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A evasão nas aulas de Educação Física no Ensino Médio: um comparativo entre público e privado

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA- LICENCIATURA

A EVASÃO DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: UM COMPARATIVO ENTRE PÚBLICO E PRIVADO.

Adriana Barbosa de França

Natal/RN Dezembro, 2018

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Adriana Barbosa de França

A EVASÃO DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: UM COMPARATIVO ENTRE PÚBLICO E PRIVADO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Educação Física – Licenciatura da Universidade Federal do Rio do Norte, como requisito para a obtenção do grau de Licenciada em Educação Física.

Orientador: Prof. Dr. Antônio Pádua dos Santos

Natal/RN Dezembro, 2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Franca, Adriana Barbosa de.

A evasão nas aulas de Educação Física no Ensino Médio: um comparativo entre público e privado. / Adriana Barbosa de Franca. - 2018.

28f.: il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Educação Física. Natal, RN, 2018.

Orientador: Prof. Dr. Antônio Pádua dos Santos.

1. Ensino Médio - TCC. 2. Educação Física - TCC. 3. Evasão - TCC. I. Santos, Antônio Pádua dos. II. Título.

RN/UF/BSCCS CDU 796.011

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À Deus que me proporcionou viver todos os momentos da graduação: Deus e minha família, meu porto seguro.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a honra e a glória sejam dadas a Deus por mais uma conquista em minha vida, pelos momentos que o senhor me proporcionou viver na graduação, que me levaram a ser cada dia mais grato.

A minha família que sempre torceu e orou pela minha vida, dando-me apoio e forças nas horas difíceis, contribuindo para ser quem sou hoje.

Ao meu esposo que sonhou juntamente comigo esse sonho de ter a licenciatura em educação física.

A turma de 2015.1 (turma 64), que desde o início colaborou para a minha formação acadêmica e pessoal, sou grata por ter conhecido a todos.

Aos projetos que participei, em especial o PIBID e a Residência Pedagógica, que contribuíram de uma forma extraordinária para minha formação enquanto docente.

Aos mestres que tive contato durante a graduação, em especial o Prof. Dr. Antônio Pádua dos Santos, pela paciência e por acreditar em meu potencial.

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RESUMO

Esta pesquisa surgiu através das indagações que brotaram na disciplina de Educação Física no Ensino Médio, cursada no departamento de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Nesse nível de ensino, muitos são os problemas enfrentados pelo docente e pelos alunos, tais começam no âmbito pessoal até chegar ao ambiente escolar, podendo causar um afastamento dos estudantes das aulas de Educação Física. Metodologicamente, a pesquisa se caracterizou como um estudo de caso de caráter descritivo de abordagem qualitativa, tendo como objetivo, identificar e analisar a partir da observação sistemática e de aplicação de questionários, as razões para os alunos do Ensino Médio se evadirem das aulas de Educação Física, buscando compreender esses motivos e descrever soluções para tal problemática. Ao final os resultados indicaram que os motivos para os estudantes do Ensino Médio não participarem das aulas, vão desde motivos pessoais como doenças, a roupa específica para as aulas e a preguiça, até razões associadas à estrutura física da escola, mostrando que os professores nem sempre são os principais causadores desta evasão. Logo, chegamos a conclusão de que, mesmo com toda essa situação é possível desenvolver um trabalho enriquecedor nesta fase da educação básica, fazendo com que os alunos tenham o professor como referência e que levem para sua vida adulta as vivências realizadas nas aulas.

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ABSTRACT

This research arose through the questions that emerged in the discipline of Physical Education in High School, carried out in the Department of Physical Education of the Federal University of Rio Grande do Norte. At this level of education, many problems are faced by the teacher and the students, they begin in the personal scope until arriving at the school environment, being able to cause a departure of the students of the classes of Physical Education. Methodologically, the research was characterized as a descriptive case study of a qualitative approach, aiming to identify and analyze from the systematic observation and application of questionnaires, the reasons for high school students to escape from the Education classes Physics, seeking to understand these motives and describe solutions to such problems. Finally, the results indicated that the reasons for high school students did not participate in classes, ranging from personal reasons such as illnesses, class specific clothes and laziness, to reasons associated with the physical structure of the school, showing that teachers neither are always the main cause of this evasion. Therefore, we come to the conclusion that, even with all this situation, it is possible to develop an enriching work at this stage of basic education, making the students have the teacher as a reference and that lead to their adult life the experiences realized in the classes.

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Sumário

1.INTRODUÇÃO ... 7

2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 11

2.1 A Educação Física no Ensino Médio: dialogando com a BNCC ... 11

2.2 A Educação Física e o Ensino Médio: expectativa e realidade ... 12

2.3 A evasão das aulas de educação física no ensino médio ... 15

3.ANÁLISE DE DADOS... 16

4.CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 23

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1.INTRODUÇÃO

A Educação Física no ensino médio é um componente curricular que deveria atrair os alunos para as aulas, ofertando-lhes uma diversidade de práticas corporais, mas, na realidade, o que acontece é uma repetição do que foi visto no Ensino Fundamental, ou seja, o aperfeiçoamento de técnicas esportivas, a exclusão e/ou a não participação dos alunos, causando um distanciamento entre alunos e as aulas.

Desta forma, com essa desmotivação por parte dos alunos e muitas vezes do professor, as aulas de educação física se resumem ao famoso “rolar a bola”1

, ou as práticas dos esportes tendo como foco montar o time da escola para jogos internos e externos (onde o futsal e voleibol predominam), não havendo um planejamento visando a realidade e vivências dos indivíduos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. Segundo Betti e Zulianiapud Polis e Porto (2010), o Ensino Médio deveria propiciar o atendimento de novos interesses dos estudantes, deixar de reproduzir modelos anteriores, ser mais aprofundada em seus conteúdos aplicados, fazendo a diferença em comparação com os últimos anos do Ensino Fundamental II.

