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CONSERVAÇÃO PREVENTIVA: VITRINES- ONTEM, HOJE E SEMPRE

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Academic year: 2021

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CONSERVAÇÃO PREVENTIVA: VITRINES- ONTEM,

HOJE E SEMPRE

WILHELM, Vera Regina Barbuy

Arquiteta; Especialista em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis; Especialista em Museologia, Mestranda - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo FAU/USP ( e-mail: vera_wilhelm@hotmail.com

ou vrbwilhelm@terra.com.br)

RESUMO

A significativa reformulação dos meios de comunicação dos museus e a necessidade do conhecimento e estudo das formas de exposição, têm sido uma prática cada vez mais crescente nas instituições museológicas.

O design e o emprego de materiais adequados para a exibição das peças contribui, juntamente com outros fatores, para a minimização do processo de deterioração das obras do acervo. Os critérios de conservação devem ser introduzidos e considerados, portanto, já nas primeiras etapas da concepção da exposição independentemente do seu tipo.

As vitrines enquanto espaço físico de exposição e "armazenagem" do acervo, exercem, na realidade, grande influência no processo de apresentação estética das obras e no processo de deterioração dos materiais constituintes das mesmas, caso as condições ambientais internas não se mantiverem estáveis e os materiais usados não forem adequados.

Este trabalho é um estudo sobre o uso de vitrines em exposições, segundo os critérios de conservação preventiva, destacando a importância da aplicação de materiais estáveis e compatíveis na sua construção. Ele evidencia ainda, a necessidade da integração entre medidas de conservação preventiva e as práticas expositivas de instituições museológicas como forma mais adequada de se garantir, a conservação dos objetos dos respectivos acervos. Palavras Chaves: Vitrines; Conservação; Exposições.

ABSTRACT

The significant change in museums communications systems and the necessity to develop new methods of exhibitions, have been a frequently practice in the museological institutions.

The Design and the use of compatible materials for exhibitions, together with others factors can reduce the deteriorations process in museums collections. The conservations aspects should be introduced and take in to consideration, at the beginning of the exhibitions conception, independently of the kind of exhibitions.

The showcases, as an exhibition space and as a “storage” of objects, play an important role on the aesthetics aspects of the objects presentation and also in the materials deterioration process of objects, if the environment conditions aren’t stable and if inadequate materials are used.

This work is a study about the use of showcases in exhibitions, according to preventive conservations standards, pointing out the use of stable or compatible materials in theirs constructions. This work emphasizes the necessity of integrated work between preventive conservation and exhibitions practices in museological institutions as an adequated and correct way to keep the conservations of theirs collections.

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1. INTRODUÇÃO

O processo de comunicação é atualmente a principal tarefa ou desafio a ser vencido pelos museus. Nesta realidade de novos conceitos e idéias, de avanços tecnológicos, em uma era em que o tempo e a criatividade desempenham papéis importantes no universo do homem, é que se busca compreender o elemento, que apesar de muito antigo, é ainda utilizado como recurso deste processo de comunicação entre o vi sitante e o acervo.

O nosso objeto de estudo, a vitrine, representa um elemento de infra-estrutura da expografia e tem demonstrado através dos anos ser um elemento de resistência dentro dos processos museológicos preservacionistas e comunicacionais.

As praticas das atividades de salvaguarda e comunicação, que permitem evidenciar e esclarecer através de conceitos e idéias as relações do homem x objeto em determinado contexto social, tem se alterado com o tempo, em função da evolução do pensamento museológico e da mudança do papel dos museus.

Essa nova função do museu, que anteriormente era visto como depósito de objetos e que passou no século XX, a ser visto como um canal de comunicação, se refletiu no conceito de exposição desempenhando esta, um importante papel, neste processo de comunicação. A exposição desenvolveu técnicas e formas de apresentação dos objetos, e foi significativamente influenciada e beneficiada pelo desenvolvimento de inovações tecnológicas.

O caráter dinâmico que a museografia apresenta na história dos museus, das diferentes formas de seleção organização e apresentação/exposição dos objetos enquanto suportes materiais, se reflete nas conseqüentes modificações sofridas pelas vitrines quer em sua função, quer em sua forma e materiais.

As vitrines eram no início organizadas de forma a satisfazer as condições de armazenamento de objetos, estando totalmente vinculadas e integradas ao respectivo espaço arquitetônico (armários, nichos, etc) e aos poucos vão adquirindo maior autonomia em formas que podem ou não estabelecer um diálogo harmônico com o ambiente circundante.

O grande salto na museografia dos museus segundo HORTA (1997), ocorreu em fins do século XIX, com o desenvolvimento da revolução industrial, que lançou diferentes materiais e proporcionou certos avanços tecnológicos que revolucionariam a vida das pessoas e conseqüentemente das instituições.

Segundo a autora, as exposições universais parecem ter tido um papel fundamental na evolução da museografia não só introduzindo novos conceitos (visibilidade, transparência, luz) mas desenvolvendo estratégias de comunicação de massa atingindo um número de público muito grande. Nessas estratégias, inclui-se, o uso de materiais diferentes (ferro,vidro, etc) e recursos técnicos oriundos do desenvolvimento industrial incipiente na época. Os dois elementos somados, novos materiais e novos recursos técnicos e trabalhados de forma a criar um ambiente expositivo atrativo e estimulante, proporcionam o desenvolvimento de novos sistemas de exposição de caráter mais provocativo e discursivo, atingindo o público e inspirando a dramaticidade em exposições.

Uma evolução nas vitrines, também se processou com influência das exposições universais, principalmente com relação aos materiais e formas e em determinados casos com relação à função.

2. FUNDAMENTAÇÃO

2.1. VITRINES: CONCEITUAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E MATERIAIS UTILIZADOS

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Embora sendo um veículo deste processo de comunicação entre o homem e o objeto, a vitrine no contexto museológico, tem um papel diferente daquele do contexto comercial. No museu, ela tem um caráter de suporte do acervo, enquanto, no contexto comercial, a sua função é estimular o consumo. Alguns aspectos, porém, como a atração que ela exerce e a sua função de estimular a criatividade e a imaginação, é parte inerente deste elemento de comunicação, independentemente do seu contexto.

