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Tipos suspeitos: a pixação goiana além dos muros

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Universidade Federal de Goiás Faculdade de Artes Visuais Bacharelado em Design Gráfico

Laís Santiago de Menezes Lucas Mendes Oliveira Natasha Hoshino do Amaral

Tipos Suspeitos: A pixação goiana além dos muros

Trabalho de Conclusão de Curso

Goiânia 2017

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Laís Santiago de Menezes Lucas Mendes Oliveira Natasha Hoshino do Amaral

Tipos Suspeitos: A pixação goiana além dos muros

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Artes Visuais, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de bacharel em design gráfico.

Orientador: Flávio del Lima

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG.

Menezes, Laís Santiago de

Pixos Suspeitos: [manuscrito] : A pixação goiana além dos muros / Laís Santiago de Menezes, Lucas Mendes Oliveira, Natasha Hoshino do Amaral. - 2017.

ICII, 92 f.

Orientador: Prof. Flávio de Lima Ferreira.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Artes Visuais (FAV), Design Gráfico, Goiânia, 2017.

Bibliografia. Apêndice.

Inclui fotografias, lista de figuras.

1. Design gráfico. 2. Pixação. 3. Projeto editorial. 4. Livro Objeto. I. Oliveira, Lucas Mendes. II. Amaral, Natasha Hoshino do. III. Ferreira, Flávio de Lima, orient. IV. Título.

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Resumo

Este Trabalho de Conclusão de Curso apresenta os estudos realizados acerca da “pixação” desenvolvida em Goiânia, suas características estéticas e sociais, além de peculiaridades que a diferenciam de outros estilos regionais. A “pixação” continua sendo uma preocupação de governos e sociedade que pouco entendem do seu funcionamento e motivos, logo a criminalizando. Nosso trabalho busca esclarecer alguns aspectos desse movimento marginal e demonstrar como a estética da “pixação” pode ser utilizada em projetos de design gráfico e editorial. Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, filmográfica, de campo, e fotográfica para a elaboração de um livro objeto que apresentasse as informações de forma sucinta e casual para um público leigo. Também foi realizado um levantamento teórico acerca de produção gráfica, métodos de pesquisa e de projeto, e características de um livro-objeto

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Abstract

This Graduation Project presents studies about the “pixação” that is made in Goiânia, it’s aesthetic and social characteristics, and also quirks that differentiate it from other brazilian regional styles. The “pixação” continues to be a concern of govern and society that have little understanding of it’s motives and behavior, branding it illegal. Our project aims to clarify some aspects of this vandal movement and show how “pixação” aesthetics can be used in graphic and editorial design projects. To achieve that goal, a bibliographic, filmographic, photographic and field research was carried out that resulted in an object book to present the information in a succinct and casual manner for the general public. Also, a theoretical survey about graphic production, research and design methods, and characteristics of an object book was performed.

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Lista de ilustrações

Figura 1 – “graffiti em Pompéia” ... 15

Figura 2 – “Sejam realistas, demandem o impossível“ ... 16

Figura 3 – Logotipos das bandas: Metallica, Iron Maiden e Ratos de Porão ... 17

Figura 4 – Exemplo de pixação com influências dos logotipos de bandas punk ... 18

Figura 5 – Celacando provoca maremoto ... 19

Figura 6 – “Bomb” ... 20

Figura 7 – “folhinha” ... 21

Figura 8 – “tag reto” ... 23

Figura 9 – “xarpi” ... 24

Figura 10 – “pixação em Goiânia” ... 25

Figura 11 – Pixotosco aplicado num muro ... 27

Figura 12 – Rolinho Bros aplicado num muro ... 27

Figura 13 – Imagem da tela do jogo ‘Pixotosco’ ... 28

Figura 14 – Imagem da tela do jogo em execução ‘Pixotosco’ ... 29

Figura 15 – Lettering (escrito Brasil) desenvolvido para a coleção ... 30

Figura 16 – Coleção de roupas ”True Colors” ... 30

Figura 17 – Fonte digital Adrenalina ... 31

Figura 18 – Fonte digital Rooftop ... 31

Figura 19 – Fonte digital Fosca type ... 32

Figura 20 – Exposição da fonte digital Adrenalina ... 33

Figura 21 – Muro pichado de escola em Botucatu “eu pixo vocês pinta vamo vequem tem + tinta?” ... 34

Figura 22 – Imagem encadernação brochura, canoa e wire-o ... 45

Figura 23 – Encadernação tipo japonesa ... 45

Figura 24 – Encadernação tipo coptic stitch ... 46

Figura 25 – Dobras ... 47

Figura 26 – Entrelinha ... 48

Figura 27 – Parágrafo ... 49

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Figura 29 – Família Tipográfica Helvetica Neue ... 51

Figura 30 – Corpo Tipográfico ... 51

Figura 31 – Margem ... 53

Figura 32 – Guias Horizontais ... 54

Figura 33 – Colunas ... 54

Figura 34 – Módulos ... 55

Figura 35 – Gutters ... 55

Figura 36 – Grid Modular Aplicada ... 56

Figura 37 – Anatomia do livro... 58

Figura 38 – Níveis de contextualização da prototipagem... 62

Figura 39 – Tabela Lassala ... 70

Figura 40 – Tabela Xarpi ... 71

Figura 41 – Brainstorming ... 72

Figura 42 – Painel Semântico ... 73

Figura 43 – Cores do Painel Semântico ... 74

Figura 44 – Desenvolvimento de Paleta Cromática ... 75

Figura 45 – Tipografias do Painel Semântico ... 76

Figura 46 – Grafismos do Painel Semântico ... 77

Figura 47 – Aproveitamento de Papel ... 81

Figura 48 – Grid ... 83

Figura 49 – Fotografias autorais ... 84

Figura 50 – Cores definidas para aplicação no livro objeto ... 85

Figura 51 – Exemplo de abertura de subcapítulo ... 86

Figura 52 – Diferentes pesos da família tipográfica Fira Sans Condensed ... 87

Figura 53 – Fontes tipográficas “Rua Type” e “Rolinho” ... 88

Figura 54 – Fonte tipográfica “Pixo Reto” utilizada em grafismos ... 89

Figura 55 – Exemplo de infográfico da revista Mundo Estranho, 2007 ... 90

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1 Introdução . . . 11 1.1 Objetivos . . . 12 1.1.1 Objetivo Geral . . . ,,,,. . . 12 1.1.2 Objetivos Específicos . . . ... . . 12 1.2 Justificativa . . . ... . . . 12 1.3 Partes do Documento . . . 13 2 REFERENCIAL TEÓRICO . . . 14 2.1 Pichação . . . 14

2.1.1 História, Conceitos e Definições . . . 14

2.1.2 Motivos para “Pixar” . . . 21

2.1.3 Morfologia da “Pixação” . . . 22

2.1.3.1 “Tag reto” . . . ... . . . 22

2.1.3.2 “Xarpi” . . . ... . . . 23

2.1.3.3 “Pixação made in GO” . . . 24

2.2 Propaganda x Grafite x “Pixo” . . . 25

2.3 A exploração comercial da visualidade da “pixação” . . . .26

2.3.1 Tony de Marco . . . .... . . 26

2.3.2 Nike . . . ... . . . 29

2.3.3 Tipografias inspiradas na “pixação” . ... . . . .31

2.3.3.1 Adrenalina . . . ... . . . 31 2.3.3.2 Rooftop . . . ... . . . 32 2.3.3.3 Fosca type . . . ... . . . 33 2.3.3.4 Rua type . . . ... . . . 33 2.4 Projetos de Higienização . . . 34 3 Metodologias . . . .... . . 37

3.1 Método de Pesquisa de Campo . . . ... . . . .37

3.1.1 Definição . . . ... . . . 37 3.1.2 Preparação . . . ... . . . .37 3.1.3 Imersão . . . ... . . . 38 3.1.4 Análise . . . ... . . . 38 3.2 Metodologia de projeto.. . . . 39 3.2.1 Delimitação do objeto: . . . 39 3.2.2 Conhecimento do Objeto: . . . 39