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (2016), a Educação Física tem a responsabilidade de trabalhar as práticas corporais, levando em consideração suas diversas formas, significações sociais, possibilidades dos sujeitos, e a cultura produzida na sociedade. Logo, analisando o que diz o documento, e observando a realidade do ensino público, percebemos que, em sua maioria, essas sugestões não são colocadas em prática, promovendo também uma evasão dos estudantes das aulas.

O Ensino Médio é uma fase da educação básica onde os indivíduos que a compõem passam por diversas mudanças, sejam físicas, psicológicas ou sociais, entrando por várias vezes em conflito com seu eu e com os que estão a sua volta, tentando se encontrar em diversos aspectos. Por isso, a Educação Física, através de seus conteúdos, pode possibilitar experiências que contribuam para a construção/formaçãodesse cidadão, colaborando para que o indivíduo consiga ser um integrante ativo na sociedade.

Por meio da leitura e discussão dos textos na disciplina de educação física no ensino médio, dúvidas foram surgindo, algumas questões esclarecidas, mas surgiu a necessidade de pesquisar os motivos pelos quais os alunos não participam das aulas de educação física no

1 Rolar bola: aula onde é dada bolas que estão disponíveis na escola, normalmente meninas ficam de um lado e

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ensino médio, se os motivos pessoais são os que interferem, se a metodologia do professor influencia neste processo ou se a estrutura contribui com toda situação.

Ao pesquisar publicações com o tema foi percebido que a área da Educação Física no Ensino Médio precisa de estudos que envolvam o ensino médio na perspectiva pedagógica, sua realidade e seus integrantes, não só a iniciativa pública como também a privada.

Em meio a essas problemáticas, este trabalho busca identificar e realizar uma análise dos motivos pelos quais os alunos do Ensino Médio não participam das aulas de Educação Física, gerando uma evasão das mesmas, quais as dificuldades encontradas pelo professor da disciplina para exercer suas funções, e, por fim, expor alternativas para resolver ou amenizar tais problemas.

No que diz respeito aos interesses pessoais, o tema da pesquisa foi escolhido por uma curiosidade despertada ao ter contato e discutir sobre os textos que relatavam a realidade do ensino público na fase do ensino médio, por meio da disciplina de Educação Física no Ensino Médio, também é um objetivo saber como é a realidade do ensino médio visto que há ainda há algumas indagações em relação a esse nível de ensino e os desafios que poderão ser encontrados em atuação futura.

Partindo do pressuposto acadêmico, percebemos que não há tantos trabalhos relacionados à Educação Física no Ensino Médio, já que, quando falamos dessa fase da educação básica brasileira, muitos são os desafios: estrutura física, planejamento pedagógico, evasão e participação dos alunos são alguns deles. Desse modo, esse nível de ensino é aberto para pesquisa, visto que tem uma heterogeneidade em vários aspectos, um desses aspectos são os estudantes que integram essa etapa de ensino, que são de idades, culturas e vivências diferentes.

O Ensino Médio é um dos níveis de ensino em que a Educação Física está inserida, mas isso não quer dizer que tem lugar garantido, por isso existe uma necessidade de pesquisa nesse âmbito para contribuir para a consolidação de tal componente curricular no ensino médio. Através da análise da realidade do ensino público, seus problemas e possibilidades, é possível mostrar aos profissionais atuantes nessa área que existem potenciais no ensino médio, expor aos alunos que eles estão em uma etapa de construção de opinião e conhecimento, e que a Educação Física pode e é um dos caminhos para um melhor aproveitamento dos alunos nessa fase da educação.

A atuação do professor de Educação Física no ensino médio vai além de oferecer uma diversidade de práticas corporais aos estudantes dessa fase de ensino, o educador também é um formador de opinião, que tem a capacidade de ensinar aos alunos como analisar, enfrentar

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e desenvolver soluções para problemas (sejam eles pessoais ou coletivos), além disso, o professor tem que lidar com todo o universo de cores que é o ensino médio, não há uma receita pronta, mas a busca pelo conhecimento para prosperar em seu planejamento pedagógico e execução de aulas, poder e ver a mudança acontecer é o que move muitos profissionais dessa área. Assim com mais pesquisas nesse território têm-se a chance de ajudar aos educadores a desenvolver seu trabalho de forma satisfatória para ambos os lados, contribuindo para que o objetivo de formar cidadãos autônomos e críticos seja bem estruturado.

A pesquisa se caracteriza por ser um estudo de caso de caráter qualitativo descritivo, em que o objetivo geral foi analisar os motivos da evasão dos alunos nas aulas de educação física no ensino médio, examinando os motivos que levam os alunos a participarem ou não das aulas e verificando se a proposta pedagógica dos professores atuantes nesse nível de ensino e a estrutura física das escolas, afeta na participação dos alunos.

O estudo de caso, segundo Pattonet al.Freitas e Jabour (2011), o estudo de caso visa reunir informações detalhadas e sistemáticas sobre o fenômeno a ser pesquisado. O estudo de caso qualitativo é especialmente pertinente, quando se trata de tentar responder a problemas ou perguntas que se formatam em “comos” e/ou “por quês” e que se interessam por acontecimentos contemporâneos dos quais obtemos poucas informações sistematizadas (TRIVINOS e NETO, 2004).

Já o método qualitativo, segundo Malhotraet al. (2010), proporciona melhor visão e compreensão do problema. Tendo como objetivo a obtenção da compreensão qualitativa do problema, a mostra é tomada por um número pequeno de caos, a coleta de dados não é estruturada e sua análise não é estatística (MALHOTRA et al., 2005). Para Minayoet al. (2013) esse tipo de pesquisa: (...) responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com o nível de realidade que não pode ser qualificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

O estudo descritivo caracteriza-se pela palavra escrita colocada em destaque, os dados coletados aparecem sob a forma de transcrições das entrevistas, anotações de campo, vídeos, desenhos e vários outros tipos de documentos, rejeitando a expressão qualitativa, numérica (GODOY, 1995).