As vitrines, segundo Michael Belcher (1991) têm sua origem nos gabinetes de curiosidades (FIG.01 e 02) e nos relicários que armazenavam os objetos religiosos. O seu design, em museus públicos e privados foi influenciado pelo mobiliário da época (as vezes refletindo uma linha de móveis domésticos) e pela arquitetura do local.

FIGURA 01 Gabinetes de história natural, séc.XVII FIGURA 02 Gabinete de curiosidade de Cospi, FONTE: Schaer, 1998. p.25. colecionador de Bologna

FONTE: Schaer, 1998. p.24.

A vitrine é um elemento expositivo composto de um corpo ou uma estrutura principal que garante a sua estabilidade e é constituída em quase todas as suas faces por material transparente, geralmente vidro, de modo a permitir a visão de objetos colocados em seu interior e evitar o contato direto com os mesmos.

Como funções da vitrine podemos destacar: Proteção do objeto exposto, através da sua segurança física; Permitir a acessibilidade do objeto ao público de forma segura, através de possibilidade de visualização do mesmo; Criar condições ambientais favoráveis; Enfatizar a importância do objeto (atração /efeitos visuais); Prevenir a deterioração das obras com emprego de materiais adequados.

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FIGURA 03. Gabinete do tesouro geral, Bonnier de la Mosson, França séc. XVIII. FONTE: Schaer ,1998.p.41.

As vitrines antigas, que eram usadas nos museus, eram semelhantes ao mobiliário doméstico e sofreram ao longo dos anos adaptações, de modo a se adequar aos novos padrões estéticos e as necessidades vigentes do momento. As formas passaram a fugir do simples mobiliário tradicional de linhas rebuscadas e integrados no espaço expositivo, para as vitrines de linhas mais simples e soltas em relação ao espaço (FIG.04), chegando até ao sistema base e cúpula de vidro (ou acrílico), adotado em alguns museus.

FIGURA 04. C.Goebel: Galeria de mármore do Belvedere inferior de Viena séc. XIX FONTE: Forti ,1998 p. 29.

A vitrine, através da sua forma de concepção e distribuição no espaço, do seu desenho e da distribuição dos objetos no seu interior, inspira o desenvolvimento da criatividade do público dando margens a uma grande imaginação, saindo da dimensão da realidade e caminhando em direção a um universo místico e lúdico. Embora essa imaginação fique um pouco restrita e/ou deve se restringir à contextualização da peça exposta no contexto museológico, ela pode, todavia, ser bem trabalhada.

Esforços tem sido feitos no sentido de se orientar e desenvolver o trabalho de concepção de vitrines em dois sentidos: o do conceito expositivo e o da conservação.Quanto ao conceito expositivo, este irá variar de acordo com o acervo e tema a serem trabalhados.

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relação ao seu microclima: Vitrines não hermeticamente fechadas (com ventilação natural), aquelas que embora criem uma proteção física do objeto ainda apresentam uma circulação e troca de ar no seu interior, ficando, portanto, o objeto do acervo, suscetível às alterações climáticas do meio ambiente que o circunda; e Vitrines hermeticamente fechadas, aquelas que apresentam um microclima interno, com troca de ar extremamente reduzida com o ambiente que a circunda e permitindo assim, criar uma barreira contra poluentes e insetos e estabelecer condições ambientais controladas e adequadas ao objeto a ser exposto.

Com relação à conservação, alguns parâmetros mínimos deverão ser seguidos de forma a garantir a integridade física e a segurança do objeto do acervo a ser exposto.

Na fabricação de vitrines diferentes materiais têm sido empregados tanto nas estruturas externas quanto internamente. Ao longo da história, o que se tem observado é uma grande predominância do uso da madeira como material básico de construção de vitrines. No século XIX e inicio do XX a madeira maciça era empregada, na fabricação de mobiliários como armários, estantes, e vitrines de mesa e centro, que eram os locais onde os objetos eram colocados para exposição. (FIG.05 e 06)

FIGURA 05. South Kensington Museum fins do séc XIX. FIGURA 06. Museu de Saint Germain

FONTE: Schaer, 1996 p. 92,93. FONTE: Schaer, 1996 p. 83.

Na segunda metade do século XX, percebe-se o crescimento do emprego de derivados de madeira, na confecção de vitrines e bases, já que a madeira maciça se tornou escassa e é protegido por lei, sendo, portanto, bem mais cara.

Outro material também utilizado a partir de fins do século XIX e início do XX foi o metal e seu uso se intensificou com a revolução industrial.O uso do metal como material de construção resolveu o problema de ataques de microorganismos nas estruturas de vitrines e também conferiu maior estabilidade e leveza às estruturas.

Os primeiros vidros utilizados em vitrines eram vidros comuns, mas com o alto padrão tecnológico dos vidros, alcançado em início do século XX, os vidros comuns foram substituídos pelos vidros temperados e laminado, o que conferiu mais resistência e segurança ao objeto e ao público no caso de um acidente.

Hoje em dia materiais como o metal, derivados de madeira (compensado, MDF, etc), acrílico, entre outros, vêm sendo empregados na construção de vitrines e bases, principalmente na parte estrutural.

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Em função de pesquisas desenvolvidas na área de conservação, houve, contudo, em vários países uma significativa alteração no uso dos materiais estruturais e de acabamento de vitrines.

2.2 CONSERVAÇÃO X EXPOSIÇÃO

Dentro do contexto museológico é importante que se estabeleça a função e a importância da exposição, já que o que vai ser exposto são os objetos das coleções e/ou acervo. A organização e disposição dos objetos, implicam, não só em questões de segurança relacionadas a danos físicos, mas em questões de conservação.

