• Nenhum resultado encontrado

Relatório de Estágio realizado na Farmácia Portela

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Relatório de Estágio realizado na Farmácia Portela"

Copied!
96
0
0

Texto

(1)
(2)

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Portela, Vila Nova de Gaia

8 de setembro de 2014 a 8 de março de 2015

António João Machado Campos

Orientador: Dr.

a

Natália Cunha Estevens

_____________________________________________

Tutor FFUP: Prof. Doutor Paulo Alexandre Lourenço Lobão

_____________________________________________

(3)

A orientadora de estágio

_______________________________________________

(Dr.

a

Natália Cunha Estevens)

O tutor do estágio

_______________________________________________

(Prof. Doutor Paulo Lobão)

O estagiário

_____________________________________________

(António João Machado Campos)

(4)

Declaração de Integridade

Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº __________, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de ______

(5)

Agradecimentos

Se estão a ler esta página é porque cheguei, finalmente, à etapa final. E não foi fácil chegar até aqui. Desde o princípio até ao fim do Mestrado foi um longo caminho percorrido, e por isso quero agradecer a todos os que me ajudaram a percorrê-lo, pois sem eles teria sido muito mais difícil.

Gostaria de agradecer a toda a equipa da Farmácia Portela pela forma como me acolheram, pela atenção e afeto que manifestaram e pelo exemplo de profissionalismo que demonstraram a todo o momento.

À Dr.a Maria da Graça Camarinha, um agradecimento especial pelas conversas que teve comigo, que me ajudaram bastante.

À Dr.a Natália Estevens um obrigado especial, pois foi a pessoa que me acompanhou mais de perto e que contribui para o meu crescimento em termos profissionais, demonstrando continuamente um especial carinho e preocupação na minha aprendizagem.

À Ana Costa, Vasco Freire e Ana Silvestre, também um agradecimento especial pois durante os 6 meses de estágio foram verdadeiros amigos, que estiveram la sempre que precisei.

À minha namorada, Catarina Rocha por ser uma ouvinte atenta de algumas dúvidas, inquietações, desânimos e sucessos, pelo apoio, pela confiança e pelas críticas construtivas que sempre me fez. Obrigado Catarina, pelo carinho e amor com que me brindaste neste percurso, sem ti era tudo seria mais difícil.

Aos meus pais e irmão pelo apoio incondicional e pela paciência com que sempre me brindaram, eles são o suporte de tudo e sem eles certamente que hoje não estaria onde estou.

(6)

1. Resumo

O farmacêutico assume um papel fundamental na sociedade ao ser o profissional de saúde mais acessível, estabelecendo a ponte necessária entre o médico e o utente de forma a garantir que o utente tenha o melhor atendimento possível.

Assim, o farmacêutico fornece serviços de atenção farmacêutica e ajuda a garantir o melhor tratamento para os pacientes, não se limitando a ser um mero vendedor de medicamentos, como muitas pessoas pensam ainda. Daí atenta-se cada vez mais à importância da Farmácia Comunitária como espaço de saúde.

Este estágio, no final do curso, serve como preparação dos futuros farmacêuticos para o mercado de trabalho, na medida em que fornece o primeiro contacto com a atividade do farmacêutico comunitário, tal como com o público. Neste estágio tive a oportunidade de fortalecer e melhorar os conhecimentos práticos e teóricos que aprendi nos cinco anos do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, assim como retive novos conhecimentos, que não foram lecionados no curso e só com a prática profissional se interiorizam.

Como farmacêutico fiz parte de uma equipa onde se podem incluir vários profissionais de saúde, por isso o contacto profissional com outros farmacêuticos e com outros profissionais de saúde resultou numa aprendizagem de conhecimentos capitais na minha formação enquanto profissional.

O meu estágio curricular em Farmácia Comunitária foi realizado na Farmácia Portela, situada na cidade de Vila Nova de Gaia, tendo decorrido no período de 8 de Setembro de 2014 a 8 de Março de 2015. Este relatório tem como objetivo mostrar todas as atividades inerentes ao funcionamento de uma farmácia comunitária, explicação das atividades desenvolvidas, experiências e conhecimentos adquiridos por mim.

(7)

Índice

Declaração de Integridade……….iii Agradecimentos………...iv Resumo………...v Índice de figuras………...ix Índice de tabelas………...ix Listagem de acrónimos ………x Cronograma……….xi

Parte I - Atividades Desenvolvidas na Farmácia Comunitária

1. Organização da farmácia ... 1 1.1 Farmácia Portela ... 1 1.2 Recursos Humanos ... 1 1.3 Horário de Funcionamento ... 1 1.4 Espaço externo ... 1 1.5 Espaço Interno ... 2

2. Circuito geral de medicamentos e produtos... 3

2.1 Sistema Informático ... 3

2.2- Aprovisionamento, Gestão e Administração de Stock ... 4

2.2.1 Escolha de Fornecedores e critérios de aquisição ... 4

2.2.2 Rotação de stocks e ponto de encomenda ... 4

2.2.3 Realização de encomendas ... 4

2.2.4 Receção e conferência de encomendas ... 5

2.2.5 Controlo de Prazos de Validade ... 6

2.2.6 Condições de armazenamento ... 6

2.2.7 Reservas ... 7

2.2.8 Devoluções ... 7

3. Dispensa de medicamentos ... 8

3.1) MSRM ... 8

3.1.1) Prescrição médica e validação da receita médica ... 8

3.1.2 O ato da dispensa ... 10

3.1.3 Comparticipações ... 11

3.1.4 Dispensa de psicotrópicos e estupefacientes ... 11

3.1.5 Conferência de receituário... 12

(8)

3.2 MNSRM ... 12

3.2.1 Automedicação ... 13

3.2.2 Dispensa de outros produtos... 13

4. Medicamentos manipulados ... 14

5. Farmacovigilância ... 14

6. Serviços prestados pela farmácia ... 15

6.1 ValorMed ... 15

7. Marketing na farmácia ... 16

8. Formações ... 16

9. Considerações finais ... 17

Parte II - Descrição das atividades desenvolvidas no estágio

1. Hipertensão arterial ... 18

1.1. Contextualização ... 18

1.2 Definição ... 19

1.3 Fisiopatologia (causas, sinais e sintomas) ... 19

1.3.1 Causas ... 19

1.3.2 Sinais e sintomas ... 20

1.4 Tratamento farmacológico ... 21

1.4.1 Esquema terapêutico ... 24

1.5 Tratamento não farmacológico ... 26

1.6 Aconselhamento farmacêutico ... 28

1.7 Fármacos mais usados em Portugal no tratamento da hipertensão ... 29

1.7.1 Evolução da utilização dos medicamentos anti-hipertensores por classe terapêutica 30 1.7.2 As 10 Substâncias Ativas anti-hipertensoras com maior número de embalagens no SNS ... 30

1.7.3 Os 10 medicamentos anti-hipertensores com maior número de embalagens no SNS 31 1.8 Produtos mais vendidos na Farmácia Portela para a hipertensão ... 32

1.9 Conclusão ... 32

2 – Pele ideal ... 34

2.1 Contextualização ... 34

2.2 Introdução ... 34

2.3 A pele ... 34

2.4 Qual o seu tipo de pele? ... 35

2.5 Condições de vida e seus efeitos na pele ... 36

(9)

2.7 Três passos essenciais para ter uma pele saudável e esteticamente bonita ... 40 2.7. 1 Limpeza da pele ... 40 2.7.2 Hidratação da pele ... 40 2.7.3 Proteção solar ... 41 2.8 Conclusão ... 43 Conclusão geral...44 Bibliografia ... 45 Anexos ... 53

(10)

Índice de figuras

Figura 1 Principais fatores que contribuem para o aparecimento da HTA

e suas complicações………...19

Figura 2 - Mecanismo de ação das diferentes categorias de diuréticos ao nível do sistema tubular……….21

Figura 3 – Esquema de possíveis associações de classes de fármacos anti-hipertensores para efeito de tratamento……...………...25