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3.2.2.1 Coleta e análise de informações: . . . .39 3.2.2.2 Conceituação: . . . ... . . . . 40 3.2.2.3 Definição do objeto: . . . 40 3.2.3 Desenvolvimento do objeto: . . . 40 3.2.3.1 Geração de alternativas: . . . 40 3.2.3.2 Desenvolvimento de alternativas: . . . .40 3.2.3.3 Adequação e validação: . . . ... . . 40 3.2.3.4 Fechamento e apresentação: . . . 41 4 Design Editorial . . . 42 4.1 Produção Gráfica . . . 42 4.1.1 Métodos de Impressão . . . 42 4.1.2 Tipos de Papel . . . ... . . . 43 4.1.3 Acabamentos Gráficos . . . 44 4.1.4 Encadernação . . . ... . . . 44 4.1.5 Dobras . . . ... . . . 46 4.2 Livro-objeto . . . ... . . . 47 4.2.1 Tipografia . . . 48 4.2.2 Cor . . . ... . . . 52 4.2.3 Formato . . . ... . . . 53 4.2.4 Grid . . . ... . . . 53 4.2.5 Anatomia do Livro . . . ... . . 57 4.2.6 Prototipação . . . ... . . . . 62 5 DESENVOLVIMENTO . . . 63 6 Delimitação do Objeto . . . 64 6.1 Briefing . . . ... . . . 64 6.1.1 Definição de Objeto . . . ... . . 65 6.1.1.1 Requisitos Funcionais . . . 65 6.1.1.2 Requisitos Formais . . . 66 6.1.1.3 Requisitos Conceituais . . . 67 7 Conhecimento do Objeto . . . 68 7.1 Análise Paramétrica . . . ... . . 68 7.1.1 Estudo de Similares . . . ... . . . 68

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7.1.1.1 Resultados . . . ... . . . 71

7.1.2 Painéis Semânticos . . . .. . . 77

7.1.3 Estudo de Materiais e Tecnologias . . . .78

8 Desenvolvimento do Objeto . . . 80

8.1 Geração e Seleção de Alternativa . . . 80

8.2 Adequação e Validação . . . 90

8.3 Fechamento e Apresentação . . . 91

8.4 Considerações Finais . . . .. . . 91

REFERÊNCIAS . . . ...92

APÊNDICES 98

APÊNDICE A – Estrutura da Conversa. . . 99

APÊNDICE B – Relatório do Rolê de Pixo . . . .101

APÊNDICE C – Análise dos dados etnográficos . .103 APÊNDICE D – Livro Objeto. . . 105

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1 Introdução

Enquanto transitamos pela cidade, somos inundados com informações. Dentre propagandas pintadas em muros, cartazes, outdoors e fachadas de lojas, nos deparamos também com intervenções urbanas, como o grafite e a “pixação”. Estas expressões da cultura de rua, os grafites, ilustrações com temas recorrentemente reflexivos ou alegóricos, as “pixações”, escritas com conteúdos majoritariamente incompreensíveis por leigos atraem atenção e geram reações diversas. A cidade é o sujeito catalisador:

[. . . ] elas as responsáveis por serem o suporte material (de uma arte encontrada na rua), simbólico (porque contestadas) e social (palco das contradições expressas substancialmente na arte ou das quais esta deriva) para o que há de mais novo em movimentos artísticos.”

(CALONGA, 2013, p.32)

Entretanto, a “pixação”, termo apresentado e defendido no livro “Pixação não é Pichação” por Gustavo Lassala, reforça o caráter ilegal da prática da “pixação” ilegível para leigos - daí o uso da palavra ser ortograficamente incorreta - do “pixo”, é um ato

marginalizado e menosprezado socialmente, enquadrada como crime por vandalismo conforme (ART. 65 DA LEI Nº 9.605/98). Como relata Djan Ivson, “pixador” paulista que assina como Cripta, uma das referências atuais do “movimento pixação” no Brasil

- em entrevista para Gustavo Lassala e Abilio Guerra, pela ‘Vitruvius’ - “{. . . } o “pixo” questiona de uma forma pacífica, porque existe um conflito simbólico através de uma intervenção estética. Não pixamos pessoas, pixamos parede”. Percebemos que a sociedade de modo geral possui uma visão superficial e depreciativa, com pouca abertura para buscar compreender melhor a diversidade cultural a qual o “pixo” está inserido e não o reconhecendo como forma de expressão e questionamento de jovens das periferias.

As pessoas foram todas educadas num conceito burguês e capitalista, que as ensinou a serem muito individualistas, a viverem na sua ilha, no seu muro. O ‘pixo’ vem na contramão disso e questiona: já que o espaço é público, até onde vai o direito de uma propriedade privada? O muro pode e o ‘pixo’ não? (IVSON, 2012).

O preconceito também nos impossibilita de compreender a complexidade na

elaboração das letras. Cada “pixador” deve desenvolver a sua ou aprender a do grupo a qual pertence como forma de identidade. Considerando o contexto social em que o “pixo” está situado, suas controvérsias políticas e produções - no âmbito que cabe à área do design gráfico - relacionadas ao “pixo”, além da pretensão de disseminar esse conteúdo, propomos

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o desenvolvimento de um livro objeto como produto final deste Trabalho de Conclusão de Curso. Para tanto, foram realizadas pesquisas de campo,

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1 Introdução

Enquanto transitamos pela cidade, somos inundados com informações. Dentre propagandas pintadas em muros, cartazes, outdoors e fachadas de lojas, nos deparamos também com intervenções urbanas, como o grafite e a “pixação”. Estas expressões da cultura de rua, os grafites, ilustrações com temas recorrentemente reflexivos ou alegóricos, as “pixações”, escritas com conteúdos majoritariamente incompreensíveis por leigos atraem atenção e geram reações diversas. A cidade é o sujeito catalisador:

[. . . ] elas as responsáveis por serem o suporte material (de uma arte encontrada na rua), simbólico (porque contestadas) e social (palco das contradições expressas substancialmente na arte ou das quais esta deriva) para o que há de mais novo em movimentos artísticos.”

(CALONGA, 2013, p.32)

Entretanto, a “pixação”, termo apresentado e defendido no livro “Pixação não é Pichação” por Gustavo Lassala, reforça o caráter ilegal da prática da “pixação” ilegível para leigos - daí o uso da palavra ser ortograficamente incorreta - do “pixo”, é um ato

marginalizado e menosprezado socialmente, enquadrada como crime por vandalismo conforme (ART. 65 DA LEI Nº 9.605/98). Como relata Djan Ivson, “pixador” paulista que assina como Cripta, uma das referências atuais do “movimento pixação” no Brasil

- em entrevista para Gustavo Lassala e Abilio Guerra, pela ‘Vitruvius’ - “{. . . } o “pixo” questiona de uma forma pacífica, porque existe um conflito simbólico através de uma intervenção estética. Não pixamos pessoas, pixamos parede”. Percebemos que a sociedade de modo geral possui uma visão superficial e depreciativa, com pouca abertura para buscar compreender melhor a diversidade cultural a qual o “pixo” está inserido e não o reconhecendo como forma de expressão e questionamento de jovens das periferias.

As pessoas foram todas educadas num conceito burguês e capitalista, que as ensinou a serem muito individualistas, a viverem na sua ilha, no seu muro. O ‘pixo’ vem na contramão disso e questiona: já que o espaço é público, até onde vai o direito de uma propriedade privada? O muro pode e o ‘pixo’ não? (IVSON, 2012).

O preconceito também nos impossibilita de compreender a complexidade na

elaboração das letras. Cada “pixador” deve desenvolver a sua ou aprender a do grupo a qual pertence como forma de identidade. Considerando o contexto social em que o “pixo” está situado, suas controvérsias políticas e produções - no âmbito que cabe à área do design gráfico - relacionadas ao “pixo”, além da pretensão de disseminar esse conteúdo, propomos o desenvolvimento de um livro objeto como produto final deste Trabalho de Conclusão de Curso. Para tanto, foram realizadas pesquisas de campo,

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Capítulo 1. Introdução

levantamentos bibliográficos, filmográficos e produção fotográfica, além de estudos acerca das repercussões sociais do tema tais como “projetos de higienização”.

1.1 Objetivos

Com base no tema apresentado e suas problemáticas levantadas, subsequentemente apresentamos os objetivos a serem trabalhados neste projeto.

1.1.1 Objetivo Geral

Realizar um estudo teórico sobre tema da “pixação”, suas questões políticosociais, históricas e também relativas à produção no âmbito do design gráfico, com a intenção de aplicar o conteúdo levantado num livro objeto e assim disseminá-lo.

