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Relatório estágio profissional

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Academic year: 2021

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RELATÓRIO

FINAL

MESTRADO

INTEGRADO

EM

MEDICINA

BRUNA

DANIELA

PEIXOTO

SILVA

N

º

2013163

|

6

º

ANO

“Invoco em mim Recordações que não têm fim Dessas lições frente ao jardim No velho campo de Santana”

Da canção Fado do Estudante

ANO LETIVO 2018/2019

LISBOA, JULHO 2019

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I. ÍNDICE 1

II. INTRODUÇÃO 2

III. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS A) MEDICINA GERAL E FAMILIAR 3

B) PEDIATRIA 3

C) GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 4

D) SAÚDE MENTAL 4

E) MEDICINA INTERNA 5

F) CIRURGIA GERAL 6

IV. ANÁLISE CRÍTICA 6

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II. INTRODUÇÃO

O Mestrado Integrado em Medicina encontra-se dividido em dois ciclos de estudos: a realização do primeiro ciclo de estudos confere o grau de Licenciado em Ciências Básicas da Saúde e a realização do segundo ciclo de estudos confere o grau de Mestre em Medicina1.

A função da educação médica pré-graduada é preparar licenciados médicos com atributos profissionais adequados e com um núcleo de conhecimentos e competências que lhes permita aprender autonomamente ao longo da carreira médica2, como tal o estágio profissionalizante surge como um elemento imprescindível para a formação médica, promovendo a sedimentação de conhecimentos, bem como a sua execução prática. A realização do estágio profissionalizante culmina na realização e discussão do presente relatório final.

O relatório divide-se em três momentos. Este primeiro, em que faço uma pequena introdução, elucidando os objetivos gerais propostos, os quais considero fundamentais no currículo médico. O segundo, em que de uma forma sucinta e resumida, abordo os objetivos específicos, atividades e competências desenvolvidas em cada estágio parcelar. O terceiro, em que adoto uma atitude crítica do estágio profissionalizante no seu global, onde abordo o cumprimento ou não dos objetivos propostos, identifico alguns aspetos positivos e negativos dos vários estágios parcelares e exponho elementos valorativos na minha formação. Para finalizar, anexo um cronograma que resume os meus estágios parcelares juntamente com atividades extracurriculares que compõem os elementos valorativos.

Como objetivos globais e transversais a todos os estágios, considero que no final da minha formação enquanto pré-graduada, devo consolidar conhecimentos sobre as patologias mais prevalentes, bem como elaborar um bom raciocínio clínico na sua abordagem diagnóstica e terapêutica; realizar uma história clínica completa e dominar o exame objetivo; identificar patologias com necessidade de abordagem urgente ou emergente; utilizar uma abordagem biopsicossocial abrangente na avaliação e tratamento dos doentes, que tenha em consideração as suas crenças culturais, atitudes e comportamentos2;reconhecer possíveis falhas a nível pessoal e identificar as que foram ultrapassadas; em suma, devo tornar-me capaz de desenvolver atividades de um médico em início de carreira, reconhecendo a importância e necessidade de uma constante formação médica ao longo da vida.

1 Regulamento nº 821/2016, Diário da República Nº 159 2 O Licenciado Médico em Portugal, 2005

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IV. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

A) MEDICINA GERAL E FAMILIAR

Entre os dias 10 de Setembro e 5 de Outubro de 2018 acompanhei o trabalho da Dra. Fátima Tavares, na USF de Santo Condestável. Estabeleci como principais objetivos: compreender a dinâmica de uma USF, identificar motivos mais frequentes de consulta e perceber o papel de um médico de família na medicina preventiva. O dia-a-dia na USF debruça-se em vários tipos de consulta: as programadas (Saúde Infantil, Saúde Materna, Saúde do Adulto, Planeamento Familiar e consultas de Diabetes e Hipertensão Arterial) e as consultas abertas. A variedade de consultas permitiu-me acompanhar uma vasta gama de utentes de diferentes faixas etárias, etnias, e com uma variedade de patologias subjacentes. Não só participei ativamente na realização do exame objetivo, como também na discussão de hipóteses de diagnóstico e terapêutica. Durante vários momentos, sob supervisão, realizei consultas na Saúde do Adulto, onde pude aperfeiçoar os sete passos da consulta. Um aspeto privilegiado desta especialidade consiste na realização de domicílios, permitindo uma melhor compreensão do contexto socioeconómico em que os doentes se inserem. Acompanhei nestas atividades a minha tutora e a equipa de enfermagem, o que me incentivou, neste contexto, à realização de um trabalho sobre abordagem terapêutica de úlceras de perna.

