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Condições de vida e seus efeitos na pele

Parte II Descrição das atividades desenvolvidas no estágio

2.5 Condições de vida e seus efeitos na pele

A aparência da pele está diretamente relacionada com fatores externos, como estilo de vida da pessoa, para além de outros fatores fisiológicos como a puberdade ou a menopausa44. Existem fatores internos e externos que condicionam a estrutura e a estética da pele tais como a menopausa, a puberdade, o stress, a falta de sono e a fadiga, o tabagismo, uma dieta desequilibrada, uma exposição frequente ao sol, a humidade, a exposição a ares condicionados ou ao frio e a poluição.

Menopausa

O decréscimo dos níveis de estrogénio que se observa durante a menopausa afeta negativamente a pele, pois dá-se uma redução dos fibroblastos da derme, colagénio e fibras elásticas, pelo que a pele perde elasticidade e firmeza, facilitando o aparecimento de rugas48. A pele fica menos espessa, ficando mais fina, frágil e suscetível ao aparecimento de diversas irritações, sendo que a capacidade de cicatrização da pele também aparece diminuída. A pele apresenta-se mais seca e ressequida.

Puberdade

A puberdade está intimamente relacionada a alterações na pele, nomeadamente a imperfeições e oleosidade. Com o enorme aumento das hormonas, as glândulas sebáceas irão produzir quantidades excessivas de sebo49. Este sebo pode causar surtos de espinhas, conduzindo ao acne.

Stress

O stress psicológico ativa o sistema nervoso autónomo, o sistema da renina- angiotensina e o eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal, o que contribui para uma disfunção imune, formação de radicais livres e consequente dano no DNA50. Estes mecanismos levam ao envelhecimento da pele, com a destruição pelos radicais livres de células da pele e componentes das células, que incluem o colagénio e as fibras de elastina. Isto resulta numa pele com aspeto envelhecido, mais ressequida, fina e frágil, com formação de sulcos e rugas na pele.

Falta de sono e fadiga

Na sociedade moderna em que vivemos, quer por falta de tempo ou por stress ou por outro fator, as pessoas vivem diariamente fatigadas pois não dormiram tempo suficiente ou dormiram mal. Vários estudos realizados sugeriram que com a privação do sono há uma falha na função de barreira da pele51. A falta de sono desempenha um papel fundamental na desregulação do sistema imune e essas alterações afetam a produção de colagénio.

A falta de sono pode levar a alterações na pele, sendo que estas alterações são mediadas por uma desregulação no eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal, que causa uma elevação no nível de glucocorticoides. Estes podem alterar a integridade dos corpos lamelares e assim alterar a integridade da pele, acelerando o processo natural de envelhecimento da pele.

Tabagismo

Em 1969, Harry Daniell constatou que as pessoas fumadoras aparentavam ter um aspeto mais velho que as não fumadoras e criou um sistema que lhe permitiu validar esta constatação52. A partir desse momento foram vários os estudos epidemiológicos que mostraram a associação entre fumar e uma pele mais enrugada e estragada53,54.

Esta associação entre o envelhecimento extrínseco e o hábito de fumar parece ser mediada por uma sobrexpressão das metaloproteinases da matriz (MMPs) do tipo 1, que têm como função degradar o colagénio55.

Dieta desequilibrada

Uma nutrição desequilibrada pode levar à alteração da função estrutural e biológica da

pele, resultando numa pele menos saudável e danificada.

O consumo, por exemplo de grandes quantidades de vitamina C e ácido linoleico estão associados com uma pele menos enrugada, uma pele menos ressequida e uma pele mais saudável, contudo uma dieta que contenha altos valores de gorduras e hidratos de carbono está intimamente ligada a uma pele mais enrugada, fina, ressequida e frágil56.

Exposição frequente ao sol

O envelhecimento da pele pode ser exponenciado pela radiação ultravioleta (UV)52. Este é um processo complexo em que estão envolvidos vários mecanismos, como a produção de radicais livres, a danificação dos telómeros e a ativação do recetor aril hidrocarboneto (AhR).

Os radicais livres vão ativar recetores das citoquinas e fatores de crescimento nos queratinócitos, assim como nos fibroblastos. Esta ativação dos recetores da superfície celular leva à ativação de cinases, que por seu turno induzem a transcrição dos fatores de transcrição AP-1 e NF-κB. Isto leva a uma diminuição da síntese do colagénio, pois diminui a expressão génica dos genes que dão origem ao colagénio. Por outro lado, a AP-1 ativa as MMPs nos queratinócito e fibroblastos, conduzindo a um aumento na degradação do colagénio.

Estes radicais livres podem lesar o DNA mitocondrial, criando mutações nas células e um aumento das MMP-1, resultando num aumento da degradação de colagénio.

A formação de radicais livres promove um aumento da oxidação das proteínas que inibem a função do proteossoma, perdendo a célula a capacidade de degradar proteínas danificadas. Este processo poderá conduzir a um envelhecimento mais prematuro dada pele.

A radiação UV pode conduzir a lesões nos telómeros, entrando estes num estado de senescência e apoptose, resultando num envelhecimento prematuro da pele. A pele ganha rugas, facilmente adquire manchas hiperpigmentadas e torna-se mais espessa e dura.

Estações do Ano

Com o frio ou calor a pele pode sofrer alterações. Isto está bem patente no nosso dia-a- dia, ao analisarmos a nossa pele no Inverno por exemplo, vemos que ela está ressequida.

No Verão, alguns critérios funcionais da pele encontram-se alterados em comparação com o Inverno, ou seja, com o calor há maior produção de sebo, logo maior oleosidade, há maior produção de melanina, logo coloração da pele esta alterada e a hidratação da pele também é maior no Verão57.

Poluição

Um estudo descobriu uma associação direta entre a quantidade de partículas presentes no ar e o envelhecimento prematuro da pele, especialmente com o aparecimento de manchas e rugas na pele58.

O mecanismo principal pelo qual isto acontece é pela produção de radicais livres52.

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