

Se o nome “plano de impacto” não agrada (segundo a r. decisão agravada “a legislação não impõe ao poder público a apresentação de estudo de impacto, e não define o que englobaria este tipo de estudo”), pode-se chamá-lo de qualquer outra denominação; isso é irrelevante. O importante é que haja planejamento, de modo a se evitar o desrespeito aos direitos fundamentais das pessoas vulneráveis e o desperdício de recursos públicos, como tem ocorrido há muito naquele território desta capital – fato inegável, público e notório.

Neste ponto, é necessário destacar que o Supremo Tribunal Federal tem sólidos precedentes que reafirmam a possibilidade de intervenção judicial em políticas públicas, desde que observados alguns parâmetros como: a) que haja a violação dos direitos fundamentais de um grupo específico de usuários ou destinatários da política ou serviço público; b) que essa violação decorra de uma omissão inconstitucional prolongada e insustentável; c) que haja urgência e necessidade de intervenção judicial2. No caso em análise, não resta dúvida que há violação histórica e reiterada dos direitos das pessoas em situação de rua e daquelas que fazem uso abusivo de drogas que vivem e frequentam a região da “Cracolândia”, o que pode ser constatado pela análise dos documentos juntados na inicial, por inúmeras reportagens e por uma simples visita ao território.

Também é evidente que tal violação decorre de uma omissão institucional prolongada e insustentável que faz com que há mais de 40 anos a região da

2 Neste sentido, a histórica ADPF 45, o RE 592.581, que admitiu a possibilidade de intervenção judicial para realização de obras em presídios, a ADPF 347 que reconheceu o estado de coisas inconstitucional do Sistema Prisional Brasileiro e determinou a liberação de recursos do Funpen, entre outras.

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“Cracolândia” se caracterize por abrigar uma cena aberta de uso abusivo de álcool e outras drogas, reunindo centenas de pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social.

Já a urgência e necessidade de intervenção judicial evidenciam-se no fato de que são sistemáticas as intervenções indevidas da Guarda Civil Metropolitana no entorno da região conhecida como “Cracolândia”, perdurando ao longo dos anos de 2017, 2018, 2019, 2020 e 2021, conforme demonstrado pelos Agravantes.

Não bastasse, os conflitos na região da Cracolândia se intensificaram no final do ano passado e início deste ano de 2021 quando a Prefeitura decidiu realizar as remoções das famílias nas Quadras 37 e 38 e há fundado receio de que se intensifiquem ainda mais com a concretização desta remoção, haja vista o histórico das “operações” realizadas na região.

De fato, as ameaças de remoções e ações do Poder Público tensionaram ainda mais o clima já conflituoso da região, como pode ser conferido no dossiê divulgado pela “Craco Resiste”, movimento autônomo que atua na região desde 2017. A partir do monitoramento da região com câmeras por três meses (entre dezembro de 2020 e março de 2021), foram disponibilizados ao menos 12 vídeos3 que demonstram a atuação desmedida da GCM, vindo tal a ser divulgação inclusive na imprensa televisiva no dia 05 de abril de 20214.

Note-se ainda que, nessas ações, não foi feito esforço algum por parte do Poder Público que demonstrasse qualquer finalidade das medidas de violência, que atingiam pessoas do território que não demonstraram qualquer atitude agressiva.

Ao contrário, as ações demonstram repressão contra pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social, sintoma da falta de políticas públicas

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integradas e abrangentes na região. O fracasso do Poder Público em lidar com as carências básicas e efetivas, em garantir os direitos mais básicos da população, é camuflado pelo uso indiscriminado e custoso5 da violência contra aqueles que deveriam, ao invés de ser atacados, ser protegidos pelo Poder Público.

Neste cenário, o que se quer com esta ação não é limitar a atuação da Guarda Civil, impedir o combate ao tráfico ou ações de zeladoria urbana, mas, diante de uma situação de inércia e violação prolongada do Poder Público, garantir algumas balizas que possam, minimamente, assegurar direitos fundamentais às pessoas que mais necessitam.

É isso que almejam os Agravantes quando pedem que a Municipalidade seja obrigada a apresentar estudo prévio de impacto e de efetividade das medidas a serem adotadas, o que nos parece plenamente razoável e compatível com a necessidade de controle das forças de segurança pública e diante do histórico da região. De fato, após anos de “operações” marcadas pela violação de direitos, a tutela antecipada pretendida é, apenas, para que o Município apresente estudo ou evidência de que tais ações podem, de fato, contribuir com os fins que dizem querer atingir (eliminação ou redução do tráfico da região).

