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Estilos de vida e informação sobre alimentação e nutrição: Impacto da pandemia causada pelo Covid-19

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Estilos de vida e informação sobre

alimentação e nutrição: Impacto da

pandemia causada pelo Covid-19

Lifestyles and food and nutrition

information: Covid-19 Impact

Osvaldo Filipe Saraiva Teixeira

ORIENTADO POR: Prof.ª Doutora Cláudia Afonso

COORIENTADO POR: Dr.ª Maria Antónia Pereira Ferreira TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO

1.º CICLO EM CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO | UNIDADE CURRICULAR ESTÁGIO

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO PORTO

TC

PORTO, 2020

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Resumo e Palavras-Chave

Introdução: O local de trabalho deve ser encarado como um local privilegiado de

promoção de estilos de vida saudáveis na população.

Objetivos: Caraterizar os estilos de vida e informação sobre alimentação. Avaliar

o impacto da pandemia no estado de saúde e autoperceção do mesmo.

Métodos: Participaram no estudo um total de 152 (28%) de 550 colaboradores

através de questionário online que incluía informação sociodemográfica, estilos de vida e seus determinantes impostos pela covid-19 com impacto na autoperceção do estado de saúde, IMC entre outros. Foram incluídas questões sobre o consumo das refeições dentro do horário de trabalho, com enfoque especial às realizadas em locais da responsabilidade da Autarquia. Foi realizado um modelo de regressão logística binária, calculado o Exp β e respetivos intervalos de confiança a 95%.

Resultados: A amostra é quase, 3/4 do sexo feminino (71,1%) com elevado nível

de escolaridade (95%). Na sua maioria dos participantes considera-se “saudável” (80,6%), sendo que a doença mais vezes reportada foi a depressão (20%) e 40% aumento de peso. Com a pandemia, 41% da amostra referiu diminuir a prática de atividade física e só 12% reportou melhorias relativamente ao sono. 17,4% da amostra referiu ter melhorado os seus hábitos alimentares e 15,5% reportou o oposto. Identificou-se ainda, um aumento do IMC com significado estatístico, associado às alterações negativas reportadas durante a pandemia causada pela Covid-19 (Exp ß =1,180 e IC 95%: 1,020 – 1,366).

Conclusão: Destaca-se a necessidade de promover programas de intervenção de

promoção de estilos de vida saudáveis na Autarquia de forma a inverter aumento de peso observado.

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ii

Palavras-chave: Promoção de saúde; hábitos alimentares; intervenção alimentar;

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Abstract and Keywords

Introduction: The workplace should be seen as an important place to promote

population healthy lifestyles.

Objectives: Evaluate health lifestyles and food/nutrition information. Assess the

pandemic impact on health status and self-perceived health condition.

Methods: A total of 152 (28%), among 550 employees participated in an online

questionnaire to gather data on sociodemographic characteristics, lifestyles and health determinants imposed by covid-19 with impact on self-perceived health condition, IMC and others. It was also asked about the usual place were meals take place during worktime with special attention to those made in city hall facilities. It was used a binary logistic regression and calculated the Exp β with 95% confidence interval.

Results: Female individuals were approximately ¾ of the sample (71,1%) with

higher education levels (95%). Most respondents assumed to be healthy (80,6%) although they reported medical diagnosed Depression (20%) and about 40% increased weight. During pandemic situation, 41% reported a decrease in physical activity and only 12% stated better night sleep. Only 17,4% reported better health habits while 15,5% assumed otherwise. It was identified an increased BMI, with statistical significance, associated to negative behaviors during Covid-19 (Exp ß =1,180 e IC 95%: 1,020 – 1,366).

Conclusion: The findings highlighted the need to implement nutritional

interventions in the referred workplace to reverse the weight gain.

Keywords: Health promotion; eating habits; nutritional intervention; eating in

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Lista de abreviaturas, siglas e acrónimos AF - Atividade Física

CMG – Câmara Municipal de Gondomar IMC – Índice de massa corporal

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Sumário

Resumo e Palavras-Chave ... i

Abstract and Keywords ... iii

Lista de abreviaturas, siglas e acrónimos ... iv

1. Introdução ... 1 2. Objetivos ... 2 3. Metodologia ... 3 4. Resultados ... 6 5. Discussão ... 11 6. Conclusões ... 13 Agradecimentos ... 14 Referências ... 15

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1. Introdução

De acordo com a Organização Mundial da Saúde o local de trabalho é num local privilegiado para a promoção de estilos de vida saudáveis, uma vez que nele se passa uma parte considerável do tempo(1).