B) PEDIATRIA

O estágio decorreu entre os dias 8 de Outubro a 2 de Novembro, sob tutoria da Dra. Catarina Diamantino, no Hospital Dona Estefânia. Estipulei como objetivos específicos: conhecer as principais patologias da idade pediátrica, conhecer os princípios de atuação das mesmas, reconhecer critérios de gravidade e estabelecer o contacto com a criança e com os cuidadores. O estágio decorreu maioritariamente no Edifício das Consultas Externas, com a minha tutora, onde assisti a consultas essencialmente no âmbito de Endocrinologia Geral, Diabetes e Obesidade. Este testemunho permitiu-me familiarizar com doenças do foro endocrinológico no que diz respeito ao seu diagnóstico, tratamento e follow-up. Abordando mais especificamente as consultas de Diabetes e Obesidade destaco a importância da educação dos pais no que diz respeito ao controlo glicémico dos filhos e aos seus hábitos alimentares, uma vez que apresentam grande impacto nos outcomes destas duas patologias. No Serviço de Urgência foi possível observar maior diversidade de patologias, agudas ou crónicas descompensadas, com diferentes graus de gravidade, e com isso aperfeiçoar o raciocínio de diagnóstico e terapêutica. Importa também referir a quantidade exorbitante de crianças provenientes de países em vias de desenvolvimento, que tornava o diagnóstico mais desafiante uma vez que implicava considerar patologias com menor prevalência em Portugal. Consegui ter uma visão mais ampla da especialidade ao assistir a consultas de Imunoalergologia, Pediatria Geral e Medicina do Viajante; estar na enfermaria de Infecciologia e ainda visitar o Serviço de Cardiologia Pediátrica do Hospital de Santa

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Marta. Quanto à componente formativa assisti a reuniões de serviço e sessões clínicas, elaborei uma história clínica sobre gastroenterite aguda e apresentei, com as minhas colegas, um trabalho sobre “Abordagem do TCE ligeiro em Pediatria”.

C) GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA

O estágio decorreu entre os dias 5 a 30 de Novembro, na Maternidade Alfredo da Costa, sendo constituído por duas valências: Obstetrícia e Ginecologia, e sido orientado pelo Dr. Gonçalo Cardoso e Patrícia Amaral, respetivamente. Como objetivos do estágio propus-me essencialmente a: reconhecer as principais patologias obstétricas e ginecológicas e gestão das mesmas, aprimorar a colheita de dados obstétricos e exame objetivo nomeadamente ginecológico e reconhecer uma gravidez de risco. Na valência de Obstetrícia, participei ativamente na observação das grávidas, praticando a medição da altura uterina, auscultação do foco fetal e a realização do exame ginecológico, assim como interpretação de CTG. No bloco de obstetrícia, assisti a interrupções voluntárias da gravidez por aspiração, partos eutócitos e distócitos e ainda a cesarianas, numa das quais participei como 2ª ajudante. Obtive ainda a oportunidade de observar ecografias obstétricas e assistir a consultas de grávidas com HIV ou patologia aditiva. Destaco a importância de possuir boas competências no que toca à comunicação de más noticias, principalmente na gravidez, uma fase tão marcante na vida de uma mulher. Como tal, realço uma ocasião em que assisti o médico assistente a transmitir a uma doente que esta tinha sofrido um aborto, demostrando a sensibilidade e empatia com que é necessário abordar estas situações. Na valência de Ginecologia, onde a faixa etária das doentes é mais avançada, contactei com patologias mais específicas. Observei e participei em manobras de avaliação da estabilidade dos órgãos pélvicos e da presença de incontinência urinária de esforço. Assisti também à colocação de pessários. As restantes atividades foram passadas no bloco operatório, nas ecografias e histeroscopias e ainda no Centro de Apoio à Fertilidade, uma outra vertente desta especialidade. O Serviço de Urgência foi também uma experiência enriquecedora, visto que me foi proporcionada a oportunidade de assistir a um maior número e diversidade de partos. Terminei o estágio apresentando, com os meus colegas, um trabalho sobre o tema “Complicações no Pós-Parto”.