Como instrumentos para a coleta de informações, além da análise, a partir da observação sistemática das aulas de Educação Física, foi aplicado um questionário

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semiestruturado com alunos do Ensino Médio e com professores da referida disciplina em duas escolas na zona norte de Natal, sendo uma da rede pública de ensino e a outra da iniciativa privada. Os lócus da pesquisa foram a Escola Estadual Josino Macêdo (EEJM) e o Colégio O Mestre, em que ambos ofertam o Ensino Médio regular.

O questionário aplicado aos alunos teve como características perguntas abertas e fechadas, e visou indagar sobre os motivos pessoais de não das aulas práticas de Educação Física, levando em consideração a estrutura física da instituição e a metodologia utilizada pelo professor, além de saber o que a Educação Física significava para eles e se as vivências das aulas serviam para algo fora da escola.

Nesse intuito, eles responderam a 5 questões, sendo elas: !1) Cite 3 motivos pessoais para não participar das aulas de Educação Física, 2) A estrutura física da escola (quadra, bolas e etc.) contribuem para que você queira participar das aulas? ()sim ou ()não, 3) O modo com que o professor ministra as aulas te estimula a participar? ()sim ou ()não, 4) O que a Educação Física significa para você?, 5) Na sua opinião, a Educação Física pode ser usada em seu cotidiano fora da escola?. Ao todo 33 alunos responderam presencialmente ao questionário, sendo 17 alunos da EEJM e 16 do Colégio O Mestre. Já o questionário aplicado com os dois professores, um de cada instituição, também foi um semiestruturado, com perguntas abertas, em que buscou-se a opinião dos docentes em relação as aulas de Educação Física, procurando saber se utilizavam documentos de referência para a elaboração do planejamento, falando sobre a estrutura física da escola, mostrando se a instituição disponibiliza recursos para o desenvolvimento das aulas de Educação Física, qual o maior desafio no ensino Médio, saber a quanto tempo atua no Ensino Médio e qual a sua percepção com relação a participação dos alunos em suas aulas.

Por fim, foi feita uma análise dos questionários, buscando convergências e divergências entre as respostas dadas pelos alunos e examinando se o que foi explanado pelos professores em seus questionários mostra a realidade exposta pelos alunos. Além disso, buscou-se compreender e esclarecer o afastamento dos estudantes das aulas de Educação Física, expondo os motivos para não participar das aulas.

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2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A Educação Física no Ensino Médio: dialogando com a BNCC

O Ensino Médio segundo a BNCC é uma fase onde os estudantes são repletos de experiências pessoais. Essas vivências são trazidas para as aulas de Educação Física por meio de gestos e falas dos indivíduos, em que tais experiências interferem diretamente nas aulas, de forma a contribuir ou não para o processo de ensino aprendizagem. O professor pode colaborar para que conhecimentos sejam um aliado para a condução de suas aulas, planejando suas intervenções de acordo com a realidade e expectativas dos alunos.

A BNCC é um documento que auxilia o docente em sua prática pedagógica, tal documento foi formulado para ajudar o professor a planejar suas aulas de forma a atender as demandas que os alunos do Ensino Médio têm, tendo como norte que esse aluno necessita de experiências diversificadas, e de vivências que remetam a sua realidade, desta forma o professor aproxima o indivíduo das aulas de Educação Física, tornando-o um sujeito que reflete, pratica e aplica os conhecimentos adquiridos nas aulas em seu cotidiano, dentro e fora do ambiente escolar. Nesta fase do ensino, os alunos precisam de uma continuidade do que foi visto nas etapas anteriores da educação básica, por isso, a importância de um Ensino Fundamental que não se restrinja apenas aos esportes mais praticados ou as aulas sem conteúdo programado, assim, intervenções que fogem deste foco contribuem bastante para que os estudantes cheguem ao Ensino Médio com outro olhar sobre a Educação Física.

Por isso, o Ensino Médio é uma fase da educação básica que precisa de investimentos pedagógicos. Por ser a etapa final, os estudantes que nela estão passando devem ser orientados para exercer seus direitos, tornando-se um cidadão crítico, autônomo e atuante na sociedade. Tratar de temas como direito ao acesso às práticas corporais pela comunidade, a problematização da relação dessas manifestações com a saúde e o lazer ou a organização autônoma e autoral, no envolvimento com a variedade de manifestações da cultura corporal de movimento, permitirá a expressão e o cultivo dessas situações (BRASIL, 2016).

Quando as aulas vão além de mera repetição, os alunos são atraídos para um novo universo de conhecimento, onde o seu corpo é pensante e atuante na tarefa, despertando novos conceitos para as manifestações corporais. “Além disso, para que a vivência seja significativa, é preciso problematizar, desnaturalizar, e evidenciar a multiplicidade de sentidos e significados que os grupos sociais conferem às manifestações da cultura corporal de movimento” (BRASIL, 2016, pág. 101).

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O professor tem a autonomia para diversificar os conteúdos em suas aulas, introduzir o caráter lúdico nas intervenções, fazendo com que os estudantes sintam satisfação em estar realizando tal prática, retirando das aulas a metodologia da repetição, do gesto técnico. Segundo a BNCC(2016), é importante deixar claro que não se trata de reproduzir as condições para a realização da prática, no transcorrer das aulas, tal como elas ocorrem fora da escola, ou seja, éressignificar essas práticas, didática e pedagogicamente, para que os indivíduos consigam ter o contato com várias manifestações corporais.

Desta lida, os estudantes quando se apropriam do conhecimento, transformam-se em indivíduos criativos, que analisam sua micro e macro realidade, buscando medidas para mudá-las, mesmo que essas iniciativas não sejam em grande escala. “Em síntese, espera-se que os professores e professoras desafiem os estudantes a protagonizarem a experiência pedagógica, incentive-os a estabelecer uma relação crítica e criativa com os conhecimentos, mantendo-os sintonizados com os problemas que afligem a contemporaneidade” (BRASIL, 2016, pág. 544).

