• Nenhum resultado encontrado

Acompanhamento do cultivo de Tilápia do Nilo, em tanquesrede, realizado na fazenda Jaramataia, Maranguape/Ce

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Acompanhamento do cultivo de Tilápia do Nilo, em tanquesrede, realizado na fazenda Jaramataia, Maranguape/Ce"

Copied!
28
0
0

Texto

(1)

ACOMPANHAMENTO DO CULTIVO DE TILÁPIA DO NILO, EM TANQUES-REDE, REALIZADO NA FAZENDA JARAMATAIA, MARANGUAPE/CE

FERNANDO JARDAS DE SÁ CARVALHO

Relatório de estágio supervisionado apresentado ao Departamento de Engenharia de Pesca do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, como parte das exigências para a obtenção do título de Engenheiro de Pesca.

FORTALEZA — CEARÁ — BRASIL JULHO/2007

(2)

Profa. Eleni Gonçalves de Oliveira, D.Sc. Presidente

ORIENTADOR TÉCNICO:

Jaime Pinheiro de Almeida Médico Veterinário

COMISSÃO EXAMINADORA:

Prof. Israel Hidenburgo Aniceto Cintra Membro

Profa. Erivânia Gomes Texeira Membro

VISTO:

Prof. Moisés Almeida de Oliveira, D.Sc. Chefe do Departamento de Engenharia de Pesca

Prof. Raimundo Nonato de Lima Conceição, D.Sc. Coordenador do Curso de Engenharia de Pesca

(3)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca Universitária

Biblioteca Central do Campus do Pici Prof. Francisco José de Abreu Matos

C323a Carvalho, Fernando Jardas de Sá.

Acompanhamento do cultivo de Tilápia do Nilo, em tanquesrede, realizado na fazenda Jaramataia, Maranguape/Ce / Fernando Jardas de Sá Carvalho. – 2007.

26 f. : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências Agrárias, Curso de Engenharia de Pesca, Fortaleza, 2007. Orientação: Profa. Dra. Elenise Gonçalves de Oliveira.

Orientação técnica: Bel. Jaime Pinheiro de Almeida.

1. Tilápia (Peixe) - Brasil, Nordeste. 2. Tilápia do Nilo - Cultivo. 3. Engenharia de Pesca. I. Título.

(4)

Primeiramente a Deus, pela oportunidade de concluir este curso.

A minha orientadora a Professora Elenise Gonçalves de Oliveira pela paciência e o auxílio na elaboração do trabalho.

Ao meu orientador técnico Jaime Pinheiro de Almeida, pela atenção que me dedicou.

A fazenda Jaramataia por ter permitido a realização do estágio em suas instalações.

Aos funcionários, principalmente ao Engenheiro de Pesca Alisson Paulino, pela atenção e o empenho que demonstraram na transmissão dos seus conhecimentos.

Dedico aos meus pais João Batista de Carvalho e Maria de Sá Carvalho, que compartilharam dos meus ideais, incentivando-me a prosseguir na jornada, fossem quais fossem os obstáculos; que sempre estivaram ao meu lado lutando comigo, dedico a minha conquista com a mais profunda admiração e carinho.

Ao meu padrinho José Maria Torres, pelo incentivo e dedicação que me fez vencer essa batalha importante e seguir em frente, buscando sempre um ideal maior.

A toda minha família, pela compreensão e ajuda nos momentos em que mais precisei.

A minha namorada Ivonete Cosme de Sousa e mãe de minha filha Maria Giovanna de Sousa Carvalho, por me ajudar a realizar este sonho.

(5)

SUMÁRIO

Página

AGRADECIMENTOS i

LISTA DE FIGURAS iii

LISTA DE TABELAS iv LISTA DE QUADROS v RESUMO vi 1. INTRODUÇÃO 1 2. REFERENCIAL TEÓRICO 4 2.1 Biologia e Ecologia 4 2.2 Produção 6 3. CONDUÇÃO DO ESTÁGIO 8

3.1 Caracterização e Período do Estágio 8

3.2 Atividades Desenvolvidas 9

3.3 Infra-Estrutura Para a Fase de Crescimento/Terminação 9

3.3.1 Tanques-rede 9

3.3.2 Plataforma de manuseio 11

3.3.3 Depósito de Ração 12

3.4 Manejo na Fase de Recria/Terminação 13 3.4.1 Estocagem dos Peixes nos Tanques-Rede 13

3.4.2 Manejo Alimentar 14

3.4.3 Biometria 16

3.4.4 Despesca e Comercialização do Produto 17

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 19

(6)