Trata-se, justamente, do que fez o Supremo Tribunal Federal na ADPF 635 (conhecida como “ADPF das Favelas”), que discute a necessidade de adoção de medidas para redução da letalidade policial no Estado do Rio de Janeiro. Após reconhecer que a violência policial no Rio de Janeiro é decorrência de uma omissão

5 O mesmo dossiê do movimento “Craco Resiste” chama atenção para os custos da violência na região. Conforme os dados levantados via Lei de Acesso à Informação, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana declarou o preço de R$ 31,32 por unidade de bala de borracha AM 403/PSR e de R$ 356,20 por unidade de granada de gás lacrimogêneo GL 203/L, ambas produzidas e fornecidas à secretaria pela Condor S.A. Indústria Química. Somando as balas de borracha e granadas despendidas pela GCM na região da Cracolândia, o custo atingiu R$ 14.201,28 em um único dia. Se considerado o intervalo entre setembro de 2020 e março de 2021, o saldo total de munições convertido em dinheiro corresponde a pelo menos R$ 60.247,12 que, de acordo com os dados orçamentários da própria prefeitura, possibilitaria a distribuição de mais de 6 mil refeições durante o período da pandemia.

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estrutural, a Corte determinou, entre outras medidas, que fosse apresentado um plano visando à redução da letalidade policial e ao controle de violações de direitos humanos pelas forças de segurança fluminenses, que contenha medidas objetivas, cronogramas específicos e a previsão dos recursos necessários para a sua implementação.

No mais, a tutela antecipada pretendida visa, apenas, adequar a atuação da Guarda Civil Metropolitana aos ditames constitucionais e dar cumprimento à normativa existente no que tange às atividades de zeladoria urbana.

4. DO CABIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA RECURSAL

O artigo 1.019, inciso I, do Código de Processo Civil, autoriza o relator a conceder efeito suspensivo ou a tutela antecipada recursal no agravo de instrumento.

Para tanto, a liminar no agravo poderá ser concedida se estiverem presentes os requisitos do perigo de dano irreparável ou de difícil reparação e fundamento relevante.

No caso em foco, é evidente a presença desses requisitos.

É fato que a Guarda Civil Metropolitana vem ampliando suas ações militares no território da Cracolândia, sendo que, recentemente, houve anúncio por parte da Prefeitura de São Paulo de que seriam adquiridos 10 fuzis e 25 carabinas para

a Guarda Civil Metropolitana (GCM)6 e, ao anunciar essa compra, o Prefeito ressaltou

6 Sobre o tema, a Prefeitura divulgou a seguinte nota: "A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria de Segurança Urbana, informa que a Prefeitura está cumprindo exatamente a indicação feita por meio de emenda parlamentar apresentada pelo vereador Delegado Palumbo. As emendas constituem uma prerrogativa dos parlamentares, não cabendo ao Executivo qualquer interferência. A emenda em questão destinou o valor de R$ 400 mil para aquisição de armamentos específico. O processo de compra será realizado pela Secretaria Municipal de Segurança Urbana, que está autorizada pela legislação federal 10.826/2003 e seus decretos reguladores. A Secretaria Municipal de Segurança Urbana reafirma que as armas indicadas na emenda parlamentar não serão utilizadas pelo efetivo normal. Somente a equipe de Inspetoria de Operações Especiais (IOPE), que têm uma caraterística diferente das demais

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a atuação da GCM na Cracolândia, atribuindo-lhe claramente função de “combate ao tráfico de drogas”: “Ela tem ajudado a combater o comércio ilegal, a pirataria e feito um trabalho excepcional na Cracolândia, combatendo o traficante, que é inimigo da cidade, da Prefeitura, da IOPE e da GCM”7.

Ao assim agir, a Prefeitura atribui à Guarda Civil Metropolitana a função de atuar como se polícia ostensiva e investigativa fosse, o que o faz com claro desvio de finalidade. O uso de fuzis, carabinas e outros armamentos por uma Guarda Civil e em território de tal complexidade, sem que sejam adotadas outras ações, apenas contribui para o recrudescimento da violência e da tensão no território.

Trata-se de fato público e notório, mas em todo caso comprovado pelos documentos juntados na inicial, por inúmeras reportagens frequentemente divulgadas na mídia e constatável em plena luz do dia, por uma simples visita ao território.

Revela-se necessária e urgente uma intervenção judicial, na medida em que são sistemáticas as ações indevidas da Guarda Civil Metropolitana no entorno da região conhecida como “Cracolândia”, perdurando ao longo dos anos de 2017, 2018, 2019, 2020 e 2021, tendo se intensificado nesses últimos dois anos, quando a Prefeitura decidiu realizar as remoções das famílias nas Quadras 37 e 38. Dossiê divulgado pela “Craco Resiste” contém ao menos 12 vídeos que demonstram a atuação desmedida da GCM contra as pessoas vulnerabilizadas da região da Cracolândia entre os meses de dezembro de 2020 e março de 2021.

