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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Nova da Vila e no Centro Hospitalar Póvoa de Varzim - Vila do Conde

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Parte I – Farmácia Nova da Vila

Março de 2014 a Julho de 2014

António José Braga da Silva Lemos

_____________________________________

Orientador : Dr.ª Isabel Pelayo

_____________________________________

Tutor FFUP: Prof. Doutora Irene Rebelo

_____________________________________

(3)

ii

Eu, António José Braga da Silva Lemos, abaixo assinado, nº 200804413, aluno do

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade

do Porto, declaro ter actuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (acto pelo qual um indivíduo, mesmo

por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais

declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores

foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação

da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de ________________ de ______

(4)

iii

Agradecimentos

Gostaria de começar por agradecer a Dr.ª Isabel Pelayo, Diretora Técnica da Farmácia Nova da Vila, que foi minha orientadora neste estágio, a supervisão e orientação, os conhecimentos transmitidos, a compreensão, disponibilidade e profissionalismo que demonstrou.

Gostaria também de agradecer ao Dr. Francisco Ribeiro, Dr.ª Rute Barbosa, Dr.ª Cristina Faria e ao Rui Neves pela compreensão, disponibilidade e os conhecimentos transmitidos.

(5)

iv

Siglas e Abreviaturas:

MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica DCI – Denominação Comum Internacional

FEFO – First Expired, First Out CNP – Código Nacional do Produto ANF – Associação Nacional de Farmácias

(6)

v

Índice

Suplementos alimentares multivitamínicos e multiminerais ... 1

Definição legal e introdução ... 1

Suplementos “Gerais” ... 2 Centrum® ... 2 Pharmaton® Vitalidade ... 4 Magnesium-OK® ... 6 Suplementos Específicos ... 8 Suplementos “50+” ... 8 Centrum® Select 50+ ... 8 Centrum® Homem 50+ ... 9 Centrum® Mulher 50+ ... 11 Pharmaton® 50+ ... 12 Confiance® ... 13 Conclusão: ... 14

Rinite alérgica, constipação e gripe ... 16

Objetivo ... 16 Rinite alérgica ... 16 Introdução: ... 16 Classificação e fisiopatologia: ... 16 Diagnóstico e tratamento:... 17 Constipação e Gripe ... 18 Introdução e diagnóstico: ... 18 Fisiopatologia e tratamento: ... 19 Conclusão ... 20

Relatório Farmácia Comunitária ... 21

Introdução ... 21 Organização da Farmácia ... 21 Localização e horário ... 21 Recursos humanos ... 21 Instalações ... 22 Área exterior ... 22 Instalações internas ... 22

(7)

vi

Área de exposição ... 23

Zona de atendimento ao público ... 23

Área de atendimento personalizado ... 23

Área de armazenamento ... 24

Escritório ... 24

Laboratório ... 25

Sistema informático ... 25

Gestão de stocks ... 25

Aquisição de medicamentos e produtos farmacêuticos ... 25

Realização de encomendas ... 26 Receção de encomendas ... 26 Devoluções ... 27 Armazenamento ... 27 Prazos de Validade ... 27 Dispensa de medicamentos ... 27 Receita Médica ... 28

Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 29

Tipo de vendas ... 30

Dispensa de Medicamentos Psicotrópicos ou Estupefacientes ... 30

Medicamentos de Uso Veterinário ... 31

Automedicação ... 31

Testes Bioquímicos e Fisiológicos ... 31

VALORMED ... 32 Faturação ... 32 Considerações finais ... 34 Referências ... 35 Anexos... 38 Anexo I ... 38 Anexo II ... 39 Anexo III ... 40 Anexo IV ... 41 Anexo V ... 42 Anexo VI ... 43 Anexo VII... 45

(8)

vii Anexo VIII ... 46 Anexo IX ... 47 Anexo X ... 48 Anexo XI ... 50 Anexo XII... 51 Anexo XIII ... 52

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1

Suplementos alimentares multivitamínicos e multiminerais

Objetivo:

O presente trabalho visa analisar os benefícios indicados por diferentes suplementos alimentares multi-vitamínicos e multi-minerais no sentido de:

 avaliar se estes estão de acordo com a composição indicada e sustentada pela literatura;  sistematizar os suplementos pelas suas principais características para melhorar o

aconselhamento aos utentes.

Para este trabalho foram apenas utilizados alguns dos suplementos normalmente disponíveis na farmácia, principalmente os que apresentavam maior oferta por parte da farmácia e procura por parte dos utentes.

Definição legal e introdução

De acordo com o Decreto-Lei nº. 136/2003, de 28 de Junho, entende-se por:

 “Suplementos alimentares” os géneros alimentícios que se destinam a complementar e/ou suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas substâncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisiológico, estremes ou combinadas, comercializadas em forma doseada, que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade reduzida;

 “Substâncias nutrientes ou nutrimentos” as vitaminas e os minerais.

Um regime alimentar adequado e variado, em circunstâncias normais, fornece a um ser humano todas as substâncias nutrientes necessárias nas quantidades estabelecidas e recomendadas por dados científicos ao seu bom desenvolvimento e à sua manutenção num bom estado de saúde. Todavia, esta situação ideal não está a ser alcançada em relação a todas as substâncias nutrientes nem a todos os grupos populacionais devido, designadamente, ao estilo de vida. Os consumidores podem, no entanto, optar por complementar as quantidades ingeridas de algumas substâncias nutrientes através do consumo de suplementos alimentares.

Por isso, tem-se verificado a existência de um número crescente de produtos comercializados como géneros alimentícios que constituem uma fonte concentrada de substâncias

(10)

2 nutrientes, as quais são apresentadas como complemento aos nutrimentos ingeridos num regime alimentar normal.

Estes suplementos alimentares podem conter um leque bastante variado de substâncias nutrientes e outros ingredientes, designadamente vitaminas, minerais, aminoácidos, ácidos gordos essenciais, fibras e várias plantas e extratos de ervas.

Tendo em vista garantir um elevado nível de proteção dos consumidores e facilitar a sua escolha, os suplementos alimentares a colocar no mercado devem ser seguros e comportar uma rotulagem adequada.

A ingestão excessiva de vitaminas e de minerais pode provocar efeitos adversos, devendo, por isso, ser fixados, quando necessário, limites máximos de segurança para essas substâncias presentes nos suplementos alimentares, garantindo que as instruções de utilização fornecida pelo fabricante é segura para os consumidores.

Para garantir que os suplementos alimentares são um complemento do regime alimentar, devem as vitaminas e os minerais declarados no rótulo dos mesmos estar presentes no produto em quantidades significativas1.

De um modo geral, a quantidade a tomar em consideração para decidir o que constitui uma quantidade significativa corresponde a 15% da Dose Diária Recomendada (DDR), especificada nas tabelas 1 e 2 (anexo I), para 100 g ou 100 ml ou por embalagem, caso esta apenas contenha uma porção2.

Suplementos “Gerais”

Os seguintes suplementos não apresentam indicações específicas em relação ao tipo de consumidores.

Centrum

®

Composição e benefícios indicados pelo produto3: (anexo II)

 Libertação de energia

Análise:

A Tiamina atua como a coenzima TDP no metabolismo de hidratos de carbono e aminoácidos de cadeia ramificada. Em associação com iões Mg2+, está envolvida em dois processos de produção de energia: é importante em vários complexos de desidrogenases para a oxidação de

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α-3 ceto ácidos; e na formação de α-cetóis de hexoses e pentoses fosfatadas catalisadas pela transcetolase4.