Índice de tabelas

Tabela 1 - As dez substâncias da classe de anti-hipertensores com maior número de

embalagens vendidas a nível nacional segundo SNS……….29

Tabela 2 - Os 10 medicamentos anti-hipertensores com maior número de

(11)

Listagem de acrónimos

ARAs – Antagonistas dos recetores da angiotensina AVC – Ataque Vascular Cerebral

BCC – Bloqueadores dos canais de cálcio CV – Cardiovascular

DL – Decreto-Lei DT – Diretora Técnica FP – Farmácia Portela

FPS – Fator de Proteção Solar HTA – Hipertensão Arterial

IECAs – Inibidores da enzima de conversão da angiotensina

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P MMPs – Metaloproteinases de matriz

MNSRM – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica MSRM – Medicamentos Sujeitos a Receita Médica PA – Pressão Arterial

PAD – Pressão Arterial Diastólica PAS – Pressão Arterial Sistólica PVP – Preço de Venda ao Publico SA – Substância Ativa

SNS – Sistema Nacional de Saúde UV – Ultravioleta

(12)

Cronograma

1º Mês: 8/09/14 a 30/09/14

O 1º mês ficou marcado, essencialmente, pelo ligeiro contacto com todos os serviços da Farmácia. Na 1ª semana de estágio, só fiz um reconhecimento da farmácia, dos produtos farmacêuticos que continha e da localização destes. Fiquei desde logo responsável por todos os dias, de manhã e à tarde apontar as temperaturas e percentagem de humidade da farmácia.

Na segunda semana do estágio, dediquei-me ao armazenamento de produtos e depois no restante mês, à receção e conferência de encomendas.

2º Mês: 1/10/14 a 31/10/14

Neste mês mantive a minha função no armazenamento de produtos e conferência e receção de encomendas, sendo esta a atividade que mais pratiquei. Fui parte integrante na manipulação de manipulados, sendo que realizava esta tarefa diariamente.

3º Mês: 1/11/14 a 30/11/14

Este mês, na farmácia foi muito semelhante ao anterior, sendo o armazenamento de produtos e conferência e receção de encomendas, juntamente com a manipulação dos manipulados as atividades que mais pratiquei. No entanto, neste mês, comecei a fazer outras coisas como a monitorização dos parâmetros físicos e bioquímicos dos utentes, controlo de prazos de validade e devoluções de produtos.

4º Mês: 1/12/14 a 31/12/14

O 4º mês ficou distinto, essencialmente, pela minha atividade de conferência das receitas médicas. Tive o mês todo destacado nesta tarefa e elaborei no âmbito disto, um manual de procedimentos com um conjunto de regras e orientações, de cariz teórico e prático de forma agilizar e uniformizar os processos de conferência das receitas médicas, para diminuir ao mínimo possível a possibilidade de erros.

Mas, sempre que era necessário, executava as outras tarefas, que já realizava anteriormente.

5º Mês: 1/01/15 a 31/01/15

Até cerca do meio deste mês continuei na conferência de receituário, juntamente com o armazenamento de produtos e conferência e receção de encomendas, preparação dos manipulados e monitorização dos parâmetros físicos e bioquímicos dos utentes. Depois, a partir da 3ª semana do mês, encetei o meu 1º contacto com os utentes, no que respeita à dispensa de

(13)

medicamentos. Abordei e assisti a atendimentos e comecei por receber as primeiras noções relativamente à dispensa de medicamentos.

6º Mês: 1/02/15 a 28/02/15

O último mês serviu, fundamentalmente, para consolidar os conhecimentos e processos adquiridos nos meses anteriores. Aqui, já exercia as funções de um farmacêutico normal numa farmácia comunitária, fazia tudo. Foi notoriamente o mês em que fiz mais atendimentos e em que mais participei nos aconselhamentos farmacoterapêuticos.

Neste mês, também fiz um rastreio e um panfleto sobre a hipertensão arterial.

Ultima semana: 1/03/15 a 8/03/15

Praticamente só efetuei atendimentos e realizei um panfleto com informações acerca de uma pele bonita e saudável, que distribui aos utentes da farmácia.

(14)

PARTE I - ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA FARMÁCIA COMUNITÁRIA

1. Organização da farmácia

1.1 Farmácia Portela

A Farmácia Portela (FP) localiza-se na Rua Marquês Sá da Bandeira n.º 238, Vila Nova de Gaia. A farmácia possui uma ótima localização na medida em que está situada no centro de Vila Nova de Gaia, a poucos minutos do Hospital de Gaia e perto também do Centro de Saúde de Soares dos Reis/Oliveira do Douro – Unidade Soares dos Reis.

Cumpre ainda referir que a farmácia apresenta uma localização próxima, para além dos inúmeros cafés e restaurantes à sua volta, da estação de Metro do El Corte Inglés o que me permitiu contactar com pessoas de naturais de Gaia, mas também de outras localidades.

Esta sua localização central, perto de zonas comerciais e unidades de saúde, reflete-se num fluxo acrescido de pessoas, o que leva a que a FP apresente níveis de procura e de atendimento muito acentuados. Assim sendo, são prestados cuidados de saúde a um grupo heterogéneo de utentes: residentes locais, trabalhadores da zona, estudantes, utentes ocasionais (i.e. turistas) e utentes habituais, permitindo assim, uma maior aquisição de experiência e conhecimentos.

1.2 Recursos Humanos

A FP possui 23 profissionais de saúde que inclui a diretora técnica.

1.3 Horário de Funcionamento

A FP encontra-se aberta 24 horas, 365 dias por ano. A partir da meia-noite até as oito horas da manhã, a porta encontra-se fechada, sendo o atendimento feito por um postigo.

1.4 Espaço externo

De acordo com o artigo n.º28, do Decreto-Lei (DL) nº 307/2007, de 31 de Agosto1, no exterior da farmácia deve estar escrito a palavra “farmácia” ou exposto o símbolo “cruz verde”. Sob estas condições, a FP encontra-se ao nível da rua, sendo visível no seu exterior um letreiro superior e uma cruz verde luminosa, lateralmente, com informações como a temperatura ambiente.

A FP tem uma apresentação exterior bastante agradável e harmoniosa, que se encontra dentro de todas as exigências legais (Anexo I). O espaço de entrada é amplo, de fácil acesso e bastante convidativo. O espaço está distribuído de forma funcional, de modo a facilitar todas as tarefas necessárias ao normal dia-a-dia da Farmácia.

(15)

No espaço exterior, é ainda possível visualizar uma placa com o nome do Diretor Técnico (DT), o horário de funcionamento e a Farmácia de serviço, de forma a cumprir o DL nº 307/2007 de 31 de agosto, alterado pelo DL n.º171/2012 de 1 de agosto1,2. Na fachada da farmácia as montras são aproveitadas para a exposição de cartazes, onde o público pode tomar conhecimento dos serviços à sua disposição, para a exposição de produtos, publicidade e ainda Informações úteis. A FP também possui um parque privativo para os seus funcionários na traseira do edifício.

1.5 Espaço Interno

Todas as farmácias devem ter uma área útil total mínima de 85m2, e dispor obrigatoriamente de uma zona de atendimento geral, armazém, laboratório, escritório e instalações sanitárias, segundo o DL n.º 18/90, de 27 de Dezembro3. Na zona do rés-do-chão da FP encontra-se uma zona de atendimento ao público; uma zona de conferência e receção de encomendas; uma zona com o robot; um laboratório; uma zona para verificar receituário, um gabinete de atendimento personalizado; instalações sanitárias e um quarto de repouso para serviços noturnos. No primeiro piso localizam-se os escritórios de contabilidade e alguns gabinetes para variados serviços como acupuntura, nutrição, psicologia e podologia e no piso -1 a cozinha e uma zona de vestiários para os funcionários. Um piso abaixo está localizado o armazém.

A zona de atendimento ao público (anexo II) constitui um espaço amplo, funcional, iluminado, acolhedor, composto por uma zona com 8 postos de atendimento. Cada um deles está equipado com computador, impressora, leitores óticos de códigos de barras, uma gaveta e terminais de multibanco. Existem também dois CashGuard®, onde se debita o dinheiro das vendas.

