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PROCESSO-CONSULTA CFM N 2.397/ PC/CFM N 56/2003 INTERESSADO: ASSUNTO: RELATOR:

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PROCESSO-CONSULTA CFM N° 2.397/2003 - PC/CFM N° 56/2003

INTERESSADO: Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco

ASSUNTO: Necessidade de inscrição no CRM de site da internet especializado em busca médica RELATOR: Cons. Roberto Luiz d’Avila

EMENTA: Não há a obrigatoriedade legal de qualquer empresa que não presta assistência médica, mas tão-somente, apresenta um sítio de busca na internet, com indicadores de consultórios médicos, clínicas e hospitais, registrar-se no CRM da jurisdição.

1. DOS FATOS

Em 15/4/2003, o presidente, à época, do Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco (CREMEPE), dr. Jurandir Luiz Brainer, encaminhou consulta com o seguinte teor:

"Estamos encaminhando cópia de e-mail enviado a este CREMEPE pela Empresa Virtual – Site Buscador Médico, para análise desse Conselho Federal de Medicina.

Em anexo encaminhamos cópia do parecer da Assessoria Jurídica deste CRM".

Como anexo, em correspondência eletrônica do site Buscador Médico, datada de 2/2/03, encaminhada ao CREMEPE, consta o seguinte texto:

“(...) Mas na área médica, nenhum website oferece uma solução que reúna informação, atendimento e serviços de qualidade.

Pois agora existe o www.buscadormedico.com.br .

O Buscador Médico é um site de busca que vai disponibilizar informações essenciais sobre consultórios médicos profissionais, medicamentos, laboratórios e drogarias, para o público em geral.

Por exemplo: se você é um profissional de saúde e estiver cadastrado no nosso site, seja através do endereço do seu consultório, ou da sua especialidade, o usuário poderá entrar em contato, conforme a sua localização. Isso também funciona para quem for proprietário de uma drogaria.

Os laboratórios participarão como apoiadores, divulgando conteúdo e os seus medicamentos.

O Buscador Médico apresentará ainda, conteúdo sobre saúde, abrangendo as mais diversas especialidades, com textos elaborados e de excelentes referências médicas para o público em geral, sempre sugerindo o acompanhamento médico em seus tratamentos.

Vamos oferecer a você, uma exclusiva e qualificada forma de divulgação de serviços. Para isso basta você responder este e-mail ou, se preferir, cadastrar-se diretamente em nosso site".

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Em 31/3/03, a Assessoria Jurídica do CREMEPE emitiu parecer por solicitação do conselheiro corregedor, dr. Carlos Vital, de onde extraímos sua conclusão:

"(...) Tendo em vista a ausência de legislação que regulamente as atividades de empresas virtuais, considerando-se a análise sobre o registro de empresas médicas e registro de domínios na internet e, considerando-se, ainda, a falta de posicionamento sobre o tema pelo CFM, não vislumbramos a possibilidade de inscrição do site Buscador Médico neste Conselho Regional de Medicina".

2. MÉRITO

A Resolução CFM nº 1.626/01 é muito clara para as pessoas jurídicas, determinando quem deve se inscrever no Conselho Regional de Medicina da jurisdição. Estes são seus artigos principais:

"(...) Art. 1º - A inscrição nos Conselhos Regionais de Medicina da empresa, instituição, entidade ou estabelecimento prestador e/ou intermediador de assistência médica dar-se-á através do cadastro ou registro, obedecendo-se as normas emanadas dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina.

Art. 3º - As empresas, instituições, entidades ou estabelecimentos prestadores e/ou intermediadores de assistência à saúde com personalidade jurídica de direito privado deverão ser registrados nos Conselhos Regionais de Medicina da jurisdição em que atuarem, nos termos da Lei n.º 6.839, de 30 de outubro de 1980, e Lei nº 9.656, de 3 de julho de 1998.

