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Relatório de Estágio realizado na Farmácia Santo António

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II

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Santo António

setembro de 2016 a março de 2017

Samuel Catalino Oliveira

Orientadora: Dra. Maria João Monteiro Trabulo

_____________ ________________________

Tutor FFUP: Prof. Doutora Glória Queiroz

_____________ ________________________

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III

Declaração de Integridade

Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº

__________, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de

Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na

elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo,

mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes

dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a

outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso

colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de ______________ de 2017

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IV

Agradecimentos

Um agradecimento particular à Dr.ª Maria João Trabulo, Diretora Técnica da

Farmácia Santo António, pela sua recetividade, disponibilidade, paciência e apoio

prestados ao longo dos meus 6 meses de estágio.

Ao Dr. Élio Silva, Farmacêutico Adjunto e meu orientador de estágio, por todos

os conhecimentos que me transmitiu, por me ter ensinado a atentar nos pormenores,

pela sua disponibilidade, persistência e auxílio contínuos. Mais importante, por todo o

tempo que despendeu comigo e por me ter ensinado o exercício consciente e cordial da

profissão.

A toda a equipa da Farmácia Santo António, um sincero agradecimento por me

fazerem sentir parte da família, pela delicadeza, flexibilidade e paciência demonstradas.

Agradeço por todos os conselhos e sugestões que me forneceram nas mais variadas

situações. Assim foi tudo mais simples.

À Professora Doutora Maria Glória Queiroz, pela sua orientação, por me

encaminhar e mostrar sempre o rumo a seguir. Obrigado por todas as correções,

pareceres e propostas que me disponibilizou e me permitiram maximizar o meu

desempenho.

A todos os amigos que adquiri pela minha passagem pela mui nobre Faculdade

de Farmácia da Universidade do Porto. Sem vocês não teria sido como foi.

A todos os meus amigos de infância que me acompanharam ao longo destes

intensos anos e com os quais reparti muitas das angústias e satisfações que vivi.

A todos os professores e funcionários da Faculdade de Farmácia da

Universidade do Porto que comigo contactaram ao longo destes anos e com os quais

tive a oportunidade de me instruir de diversas formas.

À melhor dádiva que esta faculdade me concedeu, à minha namorada e menina

dos meus olhos, por permanecer sempre presente.

Um agradecimento profundo e franco a toda a minha família, em especial aos

meus pais. Têm um rebento radiante e graduado. Estarei eternamente grato.

(5)

V

Resumo

O Estágio Curricular surge no culminar do Mestrado Integrado em Ciências

Farmacêuticas, sendo que este relatório ilustra os 6 meses despendidos no contexto da

Farmácia Comunitária e os conhecimentos adquiridos pela prática farmacêutica.

Para muitos estudantes, este período representa a primeira abordagem ao mundo

do trabalho, particularmente no enquadramento da Farmácia Comunitária.

São diversos os desafios, dado que atualmente o Farmacêutico necessita, cada

vez mais, de assumir uma postura versátil e multidisciplinar.

Este relatório na Parte I compila a vertente organizacional e de gestão de uma

farmácia comunitária. Na Parte II, são abordados 2 temas que me interessaram

especialmente e, além disso, julgo terem relevância para a prática farmacêutica e me

auxiliaram a evoluir enquanto futuro profissional de saúde.

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VI

L

ista de abreviaturas

ADD Atividade do dia-a-dia

CAPE Éster fenetílico do ácido cafeico

CSPB Centro Social de Paços de Brandão

DCI Denominação Comum Internacional

DM Diabetes Mellitus

EC Estágio Curricular

FSA Farmácia Santo António

INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. MACUR Movimento de Assistência, Cultura, Urbanismo e Recreio

MG Medicamento Genérico

MM Medicamento Manipulado

MNSRM Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MSRM Medicamento Sujeito a Receita Médica