Segundo David Dean (1994) nas últimas décadas, do século XX houve uma grande evolução em aspectos relacionados à preservação de coleções e seu uso e em relação aos aspectos da forma de exposição propriamente dita. O conhecimento técnico se elevou e está em constante expansão e novas áreas e sub-disciplinas estão sendo criadas e se desenvolvendo.

Vários autores como Dean (1994) e Belcher (1991) mencionam, a necessidade do trabalho conjunto do curador, museólogo, designer, arquiteto e conservador para que a exposição possa atingir o seu sucesso sob todos os aspectos.

As exposições de longa duração, são aquelas nos quais o objeto fica exposto em condições ambientais durante um período considerável de tempo. Sabe-se que o entorno tem grande influência nos objetos e que existe uma tendência de equilíbrio entre os objetos e o mesmo. Portanto, elas devem ser cuidadosamente concebidas.

Os critérios de conservação devem ser introduzidos e considerados já no processo de concepção da exposição, planejamento, no design, na construção/produção e instalação, pois afetam o conceito e o desenho da vitrine e a forma de exposição dos objetos. David Dean (1994) diz que a correta apresentação da exposição confirma a confiança do público no museu como um local para conservação e cuidadosa preservação.

A colocação do objeto do acervo dentro de um compartimento fechado garante a sua segurança física e a sua proteção contra eventuais contatos e manuseio pelo público. Esse isolamento permite que cada vez mais pessoas tenham acesso às peças do acervo garantindo a sua integridade física, além de permitir, na grande maioria dos casos, um especial destaque para a peça.

Apesar desta série de funções, devemos considerar que a vitrine representa um micro clima e que este se encontra no espaço maior do museu (macro clima), sendo, portanto, importante assegurar que ela crie condições favoráveis à exposição dos objetos, já que o ambiente externo (macro) a influencia.

2.3 O PLANEJAMENTO DA VITRINE:

No planejamento da exposição, alguns passos devem ser seguidos com relação a aspectos de conservação, de forma a evitar e/ou minimizar os efeitos da degradação sobre as obras. O acervo de uma instituição se encontra sujeito aos mais diferentes agentes de deterioração e as reações irão variar de acordo com os materiais constituintes dos objetos, que podem ser classificados segundo a sua natureza: materiais orgânicos e materiais inorgânicos. Na conservação de um acervo o objetivo maior é manter integra a materialidade do objeto, em outras palavras, criar a estabilidade necessária para que os materiais constituintes das obras não degradem.

Durante o planejamento e a construção das vitrines devem ser determinados os objetos a serem expostos e se fazer uma avaliação da compatibilidade dos objetos com os materiais de construção e acabamento, especificando os eventuais danos possíveis de ocorrer com os objetos e seus meios de controle, bem como o tempo de espera para a instalação dos objetos.

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(sala de exposição/edificação). Contudo, sabe-se que o ideal é que as condições do macro ambiente se mantenham constantes, pois elas afetam diretamente os objetos expostos.

Na realidade as primeiras medidas a serem tomadas com relação à conservação do acervo seriam a de ajustar as condições ambientais adequadas ao tipo do acervo a ser exposto. Alguns fatores devem ser considerados como: 1) iluminação; 2) umidade relativa; 3) temperatura; 4) poluentes (material particulado ou não); 5) ataque biológico.

2.3.1) Iluminação:

A iluminação desempenha um importante papel dentro do contexto expositivo. Ela é responsável pela visualização da peça e pelos efeitos emocionais oriundos desta visualização.Os efeitos são os mais variados possíveis e estão relacionados, ou se traduzem, nas emoções captadas pelos visitantes. Neste caso o tipo de iluminação é fundamental, enquanto efeito estético e o controle da intensidade e do tempo de exposição é mais importante ainda, pois assegura a integridade física do objeto do acervo.

Os objetos têm graus diferentes de sensibilidade à radiação e podem ser afetados de duas formas: pelas radiações visíveis (luz visível) e pela radiação invisível (ultra-violeta UV e Infra vermelho).Os efeitos causados pelo excesso de incidência de radiação no objeto podem ser irreversíveis, já que têm efeito acumulativo. Os objetos geralmente mais suscetíveis a esse tipo de degradação, são: os objetos orgânicos ( têxteis, plumária, papel, etc) cujos reflexos são diretos, como as alterações na aparência do material, causadas pelo desbotamento de pigmentos e o enfraquecimento das fibras.

O controle dos danos causados pela iluminação pode ser feito por: Redução do tempo de exposição; Uso de filtro UV e dimmers; Escolha da fonte de iluminação ( tipo de lâmpada ) e sua localização; Redução do tempo de exposição.

Os níveis de iluminação e o tempo de exposição dos objetos devem ser controlados, já que os materiais sofrem efeitos acumulativos ao receberem a luz direta e intensa tanto do sol quanto de iluminação artificial. A redução do tempo de exposição, proporciona um tempo maior de “vida do objeto” e pode ser feita com: o uso de sensores que acionam o mecanismo de iluminação com a chegada do visitante; com uso de dimmers, que controlam o tempo que o objeto ficará exposto a luz e com a redução do tempo de exposição do objeto em si, através do seu revezamento com outros objetos do acervo.

Num museu com objetos sensíveis a luz, a quantidade máxima de radiação UV recomendada é de 75 u (W/lumen) de acordo com Thomson (1986). Com exceção das lâmpadas incandescentes (que emitem no máx. 75u) todas as outras lâmpadas emitem radiações UV acima do valor estipulado e exigem, portanto, um controle. Esse controle é feito com o uso de filtros, filmes, chapas de plástico (acrílico e policarbonato) com propriedades de absorção de UV e camada de revestimento e aplicação direta sobre a fonte de luz .

Os filmes são constituídos de folhas de poliéster ou acetato com camada de substância que absorve as radiações UV e aplicados sobre superfícies. Eles são geralmente aplicados sobre o vidro de janelas ou aplicados em chapas de acrílico. Existem também vidros, nos quais essa película é colocada entre duas camadas formando um sanduíche.O uso desse tipo de filtro reduz significativamente a incidência da radiação UV, em aproximadamente 90 %, segundo dados de fabricantes.