Neste espaço estão distribuídos medicamentos de venda livre, medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), entre diversas linhas de produtos de dermocosmética, higiene oral, puericultura, alimentação, higiene infantil, ortopedia e um posto para a realização de testes bioquímicos. Estes produtos encontram-se organizados por marcas.

A zona de receção de encomendas (anexo III) é destinada à conferência e receção de encomendas (cuja entrada é realizada informaticamente), à sua posterior arrumação e à realização de devoluções sempre que tal se justifique. De forma a possibilitar a realização destas tarefas, temos à disposição três computadores, dois telefones sem fios e um com fios, uma impressora e duas impressoras de etiquetas. Na FP existe um grande volume de encomendas diárias, pelo que esta possui uma auxiliar especificamente responsável por esta atividade.

O laboratório (anexo IV) da FP destina-se à preparação de medicamentos manipulados, fórmulas magistrais e oficinais e preparações extemporâneas que são solicitados na farmácia. Para o efeito, neste espaço dispõe-se de todo o material associado a estas preparações,

(16)

bem como as matérias-primas, sendo que as condições de iluminação, humidade e ventilação do laboratório lhes proporcionam uma boa conservação, segundo as Boas Práticas de Farmácia Comunitária4. Todo o material, incluindo materiais de embalagem, está acondicionado em armários próprios. As matérias-primas encontram-se acondicionadas por ordem alfabética em armários, existindo um armário para matérias sólidas e um para matérias liquidas.

A FP possui um espaço onde se encontra o “Robot” e neste são guardados a maioria dos Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) da farmácia. Medicamentos com embalagem exterior não adequada (forma arredondada e grandes dimensões) é que não vão para o Robot, para além dos produtos do frigorífico e os que por interesse sejam exibidos nas prateleiras da farmácia. No robot também são guardados inúmeros MNSRM, como por exemplo Kompensan S®, Ben-U-Ron® (500mg), Fluimucil®, entre muitos outros pois são medicamentos que se vendem bastante na farmácia. O “Robot” torna o atendimento ao público mais rápido e eficiente, facilitando o trabalho do farmacêutico (Anexo V).

A zona de conferência de receituário possui dois locais de trabalho com duas secretárias, dois computadores, dois sistemas de leitura óticos do código de barras. Normalmente nesta zona, procede-se à conferência de receituário (Anexo VI).

2. Circuito geral de medicamentos e produtos

2.1 Sistema Informático

O tempo e recursos economizados, a uniformização dos serviços prestados e a possibilidade de deteção e correção rápida de erros são vantagens inegáveis da aplicação de sistemas informáticos nas farmácias. O sistema informático utilizado pela FP é o 4Digital

ERP®. Este programa permite a gestão e a identificação de todos os stocks, controlar os prazos de validade, a preparação, envio, e receção de encomendas, proceder a devoluções e regularizações, assim como a realização de vendas. Também permite consultar o INFARMED e aceder à ficha do cliente. Este programa trabalha em consonância com o Robot, permitindo pedir os medicamentos pretendidos e ainda a observação do stock que este possui de cada produto e o stock que existe no fora do robot.

Este sistema é bastante organizado e completo, permitindo a excelência no trabalho e a minimização de erros.

Cada profissional tem um n.º ou letra de utilizador (eu fui o utilizador com a letra K) e uma password que permite o acesso ao sistema.

Atualmente, trabalhar numa farmácia com eficiência e rapidez sem um programa informático seria uma tarefa muito complicada.

(17)

2.2- Aprovisionamento, Gestão e Administração de Stock

2.2.1 Escolha de Fornecedores e critérios de aquisição

Hoje em dia, é inviável para a farmácia possuir um stock elevado de produtos, pois a indústria de distribuição farmacêutica garante a sua rápida distribuição e estes podem ser adquiridos em algumas horas. Os distribuidores diários da Farmácia Portela são a Cooprofar,

OCP e Alliance Healthcare. Assumem um papel fundamental na farmácia pois têm uma

distribuição eficiente e rápida, permitindo dar uma resposta rápida a um cliente que necessite de algum medicamento que se encontre em falta.

Na FP as encomendas mensais ou de grandes quantidades são feitas aos laboratórios, de forma a usufruir das bonificações adjacentes.

Os fornecedores são escolhidos segundo diversos critérios: melhores condições de pagamento; preços mais competitivos e rentáveis para a Farmácia; maior rapidez na entrega; menor rutura de stocks; melhores serviços e maior diversidade de oferta de medicamentos e outros produtos; melhor facilidade de devolução (no caso de embalagens de medicamentos que se encontram danificados e/ou violadas, fora da validade, etc.); melhores promoções, campanhas e bonificações.

2.2.2 Rotação de stocks e ponto de encomenda

No sistema informático 4Digital ERP®, para cada produto está selecionado o stock mínimo e máximo, que pode ser alterado a qualquer momento. Para além disso, na folha do produto encontra-se o fornecedor usual para a realização da encomenda, o preço de custo, bonificações, as últimas compras, entre outros.

Portanto, à medida que determinado produto se vende, o programa vai ajustando o número e quando este atinge o número mínimo pré-definido, envia a informação para a proposta automática de encomenda, de forma a evitar a rutura de stocks. Também os produtos que se encontram esgotados vão aparecer na nota de encomenda. Por conseguinte, quando o profissional vai realizar a nota de encomenda, tem conhecimento que aquele produto tem de ser encomendado.

2.2.3 Realização de encomendas

Tal como foi referido, a elaboração da encomenda é efetuada de acordo com os produtos em falta com base num stock mínimo e máximo de cada produto, assim como os esgotados, de forma a suprir as necessidades dos utentes.

Uma vez analisada e aprovada a lista de produtos a encomendar, a encomenda é enviada via modem ao fornecedor.

(18)

Durante o meu estágio intervim com eventuais sugestões de encomenda, sendo que a listagem final passava por uma crítica análise por parte da Diretora Técnica ou da Farmacêutica Adjunta e restantes membros da equipa, de forma a adaptar a encomenda à realidade atual das necessidades da farmácia e dos utentes. Uma vez que este processo envolve fatores como a incidência de receituário, sazonalidade das doenças e campanhas de marketing, histórico de vendas dos produtos, aproximação de dias, de serviço e disponibilidade financeira da farmácia, só a experiência poderia ditar a realização do mesmo de forma independente, daí que eu, como estagiário, nunca realizei sozinho este procedimento.

Quando a farmácia pretende comprar grandes quantidades de medicamentos, pode contatar diretamente o fabricante o que permite à farmácia usufruir de preços mais acessíveis e descontos na compra dos produtos. Quando se efetuam este tipo de compras diretamente ao fabricante, temos de ter em conta o prazo de entrega e ao mesmo tempo temos de ter em atenção os problemas de saúde mais incidentes de acordo com a estação do ano para comprar apenas o mais necessário, evitando assim compras desnecessárias.

2.2.4 Receção e conferência de encomendas

Desde o início do meu estágio que participei ativamente neste processo, bem como no armazenamento de encomendas, acabando por me tornar bastante autónomo e responsável nesta tarefa, o que me permitiu ganhar à-vontade com o sistema informático e melhorar o meu conhecimento acerca dos mais variados produtos farmacêuticos, seus nomes comerciais e caraterísticas.

Como referido anteriormente, na FP existe um espaço destinado à realização da receção de encomendas. Estas são entregues pelos distribuidores, devidamente embaladas, com a identificação do armazenista, do destinatário e quando necessário com aviso para produtos especiais (produtos termolábeis ou psicotrópicos).

Aquando a chegada de encomendas, começava por consultar a respetiva fatura (Anexo VII) ou guia de remessa, e a entrada dos produtos era efetuada através do sistema informático. Quando existiam produtos de acondicionamento especial (termolábeis), estes eram os primeiros a ser rececionados e logo de seguida arrumados e acondicionados no frigorífico.

