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Publicação dos Primeiros Relatórios de Sustentabilidade e Alterações no Relato de Sustentabilidade nos Relatórios e Contas. após emissão dos primeiros relatórios de sustentabilidade

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PUBLICAÇÃO DOS PRIMEIROS

RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE E ALTERAÇÕES NO

RELATO DE SUSTENTABILIDADE NOS

RELATÓRIOS E CONTAS

por

Diana Filipa de Barros Leite e Silva

Dissertação de Mestrado em Contabilidade e Controlo de Gestão

Orientada por

Manuel Castelo Branco

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Viana do Castelo.

Em 2004 terminou o ensino secundário na Escola Secundária de Monserrate, iniciando, nesse mesmo ano, a Licenciatura em Economia na Faculdade de Economia do Porto. No 4º ano letivo realizou parte dos estudos na Universidade de Pavia, Itália, ao abrigo do programa de mobilidade Erasmus. Em 2008 terminou o curso de Economia.

Após a conclusão da licenciatura, ingressou na empresa NEXIA - Santos Carvalho & Associados, Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, S.A., onde exerceu a função de auditoria financeira durante 3 anos.

No ano letivo de 2010/2011 matriculou-se no Mestrado em Contabilidade na Faculdade de Economia do Porto, tendo transitado para o Mestrado em Contabilidade e Controlo de Gestão, curso que terminou com média de 15 valores na parte escolar.

Em 2011, iniciou funções na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto como Técnica Superior, e atualmente é responsável pela gestão financeira e pela prestação de contas de projetos financiados na Unidade de Projetos dos Serviços Partilhados da Universidade do Porto.

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cujas orientações e sugestões foram fundamentais para a prossecução dos objetivos deste trabalho.

Registo também com apreço a colaboração dada por todos os professores do Mestrado em Contabilidade e Controlo de Gestão no momento da definição do tema desta dissertação.

Um agradecimento especial à minha família, aos meus pais, que sempre me deram apoio nos meus projetos de vida e um agradecimento especial ao Diogo, pela compreensão e paciência demonstrada ao longo do período de elaboração desta dissertação.

Deixo ainda um agradecimento especial à Ana Fernandes que esteve sempre presente durante o meu percurso académico, bem como durante o período de elaboração desta dissertação.

Por fim, um agradecimento a todos aqueles que contribuíram também de forma direta ou indireta para a realização deste trabalho.

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divulgar voluntariamente aspetos de sustentabilidade empresarial. Desde o seu relatório e contas anual, passando pelas suas páginas web, brochuras, revistas e chegando aos relatórios de sustentabilidade, sociais e ambientais, várias são as formas de apresentar a informação de sustentabilidade. Esta divulgação, para além de não ter caráter obrigatório, também não é sujeita a auditoria obrigatória, contrariamente ao que acontece com a informação financeira divulgada nos relatórios e contas anuais, das empresas sujeitas a revisão de contas.

Este estudo pretende verificar se após a emissão do primeiro relatório de sustentabilidade, as empresas continuam a divulgar aspetos de sustentabilidade nos seus relatórios e contas, beneficiando da credibilidade associada a estes, ou se alteram o seu padrão de divulgação. A análise incide sobre empresas portuguesas com ações admitidas à cotação na Bolsa de Valores de Lisboa em 2012 e que publicaram, pelo menos uma vez, um relatório de sustentabilidade (ou relatórios semelhantes).

As conclusões alcançadas apesar de não serem estatisticamente significativas, sugerem a existência de uma tendência para a diminuição da divulgação de aspetos de sustentabilidade nos relatórios e contas após a publicação dos primeiros relatórios de sustentabilidade.

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annual report, their websites, magazines and the sustainability report for sustainability reporting. This type of disclosure is not mandatory and it is not subject to audit, unlike the financial information disclosed on the annual reports of companies subject to audit. This study seeks to analyze differences between the sustainability disclosure in the annual reports of Portuguese listed companies right before and after the publication of their first sustainability report. It is analyzed whether companies offer the same level of annual report sustainability disclosures after they have issued the first sustainability report, taking advantage of the reliability of this document, or if this event changed the pattern of disclosure and they start to disclose by another means.

The analysis focus on Portuguese companies listed on the Lisbon Stock Exchange during the year of 2012 that have issued at least one sustainability report (or a similar report).

Although the conclusions were not statistically significant, the results seem to suggest a decrease in the sustainability reporting in the annual reports after the publication of the first sustainability report.

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1.1 Enquadramento geral ... 1

1.2 Objetivos e motivações ... 3

1.3 Estrutura da dissertação ... 4

2. Revisão de literatura ... 6

2.1 Relato de Sustentabilidade ... 6

2.1.1 Conceito de Sustentabilidade Empresarial ... 6

2.1.2 Relatórios de Sustentabilidade ... 7

2.1.2.1 Relatórios Financeiros vs. Relatórios de Sustentabilidade ... 8

2.1.2.2 GRI – Diretrizes para a elaboração de Relatórios de Sustentabilidade ... 10

2.2 Enquadramento teórico ... 12

2.2.1 Teoria da Legitimidade ... 13

2.2.2 Teoria dos Stakeholders ... 14

2.3 Estudos relevantes ... 15

2.3.1 O relato de sustentabilidade empresarial internacional ... 16

2.3.2 Relato da sustentabilidade empresarial em Portugal ... 18

3. Desenvolvimento das questões de investigação ... 21

3.1 Dimensão... 21 3.2 Sector... 22 4. Metodologia adotada ... 24 4.1 Seleção da amostra ... 24 4.2 Recolha de dados ... 28 4.2.1 Análise de Conteúdo ... 28

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5.2 Análise por dimensão ... 42

6. Conclusões ... 44

6.1 Principais conclusões ... 44

6.2 Limitações do estudo ... 45

6.3 Sugestões para investigação futura ... 45

7. Referências Bibliográficas ... 47

8. Anexos ... 55

8.1 Indicadores da GRI e critérios para considerar a sua divulgação ... 55

8.2 Ativo por empresa ... 62

(8)

... 10

Quadro 2 - Dedução da amostra ... 26

Quadro 3 - Empresas que compõem a amostra e respetiva Indústria a que pertencem .. 26

Quadro 4 - Ano de publicação do primeiro relatório de sustentabilidade ... 27

Quadro 5 - Percentagens de divulgação totais por empresa ... 35

Quadro 6 - Teste de Mann-Whitney à diferença entre períodos ... 38

Quadro 7 - Teste de Mann-Whitney à diferença entre períodos ... 39

Quadro 8 - Tipo de indicadores de sustentabilidade divulgados ... 40

Quadro 9 - Número de empresas que diminuíram, mantiveram ou aumentaram a divulgação ... 41

Quadro 10 - Percentagem média de divulgação de indicadores de sustentabilidade entre Indústrias ... 41

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2002 e 2010 ... 31 Gráfico 2 - Percentagens médias de divulgação de aspetos de sustentabilidade ... 37

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1.INTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento geral

O processo de globalização e o aumento da concorrência, trazem um novo desafio para as empresas, onde os aspetos intangíveis se tornaram um importante fator na determinação do seu valor. Assim, os decisores das empresas começam a aperceber-se que determinadas atividades, como as desenvolvidas no âmbito da sustentabilidade, complementam a estratégia adotada e que a comunicação destes aspetos demostra o compromisso que têm pela sustentabilidade, para além de ser considerado um elemento adicional de apreciação do desempenho empresarial (KPMG, 2006).

As empresas estão assim, a aumentar significativamente o relato voluntário de questões relacionadas com a sustentabilidade, não apenas para serem consideradas “boas empresas”, mas porque ganharam consciência de que este comportamento pode conduzir à inovação e fortalecer o seu crescimento, contribuindo para aumentar o seu valor (KPMG, 2011).