LISTA DE FIGURAS

Página Figura 1 Vista parcial da fazenda Jaramataia em Maranguape/CE,

observar o açude onde ficam instalados os tanques-rede e

a disposição destes 8

Figura 2 Tanque-rede usado para estocagem de tilápia na fase de terminação na fazenda Jaramataia 9 Figura 3 Plataforma de manuseio em formato de U e construída

com tabiques de madeira 11

Figura 4 Posicionamento dos estrados de madeira no depósito de ração, com distância mínima de 20 cm da parede e do

chão 12

Figura 5 Empilhamento da ração sobre os estrados de madeira no

depósito de ração 12

Figura 6 Fornecimento de ração para tilápia do Nilo estocada em

tanques-rede na Fazenda Jaramataia, Maranguape, CE 15 Figura 7 Pesagem dos peixes para acompanhamento da curva de

crescimento e reajustes de ração 16 Figura 8 Tanque-rede suspenso parcialmente na plataforma para

(7)

LISTA DE TABELAS

página. Tabela 1 Principais parâmetros físico-químicos exigidos para 5

a produção de tilápia em comparação com outras espécies.

(8)

LISTA DE QUADROS

página. Quadro 1 Programa alimentar utilizado para tilápia do Nilo, a 14

niloticus, criadas em tanques-rede na Fazenda Jaramataia, Maranguape, CE.

(9)

RESUMO

O presente Estágio Supervisionado foi concluído na fazenda Jaramataia/CE, no período de julho a outubro 2006, objetivando acompanhar as práticas de manejo da tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), durante a fase de crescimento/terminação em tanques-rede, com vistas à capacitação profissional. A fazenda localiza-se em Maranguape/CE e dispõe de viveiros e um açude com área de espelho d'água de 60 ha, onde são instalados os tanques-rede destinados à fase de crescimento e terminação. Na fazenda as tilápias destinadas à comercialização para consumo são estocadas em tanques-rede de 4m3 de volume útil (2,0x2,0x1,20 m), ficando na densidade de 165 peixes/m3. Antes da estocagem os peixes são selecionados para uniformização do lote, devendo este apresentar peso médio de 30 g. Os peixes são alimentados com ração comercial extrusada com 35 e 32 % de PB, na taxa de 6 a 1,75% do peso vivo/dia, 3 vezes/dia. Após 120 dias de cultivo o peixe atinge peso médio de 600g, sendo comercializados vivos ou abatidos (sacrificados por choque térmico) no próprio local a vendedores de porta-em-porta, a um valor de R$ 3,80. As observações feitas levam a dizer que o cultivo de tilápia na fazenda é viável; que os bons resultados obtidos na produção são decorrentes da seleção da espécie, aprimoramento das estruturas de cultivo e das técnicas de manejo e, por fim, que o estágio supervisionado na fazenda Jaramataia contribuiu de forma significativa para a ampliação dos conhecimentos teóricos e práticos, o qual resultará, com certeza, em um melhor desenvolvimento da carreira profissional.

(10)

ACOMPANHAMENTO DO CULTIVO DE TILÁPIA DO NILO, EM TANQUES-REDE, NA FAZENDA JARAMATAIA, MARANGUAPE/CE

FERNANDO JARDAS DE SÃ CARVALHO 1. INTRODUÇÃO

A aqüicultura pode ser definida como o cultivo dos seres que têm na água o seu principal ou mais freqüente ambiente de vida. Desta forma abrange não só os organismos estritamente aquáticos, mas também os que passam menor tempo de sua existência em terra, principalmente animais que podem ser utilizados para a alimentação humana (CAMARGO; POUEY, 2005).

Segundo Huet apud Tiago (2002), historicamente a prática da aqüicultura é muito antiga. Pinturas egípcias mostram cenas de pesca e piscicultura; os romanos criavam organismos aquáticos em viveiros; e depois de séculos, nos países da região indo-pacífica (primeiramente a China). A partir do século XV desenvolveu-se a aqüicultura na Europa Central e Ocidental, na América do Norte, na África Central e, por fim, na América Latina e no Oriente Médio.

De acordo com Borghetti et aI. (2003) a piscicultura no Brasil, data da invasão holandesa no Nordeste brasileiro, no século XVIII, os quais construíam viveiros. Na década de 30 do século passado a piscicultura brasileira ganhou projeção internacional quando Rodolfo von lhering desenvolveu uma técnica para induzir reprodução de peixes reofílicos criados em viveiros.

Borghetti et aI. (op. cit.) comenta, também que nas décadas de 30 e 40 foram introduzidas no Brasil a carpa comum, a tilápia do Nilo e a truta arco-íris e que, na região Nordeste, também a partir da década de 30, a piscicultura começou a ganhar forças a partir do povoamento de açudes públicos, construídos primariamente para armazenar água, mas que também se prestavam à pesca pelas populações ribeirinhas e à piscicultura. Nas décadas de 60 e 70 foi que começou a piscicultura como fonte de complementação da renda nas pequenas propriedades e, na década de 90, com o advento dos pesqueiros (pesque-pague), a atividade vivenciou um verdadeiro "bloom".