MP Matéria-prima

MPI Medicação Potencialmente Inapropriada

MUV Medicamento de Uso Veterinário

PLM Polimedicação

PPS Própolis

RAM Reações Adversa Medicamentosa

RM Receita Médica

SA Substância Ativa

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VI

Índice

Parte I ... VIII

1 - Farmácia Santo António ... 1

1.1 - Localização e Enquadramento ... 1

1.2 - Horário de Funcionamento ... 1

1.3 - Recursos Humanos ... 1

1.4 - Espaço Interior e Exterior ... 1

2 - Gestão da Farmácia ... 2

2.1 - Sistema Informático ... 2

2.2 - Gestão de stocks ... 3

2.3 - Encomendas ... 3

2.3.1 - Realização de Encomendas ... 3

2.3.2 - Receção, Conferência e Devolução de Encomendas ... 4

2.3.3 - Armazenamento ... 5

2.4 - Controlo de Prazos de Validade ... 5

3 - Dispensa de Medicamentos ... 5

3.1 - Receita Médica ... 5

3.2 - Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 7

3.3 - Medicamentos Genéricos... 8

3.4 - Medicamentos Manipulados ... 8

3.4.1 - Matérias-primas ... 9

3.4.2 - Regras de manipulação ... 9

3.5 - Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ... 9

3.6 - Legislação Especial ... 10

3.6.1 - Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes Mellitus ... 10

3.6.2 - Psicotrópicos e Estupefacientes ... 10

3.7 - Outros Produtos Farmacêuticos ... 10

3.7.1 - Medicamentos e Produtos de Uso Veterinário ... 10

3.7.2 - Outros Tipos de Produtos ... 11

3.8 - Processamento e entrega de receituário ... 11

3.8.1 - Sistema de Preços de Referência ... 12

3.8.2 - Comparticipação ... 12

4 - Cuidados e Serviços Farmacêuticos ... 12

5 - Outros Serviços prestados ... 13

5.1 - Serviço de Nutrição ... 13

5.2 - Rastreios em várias áreas da saúde ... 13

5.3 - Programa de Cuidados Farmacêuticos ... 13

5.4 - Serviço de Enfermagem... 14

5.5 - Dietética e Nutrição Natural ... 14

5.6 - Espaço Sénior ... 14

5.7 - Serviço de Moving: Entregas ao Domicílio ... 14

5.8 - Preparação semanal de unidose para centros de dia ... 14

5.9 - VALORMED® ... 15

6 - Conclusão ... 15

Parte 2... 17

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VII

1 - Enquadramento e objetivos ... 17 2 - Introdução... 17 3 - Própolis ... 17 4 – História do Própolis ... 18 5 – Composição Química... 19

6 - Propriedades e atividade biológica ... 19

7 - Dietéticos Intersa ... 20

7.1 - Gama Aprolis® ... 20

7.1.1 - Aprolis Oligopropol® ... 20

7.1.2 - Aprolis Gengivitaform®... 20

7.2 - Gama Aprolis® Kids ... 21

7.2.1 - Aprolis Kids Xarope® ... 21

7.2.2 - Aprolis Kids Tusi-Propol® ... 22

7.2.3 - Aprolis Kids Vitalidade-Defesa® ... 23

7.2.4 - Apolis Kids Oti-Propol® ... 23

8 – Conclusão ... 24 Tema 2: Polimedicação ... 25 1 – Enquadramento e objetivos ... 25 2 - Epidemiologia ... 25 3 - Polipatologia ... 25 4 - Consequências da polimedicação ... 26 5 - Fatores de risco ... 26 5.1 - Idade ... 27 5.2 - Número de patologias ... 28 5.3 - Tipo de patologias... 28 5.4 - Classes farmacológicas ... 29 5.5 - Raça ... 29 5.6 - Género ... 29 5.7 - Estatuto socioeconómico... 30 5.8 - Guidelines ... 30 5.9 - Capacidade funcional ... 31 5.10 - Comportamento ... 31 5.11 - Idosos em lares ... 32 5.12 - Hospitalização ... 32

6 - Estratégia para reduzir a polimedicação ... 32

6.1 - Papel do Farmacêutico ... 33

7 - Conclusão ... 34

8 - Bibliografia ... 36

(9)

VIII

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Recursos Humanos da FSA. ... 1