Em média os portugueses trabalham 35,8h por semana(2) e durante este período de tempo podem estar sujeitos à oferta alimentar disponibilizada nos locais de trabalho, assim sendo estes locais podem-se revelar como uma janela de oportunidade de forma a promover(3, 4) e influenciar hábitos alimentares saudáveis(5). Uma das formas que a população em geral encontrou para suprimir este contexto foi através do recurso a refeições trazidas de casa, que apesar de ser poder ser uma boa opção, levanta outras questões práticas no que se refere ao tempo despendido e ao prévio planeamento necessário, sendo muitas vezes uma opção conveniente(6). Importa assim promover conhecimentos sobre alimentação que se traduzam em comportamentos mais saudáveis.

A forma como lidamos com a informação, a literacia alimentar é preponderante para estimular e perpetuar hábitos alimentares saudáveis(7-9), com reflexo direto nas intenções, nas escolhas e na compra de alimentos e bebidas integrantes dos nossos hábitos alimentares(10).

Por outro lado, estar informado não é premonitório absoluto de ser capaz de, por si só, seguir uma alimentação e estilos de vida saudáveis, a auto perceção do estado de saúde(11, 12), as preferências(13, 14) e os determinantes ambientais(15, 16) são exemplos de outros fatores que necessitam estar devidamente reconhecidos pelo indivíduo de forma a compreender como se associam aos seus hábitos e comportamentos alimentares e assim intervir no sentido de ser possível assegurar o melhor cumprimento das recomendações alimentares(17).

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2

Na perspetiva da saúde comunitária, salientam-se dois pressupostos objetivamente capazes, pelo modelo que lhes deu origem, moderar, melhorar e ou conduzir os colaboradores às escolhas certas, sendo eles modelos de intervenção comunitária da modificação da procura e da oferta, ou por transmitir conhecimentos à população modificando a procura(18, 19) ou regulando e taxando a oferta de acordo com o objetivo(20). Torna-se assim importante e ao mesmo tempo prudente, recolher inicialmente informações referentes às características da população a intervir(21) e aprofundar os conhecimentos e aspetos relevantes e impactantes sobre a mesma que nos permita as abordagens mais assertivas (22, 23). Salientando que o trabalho acontece no momento em que o mundo atravessa um grande problema saúde pública devido à presente pandemia causada pela Covid – 19, tornando-se imprescindível auscultar a população, ainda que de forma generalista, sobre alguns aspetos que possam ter causado alterações nos estilos de vida e dos hábitos alimentares dos colaboradores da Câmara Municipal de Gondomar (CMG) e o impacto que estas alterações podem e causam de forma negativa nos determinantes para a saúde.

2. Objetivos

Caraterizar aspetos relativos aos estilos de vida dos colaboradores da CMG, compreender o seu interesse por temáticas da alimentação/nutrição, assim como avaliar o recurso e a satisfação com os bares e cantinas da responsabilidade da CMG.

Avaliar o impacto da pandemia na autoperceção do estado saúde, peso corporal, prática de atividade física (AF), número de horas de sono e hábitos alimentares.

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Identificar os fatores associados às alterações no estado de saúde dos colaboradores imposto pela Covid-19.

3. Metodologia

População e Amostra

De um total de 550 colaboradores, participaram no estudo 152 colaboradores, perfazendo 28% do total dos colaboradores da CMG.

Métodos

Previamente foi efetuada uma revisão da literatura de modo a perceber qual a melhor linha metodológica a seguir para dar cumprimento aos objetivos estabelecidos, mais especificamente que informações seriam importantes integrar no tipo de questionário a aplicar.

Elaborou-se um questionário estruturado de aplicação direta e para a finalização do mesmo, foi realizado um estudo piloto em 3 adultos para testar o seu fraseamento, compreensão e duração.

O questionário foi aplicado com recurso à plataforma online Google Forms da U.Porto, garantindo assim a segurança dos dados recolhidos, o link para preenchimento do mesmo foi enviado, via email dinâmico, a todos os colaboradores da CMG, pela Senhora Vereadora do Pelouro da Coesão Social. Importa referir, que este trabalho correspondeu a um repto lançado pela mesma, ao Núcleo da Saúde deste Departamento, onde se insere o estagiário.