A BNCC é um documento que pode ser um aliado no planejamento do professor de Educação Física no Ensino Médio, dela podem ser retiradas sugestões de conteúdos e intervenções, colaborando para uma mudança significativa nas aulas desse nível de ensino.

2.2 A Educação Física e o Ensino Médio: expectativa e realidade

A Educação Física foi incorporada como componente curricular obrigatório da educação básica em 1996, por meio da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), mostrando que a educação física faz parte da proposta pedagógica da escola. Foi uma mudança importante para um componente que trabalha as práticas corporais como meio para a aprendizagem dos indivíduos. “Uma mudança bastante significativa que exigiu (e ainda exige) dos professores e professoras um esforço de alinhamento da disciplina aos propósitos da escola” (Brasil, 2016, pág. 100).

Os esportes, as danças, as ginásticas, as lutas, as práticas corporais de aventura, são alguns dos conteúdos da cultura corporal de movimento para educação física escolar, através deles o professor pode planejar suas aulas e adequá-las à realidade da escola. Dentro de cada conteúdo existem classificações tornam vastas as possibilidades de trabalho do docente. Mesmo com todo esse universo de práticas corporais na Educação Física, os desafios são diários para os professores do Ensino Médio.

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Por ser o último ciclo da educação básica, seus integrantes já carregam uma certa bagagem, com experiências e conhecimentos advindos das aulas de Educação Física ou de vivências fora do ambiente escolar, essas experiências podem ser um estímulo para participar das aulas ou servem apenas como um fator de afastamento.

Nesse sentido, a cultura da escola deve interagir de diversas maneiras com o patrimônio cultural ao seu redor. Entretanto, a escola tem feito alguma força para deixar de lado de fora o turbilhão de informações e saberes que circula pelos meios de comunicação de massa, mesmo consciente de que as gerações que a ela chegam na atualidade cresceram sob a vigilância das ideologias do senso comum produzidas na televisão (CHAIM,2017).

Os estudantes desse nível de ensino sofrem com a cobrança em relação ao seu futuro, ter que se adequar ao modelo de prova exigida para entrar no curso superior, que carreira seguir, que profissão escolher, tudo é encaminhado de modo a ser rápido e objetivo, o que importa é seu status na sociedade.

Com isso, a individualidade é deixada de lado, nessa fase de desenvolvimento o aluno busca conhecer a si e o meio em que está inserido, procura referências, e entra em grupos que fazem o que ele acha correto. É uma fase complexa que precisa de uma compreensão ampla. Significa não entender a juventude como uma etapa com um fim predeterminado, muito menos como um momento de preparação que será superado com o chegar da vida adulta (DAYRELL et al., 2017).

No que diz respeito a atuação do professor de Educação Física no Ensino Médio, é necessário falar que o docente não é o único culpado pelo afastamento dos alunos das aulas, porém, sua forma de conduzir suas intervenções, são de extrema importância para que os estudantes consigam ter sucesso no processo de aprendizagem e tenham contato com experiências diversificadas, que os levem a ressignificar as práticas vivenciadas nas aulas. O professor de educação física pode ser considerado um dos atores sociais que contribuem para a inscrição de sentidos e significados que historicamente permeiam o corpo (LÜDORF et al, 2015).

O planejamento docente, de forma a atender as demandas dos alunos, levando em consideração os conteúdos da Educação Física, manter um vínculo afetivo agradável e fazer com que os estudantes participem deste planejamento, são caminhos para que a educação física cumpra seu papel no ambiente escolar. Uma atuação pedagógica que pode trazer uma grande contribuição para a Educação Física deve ser feita em conjunto entre professor e alunos, e consiste na construção de conhecimentos e atividades a serem realizadas ou vivenciadas, com características de um projeto participativo (TENÓRIO e SILVA, 2011).

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O professor é um fator que pode atrair os alunos ou causar o afastamento dos tais das aulas, o docente deve refletir sobre o papel da educação escolar e da educação física na escola, de modo a conseguir alcançar os objetivos que trazem em seu currículo educacional. (...) Assim a escola faz o papel de fomentar a transição do privado (família) para o público (sociedade) (...)(SOUZA, 2017). Vendo a escola como um local dessa transição, a educação física se torna um caminho para que os indivíduos transformem a sociedade em que estão inseridos.

No cotidiano das escolas que ofertam o Ensino Médio a realidade das aulas de Educação Física é preocupante, enquanto alguns docentes trabalham duro para que esse componente curricular tenha seu lugar ao sol, existem professores que ainda reproduzem o famoso “rola bola”. Relatos de alunos que tem más experiências advindas das aulas de Educação Física, onde o professor só visava a formação de equipes para competição, infelizmente são comuns.

A realidade não é nada animadora, mas deve ser encarada como um desafio que tem potencial de gerar grandes frutos, o professor é um formador de opinião, é um espelho para os alunos, mesmo com todas as dificuldades, se esse docente conseguir transformar por meio de suas aulas a realidade de pelo menos uma de suas turmas, já pode testemunhar que a educação física é um componente que encaminha os indivíduos para a sociedade, de forma que esse aluno também busque a mudança no meio em que vive. Souza (2017, p. 54), sobre essas dificuldades fala que:

“(...) aulas sem a intervenção do professor, a invasão do espaço de aula (quadra em geral) por alunos em aulas vagas, a utilização da aula de Educação Física para recuperação de conteúdos de outras disciplinas, a falta de definição de um currículo mínimo, a cultura de que a aula de Educação Física é um momento de lazer ou de liberdade de escolha e tantas outras situações correntes na cultura dessas aulas que inviabilizam a construção e o desenvolvimento de projetos consistentes para a disciplina, (...).”

Em suma, a Educação Física no Ensino Médio tem suas implicações na educação do aluno nessa faixa etária, podendo contribuir com muitos valores, significados e sentidos aos mesmos, ajudando também a sociedade, desde que o seu oferecimento proporcione um trabalho organizado e estruturado quanto às práticas pedagógicas, atendendo aos interesses e expectativas dos jovens e, sendo voltada ao enfoque da cidadania (POLIS e PORTO, 2010).