Tabela 2 - Calendário de atividades desenvolvidas durante o EC na FSA. ... 16

Tabela 3 - Compostos identificados no PPS. ... 41

Tabela 4 - Propriedades biológicas do PPS. ... 42

Tabela 5 - Plano semanal de medicação de um utente no CSPB………27

Tabela 6 - Dados obtidos relativos à percentagem de idosos que usava determinada classe de fármacos.29

Índice de Figuras

Figura 1 - Composição do PPS. ... 19

Figura 2 - Aprolis Oligopropol®. ... 20

Figura 3 - Aprolis Gengivitaform®. ... 20

Figura 4 - Aprolis Kids Xarope®. ... 21

Figura 5 - Aprolis Kids Tusi-Propol®. ... 22

Figura 6 - Aprolis Kids Vitalidade-Defesa®. ... 23

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1

Parte I

1 - Farmácia Santo António

1.1 - Localização e Enquadramento

A Farmácia Santo António (FSA) localiza-se na Avenida Santiago, 207A-209, Rio Meão, concelho de Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro. A FSA, a Farmácia Aliança (Porto) e o Espaço Saúde Lionesa (Matosinhos) constituem o Grupo Fastfarma. Inserida numa freguesia com cerca de 5000 habitantes, a FSA encontra-se na margem adjacente a uma das principais vias de acesso à vila, sendo, por isso, requisitada por utentes de diversas localizações, provenientes de extratos sociais distintos e com perfis bastante heterogéneos. Além disso, a farmácia situa-se na proximidade do S. Tiago Medical Centre (Clínica Médico-Dentária), da Policlínica Santo António e a cerca de 200 metros do Centro de Saúde de Rio Meão.

1.2 - Horário de Funcionamento

A FSA apresenta um período de funcionamento compreendido entre as 8:00 h e as 24:00 h, durante todos os dias da semana, estando aberta ao público todos os dias do ano exceto no Dia de Natal, no Dia de Ano Novo e no Dia de Páscoa.

1.3 - Recursos Humanos

A FSA apresenta uma estrutura interna integrada pordiversos profissionais de saúde, sendo a sua organização estabelecida para que cada um deles desempenhe as suas funções da melhor forma, assegurando um serviço exímio que prima pela extrema qualidade. A equipa é constituída pelos Recursos Humanos descritos na Tabela 1.

Tabela 1 - Recursos Humanos da FSA.

Responsabilidade

Funcionário

Diretora Técnica/Farmacêutica Dr.ª Maria João Trabulo

Farmacêutico Adjunto Dr. Élio Silva

Farmacêutico(a) Dr.ª Cláudia Carvalho Dr.ª Ludomila Alves Dr.ª Susana Ferreira Dr. João Cunha

Técnico(a) Auxiliar de Farmácia Filipe Nunes Andreia Andrade

1.4 - Espaço Interior e Exterior

A FSA apresenta no seu exterior a tradicional sinalética luminosa cruciforme e de cor verde que permite a sua identificação de acordo com as Boas Práticas Farmacêuticas redigidas pela Ordem dos Farmacêuticos e aprovadas pelo Conselho Nacional da Qualidade [2]. Ainda do lado exterior é

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2

envidraçada, sendo este espaço reservado à colocação de material publicitário ou informações relevantes relativas a diversos produtos.

Quando o utente entra na farmácia, surgem 4 balcões unipessoais de forma a garantir a privacidade aquando do ato farmacêutico, existindo um outro balcão lateral destinado à dermocosmética. Junto à entrada, do lado esquerdo, existe um sofá onde os utentes poderão aguardar a sua vez e um espaço onde o utente tem a oportunidade de efetuar testes bioquímicos para avaliar: a glicemia, o colesterol total, os triglicerídeos, a hemoglobina glicosilada, o perfil lipídico, o ácido úrico e medir a tensão arterial. Além disso, existe um espaço privado equipado com uma maca, no qual são administrados pelo enfermeiro de serviço algumas vacinas, como a vacina da gripe, ou sempre que surja uma situação que requer privacidade acrescida.