(11)

O Brasil, devido ao seu tamanho e riqueza de suas bacias hidrográficas, é um país privilegiado no cenário da aqüicultura com destaque para a bacia Amazônica, a qual contabiliza mais de 20% de toda a reserva de água doce mundial. Existem também mais de cinco milhões de hectares em represas artificiais usadas para a geração de energia (hidrelétricas) e o controle da seca na região do Nordeste, além de uma extensa costa com mais de oito mil quilômetros de extensão apropriada para a aqüicultura marinha (ROUBACH et al., 2003).

Segundo Gurgel (2001) cerca de 20.000 espécies de peixes vivem nos mais diferentes ecossistemas aquáticos do mundo, das quais, 59% são marinhas e 41% de águas doces. Surpreendentemente nos ambientes de águas doces, que correspondem a apenas 1% da superfície terrestre, há uma maior diversidade de espécies, em termos relativos, enquanto os oceanos, que ocupam 70% do globo, as 11.800 espécies marinhas estão distribuídas largamente em todos os mares e oceanos. O mesmo autor observa, também, que das 8.000 espécies de água doce existentes no mundo, 60% delas têm como habitat a bacia amazônica. Nessa perspectiva, Roubach et al., (2003) relatam que uma outra característica brasileira importante é o número e a diversidade de espécies cultivadas, com mais de 64.

Além das espécies nativas o Brasil conta também com espécies exóticas como a tilápia nilótica (Oreochromis niloticus) originária dos rios e lagos africanos. Esta espécie vem ocupando lugar de destaque na piscicultura em tanques-rede, por ser uma espécie precoce e apresentar um bom desempenho em sistemas intensivos de produção (PROENÇA; BITTENCOURT, 1994). De acordo com Popma; Lovshin (1996), a tilápia é hoje o grupo de peixes mais cultivado no mundo, ficando logo atrás das carpas.

A piscicultura em tanques-rede se caracteriza como um sistema de produção superintensivo, no qual os peixes são confinados em altas densidades, em estruturas dimensionadas para que permitam grandes trocas de água com o ambiente onde estão implantadas (TEIXEIRA; ANDREA, 2003). A produção de peixes em tanques-rede possibilita o pronto aproveitamento de parte dos recursos hídricos disponíveis, o que abre grandes perspectivas para uma rápida expansão da piscicultura industrial no Brasil (KUBITZA; ONO, 2003).

O cultivo de peixes em tanques-rede no Brasil se intensificou na década de 90, com a produção baseada em espécies nativas como tambaqui e pacu e exótica como a tilápia nilótica. Anteriormente, as tilápias utilizadas nos criatórios eram

(12)

descendentes dos primeiros exemplares introduzidos no Brasil e não eram submetidas a processos de reversão sexual, o que dificultava a intensificação da sua produção. A partir de meados da década de 90, conforme lembram Zimmermann (2004), com a introdução de linhagens melhoradas e com o domínio da reversão sexual, foi possível obter populações monosexo, capaz de atingir tamanho comerciai em menor espaço de tempo, melhores índices de produtividade e menores problemas decorrentes do aumento populacional.

Na atualidade as preocupações dos segmentos que compõe a cadeia da tilapicultura, conforme ressalta Ribeiro (2000) vão além da intensificação dos cultivos. Neste sentido, é imprescindível que o sistema de produção esteja voltado para o desenvolvimento sustentado, de forma a minimizar o impacto ambiental destas criações e a concorrência com outros setores pelo uso da água.

A tilapicultura cearense vem adquirindo característica intensiva e superintensiva, com a adoção de cultivos em tanques-redes, onde os peixes são estocados em altas densidades e alimentados com rações balanceadas (SILVA, 1998). Coopera para este aspecto o fato do Estado dispor de unidades públicas e privadas de produção de alevinos de boa qualidade, reservatórios ainda com potencial a ser explorado e insumos básicos necessários ao desenvolvimento da piscicultura. A qualificação de profissionais na área, certamente também é um fator a ser considerado no desenvolvimento desta atividade.

Diante do exposto com a realização do presente Estágio Supervisionado o objetivo foi acompanhar as práticas de manejo da tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), durante a fase de crescimento/terminação em tanques-rede em uma fazenda comercial, com vistas à capacitação profissional.