1.1.2 Objetivos Específicos

1) Fazer um levantamento teórico acerca da cultura em que o “pixo” está inserido; 2) Pesquisar o cenário e agentes da “pixação” em Goiânia;

3) Realizar um levantamento da produções relativas ao design gráfico que tenham como mote o movimento da “pixação”;

4) Mapeamento tipográfico com o tema da “pixação”;

5) Construir um acervo fotográfico de “pixos” goianienses para a produção do livro objeto;

6) Adequar e seguir uma metodologia pré-existente com a finalidade de possibilitar a execução do projeto de design editorial do livro.

1.2 Justificativa

Este projeto justifica-se por abordar a “pixação” como intervenção urbana, parte integrante da cultura brasileira, entendendo a existência de um contexto político, cultural e social no circuito da “pixação” - tema alvo constante de críticas e políticas repressivas. Além disso, como futuros profissionais bacharéis em design gráfico, apresentamos aqui o desenvolvimento do projeto editorial de um livro objeto e assim, compartilhar uma parte do

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conhecimento que adquirimos acerca do movimento da “pixação”. Agregando também com a nossa formação enquanto designers e cidadãos.

Capítulo 1. Introdução

1.3 Partes do Documento

Este projeto escrito para apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso, encontra-se dividido em duas partes. Sendo a primeira apreencontra-sentada como Referencial Teórico - que por sua vez engloba os subtópicos: pichação, metodologia de projeto e design editorial; e a segunda, Desenvolvimento, na qual abordamos o processo de construção do projeto.

O Referencial Teórico aborda o aspecto histórico da pichação no Brasil e no mundo; a morfologia e visualidades da pixação em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Goiânia; delimitações conceituais do grafite e da pichação e a disputa com o marketing pelos espaços públicos; a exploração comercial desta visualidade de pixação através de projetos como Rolinho Bros, tipografias inspiradas em pixação e produtos confeccionados pela Nike; e os denominados “projetos de higienização” realizados em Nova York e principalmente em São Paulo.

O segundo tópico, Metodologias, discorre a respeito dos processos utilizados durante a pesquisa de campo, assim como os resultados gerados por ela. Neste tópico há também a apresentação da metodologia projetual de Ravi Passos, implementada na etapa seguinte em Desenvolvimento. A terceira divisão desta primeira parte, Design Editorial, trata dos aspectos de projeto relacionados com as características de publicação de cunho editorial do artefato. Nesta etapa, exploramos encadernação, tipo de papel, acabamento gráfico, cores, tipografia, grid e outros aspectos importantes de design editorial.

Na segunda parte desta monografia, Desenvolvimento, encontram-se informações relacionadas com os aspectos da produção do livro objeto. Esta parte é organizada de acordo com as etapas da metodologia de projeto de Passos, na seguinte sequência: Delimitação do Objeto, Conhecimento do Objeto e Desenvolvimento do Objeto. Durante as etapa de delimitação, conhecimento e definição, o escopo e características do artefato são definidos, e na etapa posterior executados.

Por fim, anexo e apêndices encontram-se no final desta monografia para que o leitor possa conferir na íntegra estudos, tais como entrevistas, fotografias e pesquisas de campo.

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Aqui estão reunidos todos os conhecimentos agregados durante as etapas do projeto referentes ao TCC 1. Essas informações são provenientes dos estudos realizados com artigos, outros TCCs que abordam temas correlatos, livros e a pesquisa de campo (detalhada no subtópico 3.1 Metodologia de Pesquisa de Campo).

2.1 Pichação

Para compreender a pichação em sua totalidade, apresentamos abaixo dados coletados referentes a pesquisa que abarcou desde as primeiras formas de pichação registradas, seu surgimento em um contexto urbano, diferenciação nos contextos brasileiro e regional (de cada cidade), motivos que levam os pichadores a começar a pichar e projetos de combate ao “pixo”. Além disso estudamos relações com a arte e momentos onde a “pixação” conseguiu transpor os muros e invadir a sociedade através campanhas de marketing, fontes de computador, exposições de arte e vestuário.

2.1.1 História, Conceitos e Definições

Preservada por séculos devido à erupção do Vesúvio, localizada no Sul da Itália, em Pompéia residem memórias solidificadas nas ruínas. Nestes fragmentos da antiga cidade, foram encontrados diversos grafites que fazem referência à críticas, amor, sexualidade e opiniões expressos pelos habitantes dessa sociedade, situações cotidianas da época e que até atualmente são manifestados nos muros.

Segundo o arqueólogo Emiliano Tufano, há cerca de 3000 inscrições eleitorais na cidade de Pompéia. Algumas foram escritas pela população em geral e outras por escribas considerados profissionais aptos a fazer inscrições oficiais pelo governo, sentenças de tribunais, comercialização de escravos e divulgações eleitorais. Geralmente este tipo de grafite era apresentado com cor vermelha e caixa alta.

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Figura 1 – “graffiti em Pompéia”

www.pompeiitourguide.me

Mais recentemente, no século XX, na França, o ato de pichar estava intimamente relacionado à fatores políticos e propagandísticos como campanhas, convocações à assembléias, manifestações, críticas e divulgação eleitorais encabeçadas notadamente por jovens e estudantes. Em Maio de 1968, com as conturbações culturais e sócio-políticas que o país vivia, esses jovens viram nos muros de Paris um canal de comunicação massivo dos seu ideais. Nas paredes da cidade estavam gravados frases até hoje reconhecidas como “é proibido proibir” e “sejam realistas, exijam o impossível”.

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Figura 2 – “Sejam realistas, demandem o impossível“

https://razaoinadequada.com/2013/06/16/os-muros-da-sorbonne/

Longe dos manifestos franceses, em Nova York, um jovem de 17 anos escrevia pelas ruas “Taki:183” e obteve grande visibilidade após sair na capa do The New York Times graças aos “pixos” que fazia. Ele era um office-boy que resolveu escrever seu nome e rua - da onde ele morava - pela cidade. A história de Taki serviu de inspiração para outros jovens que assim com ele sentiam a necessidade de se expressar de alguma forma. Surgiram então: “Joe 136”, “Barbara 62”, “Yank 135” e etc. Foi nesse contexto que os pichadores passaram a ser apelidados de “writers”, escritores em inglês (MARCELO, 2015).

Não distante, a pichação em São Paulo teve início entre a década de 1960 e 1970, nas mãos de jovens de classe média-baixa que buscavam novos experimentos para divulgar suas ideias e expressões na cidade, tendo como referência a cultura punk. A partir de então o picho assumiu diferentes contextos: no período da ditadura militar, em que as frases de cunho político e crítico eram intencionalmente feitas para serem compreendidas pela maior parte da população.

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Na década de 1980 com o início da Escola Paulista de Pixação, inspirada por

referências punk como capas de álbuns de bandas como “Metalica”, “Ratos de Porão”, “Iron Maiden” e “Kiss”, que por sua vez possuem origens no alfabeto e runas nórdicas.

(WAINER, João; OLIVEIRA, T. Roberto. PIXO. [Filme-vídeo]. 2010.).

“Em um primeiro momento os fãs dessas bandas começaram a pichar o nome dos grupos, tentando sempre copiar a forma das letras. Em seguida tiveram a ideia de pichar o próprio nome, usando para isso a tipografia do conjunto de música preferido. Posteriormente alguns indivíduos começaram a criar nomes, apelidos, para passar a decalcar na cidade” (MITTMANN, D. 2012).

Figura 3 – Logotipos das bandas: Metallica, Iron Maiden e Ratos de Porão.

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Figura 4 – Exemplo de pixação com influências dos logotipos de bandas punk

http://iamgraffiti.es/lettering-y-caligrafia-en-el-graffiti-3a-parte/

Em terras cariocas, a primeira pichação remonta-se de 1978 e é conhecida como “celacanto provoca maremoto!”. O pichador teria começado a fazer as inscrições sozinho e com o tempo foi ensinando outras pessoas, até que seu grupo chegou a atingir o número de 25 integrantes.

“O autor da frase é o jornalista carioca Carlos Alberto Texeira, o [email protected], na época era um jovem de 17 anos, estudante de física da PUC. [. . . ] A história de Celacanto se deu, segundo ele, por sua necessidade de falar, de se comunicar; primeiro escreveu no quadro negro e no banheiro da faculdade e depois começou a inscrever também em tapumes em lugares estratégicos da Zona Sul. [. . . ] No início usavam giz ou Pilot, depois o grande salto foi o spray” (MARCELO, 2015).