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O questionário apresentado no Anexo A, foi adaptado da tese de licenciatura em Ciências da Nutrição de Cláudia Pessoa(21) apresentado em 2019 e é constituído pela seguinte informação:

- Sociodemográfica (sexo, idade, habilitações literárias, categoria profissional); - Sobre o estado de saúde (autoperceção do estado de saúde, fatores com maior influência na saúde, peso e altura reportados pelo próprio e a presença de patologia(s)), No que se refere ao peso e altura, posteriormente procedeu-se ao cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), que foi categorizada de acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS)(24);

- Sobre estilos de vida (prática de AF e hábitos tabágicos e número de horas de sono). Para comparar os resultados encontrados no que concerne a atividade física com os valores recomendados, recorreu-se ao preconizado pela OMS, 150 minutos de atividade de intensidade moderada por semana ou 75 minutos de atividade vigorosa por semana ou, ainda, uma combinação equivalente das duas anteriores(25). Quanto às horas de sono utilizou-se como referência as recomendações do National Sleep Foundation(26), 7 a 9 horas;

- Sobre procura de informação sobre alimentação: se existia esse interesse, onde procuravam esta informação e quais os temas que suscitavam mais interesse por diferentes áreas da nutrição;

- Sobre o local onde realizavam as suas refeições no período de trabalho (pequeno-almoço, lanches e almoço) e a sua composição;

- Sobre o uso das estruturas fornecedoras de refeições/alimentos da CMG (bares ou cantina), sua opinião sobre os mesmos e foi recolhida a sua opinião sobre a forma como a CMG poderia melhorar a oferta de forma a dar cumprimento à prática de uma alimentação saudável (questão em aberto).

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- Sobre o impacto pandemia causada pela Covid-19 na autoperceção do estado de saúde, no peso corporal, na prática de AF, no número de horas de sono e nos hábitos alimentares.

De forma a ser possível analisar de forma sumária os desfechos em saúde causados pela pandemia da Covid-19, criou-se uma nova variável. Os desfechos foram categorizados da atribuindo uma pontuação negativa (-1) a desfechos favoráveis e uma pontuação positiva (+1) a desfechos negativos, aos que referiram manter os seus hábitos pontuou-se com “0”:

- Autoperceção do estado de saúde: se melhoraram (-1), se piorarem (+1) - Peso: se aumentaram (+1), se diminuíram (-1)

- AF: se aumentaram (-1), se diminuíram (+1)

- Horas de sono: se aumentaram (-1), se diminuíram (+1) - Hábitos Alimentares: se melhoram (-1), se pioraram (+1)

Posteriormente, foi criado uma variável correspondente às somas dos comportamentos supracitados de forma a proceder à sua dicotomização.

Aos comportamentos com pontuação negativa foi atribuído o valor “0” e “1” para quem apresentava valores se soma positivos. Pela soma das variáveis, quem obteve a pontuação “0”, não foi considerado para a análise estatística, pois significava que em nada se alterarem os seus hábitos.

Análise estatística dos dados:

A análise estatística dos dados recolhidos foi realizada no programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 26.0. Procedeu-se à análise descritiva das variáveis do questionário através da frequência das observações estatísticas

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(medidas de tendência central). Avaliou-se a distribuição da normalidade das variáveis cardinais através do teste Kolmogorov-Smirnov.

De forma a identificar as variáveis independentes associados comportamentos negativos associados à pandemia COVID 19, foi realizado um modelo de regressão logística binária, tendo sido calculado o Exp β e respetivos intervalos de confiança a 95%. O modelo foi construído com recurso às seguintes variáveis: sexo (dicotómica), idade (contínua), categoria profissional (categórica), se considera a alimentação determinante da saúde (dicotómica), IMC (continua), se é fumador (dicotómica), se tem por hábito pesquisar sobre alimentação e nutrição (dicotómica) e se faz refeições considerando os recursos disponíveis pela CMG (dicotómica).

Para esta regressão foram rejeitados 3 participantes que não tinham respondido a perguntas relacionadas com o outcome estudado (2 em relação à prática de AF e 1 relativamente ao peso). Rejeitou-se a hipótese nula quando p < 0,05.

4. Resultados

Caraterização da amostra

A amostra apresenta uma mediana de idade de 47 anos (IIQ=12), e 71,1% é do sexo feminino.