No espaço lateral direito, existe uma secção onde estão expostos vários produtos naturais, medicamentos homeopáticos e suplementos alimentares. Numa localização inferior à referida, existem gavetas organizadas por ordem alfabética onde se encontram alguns excedentes dos produtos expostos e todos os restantes produtos impossibilitados de estarem expostos por falta de espaço.

Na montra localizada atrás dos 4 balcões principais, são expostos produtos que variam consoante a época do ano, sendo frequente a exposição de produtos de dermocosmética. Na zona lateral esquerda localiza-se uma extensa gama de produtos de dermocosmética organizados por marcas, e é onde se encontram também os produtos destinados a bebés e crianças, como brinquedos, chupetas, biberões e nebulizadores. Nesta área, existe ainda uma espécie de Espaço Infantil que compreende um carrossel e alguns brinquedos para que sempre que os utentes que se façam acompanhar de crianças estas possam ocupar o tempo de espera e para que a visita à farmácia seja mais apetecível e apelativa. A FSA possui ainda o Espaço Animal, onde estão organizados diversos medicamentos e produtos de uso veterinário.

A zona de acesso reservado da FSA tem um local de receção de encomendas, onde os medicamentos estão organizados por forma farmacêutica, por ordem alfabética e por dosagem. A categoria maioritária é constituída por comprimidos e cápsulas organizados em gavetas. Existe um outro bloco de gavetas onde se encontram soluções injetáveis, supositórios, preparações ginecológicas, colírios, inaladores, pós para inalação, pomadas e cremes. De seguida, encontra-se um conjunto de prateleiras com xaropes, soluções e suspensões orais; pós e granulados; medicamentos de uso externo e medicamentos de uso veterinário (MUV). Neste espaço existe ainda um frigorífico no qual são guardados os medicamentos que exigem ser armazenados a temperaturas de conversação mais baixa. A FSA apresenta ainda um piso inferior, onde se encontra o laboratório destinado à elaboração de medicamentos manipulados, onde são efetuados testes rápidos à urina e onde se encontram os fármacos psicotrópicos e estupefacientes.

2 - Gestão da Farmácia

2.1 - Sistema Informático

O Sistema Informático (SI) utilizado na FSA é o Sifarma2000®, desenvolvido pela Global

Intelligent Technologies (GLINTT) e reconhecido pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos

de Saúde, I.P. (INFARMED). A sua utilização permite reduzir drasticamente a probabilidade de ocorrerem erros humanos durante a dispensa farmacêutica e permite uma gestão adequada dos stocks dos produtos existentes por permitir efetuar listagens completas com as entradas e saídas dos medicamentos.

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Além disso, disponibiliza uma série de informações científicas úteis sobre os medicamentos e o seu uso, as contra-indicações, interações medicamentosas, constituição (substâncias ativas e excipientes), posologia, entre outros aspetos relevantes que complementam e auxiliam o aconselhamento do farmacêutico no exercício das suas funções. De salientar que todos os funcionários têm um código específico de utilização, garantindo a rastreabilidade de cada um dos produtos dispensados na farmácia.

Este SI apresenta muitas outras funções que facilitam o dia-a-dia na farmácia, uma vez que permite: gerir a venda de medicamentos, organizar automaticamente as receitas médicas em lotes, criar fichas com a informação pessoal do utente, encomendar os produtos dos quais a farmácia necessita, procurar os medicamentos por Denominação Comum Internacional (DCI), entre muitas outras funcionalidades. Embora a sua utilização seja pouco intuitiva, depois de um período de aprendizagem que requer exercício e acompanhamento por alguém com conhecimento sobre o programa, proporciona uma sensação de conforto ao seu utilizador, contribuindo de forma positiva para o bom funcionamento da farmácia.

2.2 - Gestão de stocks

A gestão apropriada do stock de qualquer farmácia assume uma importância fundamental para a sua sustentabilidade financeira e para que a farmácia tenha capacidade de oferecer resposta às necessidades dos seus utentes.

O stock existente numa farmácia corresponde ao conjunto de todos os artigos passíveis de serem dispensados ao público e incluem medicamentos, dispositivos médicos, produtos de dermocosmética, suplementos alimentares ou produtos naturais.