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Figura 5 – Celacando provoca maremoto

https://oglobo.globo.com/rio/bairros/intervencoes-artisticas-pipocam-pela-cidadsdescolam-do-grafit e-18644403

Desde então os pichos não pararam de surgir. Em 1992, o relógio da Leopoldina no Rio de Janeiro foi pichado em suas quatro faces, o que consistiu em um marco. Mesmo à 110 metros do chão, era possível ler as inscrições: “PICHO PORQUE SOU

REVOLTADO”, com a assinatura de Vinga, um dos “pixadores” que obteve maior ibope - reconhecimento entre os pichadores (MARCELO, 2015).

Com o tempo, a pichação passou a ser uma manifestação de escrita dirigida aos próprios pichadores, nem sempre compreendida pela sociedade, e que passaram a atribuir o nome “pixação” com “x”, gramaticalmente incorreto, para representar esse novo contexto e características que o movimento passou a assumir. Portanto, o grupo optou por empregar o termo com a grafia utilizando a letra “x” neste TCC.

“Podemos entender a pichação de forma genérica como toda e qualquer grafia aplicada de maneira não autorizada nos mais variados espaços públicos. Mas, dentro deste amplo espectro de pichações (letras, palavras, frases, desenhos, signos diversos), encontramos uma espécie particular de pichação, a qual, para diferenciar-se das demais maneiras de escrita não autorizada, os próprios “pixadores” adotaram a grafia de “pixação” como vemos em Pereira (2005) e Lassala (2010)” (MITTMANN, D. 2012).

Há várias vertentes de escritas em muros. O “bomb”, que originou do nome em inglês bombardeio, é ilegal como o “pixo” e possui um formato de escrita arredondada, muitas

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vezes com uso de sombra, texturas, brilhos e mais de uma cor em suas composições. Já a “tag” não consiste exatamente em um estilo de “pixação” ou grafite, ela é a assinatura do “pixador” ou da grife (como são chamados grandes grupos de “pixadores”, que pode conter subgrupos menores) que ele pertence.

Figura 6 – “Bomb”

http://www.dionisioarte.com.br/entrevista-autopsia-do-hip-hop-ao-bomb/

Outra suporte para escrita entre os “pixadores” é a “folhinha”. Nesse caso não se trata de uma “pixação” diretamente expressa no meio urbano. Para que as “tags” e “pixos” permaneçam registrados por maior tempo do que nas ruas, em “points” (local de encontro dos “pixadores” para fazer rolês ou divulgar festas os “pixadores” trocam folhas assinadas com “tags” entre si. Produzir e colecionar folhinhas são práticas comuns e que demonstram respeito pelo “pixo” de outros “pixadores” (WAINER, João; OLIVEIRA, T. Roberto. PIXO. [Filme-vídeo]. 2010.).

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Figura 7 – “folhinha”

https://www.insgy.net/tag/pixobr

Para concluir, é importante recordar que toda essa cultura da pixação e também do grafite brasileiro está fortemente relacionada à “cultura negra de rua”, constituído pelo hip hop, o rap (estilos musicais) tocados pelos rappers e DJ’s, acompanhado também do estilo street dance (dança de rua). Este tipo de manifestação de rua tem atraído cada vez mais a atenção da sociedade e espaço em obras que utilizam o movimento como contexto. É o caso dos seriados “The Get Down” e “Hip Hop Evolution”.

2.1.2 Motivos para “Pixar”

Os motivos que levam alguém a começar a “pixar” são muito questionados, e podem variar conforme o indivíduo. Através de nossa análise de estudos sobre a “pixação” e pesquisa etnográfica realizada com “pixadores” goianienses, nota-se uma grande influência do ambiente e círculo de amigos como facilitadores e estimulantes. “Pixadores” entrevistados relataram começar a “pixar” enquanto frequentavam as séries de ensino fundamental e médio e já tinham conhecidos que “pixavam”. Um “pixador” relatou ser estimulado a deixar sua marca pela cidade após ver as “pixações” feitas em sua vizinhança.

Segundo o “pixador” Sene (entrevista na íntegra em Apêndice 2): “São duas palavras que definem esse ato de “pixação”, ou é um ou é outro, adrenalina e expressão. Não tem outra coisa; revolta não sei o que. . . Expressão. ‘Eu tô grilado [sic] com os meus pais’, expressão. ‘Eu não tenho nada pra fazer’, quero fazer alguma coisa, adrenalina. (. . . )” Segundo uma pesquisa de cunho psicossocial e sócio cultural realizada com 32 indivíduos por CEARÁ e DALGALARRONDO ( 2008): “A motivação para começar a pichar foi, em 29 (91%), por

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envolvimento com um grupo de pichadores, em 2 (6%), por interesse pessoal e um (3%) não citou o motivo.”

Através dos dados coletados é possível dizer que grande parte dos “pixadores” afirma começar a “pixar” por influência de amigos e/ou do ambiente. Embora tenham motivações variadas para continuar a “pixar” e do que querem passar como mensagem ou até o que os motiva internamente, dificilmente se começa a “pixar” sozinho. Outro equívoco comum no que se refere aos “pixadores” goianienses entrevistados, não existe uma clara relação entre a cultura e movimento hip hop com a “pixação”.

2.1.3 Morfologia da “Pixação”

É possível encontrar diferentes grafias de “pixo” pelo país, com estilos peculiares e que são moldados também pelas técnicas e as ferramentas usadas na “pixação”. Para tanto, este subcapítulo visa apresentar e contextualizar os diferentes tipos de “pixos” em São Paulo, Rio de Janeiro e Goiânia.

2.1.3.1 “Tag reto”

Em São Paulo, escaladas em prédios, subir nos ombros dos colegas, pendurarse nas construções e as limitações do corpo refletem claramente na maneira como o “pixo” é feito. Muitas vezes é pouco conveniente usar sprays, já que o preço é pouco acessível e a posição do “pixador” nem sempre favorece o uso. Para resolver isso, os “pixadores” paulistanos passaram a usar o rolo de pintura, famoso “rolinho” junto da tinta látex - que pode ainda ser dissolvida na água ou outros solventes e assim render mais - para fazer as “pixações”.

Outra forma de obtenção de novas latinhas de spray é por meio do furto em lojas de tinta ou materiais para construção, ou mesmo o furto de pequenos objetos para trocar pelos sprays (PEREIRA, 2005). A configuração do rolinho permite que o “pixador” faça curvas espaçadas e linhas retas e pontiagudas, o que acaba por caracterizar o “tag reto” de São Paulo, bem como a Escola Paulista de Pixação (LASSALA, Gustavo, 2010).

“As suas diversas gambiarras, as quais estão diretamente ligadas à forma da letra pichada, como é o caso do uso do rolo de pintura e de garrafas plásticas (pet) para o transporte da tinta, sem mencionar outras diversas maquinações, tanto das táticas empregadas quanto das estratégias da ação pichadora. É o caso da escada humana, como os pichadores a chamam, onde um escritor de “pixo” sobe nos ombros de outro(s) pichador(es) para atingir o alto de muros e ou de paredes.” (MITTMANN, D. 2012).

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Figura 8 – “tag reto”

http://iamgraffiti.es/lettering-y-caligrafia-en-el-graffiti-3a-parte

2.1.3.2 “Xarpi”

No Rio de Janeiro, com intuito de diferenciar-se dos demais tipos de escrita urbana, há uma forma singular de “pixação”, apelidada pelos “pixadores” de “xarpi”, anagrama de “pixar” de trás para frente. Sendo que as letras e “tag” dos “pixadores” são conhecidas pelo nome de “carioquinha” (MITTMANN, D. 2012).

O constante uso do spray, acompanhado de movimentos que envolvem o braço - e também todo o corpo - o xarpi do Rio acaba por assumir formas mais orgânicas, “arredondadas”, sem seguir as linhas retas das letras e do sentido de leitura do “tag reto” em São Paulo.