A Riboflavina intervém no processo de oxidação dos ácidos gordos. Na segunda etapa do processo de beta-oxidação ocorre a transferência de eletrões via flavoenzimas que, ao contrário das que intervêm na primeira etapa deste processo, estão muito dependentes da ingestão de riboflavina na dieta5.

A Vitamina B6 está envolvida em três processos do metabolismo de aminoácidos: alfa-descarboxilação; racemização dos aminoácidos; transaminação6.

A Vitamina B12 apresenta duas importantes funções metabólicas. Uma é a isomerização da metilmalonil coenzima A (CoA), que requer desoxiadenosilcobalamina, é catalisada pela enzima metilmalonil CoA mutase e ocorre na mitocôndria. A outra reação é a transmetilação da homocisteína pelo 5-metil-tetrahidrofolato a metionina, catalisada pela enzima metionina sintase, que requer como coenzima a metilcobalamina e ocorre no citosol. Como esta reação também necessita de folato é de referir que a Vitamina B12 e o Ácido fólico estão ligados na sua importância neste mecanismo e ambos necessitam de aportes adequados da dieta7. O suplemento não indica o Ácido fólico como importante na libertação de energia, embora este esteja presente no mesmo.

A Niacina tem como funções metabólicas de maior relevo as funções das suas coenzimas NAD e NADP nas reações redox de transferência protão/eletrão. Algumas das funções mais importantes e características do NAD manifestam-se nas principais vias catabólicas celulares, responsáveis pela libertação de energia durante a oxidação de substratos produtores de energia8.

A Biotina serve como um cofator essencial para cinco carboxilases, sendo que cada uma delas catalisa um passo crítico no metabolismo intermediário. Estas cinco carboxilases catalisam a incorporação de bicarbonato como um grupo carboxilo num substrato e atuam por um mecanismo catalítico semelhante9.

O Ácido pantoténico é componente essencial da CoA e do ACP. A CoA tem um papel muito importante na degradação e síntese de ácidos gordos, esteróis e outros compostos sintetizados de precursores isoprenoides, sendo, por isso, fundamental no processo de oxidação de ácidos gordos10.

O Ferro, como já referido, participa no transporte de oxigénio pelos glóbulos vermelhos, essencial na produção de energia, assim como na formação de ATP11.

 Sistema Imunitário

Análise:

A Vitamina C apresenta evidências sobre um efeito benéfico na redução da gravidade e duração dos sintomas de constipação. Isto poderá dever-se às ações antioxidantes do ascorbato contra os agentes oxidantes produzidos e libertados pelos fagócitos ativados, resultando numa

(12)

4 resposta inflamatória diminuída. No entanto, não apresenta evidências sobre um efeito benéfico na prevenção de constipações12.

A suplementação com Zinco poderá ajudar a prevenir constipações, embora não haja estudos suficientes para confirmar esta hipótese13.

Vários estudos sugerem que o Selénio é importante na formação de leucócitos e que ajuda a prevenir algumas infeções14.

 Saúde da pele

Análise:

A Vitamina A, entre outros retinóides, são essenciais em vários sistemas de órgãos, entre os quais a pele. A pele é sensível tanto ao défice como ao excesso de Vitamina A. Os efeitos do défice incluem secura da pele (hiperqueratose folicular) e estreitamento do epitélio por todo o corpo15.

O défice de Biotina causa um rash cutâneo seborreico e eczematoso na maioria dos indivíduos9.

A Vitamina C é necessária para a atividade das enzimas prolina hidroxilase e lisina hidroxilase. Estas hidroxilases são necessárias para a modificação pós-síntese do colagénio12.

 Stress ambiental

Análise:

A Vitamina C, a Vitamina E e o Selénio atuam como antioxidante no organismo, reduzindo os danos causados pelos radicais livres nas membranas celulares e no DNA12,14,16. Quimicamente, o ascorbato (Vitamina C) é um potente agente redutor, quer reduzindo o peróxido de hidrogénio, como atuando enquanto antioxidante bloqueador de radicais, reagindo com o superóxido e um protão para originar peróxido de hidrogénio ou com o radical hidroxilo para originar água. O ascorbato também atua na redução do radical tocoferoxilo formado pela oxidação da Vitamina E nas membranas celulares e lipoproteínas plasmáticas. Tem assim uma ação antioxidante poupadora da Vitamina E, juntando reações antioxidantes lipófilas e hidrófilas12.

Notas:

A luteína consumida na dieta é possivelmente eficaz na prevenção da degeneração macular relacionada com a idade e na redução do risco de desenvolvimento de cataratas. No entanto, estes efeitos só estão demonstrados para doses diárias a partir dos 6 mg17.

Pharmaton

®

Vitalidade

(13)

5  Energia e vitalidade

Análise:

O Ginseng (Panax Ginseng) é um adaptogénio cujos ginsenósidos são utilizados para variados fins. No entanto, não há evidências suficientes que suportem uma redução da fadiga com a toma de Ginseng. Além disso, alguns estudos indicam que o Ginseng não apresenta eficácia na melhoria de humor19.

O Cobre e o Manganês participam no metabolismo produtor de energia, mesmo sendo oligoelementos presentes em baixas quantidades no organismo. O défice de Cobre pode provocar baixa temperatura corporal, entre outros sintomas20. O Manganês intervém no metabolismo dos lípidos e dos hidratos de carbono e o seu défice pode provocar fraqueza, entre outros sintomas. É de ter em atenção que suplementação com Cobre deve ser acompanhada por 8 a 15x a quantidade de Cobre em Zinco, pois um desequilíbrio nestes dois minerais pode causar outros problemas de saúde21. Porém, tal não se verifica neste suplemento (apenas 1,5x).

Os restantes já foram referidos anteriormente.

As vitaminas do complexo B são importantes na produção de energia e o défice destas apresenta fadiga como um sintoma comum. No entanto, a sua suplementação não garante uma diminuição da fadiga5-8,22.

 Reforça as funções física e mental

Análise:

O Ginseng apresenta propriedades benéficas para a capacidade de raciocínio e memória, embora não haja evidência quanto à redução do stress e do cansaço19.

As vitaminas do complexo B são importantes para a função normal do sistema nervoso5-9. O Cobre é necessário para a manutenção das células nervosas20.

A Vitamina B6 está envolvida na produção de alguns neurotransmissores e hormonas, como a serotonina e a noradrenalina, o que pode ter algum efeito na função psicológica6.

A Vitamina B12 e o Ácido fólico são ambos necessários na produção de S-adenosilmetionina, que tem influência no humor7,22.

A Tiamina tem influência na função psicológica, pois o défice desta vitamina causa irritabilidade e depressão4. Da mesma forma, carência de Niacina causa depressão8 e a de Biotina causa insónias e depressão9.

(14)

6  Fortalece o sistema imunitário

Análise:

Existem poucas evidências que o Ginseng, sobretudo o extrato G115, reduza o risco de ter uma constipação e que, quando tomado 4 semanas antes e 8 semanas, continuamente, depois da vacina contra a gripe, diminua o risco de gripe19.

A Vitamina A terá importância no normal funcionamento do sistema imunitário, uma vez que a carência desta está ligada a um aumento no risco de infeções e a um sistema imunitário debilitado, com desregulação das funções das células T, assim como um número reduzido destas e um padrão de diferenciação alterado. Da mesma forma, a capacidade funcional das células citotóxicas, como as células T citotóxicas e as células “natural killers”, bem como dos macrófagos, apresenta-se reduzida15.

A Vitamina D pode ter um papel na função normal do sistema imunitário, visto que parece ter relevo na regulação genética e diferenciação de vários tecidos, dado que a carência desta vitamina pode estar relacionada com o aparecimento de vários tipos de cancro23.

A Vitamina B6 poderá ter alguma importância na função do sistema imunitário, já que a carência desta vitamina levou a alterações na produção de leucócitos em animais6.

