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A Ética Profissional dos Procuradores Públicos: O Sigilo Profissional

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Academic year: 2021

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(1)A Ética Profissional dos Procuradores Públicos: O Sigilo Profissional Raquel Fenili Gentil Ribeiro Professora do Centro Universitário Anhanguera - UNIFIAN. O advogado chamado a desempenhar seu trabalho junto a entidades públicas, sendo, assim, remunerado pelos cofres públicos, é, tradicionalmente, chamado de Procurador. A circunstância de orientar ou de representar judicialmente o Estado não retira ao procurador os seus compromissos éticos de advogado. Todos os cânones éticos voltados aos advogados têm também como destinatários os procuradores. Entretanto, singularidades éticas podem ser apontadas no exercício da representação judicial das pessoas jurídicas de Direito Público. Dárcio Augusto Chaves Faria (Dárcio Augusto Chaves Faria,“A ética profissional dos procuradores públicos”, Revista Forense 321/31, Rio de Janeiro) aponta essas singularidades: a aceitação, a suspeição e o abandono da causa, a verdade e o segredo profissional, o direito aos honorários e o dever de indenizar. É sobre elas que iremos falar, especialmente sobre o Sigilo Profissional e Funcional do Advogado Procurador ou Assessor Jurídico da Administração Pública. O tema é relevante, polêmico e amplamente discutido pelos mais renomados juristas e estudiosos do Direito, sempre em busca da verdade e da justiça, mormente, quando é o Estado que comparece a juízo e se subordina às regras por ele mesmo editadas, garantindo a paridade de armas, contida na cláusula do contraditório.. Revista de Direito. Resumo. Palavras-chave: Ética, Sigilo profissional, Procurador, Administração Pública, Direito, Justiça.. Especialista em Direito Processual Civil - INIFIAN Especialista em Direito Penal e Processo - UNIFIAN e-mail: raquelfgr@adv.oabsp.org.br. 13.

(2) Raquel Fenili Gentil Ribeiro. Abstract The lawyer called to perform his work with public entities, being paid by the public safes, is traditionally called Procurator. The circumstance of orienting or representing juridically the Estate does not take from the procurator his ethical lawyer obligations. All the ethical rules for the lawyers have also as receivers the procurator. However, ethical singularities can be pointed at the judicial practice of juridical people from the Public Defense. Dárcio Augusto Chaves Faria (Darcio Augusto Chaves Faria, “A Ética professional dos procuradors públicos” Revista Forense 321/31, Rio de Janeiro) points those singularities: the acceptance, the distrust and the abandonment of suit, the truth and the professional secret, the remunerations right and the indemnity obligation. That is about those singularities we want to talk about, specially about the Professional and Functional Secrecy of the procurator lawyer, or public administration juridical promoter, it is a relevant topic, polemical and wide argued by the most renowned jurists and Law students, always looking for truth and the Justice, mainly when the State is the one that attend the judgment and subordinate itself to the laws edited by it, assuring the parity of weapons, contained in the contradictory clause. Key-words: Ethical, Professional Secrecy, Procurator, Public Administration, Law, Justice.. Revista de Direito. Introdução. 14. Ética, derivada do grego ethikos, é definida como a ciência da moral. Mas, na terminologia da técnica profissional, é o vocábulo usado, sob a expressão de ética profissional, para indicar a soma de deveres, que estabelece a norma de conduta do profissional no desempenho de suas atividades e em suas relações com o cliente e todas as demais pessoas com quem possa ter trato. Assim, estabelece a pauta de sua ações em todo e qualquer terreno, onde quer que venha exercer a sua profissão. Em regra, a Ética Profissional é fundada no complexo de normas, estabelecidas pelos usos e costumes. Mas, pode ser instituída pelos órgãos a que se defere autoridade para dirigir e fiscalizar a profissão. Os advogados possuem o seu Código de Ética Profissional instituído pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados. E, em seu primeiro artigo, sintetiza toda a essência da ética a ser seguida pelo advogado: “Os deveres do advogado compreendem, além da defesa dos direitos e interesses que lhe são confiados, o zelo do. prestígio de sua classe, da dignidade da magistratura, no aperfeiçoamento das instituições de Direito, e, em geral, do que interesse à ordem jurídica”. Procuradores Públicos e a Ética Profissional Procurador, derivado do latim procurator, procurare, (tratar de negócio alheio, administrar negócio de outrem, procurar) em sentido geral, designa toda pessoa que trata ou administra negócio de outrem, em virtude de mandato escrito, que lhe foi conferido pelo mesmo. É, assim, o mandatário de mandato escrito ou instrumentado, com poderes para administrar ou gerir negócio alheio, no todo ou em parte. Nesta acepção procurador identificase, em sentido, ao administrador, gerente, feitor, diretor, intendente, agente. Procurador. No sentido técnico de Administração Pública, é a designação que se dá aos representantes do Ministério Público e aos da Fazenda Pública, a quem se.