Foi encontrada uma prevalência elevada do nível de escolaridade elevado (56,6%) e quanto à categoria profissional foram na sua maioria, técnicos superiores e assistente/coordenadores técnicos. Quando questionados em relação à autoperceção de saúde, cerca de 60% dos participantes declararam sentirem-se saudáveis. Relativamente ao peso, cerca de metade dos colaboradores

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apresentava excesso de peso (pré-obesidade e obesidade) sendo o índice de massa corporal (IMC) médio da amostra de 25,28 Kg.m-2 (d.p.=3,376).

A alimentação foi o fator mais referido pelos participantes como tendo influência na saúde (41,3%), seguido da prática de AF (26,5%), a combinação destas duas reúne o consenso de 45,2% da amostra. De destacar que 67 % dos colaboradores referiu pesquisar sobre alimentação, sendo a internet o local privilegiado para a procura (80,8%) (Tabela 1).

No que diz respeito às patologias que os colaboradores mais reportam, a de maior incidência foi a depressão (20%), seguida da hipertensão arterial (13%), doenças gastrointestinais (10%) e hipotiroidismo com (6,5%).

Em 32,9% da amostra verificou-se não praticar qualquer AF. Os locais preferenciais para a prática de AF reportados foram ao ar livre e no ginásio. Relativamente aos hábitos tabágicos, 15,5% é fumador e 7% de forma ocasional. Em média, pelos que fumam, são reportados 12,3 cigarros/dia (d.p.=6,2). Relativamente às horas de sono, a amostra descreve que em média dorme 6,7h/dia (d.p.=0,9).

Tabela 1. Caracterização sociodemográfica e dos estilos de vida dos colaboradores CMG

Variáveis Amostra (n=152) Variáveis Amostra (n=152) Sexo n (%) Feminino Masculino 108 (71,1) 44 (28,9) Atividade Física n (%) Cumpre Recomendações Não Cumpre 86 (56,2) 66 (43,1)

Idade mediana (IIQ) 47 (12)

Hábitos tabágicos n (%) Fumador Não fumador 34 (22,2) 118 (77,1) Escolaridade n (%)

Ensino básico 2º ciclo 1 (0,7)

Categoria Profissional n (%)

(16)

8

Ensino básico 3º ciclo Ensino secundário

Ensino Pós-secundário não Superior Ensino Superior

3 (2) 57 (37,5)

5 (3,3) 86 (56,6)

Assist. Técnico/Coord. Técnico Técnico Superior Informático/Policial/Fiscal Dirigente 53 (34,9) 58 (38,2) 13 (8,6) 17 (11,2) IMC n (%) Peso normal Pré-obesidade Obesidade grau I Obesidade grau II 72 (47,4) 66 (43,4) 13 (8,6) 1 (0,7)

Informação sobre Alimentação n (%) Internet

Consulta com Nutricionista ou Dietista

Livros

84 (80,8)

35 (33,7) 33 (31,7) Fatores que influenciam a saúde n

(%) * Alimentação Atividade física Fatores genéticos Excesso de peso Fumar 128 (41,3) 82 (26,5) 32 (10,3) 21 (6,8) 19 (6,1)

Temas de maior interesse n (%) Culinária Saudável Alimentação mediterrânea Nutrição no desporto * 120 (80,3) 41 (27) 35 (23) Horas de sono n (%) Cumpre Recomendações Não Cumpre 137 (90,1) 15 (9,9) Autoperceção estado de saúde n (%)

Nem saudável nem doente Saudável Muito saudável 36 (23,7) 90 (59,2) 26 (17,1) Refeições da responsabilidade CMG n (%) Sim Não 83 (54,2) 69 45,1) *cada colaborador podia indicar mais do que uma opção.

Durante a pandemia, grande parte dos colaboradores considerou que manteve os comportamentos questionados, porém destaca-se que 40,6% considera ter aumentado de peso, 41% diminuiu a prática de AF, e uma proporção idêntica da amostra referiu ter melhorado ou piorado os seus hábitos alimentares (Tabela 2).