A Vitamina B12, quando em situação de carência, afeta todos os tecidos em crescimento rápido, particularmente a medula óssea, que resulta na produção de células anormais com sinais de maturação insuficiente, como leucócitos neutrófilos que têm mais lóbulos nucleares que o normal (leucócitos neutrófilos hipersegmentados)7.

Não foram encontradas referências sobre a função do Ácido fólico para o normal funcionamento do sistema imunitário.

O Selénio já foi referido anteriormente.

O Cobre é importante para o sistema imunitário e a carência deste mineral pode levar à diminuição do número de leucócitos20.

Notas:

A Soja, bastante consumida na Ásia, apresenta vários estudos clínicos, sobretudo da população asiática, que sugerem que esta ajuda na redução dos sintomas da menopausa e reduz o risco de doença cardíaca e osteoporose24.

Magnesium-OK

®

(15)

7  Benefícios do Magnésio

Análise:

O Magnésio é o segundo catião intracelular a seguir ao sódio. É um cofator importante em mais de 300 reações enzimáticas e necessário para a formação de substrato (Mg-ATP) e ativação enzimática. É fundamental para um grande número de funções celulares, como a fosforilação oxidativa, glicólise, transcrição do DNA e síntese proteica. Também está envolvido em correntes de iões e estabilização de membranas. O défice de magnésio está implicado em várias doenças metabólicas, incluindo doenças cardiovasculares, disfunção do sistema imunitário e danos por radicais livres26.

 Proteção das células contra as oxidações indesejáveis

Análise:

O Zinco, Cobre, e a Riboflavina estão referidos como tendo propriedades antioxidantes5,13,20. O Manganês é um componente da enzima antioxidante superóxido dismutase21.

Os restantes já foram referidos anteriormente.  Manutenção de uma visão normal

Análise:

Existem algumas evidências de que a suplementação com Riboflavina, ou seja, um bom status de Riboflavina, tenha ação protetora contra doenças oculares degenerativas, como cataratas5.

O Zinco é importante para a manutenção da visão e tem sido usado para abrandar a progressão da degeneração macular relacionada com a idade13.

 A Vitamina B6 contribui para a regulação da atividade hormonal

Análise:

O piridoxal fosfato (a partir da Vitamina B6) tem um papel no controlo da atividade das hormonas que atuam por ligação a um recetor nuclear proteico e modulam a expressão genética. Estas hormonas incluem androgénios, estrogénios, progesterona, glucocorticoides, calcitriol, ácido retinóico e outros retinóides, e a hormona tiroideia. O piridoxal fosfato reage com o resíduo de lisina no recetor proteico e remove o complexo recetor-hormona da ligação ao DNA, terminando assim a ação da hormona6. É de salientar a elevada dose de Vitamina B6 presente neste suplemento (3571% da DDR). Há possibilidade de alguns benefícios com o uso de doses elevadas de Vitamina B6, como na diminuição da hiperhomocisteinémia, mas vários estudos demonstraram nenhum efeito, apenas uma diminuição do pico de concentração no plasma da homocisteína após uma dose teste de metionina. No entanto, há poucas evidências de toxicidade de Vitamina B6 em doses diárias de até 200 mg6.

(16)

8  O Zinco contribui para uma normal função cognitiva

Análise:

Não foram encontradas referências da contribuição do Zinco na função cognitiva.  A tiamina contribui para o normal funcionamento do coração

Análise:

A Tiamina é importante no metabolismo lípido e na replicação celular e o tecido muscular cardíaco é o que apresenta maior concentração de tiamina (cerca de 2-3 µg/g). A carência grave de Tiamina está associada a insuficiência cardíaca4.

Comentários finais:

Dentro deste grupo de suplementos, o Centrum® é o que apresenta maior variedade de vitaminas e minerais, quantitativamente dentro do que seria de esperar de um complemento à dieta normal, sendo por isso, o suplemento a indicar nesse contexto. Em casos de utentes que pretendam um suplemento com extratos de plantas incluídas, o Pharmaton® seria o indicado devido à presença de Ginseng e Soja. Caso os utentes precisem de um suplemento para ajudar num período de maior cansaço/stress, sobretudo os que tencionem um suplemento com Magnésio, o Magnesium-OK, por ter maior dose de Magnésio, seria o mais indicado.

Suplementos Específicos

Suplementos “50+”

Os seguintes suplementos apresentam indicações específicas para consumidores com mais de 50 anos ou em fase de menopausa.

Centrum

®

Select 50+

Composição e benefícios indicados pelo produto27: (anexo V)

Vitalidade

Análise:

(17)

9  Sistema Imunitário

Análise:

Já foram referidos anteriormente.  Visão

Análise:

A Vitamina A tem um papel importante na saúde ocular. Quando a ingestão de ésteres retinil nas células epiteliais do pigmento da retina não é suficiente, ocorre um abrandamento significativo do ciclo visual, originando uma doença conhecida como cegueira noturna (uma perda da capacidade de adaptação rápida à escuridão após exposição a luz forte). A cegueira noturna é um dos primeiros sinais clínicos a ser detetado da carência de Vitamina A15.

 Ossos saudáveis

Análise:

A Vitamina D está envolvida na manutenção da saúde dos ossos, embora não seja, por definição, uma vitamina nem um nutriente, por ser produzida pelo nosso organismo, em quantidades suficientes, através da exposição solar. No entanto, é reconhecido que há riscos de carência de Vitamina D em crianças e adultos. A Vitamina D, na forma de 1,25-dihidroxivitamina D, é biologicamente ativa e é responsável pela manutenção da homeostasia do cálcio e da saúde dos ossos23.

A manutenção da saúde dos ossos também necessita de Vitamina K. Indivíduos com níveis superiores de Vitamina K têm maior densidade óssea, por outro lado, indivíduos com osteoporose apresentam baixos níveis desta vitamina. Além disso, há alguma evidência de que esta vitamina melhora a saúde dos ossos e reduz o risco de fratura, sobretudo em mulheres em risco de osteoporose28.

Centrum

®

Homem 50+

Composição e benefícios indicados pelo produto29: (anexo VI)

 Vitalidade

Análise:

(18)

10  Sistema imunitário

Análise:

Já referidos anteriormente.

 Suporte nutricional para homens 50+

Análise:

Segundo o guia do “Institute of Medicine”:

A ingestão adequada de Cálcio para indivíduos com mais de 50 anos, para ambos os sexos, é 1200 mg/dia. Para adultos até 50 anos, é inferior (1000 mg/dia)30.

A dose diária recomendada de Magnésio para homens com mais de 50 anos é de 420 mg/dia. Para homens até 50 anos, é igual. Para mulheres com mais de 50 anos, é inferior (320 mg/dia)31.

A ingestão adequada de Vitamina D para indivíduos com mais de 50 anos, para ambos os sexos, é de 10 µg/dia. Para adultos até 50 anos, é inferior (5 µg/dia)32.

A dose diária recomendada de Vitamina B12 para indivíduos com mais de 50 anos é de 2,4 µg/dia. Para adultos até 50 anos, é igual. No entanto, há evidências que apoiam a ingestão de Vitamina B12 por indivíduos com mais de 50 anos através de alimentos enriquecidos com esta vitamina ou através de suplementos, devido à má absorção de Vitamina B12 ligada à comida por 10 a 30% desta população33.  Visão Análise: Já referido anteriormente.  Mente ativa Análise:

O Ácido Pantoténico poderá contribuir para uma normal função cognitiva, visto que a carência desta vitamina pode causar irritabilidade, insónia e depressão10.