Outro tipo de proteção é aquela da camada de verniz protetor que contém a substância que absorve as radiações UV. Essa camada é aplicada diretamente sobre o tubo da lâmpada, geralmente o tubo de luz fluorescente.

As chapas plásticas com materiais de absorção no seu interior podem ser usadas como filtros e colocadas entre as fontes de luz e o objeto no interior das vitrines.

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As lâmpadas incandescentes são aquelas que funcionam com o aquecimento do filamento metálico de tungstênio que em altas temperaturas emite a luz, radiação visível. As lâmpadas incandescentes são fontes pontuais e a sua luz pode ser focada ou dirigida, e controlada por dimmers ou mesmo reduzida. Esse tipo de lâmpada emite índices baixos de radiação UV, portanto, não causa danos fotoquímicos, mas emite radiação infra-vermelha e apresenta a inconveniência de um aquecimento do local (vitrine) e dos objetos.

As lâmpadas halógenas são um tipo de fonte de luz incandescente que trabalha em altas temperaturas 3000K (devido à presença dos gases halógenos no seu interior) para proporcionar uma luz mais próxima a da região visível do espectro.Porém, elas emitem uma radiação UV e recomenda-se usar um filtro ou vidro protetor.Os reatores que são usados para as lâmpadas halógenas devem ser colocados fora das vitrines para evitar um super aquecimento interno.

A lâmpada dicróica muito usada em vitrines é um tipo de lâmpada halógena que através do seu sistema de bulbo refletor emite a radiação infravermelha para trás.

As lâmpadas fluorescentes. São lâmpadas de descarga de baixa pressão, a luz é produzida pela passagem da corrente elétrica no interior de um tubo contendo vapor de mercúrio. As lâmpadas fluorescentes apresentam a vantagem de consumir menos energia elétrica e ter longa vida, mas não é possível controlar a luz nem usa-las para direcionamento ou focar um objeto. Além disso, elas emitem índices elevados de radiação UV, sendo recomendado o uso de filtros para absorção da radiação. Os reatores dessas lâmpadas também podem provocar aquecimento, sendo recomendado colocá-los fora do interior das vitrines.

As fontes de luz podem ser colocadas externa ou internamente nas vitrines,mas do ponto de vista da conservação a colocação da fonte de luz externamente é mais aconselhável, pois evitam o super aquecimento da vitrine e a desestabilização da temperatura e da umidade relativa interna. No caso da colocação interna da fonte de luz, um compartimento separado deve ser criado para evitar o efeito direto da luz sobre o objeto e para a execução de manutenção do sistema.

A iluminação de fibra óptica é a mais recomendada para uso em vitrines em função da suas inúmeras vantagens. A iluminação de fibra óptica veio proporcionar segundo os pesquisadores da área a possibilidade de realização de uma iluminação focalizada, destacando o objeto, sem riscos de elevação da temperatura interna da vitrine. Esse tipo de iluminação não apresenta riscos de danos físicos e fotoquímicos aos objetos, pois a fibra ótica não transmite radiação UV nem infravermelho. O controle da intensidade de luz (iluminância) é feito através do número de fios condutores e do seu diâmetro.

2.3.2) Temperatura:

Embora exista uma relação direta da temperatura com a umidade relativa, a variação da temperatura não é tão significativa se comparada com a variação de umidade relativa. Contudo, a temperatura pode ser um fator comprometedor, pois o seu aumento acelera o processo de degradação dos materiais através da aceleração das reações químicas, do ataque biológico e de fungos e da alteração da estrutura física do material (movimentos de contração e dilatação dos materiais). Num processo de oxidação, quanto maior a temperatura do ambiente, maior é a aceleração das reações químicas e maior é a deterioração.

O aumento de temperatura no interior da vitrine pode ocorrer pelo super aquecimento causado pelo uso de lâmpadas no seu interior. Isso pode gerar a redução da umidade relativa no interior da vitrine e problemas de alteração física de materiais.Recomenda-se que as lâmpadas e reatores do sistema de iluminação sejam colocados externamente a vitrine ou em compartimentos separados.

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ao computador em gráficos que permitem a sua fácil manipulação e interpretação. Medidas efetivas de controle das condições climáticas são geralmente adotadas após o monitoramento, registro dos dados e avaliação da situação existente.

2.3.3) Umidade:

Os danos causados pela umidade estão relacionados: a deterioração mecânica e a variação de dimensionamento; as reações químicas nos materiais, aceleradas pela presença de umidade; e a biodeterioração.

A variação brusca da umidade relativa de um ambiente, podem causar danos irreparáveis aos objetos, como: o ressecamento de fibras e ruptura de materiais em função de contrações e dilatações do material; a corrosão de metais, que é uma reação química, que ocorre em presença de umidade (e/ou poluentes); e o crescimento de fungos que se da pelo excesso de umidade, falta de ventilação e temperatura elevada.

Os danos que ocorrem em materiais orgânicos (hidrófilos) ocorrem em função da sensibilidade destes materiais às variações de umidade, que podem causar: a dilatação em condições de umidade relativa alta e a contração em umidade relativa baixa. Os danos são causados, pois o material atinge um limite elástico neste processo de contração e expansão.

Os materiais inorgânicos não sofrem o mesmo processo com as variações da umidade relativa.Porém, podem ser afetados quando a umidade relativa está alta, causando a corrosão de metais e a eflorescência de sais em materiais cerâmicos e a opacidade em vidros.

Durante muito tempo seguiram-se padrões internacionais de umidade relativa que estabeleciam índices de acordo com a natureza do material. Estudos recentes indicam que a estabilidade da peça está relacionada com as condições ambientais (de umidade relativa e temperatura ) em que ela normalmente se encontra. Isto significa dizer que, os parâmetros europeus não mais se ajustam exatamente a nossa realidade e que cada região possui suas características climáticas próprias, devendo, portanto, os objetos serem estudados e respeitados em relação às condições climáticas próprias do local.