(3) A Ética Profissional dos Procuradores Públicos: O Sigilo Profissional. processados e julgados pelo Senado Federal. Singularidades Éticas no exercício profissional dos Procuradores Ao Procurador, não são retirados os seus compromissos éticos de advogado. Entretanto, singularidades éticas existem e são apontadas por Dárcio Augusto Chaves Faria: (Dárcio Augusto Chaves Faria, “A ética profissional dos procuradores públicos, pág. 31). Aceitação da Causa: Segundo Nalini, (José Renato Nalini “Ética Geral e Profissional, pág 206), o procurador tem verdadeiro poderdever, de caráter indelegável, de representar judicialmente a pessoa jurídica de direito público. Não lhe é dado recusar, como poderia fazê-lo, ao menos em tese, fôra advogado. Mas, diante de causa ilegal, injusta, ilícita ou imoral, se o ente público é réu, deverá alertar a autoridade sobre a inevitabilidade da decisão desfavorável, com proposta de acordo ou de reconhecimento do pedido do autor. Se a entidade pública é autora, embora o procurador não tenha poderes para deixar de mover a causa, pode, excepcionalmente, recusar-se a fazê-lo. Para Dárcio Faria (Dárcio Augusto Chaves Faria, “A ética profissional..., cit., idem, p. 33”)“não há, portanto, qualquer possibilidade de ingresso do ente público em juízo para formular pedido incompatível ou contrário à lei ou à moral, mesmo porque são a moralidade e a legalidade os princípios constitucionais que norteiam a atividade pública. A recusa do Procurador, nesse caso, além de juridicamente amparada, dá a exata noção de seu papel de formador da vontade estatal no âmbito de sua atribuições, o que corrobora o entendimento de ser ele um agente político”.. Revista de Direito. comete o encargo de representar o Estado em todas questões judiciais em que tenham interesse ou em que se debata o interesse público. Desse modo, são ainda os legítimos representantes do Estado, em todas as ações cíveis, a que compareça como autor, réu, assistente ou opoente . Procuradoria é o oficio do procurador e também é a denominação dada ao departamento público, chefiado por um procurador, isto é, o advogado chamado a desempenhar seu mister junto a entidades públicas. A consultoria jurídica é essencial para o aconselhamento das autoridades estatais, previamente às suas deliberações. E, quando o Estado comparece a juízo, desveste-se de sua soberania , equilibrandose ao seu oponente, sujeitos ambos, às mesmas regras pelo Estado impostas. Remunerados pelos cofres públicos nas tarefas de consultoria e representação, os Procuradores podem ser da União e de suas entidades, do Estado, do Distrito Federal e dos Municípios. A relevância das funções por eles exercidas fez com que fossem também distinguidos na Constituição. O artigo 132 da Carta de 1988 dispõe: “Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal exercendo a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas, organizados em carreira na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, observado o disposto no artigo 135” . Não podemos deixar de citar o Procurador Geral da República que é o chefe do Ministério Público da União. Será nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de 35 anos, após a aprovação da indicação pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal. O mandato é de 2 anos, permitindose a recondução. Sua destituição, por iniciativa do Presidente da República, depende da autorização da maioria absoluta do Senado Federal. Nos crimes de responsabilidade são. 15.