A receção das encomendas é realizada no sistema informático, utilizando a lista de encomenda gerada pelo modem ou procedia a uma receção direta, quando a encomenda era realizada manualmente ou pelo telefone.

Inicialmente introduzia cada produto na listagem da encomenda a rececionar através da leitura ótica do código nacional de produto (CNP). Após a passagem do código do produto verificava o seu prazo de validade e caso fosse necessário, atualizava-o tendo em conta a embalagem com um menor prazo de validade. Após esta verificação, aplicava as alterações

(19)

necessárias e confirmava (corrigindo quando necessário) o preço de fatura (PVF), preço de venda a público (PVP) e a quantidade rececionada com a debitada na fatura.

Caso se tratasse de um produto novo na farmácia, procedia à criação de uma ficha de produto. No caso dos produtos de venda livre (no sistema informático da FP designam-se por “produtos Nett”), cabe à farmácia deliberar as margens de lucro a aplicar sobre o preço de custo dos mesmos, por isso inseria a margem pretendida aquando a receção da encomenda.

No final, confirmava tudo novamente e se o valor total da encomenda fosse igual ao da fatura ou guia de remessa, finalizava o processo, anexando a esta um documento impresso relativo a receção da encomenda.

Em relação aos psicotrópicos e estupefacientes, a fatura ou guia de remessa vinha sempre acompanhada por uma Requisição de Substâncias Psicotrópicas e Estupefacientes (Anexo VIII).

2.2.5 Controlo de Prazos de Validade

A gestão dos prazos de validade é uma atividade de extrema importância para todas as farmácias uma vez que evita prejuízos económicos e garante proteção para os utentes.

Na FP efetuei o controlo dos prazos de validade através da emissão de uma lista com os produtos com prazo de validade a expirar no mês seguinte e, caso existissem medicamentos que reunissem essas condições, separei-os dos restantes para que posteriormente se procedesse à sua devolução aos fornecedores.

2.2.6 Condições de armazenamento

O armazenamento de cada produto deve respeitar determinados critérios, sobretudo, a natureza dos produtos, o prazo de validade, condições especiais de conservação e o espaço disponível. Um armazenamento organizado é essencial para reduzir o tempo necessário para a procura de produtos, proporcionando uma rápida dispensa e um maior foco no utente.

A etapa posterior à da receção das encomendas é o armazenamento dos produtos. Os medicamentos termolábeis (insulinas, vacinas e alguns colírios) devem ser armazenados num frigorífico com a temperatura rigorosamente controlada entre os 2ºC e os 8ºC. Os restantes são colocados num carrinho, para depois serem dispostos ou no robot, ou na zona do atendimento geral, ou no armazém, consoante as necessidades. Na zona das encomendas também existem alguns armários onde são colocados os produtos farmacêuticos que por diversas razões não podem ir para o robot, como seringas, sondas, termómetros, produtos farmacêuticos com embalagens arredondadas, entre muitos outros.

Há que ter em conta a forma de se obter um melhor atendimento mas também a forma de se garantir a conservação e integridade de cada medicamento. Para isso é necessário que a temperatura no interior da farmácia ronde os 25ºC, a humidade seja de aproximadamente 60%.

(20)

Durante o meu estágio eu fiquei responsável por verificar e anotar a temperatura e humidade relativa, de manhã e à tarde.

Todos os medicamentos encontram-se organizados respeitando sempre o princípio First

Expired First Out (FEFO), a qual se traduz na colocação de produtos com menor prazo de

validade à frente, criando-se uma ordem de prazo de validade. Isto garante uma rotação adequada de stocks, levando a que sejam vendidos primeiro os que já estão há mais tempo na farmácia e cuja validade expira primeiro.

2.2.7 Reservas

Caso o medicamento não se encontrasse disponível na farmácia, questionava ao utente se desejava proceder à reserva destes. Na FP o sistema de reservas divide-se em reservas pagas e reservas não pagas. Nas reservas pagas, o cliente já deixa o produto pago, facilitando o processo de levantamento do mesmo. Nas reservas não pagas, o cliente só paga no momento do levantamento do produto.

As reservas são realizadas no 4Digital ERP®. No ato da venda, a reserva é gerada automaticamente em forma de talão com o nome, número de telefone do cliente e se estiver paga, uma referência “pago”. Quando dava entrada dos produtos reservados, o sistema resolvia automaticamente a reserva, era impresso outro talão que se junta ao produto e também automaticamente era enviada uma mensagem para o cliente.

Durante o estágio, quando estava no atendimento geral realizava algumas reservas, tendo o cuidado de verificar primeiro junto dos distribuidores a disponibilidade do produto.

2.2.8 Devoluções

A devolução de medicamentos e produtos de saúde pode ser justificada por vários motivos: produto encomendado por engano; prazo de validade expirado; embalagem danificada ou conteúdo em mau estado de conservação aquando a receção da encomenda; embalagem sem preço; encomenda em duplicado; envio de produto não faturado pelo fornecedor; ordem de recolha do produto do mercado por parte do INFARMED; desistência por parte do utente, entre outros.

Esta ação é realizada no sistema informático. Nestes casos emitia uma nota de devolução, impressa em triplicado, onde registava o fornecedor, o produto em causa, o motivo da devolução, o número da fatura de compra, bem como a quantidade do produto. Uma das cópias ficava armazenada na farmácia (triplicado) e as outras cópias são enviadas para o fornecedor, anexadas ao produto.

Ao longo do estágio assisti e realizei algumas devoluções. Nas devoluções que realizei, o fornecedor aceitou sempre a devolução, emitindo uma nota de crédito ou trocando o produto. Quando a resposta é negativa, o produto vem devolvido à farmácia.

(21)

3. Dispensa de medicamentos

De entre as diferentes funções que o farmacêutico comunitário tem vindo a assumir no exercício da sua profissão, a dispensa de medicamentos continua a ser, sem margem para dúvidas, a de maior realce.

O farmacêutico, enquanto profissional de saúde, é o agente que se encontra mais próximo do doente sendo também o último a contactar com o doente. Sendo assim, no momento da dispensa de medicamentos o farmacêutico tem o dever de promover uma utilização racional destes e ao mesmo tempo zelar pela saúde e bem-estar do doente.

De acordo com o DL nº176/2006 de 30 de Agosto5, os medicamentos são classificados, quanto à dispensa ao público, em MSRM e MNSRM.

3.1) MSRM

De acordo com o Artigo 114.º do Estatuto do Medicamento, os MSRM são todos aqueles medicamentos que só podem ser adquiridos mediante apresentação de uma prescrição médica pois obedecem a pelo menos um dos seguintes critérios:

Podem constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para os fins a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

Podem representar um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, quando forem usados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que o medicamento se destina;

Possuam substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar;

Destinam-se a ser administrados por via parentérica.5

3.1.1) Prescrição médica e validação da receita médica

Segundo o DL n.º 176/2006, de 30 de Agosto, a receita médica é o “documento através

do qual são prescritos, por um médico ou, nos casos previstos em legislação especial, por um médico dentista ou por um odontologista, um ou mais medicamentos determinados”.5

Os MSRM apenas podem ser dispensados pelo Farmacêutico através da apresentação de uma receita médica válida por parte do utente.

A Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de maio, regulamentada pelo Despacho n.º 15700/2012, de 30 de novembro, determina o modelo de receitas do Sistema Nacional de Saúde (SNS) que, na grande maioria das situações, deverá ser em suporte eletrónico6,7. Apenas em raras exceções, descritas pelo art.º 8 da Portaria n.º 137-A/2012, é possível validar uma receita prescrita à mão, e estas incluem: a) falência do sistema informático; b) inadaptação

(22)

fundamentada do prescritor; c) prescrição ao domicílio ou d) profissionais com volume de prescrição igual ou inferior a 40 receitas por mês 6 (ANEXO X).

A prescrição da receita tem de ser feita por Denominação Comum Internacional (DCI), recorrendo ao Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM), que engloba o nome da substância ativa (SA), a dosagem, a forma farmacêutica e o número de unidades. Este código é muito útil pois através da sua introdução no sistema informático garante o acesso a todos os medicamentos que podem dispensados mediante aquela prescrição.