O monitoramento e registro das condições de temperatura e umidade relativa são o primeiro passo para se conhecer melhor o ambiente e estabelecer posteriormente mecanismos de controle efetivos.

No caso das vitrines que apresentam objetos compostos por materiais metálicos, um controle da umidade deve ser realizado, usando-se sílica gel, que é quimicamente inerte e outros desumidificadores, como sais hidratados. Porém, estes merecem especial atenção, pois podem ser corrosivos para os objetos e exigem manutenção constante.

A escolha do tipo de vitrine hermeticamente fechada ou não ficará a critério e deve se fazer de acordo com a sensibilidade do objeto a ser exposto. Porém, alguns pontos devem ser levantados para um uso mais adequado de vitrines hermeticamente fechadas. O controle das condições de umidade em vitrines heméticas pode ser feito mediante a redução da troca de ar através de: controle ativo: com métodos mecânicos de umidificação ou desumidificação; ou com o controle passivo: uso de sílica gel e outros materiais absorvente e de controle de umidade.

2.3.4) Poluentes:

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POLUENTES MATERIAIS AFETADOS DANOS Material particulado

(sais, poeira/esporos)

Sensíveis a ácidos (metais) Material orgânico

Corrosão metálica; crescimento de microorganismos

Ozônio O3 Materiais orgânicos, Têxteis, pinturas Esmaecimento de corantes e pigmentos; enfraquecimento das fibras têxteis; Dióxido de enxofre SO2

( origina o ácido sulfúrico)

Celulose (papel, algodão e linho), couro e pergaminho, tintas e pigmentos, metais, carbonato de cálcio (mármore, pedra e afrescos), lã

Corrosão de metais, hidrolise de celulose;

dióxido de nitrogênio NO2 Celulose; metais hidrólise de celulose; Corrosão

Cloretos Metais Corrosão de metais

Sulfeto de hidrogênio H2S ( origina ácido sulfúrico)

Prata, chumbo Escurecimento da prata e transformação em sulfeto de chumbo

Ácido acético Ácido fórmico

Metais,celulose, vidros e materiais calcáreos

Corrosão de metais não nobres; eflorescência de sais;

hidrólise da celulose FONTE: Tabela baseada em dados de Thomson (1986).

A presença de poluentes pode ser identificada por meio de testes reativos como o uso de amostras de prata e chumbo no interior das vitrines ou de papel desacidificado, que detectam a presença de poluentes, porém, não indicam nem o tipo nem a quantidade (a concentração) desses poluentes.

Outro teste que pode ser feito com amostras ativas que detectam baixas concentrações de poluente com a análise de amostras de ar, porém são usados para materiais muito especiais em função do seu alto custo. A última forma de detectar os poluentes é pelo monitoramento passivo, uso de testes, já existentes no mercado, para detectar poluentes em específico, como o tubo de difusão o dosímetro , etc.

A redução dos poluentes pode ser feita através: do uso de materiais estáveis em vitrines, que não emitam substâncias corrosivas; do uso de barreiras protetoras envolvendo o material emissor; do controle e remoção de poluentes ambientais através do uso de filtros em mecanismo de ar condicionado ou de filtros em locais de circulação de ar; e do uso de materiais absorventes no interior de vitrines.

Os sistemas de controle de poluentes podem ser a base de carvão ativado, que filtra /absorve, ou a base de permanganato de potássio, que reage com o poluente.

Os materiais absorventes, como a silica gel também são usados para absorver alguns produtos como o formaldeido, são geralmente colocados no interior de vitrines geralmente seladas pois, caso contrário, o produto purificará o ar do ambiente externo e perderá a sua capacidade rapidamente. O produto não deve ficar em contato com o objeto e deve ser colocado em compartimento separado, uma câmara abaixo da base da vitrine através do qual passarão os gases poluentes.Esses materiais têm vida útil e devem ser trocados.

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2.3.5) Ataque Biológico:

Os microorganismos e insetos se proliferam em condições ambientais de alta umidade relativa e temperatura e representam uma ameaça ao acervo da instituição. Por isso, é necessário se ter uma ventilação adequada para que se reduzam os efeitos destes fatores e se estabilize as condições.

Muitas vitrines são construídas de madeira e/ou seus derivados, portanto, é necessário se manter uma atenção especial através da constante manutenção e inspeção para detectar eventuais problemas. A presença de insetos pode ser então identificada quando existem furos na madeira, galerias, material pulverulento (excrementos), ou mesmo pela presença física do inseto.

Geralmente os insetos penetram por frestas no acabamento da madeira de construção da vitrine ou por fresta na vedação da vitrine quando há espaçamento entre os vidros.

Neste sentido as vitrines metálicas são recomendadas como forma de se prevenir e evitar a proliferação dos microorganismos e insetos, além de não emitirem compostos voláteis orgânicos prejudiciais aos objetos, como algumas vitrines de madeira.

Uma das formas de controle deste tipo de problema é, então, por meio da prevenção.O uso de materiais adequados e a manutenção de condições ambientais estáveis, bem como uma constante manutenção e limpeza evitam a proliferação desses insetos e microorganismos.Além disso, o constante monitoramento através da observação propriamente dos objetos e vitrines pode evitar ou prevenir uma infestação futura.

A ultima forma de controle é a do tratamento curativo, que pode ser feito de diversas formas, de acordo coma amplitude do problema. Diferentes métodos podem ser usados de acordo como tipo do acervo, de modo a não prejudicar o objeto. Atualmente para alguns objetos de acervo e mobiliário tem se usado a fumigação com gases inertes (nitrogênio, gás carbônico e argônio, etc), que é um tipo de tratamento que tem a vantagem de não deixar resíduos e não causar danos as peças.

2.4 FONTES DE DEGRADAÇÃO EM VITRINES

As vitrines são os locais onde os objetos do acervo ficam expostos durante períodos prolongados de tempo e por isso, é necessário que se identifique e determine as suas eventuais fontes de degradação. Enquanto micro climas, as vitrines estão sujeitas a uma série de agentes que podem levar a deterioração dos objetos, comprometendo a sua integridade física, como os já anteriormente mencionados.