(4) Raquel Fenili Gentil Ribeiro. Suspeição: Segundo Nalini (José Renato Nalini, “Ética Geral e Profissional”, pág. 206/207), no concernente à suspeição, vários motivos podem conduzir o procurador a ela. O mais comum é sua convicção quando à injustiça da causa. Outros são o interesse direto ou indireto no objeto da lide, interesse direto de pessoa de sua relações, vinculação a pronunciamento anterior e orientação externa da causa. Em todos eles, deve declarar-se suspeito.. Revista de Direito. Abandono da Causa: Segundo Nalini (José Renato Nalini, “Ética Geral e Profissional”, pág. 207) não é permitido ao procurador abandonar a causa. Mesmo sob alegação de motivo justo, ele não pode fazê-lo. Além da responsabilização disciplinar, poderia incorrer em responsabilização penal, configurando-se a prática de prevaricação ou abandono de cargo público.. 16. O Direito aos Honorários: Segundo Nalini (José Renato Nalini, “Ética Geral e Profissional”, (pág. 207), os honorários são devidos ao procurador público, assim como aos advogados. Mas, os procuradores já percebem para representar judicialmente o ente público. É justo o rateio da verba da sucumbência sem considerar a proporcionalidade do trabalho desenvolvido? Dárcio Faria.(Dárcio Augusto Chaves Faria, “A ética profissional..., cit., idem. P.207”) situa a questão no terreno da ética: “é certo que os Procuradores Públicos fazem jus aos honorários quando a Fazenda Pública sai vencedora em juízo. Entretanto, essa é sua missão precípua defender o bem público- e, para tanto, estão equiparados, em vencimentos, ao Membros do Ministério Público e da Defensoria Pública. O tempo despendido e o serviço prestado decorrem da. própria função que exercem. Não seria justo beneficiarem-se da imposição do artigo 20 do CPC (Código de Processo Civil, Art.20, “A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Essa verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria.”) para aumentar seus ganhos de forma desproporcional, visto que o erário já arca com seus vencimentos”. O Dever de Indenizar: Segundo Nalini (José Renato Nalini, “Ética Geral e Profissional”, pág. 207), o prejuízo que causar à entidade Pública por negligência, erro inescusável ou dolo também deve ser titularizado pelo Procurador Público.“O que se apresenta de peculiar no caso é que, em tendo agido com culpa grosseira, má-fé ou abuso de poder, mais do que à indenização, o Procurador sujeita-se ainda às penalidades disciplinares cabíveis, que podem levar à perda do cargo”.. A Verdade e o Segredo (Sigilo) Profissional: Segredo profissional: Funda-se na ciência de fato que chega ao conhecimento da pessoa, em razão da profissão que exerce, e cuja revelação possa ocasionar dano, ou prejuízo a outrem. O segredo profissional não deve ser revelado, mesmo quando se é chamado para depor. É o imperativo da lei civil: “Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato, a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo” (Cod. Civil/2002, art. 229, caput e I (Cód. Civil/1916, art. 144)..