Parágrafo único - Estão enquadrados no "caput" deste artigo:

a) As empresas prestadoras de serviços médico-hospitalares de diagnóstico e/ou tratamento;

b) As empresas, entidades e órgãos mantenedores de ambulatórios para assistência médica a seus funcionários, afiliados e familiares;

c) As cooperativas de trabalho e serviço médico;

d) As operadoras de planos de saúde, de medicina de grupo e de planos de autogestão e as seguradoras especializadas em seguro-saúde;

e) As organizações sociais que atuam na prestação e/ou intermediação de serviços de assistência à saúde;

f) Serviços de remoção, atendimento pré-hospitalar e domiciliar;

g) Empresas de assessoria na área de saúde;

h) Centros de pesquisa na área médica;

i) Empresas que comercializam serviços na modalidade de administradoras de atividades médicas".

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Não nos parece que a empresa "Buscador Médico" enquadre-se no previsto nesta resolução, em nenhuma das alíneas constantes do artigo 3º da Resolução n° 1.626/01, tampouco em outras previsões legais, já que sequer é intermediadora de serviços médicos, mas simplesmente atua como forma publicitária para a divulgação de médicos e assuntos médicos.

Portanto, não há no ordenamento jurídico vigente nada que obrigue uma empresa que não presta serviços de assistência médica, mas tão-somente apresenta um sítio de busca na internet, com indicadores de consultórios médicos, clínicas e hospitais, a registrar-se no CRM da jurisdição. Com certeza, isto encerra a questão.

Entretanto, não posso deixar de fazer considerações sobre a publicidade médica na internet.

A Resolução nº 1.701/03 analisa, em parte, a questão, de onde destacamos:

"(...) Art. 1º - Entender-se-á por anúncio a comunicação ao público, por qualquer meio de divulgação, de atividade profissional de iniciativa, participação e/ou anuência do médico.

Art. 3º - É vedado ao médico:

a) anunciar que trata de sistemas orgânicos, órgãos ou doenças específicas, por induzir a confusão com divulgação de especialidade;

b) anunciar aparelhagem de forma a que lhe atribua capacidade privilegiada;

c) participar de anúncios de empresas ou produtos ligados à Medicina;

d) permitir que seu nome seja incluído em propaganda enganosa de qualquer natureza;

e) permitir que seu nome circule em qualquer mídia, inclusive na Internet, em matérias desprovidas de rigor científico;

f) fazer propaganda de método ou técnica não aceitos pela comunidade científica;

g) expor a figura de paciente seu como forma de divulgar técnica, método ou resultado de tratamento, ainda que com a autorização expressa deste, ressalvado o disposto no artigo 10 desta resolução.

h) anunciar a utilização de técnicas exclusivas;

i) oferecer seus serviços através de consórcio ou similares.

Art. 13 - Os sites para assuntos médicos deverão receber resolução específica.

Art. 15 - A Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos terá como finalidade:

a) emitir pareceres a consultas feitas ao Conselho Regional de Medicina a respeito de publicidade de assuntos médicos, interpretando pontos duvidosos, conflitos e omissões.

b) convocar os médicos e pessoas jurídicas para esclarecimentos quando tomar conhecimento de descumprimento das normas éticas sobre a matéria, devendo determinar a

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imediata suspensão do anúncio.

c) propor instauração de sindicância nos casos que tenham características de infração ao Código de Ética Médica.

d) rastrear anúncios divulgados em qualquer mídia, inclusive Internet, adotando as medidas cabíveis sempre que houver desobediência a esta resolução.

e) providenciar para que a matéria relativa a assunto médico, divulgado pela imprensa leiga, não ultrapasse, em sua tramitação na Comissão, o prazo de 60 (sessenta) dias(...)".

O CRM de São Paulo publicou a Resolução nº 97/2001 que institui o Manual de Princípios Éticos para Sites de Medicina e Saúde, de onde extraímos:

"(...) 2) VENDA DE MEDICAMENTOS, PRODUTOS E SERVIÇOS DE SAÚDE ON-LINE

Os produtos de saúde incluem medicamentos, equipamentos médicos, bens e insumos usados para o diagnóstico, tratamento das enfermidades e lesões ou para a prevenção, manutenção e recuperação da saúde.