Há ainda a possibilidade da prescrição poder ser realizada por denominação comercial (por marca ou nome do titular de autorização de introdução no mercado) quando não existem medicamentos de marca ou medicamentos genéricos comparticipados similares ao prescrito ou se o médico prescritor incluir uma das seguintes justificações técnicas:

 Alínea a) Medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito (onde na receita tem que constar a menção “Exceção a) do n.º3 do art.6.º”)

 Alínea b) Reação Adversa Prévia (Quando existe uma suspeita fundada, previamente reportada ao INFARMED, de intolerância ou reação adversa a um medicamento com a mesma SA, mas identificado por outra denominação comercial; neste caso, na receita tem de constar a menção “Exceção b) do n.º3 do art.6.º”)

 Alínea c) Continuidade do tratamento superior a 28 dias (onde na receita tem que constar a menção “Exceção c) do n.º3 do art. 6.º”)

A farmácia deve ter em stock pelo menos três medicamentos dos cinco com o PVP mais baixo do mesmo grupo homogéneo. No caso de ausência de exceções, é obrigatória a dispensa de um dos cinco mais baratos destes medicamentos, a não ser que o utente exerça o seu direito de opção por um medicamento mais caro.

As receitas médicas têm de respeitar a Portaria n.º137-A/2012, de 11 de maio (alterada pela Portaria n.º 224-A/2013 de 9 de julho) que estabelece os parâmetros necessários para garantir a validade de uma receita6,8,9. O limite de prescrição para cada receita médica é de quatro medicamentos por receita, sendo que, por cada medicamento, só podem ser prescritas até duas embalagens. No caso de medicamentos unitários, poderão ser prescritas até quatro embalagens e nas receitas para prescrição de dispositivos abrangidos pelo Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes, não devem constar outro tipo de medicamentos.

No que diz respeito à data de validade, existem dois diferentes tipos de receitas: as não renováveis, com validade até 30 dias e as renováveis, com validade até seis meses após a data de emissão, que podem ser passadas em triplicado, e que se destinam a medicação de uso

(23)

crónico, como por exemplo em doentes com hipertensão arterial, com diabetes mellitus, com epilepsia, com cancro, entre várias outras doenças.

3.1.2 O ato da dispensa

Quando recebia a receita tentava, verificava a legalidade da mesma e o seu correto preenchimento antes de dispensar e faturar o devido medicamento. (Anexo XI)

Convém salientar que, enquanto profissional de saúde, o farmacêutico não é um simples vendedor, devendo por isso ter uma participação ativa na dispensa do medicamento. Assim, como farmacêutico, eu assegurava se a prescrição era adequada aos sintomas do utente, se a posologia estava conforme, deveria saber se os medicamentos sofrem interações com os alimentos ou com outros medicamentos e devia conhecer os efeitos adversos dos medicamentos e alertar o utente para estes.

Se achasse que existia alguma irregularidade, contatava o médico prescritor para resolver os problemas, sempre com o objetivo latente de assegurar a saúde do doente.

Por fim, tentava sempre garantir que o doente saía da farmácia sem dúvidas e por isso expunha muito calmamente as informações necessárias ao utente sobre os medicamentos, bem como respondia às suas dúvidas de maneira simples e adequada.

Posteriormente a esta etapa de interpretação e avaliação farmacêutica procedia à dispensa do medicamento no sistema informático. Após o término da venda, lia o código da receita e no verso da receita, eram impressas informações como, informação da farmácia, data e número da venda, organismo, código de identificação de quem dispensou o medicamento, informações dos medicamentos dispensados (quantidade e código de barras), PVP, valor comparticipado e o valor pago pelo utente. O utente assinava num local específico se os medicamentos lhe foram corretamente dispensados e se exerceu ou não direito de opção. Por fim, escrevia a data, assinava e carimbava a receita (Anexo XII).

São inúmeros os organismos responsáveis pela comparticipação, sendo que esta pode ser partilhada no caso de se verificar a complementaridade de dois organismos diferente, como por exemplo entre o SNS e o SAMS QUADROS. Durante o meu estágio, verifiquei que as entidades mais comuns são o Sistema Nacional de Saúde/Regime Geral (organismo 01) ou Sistema Nacional de Saúde/Pensionistas (organismo 48).

No caso de regimes de complementaridade, é necessário processar duas receitas: a original que vai para o organismo de comparticipação da receita (geralmente, o SNS) e uma fotocópia (contém fotocópia do cartão de beneficiário) que é enviada para o outro organismo (i.e. SAMS QUADROS).

(24)

3.1.3 Comparticipações

Quando o utente se dirige à farmácia e adquire um medicamento comparticipado, paga apenas a diferença entre o PVP e o valor da comparticipação (a farmácia é posteriormente reembolsada pelo organismo de comparticipação em questão).

A comparticipação normal do SNS atribuída aos grupos farmacoterapêuticos encontra-se dividida em quatro escalões: escalão A (90% do PVP), escalão B (69% do PVP), escalão C (37% do PVP) e escalão D (15% do PVP) 10.

Aos pensionistas (presença da letra “R” na receita), cujo rendimento total anual não excede 14 vezes o salário mínimo nacional, a comparticipação do Estado no preço dos medicamentos integrados no escalão A é acrescida de 5% e nos escalões B, C e D de 15%10. Para os medicamentos sujeitos a comparticipações especiais, o respetivo despacho ou portaria deve vir mencionado na receita. Por exemplo, o despacho 10280/2008, de 11 de Março, define a comparticipação para medicamentos opióides em doentes com dor crónica não oncológica11. Para alguns destes despachos só determinados médicos especialistas é que podem prescrever a receita, enquanto que médicos de família não podem faze-lo. Por exemplo, no Despacho 14123/2009, só podem prescrever receitas para a artrite reumatoide ou espondilite anquilosante especialistas em reumatologia ou medicina interna. Outro exemplo é o Despacho 13020/2011 que define que para a doença de Alzheimer só neurologistas e psiquiatras possam prescreve.

Além do SNS, existem outras entidades comparticipantes, tais como a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e, ainda, subsistemas que atuam como complementos do SNS.

Durante o meu estágio tive oportunidade de contactar com este tipo de comparticipações e organismos.

3.1.4 Dispensa de psicotrópicos e estupefacientes

Os psicotrópicos e estupefacientes são medicamentos que atuam ao nível do Sistema Nervoso Central podendo exercer uma ação depressora ou estimulante. Como tal, podem provocar dependência física e psíquica, sendo necessário um controlo mais rigoroso em relação a este tipo de medicamentos.

Estes medicamentos estão compreendidos nas tabelas I e II anexas ao Decreto-Lei nº 15/93, de 22 de Janeiro e devem ser prescritos individualmente, na receita13.

Quando dispensei estes medicamentos, aquando o registo informático da venda, tive de solicitar a identificação do médico prescritor, do utente (nome e morada) e do adquirente (nome, número de bilhete de identidade, data de emissão do mesmo e idade), bem como colocar a data da receita médica.

Imprimi os dados do adquirente no verso da receita, e solicitei uma assinatura legível. Tirei duas cópias e, enquanto a receita original segue para a entidade responsável pela

(25)

comparticipação com o restante receituário, uma das cópias, que tem agrafado os documentos de psicotrópicos (Anexo XIV), é guardada na farmácia durante um período mínimo de três anos.

3.1.5 Conferência de receituário

A conferência de receitas médicas é uma atividade fundamental para o controlo do aviamento da receita na farmácia. Tem como objetivo conferir se as receitas cumprem os requisitos legais, se não possuem erros. Sempre que é encontrada uma situação irregular, esta pode ser emendada. No final de cada mês, por cada organismo de comparticipação são feitos lotes de 30 receitas.

Na Farmácia Portela, este processo é realizado diariamente, num local específico para a tarefa, por um profissional destacado para aquela função. Este processo é rotativo, sendo um funcionário designado mensalmente para exercer mais especificamente esta função.