Nos últimos anos a tendência tem sido as empresas divulgarem aos seus stakeholders, através de um conjunto de relatórios, aspetos não apenas de caráter financeiro, mas também outro tipo de informação com impactos tanto na sociedade como no ambiente (Larrinaga et al., 2008). Este tipo de divulgação tem vindo a ser cada vez mais completa, podendo afirmar-se que as empresas estão a adotar uma abordagem triple

bottom line, (Elkington, 2004) isto é, estão a ser consideradas no relato as dimensões

económica, social e ambiental.

Para além disso, cada vez mais, as empresas ganham consciência que possuem um papel fundamental na sociedade, que vai muito para além da criação de emprego e da distribuição de bens ou prestação de serviços, podendo apoiar comunidades inteiras a vários níveis. Assim, para além dos investidores interessados nos mercados, a sociedade em si, tem interesse em seguir atentamente as atividades e a conduta das empresas. A tendência é portanto, deixar de analisar as empresas tendo por base indicadores exclusivamente económicos. Kaplan e Norton (1996) no sentido de conseguir “medir” a performance de uma empresa, defendiam a conceção de um painel de gestão

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multidimensional, que permitisse acompanhar o desempenho financeiro de uma empresa e monitorar em simultâneo os progressos na construção de capacidades e aquisição dos ativos incorpóreos, necessários para o crescimento futuro. Assim, indicadores de desempenho ao nível dos clientes (fidelidade, retenção), fornecedores (qualidade), funcionários (motivação) e produto (qualidade) tornam-se tão ou mais importantes do que indicadores de caráter financeiro.

Comparativamente aos estudos sobre divulgação financeira, verifica-se assim, que a investigação sobre a divulgação de aspetos de sustentabilidade empresarial, é um fenómeno mais recente, remontando à década de 70 os primeiros grandes avanços na investigação.

Apesar de haver um vasto conjunto de meios através dos quais as empresas podem reportar aspetos de sustentabilidade, grande parte dos estudos foca-se nos relatórios e contas anuais das empresas, pois estes são considerados um importante meio através do qual elas comunicam com os seus stakeholders (Gray et al, 1995).

Os meios mais utilizados pelas empresas para divulgar informação de sustentabilidade empresarial têm sido os relatórios anuais, as páginas web, ou relatórios autónomos (de sustentabilidade, ou de responsabilidade social, ou de cidadania empresarial, etc.), sendo que ou dois últimos meios começaram a ser utilizados mais recentemente e a sua utilização aumentou bastante ao longo das duas últimas décadas (Frost et al., 2005). Os relatórios autónomos têm a vantagem de poder concentrar toda a informação de sustentabilidade num documento único. Os relatórios de sustentabilidade são de caráter opcional e não são sujeitos a auditorias rigorosas nem a revisão obrigatória, havendo apenas conjuntos de diretrizes que podem ser seguidas na sua elaboração.

Pouco ou nada se sabe sobre a inter-relação entre os diversos meios de divulgação de informação utilizados pelas empresas para divulgar informação sobre a sua contribuição para o desenvolvimento sustentável. Questões que continuam sem respostas são, por exemplo, as seguintes:

- a iniciação da divulgação de informação sobre sustentabilidade empresarial em relatórios autónomos (de sustentabilidade, de responsabilidade social, de cidadania empresarial, etc.) por parte de uma empresa implica alterações ao nível da divulgação deste tipo de informação no seu relatório e contas;

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- a iniciação da divulgação de informação sobre sustentabilidade empresarial em relatórios autónomos por parte de uma empresa implica alterações ao nível da divulgação deste tipo de informação na sua página web;

- a iniciação da divulgação de informação sobre sustentabilidade empresarial nas suas páginas web por parte de uma empresa implica alterações ao nível da divulgação deste tipo de informação no seu relatório e contas.

Este estudo debruça-se sobre a primeira das questões apresentadas. Quando emitem um relatório de sustentabilidade pela primeira vez, as empresas que até à data tinham vindo a divulgar aspetos de sustentabilidade empresarial no seu relatórios e contas, passam assim, a ter um meio específico onde podem concentrar este tipo de divulgação. O que se pretende com este estudo é verificar quais foram as tendências na divulgação de aspetos de sustentabilidade nos relatórios e contas após a emissão dos primeiros relatórios de sustentabilidade: se toda a informação de caráter sustentável deixou de ser divulgada nos relatórios e contas, ou se foi apenas uma parte e se nos relatórios e contas se manteve alguma divulgação de sustentabilidade, qual o tipo de informação que persistiu. Vai procurar-se encontrar algum padrão entre empresas do mesmo setor ou de dimensão semelhante e comparar alguns resultados com as teorias que procuram explicar este tipo de divulgação.

Este estudo poderá ainda, abrir caminho para investigações futuras no sentido de encontrar qual a estratégia que as empresas estão a adotar em termos de divulgação de aspetos de caráter sustentável quando se trata de escolher quais os meios através dos quais o vão fazer.

1.2 Objetivos e motivações

A divulgação de informação sustentável de forma voluntária poderá significar a opção por um novo rumo na implementação de estratégias de diferenciação por parte das empresas, o que torna este tema interessante.

No que respeita à divulgação de aspetos de sustentabilidade empresarial, este estudo procura compreender qual a estratégia inicial que foi utilizada pelas empresas, quando iniciaram a emissão de relatórios de relatórios sustentabilidade. Pretende-se com este estudo iniciar por caminhos da investigação que no futuro levem a conclusões sobre se a

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opção pela emissão de relatórios de sustentabilidade, tão divulgados por organismos como a GRI (Global Reporting Initiative)1, foi uma decisão que perdurou ou se as empresas acabaram por optar por outros meios para a divulgação de aspetos de sustentabilidade.

O estudo destas questões é relevante pois contribui para a literatura no sentido de aferir sobre a opção que as empresas estão a tomar quanto aos meios utilizados para divulgar informação de sustentabilidade empresarial. Apesar da literatura ser bastante extensa no que respeita ao estudo das divulgações de sustentabilidade efetuadas pelas empresas, em Portugal os estudos são ainda relativamente escassos, o que constitui também uma motivação o facto deste estudo contribuir para complementar a escassa investigação existente no nosso país.

Por fim, o interesse pessoal pelas questões em torno da divulgação de aspetos de sustentabilidade por parte das empresas, suscitou o interesse em desenvolver o tema de forma mais profunda, desde o início do curso de mestrado.

1.3 Estrutura da dissertação

Esta dissertação encontra-se dividida em 6 partes. Em primeiro lugar é feita uma introdução à problemática a ser desenvolvida e uma breve referência às motivações que levaram à escolha deste tema para a dissertação. No capítulo seguinte apresenta-se uma revisão de literatura que se encontra dividida em 3 partes. Na primeira parte é dado a conhecer o conceito de sustentabilidade empresarial bem como alguns aspetos relacionados com as diferenças entre os relatórios financeiros e de sustentabilidade. Nesta parte apresentam-se também a diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade propostas pela Global Reporting Initiative. No segundo capítulo apresentam-se as teorias que vão ser utilizadas neste estudo para justificar a divulgação de aspetos voluntários de sustentabilidade por parte das empresas. Ainda dentro do capítulo dedicado à revisão de literatura, no final apresentam-se alguns estudos relevantes tanto a nível internacional, como ao nível de Portugal.

1

Organização sem fins lucrativos que promove a sustentabilidade económica, social e ambiental. A sua Missão é fazer com que a emissão de relatórios de sustentabilidade se torne uma prática com um padrão na divulgação, fornecendo para tal, orientação e suporte às organizações.

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No terceiro capítulo desenvolvem-se as questões de investigação, e apresentam-se alguns resultados que se esperam obter à luz das teorias apresentadas.