D) SAÚDE MENTAL

O estágio, com início a 3 de Dezembro e fim a 11 de Janeiro, decorreu no internamento de Pedopsiquiatria, no Hospital Dona Estefânia, ao encargo da Dra. Maria Antónia Silva. Como objetivos do estágio estabeleci: identificar as principais perturbações psiquiátricas na pediatria, identificar fatores de risco individuais e sociais e situar a criança no seu contexto social, escolar e familiar. No decorrer do estágio, acompanhei crianças com patologia psiquiatria em situação aguda, algumas durante todo o seu internamento, o que me permitiu observar a sua evolução após a instituição de terapêutica farmacológica e

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não farmacológica, nomeadamente o plano de atividades desenvolvido no serviço. Além das entrevistas clínicas com as crianças e as respetivas famílias, assisti a reuniões multidisciplinares, o que reforça a abordagem holística destes doentes. De referir a importância da articulação entre o médico e a criança, família, escola/instituição. Este testemunho permitiu-me familiarizar com patologia psiquiátrica entre as diferentes faixas etárias, existindo claras diferenças entre a 2ª infância e adolescência. O estágio observacional no internamento foi complementado ao assistir a consultas externas e a presenciar o apoio de pedopsiquiatria em vários serviços no hospital. A componente no Serviço de Urgência foi mais carenciada uma vez que, quando estive presente, não houve nenhuma situação em que necessitasse de observação pela especialidade. No final do estágio, realizei uma história clínica sobre uma adolescente com perturbação do comportamento alimentar.

F) MEDICINA INTERNA

O estágio decorreu entre os dias 22 de Janeiro e 15 de Março, no Serviço de Medicina 4 do Hospital Santa Marta, sob orientação da Dra. Rita Barata Moura. Assumi como objetivos principais do estágio: integrar a equipa médica do serviço e adquirir autonomia na realização de exame objetivo, diários clínicos, notas de entrada e alta, requisitar meios complementares de diagnóstico e melhorar a comunicação com a equipa de profissionais de saúde, os doentes e as respetivas famílias. A componente teórica incidiu em 6 seminários que abordaram patologias comuns e maioritariamente relacionadas com situações de urgência. Quanto à componente prática, fui incorporada na equipa médica da minha tutora e nas suas tarefas diárias na Enfermaria. Progressivamente fui ganhando autonomia nas tarefas que me eram propostas, ficando ao meu encargo 2 doentes por dia. Aperfeiçoei a minha capacidade de colher dados anamnésicos, exame objetivo e capacidade de gestão do doente, nomeadamente na realização de altas, pedido de meios de transporte e requisição de observação por outras especialidades. Realizei vários procedimentos como gasimetrias arteriais e punções venosas, realizei eletrocardiogramas, bem como a sua interpretação, familiarizei-me com as várias formas de oxigenoterapia e assisti a técnicas mais invasivas, tais como toracocenteses. Participei ativamente nas reuniões clínicas, apresentando os doentes e as suas intercorrências, discutindo o plano terapêutico e meios complementares de diagnóstico; e nas reuniões de serviço onde pude apresentar resumos de dois internados. Frequentei o Serviço de Urgência onde obtive maior capacidade de raciocínio clínico, e onde me permitiu ver patologias agudas com necessidade de atuação mais urgente. Juntamente com as minhas colegas, apresentei um trabalho sobre o tema “Infeção associada aos cuidados de saúde -

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BRUNA DANIELA PEIXOTO SILVA 6 | P á g i n a F) CIRURGIA GERAL