Não é aconselhável a utilização de serviços de sites que vendem esses produtos (as “farmácias virtuais") e entregam a domicílio. Alguns chegam a comercializar produtos controlados, que necessitam de prescrição médica. Além disso, incentivam a auto medicação irresponsável, através da informação parcial, muitas vezes prevalecendo interesse econômico que movimenta esses sites.

No caso das farmácias, não há regulamentação específica para funcionamento desses sites, que deveriam seguir as mesmas regras das drogarias convencionais, que necessitam de farmacêutico responsável, registro no Conselho Regional de Farmácia e alvará de funcionamento emitido pela Vigilância Sanitária.

"(...) 6) PUBLICIDADE MÉDICA

Os médicos estão obrigados a seguir a regulamentação legal no que concerne à publicidade e marketing definidas no Manual da Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos do Cremesp.

Poderá ser punido pelo CRM o médico que utilizar a Intemet para autopromoção no sentido de aumentar sua clientela; fazer concorrência desleal, como promoção no valor de consultas e cirurgias; pleitear exclusividade de métodos diagnósticos ou terapêuticos; fazer propaganda de determinado produto, equipamento ou medicamento, em troca de vantagem econômica oferecida por empresas ou pela indústria farmacêutica.

Também são consideradas infrações éticas graves estimular o sensacionalismo, prometendo cura de doenças para as quais a medicina ainda não possui recursos; e divulgar métodos, meios e práticas experimentais e/ou alternativas que não tenham reconhecimento científico de acordo com Resolução CFM 1609/2000.

Nos anúncios, pela Internet, de clínicas, hospitais e outros estabelecimentos deverão sempre constar o nome do médico responsável e o número de sua inscrição no CRM.

"(...) 7) RESPONSABILIDADE E PROCEDÊNCIA

Alguém ou alguma instituição tem que se responsabilizar, legal e eticamente,

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pelas informações, produtos e serviços de medicina e saúde divulgadas na Internet. As informações devem utilizar como fonte profissionais, entidades, universidades, órgãos públicos e privados e instituições reconhecidamente qualificadas.

Deve estar explícito aos usuários: quem são e como contatar os responsáveis pelo site e os proprietários do domínio. Estas informações também podem ser obtidas pelo usuário com uma consulta/pesquisa junto ao site da FAPESP (www.registro.br) , responsável pelos registros de domínios no Brasil.

O site deve manter ferramentas que possibilitem ao usuário emitir opinião, queixa ou dúvida. As respostas devem ser fornecidas da forma mais ágil e apropriada possível.

É obrigatória a identificação dos médicos que atuam na Internet, com nome e registro no Conselho Regional de Medicina".

Além disso, no Parecer-Consulta CFM nº 63/99, ficou estabelecido que:

"(...) A utilização da rede mundial de comunicação para divulgação de assuntos médicos é desejável, apenas o médico responsável pela divulgação deve-se ater aos princípios dogmáticos da ética médica. Havendo dúvida sobre a abordagem de determinado tema, deve dirigir consulta específica ao Conselho Regional de Medicina no qual esteja inscrito".

Fica evidente que não importa qual veículo de informação seja utilizado, mas sim o que é veiculado, que terá de obedecer ao previsto no Código de Ética Médica e em resoluções sobre a publicidade médica

3. CONCLUSÃO

Não há a obrigatoriedade legal de qualquer empresa que não presta assistência médica, mas tão-somente apresenta um sítio de busca na internet, com indicadores de consultórios médicos, clínicas e hospitais, registrar-se no CRM da jurisdição.

Entretanto, os fundamentos da Resolução CFM nº 1.701/03 devem ser aplicados em todos os casos de publicidade, inclusive os veiculados na internet, cabendo a responsabilidade pelas informações aos médicos individualmente, no caso de Pessoa Física, ou ao diretor técnico da Instituição, no caso de Pessoa Jurídica.

Brasília, 20 de novembro de 2003.

ROBERTO LUIZ D’AVILA Relator

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Parecer aprovado em sessão plenária Dia 12/12/2003

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