Infelizmente, quando essas potencialidades da Educação Física não são cultivadas no Ensino Médio, surge uma evasão dos alunos nas aulas desse componente, tornando as mesmas um espaço de passividade e exclusão.

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2.3 A evasão das aulas de Educação Física no Ensino Médio

A Educação Física por ser um componente curricular diferente dos demais, tendo uma característica predominantemente de práticas corporais em suas aulas, se destaca e atrai a atenção dos alunos. Segundo a BNCC, a Educação Física oferece uma série de possibilidades para enriquecer a experiência das crianças, adolescentes e jovens e adultos na Educação Básica, permitindo o acesso a um vasto universo cultural. Mas toda essa riqueza é deixada de lado por várias vezes, os motivos para surgir um distanciamento entre os estudantes e a Educação Física são diversos, dentre eles: a falta ou esquecimento da vestimenta, o sedentarismo, o espaço e horário das aulas etc.

Neste nível da educação básica, são diversos os problemas que surgem ao longo do processo de ensino. O professor, além de dar conta dos conteúdos próprios da disciplina, também enfrenta outras dificuldades, tais como, indisciplina, horários com duas turmas, estrutura física e didática precária, bem como o desinteresse dos alunos pelas aulas. Uma dessas dificuldades que é o desinteresse pelas aulas, pode ter surgido no Ensino Fundamental II, etapa mais próxima ao Ensino Médio, em que o aluno passou esses anos tendo contato apenas com os esportes convencionais (futebol, voleibol, basquetebol e handebol), com foco na reprodução e aperfeiçoamento dos fundamentos. Devido essas aulas terem um aspecto tecnicista, onde a repetição de gestos técnicos era prioritário, os alunos que não conseguiam ou não se identificavam com os esportes desenvolvidos pelo professor, se excluíam das aulas. Para Daridoet al.(2017), as aulas de Educação Física no Ensino Médio são quase sempre uma repetição dos programas de Educação Física do Ensino Fundamental, ou seja, se resumem às práticas dos fundamentos e à execução dos gestos técnicos esportivos.

Com isso, os alunos descobrem que não dispõem de habilidades específicas de algum esporte ou não criam uma identificação com os que vivenciaram, e enxergam a Educação Física apenas como um espaço de repetição e cobrança, onde os conhecimentos pessoais são esquecidos no planejamento do professor e só há lugar para aqueles que se destacam nos esportes. As experiências acumuladas nos anos do Ensino Fundamental, mostrou uma Educação Física,por vezes, elitista voltada para o mais forte, o mais rápido, o mais habilidoso, onde o resultado e a marca eram supervalorizados, em detrimento de uma reflexão crítica sobre as ações e atividades que estavam praticando. Neste sentido, o aluno não produzia grandes alterações cognitivas nesta área de conhecimento e as atividades eram realizadas sem se saber o porquêou para que. Para estes alunos, a Educação Física acabou se tornando, uma

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atividade sem muita contribuição para o seu crescimento pessoal (BARNI e SCHNEIDER,2003).

Os alunos possuem, na maioria das vezes, opinião formada sobre a Educação Física baseados em suas experiências pessoais anteriores. Se elas foram marcadas por sucesso e prazer, o aluno terá, provavelmente, uma opinião favorável quanto a frequentar as aulas. Ao contrário, quando o aluno registrou várias situações de insucesso, e de alguma forma se excluiu ou foi excluído, sua opção será pelo afastamento das aulas ou a passividade perante as atividades (COSTA et al.,2013). Por isso, o professor desse nível de ensino precisa desenvolver suas aulas com metodologias mescladas, alguns alunos vão se envolver porque se identificam com o método de reprodução, já outros vão se entregar somente quando as aulas forem de cunho lúdico.

O esporte é um dos conteúdos da Educação Física, mas não pode haver uma sobreposição dele em relação aos outros conteúdos, nem as aulas devem se resumir a sua prática. Não se pretende aqui negar o esporte enquanto conteúdo da Educação Física na escola, isso seria bastante ingênuo. O esporte hoje é um fenômeno social que em diferentes intensidades permeia o cotidiano do jovem estudante do Ensino Médio e que deve ser abordado na escola, entretanto é necessário repensar essa abordagem (NARDON e DARIDO, 2017).

O conteúdo esporte é um meio para que o docente estimule a análise e reflexão dos estudantes, visto que o esporte sofre influências de diversos fatores, seja devido a região em que é praticado ou os conceitos que são associados a ele através da sociedade, pela mídia e as tecnologias. O esporte é uma manifestação cultural que se modificou conforme a época e a sociedade, por isso, a importância desses alunos verem os esportes por outro lado, um olhar crítico, que perceba como esse conteúdo influencia suas atitudes e a sua realidade.

3.ANÁLISE DE DADOS

A partir da interpretação das respostas coletadas através dos questionários, foi possível compreender alguns dos motivos dados pelos estudantes, para não participar das aulas de Educação Física no Ensino Médio. A realidade dos alunos é uma mistura de querer participar e a estrutura física não contribuir ou ter a estrutura física e não participar, o professor incentivar a participação, mas mesmo os alunos percebendo tal atitude, não querem realizar o que é proposto nas aulas.

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Na pergunta onde os estudantes deveriam colocar três motivos pessoais para não participar das aulas práticas de Educação Física, os motivos mais citados foram sintomas relacionados a doenças, dor de cabeça, dor na coluna e lesões. No caso das garotas as dores menstruais também apareceram como motivo para não realizar as aulas. Esses motivospodem nos leva a concluir que os estudantes, que colocaram essas respostas, estejam desenvolvendo ou tenham alguma doença relacionada a falta de atividade física na escola ou fora dela, ou seja, desde o período do Ensino Fundamental não participavam ativamente das aulas de Educação Física.