(13)

2.1 Biologia e ecologia

As tilápias de importância comercial estão divididas em três principais grupos taxonômicos, distinguidos basicamente pelo comportamento reprodutivo. São eles o gênero Tilapia (os peixes incubam seus ovos em substratos), Oreochromis (a fêmea incuba os ovos na boca) e Sarotherodon (ambos, macho ou fêmea incubam os ovos na boca) (PANORAMA DA AQO !CULTURA, 1995).

No mundo são conhecidas mais de 70 espécies de tilápias. No entanto, apenas quatro delas contribuem de maneira significativa para a composição do pool genético de tilápia hoje utilizado nos cultivos comerciais em todo o mundo: a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), a tilápia azul (Oreochromis aureus), a tilápia de Moçambique (Oreochromis mossambicus) e a tilápia de Zanzibar (Oreochromis. uroleps hornorum) (KUBITZA, 2005).

As principais espécies de Oreochromis utilizadas em aqüicultura possuem um dicromatismos e um dimorfismo sexual marcante. Os machos são maiores do que as fêmeas da mesma idade e possuem uma coloração mais intensa na época de reprodução. Esta vantagem do tamanho do macho associada ao problema do excesso de população da tilápia, devido à elevada freqüência reprodutiva, estimulou a utilização de hormônios e a hibridação para a produção de populações monosexo masculino, em particular nos sistemas de produção intensiva (FERNANDES, 1998; KUBITZA, 2000).

Na reprodução da tilápia do Nilo (O, niloticus), o macho polígamo escava ninho no fundo do viveiro, em águas geralmente com menos de 1m de profundidade. Após breve ritual de acasalamento, a fêmea desova no ninho (1 a 2 ovos/g de peso corporal), incubando-os na boca, depois de fecundados, externamente. Após a incubação dos ovos durante 1 a 4 dias, as fêmeas continuam a proteger os alevinos que regressam à sua boca quando surge algum problema ou à sua chamada. Devido às fêmeas não se alimentarem durante o período de incubação, segue-se uma fase de

(14)

alimentação intensa durante 2 a 4 semanas, antes da próxima desova (PANORAMA DA AQUICULTURA, 1995).

Fernandes (1998) afirma que a tolerância das tilápias a uma grande amplitude de parâmetros ambientais permitiu a colonização de variados meios aquáticos. O autor afirma ainda que, as tilápias têm a capacidade de adaptação a situações de adversidade extremas, resistindo, conforme pode ser visto na Tabela 1, a condições ambientais que outras espécies de peixes não toleram.

Tabela 1. Principais parâmetros físico-químicos exigidos para a produção de tilápia em comparação com outras espécies.

Parâmetro Tilápia Carpa Salmonídeos

Temperatura (°C) 8 — 42 16 - 40 <23 Oxigênio (mg/L) 2 — 3 <3 - 3,5 <5 pH 5-11 4,5 - 12 4,6 - 9,5 CO2 (mg/L) >72,6 - 5 Amônia (mg/L) >4 10 -13 >2 Salinidade <20 — 35 <12,5 <15 Fonte: Fernandes (1998).

Conforme (BEVERIDGE, 1996) as principais características responsáveis pelo aumento da popularidade do cultivo de tilápia são: elevada velocidade de crescimento; eficiência de utilização de alimentos naturais e fácil adaptação a dietas comerciais; resistência a doenças e práticas de manejo; facilidade de reprodução em cativeiro; tolerância a uma grande amplitude de condições ambientais e a sua qualidade alimentar e organoléptica.

(15)

A tilápia do Nilo (O. niloticus) é a espécie de tilápia mais cultivada no mundo Esta espécie se destaca das demais pelo crescimento mais rápido, reprodução mais tardia (permitindo alcançar maior tamanho antes da primeira reprodução) e alta prolificidade (possibilitando produção de grandes quantidades de alevinos). A tilápia do Nilo parece apresentar uma grande habilidade em filtrar as partículas do plâncton. Assim, quando cultivada em viveiros de águas verdes ela geralmente supera em crescimento e conversão alimentar as demais espécies de tilápias (KUBITZA, 2000).

A tilápia vem sendo criada em diferentes sistemas de cultivo e instalações, entre os quais está o cultivo em tanques-rede (FITZSIMMONS, 2000).

De acordo com Kubitza; Ono (2003), o cultivo de peixes em tanques-rede na forma mais comumente empregada é um sistema de produção intensivo, no qual os peixes são confinados sob altas densidades, dentro de estruturas que permite grande troca de água com o ambiente e onde os peixes recebem ração nutricionalmente completa e balanceada. A produção de uma grande biomassa de peixes por unidade de volume (30 a 250 kg/m3) é possível neste sistema devido à alta taxa de renovação de água dentro das unidades, de forma a suprir a demanda de oxigênio dos peixes e remover os dejetos e metabólicos produzidos. Além da qualidade do ambiente aquático onde estão instalados os tanques-rede, o desempenho do cultivo depende da qualidade dos insumos (ex. alevinos e ração), das técnicas de manejo da produção e, sobretudo, da dedicação e capacidade técnica e gerencial do produtor.