O Ferro poderá ter importância para uma normal função cognitiva, uma vez que alguns sintomas frequentes da carência em Ferro são a diminuição da atenção, da excitação sexual e da sensibilidade social11.

(19)

11

Centrum

®

Mulher 50+

Composição e benefícios indicados pelo produto34: (anexo VII)

 Suporte nutricional para mulheres 50+

Análise:

O Cálcio e a Vitamina D já foram referidos anteriormente.

A dose diária recomendada de Magnésio para mulheres com mais de 50 anos é de 320 mg/dia. Para mulheres até 50 anos, é igual. Não há evidências para maior necessidade de Magnésio para este grupo de indivíduos31.

A dose diária recomendada de Vitamina B12 para mulheres com mais de 50 anos é de 2,4 µg/dia. Para mulheres até 50 anos, é igual. No entanto, há evidências que apoiam a ingestão de Vitamina B12 por indivíduos com mais de 50 através de alimentos enriquecidos com esta vitamina ou através de suplementos, devido à má absorção de Vitamina B12 ligada à comida por 10 a 30% desta população33.  Vitalidade Análise: Já referidos anteriormente.  Sistema imunitário Análise: Já referidos anteriormente.  Pós-menopausa Análise: Já referido anteriormente.  Saúde dos ossos

Análise:

Alguns estudos demonstram que tomar Cálcio em combinação com Vitamina D pode ajudar a prevenir a perda de massa óssea associada à menopausa35.

(20)

12

Pharmaton

®

50+

Composição e benefícios indicados pelo produto36: (anexo VIII)

 Sistema cardiovascular Análise:

Os ácidos gordos ómega-3 (EPA e DHA) são importantes para um bom funcionamento do coração e, embora o organismo produza estes ácidos gordos naturalmente, é necessário obter maior quantidades pela dieta, o que não se observa na população ocidental. Os ácidos gordos ómega-3 parecem melhorar a condição de indivíduos que sofram de doenças cardíacas e possivelmente diminuir o risco de estas se desenvolverem. Além disso, também parecem ajudar na redução de triglicerídeos no sangue, na diminuição da pressão arterial e do risco de coágulos sanguíneos37,38.

Os restantes já foram referidos anteriormente.  Saúde do sistema imunitário

Análise:

Já foram referidos anteriormente.  Função cerebral

Análise:

A Vitamina C poderá ajudar no normal funcionamento do sistema nervoso. A dopamina beta-hidroxilase é uma enzima que contém cobre e está envolvida na síntese das catecolaminas noradrenalina e adrenalina, a partir da tirosina, na medula adrenal e no sistema nervoso central. A enzima ativa contém Cu+, que é oxidado a Cu2+ durante a hidroxilação do substrato e a redução de volta a Cu+ requere especificamente ascorbato. Porém, não há evidências da participação da Vitamina C na normal função psicológica. Sintomas psicológicos só ocorrem em situações de défice severo desta vitamina12.

O DHA é um constituinte importante das membranas celulares e é necessário para o desenvolvimento do cérebro, havendo algumas evidências de que a ingestão deste na dieta tenha efeitos benéficos nas doenças neurológicas e neuropsiquiátricas39.

Os restantes já foram referidos anteriormente.  Energia

Análise:

(21)

13  Visão

Análise:

O DHA é importante para o desenvolvimento do tecido nervoso ótico, mas há poucas evidências dos seus benefícios na prevenção de doenças oculares relacionadas com a idade39. Os restantes já foram referidos.

 Manutenção de ossos e cartilagens

Análise:

O Zinco faz parte de um grande número de enzimas e tem várias funções no organismo, sendo que o défice deste mineral está relacionado com problemas de crescimento. No entanto, não foram encontradas evidências da contribuição do Zinco para a manutenção de ossos normais. Os restantes já foram referidos.

 Pele, cabelo e unhas

Análise:

Não há evidências da participação da Riboflavina para a manutenção normal da pele, embora a carência desta vitamina cause lesões na mucosa oral5.

Um dos sinais de carência em Cobre é a despigmentação da pele20. Não foram encontradas referências para os restantes.

Confiance

®

Nota: Este suplemento está indicado para mulheres a partir dos 40 anos, antes, durante ou após menopausa.

Composição e benefícios indicados pelo produto40: (anexo IX)

 Funções do Magnésio e Boro

Análise:

O Magnésio parece poder modular a concentração intracelular de cálcio. Além disso, o défice de Magnésio perturba a homeostasia do cálcio e a hipocalcémia é uma manifestação comum de carência de Magnésio, o que se deve à redução da libertação da hormona paratiroideia (PTH)26.

Não há evidências suficientes que suportem a importância do Boro no metabolismo do cálcio41.

(22)

14  Utilidade do Boro

Análise:

Não há evidências suficientes que suportem a utilidade do Boro na conversão do estrogénio41.

 Funções do Magnésio, Vitaminas E e B6

Análise:

Não foram encontradas referências sobre a ação benéfica do Magnésio e da Vitamina E no alívio de afrontamentos.

A Vitamina B6 já foi referida anteriormente.  Utilidade deste suplemento

Nota: A indicação “retardar o envelhecimento” pode ser considerada ação profilática e não está devidamente fundamentada.

Comentários finais:

No seguimento do grupo anterior, o Centrum® Select 50+ apresenta a maior variedade de vitaminas e minerais, sendo, portanto, o mais indicado como suplemento. No entanto, convém sugerir ao utente a opção por um dos específicos de género, por ter mais em conta os nutrimentos a reforçar para determinado grupo. Contudo, no contexto de uma alimentação normal, as diferenças de dose dos nutrimentos entre o Select 50+ e os específicos Homem/Mulher 50+ não são suficientes para justificar uma possível discrepância de preço entre ambos. Porém, alguns utentes procuram suplementos com ácidos gordos ómega-3, sendo, nestes casos, o Pharmaton® 50+ o mais indicado. O Confiance® estará mais indicado para mulheres que estejam a entrar em fase de menopausa.

Conclusão:

Embora a principal função dos suplementos passe por complementar um regime alimentar que não seja considerado adequado e variado, a procura deste tipo de produtos por parte dos utentes transmite a ideia de que são considerados por estes como se fossem “medicamentos” para o mal estar ou para o cansaço, porventura devido ao marketing e à imagem que estes suplementos tentam passar aos consumidores.

Quanto à sua composição, é de referir a presença de várias vitaminas em doses acima dos 100% da DDR. É o caso das vitaminas do complexo B que são hidrossolúveis, não sendo armazenadas no nosso organismo. Tendo em conta que a DDR representa o valor alvo a atingir na dieta, a suplementação com valores acima dos 100% da DDR serão, em princípio, desnecessários

(23)

15 para situações que não sejam de carência específica de uma determinada vitamina, quer seja por muito baixa ingestão na dieta ou outra situação, como absorção diminuída ou necessidades acrescidas.

(24)

16

Rinite alérgica, constipação e gripe

Objetivo

O presente trabalho tem como objetivo rever os principais aspetos associados à rinite alérgica, constipação e gripe, com foco na sintomatologia e tratamento, servindo de suporte científico para a elaboração de um folheto (anexo XIII) destinado a ser fornecido ao público da farmácia comunitária onde realizei estágio curricular. Com este meio de divulgação de informação, pretendo contribuir para o esclarecimento dos utentes no que a estas condições patológicas diz respeito, as quais, dadas as semelhanças em termos clínicos, são frequentemente confundidas, originando por vezes erros de automedicação, como tive oportunidade de constatar no decurso do meu estágio curricular.