O estágio parcelar decorreu entre os dias 18 de Março e 17 de Maio, no Hospital Beatriz Ângelo, sob tutoria do Dr. Francesco Della Nave. Estabeleci como objetivos principais: identificar doentes com patologia cirúrgica e os que necessitam de cirúrgica eletiva ou urgente, familiarizar-me com as técnicas de pequena cirurgia mais comuns e conhecer as técnicas de anestesia e de assepsia. O estágio foi composto por uma componente mais teórica/teórico-prática na primeira semana, com sessões formativas e a realização do curso TEAM (Trauma Evaluation and Management); e uma componente mais prática que incluiu: 4 semanas de Cirurgia geral, 1 semana de Serviço de Urgência e 2 semanas de Anestesiologia. Nas 4 semanas de cirurgia acompanhei o meu tutor na sua atividade de enfermaria, consultas externas, bloco operatório e serviço de urgência. Participei ativamente na observação dos doentes em contexto de pré e pós-operatório, e, sempre que possível, discuti meios complementares de diagnóstico e plano terapêutico. No bloco operatório aperfeiçoei a técnica de assepsia, observei sobretudo hernioplastias inguinais e umbilicais, e, curiosamente, observei duas colecistectomias por via aberta. Participei como 2ª ajudante numa herniorrafia umbilical. Nas restantes semanas, pude enriquecer o meu estágio, por um lado, contactando com técnicas de pequena cirurgia, no Serviço de Urgência, e por outro, acompanhando os passos de diferentes tipos de anestesia, tanto no bloco operatório como nas técnicas de gastroenterologia, na opcional de Anestesiologia. Além disso, coloquei mascaras laríngeas e realizei intubações orotraqueais. Por fim, no mini congresso de cirurgia apresentei, com o meu grupo de estágio, um caso clínico, cujo titulo era “Hello from the gallblader side”, sobre uma Fistula Colecisto-cutânea pós colecistostomia, juntamente com uma pequena revisão bibliográfica.

IV. ANÁLISE CRÍTICA

Confesso que quando era criança não tinha o sonho de ser médica. Sempre gostei de várias áreas, sem particular interesse por nenhuma em específico. Após ter experienciado um ano em Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação e não me ter identificado com o curso, acabei por concorrer no ano seguinte em Medicina. Fazendo uma retrospetiva dos últimos 6 anos, não podia estar mais feliz por tomado esta decisão. Hoje, sinto-me realizada e não me imaginaria noutra profissão que não a que envergarei.

Agora, que dou quase por concluído este último ano, é importante adotar uma atitude de contextualização crítica de forma a dar um parecer global sobre o que foi experienciado.

Globalmente, gostaria de congratular a boa organização dos estágios parcelares, uma vez que demonstraram uma preocupação constante pela formação académica, de destacar o rácio tutor:aluno, que me possibilitou uma maior autonomia na componente prática. Por outro lado, as sessões formativas e a passagem por outras áreas ou subespecialidades enriqueceram sem dúvida o meu estágio profissionalizante.

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No decorrer deste presente ano, fui-me tornando cada vez mais autónoma na elaboração de histórias clínicas e no exame objetivo, consolidando conhecimentos sobre as patologias mais prevalentes, nas várias áreas que constituíram o estágio profissionalizante. O Serviço de Urgência foi o local que melhor me proporcionou o raciocínio na marcha diagnóstica e terapêutica, tornando-me mais autónoma e capacitada na identificação de patologias com necessidade de abordagem urgente ou emergente e de reconhecer sinais de gravidade. O contacto com pessoas provenientes de outros países nas consultas e no Serviço de Urgência e a realização de domicílios foram fundamentais para a abordagem bio-psicosocial do doente, ao compreender a cultura, religião e condições socioeconómicas onde este se insere.

Começando por abordar mais especificamente o estágio de Medicina Geral e Familiar, devo admitir que foi um estágio que me surpreendeu pela positiva, não só porque me foi dada autonomia progressiva para a realização de consultas e exame objetivo, como também pela hospitalidade da equipa de profissionais da USF, sendo estes, uns dos motivos pelos quais me levaram a escolher este local como opcional de 6º ano. Uma vez que um médico de família tem um seguimento próximo do utente e da sua família, nas diferentes faixas etárias, torna-se evidente a sua importância na medicina preventiva, desde a atualização do PNV nas consultas de saúde infantil (prevenção primária) à diminuição da iatrogenia ao ajustar a medicação nas consultas de saúde do adulto (prevenção quaternária). Não posso deixar de sugerir uma reestruturação no sistema de saúde de forma a diminuir o número de pedidos de baixas/meios complementares de diagnóstico por outras especialidades, uma vez que aumentam o número e tempo de consultas e consequentemente um consumo de recursos.