Conforme Kubitza; Ono (op. cit.) os principais fatores que influenciam a biomassa de peixes a ser alojada de forma econômica dentro dos tanques-rede são:

a) A qualidade do ambiente onde estão instalados os tanques-rede; b) A taxa de renovação de água no interior do tanque-rede, que depende:

■ do tamanho/volume do tanque-rede; ■ da velocidade das correntes de água; ■ do formato do tanque-rede;

■ da área vazada da malha. c) A qualidade do alimento utilizado;

(16)

d) A qualidade dos alevinos; e

e) As características da espécie de peixe cultivada.

De acordo com Ibama (2005) o Ceará concentra a maior produção de tilápias no país. Em 2002 o estado produziu entre 3 e 4 mil toneladas do referido peixe e, em 2004, a produção foi de 18 mil toneladas. isto representou um crescimento anual de 110% entre 2002 e 2004 (7 mil toneladas ao ano) e, se metade desta taxa de crescimento for mantida acredita-se que o Ceará esteja produzindo, hoje, cerca de 25 mil toneladas de tilápia/ano.

(17)

Figura 1. Vista parcial da fazenda Jaramataia em Maranguape/CE. Observar o açude onde estão instalados os tanques-rede e a disposição destes.

3.1 Caracterização do local e período do estágio

O estágio foi realizado em uma tilapicultura comercial pertencente à Fazenda Jaramataia, localizada em Maranguape, Estado do Ceará, no período de julho a outubro de 2006.

A Fazenda Jaramataia possui um açude com área de espelho d'água de 60 ha, onde estão instalados os tanques-rede (Figura 1) destinados à fase de crescimento e terminação de tilápia nilótica (O. niloticus). Em 2006 a fazenda dispunha de um total de 30 tanques-rede para estocagem dos peixes.

A fazenda Jaramataia possui também 11 viveiros com áreas unitárias variando de 1.000 a 1.500m2 , depósito para estocagem de ração e materiais utilizados no cultivo, um barco para alimentação, além da casa do proprietário e alojamento dos funcionários.

(18)

3.2 Atividades desenvolvidas

Na realização do estágio foram acompanhadas atividades referentes ao cultivo de tilápia nilótica (Oreochromis niloticus), variedade chitralada tailandesa, compreendendo a fase de recria/terminação que se inicia com a estocagem de juvenis com peso médio de 30 g, revertidos sexualmente para machos, e termina quando o peixe atinge o tamanho comercial de 600 g.

Dentre as atividades realizadas estão: montagem, instalação e povoamento de tanques-rede; manejo alimentar e sanitário; biometria; acondicionamento da ração; despesca; e comercialização do pescado.

3.3 Infra-estrutura para a fase de crescimento/terminação

3.3.1 Tanques-rede

Os tanques-rede conforme pode ser observado na Figura 2 constam de:

Figura 2. Tanque-rede usado para estocagem de tilápia na fase de terminação na fazenda Jaramataia.

(19)

formado por telas de arame galvanizado revestido de PVC, com abertura de malha de 19,0 mm;

c) flutuadores consistindo de bombonas plásticas de 60L, acopladas nas estruturas dos tanques, em um total de 4 bombonas por tanque-rede;

d) comedouro confeccionado em tela plástica com malha de 1,0 mm fixado a um anel feito com cano eletroduto. O comedouro, por sua vez, é fixado à tampa do tanque-rede ficando cerca de 40 cm abaixo e 20 cm acima da superfície da água, evitando a saída horizontal da ração, através da malha.

Os tanques-rede são fixados em um cabo de náilon de 12 mm de espessura, distante 2 m um do outro e dispostos em fileiras contendo 10 tanques-rede cada (Figura 1). A distância entre fileiras é de 20 m e, em virtude da grande distância entre as margens do açude, optou-se por prender as extremidades de cada fileira a um sistema de ancoragem (pôita), construído com sacos de ração preenchidos de concreto.

Para a escolha do local da instalação dos tanques-rede no açude foi observado:

a) a profundidade do local;

b) localização e facilidade de acesso; c) direção do vento e da correnteza; d) parâmetros físico-químicos da água; e) presença de possíveis predadores.

Diante destes critérios foi selecionada uma área que ficava próxima à sede da fazenda, em local com profundidade média de 4 m e distante 15 a 20 m da margem do açude.