Com isso, podemos ver a importância que a Educação Física tem na escola, desde os anos iniciais de vida escolar, pois as práticas diversificadas nas aulas, estimulam os indivíduos a buscarem algum tipo de atividade física fora do ambiente escolar. As atividades físicas vivenciadas na infância e na adolescência se caracterizam como importantes colaboradores no desenvolvimento de atitudes, habilidades e hábitos que podem auxiliar na escolha de um estilo de vida ativo na idade adulta (BARNI e SCHNEIDER, 2003).

A preguiça foi a segunda resposta mais colocada para não participar das aulas, atrelado a essa resposta vem o horário das aulas. A pesquisa foi feita com alunos do turno matutino, no último horário da manhã, em que alegaram que o horário da disciplina não contribuía para que eles participassem das aulas. Como podemos perceber nas respostas a seguir: “Tenho preguiça, canso rápido, passo mal às vezes (aluno 1). ”, “Preguiça, cólicas, dor de cabeça (aluno 2). ”, “Preguiça, cansaço, dor no pé (aluno 6). ”

Analisando estas respostas é possível dizer que o motivo “preguiça”, também encontrado em outras respostas como falta de interesse, pode ser explicado pelo fato dos estudantes estarem fatigados das outras aulas, que em sua grande maioria são teóricas, em que todos ficam sentados escrevendo ou ouvindo o professor falar sobre o conteúdo. Uma pesquisa feita com alunos do Ensino Médio de uma escola da rede estadual do Rio de Janeiro concluiu que 23,3% dos alunos afirmaram que não participavam das aulas por terem preguiça (COSTA et al., 2013).

É necessária uma pesquisa mais aprofundada para conhecer os significados que a palavra preguiça tem para os estudantes, e como esse argumento é fundamentado pelos indivíduos para não participar das aulas práticas de Educação Física, em que fase de sua vida escolar esse estado de inércia surgiu e o que contribuiu para tal comportamento.

Outro argumento são as vivências anteriores destes alunos, no caso das aulas de Educação Física no Ensino Fundamental, em que estes estudantes podem ter tido o contato apenas com aulas que se resumiam aos esportes tradicionais, o famoso quarteto fantástico (futebol,

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voleibol, handebol e basquetebol), entrando em um comodismo, e criando um conceito equivocado sobre a Educação Física na escola. Entende-se que as aulas se resumem na realização de fundamentos ou na ação de jogar determinados esportes, elas podem distanciar aquele estudante que não tenha grandes interesses relacionados ao esporte. Alémdisso, aulas pautadas somente no esporte evidenciam possíveis diferenças entre os alunos em termos de habilidades (NARDON e DARIDO,2017).

A roupa adequada para as aulas foi o terceiro motivo mais citado pelos alunos juntamente com a estrutura física da escola. Com relação à vestimenta necessária para as aulas, de certo modo, é algo que incomoda os indivíduos que nessa fase em que estão passando por mudanças físicas e, muitas vezes não aceitam o seu corpo, mas, o professor deve ver isso como algo a ser colocado em discussão nas aulas, desde a explicação do que são essas mudanças até os problemas que surgem como toda essa transformação, como por exemplo, os distúrbios alimentares e o bullying2. Sobre isso alguns alunos disseram: “Doença, vergonha (aluno 11). ”, “Esquecimento da roupa, falta de interesse, não temos boa prática (aluno 17). ”.

Tais questões tornam-se preocupantes, sobretudo no que tange à adolescência, fase em que as preocupações com o corpo ganham magnitude em virtude das transformações associadas a ela. Assim, torna-se fundamental o papel dos professores de educação física, também na problematização e discussão desses aspectos, como parte do processo formativo (SILVA, SILVA e LÜDORF,2015).

Já a estrutura física da escola, é um fator que por muitas vezes, interfere até no planejamento do docente, não querendo afirmar que o professor que não tiver acesso a uma quadra, não deve dar aulas práticas, pelo contrário, há outras possibilidades fora da sala de aula, o pátio da escola, uma área verde ou até mesmo uma sala sem cadeiras pode ser um local para as vivências. Esse motivo deveria ser algo que fizesse com que os alunos refletissem e buscassem soluções para a falta de estrutura física na escola, começando pela falta de material até chegar a ausência de espaços para as aulas práticas da disciplina. Diante disso um aluno disse: “Estrutura da escola, local, horário (aluno 16). ”.

Outra razão para não participarem foi a “aula não atrativa”, o que nos leva a entender que os estudantes em algumas situações não participam das aulas por não se identificarem com o conteúdo abordado, o modo que o professor ministra a aula, ou ambos os argumentos justificam a resposta. Em uma das respostas à pergunta: “O modo com que o professor

2Bullying: ato agressivo com o objetivo de ferir (psicologicamente ou fisicamente), pode ser feito através da fala

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ministra as aulas te estimula a participar? ” O aluno que deveria marcar “sim” ou “não”, ao invés disso, marcou as duas alternativas e colocou a seguinte frase: “Os dois, pois tanto ele ponhe moral como deixa fluir a aula com desconcentração” (aluno 1)., “As vezes as aulas são chatas, as atividades quase sempre precisam de roupas específicas, no local não há esportes que gosto (aluno 3) ”.

A figura do professor não foi citada como motivo para não participar das aulas em ambas as instituições, isto é algo que nos mostra que os docentes têm uma relação proveitosa com os alunos, e que conseguem desenvolver aulas diferenciadas. Na questão da pesquisa supracitada, os alunos da instituição pública e privada marcaram, em sua grande maioria que o professor estimula a participação dos alunos. Portanto, podemos dizer que o conteúdo abordado nas aulas é o que pode distanciar os estudantes.

Essa afirmação é confirmada nas respostas dadas pelos indivíduos para a questão, “O que a Educação Física significa para você?”. As palavras expostas pelos alunos foram: saúde, esporte, qualidade de vida, divertimento, atividade física, lazer, interatividade e conhecimento sobre o corpo. Examinando essas palavras e sua incidência nas respostas, há uma prevalência do esporte e da atividadefísica associados às aulas de Educação Física. Isso pode justificar o afastamento, principalmente das garotas que mostraram ter mais motivos para não participar das aulas.