No quarto capítulo é apresentada a metodologia adotada, designada de análise de conteúdo. É referido o método de seleção da amostra e apresentada a análise de conteúdo bem como algumas das suas virtudes e limitações.

No capítulo 5 é feita a análise dos resultados obtidos, comparando-os com alguns dos resultados obtidos noutros estudos.

No capítulo 6 são apresentadas as conclusões deste estudo, assim como algumas limitações do mesmo e são apresentadas propostas de investigação futura.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo, numa primeira parte será abordado de forma breve o relato de sustentabilidade e a emissão de relatórios financeiros e de sustentabilidade pelas empresas, bem como o papel da Global Reporting Initiative no relato de sustentabilidade. Numa segunda parte será feito um enquadramento teórico, expondo as teorias utilizadas neste estudo e que justificam a divulgação voluntária de aspetos de sustentabilidade por parte das empresas. No final é feita referência a alguns estudos relevantes nesta área, tanto a nível internacional, como ao nível de Portugal.

2.1 Relato de Sustentabilidade

2.1.1 Conceito de Sustentabilidade Empresarial

Nos últimos anos tem-se assistido à proliferação de expressões como “sustentabilidade”, “desenvolvimento sustentável” ou “responsabilidade social”, sendo conceitos que fazem parte da agenda de muitas organizações e eventos.

A noção de “sustentabilidade” não é algo completamente novo. Desde cedo as empresas tomaram consciência de que para sobreviver era necessário delinear uma estratégia não somente voltada para os resultados a curto prazo, mas principalmente voltada para o longo prazo. Só assim conseguiam atingir um desenvolvimento sustentável, conceito para o qual é possível encontrar muitas definições na literatura, sendo uma das mais generalizadas a que consta do Relatório Our Common Future apresentado pela Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento em 1987: “Desenvolvimento que permite satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades”1

. Não obstante, o conceito de “sustentabilidade empresarial” permanece ainda difuso, uma vez que há bastantes dificuldades em precisar o mesmo de forma única. Este aspeto aparenta ser o único em que os investigadores parecem concordar: não existir um conceito ou definição clara sobre o que é a sustentabilidade (Eden, 2000).

1 Tradução do autor. Citado no Relatório das Nações Unidas (1987): “Report of the World Commission

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Conceitos como sustentabilidade empresarial, responsabilidade social e ambiental, desenvolvimento sustentável empresarial (sustainable business development), contabilidade social e ambiental e relato triple botom line são frequentemente utilizados na literatura para se referirem às diferentes dimensões com as quais as empresas estão envolvidas. As várias expressões que podem ser encontradas na literatura muitas vezes referem-se, na sua essência, ao mesmo.

A responsabilidade social das empresas pode, de acordo com o Livro Verde (Comissão Europeia, 2001), ser definida como um conceito segundo o qual as empresas integram, numa base voluntária questões sociais e ambientais, nas suas atividades e nas interações com os stakeholders. Uma empresa socialmente responsável deverá cumprir não apenas as questões legais, mas investir em capital humano, contribuir para um ambiente mais limpo e uma sociedade mais justa.

O relato de sustentabilidade é, assim, como um elemento intrínseco do reporte integrado, que combina a análise da performance financeira e não financeira (Global

Reporting Initiative)2.

Não existe, assim uma definição única. Subsiste, contudo, um relativo consenso nas áreas em torno das quais se carateriza a sustentabilidade, considerando-se que esta se divide em 3 dimensões distintas mas complementares: dimensão económica, ambiental e social. É o chamado triple bottom line, conceito que deriva do Relatório Our Common

Future e introduzido pela primeira vez por Elkington (2004).

Neste trabalho o conceito de sustentabilidade empresarial é usado para referir as três dimensões consideradas nas diretrizes elaboradas pela Global Reporting Initiative (2006) e que derivam também da abordagem triple bottom line: dimensão económica, ambiental e social.

2.1.2 Relatórios de Sustentabilidade

A GRI não define um conceito de sustentabilidade e utiliza o próprio termo “relatório de sustentabilidade” como sinónimo de outros conceitos utilizados para descrever a comunicação dos impactes económicos, ambientais e sociais, i.e., triple bottom line, relatórios de responsabilidade corporativa, etc. Também neste estudo, a expressão

(17)

“relatório de sustentabilidade” é usada para referir relatórios sociais e ambientais, relatórios de cidadania empresarial, entre outros similares.

Nos últimos anos, tem-se assistido a um cenário de publicação destes relatórios, que já não se limita apenas a um nicho de mercado, verificando-se uma difusão alargada por parte de muitas empresas (KPMG, 2006).

2.1.2.1 Relatórios Financeiros vs. Relatórios de Sustentabilidade

O relato de sustentabilidade é totalmente voluntário em Portugal, assim como na maioria dos países, ao contrário dos relatórios financeiros anuais, que têm caráter obrigatório nos termos do Código das Sociedades Comerciais. Esta talvez seja a grande diferença entre ambos e que condiciona as caraterísticas a eles inerentes.

O relato financeiro tem vindo a desenvolver-se à mais um século e ganhou uma maturidade tal, que hoje em dia milhões de indivíduos tomam decisões baseadas neste tipo de informação. Este tipo de relato é útil para os investidores e credores, em parte devido a determinadas caraterísticas que o tornam comparável, consistente, credível e relevante, sendo documentos cuidadosamente preparados e examinados a vários níveis (MacLean e Gottfrid, 2000).

Em Portugal, as empresas têm o dever de relatar a gestão e apresentar as suas contas de acordo com o artigo 65º do Código das Sociedades Comerciais (CSC). No artigo 66º do mesmo Código, são estabelecidos os componentes que o relatório de gestão deve englobar, para além de ser ainda referido que este deve conter “uma exposição fiel e clara da evolução dos negócios, do desempenho e da posição da sociedade”. Além disso, “na medida do necessário à compreensão da evolução dos negócios, do desempenho ou da posição da sociedade”, a análise referida “deve abranger tanto os aspetos financeiros como, quando adequado, referências de desempenho não financeiros relevantes para as atividades específicas da sociedade, incluindo informações sobre questões ambientais e questões relativas aos trabalhadores”. Para além destes artigos, o número 245º do Código dos Valores Mobiliários estabelece ainda que as entidades com valores mobiliários admitidos à cotação, entre outras, divulgam “o relatório de gestão, as contas anuais, a certificação legal de contas e demais documentos de prestação de contas exigidos por lei”.

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Adicionalmente, o Código das Sociedades Comerciais refere ainda um conjunto de artigos, aos quais as empresas deverão obedecer na elaboração do seu relato financeiro. Qualquer divulgação que seja feita para além da requerida por estes documentos, é considerada voluntária. Para além disso, como nada se especifica sobre as informações sobre questões ambientais e questões relativas aos trabalhadores a divulgar, também estas serão de natureza voluntária.

Para além da informação obrigatória referida, nos relatórios financeiros de algumas empresas encontram-se capítulos dedicados a aspetos sociais e ambientais, algo que não se verificava há alguns anos atrás. As questões relacionadas com as oportunidades e riscos da empresa levam à divulgação de aspetos sobre a formação do capital humano, inovação, gestão de riscos, segurança e responsabilidade ambiental.

A informação de aspetos de sustentabilidade no relatório anual da empresa pode assim, servir para complementar a informação financeira que é apresentada, podendo influenciar a avaliação que é feita da empresa, uma vez que esta pode ser feita tendo por base outro tipo de informação que não a tradicional informação financeira. No entanto, a recolha e apresentação de informação sobre aspetos de sustentabilidade, pela sua natureza qualitativa, não é tão simples como quando comparada com a informação financeira, de caráter mais quantitativo.