Durante o cultivo periodicamente foi realizado limpeza dos tanques-rede e comedouros para evitar o acúmulo de algas, plantas aquáticas e outros organismos nas telas (colmatação), que prejudica a circulação e renovação da água. Para este procedimento os tanques-rede foram conduzidos para a plataforma de manuseio e

(20)

suspensos, utilizando ganchos e roldanas, e depois submetidos a escovação para limpeza das telas.

Diariamente foi feito vistoria em toda a estrutura dos tanques-rede para verificação das condições de flutuação, integridade das telas, sistema de amarração e retirada de sobras de ração e peixes mortos. Quando é observado algum problema, como bombona furada ou tela danificada, é realizada a troca ou o reparo imediatamente_

3.3.2 Plataforma de manuseio

A plataforma de manuseio (Figura 3) se destina ao manejo dos peixes durante a despesca para biometria, seleção e comercialização. A plataforma, em formato de U, é construída com tabiques de madeira de 60 cm de comprimento, 20 cm de largura e 5 cm de espessura. Os tabiques são presos com pregos a caibros que ficam sobre bombonas plásticas de 200 L. A plataforma foi instalada estrategicamente a cerca de 10m próxima dos tanques-rede para facilitar as operações e o acesso a ela se dava através de uma passarela construída com o mesmo material e por canoa.

Figura 3. Plataforma de manuseio em formato de U e construída com tabiques de madeira.

(21)

3.3.3 Depósito de ração

A ração é abrigada em uma construção pré-existente na fazenda, com 150 m2 de área, paredes de alvenaria, piso de cimento, cobertura de telha cerâmica e com portas e janelas de madeira.

A ração adquirida é mantida nas embalagens (sacos de ráfia laminado) e fica empilhada sobre estrados de madeira, afastados da parede, em local seco e arejado (Figura 4 e 5). Ambientes sem ventilação, úmidos e aquecidos favorecem o crescimento de bolor e atraem insetos. O calor e exposição direta à luz solar destroem nutrientes da ração. A correta estocagem da ração muitas vezes evita que os animais sofram com problemas relacionados com doenças nutricionais

A ração utilizada na fazenda passa por um teste de flutuabilidade. Para o referido teste são tomados aleatoriamente cerca de 500 pellets de ração, sendo estes colocados em um recipiente com água, onde é feita a contagem dos que afundam, obtendo-se a porcentagem de flutuabilidade da ração. Para que a ração fosse aceita esse percentual deveria ser de no mínimo 98%.

Figura 4. Posicionamento dos estrados Figura 5. Empilhamento da ração de madeira no depósito de ração, com sobre os estrados de madeira no distância mínima de 20 cm da parede e depósito de ração.

(22)

3.4 Manejo na fase de recria/terminação

3.4.1 Estocagem dos peixes nos tanques-rede

Os tanques-rede são estocados com juvenis produzidos na própria fazenda e com peso médio inicial de 30 g. No dia da estocagem, o viveiro onde está os juvenis é esvaziado e estes são capturados com puçás, colocados em caixas de fibra de vidro contendo água e transportados em trator até o açude. Chegando ao açude os peixes são selecionados por tamanho, com auxílio de selecionadores confeccionados em tela com malha de 19 mm. No momento da seleção além do tamanho é também observada as condições dos peixes, rejeitando aqueles que estão desnutridos e com ferimentos ou sinal de debilidade.

Após a seleção os peixes são contados por amostragem. Assim uma ou mais amostras de peixe é tomado em um recipiente padrão e o número de indivíduos da amostra é determinado. Feito isto, a medida passa a ser usada como padrão, para determinação do número de peixe a ser estocado em cada tanque-rede. A densidade média de estocagem é de 165 peixes/m3.

O manejo de despesca, transporte e estocagem dos peixes é realizado preferencialmente pela manhã ou à noite, por serem períodos de temperaturas mais amenas. É necessário ressaltar que até 8 dias após a colocação dos peixes, pode haver mortalidade decorrente de transporte mal realizado, mesmo havendo uma aclimatação adequada.

3.4.2 Manejo alimentar

Para a fase de terminação, a partir de 30 g, no período estava sendo utilizada uma ração comercial extrusada da marca Integral Mix com 35 e 32% de proteína bruta

(23)

conforme recomendação do fabricante (Quadro 1).

A taxa alimentar varia de 6,25% no início do cultivo a 1,75% no final, e é administrada 3 vezes ao dia, nos horários de 09h0Omin. 13h0Omin. e 16h0Omin. Toda ração fornecida é pesada, a fim de se manter um registro preciso da quantidade fornecida/dia.

A ração é fornecida a lanço diretamente nos comedouros, fazendo uso de caiaque para condução do arraçoador aos tanques-rede ( Figura 6).