“É importante por abranger outras matérias nela, como uma parte biológica e a influência social dela, principalmente em relação aos esportes (aluno 12). ”

“Ir a quadra para jogar bola e handebol, mostrar as habilidades (aluno 14). ” “Uma aula bastante interativa, o que a torna bem divertida, tanto nas aulas práticas quanto teóricas (aluno 15) ”

“É importante para sabermos sobre doenças, corpo humano e esportes (aluno 8). ” Alguns indivíduos têm uma noção básica do que é a educação física escolar, em suas frases mencionam a importância da atividade física, do conhecimento sobre o corpo, da teoria aliada à prática, as questões de ter uma vida saudável, e que a as aulas de Educação Física contribuem para isso. Enquanto outros estudantes tem a Educação Física como um momento de praticar esportes, lazer ou até mesmo por ser um componente curricular e que eles devem ter “nota” no fim dos bimestres.

“Bom, é uma matéria diferente, e que ajuda os jovens sai do sedentarismo e estimula a fazer alguma atividade física, tira os alunos do padrão de sempre (aluno 11). ”

“Momento de lazer e diversão (aluno 4). ”

“Atividades que nos estimulam a ter uma vida melhor da maneira correta (aluno 13). ”

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Foram encontradas frases que relacionam a educação física com saúde, a preocupação com o corpo, inclusão, e até mesmo aspectos psicológicos. Isto mostra que os alunos, em sua maioria, entendem que a Educação Física é um componente que dá o suporte para que eles tenham vivências diversificadas, conhecimento teórico sobre o corpo e que levem todo esse conhecimento para seu cotidiano.

“Saúde, manter o corpo em forma (aluno 6). ” “Inclusão social, vida saudável (aluno 11). ”

“Significa aprender mais e mais as práticas (aluno 16). ” “Saúde, melhora a autoestima (aluno 1). ”

Portanto, mesmo que esses alunos não tenham uma boa estrutura física e material disponível, percebemos que a Educação Física nas instituições tem, de certo modo, cumprido seu papel, fazendo com que os alunos reflitam sobre aspectos físicos e mentais, inclusão, qualidade de vidaetc, mostrando a importância das atividades físicas em nosso cotidiano e que essas práticas os levam a terem uma vida com saúde. A mediação ou intervenção pedagógica será favorável à medida que aos alunos seja dada a oportunidade de vivência de vários conteúdos da cultura corporal, assim o educando poderá decidir quais as manifestações que ele mais se identifica, podendo realizá-las não só no ambiente escolar, mas principalmente fora dele (TENÓRIO e SILVA, 2013).

Essas afirmações corroboram com as respostas dos alunos para a pergunta: “Em sua opinião, a Educação Física pode ser usada em seu cotidiano fora da escola?”. Nesta questão os alunos poderiam apenas colocar sim ou não, ou discursarem sobre o assunto com uma frase.

“Pode sim, ela deve mostrar como se comportar na sociedade e com pessoas especiais e como ajudá-las (aluno 3). ”

“Sim, pois não existe atividade física só na escola (aluno 7). ”

“Pode, tanto que a importância dessas aulas é estimular os alunos a praticarem atividades, exercícios físicos e ou esportes fora do campo escolar (aluno 12) ” “Tudo que fazemos pode ser usado na educação física e nem percebemos (aluno 13). ”

Por fim, examinando o questionário aplicado com os professores das turmas, as respostas dadas por eles estão entrelaçadas com as dos estudantes, visto que, os professores entendem que a Educação Física no Ensino Médio é uma forma do aluno conhecer seu corpo, entender o que acontece nessa fase de desenvolvimento, praticar uma atividade física e ter o contato com as vivências desenvolvidas nas aulas, de modo a desenvolver novos conhecimentos. Como exemplos temos: “Tem a importância de ajudar o indivíduo a entender

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melhor seu corpo nesta fase de desenvolvimento (professor 1). ”,“É uma prática que visa desenvolver novos conhecimentos sobre o corpo e a atividade física (professor 2). ”.

Foi indagado aos professores a respeito dos documentos que eles usavam para embasar seu planejamento, o professor da escola pública colocou os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) como documento norteador, já o docente da rede privada escreveu a seguinte frase: “Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos, sobre o mundo físico, social e cultural”. Os docentes de ambas as instituições desempenham ou tentam desenvolver seu trabalho para que os estudantes tenham outro olhar sobre a Educação Física, mas, vemos que os desafios começam dentro do ambiente escolar, de onde deveria vir o apoio.

O professor da instituição privada relata que não tem apoio da direção da escola, que as aulas são tidas como desnecessárias, não há respeito para com o componente curricular, podemos dizer que a Educação Física ainda busca sua legitimidade do âmbito escolar, pois ainda está fortemente interligada ao esporte, ao ganhar competições e a escola usar isso para atrair mais clientes. Nota-se hoje, que, a Educação Física, e em especial a do Ensino Médio, é um componente curricular que, em grande parte das vezes, é marginalizado, discriminado, desconsiderado, chegando até ser excluído dos Projetos Políticos Pedagógicos (PPP’s) de algumas escolas (BARNI e SCHNEIDER, 2003).

O professor da rede pública relata que tem o apoio da direção em todos os aspectos, os gestores fazem sugestões e solicitam o material para as aulas, mostrando que mesmo a escola não tendo a estrutura física que atenda as demandas dos alunos, o docente consegue fazer com que suas aulas proporcionem aos alunos uma experiência diferenciada, das que, muitas vezes, os estudantes podem ter tido no Ensino Fundamental.

A fala dos professores revela o quanto é importante a valorização do profissional da área, pois essa valorização é um incentivo para um bom planejamento, onde o professor se sente a vontade para abordar diversos temas. Logo, com esse estímulo, o docente ver que é um referencial para a escola, que a Educação Física é um componente que tem potencial. Segundo Betti et al.(2017), a função do professor não se resume simplesmente em ensinar os gestos técnicos e fundamentos dos esportes, a sua tarefa é a de promover o entendimento dos vários sentidos que os jogos, esportes e demais práticas corporais possam ter, bem como promover a resolução de conflito que possam surgir em situações de aula.