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Figura 9 – “xarpi”

http://fazendomedia.org/pichacao-carioca-arte-ou-vandalismo/; http://xarpixo.blogspot.com.br/; https://b r.pinterest.com/pin/202662051953729673/

2.1.3.3 “Pixação made in GO”

As formas de “pixação” em Goiânia e Brasília possuem o mesmo estilo de grafia, provavelmente por serem cidades vizinhas, localizadas na mesma região Centro-Oeste. Há diversas histórias contadas por “pixadores” para explicar o surgimento desse estilo. Uma delas é que em Brasília, devido ao fato de haver maior renda per capita, os jovens viajavam nas férias para São Paulo e Rio de Janeiro e, ao encontrarem os estilos de “pixação” “tag reto” e “xarpi” feitos lá, acabaram sendo influenciados. Com o tempo, esses jovens começaram então a produzir um estilo com características da junção dos “pixos” de São Paulo e Rio, construindo “pixações” escritas em “blocos retos” porém com a forma mais orgânica do “xarpi”(PIRES, Tiago Rodrigues, 2009).

Algumas particularidades podem ser observadas: as letras estão configuradas em sentido horizontal ao invés de vertical ou em diagonais; os tipos são, muitas vezes,

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representados todos em caixa alta; e o “formato das letras” é menos compreensível para leigos, quando comparamos com o tag reto em São Paulo.

Figura 10 – “pixação em Goiânia”

https://www.flickr.com/photos/tiagoslim/3664527534; https://ospiores2011.wordpress.com/2011/01/19/ entrevista-thor-adn/;

http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/03/pichadores-desafiam-policia-e-revoltampopulacao-em-goiania.html

2.2 Propaganda x Grafite x “Pixo”

O grafite e a “pixação”, apesar de serem intervenções urbanas, se diferenciam “principalmente pelo tipo de figuração, no caso do primeiro, usando o recurso figurativo de personagens anônimos e no da segunda, uma tipografia feroz e ilegível para leigos. O grafite tem sido aceito como manifestação artística no Brasil desde a década de 1980; instituições artísticas têm feito exposições com grafite e atualmente temos galerias especializadas no assunto.” (TAVARES, 2010, p. 23)

A “pixação”, essencialmente precisa da rua, pelo seu caráter marginal e invasivo, ocupa seu espaço de destaque, disputando o imaginário dos transeuntes, mesmo espaço disputado com o marketing, mas esta é socialmente aceita. As propagandas estão por toda cidade, invadindo e comprando o espaço e “imaginário” do sujeito, assim com as intervenções, sem

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aviso ou permissão prévia da população, mesmo considerando a compra legal do espaço privado e público, tornando recorrente a poluição visual, causada pelo seu excesso.

Entretanto a “pixação” consegue se apropriar dos mesmos espaços, com força similar, mas com ideais diferentes, como “marcar a cidade com seu sinal individual, permeável primariamente à sua própria comunidade” (TAVARES, 2010, p. 24), desamparados de uma estrutura social e econômica.

Portanto, projetos que envolvem a estética de “pixação”, devem estar embasados em conceitos maiores que apenas a comercialização, com pretensões de enaltecimento de sua visualidade e seu registro, agregando ao seu “movimento”.

A ação de escrever nas paredes é uma prática antiga, nas ruínas de Pompéia e Herculano, em Roma, que havia incorporado o alfabeto grego e feito modificações, enriquecendo o desenvolvimento da escrita, segundo Meggs, “os letristas escreviam avisos, material para campanhas políticas e anúncios de publicidade nas paredes externas” (MEGGS, 2009, p.46), e também foram descobertos xingamentos, poesias e cartazes eleitorais, no estilo “capitalis rustica”, estreitas, ocupando pouco espaço, provavelmente feitas rapidamente. Isso denota a existência de uma competição por espaço entre as intervenções urbanas, como grafite, “pixação” e a propaganda.

2.3 A exploração comercial da visualidade da “pixação”

Apesar da “pixação” ser um movimento, estritamente ligado o rua e puramente como forma de expressão, sua estética única, pode transcender de seu suporte principal e ser explorado em outras áreas, como a comercial, ressignificando seu sentido. A seguir apresentaremos exemplos dessas diferentes formas de aplicação.

2.3.1 Tony de Marco

Tony de Marco, artista plástico, type designer e fotógrafo, que foi ilustrador do jornal A Folha de S. Paulo, desenvolve tipografias desde 1989, premiado pelo International Type Design Contest da Linotype com sua fonte Samba, obtém mais de 50 alfabetos.

Realiza também intervenções urbanas com “pixação”, “stickers” e outros materiais. Os seus projetos de intervenções mais reconhecidos, o Pixotosco, que ele define como seu “street name”, no qual ele propaga pela cidade, a ilustração de um jacaré estilizado e o Rolinho Bros, a ilustração de um rolo de tinta estilizado e que nomeia um grupo de artistas, no qual faz parte, que não usa spray.

E baseado no Pixotosco, foi desenvolvido um jogo no estilo “snake game” produzido pelo estúdio de design goiano Nitrocorpz, que recebeu uma menção honrosa no BRIO 2013. O

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jogo faz uso dos elementos ligados à “pixação” como o rolo de tinta, balde de tinta, escada, inclusive o carro de polícia.

Figura 11 – Pixotosco aplicado num muro

http://www.tonydemarco.com.br/portfolio/wp-content/uploads/2013/04/IMG_0567.jpg

Figura 12 – Rolinho Bros aplicado num muro

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Figura 13 – Imagem da tela do jogo ‘Pixotosco’

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Figura 14 – Imagem da tela do jogo em execução ‘Pixotosco’

http://nitrocorpz.com/games/pixotosco/

2.3.2 Nike

A marca de artigos esportivos, Nike, lançou em 2010, a coleção “True Colors”, de roupas para torcedores da África do Sul, Estados Unidos, Holanda, Inglaterra, França e Brasil. Realizado através do projeto da marca, “o Six Colaborations”, em parceria com artistas dos respectivos países.

No Brasil a criação de novo mascote, brasão e uniforme, ficou a cargo do artista paulistano, Nunca, que se inspirou nos grafismos indígenas e na pichação paulistana, segundo ele retrato da sociedade atual. Com experiência em arte de rua, ele relata, “Meu primeiro contato com a rua foi por meio da pichação no bairro de Itaquera, em São Paulo. Foi o que me deu base para o que eu faço hoje em dia, me deu noção de como analisar um espaço, de como adaptar um desenho”. Portanto, denota-se o interesse de grandes marcas, como a Nike, para as visualidades urbanas.

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Figura 15 – Lettering (escrito Brasil) desenvolvido para a coleção.

https://passooponto.files.wordpress.com/2010/04/nike-ss-2010-six-collaborations-31.jpg

Figura 16 – Coleção de roupas ”True Colors”

https://passooponto.files.wordpress.com/2010/04/nike-ss-2010-six-collaborations-341.jpg

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A seguir analisamos quatro tipografias inspiradas no “pixo”, como estudo para possibilidade de serem usadas na segunda etapa deste projeto.

2.3.3.1 Adrenalina

Figura 17 – Fonte digital Adrenalina

http://ppgdesign.anhembi.br/datjournal/index.php/dat/article/view/18/13

Projeto do designer Gustavo Lassala, inspirados nos “pixo”/“tag reto” de São Paulo, possui letras retas alongadas e pontiagudas, sua família dois aspectos diferentes no traço, “letras com tinta escorrida e letras com textura, simulando a aplicação da tinta na imperfeição do suporte.” O que mantém a irregularidade no traço e diminui a legibilidade.

2.3.3.2 Rooftop

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www.behance.net/gallery/32736877/ROOFTOP-typeface

Projeto do designer Robsom Aurélio, de Águas Lindas de Goiás (GO), premiado no “Behance Appreciation Award” e foi destaque na página inicial do “Behance”. Ele usou como referência o “pixo” de Brasília. Como declara em entrevista:

“Abordar a escrita marginal foi uma oportunidade de levar essa linguagem para a universidade, local demasiadamente elitizado em que nem sempre as vozes da periferia são levadas em consideração. Como morador do entorno foi uma grande responsabilidade para mim.” (Dcon, Do grafite a uma tipografia em destaque, 2016).

Ela simula a “pixação” feita com o rolinho no extensor, que tem movimentos limitados, produzindo uma letra com pouca variação, com considerável legibilidade. Outra característica que possui é o peso diferente das linhas, linhas verticais mais largas que as horizontais com curvas, também conferidos do movimento do rolinho.

2.3.3.3 Fosca type

Figura 19 – Fonte digital Fosca type

www.behance.net/gallery/19461151/Fosca-Type

Projeto do designer Danilo Bretas, de Santos (SP), inspirado nas tags de São Paulo. Esta emula o uso do spray, com traços de peso diferentes e altura de “X” longa, sua legibilidade e leiturabilidade são médias, exceto pelo “B” e “D” as letras são reconhecíveis. O nome se originou da gíria “Foscar”, que significa “usar o spray mate”.