Rinite alérgica

Introdução:

A rinite alérgica é uma doença inflamatória da mucosa nasal, caracterizada por prurido, espirros, rinorreia e congestão nasal. É mediada por respostas de hipersensibilidade de fase inicial e de fase tardia a alergénios de ambiente exterior ou interior. Embora a rinite alérgica seja vista como um mero distúrbio sazonal, é uma doença prevalente que pode acarretar uma inflamação mínima persistente da mucosa, a qual atua em sinergia com a inflamação de origem infeciosa, agravando os sintomas da infeção nos indivíduos com rinite alérgica quando sujeitos a infeções respiratórias virais, como gripes e constipações42.

Classificação e fisiopatologia:

A rinite alérgica é tradicionalmente classificada como sazonal, também conhecida como febre dos fenos, ou perene, dependendo da sensibilização ser causada por pólenes cíclicos ou por alergénios como ácaros, pelos de animais, baratas e bolores, respetivamente.

A inalação destes, entre outros, alergénios inicia a resposta imune alérgica. Indivíduos atópicos têm uma predisposição genética para ficarem sensibilizados por alergénios inofensivos através da ativação de células dendríticas e linfócitos T. As células dendríticas estão localizadas na superfície da mucosa nasal, capturando os alergénios inalados e atuando como células apresentadoras de antigénios ao apresentarem o péptido alergénico a linfócitos T nos nódulos linfáticos. As células T CD4+ têm um papel fundamental na iniciação e execução da resposta imune através da secreção de citocinas como as interleucinas 4, 5, 10 e 13. A interleucina 4 é a principal promotora da sensibilização aos alergénios ao induzir a mudança de classe das

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17 imunoglobulinas para IgE nos linfócitos B. As moléculas de IgE são libertadas na corrente sanguínea e ligam-se a recetores de elevada afinidade na superfície de mastócitos tecidulares e basófilos circulantes. Quando os alergénios se depositam na mucosa nasal de indivíduos sensibilizados, ligam-se às IgE específicas na superfície dos mastócitos, levando a uma rápida libertação de mediadores pré-formados como histamina, causando os sintomas associados à resposta nasal inicial: espirros, rinorreia, e comichão nasal. Tanto a histamina como o fator de necrose tumoral alfa, assim como mediadores lipídicos recém formados como o leucotrieno C4 e a prostaglandina D2, contribuem para o influxo de células inflamatórias, como eosinófilos, linfócitos T CD4+ e basófilos, ao estimular a expressão de moléculas de adesão nas células endoteliais. É este influxo de células que caracteriza a fase tardia da resposta alérgica, com obstrução nasal como o principal sintoma presente. Os linfócitos T CD4+ representam a principal fonte de interleucina 5. Esta citocina tem um papel importante na inflamação mediada por eosinófilos que ocorre na rinite alérgica, através da estimulação da eosinopoiese, do influxo de eosinófilos na mucosa nasal e da promoção da sobrevivência dos eosinófilos no tecido. Assim, as IgE específicas ao alergénio e a inflamação nasal eosinófila são as características típicas da rinite alérgica e são estas características que a distinguem de outras formas de rinite42.

Diagnóstico e tratamento:

A rinite é clinicamente caracterizada por um ou mais dos seguintes sintomas: comichão nasal, espirros, obstrução ou congestão nasal, rinorreia (anterior ou posterior) e, por vezes, redução do olfato (hiposmia). Aquando da exposição ao alergénio, os sintomas da rinite alérgica aparecem em minutos e podem durar entre 1-2 h até melhorarem. Os sintomas nasais de fase tardia incluem obstrução nasal, hiposmia, descarga mucosa pós nasal e hiperreatividade nasal. A conjuntivite alérgica é caracterizada por intensa comichão ocular, hiperémia, lacrimejamento e, ocasionalmente, edema periorbital. A conjuntivite alérgica é o sintoma que melhor distingue a rinite alérgica das outras rinites, ocorrendo em cerca de 50-70% das pessoas com rinite alérgica e deve-se tanto ao contacto direto do alergénio com a mucosa conjuntival como à ativação do reflexo nasal-ocular42.

Uma abordagem terapêutica eficaz, no âmbito da rinite alérgica, não deve incidir apenas na farmacoterapia, mas também apostar na educação do paciente quanto à progressão da doença e benefícios do tratamento, na prevenção do contacto com o alergénio e na possibilidade de recorrer a imunoterapia1. Em termos farmacoterapêuticos, as duas maiores classes de fármacos usados para tratar os sintomas de rinite alérgica são os anti-histamínicos H1 e os corticosteróides intranasais, tanto em monoterapia como em combinação, dependendo dos sintomas predominantes e da resposta do paciente à terapia. Os anti-histamínicos de primeira geração incluem a bromofeniramina, a clorofeniramina e a difenidramina. Embora estes fármacos aliviem os espirros e a rinorreia num quadro de rinite alérgica, têm a particularidade de atravessar facilmente a barreira

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18 hematoencefálica, de tal modo que as doses eficazes estão sempre associadas a sonolência e a desempenho mental comprometido. No entanto, os anti-histamínicos de segunda geração, como a acrivastina, a cetirizina, a fexofenadina, a desloratadina e a loratadina causam pouca ou nenhuma sedação. Todos os membros desta classe demonstram eficácia na redução dos sintomas como espirros, comichão e descarga nasal, além de também reduzirem os sintomas oculares da conjuntivite alérgica. No entanto, os anti-histamínicos H1 não são eficazes no alívio da congestão nasal, podendo para o efeito ser usado, em combinação, um descongestionante, como a pseudoefedrina ou a fenilpropanolamina. É de salientar, porém, que o uso prolongado destes descongestionantes, que são agonistas dos recetores adrenérgicos alfa-1, induz vasoconstrição, o que está associado a rinorreia paradoxal e até a ulceração da mucosa. No tratamento intranasal, os anti-histamínicos H1, como a azelastina e a levocabastina, são úteis na redução dos sintomas da rinite alérgica, com um rápido início de ação e potencial para reduzir a congestão nasal. Na rinite alérgica mais severa, a primeira linha de tratamento são os corticosteróides intranasais, como a beclometasona, o budesonide, a flunisolide, a mometasona e a triancinolona. Os corticosteróides atuam nos mecanismos inflamatórios, sendo particularmente eficazes na melhoria da congestão nasal, uma das queixas mais comuns na rinite alérgica crónica, embora também sejam eficazes nos restantes sintomas da rinite, como a rinorreia, os espirros e a comichão nasal. Para obter o maior efeito desta classe, a terapia deve começar antes do início dos sintomas (por exemplo, antes da época dos pólenes). O início de ação é lento e o efeito máximo só ocorre passados dias ou semanas. Os efeitos sistémicos são mínimos, embora possa ocorrer irritação ou sangramento nasal, com tendência a diminuir ao longo do tempo. No entanto, em casos raros, pode ocorrer perfuração do septo nasal43.

Outras opções são os anticolinérgicos intranasais, como o brometo de ipatrópio, embora este só seja eficaz na rinorreia e apresente efeitos adversos ocasionais como nariz seco, epistaxe, retenção urinária e glaucoma, e os antileucotrienos orais, como o montelucaste e o zafirlucaste (antagonistas dos recetores dos leucotrienos), e o zileuton (inibidor da síntese de leucotrienos). Estes são eficazes na obstrução nasal, rinorreia e nos sintomas de conjuntivite alérgica, embora não sejam consistentemente eficazes e causem efeitos adversos ocasionais como dor de cabeça, sintomas gastrointestinais, “rash” e síndrome de Churg-Strauss42

. A tabela 3 (anexo XII) faz um resumo dos fármacos referidos anteriormente.