Durante o meu estágio estive cerca de um mês a conferir receitas, sempre supervisionado. Por pedido do INFARMED realizei um manual “Procedimento Normalizado para Conferência de receituário”, que explicava de forma sucinta as caraterísticas de uma receita médica e como conferir o receituário de forma a minimizar os erros (Anexo XV) e um esquema resumido com o processo de conferência das receitas (Anexo XVI)

3.1.6 Vendas suspensas

As vendas suspensas são de carácter excecional e apenas eram realizadas na FP caso o utente fosse um cliente habitual e no momento não possuísse a respetiva receita.

Na teoria, a medicação não deve ser vendida sem receita médica, mas muitas vezes lidei com situações em que por diversas razões, os utentes ainda não possuíam a receita. Uma vez que se tratava de medicação crónica e tínhamos o registo dos utentes na sua ficha de cliente, foi facilitado o medicamento. Os medicamentos eram pagos por inteiro e depois quando os utentes trouxessem a receita, a diferença era devolvida.

3.2 MNSRM

De acordo com o artigo 115º do Estatuto do Medicamento os MNSRM, como o próprio nome indica, são medicamentos que não apresentam as condições previstas para estarem incluídos no grupo dos medicamentos sujeitos a receita médica5. Contudo, estes medicamentos têm que conter indicações terapêuticas de forma a tratar ou atenuar patologias ou alterações de saúde de grandeza menor que são comercializados na Farmácia. Os MNSRM têm o seu PVP sujeito ao regime de preços livres e podem ser vendidos ao público fora das farmácias em locais que cumpram os requisitos legais e regulamentares13.

Assim, este tipo de medicamentos pode ser dispensado ao doente através do Aconselhamento Farmacêutico, por opção do próprio doente (automedicação) ou então por

(26)

prescrição do médico. Em todos estes casos o farmacêutico deve ter um papel interveniente e ativo no aconselhamento que dá ao utente.

3.2.1 Automedicação

A automedicação é a utilização de MNSRM de forma responsável, sempre que se destine ao alívio e tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade, com a assistência ou aconselhamento opcional de um profissional de saúde14. A utilização de MNSRM é hoje uma prática integrante do sistema de saúde. Contudo, esta prática de automedicação tem de estar limitada a situações clínicas bem definidas e deve efetuar-se de acordo com as especificações estabelecidas para aqueles medicamentos15.

Durante o meu estágio, tive cerca de um mês e meio no atendimento, sendo este o meu maior desafio ao longo do estágio. Avaliei sempre de forma responsável e consciente se o problema de saúde em causa poderia ser tratado com MNSRM ou se era necessário encaminhar para o médico. Para tomar estas decisões recorri sempre na comunicação com o doente, de forma a obter a informação necessária como por exemplo: as queixas do doente, os sintomas, a intensidade e o tempo de duração, se o utente já tomou algum medicamento para o mesmo fim e outras patologias que possa ter. Isto é essencial para se poder avaliar o problema de saúde e a decidir qual é o melhor tratamento e aconselhamento. Certos grupos de doentes (crianças, grávidas, mulheres a amamentar, doentes crónicos) carecem de uma atenção especial e há que ter cuidados reforçados, não só na comunicação oral, mas também na própria avaliação da sintomatologia.

Sempre tive a responsabilidade de informar o doente acerca das indicações terapêuticas dos medicamentos, como tomar e a posologia, a duração do tratamento, os efeitos adversos e as interações mais relevantes, assim como informar que se o problema persistisse deveria consultar um médico. Também tive sempre o cuidado de recomendar medidas não farmacológicas que achava relevantes para o problema de saúde em questão como hábitos alimentares, a prática de exercício, entre outros.

Pela minha experiência os MNSRM mais procurados pelas pessoas foram antigripais, antipiréticos, analgésicos, xaropes antitússicos e expetorantes e suplementos vitamínicos.

3.2.2 Dispensa de outros produtos

Na FP, para além dos MSRM e dos MNSRM, também se realiza a dispensa de produtos de dermocosmética, produtos fitoterápicos, homeopáticos, de uso veterinário, dispositivos médicos, entre outros.

A FP possui uma forte componente de material ortopédico, sendo que ao longo do meu estágio aconselhei algumas pessoas com cintas pós gravidez, meias elásticas, bengalas, andarilhos, entre outros. Neste tipo de produtos, senti grandes dificuldades no aconselhamento,

(27)

porque são produtos menos debatidos na faculdade, e só com a experiência se consegue atingir o nível de conhecimento necessário para prestar o serviço de aconselhamento adequado.

4. Medicamentos manipulados

Um medicamento manipulado segundo o Decreto-Lei n.º 95/2004, de 22 de Abril pode ser entendido como: “qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico16.

Cabe ao farmacêutico responsável pela preparação do medicamento manipulado, garantir a qualidade do mesmo e verificar a sua segurança, no que concerne às doses da(s) substância(s) ativa(s) e à existência de interações que ponham em causa a ação do medicamento ou a segurança do utente.

A Portaria nº 594/2004, de 2 de Junho, aprova as boas práticas a observar na preparação de medicamentos manipulados em farmácia de oficina e hospitalar17.

O farmacêutico deve garantir que se cumprem todos os requisitos nomeadamente: a limpeza e higiene da banca de trabalho, as boas condições das matérias-primas e do material de embalagem, e o cumprimento das especificações que um rótulo deve conter.

Durante o meu estágio dediquei muito tempo à preparação de manipulados como Minoxidil, Suspensão Oral de Nitrofurantoína, Pomada Salicilada a 10%, entre muitos outros e realizava esta tarefa sempre com a supervisão de uma farmacêutica responsável. Elaborava uma ficha de preparação com o objetivo de registar: o número de lote, os procedimentos e as substâncias utilizadas, os controlos de qualidade, as condições de conservação, os dados do utente e do médico prescritor e o cálculo do preço de venda ao público e elaborava também os rótulos dos manipulados (Anexo XVII). No final da preparação, registava a quantidade de matérias-primas utlizadas e anexava a ficha de preparação e a receita médica numa capa específica.

Sempre me revelei muito confiante e sereno na preparação dos manipulados e para isso contribuíram e muito as aulas de tecnologia farmacêutica. Estas aulas determinaram-se vitais para mim, pois muniram-me dos conhecimentos teóricos e práticos necessários para a realização desta tarefa, pelo que consigo afirmar claramente a importância das disciplinas de tecnologia farmacêutica na prática comum de uma farmácia comunitária.

5. Farmacovigilância

A farmacovigilância consiste na determinação da incidência, gravidade e grau de causalidade de reações adversas a medicamentos (RAM’s) ou interações medicamentosas de forma, a melhorar a qualidade e segurança dos medicamentos em defesa do utente e da Saúde Pública18. Os farmacêuticos são profissionais de saúde que interagem constantemente com as populações, tendo por isso o dever de tentar recolher ao máximo informações sobre os efeitos

(28)

adversos dos medicamentos nos doentes e consequentemente se necessário preceder à sua notificação.

Esta notificação pode ser feita através de fichas de notificação disponibilizadas para este efeito, por contacto telefónico ou pelo envio da informação por fax ou email.

Durante o meu estágio, não surgiu nenhuma situação que implicasse a notificação de RAM’s não notificados.

6. Serviços prestados pela farmácia

A Portaria nº 1429/2007, de 2 de novembro, consagrou a possibilidade das farmácias prestarem serviços farmacêuticos de promoção da saúde e do bem-estar dos utentes. Assistiu-se assim a uma evolução das farmácias, passando de meros locais de venda de medicamentos, para o reconhecimento por parte dos utentes como espaços de saúde.

As farmácias podem prestar os seguintes serviços farmacêuticos de promoção da saúde e do bem-estar dos utentes: apoio domiciliário; administração de primeiros socorros; administração de medicamentos; utilização de meios auxiliares de diagnóstico e terapêutica; administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação; programas de cuidados farmacêuticos; campanhas de informação e colaboração em programas de educação para a saúde19.