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A apropriação da pichação por outros meios fomenta a discussão de sua legitimação como arte ou em cunho comercial, mas também contribui positivamente para sua exploração e compreensão de sua estética. Por estar enraizada no seu caráter transgressor e ilegal, por isso, muitos do movimento defendem o posicionamento de afastar-se. Entretanto,

consideramos que estas ações não anulam a outra, mesmo que, a força de pregnância na rua seja maior. Portanto as diferentes apropriações devem ser vistas como contribuições para seu reconhecimento enquanto cultura e seu registro, levantando mais questionamentos sobre o assunto.

“A pichação tem como dinâmica a ocupação dos espaços urbanos, os lugares por onde milhões de pessoas passam, o mesmo espaço pelo qual as imagens da propaganda lutam. O espaço da arte, fechado e elitizado, mesmo que há décadas venha se abrindo ao grande público, não tem o mesmo poder sobre o imaginário dos cidadãos de uma grande metrópole como São Paulo que a paisagem das ruas. Por dia, passam mais pessoas pela Radial Leste, com sua grande quantidade de pichações e grafites, do que por todos os museus da cidade em um ano” (TAVARES, 2010, p.25).

Um bom exemplo de exibição do “pixo” em museus foi a exposição Caixa de Letras da fonte digital Adrenalina, projetada pelo designer Gustavo Lassala, inspirada na estética da pixação paulistana, realizado em 2015, no Museu da Língua Portuguesa em São Paulo, exposta com outras fontes com o mesmo conceito e mais 23 diversas. Segundo, Henrique Nardi, o curador do evento a exposição, “tinha por função estabelecer um rico diálogo com a cultura visual brasileira e conhecer a história e apreciar os detalhes das letras que nos

cercam”, como representado na figura.

Figura 20 – Exposição da fonte digital Adrenalina.

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2.4 Projetos de Higienização

Em Nova York, o grafitti, que no Brasil chamamos de pichação, teve início na década de 1970. Os writers, como era chamado os pichadores, começaram a grafitar nos muros e principalmente nos vagões de metrô (BELÉM, Amanda. 2015).

Como forma de repreensão ao movimento que começava a surgir, logo nos primeiros anos da década seguinte, a prefeitura de Nova York lançou um programa de combate ao graffiti. A escrita nos muros logo passou a ser considerada uma prática ilegal e repreendida pelo departamento policial da cidade (BELÉM, Amanda. 2015).

Campanhas de combate ao grafite e à pichação têm ganhado cada vez mais espaço no cenário urbano e político. Em São Paulo, desde a gestão do Prefeito Kassab, há um número crescente de pichações e grafites apagados. Deu-se início à disputa que pode ser expressa na frase abaixo, pichada em um muro de Botucatu/SP: “eu pixo vocês pinta vamo ve quem tem + tinta?”

Figura 21 – Muro pichado de escola em Botucatu “eu pixo vocês pinta vamo ve quem tem + tinta?”

https://acontecebotucatu.com.br/policia/vandalismo-muro-de-escola-e-pichado-no-centro-de-botucatu/

Um episódio marcante nessa política de Kassab culminou com 700m² de muro pintado por grafiteiros internacionalmente reconhecidos,“Os gêmeos”, “Nunca”, “Zefix” e “Nina”, apagados, na Avenida 23 de Maio. O muro amanheceu cinza e a insatisfação dos moradores paulistanos deixou Kassab sem saída. Como pedido de desculpas pelo “erro”, a Prefeitura da cidade permitiu que os grafiteiros pintassem novamente o local.

Este episódio pode ser conferido no documentário Cidade Cinza.

“A Prefeitura autorizou a pintura do novo mural, mas não quis arcar com os custos. Coube à associação comercial de São Paulo patrocinar a obra. Os

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grafiteiros tiveram 15 dias para fazer o trabalho.” (MESQUITA, Marcelo; VALIENGO, Guilherme. Cidade Cinza. [Filme-vídeo]. 2013).

Provando que a busca por esse processo de higienização é apartidária e não se polariza em esquerda ou direita, o prefeito sucessor de Kassab, Fernando Haddad, também deu continuidade à política de combate ao grafite e pichação desde o início de seu mandato em 2013 (REOLOM, Mônica, 2013).

Recentemente, o atual Prefeito de São Paulo, João Doria, iniciou sua gestão batalhando contra pichadores através de seu programa Cidade Linda, que assim como os anteriores, recebe críticas e protestos. Segundo a jornalista Tatiana Santiago, Doria sancionou um projeto de lei que pune pichadores com multas entre 5 e 10 mil reais. Se a infração for cometida em patrimônio público ou bem tombado, a multa é de 10 mil reais, assim como em casos de reincidência do ato. Também foi incluída uma lei que proíbe a venda de latas de spray para menores de dezoito anos, sob multa de 5 mil reais para o estabelecimento infrator. Em sua defesa, Doria afirma: “A Prefeitura não vai ter tolerância com pichador. Não há

diálogo com contraventor. Todo pichador é bandido.”.

Entretanto o grafite está isento das punições da lei, caso o proprietário do bem tenha concedido o local. Todo o dinheiro arrecadado com as multas irão para o Fundo de Proteção ao Patrimônio Cultural. Tudo isso somente foi possível ser realizado com demasiada rapidez devido ao fato de que Doria e os vereadores utilizaram de um projeto de lei lançado em 2005 - que estava arquivado - para acelerar o processo de aprovação. (G1 São Paulo, Tatiana Santiago).

Para o prefeito, os pichadores vão passar “vergonha”. “E Aqueles como transgressores vão ter a condenação do poder executivo, do poder legislativo e do poder judiciário. A esses que insistem em transgredir serão punidos não apenas pecuniariamente, mas vão passar pela vergonha de serem punidos duas vezes, criminalmente como crime de meio ambiente e judicialmente”, afirmou. (G1 São Paulo, Tatiana Santiago).

Conforme o jornalista Giga Bergamim JR., Doria deu início a um novo projeto, MAR, Museu de Arte de Rua.

“A operação do projeto MAR foi integralmente dos grafiteiros. Nós abrimos um bom diálogo com eles porque sempre tratei os artistas de rua com muito respeito. Eles têm o nosso apoio.” Disse Doria à Folha. Ele promete criar até o final do ano o que chama de a primeira escola de arte de rua do município (JR. BERGAMIM, Giga. 2017).

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Pensando nisso, o prefeito fez parcerias com coletivos de artistas da cidade de São Paulo. Ele teria lançado um edital no qual oito num total de vinte e três grafiteiros foram selecionados para integrar a comissão de artistas do museu.

“Conseguimos lançar um projeto que teve o apoio da comunidade do grafite. Várias pessoas que participaram da comissão, que negociaram com a gente, são claramente opositoras à gestão, mas nem isso impediu que contribuíssem com uma política da cidade”, disse o Secretário Municipal de Cultura, André Sturm (JR. BERGAMIM, Giga. 2017).

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3 Metodologias

3.1 Método de Pesquisa de Campo

Afim de coletar dados relevantes para o desenvolvimento deste trabalho, será utilizado um método de pesquisa de campo baseado em metodologias aplicadas em etnografias, na qual utiliza-se de investigações de imersão em uma determinada cultura, buscando se obter uma compreensão dos conceitos com ela relacionados enquanto o pesquisador está inserido em do contexto em questão. Sintetizando essa reflexão sobre etnografia, Laptine e Araujo afirmaram:

“A disciplina de Etnografia é oriunda da Antropologia, teve origem no século XIX, pelas expedições exploratórias de missionários, exploradores e

administradores, cujo trabalho consistia em coletar informações para os pesquisadores eruditos“ (LAPLANTINE, 1988, apud ARAUJO, 2012).

O método desenvolvido teve como base o trabalho de Eduardo Pucu de Araujo (Um Estudo Sobre a Etnografia Aplicada ao Design, PUC-RIO 2012), adaptado para o projeto em questão. As etapas foram divididas em: Definição; Preparação; Imersão; Análise.