Constipação e Gripe

Introdução e diagnóstico:

As infeções virais agudas do trato respiratório superior (IVATRS) são as doenças mais comuns dos seres humanos, com os adultos a ter duas a cinco constipações por ano e as crianças

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19 em idade escolar sete a dez. Os sintomas associados a estas infeções são tão comuns que o auto-diagnóstico de constipação ou gripe é frequente no público em geral e o auto-diagnóstico clínico é normalmente o único diagnóstico usado pelos médicos.

A expressão clínica deste tipo de infeção é variável e é parcialmente influenciada pela natureza do vírus infetante, sendo sobretudo afetada pela idade, estado fisiológico e memória imunológica do hospedeiro. Dependendo destes fatores, estas infeções podem ir de assintomáticas a fatais, mas, na maioria dos casos, estão associadas a uma doença aguda auto-limitada.

Constipação e gripe são síndromes de sintomas semelhantes causadas por infeção viral do trato respiratório superior. São síndromes difíceis de definir com exatidão devido à grande variabilidade na severidade, duração e tipos de sintomas. Os rinovirus são responsáveis por 30 a 50% de todas as constipações, os coronavirus são o segundo agente mais comum, sendo responsáveis por 10 a 15%. As gripes são causadas pelos influenzavirus (A, B e C),

Uma constipação tem sido definida como um estado de doença curta e ligeira, com sintomas iniciais como dor de cabeça, espirros, arrepios e garganta irritada e sintomas tardios como corrimento e obstrução nasal, tosse e mal-estar. Geralmente, a severidade dos sintomas aumenta rapidamente, atingindo o pico em 2 a 3 dias após a infeção, com uma duração média dos sintomas de 7 a 10 dias, mas com alguns a poder persistir até mais de 3 semanas.

A síndrome gripal está associada a um típico aparecimento repentino dos sintomas e é caracterizada por febre, dor de cabeça, tosse, garganta irritada, mialgia, congestão nasal, fraqueza e perda de apetite44.

Fisiopatologia e tratamento:

Os sintomas são desencadeados em resposta à infeção viral no trato respiratório superior e a resposta imune à infeção poderá ser o principal fator para o aparecimento de sintomas, em vez de danos causados pelo vírus. A principal célula a monitorizar a resposta do hospedeiro à infeção é o macrófago, que apresenta a capacidade de ativar uma resposta de fase aguda quando estimulado com componentes de vírus ou bactérias (RNA viral e componentes da parede celular bacteriana). Esta ativação leva à produção de citocinas, que causam o recrutamento de outras células do sistema imunitário, desencadeiam a inflamação e produzem os sintomas sistémicos como a febre. Uma mistura complexa de citocinas e mediadores, como a bradicinina, gera os sintomas comuns das infeções do trato respiratório superior (como garganta irritada e congestão nasal)44.

Como as constipações e gripes são normalmente auto-limitadas, o tratamento foca-se sobretudo na redução dos sintomas e na minimização do risco de complicações. Para a constipação, um ambiente quente e confortável, descanso e hidratação são frequentemente tudo o que é necessário. Caso seja precisa uma intervenção adicional, podem ser usados para alívio temporário dos sintomas fármacos anti-inflamatórios, analgésicos e descongestionantes nasais/orais não

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20 sujeitos a receita médica. No caso da gripe, como esta é geralmente acompanhada por febre, um antipirético, como o ácido acetilsalicílico ou o acetaminofeno, costuma ser usado em associação com fármacos analgésicos, anti-histamínicos e anti-inflamatórios não sujeitos a receita médica. Ter em atenção, no entanto, o uso de ácido acetilsalicílico nas crianças, uma vez que está associado ao risco de desenvolver síndrome de Reye. A febre é um indicador clínico importante, correspondendo a uma reação fisiológica desencadeada pelo organismo no sentido de combater a infeção e de recuperar a homeostasia. Embora uma febre ligeira (entre 37,2 e 38,3º C) possa facilitar a recuperação, as febres costumam ser suprimidas para conforto do doente. Para o tratamento da infeção por vírus influenza, existem fármacos antivirais que limitam a capacidade deste de infetar as células epiteliais do trato respiratório superior, como a amantadina e rimantadina, que diminuem a duração da infeção por influenza A ao inibir a penetração e “uncoating” do vírus. Além destes, existem dois fármacos mais recentes, o zanamivir e o oseltamivir, que atuam na redução da infeção por influenza A e B ao inibir a neuraminidase, o que impede a disseminação do vírus pelas células saudáveis. No entanto, a medicina convencional considera a vacinação como o método padrão para a prevenção da gripe e das suas complicações. As vacinas são alteradas todos os anos para incluir as estirpes mais prevalentes da época anterior: duas estirpes de influenzavirus A (p.e. H3N2 e H1N1) e uma influenzavirus B, já que a vacina só é eficaz contra três estirpes específicas numa dada época. Quando a vacina contém o mesmo antigénio hemaglutinina e/ou neuraminidase que as estirpes que circulam na comunidade, a vacinação pode reduzir infeções até 70 a 90% em adultos saudáveis com menos de 65 anos45.

Conclusão

A rinite alérgica, a constipação e a gripe são três condições clínicas com vários sintomas em comum, os quais levam frequentemente as pessoas a procurar uma farmácia com vista a obter tratamento para o alívio dos mesmos. Dado serem patologias bastante prevalentes, sou da opinião de que é importante contribuir para o esclarecimento dos utentes no que à sua distinção diz respeito, tanto para aconselhar o tratamento mais adequado, como para reduzir os erros de auto-medicação, muito frequentes nestas condições, e a procura de medicamentos por parte dos mesmos sem terem um diagnóstico correto dos sintomas que apresentam.

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Relatório Farmácia Comunitária

Introdução

A Farmácia Comunitária centra-se, por definição, na comunidade em que está inserida e a qual serve, no sentido de melhorar a qualidade de vida da população. Dessa forma, pretende ir sempre ao encontro das necessidades dos utentes, baseado numa formação constante.

O Farmacêutico constitui a ponte entre o doente e a terapêutica prescrita, na medida em que “a sua intervenção é fulcral para sensibilizar para os perigos de práticas inadequadas e para assegurar a eficácia e a segurança do medicamento.”47 A formação do Farmacêutico não deve passar apenas pela componente científica, sendo de suma importância a componente humana/social na prestação dos serviços aos utentes. A interação com os utentes deve ser personalisada e focada naqueles, incluindo informações sobre como tomar os medicamentos, os efeitos terapêuticos e as possíveis reações adversas, assim como eventuais interações e a melhor forma de os conservar.

Outra função do Farmacêutico passa pela promoção da saúde pública, sensibilização para a adoção de estilos de vida saudáveis, educação, proteção e prevenção, através do diálogo, da distribuição de folhetos e publicações, bem como a realização de campanhas de promoção de saúde47.

Nesse sentido, é fácil de entender a importância da realização de um estágio em contexto de Farmácia Comunitária.

Organização da Farmácia

Localização e horário

A Farmácia Nova da Vila localiza-se na Avenida Júlio Saúl Dias, nº 32, em Vila do Conde. Encontra-se aberta todos os dias das 8h30 até às 22h.

Os utentes habituais são, além das pessoas que habitam na área, os que acompanharam a mudança de instalações da freguesia de Mindelo para as atuais, na cidade de Vilda do Conde. Além destes, durante a época balnear, as pessoas que se deslocam até às praias da cidade.

Recursos humanos

Nesta farmácia trabalham, em regime de rotatividade de turnos, uma equipa de profissionais de saúde composta pelos seguintes elementos:

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22  Proprietária e Diretora Técnica:

o Dra. Isabel Pelayo

Farmacêutica Adjunta Substituta: o Dra. Rute Barbosa

Farmacêuticos Adjuntos: o Dr. Francisco Ribeiro o Dra. Cristina Faria  Ajudante Técnico de Farmácia:

o Rui Neves  Auxiliar de Limpeza:

o Fernanda Pires

Instalações

Área exterior

O exterior da farmácia é sinalizado por uma cruz verde luminosa e contém inscrito o nome da farmácia48.