Há, portanto, fundado receio de que se intensifiquem ainda mais as violações de direitos com a concretização desta remoção, haja vista o histórico das “operações” realizadas na região.

em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/08/04/vereadores-do-psol-pedem-que-mp-investigue-liberacao-de-r-400-mil-por-nunes-para-compra-de-fuzis-pela-gcm-de-sp.ghtml

7 http://www.capital.sp.gov.br/noticia/gcm-tera-nova-unidade-na-regiao-central-para-agilizar-atendimento-de-ocorrencias

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Com efeito, as ações da GCM na região demonstram repressão contra pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social, sintoma da falta de políticas públicas integradas e abrangentes na região. O fracasso do Poder Público em lidar com as carências básicas e efetivas, em garantir os direitos mais básicos da população, é camuflado pelo uso indiscriminado e custoso da violência contra aqueles que deveriam, ao invés de ser atacados, ser protegidos pelo Poder Público.

Assim, o que se quer com a concessão da tutela antecipada é que seja reafirmado que à Guarda Civil incumbe a proteção de bens públicos e a garantia e proteção dos direitos dos cidadãos – de todos os cidadãos, especialmente daqueles em situação de extrema vulnerabilidade social –, devendo a Polícia Militar se ocupar da repressão de crimes e a Polícia Civil da investigação e apuração dos delitos.

Assim sendo, requer sejam antecipados os efeitos da tutela recursal

para que sejam deferidos os pedidos formulados liminarmente pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública, a fim de que sejam impostas à Prefeitura de São Paulo obrigações de fazer e de não fazer consistentes, basicamente, em respeitar os direitos das pessoas que vivem na Cracolândia, tratando-as com dignidade e respeito. Note-se que não se está sequer a falar em conferir condições de vida digna a

essa população, garantindo-lhes tratamentos adequados em saúde mental – não se formularia pedido de tal complexidade em sede de antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional –, os pedidos deduzidos pelos Agravantes são, em verdade, muito mais singelos e almejam, simplesmente, que sejam respeitados como pessoas, sujeitos de direitos, cidadãos, todos os indivíduos que frequentam e vivem na região da Cracolândia.

5. DO PEDIDO

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A. Desde logo, com arrimo nas razões supra expostas, requer-se seja o presente recurso de agravo CONHECIDO e concedida a antecipação

da tutela recursal, nos termos do inciso I, do artigo 1.019 do Código

de Processo Civil, para que seja reformada a decisão agravada, a

fim de conceder a tutela antecipada para que seja imposta à Prefeitura de São Paulo:

a) a obrigação de fazer, consistente em realizar previamente a qualquer operação de segurança urbana, por sua Secretaria Municipal de Segurança Urbana e por sua Guarda Civil Metropolitana, no território dos Campos Elíseos e Luz – a denominada Cracolândia –, estudo prévio de impacto e de efetividade das medidas a serem adotadas;

b) a obrigação de não fazer, consistente em se abster de realizar, por sua Secretaria Municipal de Segurança Urbana e por sua Guarda Civil Metropolitana, naquele mesmo território da cidade, ações de apoio à atividade de zeladoria urbana fora do horário permitido nas normas administrativas que regulam o assunto.

c) a obrigação de não fazer, consistente em se abster de realizar, por sua Secretaria Municipal de Segurança Urbana e por sua Guarda Civil Metropolitana, qualquer operação de natureza policial militar no território dos Campos Elíseos e Luz – a denominada Cracolândia –, entendidas estas como a prática organizada de ações típicas de polícia repressiva e sob formação militar, voltada à conquista de “espaços” nas vias públicas, com arremesso indiscriminado de munições contra pessoas e expulsão desmotivada de pessoas de logradouros públicos.

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B. Ao final, seja o presente recurso de agravo CONHECIDO e PROVIDO, a fim de que seja reformada a decisão agravada, confirmando a

tutela recursal deferida.

São Paulo, 31 de agosto de 2021

Davi Quintanilha Failde de Azevedo

Defensor Público do Estado de São Paulo

Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos

Fernanda Penteado Balera

Defensora Pública do Estado de São Paulo Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos

Leticia Marquez de Avelar

Defensora Pública do Estado de São Paulo Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos

Anna Trotta Yaryd

1º Promotora de Justiça de Direitos Humanos

Eduardo Ferreira Valério

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