3.1.1 Definição

Essa primeira etapa serve para se conhecer o escopo da pesquisa, o grupo a ser pesquisado e quem serão os pesquisadores. Foi definido que metade do grupo, Laís e Lucas, ficaria responsável pelas próximas etapas da pesquisa por ter maior conhecimento do assunto e do grupo abordado. Também foi determinado a abrangência e método de pesquisa: imersão etnográfica através de entrevistas semi-estruturadas presenciais (a partir de agora registradas como “bate-papos” ou “conversas com pixadores”) e saídas em rolês de “pixo” com cerca de dez “pixadores” na cidade de Goiânia.

3.1.2 Preparação

Etapa onde se tem um contato inicial com o grupo pesquisado, são combinados locais e horários em que a imersão irá acontecer, é definido um roteiro para os “batepapos” e se faz uma observação exploratória preliminar, visitando locais frequentados por “pixadores”, fazendo um registro fotográfico da “pixação” e buscando pesquisas similares.

Usando como base ARAUJO, foi escrito um roteiro com perguntas chave que

deveriam ser feitas durante as conversas com “pixadores”. Essas perguntas são classificadas como descritivas, estruturais, de contraste e apoio, e servem respectivamente para se obter uma descrição de algo (Como e quando começou a “pixar”?), delimitar o universo da

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pesquisa (Faz parte de algum grupo de “pixadores”?), esclarecer dúvidas (Considera o grafite arte?) e criar empatia (Conhece alguma história de violência policial?). Com essas questões em mente, foram realizadas reuniões informais, buscando deixar os entrevistados a vontade para expressar suas opiniões. A estrutura (“script”) dos bate-papos está disponível em Apêndice 1.

3.1.3 Imersão

Durante essa etapa ocorreram os bate-papos e o rolê de “pixo” (relatório disponível em Apêndice 4), que foram documentados através do uso de celular para gravar o áudio das conversas, fotografar e filmar “pixações”. Os envolvidos mantiveram suas identidades anônimas, sendo representados somente pelas “tags” e apelidos que utilizam no mundo da “pixação”. As entrevistas foram realizadas em locais variados de acordo com a disponibilidade dos participantes, sendo conduzidas também pelo pesquisador disponível para aquela ocasião. 3.1.4 Análise

Após a etapa de análise da pesquisa de campo, tendo como base os levantamentos obtidos através das entrevistas com “pixadores” e da participação de um dos integrantes em um rolê de “pixo”, o grupo elencou os seguintes “insights” acerca da pesquisa:

1) Há grande diferenciação entre o “pixo” goiano e o de outros lugares.

2) Falta de união do movimento do “pixo” goianiense em geral, diferentemente de São Paulo.

3) Quem foi “pixador” nunca esquece e dificilmente pára de vez (de “pixar”). 4) Em Goiânia se faz uso quase exclusivo de tinta spray e “canetão”.

5) Muitos dos grafiteiros goianienses já foram e ainda são “pixadores”.

6) Grande rivalidade entre a “pixação” das torcidas organizadas TEV e FJG, que marcam boa parte da cidade e repúdio dos “pixadores” por esse tipo de “pixação”.

7) O hip hop é mais relacionado com bairrismo do que explicitamente com grafite ou “pixação”.

8) A ilegalidade da “pixação” contribui para adrenalina e expressão da “pixação”, aumentando assim sua força e sentido.

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9) A “pixação” pode demandar uma expressividade e qualidade gráfica alta, com padronização de letras e uso de desenhos originais, por exemplo.

10) Adrenalina, expressão e marginalidade fazem parte da “pixação” incontestavelmente.

3.2 Metodologia de projeto

A metodologia de um projeto permite conhecer o contexto, planejar e executar o projeto em que o objeto está inserido. Uma metodologia é composta por um conjunto de processos executáveis para atingir um determinado objetivo, que no caso, trata-se de um livro objeto com o tema pixação com enfoque local. A abordagem metodológica que utilizaremos neste trabalho é proposta por Passos (2014), foi escolhida por ser uma

metodologia muito usada pelos integrantes do grupo e a qual possuímos grande afinidade, além de conter o nível necessário de detalhamento e profundidade em cada fase,

possibilitando maior controle durante o processo de desenvolvimento do nosso projeto. O método é composto por três partes principais, que podem ser seguidas de forma linear ou na ordem que o grupo julgar necessário (baseado nas necessidades que surgirão ao decorrer do projeto). Dentro dessas 3 partes há um segundo nível de detalhamento, onde essas partes são subdivididas em fases menores. São elas:

3.2.1 Delimitação do objeto:

É delimitado o objeto, estudando possibilidades na escolha do artefato a ser projetado, escolhendo a possibilidade mais adequada para ser realizada. Briefing, brainstorming, pesquisa de mercado e de tendências podem ser usadas nessa fase.

3.2.2 Conhecimento do Objeto:

Fase em que se conhece o contexto em que o objeto se insere e suas características. 3.2.2.1 Coleta e análise de informações:

É coletada e analisada informações sobre o produto e o nicho em que ele se encontra. ex: estudo bibliográfico, análise de similares, estudo ergonômico, pesquisa com usuário, definição de personagem símbolo, pesquisa qualitativa e quantitativa, estudo de materiais e tecnologias, etc.

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3.2.2.2 Conceituação:

Definição conceitos estético,simbólico e funcional do artefato baseado pela proposição de alternativas.

3.2.2.3 Definição do objeto:

Fase onde é estipulado os requisitos necessários o desenvolvimento do projeto. Eles são classificados em:

• - Funcionais: Relativos ao uso do artefato

• - Formais: Relativos à estética e simbologia do artefato • - Conceituais: Referentes à conceituação do objeto 3.2.3 Desenvolvimento do objeto:

É a fase em que ocorre a materialização do que foi planejado durante o projeto. Deve contemplar a lista de requisitos e validar a solução que foi escolhida em meio às alternativas, sempre buscando eficiência de resultados.

3.2.3.1 Geração de alternativas:

Proposição de soluções que atendam as demandas definidas pela lista de requisitos. 3.2.3.2 Desenvolvimento de alternativas:

Fase onde é desenvolvida a alternativa selecionada. 3.2.3.3 Adequação e validação:

Fase onde a alternativa sofre mudanças necessárias para a sua validação ou adequação ao projeto. Normalmente realizada no ambiente real de uso.

3.2.3.4 Fechamento e apresentação:

Finalização do projeto em uma apresentação para possíveis interessados (stakeholders).

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Fundamentada a estrutura metodológica, serão desenvolvidas as etapas listadas acima de acordo com as demandas do projeto. Todo o conteúdo necessário para dar auxílio ao projeto será encontrado nas apêndices e anexos.

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4 Design Editorial

O design editorial pode ser compreendido como uma especialidade da área do design gráfico, que realiza projetos gráficos em editoração. Neste tópico serão abordados aspectos de cunho técnico que encontram-se diretamente relacionados com a concepção do protótipo do livro , tais como tipos de impressão, acabamentos, papéis, grids e facas especiais.

4.1 Produção Gráfica

A etapa de produção gráfica objetiva a precisão durante o andamento dos processos de pré-impressão, impressão e pós-impressão do material. Sendo que para tanto é necessário a disposição de conhecimentos técnicos em métodos de impressão, cores, acabamentos que serão apresentados de maneira sucinta.

O serviço de impressão possui suas especificidades técnicas que são primordiais para a qualidade da execução do projeto. Os processos de pré-impressão, impressão e pós-impressão e também as formas de pós-impressão, assim como outras demandas, que são determinadas pelas necessidades do projeto.

Apesar do crescente uso da interface digital, o impresso ocupa grande espaço na produção gráfica, por diversas razões: desde o custo, o tradicionalismo e também sua flexibilidade de formatos. Com a possibilidade de escolha entre o digital e o impresso, os livros devem passar por critérios e requisitos específicos relacionados com sua impressão. Dentre as vertentes de impressos, o livro-objeto torna-se mais desejado pela experiência que entrega ao usuário, sendo este o artefato desenvolvido neste projeto.

4.1.1 Métodos de Impressão

Há diversos tipos de impressão, desde impressões manuais, digitais e com transferência direta ou indireta ao suporte. Contudo, aqui trouxemos apenas alguns dos processos mais utilizados atualmente no mercado gráfico, considerando que a escolha mais adequada varia conforme as necessidades do projeto em termos de tiragem, tipo do material de suporte, qualidade da impressão e resistência.