Relativamente ao relatório de sustentabilidade, este apresenta-se como um dos meios através do qual, as empresas podem concentrar a informação voluntária de sustentabilidade que pretendem divulgar. Estes relatórios, mais do que estarem direcionados para os shareholders da empresa, são dirigidos aos seus stakeholders, e neles podem ser encontradas informações aos vários níveis do desempenho organizacional da empresa. Os relatórios de sustentabilidade devem ainda “fornecer uma declaração equilibrada e razoável do desempenho de sustentabilidade da organização nele representada, incluindo tanto as contribuições positivas como as negativas” (Global Reporting Initiative)3

.

Os relatórios de sustentabilidade têm assim, uma multiplicidade de destinatários, onde aos tradicionais investidores, colaboradores e clientes se juntam um conjunto de outros

3

(19)

grupos de interesse internos e externos, diretos ou indiretos à empresa, interessados em diferentes aspetos do negócio.

No quadro seguinte resumem-se algumas das principais diferenças entre os relatórios financeiros e de sustentabilidade.

Quadro 1 - Diferenças entre os relatórios financeiros e os relatórios de sustentabilidade

2.1.2.2 GRI – Diretrizes para a elaboração de Relatórios de Sustentabilidade

Atualmente existem várias entidades que propõem diretrizes para a divulgação de aspetos de sustentabilidade. Para além da já mencionada Global Reporting Initiative, pela qual será conduzido este estudo, existem a United Nations Environmental

Programme (UNEP), a United Nations Conference on Trade and Development

(UNCTAD), entre outras.

A Global Reporting Initiative é uma organização sem fins lucrativos que promove a sustentabilidade económica, ambiental e social a um nível global e cuja missão é tornar o relato de sustentabilidade uma prática standard entre as organizações, oferecendo para isso “uma estrutura credível para a elaboração dos relatórios de sustentabilidade, que

Tipo de Relatório Relatórios Financeiros Relatórios de Sustentabilidade

Destinatários Investidores e credores Múltiplos stakeholders

Processo Maduro Em evolução

Opção Obrigatório Voluntário

Conteúdo dos dados Medida comum (unidade monetária)

Facilmente compreendidos Medidas inconsistentes Técnicos

Formato Padronizado Diversas Guidelines

Verificação

Requerida Auditoria Normas para os auditores

Não requerida Possível evolução através de: Certificação, garantia, Declaração da Gestão, Revisão pelos participantes

Supervisão Organismos Reguladores/ Públicos Não existe autoridade de controlo

/ Privados

Apoio Organizações de contabilidade e

Contabilistas

Não existem grupos dominantes: ONGs, associações empresariais

(20)

possa ser utilizada pelas várias organizações independentemente da sua dimensão, sector ou localização”4

.

A iniciativa da GRI começou em 1997, através da colaboração do United Nations

Environment Programme com a Coalition for Environmentally Responsible Economics

(CERES), com a missão de desenvolver e disseminar diretrizes que fossem globalmente aplicáveis pelas organizações no seu relato de sustentabilidade. Nestas diretrizes são propostos um conjunto de indicadores que as organizações podem utilizar na divulgação das três dimensões interrelacionadas da sustentabilidade: económica, ambiental e social. Esta abordagem triple bottom line é a mais generalizada para definir sustentabilidade e foi a que gerou mais consenso.

As diretrizes da Global Reporting Initiative (2006) referem que a dimensão económica da sustentabilidade relaciona-se com os impactes das atividades da organização sobre as condições económicas tanto das partes interessadas, como sobre os sistemas económicos locais, nacionais e globais. A dimensão ambiental da sustentabilidade refere-se aos impactes da organização nos sistemas naturais, nos vários ecossistemas e biodiversidade, e inclui indicadores relacionados com o desempenho ao nível dos consumos e da produção. Por fim, a dimensão social refere-se ao impacto da organização nos sistemas sociais onde opera, incluindo indicadores relativos às praticas laborais, direitos humanos, à sociedade e à responsabilidade.

Ao longo do tempo, foram elaboradas várias versões destas diretrizes e, desde o primeiro esboço em 1999, estas sofreram já várias alterações, encontrando-se atualmente na 4ª versão (G4), lançada em maio de 2013. A versão anterior, lançada em 2006 e denominada G3.0, resultou de um processo que durou 2 anos, contando com o envolvimento de mais de 3.000 stakeholders espalhados globalmente, e representou uma grande evolução para os relatórios de sustentabilidade (KPMG, 2008). Em 2011, através da versão G3.1, para além dos aspetos abordados na versão anterior, são ainda aprofundados os conteúdos de aspetos relacionados com os impactos na comunidade, direitos humanos e igualdade de género. A versão G3.1 representou um grande passo na introdução da atual versão G4.

(21)

A adoção das diretrizes da GRI pelas empresas é cada vez mais difundida e hoje em dia, pode dizer-se, que estas são as diretrizes que estão a padronizar o relato de sustentabilidade, sendo que 80% das 250 maiores empresas5 as adotam (KPMG, 2011). Para a prossecução dos objetivos deste trabalho, optou-se pela versão G3.0, de 2006, uma vez que é a versão mais próxima, em termos temporais, dos relatórios emitidos por grande parte das empresas que fazem parte da amostra deste estudo. No capítulo 4 é justificada de forma mais aprofundada a escolha desta versão.

As Diretrizes GRI versão G3.0 de 2006, para além de apresentarem o conteúdo dos relatórios de sustentabilidade, indicam também um conjunto de 79 indicadores de desempenho empresarial agrupados nas três dimensões referidas anteriormente.

No anexo 8.1 encontram-se as dimensões, o código e a descrição do aspeto divulgado tal como constam da versão 3.0, e que vão servir de base a este estudo. No capítulo da metodologia adotada é aprofundada a forma como se procedeu ao estudo utilizando os indicadores da GRI.

2.2 Enquadramento teórico

Como referido anteriormente, a divulgação de informação sobre aspetos de sustentabilidade empresarial é feita numa base voluntária, sendo que a regulação contabilística existente não prevê a obrigatoriedade de divulgar estes aspetos nas demonstrações financeiras das empresas. As empresas não são assim obrigadas a divulgar estes aspetos de forma a cumprir as normas contabilísticas, no entanto, um estudo recente efetuado pela KPMG (2011) demonstrou que a maioria das empresas, que divulgam as motivações que as levam a reportar aspetos de sustentabilidade, mencionam que pretendem integrar este tipo de divulgação no seu core business, tornando-o uma componente do reporte anual que fazem.

Existem ainda outros motivos que levam à divulgação destes aspetos, havendo na literatura várias teorias que os procuram explicar.

Alguns autores procuram explicar as motivações através de Teorias Económicas como a teoria Positiva da Contabilidade, a Teoria da Sinalização, o Enquadramento

5 As 250 maiores empresas a que se referem o estudo da KPMG foram retiradas da Fortune Global 500

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Benefício e a Perspetiva baseada nos Recursos. Outros autores suportam os seus estudos recorrendo a Teorias Sociais e Políticas como a Teoria da Legitimidade e a Teoria dos

Stakeholders.

Cada uma destas teorias, por si só, não consegue explicar as razões para o comportamento quanto à divulgação de informação voluntária, devendo como tal, ser analisadas em conjunto para, pelo menos, tentarem explicar parcialmente as motivações que levam à divulgação.

Não pretendendo com este estudo relacionar os resultados encontrados com cada uma das teorias acima mencionadas, apenas serão exploradas as contribuições das Teorias Sociais e Políticas para a investigação respeitante à divulgação voluntária de informação de sustentabilidade por parte das empresas, uma vez que será à luz destas teorias que, no capítulo 5, são analisados os resultados alcançados neste estudo.

2.2.1 Teoria da Legitimidade

A teoria da legitimidade baseia-se na ideia de que as empresas, de forma a garantirem o sucesso das suas atividades, devem seguir um comportamento considerado socialmente aceitável por parte da sociedade (O´Donovan, 2002).