Ao longo do estágio de Pediatria, fui aprimorando a colheita de dados anamnésicos e o exame objetivo em crianças. Confesso a dificuldade, por vezes, em estabelecer contacto com a criança principalmente em idades mais precoces, uma vez que se encontram mais debilitadas e com choro fácil, sendo a prática de técnicas de comunicação um objetivo futuro. Por ventura, reconheço que um aspecto menos positivo do estágio foi a permanência de 4 semanas num mesmo serviço/sub-especialidade. Penso que teria sido mais proveitoso uma passagem de 1 a 2 semanas por uma enfermaria de um serviço ou outra subespecialidade. Outra hipótese seria um contacto mais prolongado com o Serviço de Urgência.

Um outro estágio que me surpreendeu foi o de Ginecologia e Obstetrícia, uma vez que experienciei uma clara evolução na destreza do exame objetivo ginecológico, nomeadamente com o manuseamento do espéculo e da avaliação do colo uterino pelo toque vaginal. Além disso, a passagem por várias valências permitiu-me uma visão mais abrangente da especialidade.

Quanto ao estágio de Saúde Mental, considerei um privilégio estar no internamento de Pedopsiquiatria, uma vez que pude observar um espectro de patologias diferentes do Adulto. Como tal, acredito ser importante a inclusão do estágio em Pedopsiquiatria de índole obrigatório e não apenas como opcional. Saliento apenas o caracter observacional do estágio como aspeto menos positivo. Por outro lado,

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na minha passagem pelo internamento, apercebi-me da pressão exercida pela falta de recursos, nomeadamente pela carência de vagas no internamento, e face à enorme afluência de crianças com patologia aguda com necessidade de internamento.

O estágio de Medicina Interna confesso que foi, por um lado, o mais cansativo e mais exigente, mas por outro, o mais gratificante. Foi neste estágio que consegui evoluir significativamente pela autonomia que me foi dada, e como tal sinto-me mais capaz de proceder às várias tarefas do dia-a-dia de uma enfermaria. Além de desenvolver o raciocínio clínico na abordagem diagnóstica e terapêutica, assim como na gestão do doente, desenvolvi a capacidade de síntese e de comunicação com a equipa médica, doentes e os seus familiares, que considero ter sido das mais difíceis de adquirir.

No que concerne ao estágio de Cirurgia Geral, este foi essencial para identificar os doentes com necessidade de cirurgia urgente ou eletiva, salientando a máxima de que a indicação cirúrgica é o doente, e não a doença. Positivamente gostaria de referir a possibilidade de estagiar em Anestesiologia, uma vez que não tive muito contacto com esta especialidade durante o curso. A realização do curso TEAM é de particular interesse para a formação médica uma vez que possibilita o treino de abordagem num doente com trauma. Contudo, a componente que faltou, foi o facto de ter este se ter apresentado como um estágio mais observacional e de não tido a oportunidade de suturar, competência essa que acho essencial para um recém-graduado.

Ao longo do curso, reconheci a importância de aproveitar a gama de oportunidades que a Nova Medical School e a Associação Nacional de Estudantes de Medicina oferecem, maioritariamente gratuitas, e que suplementaram a minha formação. Entre as quais destaco a minha participação nos CEMEFs em Pediatria e Pneumologia (anexos 2 e 3, respetivamente), no Hospital de Braga, que me permitiram contactar com um ambiente hospitalar diferente e de um modo de trabalho diferente. A integração no programa de mobilidade Erasmus (anexo 4) foi sem dúvida um dos momentos que mais marcou a minha vida. No ano letivo de 2016/2017, durante 6 meses, vivi em Szeged, na Hungria, onde conheci com novas culturas, novas línguas e contactei com um sistema de ensino diferente, onde o caracter teórico e observacional prevalece. Por outro lado, teci o meu espírito de solidariedade com a minha participação nos projetos O Meu Melhor Amigo, na Casa dos Animais de Lisboa, e o Marca Mundos (anexo 5). Neste último fiz parte, durante um ano, de uma equipa, onde tive a oportunidade de participar em inúmeras formações, não só do âmbito da medicina como também do voluntariado, e ainda realizei no total 10 rastreios de obesidade, diabetes e hipertensão arterial, em centros comerciais. O sacrifício e a perseverança dedicados a este projeto culminaram numa missão de voluntariado de 6 semanas, em Nampula, Moçambique, através de uma parceria do Marca Mundos com a Helpo, uma Organização Não Governamental (anexo 6). Este testemunho despertou-me a necessidade de consciencializar para a realidade completamente diferente que se vive em países em vias de desenvolvimento e a vontade de ajudar, de alguma forma, a inverter esta situação. Deste modo, acompanhei