O Sifarma2000® permite controlar o input e o output do stock, uma vez que sempre que se procede à realização de qualquer encomenda as informações são introduzidas no programa informático para que seja estabelecida uma correspondência real entre os produtos presentes na farmácia e os indicados pelo Sifarma2000®. A funcionalidade que dita os stocks mínimos e máximos permite que a farmácia conheça quais os produtos que deverão ser encomendados diariamente.

A gestão dos stocks de uma farmácia deve ser adequada ao seu público-alvo, ou seja, deve ir ao encontro das necessidades dos seus utentes, tendo em conta o seu nível socioeconómico, o tipo de patologias prevalentes e as faixas etárias mais frequentes. É necessário controlar e determinar certos parâmetros quando se pretende fazer esta gestão, estabelecer o que comprar, em que quantidade e o momento mais adequado para o fazer tendo em conta a sua sazonalidade. Outro aspeto que deve ser considerado é quais os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) que são mais dispensados, tendo em conta também a publicidade nos meios de comunicação social, visto que em diversas ocasiões este facto influencia a intenção de compra do utente.

2.3 - Encomendas

2.3.1 - Realização de Encomendas

A FSA tem alguns fornecedores principais como a Cooperativa dos Proprietários de Farmácia (Cooprofar Farmácia), a OCP Portugal, a Empifarma e a Alliance Healthcare. Assim é possível dispensar

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ao utente produtos encomendados no próprio dia assegurando a satisfação atempada das suas necessidades. Durante o EC verifiquei que é essencial manter o contacto com diversos fornecedores e com diferentes laboratórios, no sentido de evitar a rutura de stocks caso algum medicamento ou produto se encontrem esgotados no fornecedor principal.

A maioria das encomendas é realizada através do SI, uma vez que assim que se atinge o limite mínimo pré-estabelecido para o stock de um determinado produto, o Sifarma2000® emite automaticamente uma proposta de encomenda. De seguida, o operador valida a realização da encomenda, decidindo qual a quantidade a ser encomendada e o respetivo fornecedor. Pontualmente pode ser necessário fazer a encomenda por via telefónica quando o produto não se encontra disponível no fornecedor principal. Por último, é ainda possível realizar a encomenda diretamente ao laboratório através dos seus delegados comerciais. Esta opção é deveras importante, pois as condições praticadas ao nível de preços de venda e de bonificações são mais vantajosas para a farmácia.

Ao longo do meu Estágio Curricular (EC) na FSA observei a realização de algumas encomendas diárias, o que me permitiu ter uma melhor perceção da rotatividade de alguns produtos e desenvolver algumas competências ao nível da gestão de stocks. Além disso, tive a oportunidade de realizar pequenas encomendas por telefone à OCP Portugal, sobretudo de produtos esgotados na Cooprofar.

2.3.2 - Receção, Conferência e Devolução de Encomendas

Aquando da receção de encomendas, em primeiro lugar, o operador responsável verifica as faturas enviadas para garantir que os produtos recebidos correspondem efetivamente ao pedido efetuado. Posteriormente, através do menu “Receção de Encomendas” do SI, introduz-se a indicação dos produtos recebidos. Sempre que isso acontece para um produto que não existe no momento torna-se necessário fazer a correção do prazo de validade registado no SI.

Nos produtos de venda livre, o PVP é estabelecido por cada farmácia, tendo em consideração uma determinada margem de lucro que difere consoante o tipo de artigo e o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) que este apresenta. Por vezes, decorrem observam-se alterações no Preço de Venda Final (PVF), devendo o operador responsável por dar “entrada” da encomenda averiguar se as margens de lucro correspondem ao pretendido pela farmácia, sendo que o PVP pode ser ajustado sempre que necessário.

Quando as encomendas recebidas são feitas por via telefónica ou pelo gadget informático, deve fazer-se uma encomenda manual através da interface “Gestão de Encomendas” do Sifarma2000®, uma vez que não se encontram no registo de “Receção de Encomendas”. Depois faz-se o envio dessa mesma em papel. Desta forma, o SI assume que há uma nova encomenda a ser recebida pela farmácia.