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TIPO DE DANO ORIGEM / FONTE CONTROLE Migração de compostos

( por contato)

É comum ocorrer em plásticos ( PVC flexível )

Feito por bloqueio ( barreira impermeável) Corrosão galvânica

( por contato)

Contato de dois metais ( migração de íons)

Isolamento dos metais

Emissão de compostos voláteis ( VCO )

Madeira, tintas, adesivos, produtos de limpeza. Feito por : • Bloqueio • Diluição • Material absorvente • Redução de temperatura • Controle por tempo

• Redução dos produtos reativos ou catalizadores O2; H2O

FONTE: Tabela segundo dados de Jean Tétreault (1994)

Alguns tipos de danos mais freqüentes em objetos de acervos vêm sendo pesquisados por alguns autores como; Jean Tétreault (1994); Toby Raphael (1997) e May Cassar (1996), dentre outros e de uma forma geral podem ser ilustrados como na tabela abaixo:

OBJETO CAUSA PROCESSO EFEITO

Metais Emissão de gases voláteis (ácidos)

Reação química Corrosão e perda de brilho, escurecimento Materiais calcáreos (conchas) Emissão de gases voláteis

(ácidos)

Reação química Eflorescência em conchas

Têxteis, papéis e plumária Incidência de radiação UV Reação química Desbotamento, enfraquecimento das fibras

Materiais de celulose Emissão de gases voláteis (ácidos)

Reação química Hidrólise;enfraquecimento das fibras

Materiais em geral Impactos mecânicos ( no manuseio/exposição)

Alterações físicas Deformações, abrasão, fissuras, etc.

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estáveis alguns materiais poderiam ser empregados, caso determinadas precauções sejam tomadas.

Jean Tétreault (1997) diz que, o que conta são as prevenções e a compatibilidade e não necessariamente os 100% de estabilidade do material, caso isso não seja possível. Segundo ele, os danos podem ser prevenidos ao se empregarem materiais compatíveis.Neste caso, entende-se por compatibilidade a capacidade dos materiais de coexistirem em um mesmo meio ambiente, sem que produzam nenhum dano um ao outro. Jean Tétreault considera compatível também, materiais que tenham uma propriedade indesejável, mas caso se tome as devidas providências para garantir que o objeto não será afetado por materiais de nenhuma forma.

Na escolha dos materiais de construção de vitrines devem ser tomados cuidados específicos, pois, alguns materiais estruturais ou de acabamento das vitrines emitem compostos voláteis e representam fontes de degradação dos objetos.

2.4.1) Os Materiais Estruturais de Vitrines:

A madeira e seus derivados (chapa de madeira laminada e chapa de fibra prensada), apesar de não recomendados para o uso como material de construção de vitrines, ainda são muito empregados em função do seu custo, dimensionamento de chapas e dos efeitos estéticos que proporcionam.

Os derivados de madeira (compensado, MDF, aglomerado,etc) são formados de: partículas ou fibras de madeira + adesivo. Os adesivos usados para junção das lâminas ou fibras são à base de: uréia-formaldeído; fenol-formaldeido;e melamina-formaldeído. Esses adesivos são instáveis e emitem compostos nocivos aos objetos expostos, provenientes da resina (acido fórmico e fenol) , dos endurecedores (ácido clorídrico e outros ácidos) e dos retardadores empregados. Dentre os adesivos, o mais estável é aquele a base de fenol-formaldeído seguido da resina de melamina-formaldeido.

Os pesquisadores recomendam que, se usado esses produtos, se faça um isolamento da madeira principalmente no interior das vitrines, pois dessa forma, se evitaria ou reduziria a emissão dos compostos voláteis oriundos da própria madeira e dos adesivos empregados em sua fabricação.

Os compostos orgânicos prejudiciais emitidos pela madeira são o ácido acético e o ácido fórmico, que podem causar corrosão dos metais. Além disso, o índice de emissão de vapores ácidos aumenta quando a temperatura cresce e a umidade relativa também.

Ann B. Craddock (1992), diz que apesar do tempo passar, a madeira continua emitindo ácidos orgânicos, portanto, o contato direto dos objetos com a madeira é prejudicial a não ser que sejam objetos de cerâmica, vidro e pedra. O isolamento da superfície de madeira e de suas bordas é feito com finalidade de reduzir os riscos de emissão tanto de formaldeido quanto de vapores de ácidos fórmico e acético.

O isolamento pode ser feito com materiais como: Folha de plástico inerte ( Mylar e Melinex); folha metalizada (alumínio); Película plástica metalizada (Mylar aluminizado); produtos laminados de alta pressão ( fórmica).

A escolha do metal como material estrutural se dá em função da sua estabilidade enquanto matéria. O metal não corroe, uma vez recebido o acabamento correto e se a pintura da superfície não apresentar falhas. O metal proporciona também, uma leveza no design, destacando assim o objeto no interior. Somente de algumas décadas para cá, é que o metal tornou-se material de uso regular na construção de vitrines.

Todavia,a eventual oxidação e corrosão do metal, como material estrutural, pode acarretar um processo consecutivo de degradação no objeto a ser exposto, caso haja uma superfície de contato transmissora entre os materiais. Por isso, é necessário que se faça o correto acabamento no metal.

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(powder coatings), o metal cromado, e o alumínio anodizado, seriam os mais aconselhados a serem utilizados na construção de vitrines.

2.4.2) Os Materiais de Acabamento:

Os materiais de acabamento em vitrines podem variar entre os tecidos, papéis de revestimento, pintura, adesivos, etc.

Os Tecidos podem apresentar três tipos de problemas: com relação ao tipo de fibra, em relação à estabilidade do tingimento e com relação aos aditivos agregados ao material. Muitos tecidos são utilizados como material interno de acabamento em vitrines e/ou suportes.Uma especial atenção deve ser dada a esse tipo de material que aparentemente inofensivo pode ser prejudicial ao objeto com o qual terá contato direto. Isso se deve aos aditivos agregados na confecção dos tecidos, que geralmente tem a finalidade de conferir diferentes propriedades e acabamento aos mesmos.Os aditivos podem emitir gases nocivos ou fazer com que o tecido se desbote de forma irregular.