A FP possui diversos serviços como:

 Parâmetros bioquímicos e fisiológicos: determinação do peso, da altura e do IMC; medição do colesterol total, glicémia, triglicerídeos, ácido úrico e determinação da pressão arterial (PA). Quando realizei estas determinações e constatei que os parâmetros se encontravam fora do normal tentei sempre alertar os doentes para as patologias que poderiam decorrer dos valores anormais, ou então caso os utentes já tivessem alguma patologia tentei sempre perceber se estariam a tomar a medicação de forma correta, e aconselhei medidas não farmacológicas com o objetivo de evitar a progressão da doença. No final, apontava sempre os valores das medições em cartões próprios para o efeito, juntamente com data e hora para o utente levar e mostrar ao médico se necessário.

 Administração de Vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação. Neste tópico convém referir que não cheguei a fazer vacinação, pois é necessário um curso externo para poder realizar esta tarefa.

Consultas de podologia, nutrição, psicologia e acupuntura.

6.1 ValorMed®

VALORMED é uma sociedade sem fins lucrativos que se destina a gerir os resíduos de embalagens vazias e medicamentos que já não são utilizados. Esta sociedade foi criada com

(29)

base na colaboração entre a Indústria Farmacêutica, Distribuidores e Farmácias em face da sua consciencialização para a especificidade do medicamento enquanto resíduo20.

A criação de um sistema de gestão deste tipo de resíduos veio responder ao desafio urgente de criação de um sistema autónomo para a recolha e tratamento dos resíduos de medicamentos, conduzindo a um processo de recolha e tratamento seguros. Desta forma, evita-se que, por razões de saúde pública, estejam "acessíveis" como qualquer outro resíduo urbano. É obrigação das farmácias sensibilizarem e incentivarem os utentes para aderirem e entregarem todos os medicamentos fora de prazo que tenham em casa.

7. Marketing na farmácia

Na FP, assim como em qualquer outra farmácia, ou até qualquer estabelecimento, o marketing assume um papel fundamental. Assim, decisões quanto aos produtos comercializados, serviços prestados, política de preços, localização e equipa de trabalho são cuidadosamente determinadas. Os profissionais de saúde da FP promovem um ambiente familiar e personalizado ao cliente, levando à fidelização deste. Para além disso a FP, como já falado anteriormente, organiza vários rastreios e workshops em diversas áreas. Neste contexto eu realizei um rastreio na FP, no âmbito da Hipertensão arterial, onde forneci aos utentes um panfleto realizado por mim e lhes media a pressão arterial de forma gratuita, assim como lhes esclarecia as duvidas que pudessem ter e lhes proporcionava informação relevante sobre a doença.

A FP possui uma página na internet com diversas informações para os clientes.

8. Formações

Durante o meu período de estágio frequentei inúmeras formações. Para mim, pessoalmente isto foi importantíssimo, permitindo-me estar mais a vontade no aconselhamento de produtos de dermocosmética, por exemplo, quando estava no atendimento ao balcão.

Tive a oportunidade de assistir a inúmeras formações, tais como:

 “Nutrição Infantil nos primeiros 1000 dias de vida”

 “Nutrição Clinica”

“Homeopatia Veterinária” , promovida pelos laboratórios Boiron

 “Farmácia e o Aconselhamento à mulher em anticoncetivos”

 “Curso Geral Bioderrma”

 “Curso de formação Temática Pierre Fabre Acne, Anti-Queda e Anti-Envelhecimento”

 “Terapêutica nutricional com Q10 na patologia cardiovascular e terapêutica nutricional com crómio na resistência à insulina”

(30)

 “Curso de formação Avéne”

9. Considerações finais

“O papel do farmacêutico no mundo é tão nobre quão vital. O farmacêutico representa o órgão de ligação entre a medicina e a humanidade sofredora. É o atento guardião do arsenal de armas com que o médico dá combate às doenças. É quem atende às requisições a qualquer hora do dia ou da noite. O lema do farmacêutico é o mesmo do soldado: servir.”

Monteiro Lobato

A oportunidade de estagiar na FP permitiu-me entender o funcionamento de uma Farmácia Comunitária pois realizei praticamente todas as tarefas que um farmacêutico pratica no dia-a-dia de uma farmácia. Adquiri inúmeras apetências, tanto ao nível profissional como a um nível mais pessoal e percebi que um bom relacionamento com os utentes é tão importante como o conhecimento farmacêutico, para se poder realizar com excelência esta profissão.

Toda a equipa da FP foi e será vital para o meu desenvolvimento profissional e pessoal. Para concluir, o estágio mostrou-se uma componente imprescindível na minha formação e foi sinónimo de aprendizagem, experiência e, acima de tudo, preparação para a vida futura profissional.

(31)

PARTE II - DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO

ESTÁGIO

1. Hipertensão arterial

1.1. Contextualização

A Hipertensão Arterial (HTA) é uma doença recorrente na nossa sociedade.

Globalmente, as doenças cardiovasculares são responsáveis por aproximadamente 17 milhões de mortes por ano, aproximadamente 1/3 do número de mortes totais. Destas, cerca de 9,4 milhões de mortes são provocadas pelas complicações da hipertensão. A HTA é também responsável por 45% de mortes por doenças coronárias e 51% das mortes por ataques vasculares cerebrais (AVCs)21.

Em 2008, foi diagnosticada hipertensão em cerca de 40% dos adultos com idade superior a 25 anos, sendo que o número de pessoas que sofrem de hipertensão aumentou de 600 milhões em 1980, para 1 bilião em 2008. A prevalência da HTA atinge o seu valor máximo no continente Africano, abrangendo cerca de 48% de pessoas e atinge o seu valor mínimo no continente Americano, com uma percentagem a rondar os 35%. No geral, pode-se afirmar que nos países mais ricos, a prevalência da hipertensão é menor, ao contrário dos países mais pobres, contudo os valores não são muito díspares.

Não só a hipertensão é mais prevalente em países pobres e médios, como também há mais pessoas afetadas, visto que há mais pessoas a viver nestes países do que em países de classe socioeconómica mais alta. Assim devido aos fracos sistema de saúde destes países de classe socioeconómica mais baixa, o número de pessoas com hipertensão não diagnosticada, não controlada e não tratada é também maior21.

Em Portugal, existem cerca de dois milhões de hipertensos22. Todavia, deste número, apenas 46,1% sabe que sofre desta patologia, 39% está medicado e 11,2% tem a tensão efetivamente controlada23.

Exatamente por existir uma percentagem tão elevada de doentes cuja hipertensão não é controlada ou corrigida, é que a HTA é um dos principais fatores de risco no aparecimento de doenças cardiovasculares.

Praticamente todos os dias durante o estágio, pude verificar pessoalmente que a hipertensão é uma doença que afeta inúmeras pessoas, sendo no entanto uma preocupação inerente dos utentes com esta patologia a deslocação regular à farmácia para controlarem a sua pressão arterial, ou até para terem um aconselhamento mais pormenorizado e personalizado.

(32)

1.2 Definição

HTA, também conhecida como PA elevada, é uma condição na qual os vasos sanguíneos têm um persistente aumento da pressão. O sangue é transportado do coração para todas as partes do corpo em vasos sanguíneos (artérias). Cada vez que ocorre um batimento cardíaco, o coração bombeia sangue para as artérias, sendo que a PA é criada pela força com que o sangue ”empurra” as artérias depois de bombeado pelo coração. Como a PA está permanentemente aumentada, o coração vai ter maior dificuldade em bombear o sangue.

Se a hipertensão não for controlada pode levar a um ataque cardíaco, hipertrofia cardíaca e eventualmente falha cardíaca. A pressão sanguínea elevada nos vasos pode também levar a que este vaze para o cérebro onde pode provocar um AVC. A HTA também pode levar à insuficiência renal, cegueira, rutura de vasos sanguíneos e comprometimento cognitivo21.

Diz-se que uma pessoa é hipertensa quando os valores de pressão arterial sistólica (PAS), em repouso são iguais ou superiores a 140 mmHg e os valores da pressão arterial diastólica (PAD), em repouso são iguais ou superiores a 90 mmHg24. Existem diversos graus para a hipertensão, que é considerada mais grave consoante o aumento da pressão sanguínea (Anexo XVIII) 24.