Esta teoria é utilizada para justificar a motivação dos gestores a divulgar aspetos de sustentabilidade empresarial, relacionando-se com o desejo de legitimar as atividades da empresa. Esta teoria foca-se no papel desempenhado pela informação na relação que se estabelece entre a empresa, o Estado, os indivíduos e a sociedade (Gray et al., 1996). Ao divulgar determinada informação voluntária, esta fica à disposição de vários agentes (ambientalistas, shareholders, Governo e outros investidores), que em virtude do acesso à informação, aumentam a sua confiança na empresa (Watson e Shrives, 2002).

Na literatura é fornecida uma série de evidências empíricas que provam que o relato voluntário de aspetos sociais e ambientais, por parte das empresas, é motivado pelo desejo da gestão em legitimar vários aspetos relacionados com a atividade da empresa. Esta pode ser uma estratégia valiosa para empresas que, por vários motivos, podem estar numa situação em que a sua imagem e reputação estão em detrimento, podendo até, estar em causa a sua sobrevivência. (Deegan 2002). Exemplos destas situações são

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os conflitos que se geram entre empresas, acidentes ambientais, situações antiéticas e de fraude ou corrupção dentro das empresas, entre outras.

De acordo com a teoria da legitimidade, uma entidade divulga informação voluntária que convença o público de que a empresa é socialmente responsável e as atividades por ela desenvolvidas estão de acordo com os valores defendidos pela sociedade onde se insere. É como se existisse um “contrato social” entre a empresa e a sociedade, no qual são representadas as expectativas que a sociedade deposita na forma como a empresa deverá desenvolver as suas atividades (Guthrie et al., 2004) (Watson e Shrives, 2002). As empresas têm assim um desafio que consiste, não apenas em gerar lucro e criar emprego, mas em cumprir um conjunto de normas e valores aceites, de forma a ser considerada legítima pela sociedade. A divulgação de informação voluntária fornece um importante meio através do qual as empresas convencem os seus stakeholders de que estão a cumprir as expectativas que estes depositaram nelas.

2.2.2 Teoria dos Stakeholders

A teoria dos stakeholders ajuda também a compreender alguns dos aspetos abordados pela teoria da legitimidade. No entanto, enquanto que a teoria da legitimidade é voltada para a sociedade, a teoria dos stakeholders baseia-se na ideia de que as empresas têm diversos stakeholders definidos como grupos que beneficiam ou são afetados pelas atividades desenvolvidas pela empresa (Freeman, 1998). Os stakeholders incluem os acionistas, clientes, fornecedores, trabalhadores, credores, comunidades locais, Governo, entre outros grupos de interesse (Hill e Jones, 1992).

Esta teoria defende que os stakeholders têm o direito de estar informados sobre o impacto que as atividades desenvolvidas por uma empresa têm sobre eles (por exemplo, aspetos sobre poluição, patrocínios ou iniciativas) (Deegan, 2000). A teoria dos

stakeholders atribui à empresa uma responsabilidade que vai para além dos aspetos

económicos e financeiros, levando-a a divulgar voluntariamente aspetos relacionados com os seus recursos humanos, aspetos sociais e ambientais (Guthrie et al., 2004). Podem ser distinguidos dois ramos distintos dentro desta teoria (Deegan, 2002) (Gray et

al., 1996). O primeiro ramo é designado por ético (ou normativo) e atende à forma

(24)

por divulgar aspetos de responsabilidade social e ambiental. O segundo ramo, designado por diretivo (ou positivo), permite explicar como a divulgação de informação social e ambiental é uma forma de gerir a relação entre a empresa e os diferentes stakeholders. A responsabilidade social é estrategicamente usada pela empresa como forma de gerir as relações com os seus stakeholders (Ullman, 1985) e quanto maior for a influência destes, maior será o esforço da empresa no que respeita à manutenção das relações que se estabelecem entre ambos.

Estas duas teorias sustentam assim que a divulgação voluntária de aspetos de sustentabilidade é feita por questões estratégicas.

2.3 Estudos relevantes

A literatura que se encontra sobre a temática da sustentabilidade é bastante extensa, apesar do “boom” de divulgação ter ocorrido à relativamente poucos anos, bem como o aparecimento dos estudos a ela dedicados.

Alguns autores (Guthrie e Parker, 1989) (Maltby, 2004) referem que desde finais do século XIX as empresas divulgam informação não financeira de caráter voluntário. Contudo, só a partir da década de 60 é que este tema se começou a desenvolver (Epstein, 2004) e só durante os anos 70 é que se verificou uma alargada difusão do interesse em questões relacionadas com a contabilidade social e ambiental (Gray, 2008). Nos anos 80, a contrariar a década anterior, verificou-se no entanto um declínio no interesse pelas questões de sustentabilidade e apenas no final dos anos 90 se começa a verificar que um grande número de empresas inicia então a elaboração de relatórios sociais, ambientais e de sustentabilidade (Gray et al., 1995b), (Deegan et al., 2002), ganhando a consciência que estes tinham impacto na tomada de decisão dos seus

stakeholders (Epstein, 2004).

Desde 1993, a consultora KPMG, através de vários estudos, tem vindo a confirmar a tendência de aumento do número de empresas que divulgam aspetos de sustentabilidade empresarial. O mais recente (KPMG, 2011) conclui que 95% das 250 maiores empresas6 a nível mundial divulgam estes aspetos.

6 As 250 maiores empresas a que se referem o estudo da KPMG foram retiradas da Fortune Global 500

(25)

Os países que mais divulgam aspetos de sustentabilidade são os europeus, mas tanto na América, Médio Oriente e África o reporte de sustentabilidade tem vindo a aumentar significativamente (KPMG, 2008).

2.3.1 O relato de sustentabilidade empresarial internacional

Acompanhando a tendência de divulgação das empresas, foi também desde o final da década de 90 que se verificou maioritariamente um aumento do número de artigos relacionados com a divulgação voluntária de aspetos sociais e ambientais, publicados em journals da especialidade (Deegan, 2002).

O interesse da literatura sobre quais os aspetos de sustentabilidade eram reportados pelas empresas, variou ao longo dos anos. Durante a década de 70 e até início da década de 80, aspetos como o emprego e os trabalhadores, dominaram os estudos efetuados, enquanto que as questões ambientais predominaram nos anos 90 (Gray, 2008), (Mathews, 1997). No início do século XXI, mais do que investigar se as empresas simplesmente divulgam, ou não, aspetos de sustentabilidade empresarial, a literatura procura determinar quais as categorias que são divulgadas e aferir sobre a sua qualidade (Gray, 2008).

Existem assim, vários estudos sobre as divulgações sociais e ambientais das empresas, seja a um nível mais global (KPMG, 2011), seja ao nível das divulgações dentro de determinados países. Investigações a países como a Austrália (Frost et al., 2005) (Deegan e Gordon, 1996) (Deegan e Rankin, 1996) (Farneti e Guthrie, 2009), o Canadá (Bansal, 2005), (Clarkson et al., 1994), o Reino Unido (Gray et al., 1995a) (Adams, 2000) (Adams e Harte, 1998), a Alemanha (Adams , 2000) e a França (Trébucq, 2006), (Cormier e Magnan, 2003) (Depoers, 2000) são relativamente abundantes na literatura, influência da nacionalidade dos próprios investigadores (Branco e Delgado, 2009). No entanto, mais recentemente, apareceram estudos que incidem sobre outros países, nomeadamente países em desenvolvimento e cuja divulgação de aspetos de sustentabilidade se encontra ainda numa fase emergente (Owen, 2008). Temos como exemplo as Maurícias (Mahadeo et al., 2011) e a Malásia (Saleh, 2009). Nos países do sul da Europa a investigação existente é ainda baixa e relativamente recente (Branco e Delgado, 2009).