A opinião dos docentes em relação a participação dos alunos é otimista, os alunos participam, por vezes só vão à quadra para sair da rotina de sala de aula, é uma aula esperada, mas de certa forma não é aproveitada pelos indivíduos e sempre o docente tem que estimular

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a participação. Segundo Peres e Marcinkowski(2012), em vários estudos motivacionais, os autores retratam que o professor de educação física tem que conhecer os problemas que envolvem a motivação dos alunos para participarem das aulas, pois os alunos são de certa forma obrigados a participarem das aulas por ser uma disciplina do currículo escolar, por vezes, os alunos não são motivados devido a exigência da tarefa desenvolvida pelo professor. Portanto o professor tem que observar, se necessário modificar a tarefa e ser um motivador na aula. Neste aspecto os professores responderam: “Grande parte dos alunos aguarda esta aula como meio para poder se acalmar da cobrança do dia-a-dia (professor 1). ”, “As minhas turmas são bem participativas, mas no início do ano sempre há um período em que tenho que motivá-los (professor 2). ”.

Ao serem indagados sobre o maior desafio da Educação Física no Ensino Médio, os professores relataram que era o de manter o interesse dos alunos no início do ano letivo, e ter o respeito da direção e dos demais professores, e manter a participação dos alunos no ano letivo, são os desafios a serem superados no ensino médio. Portanto, essa luta pela legitimidade é necessária para a Educação Física escolar, mesmo com situações em que os alunos precisam estudar a disciplina, dando, como exemplo, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que em sua composição traz questões sobre o componente.

É necessário mostrar a esses indivíduos que a Educação Física faz parte de seu cotidiano, que o professor é um orientador do processo de ensino aprendizagem, que eles podem ter satisfação e desenvolver vários conhecimentos durante este processo. É salutar a postura do professor para que os alunos possam usufruir dos momentos da Educação Física, sem perder a noção de que eles estão em um espaço de aprendizagem de temas que compõem a Cultura Corporal de Movimento. No ambiente em que se efetiva o trabalho de intervenção docente, o processo ensino-aprendizagem supõe provocar, promover e orientar momentos em que o aluno reconstrói seus sistemas de interpretação e ação que incluem de forma interativa conhecimentos, procedimentos, atitudes e valores (SOUZA e PAIXÃO, 2015).

Muitos são os desafios que o docente encontra no Ensino Médio, o planejamento, a estrutura física, o desinteresse dos alunos, a desvalorização do professor, mas, isso deve ser revertido em possibilidades de intervenção, em luta pela valorização e busca pelo conhecimento.

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4.CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Ensino Médio é uma fase da educação básica que tem suas peculiaridades, tais características influenciam no modo de planejar, executar e rever as ações pedagógicas. Os estudantes têm demandas e anseios que precisam ter voz no planejamento do professor, esses adolescentes e jovens precisam se sentir integrantes do ambiente escolar, não sendo apenas uma obrigação ir à escola. A fase da adolescência e juventude é um campo de conhecimento totalmente aberto a pesquisas e intervenções, e cabe aos docentes de várias áreas explorarem esse espaço, porque através dessas iniciativas, esse mundo pode ser entendido pelos profissionais da educação, que podem ajudar esses estudantes a serem atuantes e autônomos na sociedade.

O afastamento dos alunos deve ser um fator de preocupação para o professor deste nível, se o aluno escolhe não participar da aula por causa de algum sintoma de doença, no caso das garotas a cólica menstrual, é algo compreensível, mas se a doença é colocada como argumento para o afastamento das aulas, é algo que deve ser contornado pelo professor da melhor maneira, em algum momento das aulas esse aluno deve ser inserido e incluído. Algumas razões para o afastamento dos alunos necessitam de um estudo minucioso, pois através disso, os docentes poderão formular estratégias para que esses motivos sejam substituídos pela motivação para participar das aulas.

A estrutura física da escola, que não contribui para o desenvolvimento das aulas de educação física no ensino médio deve ser encarada como um problema que gera soluções, se não tem a estrutura necessária, busca-se alternativas para que os alunos tenham o contato com práticas corporais diversas, que fujam dos esportes convencionais. Os estudantes podem construir equipamentos, cobrar dos gestores uma melhora na estrutura, desta forma, os indivíduos já estão valorizando as práticas e exercitando seus direitos e deveres.

A escola é um ambiente de aquisição e troca de conhecimentos, e a Educação Física é um componente que pode possibilitar isso de forma prática e lúdica, promovendo a socialização, o trabalho em equipe, a construção de valores e atitudes. O professor é uma peça chave do processo de ensino aprendizagem, por meio de seu planejamento os alunos tem a oportunidade de ter contato com práticas corporais que estão fora de seu cotidiano, através destas práticas os estudantes analisam, refletem e tornam-se atuantes em sua realidade. Assim, a Educação Física está cumprindo seu papel no ambiente escolar, o de favorece o surgimento da valorização do profissional da área e a utilização dos conhecimentos fora do ambiente escolar pelos indivíduos que vivenciaram tais práticas.

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A evasão é um problema que pode ser estudado e contornado, cabe ao professor fazer com que esse índice de afastamento diminua, não obrigando os alunos a participarem das aulas, mas, por meio de conversa e estratégias pedagógicas, poder trazer esse aluno para vivenciaras aulas de Educação Física no Ensino Médio, mudando o conceito que esse estudante tem sobre a Educação Física escolar.

O papel do docente de Educação Física vai além de ministrar aulas que contemplem os conteúdos sugeridos por documentos norteadores como a BNCC e os PCN´s, sua função ultrapassa o conceito de que a Educação Física é só esporte, e que só está na escola por causa disto, o professor é um formador de opinião, um instigador da mudança, é um caminho para o conhecimento.

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