Esporadicamente, durante a receção de encomendas verificam-se determinadas irregularidades, tais como: produto pedido não enviado, mas faturado; produto não pedido, não faturado, mas enviado; produtos com preços antigos; produtos retirados do mercado; e embalagens visivelmente danificadas, entre outros. Nestes casos, elabora-se através do SI uma nota de devolução devidamente justificada que é impressa em triplicado, em que o original e o duplicado são acoplados ao produto que se pretende restituir e entrega-se ao fornecedor respetivo. Posteriormente, o fornecedor analisa a nota de devolução e pode

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proceder à troca do produto por outro igual ou pode emitir uma nota de crédito com o valor dos produtos, dependendo da razão de devolução.

2.3.3 - Armazenamento

Uma vez terminada a receção da encomenda procede-se ao armazenamento dos produtos recebidos. Os produtos farmacêuticos são colocados na respetiva gaveta/prateleira por forma farmacêutica, ordem alfabética e dosagem. O corredor principal de gavetas é onde estão os comprimidos, cápsulas e alguns sistemas transdérmicos. Noutro bloco de gavetas encontram-se soluções injetáveis, supositórios, preparações ginecológicas, colírios, inaladores, pós para inalação, pomadas e cremes. De seguida, encontra-se um conjunto de prateleiras com xaropes, soluções e suspensões orais; outro com pós e granulados; outro com os medicamentos de uso externo; e ainda um com os MUV. No frigorífico são armazenados os medicamentos que necessitam de ser conservados a uma temperatura compreendida entre os 2°C e os 8°C [1] como é o caso, por exemplo, das diferentes vacinas.

Os produtos são armazenados de acordo com a regra First Expired, First Out (FEFO) para que os produtos com um prazo de validade mais curto sejam dispensados em primeiro lugar, diminuindo as situações de devolução por término do prazo de validade e contribuindo para uma gestão mais rentável da farmácia. Em caso desta regra não ser aplicável (nos produtos em que o prazo de validade é inexistente), segue-se a regra First In, First Out (FIFO), sendo os produtos armazenados de forma a serem dispensados os que já se encontram na farmácia por um período de tempo mais alargado.

No início do meu EC esta foi uma das tarefas que mais tempo me ocupou, tendo contribuído intensamente para a minha aprendizagem de como e onde aceder aos produtos e medicamentos aquando do ato farmacêutico propriamente dito.

2.4 - Controlo de Prazos de Validade

O controlo dos prazos de validade dos diferentes produtos é um ponto bastante importante na gestão adequada de qualquer farmácia, sendo feito diariamente aquando da receção de encomendas ou mensalmente através do Sifarma2000®. No início de cada mês é impressa uma lista dos produtos cujo prazo de validade expira num período de 3 meses. Todos os produtos incluídos nesse período são retirados do stock e colocados num recipiente adequado para serem devolvidos ao fornecedor.

Durante o meu EC, por várias ocasiões, tive a oportunidade de verificar os prazos de validade de diversos medicamentos e outros produtos, com o auxílio das listagens fornecidas pelo SI.

3 - Dispensa de Medicamentos

3.1 - Receita Médica

A Receita Médica (RM) encontra-se regulamentada pela legislação em vigor. Este documento assegura que a prescrição médica é realizada em formato eletrónico, havendo, no entanto, algumas exceções em que pode ser feito manualmente, como: falência do sistema informático; inadaptação fundamentada do prescritor; prescrição ao domicílio e outras situações, até um máximo mensal de 40 receitas [2]. De referir ainda que a obrigatoriedade da prescrição por DCI é assegurada pela lei [3].