Quadro 1. Programa alimentar utilizado para tilápia do Nilo, O. niloticus, criadas em

tanques-rede na Fazenda Jaramataia, Maran ua e, CE. No de

peixes/tanque de 4 m3

Ração Tipo

Semana Peso Real (g) Biomassa (kg) Taxa alimentar (% do p.v.)* Ração (kg/dia) 800 O 33,5 26,80 6,25 1,68 800 1 46,8 37,46 6 2,25 800 35% PB 2 64,7 51,76 5,2 2,69 800 3mm 3 86,1 68,89 4,5 3,10 800 4 110,8 88,62 4 3,54 800 5 135,0 108,04 3,6 3,89 800 32% PB 6 164,6 131,71 3,5 4,61 800 4mm 7 198,3 158,60 3,3 5,23 791 8 236,4 187,00 3,2 5,98 788 9 2680, 211,18 3,1 6,55 786 10 308,3 242,29 2,7 6,54 781 11 340,3 265,75 2,5 6,64 771 12 360,0 277,56 2,4 6,66 764 32% PB 13 398,9 304,74 2,2 6,70 757 6mm 14 403,0 305,07 2,2 6,71 741 15 487,0 360,87 2,1 7,58 740 16 526,0 389,28 1,9 7,40 735 17 563,1 413,87 1,9 7,86 735 18 603,9 443,89 1,8 7,99 735 Despesca 19 650,6 478,20 1,75 8,37 Fonte: Dados da fazenda.

(24)

Figura 6. Fornecimento de ração para

tilápia do Nilo estocada em tanques-rede ne Fazenda Jaramataia, Maranguape, CE

Sobras de ração foram verificadas em alguns tanques-rede, principalmente em dias chuvosos e frios, provavelmente pelas condições ambientais desfavoráveis, estresse causado aos peixes ou redução do seu metabolismo. A observação é de responsabilidade do arraçoador, que imediatamente, suspende ou diminui a quantidade de ração ofertada.

3.4.3 Biometria

A biometria foi realizada mensalmente com o intuito de avaliar a curva de

crescimento dos peixes, assim como, de calcular a quantidade de ração a ser

ofertada.

Para realização da biometria uma amostra equivalendo a 5% do número de peixes estocados em cada tanque-rede é coletada com auxílio de um puçá, colocados em um balde, pesados em balança tipo dinamômetro (Figura 7) e contados individualmente. Esse procedimento permite a realização do cálculo dos principais parâmetros biométricos como: peso médio, biomassa, ganho de peso por dia e conversão alimentar. Os dados são também utilizados para o ajuste da quantidade de ração a ser administrada no período subsequente.

(25)

Os processos descritos neste relatório comprovam que a tecnologia de produção de tilápias em tanques-rede é de fácil manejo. Grande mérito se dá a utilização desta espécie, a qual se adapta e produz muito bem neste tipo de criação confinada.

Com peso médio de 600 g atingido em cerca de 120 dias de cultivo e preço de venda de R$ 3,80/kg o cultivo de tilápia na fazenda pode ser considerada produtiva e rentável. É bom lembrar que os bons resultados obtidos na produção são decorrentes da seleção da espécie, aprimoramento das estruturas de cultivo e das técnicas de manejo.

É importante ressaltar que a atividade exige mão-de-obra capacitada, domínio tecnológico e assistência técnica especializada. Além disso, um bom planejamento e gestão da atividade são imprescindíveis para o sucesso da atividade. Foi observado que, os principais pontos críticos na engorda são: densidade de estocagem, uniformidade dos juvenis estocados, retirada de peixes mortos, seleção, manejo alimentar e biométrico.

Por fim, pode-se ressaltar que o estágio supervisionado na fazenda Jaramataia foi de fundamental importância para a formação acadêmica, contribuindo profundamente para a ampliação dos conhecimentos teóricos e práticos, o qual resultará, com certeza, em um melhor desenvolvimento da carreira profissional.

(26)

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEVERIDGE, M. C. M. 1996. Cage aquaculture. 2. ed. Oxford: Fishing News Books. 346 p.

BORGHETTI, N. R. B.; OSTRENSKY, A .; BORGHETTI, J. R. Aqüicultura: uma visão geral sobre a produção de organismos aquáticos no Brasil e no mundo. CNPq/MCTCuritiba: Grupo integrado de aqüicultura e estudos ambientais, 2003. 128 p. CAMARGO, S. G. O. de; POUEY, J. L. O. F. Aqüicultura - um mercado em expansão, Revista Brasileira de Agrociência, v. 11, n. 4, p. 393-396. 2005.