(26)

De acordo com um estudo da KPMG (2011), as empresas europeias são aquelas com mais tendência a divulgar aspetos de sustentabilidade, no entanto as empresas da América estão a ganhar terreno, com cerca de 69% das empresas estudadas a divulgar estes aspetos. Também nos países do Médio Oriente e de África, 61% das empresas já divulgam aspetos de sustentabilidade. A região da Ásia-Pacífico situa-se um pouco atrás das anteriores, sendo que apenas metade das empresas estudadas (49%) divulgam questões relacionadas com a sustentabilidade.

A maioria dos estudos efetuados procura encontrar a existência de padrões de divulgação e possíveis fatores que influenciem essa mesma divulgação. Fatores como a maior dimensão, a maior visibilidade e o maior impacto do sector na sociedade e ambiente podem influenciar a empresa a optar por níveis de divulgação mais elevados (KPMG, 2011) (Branco e Rodrigues, 2008a) (Archel, 2003) (Deegan et al., 2002). Relativamente aos setores que mais divulgam, estes são respetivamente o farmacêutico, a construção e a indústria automóvel (KPMG, 2011).

Alguns autores (Branco e Rodrigues, 2008b) (Kolk, 2004) concluíram, no entanto, que se tem verificado um aumento da divulgação em empresas cujos setores são considerados mais “limpos”, como é o caso do sector financeiro e outros serviços. Uma outra tendência que tem sido verificada é o facto de as empresas divulgarem apenas as “boas notícias”. Alguns autores (Deegan e Rankin, 1996) concluem que empresas com processos judiciais em curso relativos ao incumprimento de regulamentos ambientais, divulgam apenas aspetos positivos da sua política ambiental. O mesmo acontece quando as empresas têm uma atenção desfavorável por parte dos

media (Deegan et al., 2002).

Outros autores (Gray et al., 1995a) (Gray et al., 1995b) no entanto, deparam-se com uma grande diversidade de estudos, com a falta de consistência nas medidas utilizadas, a carência de teorias que expliquem a divulgação, a escassez de estudos longitudinais bem como a falta de conjuntos de dados disponíveis para os investigadores.

Conforme referido por Gray et al. (1995a,b), existem ainda, poucos estudos longitudinais, que ao contrário dos estudos cross-section, têm a vantagem de permitir analisar padrões de divulgação baseados em eventos periódicos e não necessariamente em eventos anuais (Gray, 2008).

(27)

Gray et al., 1995a,b), através de investigações aplicadas ao Reino Unido, foram alguns dos poucos autores que inovaram na utilização de estudos longitudinais. Também Adams (2000) efetuou um estudo longitudinal no Reino Unido e Alemanha, sobre a divulgação de questões éticas, por serem dois países com um elevado grau de divulgação no que respeita a estas questões. Adams e Harte (1998), Guthrie e Parker (1989), Trébucq, (2006) e Branco e Delgado (2009) efetuaram igualmente estudos deste tipo.

Apesar da abundância de estudos referida, a maioria apresenta no entanto uma amostra limitada às empresas cotadas dos países em estudo (Gray et al. , 1995a), (Dias, 2010), (Branco e Rodrigues, 2005), (Haniffa e Cooke, 2005), (Trébucq, 2006), o que pode limitar o estudo em questão. No entanto, a utilização destas empresas como amostra facilita o acesso à informação necessária por parte dos investigadores.

2.3.2 Relato da sustentabilidade empresarial em Portugal

Comparativamente ao cenário internacional, os estudos em Portugal, são ainda escassos (Monteiro e Aibar-Guzmán, 2010) (Branco e Delgado, 2009) (Branco et al., 2008) (Ferreira, 2004). Também no que respeita à divulgação de aspetos de sustentabilidade por parte das empresas portuguesas, ainda existe um longo caminho percorrer na assunção deste compromisso, principalmente quando comparamos com países como o Japão e a Inglaterra, cuja divulgação de aspetos de sustentabilidade já se tornou uma prática comum em mais de 99% das 100 maiores empresas nacionais (KPMG, 2011). A divulgação em Portugal, no entanto, está a aumentar e tal como as evidências mostram nos outros países, a divulgação é influenciada por vários fatores, sejam eles internos ou externos à própria empresa. Aspetos como a dimensão, cotação no mercado de capitais e o sector de atividade parecem influenciar a divulgação efetuada pelas empresas (Monteiro e Aibar-Guzmán, 2010).

Com o objetivo de conhecer o panorama nacional quanto à divulgação de informação sobre a sustentabilidade, em 2006 a consultora KPMG elaborou um inquérito às 536 maiores empresas portuguesas. Foram obtidas 103 respostas de empresas, das quais apenas 34% publicaram informação relativa à sustentabilidade e 60% das que publicaram fizeram-no em relatórios independentes.

(28)

A principal motivação que leva as empresas a divulgarem está relacionada com a reputação/marca da empresa, sendo que um outro beneficio apontado é a melhoria do desempenho operacional e de gestão. As empresas revelaram ainda que um dos processos de seleção dos conteúdos a incluir no relatório baseia-se essencialmente nas diretrizes da GRI.

Relativamente ao meio utilizado para divulgar estes aspetos, as empresas portuguesas atribuem uma maior importância ao relatório anual como meio de divulgação, quando comparado com a internet (Branco e Rodrigues, 2008a) (KPMG, 2006). Das empresas inquiridas no estudo da KPMG (2006), cerca de 61% emitiram relatórios autónomos, 31% utilizaram secções específicas do relatório e contas e apenas 8% divulgaram informação apenas no seu website. Nos relatórios anuais, a informação que é mais divulgada é sobre recursos humanos (90%), seguindo-se informação sobre produtos e consumidores (59%) e informação ambiental (47%). Já a informação que é divulgada pelas mesmas empresas, através da internet é maior relativamente aos produtos e consumidores (53%), seguindo-se só depois os recursos humanos (51%) (Branco e Rodrigues, 2008a).

Quanto aos setores que mais divulgam informação relativa à sustentabilidade, os transportes, construção, comércio e banca são os que lideram (KPMG, 2006).

Um estudo de Dias (2010) relativo ao relato de sustentabilidade pelas empresas portuguesas concluiu que, em 2005, foram as empresas do sector financeiro que apresentaram índices de divulgação mais elevados, seguindo-se as empresas de serviços. Com índices de divulgação mais baixos apresentaram-se as empresas do sector industrial.

Relativamente aos indicadores divulgados pelas empresas, os ambientais apresentam índices de divulgação muito baixos, principalmente nas empresas de serviços e do sector financeiro. O sector das empresas industriais foi o que mais divulgou estes indicadores.

Os indicadores sociais, nas empresas do sector financeiro, apresentam índices de divulgação mais altos do que por exemplo os indicadores ambientais, o que pode ser justificado pela alta visibilidade das empresas deste sector perante a comunidade em geral (Clarke e Gibson-Sweet, 1999). Nos restantes sectores e quando comparados com

(29)

os indicadores económicos e ambientais, são os que têm índices de divulgação mais baixos.

Os indicadores económicos, globalmente, foram os mais divulgados pelas empresas, sendo igualmente o sector financeiro, aquele cujas empresas mais divulgaram estes indicadores.

No que respeita a indicadores mais específicos, o estudo de Dias (2010) identificou dentro dos indicadores sociais, os relacionados com as práticas laborais e os relativos à sociedade como sendo os mais divulgados em todos os sectores. Os indicadores sobre direitos humanos e sobre o produto apresentaram divulgações bastante baixas. Estes resultados podem ser explicados com o facto das empresas escolherem a informação que divulgam de acordo com o público a que se dirigem, incluindo informação sobre recursos humanos nos relatórios destinados aos investidores e informação sobre produtos e sobre a comunidade noutros meios, como é o caso das páginas web e folhetos (Zéghal e Ahmed, 1990).