Existem recomendações internacionais que estratificaram o risco cardiovascular (CV) em diferentes categorias, baseado nos níveis de PAS, PAD, fatores de risco cardiovascular, lesão assintomática em órgãos, diabetes, doença CV sintomática ou na doença renal crónica (Anexo XIX) 24.

1.3 Fisiopatologia (causas, sinais e sintomas)

1.3.1 Causas

Existem diversas causas que podem levar uma pessoa a sofrer de hipertensão, tal como descrito na Figura 1. Entre estes, destacam-se fatores comportamentais tais como uma alimentação rica em sal e gorduras e uma pobre em frutas e vegetais, o consumo exacerbado de álcool, a falta de atividade física e o stress. Conjuntamente com estes aspetos, existem diversos fatores metabólicos que aumentam o risco de ataques cardíacos, AVCs, falhas renais e outras complicações da HTA, que incluem diabetes, níveis de colesterol elevado e excesso de peso ou obesidade21.

(33)

Fatores socioeconómicos também podem ter um certo impacto nomeadamente nos fatores de risco comportamentais. Por exemplo, uma pessoa desempregada ou que receie o desemprego vai ter níveis de stress maiores que podem influenciar a sua tensão arterial. As condições de vida e de trabalho também podem levar a um atraso no diagnóstico e tratamento da hipertensão, nomeadamente pessoas com menores poder económico.

Um ambiente citadino também promove maus hábitos comportamentais, pois neste tipo de ambientes há um maior incentivo ao consumo de “fast food”, ao consumo de tabaco, estilo de vida sedentário e consumo excessivo de álcool, condutas essas que estão ligadas a um aumento da PA.

Por vezes, não há causa aparente para uma pessoa ser hipertensa, pelo que os fatores genéticos aqui podem ter um papel preponderante.

Em alguns casos, há um aumento temporário da PA da pessoa devido à ansiedade da consulta ao médico ou da visita à farmácia, que é designado por síndrome da bata branca. Nestes casos, ao medir a pressão arterial em casa ou medir varias vezes no consultório do médico ou farmácia pode revelar se se trata de um caso destes ou não.

1.3.2 Sinais e sintomas

Poucos ou nenhuns sintomas clínicos têm sido atribuídos diretamente à hipertensão, e o diagnóstico desta doença acontece normalmente num rastreio ou num consultório médico25.

Inúmeros estudos são realizados para demonstrar que a hipertensão arterial é uma condição problemática e que a procura de atingir valores de pressão arterial baixa é a resposta para obter menores complicações de saúde25.

(34)

Medir a PA regularmente (principalmente de manhã, uma vez que os níveis de cortisol são mais elevados) constitui uma medida simples e fácil para evitar contornos problemáticos em torno dessa patologia. Estar atento a problemas associados à hipertensão como dores de cabeça durante a manhã, vertigens, zumbidos, distúrbios na visão ou mesmo episódios de desmaio, são igualmente sinais a reter para efeitos de diagnóstico26.

1.4 Tratamento farmacológico

O principal objetivo da terapêutica farmacológica anti-hipertensora é a máxima redução da morbilidade e mortalidade cardiovascular ou renal. O seu objetivo operacional é a redução persistente da PA para valores considerados normais, com o mínimo de reações adversas, conservando o melhor possível a qualidade de vida27.

Na população hipertensa em geral, o objetivo será a redução da PA para valores inferiores a 140/90 mm Hg. Nos doentes hipertensos diabéticos ou com doença renal, o objetivo será a redução da PA para valores inferiores a 130/80 mm Hg27.

A classificação dos anti hipertensores, face ao seu principal mecanismo de ação é organizada em seis grandes grupos:

Diuréticos: Tiazidas e análogos; Diuréticos da ansa; Diuréticos poupadores de potássio; Inibidores da anidrase carbónica; Diuréticos osmóticos; Associações de diuréticos

Modificadores do eixo renina angiotensina: Inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECAs); Antagonistas dos recetores da angiotensina (ARAs)

Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC)

Depressores da atividade adrenérgica: Bloqueadores α; Bloqueadores β; Agonistas α-2 centrais

Vasodilatadores

Outros28

A terapêutica de uma hipertensão deve começar por um fármaco único, em dose inicial baixa, aumentando progressivamente até obter o efeito desejado ou aparecimento de reações adversas evidentes. A escolha deve recair inicialmente nos diuréticos tiazídicos ou nos bloqueadoresβ28,29

.

A escolha inicial de um anti hipertensor deverá recair num de 1ª linha como um diurético. Se houver necessidade de associar dois anti hipertensores, a associação ainda deverá recair em dois de 1ª linha. Em caso de ser necessário juntar um terceiro anti-hipertensor, optar-se-á por outro de 2ª linha, de eficácia comprovada28.

(35)

Diuréticos

Os diuréticos dividem-se em várias categorias, tal como já descrito28. Os mecanismos de ação encontram-se figurados abaixo (Figura 2) 30.

Figura 2- Mecanismo de ação das diferentes categorias de diuréticos ao nível do sistema

tubular. De uma maneira geral, os diuréticos regulam a pressão arterial ao interferir ao nível da retenção/absorção de água e sais. Adaptado de Nature et al30.

Das tiazidas e análogos fazem parte a clorotalidona (Hygroton®), indapamida (Fludex®), e algumas moléculas de estrutura tiazídica da qual se destaca a hidroclorotiazida, mas que é sempre usada em associação com outro diurético ou outro anti-hipertensor. As tiazidas e análogos atuam essencialmente na inibição da reabsorção de sódio na porção inicial do túbulo contornado distal e sua potência é moderada.

A furosemida é o diurético da ansa mais vendido nas farmácias comunitárias em Portugal. É um diurético potente que atua por inibição da reabsorção de sódio no ramo ascendente da ansa de Henle.

De salientar que os diuréticos são indispensáveis noutras situações edematosas como a síndrome nefrótica e a cirrose hepática; aqui tem indicação formal a espironolactona, um diurético poupador de potássio, quer isolada quer em associação. Já os inibidores da anidrase carbónica (ex.: acetazolamida (Carbinib®)) são diuréticos fracos, usados na profilaxia da doença de altitude e, principalmente, no tratamento do glaucoma.

Os diuréticos osmóticos aumentam a osmolaridade do plasma e do fluido tubular mas não existe nenhum fármaco deste grupo na farmácia comunitária.

Os diuréticos são capazes de reduzir efetivamente a morbilidade e a mortalidade cardiovasculares, o custo relativo é baixo e costumam ser bastante bem tolerados, mesmo no doente idoso. Reúnem eficácia, tolerabilidade e uma relação custo-efetividade superior aos

Referências

Documentos relacionados

O objeto de estudo desta pesquisa foi o NAAH/S do Tocantins, situado em Palmas, capital do Estado,considerando as diretrizes do Ministério de Educação e Cultura Brasileira, tendo

Uma vez que muitas mutações de PHHF afetam diretamente ou indiretamente a ligação de fatores de transcrição, nesse estudo, foram analisadas proteínas que

Os trabalhos de Piggott et al., (1983), Puech et al., (1984), Canas (2003) e Caldeira (2004), entre outros, foram importantes para a compreensão da composição química da

A comissão da EU, manifestou preocupação com estas tendências paralelamente com uma publicação, em que apresenta o caso da educação alimentar como o veiculo para a promoção

Tem associadas várias condições e síndromes clínicas: O Hiperparatireoidismo Nutricional Secundário (deficiência dietária), a Osteoporose (perda de massa óssea),

Abordar Ramón Llull (Raimundus Lulius, 1232-1315), racionalista místico do cristianismo medieval e também alquimista, deveria com- preender uma reflexão aturada sobre a relevância

A aplicação desenvolvida mostra que a informação espacial tem utilidade para a gestão e visita de um parque natural; tanto funcio- nários como visitantes podem retirar vantagens