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6

Para que a RM apresente validade legal existem determinados parâmetros que devem ser tidos em consideração, nomeadamente: número da receita; local de prescrição; identificação do médico prescritor; nome e número de utente ou de beneficiário do subsistema; entidade financeira responsável; referência ao regime especial de comparticipação de medicamentos (se aplicável); DCI da substância ativa; dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem, número de embalagens; assinatura do prescritor. Sempre que todos estes requisitos são cumpridos, a receita pode ser aviada, apresentando uma validade de 30 dias a partir da sua data de emissão. Quando a RM é de carácter renovável, pode apresentar até 3 vias, tendo cada uma delas uma validade de seis meses a partir da data de prescrição. Cada receita pode incluir até 4 referências de medicamentos (substância ativa, dosagem e forma farmacêutica), perfazendo, desta forma, um máximo de 4 embalagens por receita e um limite de duas por cada medicamento. Caso o medicamento prescrito seja de embalagem unitária, a prescrição pode incluir até 4 embalagens do mesmo [2].

Assumindo a receita manual como foco, esta também apresenta determinados requisitos que devem ser assegurados: a receita não pode estar rasurada, nem apresentar caligrafias diferentes ou ser escrita com esferográficas diferentes ou a lápis; o número de embalagens deve constar em número cardinal e por extenso; e pode apenas ser prescrita uma via da mesma receita. Para ter validade legal, acrescenta-se os seguintes parâmetros: identificação do local de prescrição ou respetiva vinheta (se aplicável); vinheta identificativa do médico prescritor; identificação da especialidade médica (se aplicável); contacto telefónico do prescritor; nome e número de utente e, sempre que aplicável, de beneficiário de subsistema; entidade financeira responsável; referência ao regime especial de comparticipação de medicamentos (se aplicável); DCI da substância ativa; dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem, número de embalagens; identificação do despacho que estabelece o regime especial de comparticipação de medicamentos (se aplicável); data de prescrição; assinatura do prescritor. Quando a prescrição se destina a um utente pensionista abrangido pelo regime especial do Serviço Nacional de Saúde (SNS), a vinheta é de cor verde. Caso a prescrição seja feita num consultório médico particular, a receita deverá ter uma vinheta que identifique a situação ou deve ser referido pelo prescritor [2].

É da responsabilidade do médico prescritor assinalar as exceções à prescrição por DCI, existindo 3 opções:

- Exceção a): margem ou índice terapêutico estreito;

- Exceção b): reação adversa prévia, no caso de o utente ter apresentado uma reação adversa reportada ao INFARMED a um dado medicamento;

- Exceção c): continuidade de tratamento superior a 28 dias, quando a prescrição se destina a tratamentos com uma duração que se estima que seja superior a 28 dias. Esta última oferece a possibilidade de o utente optar por medicamentos incluídos no mesmo Grupo Homogéneo (GH), isto é, com a mesma DCI, forma farmacêutica, dosagem e tamanho de embalagem similar ao prescrito, desde que apresente um preço inferior a este último [2].

Desde que iniciei o EC, o modelo de RM com o qual mais contactei foi o designado por Receita Médica Eletrónica (RME). Este método é capaz de eliminar ou reduzir drasticamente a possibilidade de ocorrerem erros humanos aquando do ato farmacêutico propriamente dito. O conceito visa sobretudo a

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desmaterialização da RM, isto é, a desmaterialização do circuito de prescrição, dispensa e conferência de medicamentos, procurando melhorar a qualidade, racionalidade e segurança da utilização de medicamentos. Sucintamente, o projeto funciona da seguinte maneira: prescrição da RME numa Unidade de Prestação de Cuidados de Saúde (UPCS) ou numa entidade privada. Esta prescrição é enviada automaticamente para a Rede Nacional de Informação da Saúde (RNIS) que lhe atribui uma senha eletrónica. Quando se procede ao aviamento da RM na farmácia, no ato de leitura da RME, a RNIS é informada eletronicamente acerca de quais os medicamentos dispensados e, em conjunto com as faturas e receitas enviadas à Associação Nacional das Farmácias (ANF) no final de cada mês, há o cruzamento de informações pelo Centro de Conferência de Faturas (CCF). Depois deste procedimento, o CCF envia à Associação Regional de Saúde (ARS) uma nova fatura e as notas de crédito para remuneração das devidas comparticipações, após informar, por fim, novamente a RNIS [4].