A montra da Farmácia é modificada com regularidade de acordo com a época do ano e situações festivas. A redecoração é feita por critérios sazonais, havendo, no entanto, uma preocupação constante com a apresentação da mesma. Geralmente, estão expostos cartazes publicitários de produtos de dermocosmética e puericultura.

Instalações internas

A farmácia é constituída por uma área de armazenagem, instalações sanitárias, laboratório, zona de atendimento ao público e também existe um espaço de atendimento personalizado, assim como um pequeno escritório.

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Área de exposição

Nesta área encontra-se uma cadeira de repouso; uma balança eletrónica para medição do peso, índice de massa corporal e pressão arterial e folhetos informativos. Também dispõe de vários expositores com diferentes tipos de produtos, com enfoque para produtos de dermocosmética. Além disso, encontramos produtos de higiene íntima e preservativos; produtos para grávidas e pós-parto, assim como para bebés e crianças; dietéticos e suplementos; produtos de higiene oral, produtos capilares bem como produtos sazonais.

Zona de atendimento ao público

A zona do atendimento ao público é onde ocorre a receção aos utentes e a maior parte das atividades no âmbito do aconselhamento e dispensa de medicamentos.

Esta zona é composta por um balcão de atendimento, o qual possui cinco postos de venda equipados, cada um, com um computador com o programa Winphar e ligados a impressoras. No balcão de atendimento é também possível encontrar um computador ligado ao sistema de pagamento CashGuard.

Nesta área verifica-se também a existência de folhetos informativos de campanhas no âmbito da promoção da saúde pública.

Todos os produtos expostos na zona de atendimento, à vista dos utentes, quer estejam armazenados em prateleiras ou em expositores, são obrigatoriamente Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM). Estes produtos encontram-se dispostos separadamente em diferentes seções, de acordo com o tipo de produto a que correspondem.

Quanto aos Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) que se encontrem nesta zona, estes estão armazenados em gavetas devidamente fechadas.

Área de atendimento personalizado

A área de atendimento personalizado é onde se determinam os parâmetros bioquímicos e fisiológicos, ao fim dos quais, o Farmacêutico comunica os resultados obtidos ao utente, aconselhando-o de forma a promover sempre a sua saúde e bem-estar.

Este local também pode ser usado, quando requerido pelo utente, para um atendimento mais privado.

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24 Uma vez por semana, decorre neste espaço, uma consulta de nutricionismo, com uma técnica especializada. Da mesma forma, uma vez por mês, é disponibilizado aos utentes, mediante marcação, uma consulta de podologia.

Área de armazenamento

Diariamente nesta área é feita a gestão das encomendas necessárias à Farmácia, assim como o armazenamento dos medicamentos.

Aqui encontra-se um balcão com um computador, ao qual está ligado um leitor ótico de código de barras, uma impressora e um fax. Além destes, encontram-se os telefones, um armário com documentos referentes à gestão da farmácia, dossiers relativos a fornecedores, faturas, devoluções e outros documentos relacionados com a receção de encomendas. Por isso, todos os produtos que cheguem à farmácia passam obrigatoriamente por esta área antes de serem dispensados.

Neste local também se encontra o frigorífico, o qual é necessário à conservação de todos os produtos que sejam sujeitos à refrigeração.

As zonas de armazenamento estão divididas em gavetas deslizantes e armários de prateleiras.

As formas farmacêuticas orais sólidas encontram-se em gavetas deslizantes, por ordem alfabética do nome comercial ou, no caso dos genéricos, por ordem alfabética da Designação Comum Internacional (DCI). Nas gavetas deslizantes encontram-se também alguns xaropes e soluções orais, assim como formas farmacêuticas líquidas intranasais e auriculares, de administração retal e oftamológica. Em armários de prateleiras encontram-se produtos de alimentação infantil; medicamentos ginecológicos; granulados; medicamentos de uso veterinário; líquidos e semi-sólidos cutâneos (pomadas, cremes, pastas e unguentos) e os restantes xaropes e soluções orais. Além disso, todos os medicamentos orais sólidos que não caibam nas gavetas, encontram-se nos armários de prateleiras, com a mesma distribuição verificada nas gavetas.

Os psicotrópicos e estupefacientes estão armazenados num armário fechado, cumprindo os requisitos legais.

Escritório

Neste local efetua-se a gestão administrativa da Farmácia, como a verificação e correção das receitas médicas.

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Laboratório

No laboratório são realizados os manipulados e a preparação das suspenções/soluções orais, encontrando-se o material e as matérias-primas necessárias, assim como as farmacopeias e o formulário galénico. É de salientar que esta Farmácia realiza poucos manipulados, apesar de estar equipada para tal, já que não há muita procura daqueles.

Sistema informático

A Farmácia Nova da Vila está equipada com o Winphar, o qual permite realizar tarefas essenciais à farmácia e fazer a gestão dos stocks.

Além disso, também permite gerir prazos de validade; auxiliar intervenção do Farmacêutico com o utente através de informação sobre contraindicações e interações medicamentosas durante uma venda; obter informações sobre os produtos, como o folheto informativo e a situação de existência nos armazenistas, entre outras funções relacionadas com a gestão de stock.

Gestão de stocks

Nesta farmácia efetua-se uma constante atualização informática das existências dos medicamentos. Quando o número de existências informático não coincide com o real, isto pode resultar em possíveis atrasos no atendimento e em encomendas desnecessárias, o que não é, de todo, o pretendido.

Aquisição de medicamentos e produtos farmacêuticos

Existem duas formas da farmácia adquirir os seus produtos: diretamente dos laboratórios (p.e. através dos delegados comerciais); através de armazenistas/cooperativas de distribuição.

A farmácia trabalha, principalmente, com dois distribuidores grossistas: a OCP e a COOPROFAR, tendo a primeira maior peso na entrega do que a segunda.

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Realização de encomendas

A farmácia faz encomendas, várias vezes por dia, de forma a repor os produtos que atingem o stock mínimo, esgotados ou reservados por utentes.

As encomendas são realizadas sobretudo através do software Winphar.

Pontualmente, são pedidos via telefone produtos específicos para um determinado utente, confirmando-se com o fornecedor se este tem o produto em stock e a data em que o produto chegará à farmácia.

Receção de encomendas

A encomenda chega à farmácia em contentores devidamente identificados que são acompanhados por uma guia de remessa/factura que é utilizada para conferir os produtos e o custo total da encomenda.

No momento da receção, dá-se prioridade de armazenamento aos produtos que requeiram frio, rececionando-os de imediato e colocando-os no frigorífico.

De seguida, procede-se à leitura ótica dos produtos para que estes possam dar entrada no sistema informático. Por último, é muito importante ter atenção a diversos fatores, tais como, margem, quantidade encomendada/recebida/faturada, prazo de validade e preço.

É também importante ter em conta o preço a que se compram os produtos e, para os produtos que requerem etiqueta, deve-se consultar os stocks para que, caso seja necessário, se atualizem todos os preços.

Quando psicotrópicos ou estupefacientes fazem parte da encomenda, chega juntamente com esta uma requisição em duplicado que é emitida pelo distribuidor. Os registos de entrada e saída são arquivados numa pasta destinada única e exclusivamente a estes medicamentos.

Os produtos esgotados ou em falta são transferidos para uma nova proposta de encomenda, de modo a evitar uma possível rutura de stock. Por fim, e após verificação, a fatura é arquivada por data e por fornecedor.