FERNANDES, A. F. Tilápia (Oreochromis sp.). In: HENRIQUES M. A. R. (Org.) Manual de Aquacultura. Porto: Editado por Maria Armanda Reis Henriques, 1998. p. 138-150.

FITZSIMMONS, K. Tilápia: The Most Important Aquaculture Species of the 21st. In: TILAPIA AQUACULTURE: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON TILAPIA IN AQUACULTURE IN THE 21sT CENTURY. 5., Rio de Janeiro. Proceedings... Rio de Janeiro: DPA/MAA, 2000. v.1, p.3-8.

GURGEL, J.J. Pesca nos açudes no Estado do Ceará relacionada com alguns fatores limnológicos. 2001. 133 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Pesca) — Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.

IBAMA. Relatório estatística do ibama 2004. Apresentado em dezembro de 2005 em Brasília — DF. Disponível em: <http:/hvww.ibamaorabr>. acesso em 11 jul. 2007.

KUBITZA, F. Tilápia: tecnologia e planejamento na produção comercial. Jundiaí: F. Kubitza, 2000. p. 289.

(27)

estuários e viveiros litorâneos. Panorama da Aqüicultura. v. , n., p. 14-25. 2005.

KUBITZA, F; ONO, E.A. Cultivo de peixes em tanques-rede. 3.ed. Jundiaí: F. Kubitza, 2003. 68p.

PANORAMA DA AQÜICULTURA . Aspectos relevantes da biologia e do cultivo da

tilápias. Panorama da Aquicultura, v.5, n.27, p. 8-13, jan./fev. 1995.

POPMAN, T. J., LOVSHIN, L .L. Worldwide prospects for commercial production of

tilapia. Alabama: International Center for Aquaculture and Aquatic Environments, 1996.

23 p. (Research and Development, 41)_

PROENÇA, E. C. M.; BITTENCOURT, P. R. L. Manual de piscicultura tropical. Brasília: IBAMA, 1994. 195 p.

RIBEIRO, L. P.; MIRANDA, M. O. T.; LIMA, L. C.; HOLANDA, E. D. Aquacultura empresarial. Informe Agropecuário, v.21, n.203, p.5-9, mar/abr. 2000.

ROUBACH, R.; CORREIA, E. S.; ZAIDEN, S.; MARTINO, R. C.; CAVALLI, R. O. Aqüicultura Brasileira. Panorama da Aqüicultura, v. 13, n. 76. p. 47-57, 2003.

SILVA, J. W. B. A Piscicultura no estado do Ceará. In: CONGRESSO NORDESTINO DE PRODUÇÃO ANIMAL, 1, Fortaleza, 1998. Anais... Fortaleza: SBPA, 1998. p. 355-367.

TIAGO, G. G. Aqüicultura, meio ambiente e legislação. São Paulo: Annablume, 2002. 162p.

(28)

TEIXEIRA, A., ANDRÉA, M. Piscicultura em tanques-rede. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE PESCA, 13, Porto Seguro. Mini-Curso em tanques-rede, 2003.

ZIMMERMANN, S. Observations on tilápia Oreochromis niloticus from chitralada strain growth in two culture systems and water temperatures. TILAPIA AQUACULTURE: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON TILAPIA IN AQUACULTURE IN THE 21sT CENTURY. 5., Rio de Janeiro. Proceedings... Rio de Janeiro: DPA/MAA, 2000. v.2, p. 223 — 327.

Referências

Documentos relacionados

§ 4 o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e permanência em cursos de formação de docentes em nível superior

Canções de roda, advinhas, parlendas, histórias de fadas, bruxas, lobisomens, e jogos de bolinhas de gude, pião, amarelinha, pedrinhas (saquinhos), a pipa,

Mais de 400 milhões de toneladas de resíduos perigosos são gerados no mundo inteiro Cerca de 10% cruza as fronteiras entre países Nos anos 80 o endurecimento da legislação ambiental

The variables green forage biomass, dead forage biomass, green stem biomass and green leaf blade biomass showed positive linear responses to age and had their magnitude

Como bem disse Beyer (2005, p.17): “(...) para encurtar, na história da educação formal ou escolar, nunca houve uma escola que recebesse todas as crianças, sem exceção alguma”.

Nosso principal foco, no entanto, foi a TDi, ou seja, analisar como os saberes sobre Meio Ambiente e Educação Ambiental em áreas de manguezais são oferecidos aos alunos, após terem

LISTA DE SIGLAS AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem CAF – Colégio Agrícola de Floriano Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CEAD – Centro

O presente estudo teve como objetivo determinar a acurácia diagnóstica da imagem obtida a partir de diferentes tomógrafos de feixe cônico na avaliação da presença ou ausência de