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a Helpo nas suas funções no campo, desde a entrega de bens essenciais à comunidade à realização de formações sobre temas como Anemia, Malária ou Educação Sexual. Realizei ainda um estágio observacional no Hospital Central de Nampula, onde presenciei a carência de recursos e contactei com doenças menos prevalentes em Portugal tais como Malária, HIV ou Neurosífilis. Estas experiências incutiram-me valores como: humildade, empatia, responsabilidade e trabalho de equipa. Valores esses que serão uteis não só como médica, mas enquanto ser humano.

Além destas atividades extracurriculares, participei proactivamente em várias sessões formativas durante o curso. Destaco a participação neste ano no iMed Conference 10.0 (anexo 7); nos workshops de NeuroDay e PedDay (anexo 8); nas palestras “DPOC: terapêutica inalatória” e “O Sexo do Cérebro” (anexos 9 e 10, respetivamente); que alargaram os meus horizontes na área da investigação médica e complementaram conhecimentos teóricos e práticos importantes.

Paralelamente à minha formação médica, fui realizando esporadicamente ações em empresas de trabalho temporário. Trabalhei como hospedeira de eventos, promotora em Hipermercados e mascote em eventos. Além de me ter proporcionado maior independência financeira, tornou-me uma pessoa mais versátil, resiliente e com melhores capacidades de comunicação, seja com a equipa ou com os clientes.

Em suma, o estágio profissionalizante assumiu-se como um elemento fulcral no meu currículo médico, uma vez que me preparou para ser uma médica mais capaz e com capacidade de lidar com as situações que um médico em início de atividade se irá deparar. Deste modo, acabo este ano com uma perspetiva otimista, reconhecendo as minhas limitações de conhecimentos e competências enquanto recém-graduada, sabendo, no entanto, que se trata de uma formação constante, o que torna a Medicina tão desafiante.

Para finalizar, deixo um agradecimento especial a todas as equipas de profissionais de saúde que me acompanharam por toda a sua disponibilidade e preocupação. E, porque “medicina não se faz sozinho”, queria agradecer ao meus pais, namorado e a todos os meus amigos que me acompanharam nos últimos seis anos e que me fizeram encontrar uma família em Lisboa.

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V.ANEXOS

1. Cronograma dos estágios parcelares

TCE: Traumatismo Crânio-Encefálico

Estágio parcelar Período Local Tutor Trabalhos realizados Notas

Medicina Geral e Familiar 10/09/2018 a 05/10/2018 USF Santo Condestável Dra. Fátima Tavares “Abordagem terapêutica de úlceras de perna” Apresentação em reunião multidisciplinar Pediatria 08/10/2018 a 02/11/2018 Hospital Dona Estefânia Dra. Catarina Diamantino “Abordagem do TCE ligeiro em Pediatria” Realização de uma História Clínica sobre Gastroenterite Aguda Ginecologia e Obstetrícia 5/11/2018 a 30/11/2018 Maternidade Alfredo da Costa Dr. Gonçalo Cardoso e Dra. Patrícia Amaral “Complicações no pós-parto”

Tema apresentado com base num caso clínico real

Saúde Mental 03/12/2018 a 11/01/2019 Hospital Dona Estefânia Dra. Maria Antónia Silva

História Clínica sobre perturbação do comportamento alimentar Medicina Interna 22/01/2019 a 15/03/2019 Hospital Santa Marta

Dra. Rita Barata Moura

“Infeção associada aos cuidados de saúde -

Clostridium difficile”

Apresentação ao serviço com exposição da prevalência da infeção nos

internamentos no CHULC em 2018 Cirurgia Geral 18/03/2019 a 17/05/2019 Hospital Beatriz Ângelo Dr. Francesco della Nave

“Hello from the gallblader side”

Apresentação de um caso clínico sobre uma fistula

colecistocutânea pós-colecistostomia Estágio opcional (Medicina Geral e Familiar) 20/05/2019 a 31/05/2019 USF Santo Condestável Dra. Fátima Tavares

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5. Participação projeto Marca Mundos (2017-2018)

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Referências

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