A receção dos produtos encomendados por telefone é geralmente acompanhada por fatura própria, dando-se entrada à parte no sistema informático.

Quanto às encomendas efetuadas diretamente ao laboratório produtor ou detentor da licença de comercialização, a receção destas é semelhante à dos restantes produtos, em que o operador verifica se as quantidades enviadas correspondem à nota de encomenda previamente realizada e, de seguida, os respetivos prazos de validade e o preço dos produtos.

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Devoluções

Com o controlo dos prazos de validade torna-se mais fácil fazer a recolha dos produtos com prazo de validade mais curto e proceder à devolução destes aos fornecedores. Esta devolução deve-se fazer acompanhar de uma nota de devolução na qual se deve preencher o motivo de devolução e referir qual o documento de origem.

Exitem outras situações de devolução para além desta, como: embalagem danificada, produtos que não correspondam ao encomendado, produtos retirados do mercado, entre outros.

Para a regularização da devolução dos produtos o armazenista deve emitir uma nota de crédito ou enviar novos produtos que substituam os em questão.

Armazenamento

Depois de rececionados, todos os produtos que dão entrada no stock da farmácia devem ser devidamente armazenados. É essencial uma boa gestão do espaço físico da farmácia para facilitar aos Profissionais de Farmácia o processo de dispensa de medicação aos utentes, além de reduzir o tempo de espera destes.

Quanto ao armazenamento, a primeira regra a seguir é a First Expired, First Out (FEFO). Esta regra permite escoar do stock os produtos com prazo de validade mais curto.

Prazos de Validade

O prazo de validade é atualizado mensalmente, através de uma listagem dos produtos com a validade a expirar nos próximos três meses.

Os produtos que apresentam prazo de validade no referido período são recolhidos e armazenados à parte, até serem devolvidos ao laboratório ou armazenista, devolução essa que ocorre até ao final do mês em questão.

Dispensa de medicamentos

A dispensa dos medicamentos é uma das funções mais valorizadas pelos utentes da farmácia, pois estes sentem cada vez mais a necessidade de estar bem informados no que diz respeito à sua saúde. Por isso, os Profissionais de Farmácia devem aproveitar esta oportunidade de comunicação com os utentes para promover os cuidados de saúde, a adesão à terapêutica e alertar para os perigos dos erros de medicação.

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28 Os medicamentos podem ser classificados em Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) e Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM).

Receita Médica

A receita médica é o meio utilizado para a comunicação entre o médico, o Farmacêutico e o utente. Assim, aquando da validação da mesma, existem parâmetros fundamentais a serem respeitados.

A receita médica é o documento através do qual são prescritos por um médico um ou mais medicamentos determinados49.

As receitas médicas, quanto à validade, podem ser:  Receita médica com um prazo de validade de 30 dias.

 Receita médica com um prazo de validade de 6 meses. Estas destinam-se a determinadas doenças e a tratamentos prolongados, sendo fornecidas ao utente três vias.

Antes da dispensa deve-se ter em atenção:

 Modelo de receita (Governo de Portugal/ Ministério da Saúde);  Identificação do utente e entidade responsável pela comparticipação;  Identificação do médico prescritor;

 Vinheta ou carimbo do local de prescrição, sempre que aplicável

 Identificação dos medicamentos prescritos: por DCI e/ou nome comercial, dosagem, forma farmacêutica, posologia, tamanho e número de embalagens;

 Data de prescrição: permite conferir o prazo de validade da receita;  Ausência de rasuras;

 Número da receita e respetivo código de barras:

Durante a dispensa, o Farmacêutico deve manter o diálogo com o utente para tentar perceber a quem se destina a medicação, se é a primeira vez que vai fazer a terapêutica prescrita e analisar aspectos terapêuticos como: efeitos adversos, contra-indicações e precauções especiais que o utente deve ter. As interacções medicamentosas são frequentes em doentes polimedicados, sobretudo se tomarem medicação prescrita por vários médicos diferentes, pelo que se deve ter um cuidado especial no momento da dispensa.

Além disto, a posologia de cada medicamento deve ser cuidadosamente explicada ao utente, de forma verbal e escrita para que este atinja os objectivos terapêuticos.

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29 Após a dispensa, o Farmacêutico deve confirmar:

 Preços;

 A comparticipação quando aplicável;  Valor a pagar pelo utente;

 Talão ou documento para IRS.

Após a impressão, no verso da receita, além de toda a informação relativa à medicação dispensada, o utente deve assinar a mesma, confirmando tudo o que foi anteriormente referido.

É importante garantir que nenhum utente saia da farmácia mal esclarecido pois isso poderia comprometer a adesão à terapêutica.

Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Os MSRM são aqueles que só podem ser dispensados na farmácia, Hospitais ou outras Instituições de Saúde mediante apresentação da respetiva receita. Estão sujeitos a receita médica os medicamentos que preencham uma das seguintes condições:

 Possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;  Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com

frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam;  Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja actividade ou

reacções adversas seja indispensável aprofundar;  Destinem-se a ser administrados por via parentérica49.

Os MSRM podem ainda classificar-se como:

 Medicamentos sujeitos a receita médica renovável;

o São os que se destinem a determinadas doenças ou a tratamentos prolongados, e possam, no respeito pela segurança da sua utilização, ser adquiridos mais de uma vez, sem necessidade de uma nova prescrição médica.

 Medicamentos de receita médica especial;

o Que contenham como substância ativa uma classificada como Estupefacientes ou Psicotrópicos, tendo estes legislação específica;

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30 o Que possam dar origem a riscos importantes de abuso medicamentoso, criar

toxicodependência ou ser utilizados para fins ilegais.

 Medicamentos de receita médica restrita, de utilização reservada a certos meios especializados;

o Uso exclusivo hospitalar;

o a patologias cujo diagnóstico seja efetuado apenas em meio hospitalar;

o A doentes em tratamento ambulatório, mas a sua utilização ser suscetível de causar efeitos adversos muito graves49.

Tipo de vendas

Quanto ao tipo de venda, os medicamentos podem ser dispensados, através de venda normal, venda suspensa, venda a crédito e venda suspensa a crédito.

Uma venda completa é paga no ato da venda e pode fazer-se com ou sem receita. As vendas suspensas são efetuadas quando na farmácia não existem todos os medicamentos para completar a receita. A venda a crédito tem a sua exclusividade para os clientes habituais da farmácia, onde são dispensados medicamentos com ou sem receita, sem que o doente pague de imediato.

No ato da venda são registados os produtos dispensados com um leitor ótico ou por introdução manual do código nacional do produto (CNP). Tem-se ainda que introduzir a entidade e regime de comparticipação que o utente tem direito, bem como os dados para documento fiscal. Assim que é terminada a venda, no verso da receita médica são impressas diversas informações como identificação do medicamento dispensado, preço total de cada medicamento (encargo do utente por medicamento e valor total da receita), a data da dispensa, assinatura do responsável e carimbo da farmácia. Após a receita ser impressa, são emitidas faturas ou faturas/recibos, conforme o caso (crédito ou não), correspondentes à venda efetuada. A receita deve ser sempre assinada pela pessoa responsável pelo levantamento, como prova do serviço que lhe foi prestado.

Dispensa de Medicamentos Psicotrópicos ou Estupefacientes

Quando se procede à dispensa de medicamentos Psicotrópicos ou Estupefacientes, o sistema informático reconhece automaticamente que o medicamento em questão enquadra-se neste grupo e não permite que a venda termine sem que sejam preenchidos determinados campos. Assim, é necessário que se preencha o nome, identificação e morada do utente que levanta a medicação (onde se deve confirmar que é maior de 18 anos), mediante apresentação de documento

Referências

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