1) Offset: Neste tipo de impressão a imagem não é impressa diretamente no material. Esse processo é indicado por apresentar excelente qualidade de impressão, alta tiragem, rapidez, capacidade para imprimir formatos bastante variados além de permitir impressão em plásticos e papéis de diferentes gramaturas;

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2) Rotogravura: Também conhecida como processo em baixo relevo. Este tipo de impressão é indicada para grandes tiragens de material, com impressos de boa qualidade em suportes que possuam baixa gramatura.

3) Serigrafia: Denominada também de silk-screen, trata-se de um processo de

impressão manual que permite tiragem unitária até média tiragem através de telas de nylon e cola fotosensível. A serigrafia é muito encontrada estampando materiais como adesivos, chaveiros, tecidos, canetas, PVC e madeira.

4) Impressão digital: Neste processo, a impressão é feita de uma única vez, com

transferências direta no suporte. Assim, há a possibilidade de tiragem unitária assim como em outras quantidades, possuindo também melhor custo benefício para pequenas tiragens e provas de impressão.

5) Flexografia: Permite pequenas à altas tiragens e possui custo de alterações de matriz mais acessíveis. É frequentemente utilizada na impressão de rótulos para

embalagens.

Após esta breve introdução sobre o assunto, é possível notar explicitamente que cada uma delas atende uma necessidade projetual específica. Portanto, a escolha do método de impressão ideal para implementação no presente projeto será apresentada posteriormente, após a identificação dos requisitos do projeto.

4.1.2 Tipos de Papel

Atualmente, há no mercado diversos tipos de papéis com diferentes gramaturas, formatos, acabamentos, cores e texturas de variadas marcas. A escolha do papel influenciará diretamente na qualidade do impresso, no tipo de impressão, dobras e encadernação que são viáveis de serem utilizadas, bem como no custo final do projeto. A seguir serão apresentados alguns dos tipos mais utilizados de papéis e que estarão contidos no nosso livro objeto.

1) Papel acetato: Geralmente o papel é vendido por metro. Ele pode ser encontrado em diferentes gramaturas, possui textura extremamente lisa, não absorvente como um plástico, transparente e rígido, além de não rasgar com facilidade;

2) Papel couchê fosco: Também pode ser encontrado sem dificuldade em diferentes gramaturas. O papel possui um brilho tênue, textura lisa e é indicado para impressos de alta qualidade. Pode ser facilmente encontrado em flyers, folders, cartões de visitas e cartazes.

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Acabamento gráfico pode ser definido como etapa do processo de finalização do material após a impressão. Esses acabamentos podem conferir valor estético ao produto, maior durabilidade e resistência. Existem variados tipos de acabamentos gráficos, abaixo estão listados alguns dos mais comumente usados.

1) Vernizes: São aplicados sobre todo o material ou de forma localizada. Há diversos vernizes e eles podem conferir brilho, texturas, aromas, etc;

2) Laminações: Uma película plástica é aplicada sobre o papel, podendo ela possuir brilhos, cores e texturas. Geralmente a aplicação é feita em ambos lados do impresso e assim evitar a sua deformação, conferindo também proteção extra;

3) Facas especiais: Este trata-se de um processo de recorte que utiliza lâminas moldadas em matriz de madeira, as quais são aplicadas sob pressão ao papel, cortando-o; 4) Vincos: Marca feita no papel capaz de facilitar a dobra do material impresso;

5) Hot stamping: É um tipo de impressão muito usado em detalhes com a finalidade de produzir um efeito metalizado.

4.1.4 Encadernação

Encadernação pode ser definida como uma técnica utilizada para unir folhas de maneira sequencializada por meio de uma costura, grampeamento e até colagem do

material. Com a finalidade de proporcionar uma proteção extra, resistência, embelezamento, manter o impresso organizado e fácil de ser manuseado conforme seu uso.

(Poché)

Existe uma enorme variedade de encadernações, sendo os mais utilizados comercialmente, os tipos brochura, composto com costura simples e cola para unir as folhas; canoa, realizada geralmente por meio do grampeamento das folhas; e wire-o, encadernação feita utilizando de anéis duplos em espiral que atravessam furos nas folhas, unindo-as.

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Figura 22 – Imagem encadernação brochura, canoa e wire-o

https://www.graficalcr.com.br/?lightbox=dataItem-ink8h9x1; http://lupidesigners.com/books-catalogues/

Há também encadernações produzidas de maneira artesanal, geralmente feitas de costura, com nós, perfurações nas folhas e até mesmo bordados para decoração da lombada do livro. Dentre estes, os mais populares são os tipos “coptic stitch” e japonesa.

Figura 23 – Encadernação tipo japonesa

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Figura 24 – Encadernação tipo coptic stitch

https://www.etsy.com/listing/210976054/on-sale-blank-art-journal-6x9-inch

4.1.5 Dobras

Há diversos tipos de dobras com finalidades distintas. Pode-se realizar dobras para desempenhar uma função como facilitar a encadernação, acrescentar ou organizar conteúdo na folha dobrada, ou mesmo para produzir efeitos estéticos para o material. Dentre os métodos para dobras, podemos citar a dobra central, janela, carteira e sanfonada.

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Figura 25 – Dobras

http://www.infante.com.br/blog/voce-sabe-quais-os-tipos-de-dobra-mais-usados

4.2 Livro-objeto

Há poucas definições reconhecidas por autores para livro-objeto, sendo ela classificada entre as artes e a literatura.

De acordo com Paiva (2010), os livros normalmente são categorizados conforme seu conteúdo narrativo. Ela identifica cinco tipos distintos de livros e os classifica em: Livro de Leitura Sequencial; Livro Obras de Referência; Livro Digital ou E-book; Livro Raro; e Livro de Arte. O primeiro contém ensaios, memórias, romances, novelas, poesias, teatro e história em quadrinhos. O segundo consiste em anuários, dicionários, manuais, enciclopédias, catálogos, guias e livros didáticos. O terceiro, livro digital, como o próprio nome diz, é um livro em formato digital que pode ser lido em aparelhos eletrônicos que suportem o arquivo. Já o quarto, Livro Raro, são em sua maioria livros antigos, de edições limitadas e exemplares limitados. O último, Livro de Arte consistem em obras que tratam sobre o assunto em questão, seus princípios, técnicas, história, manifestações, referências e etc.

Conforme os estudos de Paiva, o presente projeto pode assumir a classificação de Livro de Arte. No entanto, iremos utilizar aqui o termo Livro-objeto por propormos uma diagramação que não seja exclusivamente orientada por princípios do design editorial, mas que também possibilite a exploração de recursos mais tangentes; por optarmos fazer deste livro uma obra destinada à um público restrito e com número limitado de exemplares; e por sugerir ao leitor que ele interaja com o livro utilizando o canetão e intervindo nas páginas.

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4.2.1 Tipografia

A tipografia, escrita com uso de tipos, constitui em elementos visuais básicos que compõem um texto. Por meio desta, pode-se construir blocos de texto, com entrelinhas, recuos e colunas, influenciando diretamente na construção de um layout. Robert Bringhurst (2010), reconhecido pelo seus estudos nesta área, defende a ideia de que o bom uso dos tipos acarreta na consonância entre a semântica das palavras e sua configuração visual.

A seguir, serão abordados brevemente alguns dentre os conceitos e técnicas para implementar o uso da tipografia.

• Entrelinhamento

Ellen Lupton (2013) afirma que a distância da linha de uma linha de base tipográfica para outra possui nome de entrelinha, que também pode ser chamada de leading. A entrelinha pode ser usada em diferentes tamanhos, o designer pode expandir o espaço e assim proporcionar maior “leveza” à mancha tipográfica, bem como condensá-la e torná-la mais “pesada”.

Figura 26 – Entrelinha

https://tipodafonte.wordpress.com/2013/04/12/entrelinha-alinhamento/ • Parágrafos

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Segundo o dicionário Michaelis, um parágrafo pode ser entendido como uma seção textual que constrói uma ideia que mantém maior relação entre si do que com o restante do texto. Diversos elementos visuais podem ser utilizados para representar essa segregação entre parágrafos, porém, a que vamos utilizar no desenvolvimento do livro objeto serão apenas quebras de linhas, as quais consistem na separação de uma linha tipográfica.

Figura 27 – Parágrafo

http://www.museupedroludovico.go.gov.br/post/ver/147269/biografia-pedro-ludovico-teixe

• Alinhamentos

Segundo Ellen Lupton, quatro modos de alinhamento formam a gramática básica da composição tipográfica. Eles carregam consigo sua bagagem histórica que pode ser percebida

Referências

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