Para a conservação é importante que se use tecidos com estabilidade química e que eles sejam usados sem goma e sem acabamento. Os tecidos quimicamente estáveis, de acordo com pesquisas realizadas são: o algodão e o linho (não processados quimicamente e sem tingimento) e as fibras sintéticas (nylon, poliéster e acrílico).

Outros tecidos como a seda, a lã e o feltro não são recomendados pelos pesquisadores de materiais para conservação. A seda é considerada por natureza ácida, como menciona May Cassar (1996). A lã e os feltros (que apresentam lã na sua composição), emitem compostos de enxofre, como o sulfeto de hidrogênio H2S que é corrosivo para metais, em particular a prata. Além disso, feltro e lã são fonte de alimentação para determinado tipo de insetos em museus. O uso de tecidos de fibra sintética é também recomendado por Toby Raphael (1996) já que absorvem ou retém pouca água e não são materiais tão abrasivos. Segundo o autor, o poliéster e o nylon (poliamida) com propriedades semelhantes, são resistentes à abrasão e a ruptura e as fibras acrílicas são fortes e quimicamente resistentes.

Outra questão importante para a conservação é a do tecido tingido, que não é recomendado para uso em vitrines, pelo fato de poder desbotar e passar a tinta por contato para o objeto exposto, via abrasão ou quando exposto à umidade e solventes.

O tecido a ser aplicado no acabamento de vitrines deve ser sempre lavado para remoção de gomas e da tinta em excesso. Os pesquisadores, destacam a necessidade da realização do teste no material antes de usá-lo, que consiste: na lavagem do tecido o numero de vezes suficientes para que não se veja cor na enxaguada final, depois colocar o tecido contra um papel mata borrão e borrifar água no tecido. Se nenhuma tinta se transferir para o papel é provável que o tecido esteja seguro para o uso. O contato direto do objeto com o tecido deve ser evitado e para isso pode-se usar uma película protetora de filme de poliéster ou polietileno entre o objeto e o tecido.

Uma forma de fixação de tecidos no suporte é o uso de métodos mecânicos ou o uso de adesivos. Recomenda-se evitar o uso de adesivos, caso seja possível e usar métodos mecânicos como o velcro, costura, grampos, colchetes, etc.

Deve-se considerar que os objetos, muitas vezes ao serem expostos nas vitrines, necessitam suportes específicos e apropriados que permitam a sua adequada apresentação do ponto de vista estético e de conservação.Estes suportes evitam também, o contato direto do objeto com o material da vitrine.

Geralmente Materiais como chapas de acrílico; policarbonato; placas de polietileno (Ethafoam); manta de poliester; chapas de polietileno corrugado, etc, são usados também na confecção destes suportes.

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Os adesivos são usados como material de vedação do vidro ou de fixação de materiais de acabamento e podem causar problemas de ressecamento / ruptura, amarelecimento e podem se acidificar e transferir material por contato.Por isso, qualquer tipo de contato do adesivo como objeto deve ser evitado além de se esperar também um período de cura do adesivo (evaporação de solventes) para a colocação dos objetos na vitrine.

De acordo com Toby Raphael (1997), os adesivos em sua grande maioria emitem compostos orgânicos voláteis no processo de secagem e mesmo após este período, eles podem continuar a emitir essas substâncias em baixa concentração indefinidamente. Portanto, a escolha do tipo de adesivo se torna um processo muito difícil.Ele menciona que pesquisas realizadas classificaram como mais perigosos aos objetos, os “contact adhesives” adesivos de contato e os ” pressure-sensitive adhesives” adesivos sensíveis à pressão.

Para fixação de materiais de acabamento Toby Raphael (1997) não recomenda a utilização de adesivos e sim, de grampos e tachas inoxidáveis; o uso da própria costura, velcro e eventualmente da fita dupla face (material de armazenamento de arquivo, com pH neutro).

Pesquisas realizadas por Jean Tétreault (2000), determinaram que a maioria dos adesivos disponíveis no mercado emitem formaldeído e que este atinge materiais de celulose alterando a constituição das fibras. Os adesivos com componentes de resinas acrílicas são considerados estáveis e podem ser empregados. Eles fazem parte da composição de uma serie de adesivos como: “acrylic hotmelt adesive” adesivo/cola a quente e fitas adesivas (com adesivo de base acrílica).

Muitos selantes, como o silicone, liberam no processo de cura ácido acético e também são prejudiciais. Existem, porém, silicones neutros (a base de água), que seriam os mais recomendáveis para o uso em vitrines. Todavia, alguns adesivos são considerados aceitáveis como os que são usados em equipamentos eletrônicos.

As pinturas são muito utilizadas como material de acabamento em vitrines. Elas são geralmente aplicadas em superfícies, de chapas de madeira e seus derivados, com ou sem nivelamento de massa. A grande maioria das tintas empregadas para esse fim,emitem substâncias orgânicas voláteis nocivas aos objetos.É necessário que após aplicada a pintura se espere um período de cura para que os solventes evaporem e a emissão de compostos atinja níveis adequados.

Esse período, segundo Jean Tétreault (1999), varia de acordo com o tipo de pintura, mas é geralmente aconselhado um período mínimo de 3 a 4 semanas de espera para posterior colocação dos objetos na vitrine (em caso de vitrine hermética). Porém, algumas pinturas como as de resinas alquídicas, pinturas de resina epóxi e as a base de óleo devem ser evitadas, pois tem alta emissão de compostos voláteis e a cura pode demorar anos.