Tabela 2. Impacto da Covid 19 na autoperceção do estado de saúde, no peso, na prática de atividade física, no número de horas de sono e nos hábitos alimentares

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Autoperceção do estado de saúde 18 (11,6) 125 (80,6) 12 (7,7)

Peso 20 (12,9) 72 (46,5) 63 (40,6)

AF 21 (13,5) 68 (43,9) 64 (41,3)

Horas de sono 19 (12,3) 94 (60,6) 39 (25,2)

Hábitos Alimentares 27 (17,4) 101 (65,2) 24 (15,5)

Antes do confinamento, 73,5% tomavam o pequeno almoço e 43% almoçavam em casa e apenas 14% almoçavam na cantina. No que se refere ao lanche, 25% da amostra, refere que o realiza no bar da CMG. As sugestões indicadas pelos colaboradores relativas à oferta alimentar fornecida nos locais afetos à CMG, são as apresentadas na Tabela 3, previamente organizadas por temas afins. Nesta questão, 37,3% da amostra não referiu qualquer sugestão.

Tabela 3. Sugestões indicadas pelos colaboradores relativas a melhorias a

implementar aos bares e cantinas CMG n (%)

Sem opinião 57 (37,3)

Introduzir a venda/disponibilizar fruta 22 (14,4) Introduzir mais sopas e saladas (vegan n=4) 19 (12,4) Introduzir refeições e alimentos mais saudáveis (sem especificar) 16 (10,4)

Satisfação com os serviços 8 (5,2)

Melhorar a confeção e as quantidades servidas (quantidade a mais aos almoços) 6 (3,9) Ação direta dos responsáveis (formação) 3 (1,96) *a soma das percentagens é superior a 100, pois os inquiridos podiam referir mais do que uma hipótese de escolha.

O resultado da regressão logística encontra-se descrito na Tabela 4. A análise não ajustada demonstrou que o sexo masculino parecia estar associado a uma menor

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probabilidade de ter comportamentos negativos pela pandemia, porém após ajuste para as restantes variáveis incluídas no modelo esta associação deixou de ter significado estatístico (Exp ß =0,414 e IC 95%: 0,156 – 1,092). Encontrou-se apenas uma relação com significado estatístico positivo entre os comportamentos negativos e o IMC, pelo que os colaboradores com maior IMC reportaram mais comportamento negativos (Exp ß =1,180 e IC 95%: 1,020 – 1,366).

Estas variáveis independentes preveem 23% da dependente (R2 Nagelkerke = 0,234), comportamentos negativos reportados na pandemia causada pela Covid-19.

Tabela 4. Identificação de fatores associados a comportamentos negativos causados pela pandemia

Covid-19 Variáveis Exp ß não ajustado (IC 95%) p Exp ß ajustado (IC 95%) p Sexo (Feminino) Masculino 0,401 1 (0,185 – 0,871) 0,021 1 0,412 (0,156 – 1,092) 0,074 Idade (anos) 1,017 (0,982 – 1,055) 0,343 (0,954 – 1,061) 1,006 0,813 Categoria profissional (Assistente Operacional) Assist. Técnico/Coordenador. Dirigente Informático/Policial/Fiscal Técnico superior 1 0,316 (0,060 – 1,665) 1,125 (0,127 – 9,943) 0,179 (0,026 – 1,228) 0,196 (0,038 – 1,020) 0,174 0,916 0,080 0,053 1 0,188 (0,019 – 1,836) 0,796 (0,052 – 12,216) 0,205 (0,013 – 3,246 0,103 (0,010 – 1,022) 0,151 0,870 0,261 0,052 Seleciona a alimentação como fator

determinante para a saúde (Não)

Sim. 1,676 1 (0,673 – 4,170) 0,267 1 2,154 (0,613 – 7,561) 0,231 IMC (Kg/m2) 1,110 (0,986 – 1,251) 0,085 (1,020 – 1,366) 1,180 0,026 Hábitos tabágicos (Não)

Sim 0,980 1

(0,422 – 2,274) 0,962

1 1,202

(0,381 – 3,794) 0,753

Procurar informação sobre nutrição

(19)

Sim 0,600

(0,279 – 1,292) 0,192 (0,161 – 1,152) 0,430 0.93 Faz alguma refeição em locais da

responsabilidade CMG (Não)