(5) A revelação de segredo profissional constitui crime previsto pelo Código Penal.. “São tidos como obrigados a manterem segredo profissional os médicos, os farmacêuticos, as parteiras, os advogados, os notários, os sacerdotes e os funcionários públicos, que sejam senhores de segredos em razão de estado, ofício ou profissão.” Nalini (José Renato Nalini, “Ética Geral e Profissional”, Revista Dos Tribunais, cit idem p. 207) apresenta este dever do procurador, questionando: “O Procurador Público teria também o dever de guardar sigilo quanto aos assuntos atinentes ao ente público que representa? Ente que , a teor de dispositivo constitucional, está submetido ao princípio da publicidade? Não. A transparência é dever do Estado em todas as suas exteriorizações. O procurador deve levar a juízo todos os fatos e circunstâncias de seu conhecimento em virtude do exercício do cargo, assumindo o seu papel na estrutura cooperatória do processo”. Realmente, se o Estado se submete ao princípio da Publicidade (dever da verdade e da transparência), a nosso ver desaparece a obrigatoriedade do sigilo profissional, ficando assegurada a paridade de armas, contida na cláusula do contraditório. Esta singularidade da Ética Profissional dos Procuradores Públicos enseja questionamento, haja vista a importância do Sigilo Profissional concernente aos advogados. Diz o Dr. Antônio Dumit Neto em parecer no processo E-641 (verbis): “Como advogados, formamos uma categoria de pessoas que não podemos revelar, nem muito menos divulgar o que sabemos, por dever de ofício, cuja inobservância fere princípios éticos e faria o público perder a confiança naqueles a quem. confiou seus problemas, tanto os pessoais como os empresariais . Vivem os advogados desse fenômenos que se chama tradição, que nos transmitiram de geração em geração, uma herança que corresponde às exigências do nosso grupo e que o Tribunal de Ética, por extensão, pretende copiar ou alcançar”. O Dr. Elias Farah (Membro do Tribunal de Ética - SP), ensina: “Na advocacia, a norma de não ser permitida a quebra do sigilo, ainda que autorizada pelo cliente ou confidente, decorre de estar o sigilo profissional acima dos interesses particulares, como decorrência de uma lei natural, imprescindível à liberdade de consciência e ao direito de defesa e de relevante benefício à sociedade ou ao interesse público. É um princípio essencial e de ordem pública, colocado, portanto, acima dos confidentes e dos advogados”. O sigilo profissional decorre da ordem pública. A confiança depositada por alguém num profissional que exerce uma função pública, no seu ministério privado, não pode ser quebrada sob quaisquer circunstâncias, salvo grave ameaça ao direito à vida, à honra, ou quando o advogado se veja afrontado pelo próprio cliente e, em defesa própria, tenha de revelar segredo, porém, sempre restrito ao interesse da causa (art. 25 do Código de Ética e Disciplina).. Entretanto, sigilo profissional e funcional do advogado procurador ou assessor jurídico da administração pública direta ou indireta ou fundacional constitui faceta intrincada da deontologia e da diceologia. O Código Penal, a Lei das Contravenções Penais e outras disposições legais e normativas prevêm o ilícito da condescendência criminosa, por omissão do servidor na responsabilização do subordinado por infração ratione officii, ou por não dar dela ciência às autoridades competentes. O crime ou os interesses ilegítimos escusos contra o povo não podem. Revista de Direito. A Ética Profissional dos Procuradores Públicos: O Sigilo Profissional. 17.

(6) Revista de Direito. Raquel Fenili Gentil Ribeiro. 18. receber do Direito, a pretexto do sigilo profissional, qualquer proteção. Comungamos, pois, a opinião do ilustre Dr. Elias Farah de que o procurador que tiver ciência, por qualquer forma, de ato ou fato público funcional configurador de ilícito cível, penal ou administrativo, lesivo a conveniências ou interesses públicos, está liberado, em face dos deveres éticos relativos ao sigilo profissional e (ou) funcional, para levá-los, pelos meios regulares e idôneos, ao conhecimento das autoridades competentes, para a tomada das medidas legais hábeis e repressivas. A publicidade, a transparência e a certeza da verdade, imprescindíveis à prática dos atos administrativos públicos, são imperativos constitucionais. O advogado que participa da formação à vontade do ente público não pode, por isso, omitir- se quando nela vislumbrar atentado à legalidade e à moralidade dos poderes públicos. A prática da justiça e da equidade, para a realização do ideal da convivência humana, tem no advogado um soldado anônimo. Há um dever cívico-jurídico superior e pessoal do advogado em evitar que o dano público seja evitado, em respeito à supremacia dos bens maiores do interesse social. A justa causa para a quebra do sigilo profissional do advogado público tende a se ampliar, na doutrina e na legislação. Trata-se de fatos de notificação compulsória, como a dos médicos, ante a disseminação de doenças infecto-contagiosas ou surtos epidêmicos. O advogado servidor público tem por empregador a vontade popular, que o Estado interpreta. O servidor é um mero curador de interesses públicos. O Código de Ética Profissional do Servidor Público Federal assinala que “a publicidade de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a negar” E arremata: “toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada. ou da administração pública”. As normas legais do Regime Jurídico dos Servidores Público Civis da União, das Autarquias e das Fundações Públicas Federais dispõem, entre os deveres do servidor público, os de “levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que tiver ciência, em razão do cargo”, e “representar contra a ilegalidade, omissão ou abuso do poder”, e adverte que “a responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros”. A consolidação dos princípios democráticos, da cidadania e da igualdade de todos perante a lei implica a reformulação de conceitos de atividades públicas, atingindo as linhas demarcatórias do sigilo advocatício. O Instituto dos Advogados Brasileiros, já em 1952, concluiu que o sigilo profissional do advogado, consagrado pelos povos civilizados, tem limitações legais, por seus amplos compromissos com a sociedade. Os princípios inarredáveis da independência técnica e de liberdade de atuação dos advogados se somam à sua condição de peça indispensável à administração da Justiça e à inviolabilidade no exercício profissional. Considerações Finais De tudo, concluímos que o procurador público não é apenas um advogado, essencial à administração da Justiça, leal à Constituição e ao ordenamento jurídico. Ele se preordena a defender o interesse coletivo. O Estado somos todos nós. Ele é remunerado pelo povo. Mais do que os profissionais liberais que são contratados livremente pelo interessado, ele deve se portar com o máximo de ética exigível. Atua na defesa dos interesses do povo. Por isso é recrutado por concurso público, de igual seriedade daqueles realizados para recrutamento de juizes e promotores. A garantia da ordem legal e da paz.