No global, de acordo com Dias (2010) em 2005 as empresas portuguesas apresentavam índices de divulgação baixos, ficando aquém do desejável.

(30)

3. DESENVOLVIMENTO DAS QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO

O principal objetivo deste estudo é verificar se, após a emissão do primeiro relatório de sustentabilidade, as empresas alteraram as divulgações de aspetos de sustentabilidade no seu relatório e contas, ou se a publicação do relatório de sustentabilidade não afetou essa divulgação.

Adicionalmente este estudo procura também identificar alguns fatores que possam ter influenciado a divulgação ao longo do período analisado, bem como a existência de algum padrão de divulgação entre as empresas, ou entre sectores de atividade. Não se pretende, contudo, abranger todos os fatores que podem influenciar a divulgação, pretendendo apenas evidenciar os mais relevantes e cujo suporte teórico é sustentado pelas teorias apresentadas anteriormente.

A divulgação de informação nos relatórios anuais das empresas tem custos associados, que se relacionam com a recolha de informação, supervisão, gestão, auditoria e com a disseminação da informação. Como referido anteriormente, para além das empresas divulgarem nos seus relatórios e contas, determinadas informações de forma a cumprir os regulamentos legais, é frequente elas divulgarem também informação voluntária. Desta forma, quando uma empresa divulga informação voluntária pode-se assumir que os benefícios da divulgação excedem os respetivos custos, sendo que neste estudo, as expectativas à priori, têm por base o Enquadramento Custo-Benefício da divulgação. Este enquadramento foi já utilizado em outros estudos sobre a divulgação de informação ambiental e social (Cormier e Magnan, 2003) (Depoers, 2000).

3.1 Dimensão

Esta é uma variável utilizada frequentemente nos estudos de divulgação por parte das empresas. Vários estudos (Mia e Mamun, 2011) (Larrinaga et al., 2008) (Archel, 2003) (Depoers, 2000) (Botosan, 1997) concluem que existe uma correlação positiva entre a dimensão da empresa e o nível de divulgação.

Esta relação pode dever-se a vários fatores, entre eles o facto das empresas de maior dimensão serem mais prováveis de operar em diferentes mercados (Depoers, 2000) (Botosan, 1997) e de lhes ser exigida a divulgação de mais informação para os seus

(31)

stakeholders (Depoers, 2000). A maior visibilidade associada às grandes empresas pode

levar a que estas sejam mais observadas pelos governos dos países onde operam (Buzby, 1975) e a divulgação de mais informação pode diminuir essa pressão por parte dos governos (Buzby, 1975). As empresas de maior dimensão utilizam mais frequentemente o mercado de capitais para obter financiamento externo, pelo que a maior divulgação de informação pode ainda contribuir para aumentar a confiança dos investidores nesse mercado (Buzby, 1975).

Para determinar a dimensão da empresa, neste estudo vai ser utilizada como proxy o total do ativo (Cooke, 1989) (Buzby, 1975).

Ainda referente à dimensão da empresa, e à luz da teoria dos stakeholders, espera-se que uma empresa de maior dimensão e consequentemente com um maior número de

stakeholders, divulgue mais aspetos de sustentabilidade, quando comparada com uma

empresa com menor número de stakeholders.

É assim, expectável que quanto maior for a dimensão da empresa, maiores sejam os níveis de divulgação nos relatórios e contas. À luz desta teoria, a publicação do primeiro relatório de sustentabilidade não deverá causar uma diminuição da divulgação de aspetos de sustentabilidade no relatório e contas, pois as empresas de maior dimensão continuarão a divulgar.

3.2 Sector

O sector de atividade em que as empresas se inserem influencia as categorias de informação de sustentabilidade que são divulgadas pelas empresas (Branco e Rodrigues, 2006).

Baseando-nos na teoria da legitimidade, de acordo com a qual as empresas divulgam informação sobre sustentabilidade de forma a apresentar uma imagem no sentido de legitimar os seus comportamentos aos stakeholders, empresas inseridas em sectores com um maior impacto ambiental e consequentemente com uma imagem menos favorável, divulgam mais informação de natureza ambiental (Adams et al., 1998), enquanto que empresas com mais visibilidade junto dos consumidores (como no caso dos bancos, por exemplo) tendem a divulgar mais informação relacionada com o envolvimento com a comunidade (Clarke e Gibson-Sweet, 1999).

(32)

Ainda no âmbito da teoria da legitimidade, considerando o sector da banca, que desde o início da crise económica iniciada em 2007, encontra-se a passar por uma fase de pressão e perda de reputação, espera-se que a divulgação de aspetos de sustentabilidade neste sector não diminua no relatório e contas após a publicação do relatório de sustentabilidade. De acordo com esta teoria, a divulgação é vista como um meio através do qual a organização convence os seus stakeholders em como está a agir de acordo com as espectativas que estes depositaram nelas.

Neste estudo são utilizados métodos estatísticos não paramétricos para testar as relações entre as variáveis propostas e as divulgações de aspetos de sustentabilidade antes e após a publicação do primeiro relatório de sustentabilidade. O teste utilizado é o teste de Mann-Whitney U.

(33)

4. METODOLOGIA ADOTADA

Neste capítulo é explicada a metodologia de análise adotada neste estudo. Começa-se por apresentar o método de seleção da amostra, seguindo-se uma explicação do método de recolha dos dados. Nesta parte inclui-se uma breve explicação da metodologia adotada, conhecida como análise de conteúdo, e é também feita uma breve referência a algumas das suas virtudes e limitações, uma vez que se trata de uma metodologia alvo de críticas por alguns autores.

4.1 Seleção da amostra

A escolha dos documentos a analisar é uma etapa bastante importante nos estudos de análise de conteúdo (Krippendorff, 2004) (Unerman, 1999). O universo de empresas e relatórios que poderiam ser alvo de estudo é enorme para ser analisado na totalidade, pelo que se torna necessário reduzir os elementos a analisar.

Um dos fatores que influencia a escolha da amostra a utilizar nos estudos relacionados com a divulgação de aspetos de sustentabilidade é a dimensão da empresa, sendo que em muitos estudos são analisados os documentos emitidos pelas maiores empresas (Dias, 2010), (Chen e Bouvain, 2009), (Branco e Rodrigues, 2008a), (Haniffa e Cooke, 2005), (Adams et al., 1998), apesar de existirem outros métodos de seleção (Gray et al., 1995b). Alguns dos motivos para se utilizarem as grandes empresas como amostra, relacionam-se com o facto de ser mais provável encontrar relatos de sustentabilidade e exemplos inovadores nos seus documentos, para além de que se torna um estudo mais comparável- pelo menos em termos de dimensão - com a maioria de outros estudos, que também utilizam como amostra as empresas de maior dimensão (Gray et al., 1995b). Para além dos motivos anteriores, é importante também mencionar a maior facilidade que existe em obter informação de empresas de maior dimensão e visibilidade.

Tendo em conta o objetivo deste estudo, de analisar o comportamento das empresas portuguesas no que respeita a divulgações de aspetos de sustentabilidade no seu relatório e contas antes e depois da publicação do primeiro relatório de sustentabilidade, foram escolhidas empresas cuja informação fosse acessível e que fossem representativas do mercado português. Optou-se assim, por analisar as divulgações das empresas

(34)

portuguesas admitidas à cotação no Mercado de Cotações Oficiais da Euronext Lisboa à data de 31-12-2012.