Sim 1,194 1

(0,592 – 2,408) 0,621 (0,409 – 2,377) 0,986 0,975

5. Discussão

O objetivo do presente estudo foi, o de compreender em que circunstancias e de que forma a pandemia decretada por Covid-19, nomeadamente o isolamento físico social teve impacto nos estilos de vida de um modo geral e sobre os hábitos saudáveis em particular nos colaboradores de uma autarquia. De acordo com a literatura são os indivíduos do sexo feminino(27, 28) que mais razões têm para se preocupar com a nova realidade(29), de onde resultam algumas semelhanças, em certos aspetos, aos períodos de férias(30) onde o aumento de peso corporal é uma realidade(31), no presente estudo 40,6% referiu ter aumentado de peso. Outra caraterística da nossa sociedade que se revela de extrema importância para os resultados, é o facto da população portuguesa ter uma alta prevalência de excesso de peso, no caso seis em cada dez portugueses são pré obesos ou obesos(32), e que este fator coloque ainda mais pressão ou seja exponencial ao facto ou premonitória de um ciclo vicioso daqueles que já se encontravam em excesso de peso(33). De forma geral podemos estabelecer uma relação homóloga à observada na nossa amostra pela prevalência de ambos critérios e dessa forma explicar o facto de ser, o IMC, a variável com significado estatístico associada aos desfechos negativos durante a pandemia causada pela Covid-19. Por outro lado, e sendo também uma limitação do estudo, é a baixa prevalência de indivíduos do sexo masculino a participarem no estudo, provavelmente por este facto não foram, aqui, encontradas associações com os desfechos negativos durante a pandemia que pode favorecer o achado anterior, uma vez que o modelo de a regressão

(20)

12

logística foi ajustado para as variáveis como o IMC e a prática de AF que normalmente são menos prevalentes nos homens(34-36).

Da análise dos dados recolhidos, foi notório a elevada prevalência do número de horas de sono abaixo das recomendações, mais uma vez, sobreponível ao que acontece em férias(37). Evidente é também a prevalência da depressão(35), como a doença mais vezes diagnosticada (20%) no presente estudo a par do que acontece com outros estudos com objetivos idênticos (21) (22%), muitas vezes acentuada em situações de isolamento(33). Duas situações diferentes mas com desfechos idênticos, mais do que ficar em casa ou a ausência das habituais rotinas, é a forma como ambas situações atuam como facilitador da alteração dos padrões e dos hábitos alimentares(31).

Uma limitação deste estudo prende-se pelo facto de a amostra ser pouco representativa relativamente às habilitações literárias, o que nos inviabiliza poder inferir para a população de colaboradores da CMG, ainda que esta amostra represente 28% do total dos colaboradores desta autarquia. Porém neste estudo, não sendo obrigatório a participação no mesmo, por certo foram os colaboradores mais interessados nas temáticas que o integraram, logo é possível que existam colaboradores que necessitam de promover a sua literacia alimentar(38, 39) que foram excluídos desta análise, colaboradores esses onde a aplicação das metodologias e das estratégias alimentares são manifestamente mais necessárias. No entanto, apesar da amostra ser constituída por 96% de indivíduos com o ensino secundário e superior e que, 67% tem por hábito fazer pesquisas na internet, onde 80% das pesquisas dizem respeito à culinária saudável, ainda assim a nossa amostra apresenta 20% dos participantes que fumam e 43% que não cumprem as orientações para a prática de AF, o que por um lado nos alerta para alguma

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desinformação(40) que persiste e que pode influenciar os mais iludidos pelas novidades que poderão distanciar-se da informação basilar(41). Mais ainda, com a elevada autoperceção do estado de saúde que a amostra declara, não seja de todo ideal, o que as pessoas mais identificam como sendo saudável.

6. Conclusões

Deste estudo concluiu-se que os colaborados da CMG que manifestaram interesse no questionário, são detentores de categorias profissionais mais altas, nomeadamente dirigentes e que afirmaram fazer refeições em locais da CMG com alguma frequência, ressalvando a existência do interesse e confiança. Nesta população os colaboradores maioritariamente definem-se como saudáveis ainda que parte considerável apresente excesso de peso e sedentarismo. Existe interesse e preocupação pelas temáticas da nutrição/alimentação, sendo a internet o local de eleição para a sua procura. No que se refere às sugestões enunciadas pelos participantes para a melhoria da oferta alimentar em locais afetos à CMG, destaca-se pelo seu caracter frequente, a intenção de ter uma oferta mais saudável.

Relativamente à pandemia, não é reconhecido na autoperceção do estado de saúde o inegável impacto da situação pandémica, pelo que esta se mantém, mesmo quando é incontestável que os hábitos alimentares se alterem, que a prática de AF diminua e dê lugar a um manifesto aumento do IMC.

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Agradecimentos

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Referências

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ANEXO – QUESTIONÁRIO: ESTILOS DE VIDA E INFORMAÇÃO SOBRE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO: IMPACTO DA PANDEMIA CAUSADA PELA CIVID 19

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Referências

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