Em muitos casos, as pinturas são usadas também para servirem como barreira de bloqueio à emissão de VCO (compostos voláteis orgânicos) das madeiras e derivados. Na realidade, elas não são consideradas uma barreira efetiva, pois bloqueiam apenas de 60% a 80% dos vapores, como menciona Jean Tétreault (1999). A selagem se torna efetiva também de acordo com o número de camadas aplicadas. É recomendado o uso de filmes de materiais como o alumínio, poliéster e ou poliéster aluminizado, para agirem em conjunto com as camadas de tinta enquanto barreira. As pinturas a base de água (emulsão) são as menos nocivas, mas de qualquer forma, o contato direto do objeto com a superfície pintada deve ser evitado.

2.4.5) A SEGURANÇA

Embora não relacionados diretamente com os materiais que afetam os objetos, os aspectos ligados à segurança também fazem parte do sistema expositivo e do sistema de segurança física do objeto. O uso de sistemas de tranca diferenciados em vitrines, ou o uso de equipamentos externos, sistema de monitoramento com câmeras e alarmes ou própria disposição espacial das vitrines, implicam num design ou em cuidados específicos.

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disso, o posicionamento da vitrine no espaço expositivo exige um design e dimensionamento específico, para determinados tipos de objetos.

A segurança física dos objetos está relacionada com o uso de mecanismos de proteção. A vitrine em si, já funciona como elemento de isolamento do acesso e manuseio do objeto pelo público. O uso de materiais de construção resistentes e de sistemas de fechamento e tranca, minimizam problemas relacionados com o roubo ou vandalismo.

Os equipamentos eletrônicos como alarmes, podem ser acoplados às vitrines, assim como outros tipos de sensores como: detectores de vibração e choques, detectores de impactos mecânicos no vidro, etc. Geralmente esses sistemas são usados quando o objeto em exposição é de grande valor.Todavia, recomenda-se que antes da instalação de um sistema destes se faça a instalação do sistema de alarme na edificação toda.

3. METODOLOGIA

Este trabalho consistiu no levantamento e coleta de informações bibliográficas referentes às condições de exposição adequadas para as obras do acervo e de informações sobre as respectivas fontes de degradação em coleções, bem como na análise da relação “objeto x espaço expositivo (vitrine)”.

Desenvolveu-se um estudo em paralelo de duas áreas: objeto (medidas de conservação preventiva) e vitrines (design e materiais), que em determinado ponto se uniram estabelecendo a relação necessária para a correta análise.

Além das fontes bibliográficas foram feitas também visitas a algumas instituições onde puderam ser comprovadas algumas informações técnicas e compreendido o mecanismo de funcionamento do processo de planejamento e execução das exposições e do elemento especifico de estudo , as vitrines.

4. RESULTADOS ESPERADOS

Através deste trabalho procurou-se: compreender e destacar a importância da vitrine enquanto objeto determinador da concepção do espaço expositivo, bem como, esclarecer a necessidade do seu correto uso e construção.

Apesar das constantes mudanças que ocorreram no papel do museu enquanto instituição no século XX, as exposições ainda representam a forma significativa de divulgação do acervo pois, são um meio de veiculação de informação e de absorção do conhecimento, já que um mesmo objeto pode adquirir significados diferentes de acordo com a forma pelo qual é apresentado ao público.

A vitrine ainda permanece como o elemento estruturador e de grande importância do ambiente expositivo, apesar dos diferentes elementos expográficos introduzidos com o passar dos anos nas exposições. Ela foi e tem sido sempre utilizada ao longo dos anos e sua função básica de proteção e/ou destaque da obra sempre esteve presente. As vitrines tem variado em termos de design e aplicação de novos conceitos, que lhe são atribuídos, marcando assim o seu papel atemporal e evidenciando a sua posição e significado dentro dos museus.

Espera-se que as informações aqui reunidas possam de alguma forma colaborar com os profissionais da área de museologia, conservação, com os arquitetos e designers responsáveis pelo planejamento e execução das exposições.

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A conservação preventiva é de extrema importância nos processos museológicos, pois um planejamento neste sentido, estabelece as diretrizes e procedimentos a serem seguidos a fim de garantir a implantação de padrões corretos para a preservação das obras de um acervo, permitindo assim se evitar ou minimizar os agentes de deterioração que atuam sobre elas. Portanto, a preservação de objetos em coleções e acervos só será realmente eficaz com a implantação da conservação preventiva na política administrativa e preservacionista das instituições. O planejamento prévio dessas medidas é na nossa realidade, a maneira mais eficaz de se preservar as coleções dos museus, já que os recursos disponíveis pelas instituições não permitem que alterações freqüentes nestes espaços se processem. As decisões relacionadas à preservação do acervo devem ser tomadas em conjunto e o trabalho deve ser desenvolvido de forma interdisciplinar, com o envolvimento de diferentes profissionais da instituição.

As restrições impostas por aspectos econômicos impedem, muitas vezes, que decisões e soluções de ordem técnica possam ser implantadas em uma instituição, dificultando posteriormente o trabalho dos profissionais envolvidos. Sabe-se que a nossa realidade é diferente daquela realidade de onde a maioria destas pesquisas e informações são provenientes e que possivelmente teremos soluções diversas. Porém, em termos conceituais os aspectos a serem considerados são basicamente os mesmos.

Ao longo dos anos várias instituições vêm passando por processos de reestruturação, e ainda se limitam à criação e adequação do espaço físico, de criação de infra-estrutura, de constituição do corpo técnico, etc. Isso muitas vezes as impedem de concentrar esforços na área de comunicação.

Apesar do apoio e do financiamento oferecido por instituições da área de cultura, a serem aplicados também na área de comunicação, em projetos de exposições de longa duração, ainda poucas instituições conseguiram realizar um trabalho nesta área. A existência de trabalhos de natureza interdisciplinar com resultados positivos no nosso contexto de museus é relativamente pequena se comparada ao número de instituições com potencialidades de realizá-los.

Através deste estudo pudemos verificar que apesar dos grandes esforços na área da conservação preventiva terem sido desenvolvidos em nosso país, muita coisa ainda pode e deve ser realizada neste campo, principalmente na área de expografia através da integração de aspectos de conservação e das técnicas expositivas.

5. BIBLIOGRAFIA:

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Referências

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