Relativamente ao período temporal, optou-se por efetuar um estudo longitudinal analisando 5 anos consecutivos para cada uma das empresas da amostra. Este período temporal pode variar entre as empresas, pois depende do ano de publicação do primeiro relatório de sustentabilidade. Assim, o período de 5 anos é representado por N-2 no caso do ano mais antigo e por N+2 quando se refere ao ano mais recente, sendo o ano N, o ano de publicação do primeiro relatório de sustentabilidade por parte da empresa. A análise comporta assim, os dois anos imediatamente anteriores à emissão do Relatório de Sustentabilidade, o ano da sua emissão e os dois anos posteriores, analisando, desta forma, os 5 anos consecutivos para cada empresa.

A necessidade de obter os relatórios por 5 períodos consecutivos trás, no entanto, limitações quanto às empresas a analisar, pois é necessário ter acesso à informação de cada um dos anos em concreto. Do universo de 49 empresas cotadas à data referida, foram excluídas 4 empresas dado se tratarem de entidades não residentes em território português e portanto não sujeitas a legislação portuguesa. Este foi o caso do Banco Popular Español, S.A., do Banco Santander Totta, S.A., do Espírito Santo Financial (Portugal) SGPS, S.A. e da Toyota Caetano Portugal, S.A. Das restantes empresas, foi ainda excluída a empresa Altri SGPS, S.A., e Semapa - Sociedade de Investimento e Gestão, SGPS, S.A., por divulgarem através da Celulosa Beira Industrial (Celbi), S.A. e da Portucel - Empresa Produtora de Pasta e Papel, S.A. respetivamente. Das restantes 43 empresas, 22 não emitiram nenhum relatório de sustentabilidade, sobrando apenas 21 empresas que emitiram um Relatório de Sustentabilidade, no entanto, neste estudo, apenas são analisadas 19 empresas, que são as que disponibilizaram os relatórios e contas dos 5 anos necessários para elaborar o estudo longitudinal.

Assim, esquematicamente a dedução da amostra foi feita como consta do quadro seguinte:

(35)

Quadro 2 - Dedução da amostra

As empresas que compõem a amostra e as respetivas indústrias1 a que pertencem encontram-se evidenciados no quadro abaixo.

Quadro 3 - Empresas que compõem a amostra e respetiva Indústria a que pertencem

1 De acordo com o Industry Classification Benchmark, utilizado na Euronext

Descrição Total

Empresas cotadas na Euronext Lisbon a 31-12-2012 49

Exceções:

Empresas não sujeitas à lei portuguesa 4

Empresas que divulgam através de empresa mãe 2

Empresas que não emitiram Relatórios de Sustentabilidade 22

Empresas sem R&C disponíveis nos 5 anos analisados 2

Amostra final 19

Empresa Industry Classification Benchmark

Banco Comercial Português, S.A. 8000 Financials

Banco Espírito Santo, S.A. 8000 Financials

Banif, SGPS, S.A. 8000 Financials

Brisa - Auto-Estradas de Portugal, S.A. 2000 Industrials

Cimpor - Cimentos de Portugal SGPS, S.A. 2000 Industrials

Corticeira Amorim, SGPS, S.A. 3000 ConsumerGoods

EDP - Energias de Portugal S.A. 7000 Utilities

Galp Energia SGPS, S.A. 0001 Oil & Gas

Ibersol, SGPS, S.A. 5000 Consumer Services

Martifer, SGPS, S.A. 2000 Industrials

Mota-Engil, SGPS, S.A. 2000 Industrials

Portucel - Empresa Produtora de Pasta e Papel, S.A. 1000 BasicMaterials

Portugal Telecom, SGPS, S.A. 6000 Telecommunications

SAG Gest - Soluções Automóvel Globais, SGPS, S.A. 5000 Consumer Services

Sonae Indústria, SGPS, SA 2000 Industrials

Sonae, SGPS, S.A. 5000 Consumer Services

Sonaecom, SGPS, S.A. 6000 Telecommunications

SUMOL+COMPAL, S.A. 3000 ConsumerGoods

(36)

O ano de publicação do primeiro relatório de sustentabilidade encontra-se no quadro seguinte.

Quadro 4 - Ano de publicação do primeiro relatório de sustentabilidade

Depois de escolhidas quais as empresas alvo de análise, é importante determinar quais os documentos a analisar.

O relatório e contas representa o principal meio de comunicação da empresa, por ser amplamente divulgado (Adams e Harte, 1998), por conter informação importante para os seus stakeholders (Unerman, 1999) e por conferir um elevado grau de credibilidade à informação que nele é reportada, quando comparada com outros meios de comunicação da empresa (Neu et al., 1998) (Tilt, 1994). O facto de os relatórios e contas fazerem parte das demonstrações financeiras que são sujeitas a auditorias, levando a que os auditores tenham de ler estes documentos, confere-lhes esta elevada credibilidade (Neu

et al., 1998).

Empresa Ano

Banco Comercial Português, S.A. 2004

Banco Espírito Santo, S.A. 2003

Banif, SGPS, S.A. 2007

Brisa - Auto-Estradas de Portugal, S.A. 2003 Cimpor - Cimentos de Portugal SGPS, S.A. 2003

Corticeira Amorim, SGPS, S.A. 2006

EDP - Energias de Portugal S.A. 2002

Galp Energia SGPS, S.A. 2005

Ibersol, SGPS, S.A. 2007

Martifer, SGPS, S.A. 2008

Mota-Engil, SGPS, S.A. 2006

Portucel - Empresa Produtora de Pasta e Papel, S.A. 2005

Portugal Telecom, SGPS, S.A. 2004

SAG Gest - Soluções Automóvel Globais, SGPS, S.A. 2007

Sonae Indústria, SGPS, SA 2006

Sonae, SGPS, S.A. 2006

Sonaecom, SGPS, S.A. 2006

SUMOL+COMPAL, S.A. 2007

(37)

Alguns autores (Gray et al., 1995b) defendem ainda, que o relatório e contas anual é provavelmente o documento mais importante no que respeita à forma como a empresa constrói a sua imagem social para os seus stakeholders.

Assim, as tendências de divulgação voluntária nos relatórios e contas têm sido amplamente estudadas por vários autores (Campbell et al.,2006), (Haniffa e Cooke, 2005), (Zeghal e Ahmed, 1990), em parte porque são considerados como o meio através do qual as organizações procuram transmitir uma imagem aos seus stakeholders através da divulgação de informação voluntária (Hines, 1989).

Da amostra foram assim, recolhidos os relatórios e contas anuais, excluindo eventuais volumes e cadernos que não fizessem parte do relatório. Foram procuradas divulgações de aspetos de sustentabilidade ao longo do relatório e contas, excetuando na parte do Anexo às contas e nas Notas às Demonstrações Financeiras, por serem obrigatórias. No caso dos Relatórios de Governo Societário, estes foram também excluídos da procura. Nos casos em que os relatórios e contas tinham o relatório de sustentabilidade integrado, a informação divulgada dentro deste último foi também excluída.

4.2 Recolha de dados

4.2.1 Análise de Conteúdo

Sendo o objetivo desta investigação a análise de divulgações efetuadas pelas empresas, para este trabalho adotou-se a análise de conteúdo, uma metodologia que tem vindo a desenvolver-se desde o princípio do século XX (Bardin, 1977). A análise de conteúdo (ver por exemplo, Krippendorf, 1980 e Holsti, 1969) tem sido usada como um método empiricamente válido no estudo do relato de sustentabilidade nos relatórios anuais das empresas (Gray et al., 1995b), sendo usada por vários investigadores na área da contabilidade social e ambiental como método de pesquisa na recolha de evidências empíricas (Dias 2010) (Branco et al., 2008) (Parker, 2005) (Gray et al., 1995b) (Zeghal e Ahmed, 1990) (Guthrie e Parker, 1990).

A análise de conteúdo consiste num “conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores quantitativos ou não, que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/receção (variáveis inferidas) das

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