(7) social depende da permanência e estabilidade das instituições, para as quais os advogados contribuem decisivamente. Há de alargar-se, por isso, o exame da certeza legal. Os artigos 133 da Constituição e 48 do Estatuto da OAB representam mudança histórica, elevando a Advocacia a patamar supralegal, no cumprimento do seu formidável destino histórico. Pouco importa a conceituação, se delação ou denúncia. O que vale é o mal ser evitado. Muitos, de consciência limpas, temendo exoneração, sofreram a contingência do silêncio imposto. Outros mais, reprimiram verberações úteis, necessárias e justas, oprimidos pelo terrorismo velado da represália políticofuncional. Vale reafirmar o que diz o Dr. Elias Farah “O sigilo profissional ou funcional, na vida pública, não são absolutos e não podem servir de escudo da ilegalidade, do abuso, da prevaricação ou da urdidura de falcatruas”. Norma Kyriakos, paradigma de Procuradora do Estado, indaga: “Afinal, qual o perfil do advogado que compõe a Instituição Jurídica responsável pela advocacia do Estado e pelo dever do Estado de garantir o acesso dos necessitados à Justiça? A quem se devem atribuir essas funções essenciais na construção do Estado de Direito Democrático?”. E somente ela, com a autoridade de quem dedicou uma vida à Procuradoria do Estado de São Paulo, é que pode responder: “Há de ser homem ou mulher de seu tempo. Seu papel é resgatar o sentido mais profundo das instituições jurídicas e por esta via resgatar o exercício da cidadania. Seu material de trabalho é o Direito Público, mesmo quando por dever do Estado garante o acesso à Justiça das pessoas carentes e lhes defende os direitos individuais, de natureza civil, penal administrativa. Ator ou atriz privilegiado num estado hipertrofiado pelo excesso de regulamentação e ineficácia das leis, sua bíblia é a Constituição, a sua meta a. Justiça. Sabe que a dialética entre a prática da Justiça e a Lei é permanente. É parcial, defende a parte como os demais advogados. Cabe-lhe defender o interesse do Estado. Sua preocupação, portanto, é a ‘res publica’ e o bom funcionamento do Estado. Tem por tarefa Jurídica resgatar o conceito de interesse público e espargir a apropriação por interesses privados dessa pessoa jurídica de direito público, sua cliente.” (Norma Kyriakos, Procuradores do Estado...,cit., idem, p. 156-157.) De tudo, concluímos que a moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo. Os próprios degraus da carreira pública encontram-se vinculados a requisitos impostos pela Ética Profissional. Assim, o que há é que a ascensão por mérito em carreiras públicas é sempre avaliada pela suficiência funcional, pela tempestividade dos atos praticados, pela urbanidade do agente público, pelo compromisso com o público, pelo zelo profissional, pela produtividade ... e, inclusive, pela Ética Profissional! Referências Bibliográficas. Revista de Direito. A Ética Profissional dos Procuradores Públicos: O Sigilo Profissional. NALINI, José Renato. Ética Geral e Profissional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. COSTA, Elcias Ferreira da. Deontologia Jurídicaética das profissões jurídicas. Rio de Janeiro: Forense, 1996. FERRAZ, Sérgio. Ética na Advocacia . Rio de Janeiro: Forense, 2000. KORQUE, Gustavo. Iniciação a ética. São Paulo: Oliveira Mendes, 1999. BITTAR, Eduardo C.B. Curso de Ética Jurídica. São Paulo: Saraiva, 2004. GREGO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1989. CHAVES FARIA, Dárcio Augusto. A Ética Profissional dos Procuradores Públicos. Revista Forense. Rio de Janeiro, 2002. 19.

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