Em circunstâncias de prescrição apenas por DCI ou caso se trate de uma prescrição incluída nalguma das exceções mencionadas, se o utente optar pelo medicamento de marca (no primeiro caso) ou por outro inserido na exceção, o SI solicita a validação pelo código do direito de opção presente na guia de tratamento [4].

3.2 - Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Existem diversas situações que impossibilitam o farmacêutico de dispensar um medicamento, se o utente que não se fizer acompanhar da RM, no caso de: medicamentos que podem constituir, direta ou indiretamente, um risco para a saúde do doente, mesmo que utilizados para o fim a que se destinam, se forem usados sem vigilância médica incluindo: medicamentos que possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde quando utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam; medicamento que contenham substâncias ou preparações à base de substâncias cuja atividade ou reações adversas seja necessário conhecer melhor; medicamentos que se destinam a ser administrados por via parentérica [5].

O farmacêutico pode efetuar a dispensa e aceder aos medicamentos prescritos de duas formas: através da leitura dos códigos de barras que correspondem ao Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM) ou através da leitura da RME, pelo código de acesso e pelo número da receita. Ao se introduzir, por uma via ou por outra, acede-se aos medicamentos que conseguem ser dispensados e que integram o mesmo GH (prescrição por DCI). O utente tem a oportunidade de escolher quais os medicamentos que pretende adquirir e se deseja o medicamento de marca ou MG.

Depois de serem recolhidos os medicamentos que vão ser dispensados, estes são introduzidos no SI, sendo necessário selecionar o regime de comparticipação a aplicar. Neste processo verifica-se se o aviamento for executado pela metodologia antiga, porque caso seja pelo método mais recente, o regime já se encontra automaticamente escolhido, salvo algumas exceções, como complementaridades adicionais ou seguros de saúde.

Depois de se verificar através do SI se os medicamentos prescritos correspondem aos dispensados, procede-se à impressão no verso da receita da informação referente à operação desempenhada. Deve apresentar o número da receita e o lote a que corresponde, o plano de

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comparticipação e os medicamentos sujeitos a ele, identificados pelo seu CNPEM e nome, o PVP do medicamento, o valor da comparticipação, entre outros aspetos. Depois disso, a receita é assinada pelo utente ou por quem veio levantar a receita no lugar dele num local designado, comprovando a receção dos produtos solicitados. O operador que fez o atendimento depois assina, data e carimba a receita para esta apresentar validação total e ser enviada às entidades responsáveis pela comparticipação.

Grande parte das RM que surge na FSA tem como organismo de comparticipação o SNS ou o SNS-Pensionistas. Por vezes, há casos em que ocorrem regimes de complementaridade (por exemplo, o Sindicato dos Bancários do Norte (SAMS) e EDP-SãVida), devendo o utente apresentar um cartão identificativo com o número de beneficiário. A informação referente à operação é impressa no verso da RM.

No início do EC, a dispensa de um MSRM é extremamente complicada, dado que é imprescindível estar atento a todos os pontos necessários para a validação total da RM e providenciar o respetivo aconselhamento farmacêutico. Felizmente, com a implementação gradual do sistema eletrónico de aviamento de receitas, muitas destas questões são dissipadas.

3.3 - Medicamentos Genéricos

Um Medicamento Genérico (MG) define-se como um medicamento com composição qualitativa e quantitativa análoga em termos de Substâncias Ativas (SA), apresenta a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência relativamente ao medicamento de referência tenha sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade adequados [5].

Este tipo de medicamentos depois de terem sido introduzidos no mercado português revolucionaram a ação e a gestão farmacêutica, especialmente no enquadramento da farmácia comunitária, uma vez que são medicamentos com o mesmo teor de SA que os medicamentos ditos “de marca”, mas estão acessíveis a um preço substancialmente inferior. Desta forma, os utentes têm disponível um maior leque de opções, diminuindo as suas despesas na farmácia e, principalmente, por contribuir substancialmente para a sustentabilidade do SNS.

A entrada em vigor de uma nova lei impôs que o farmacêutico tem o dever de informar sempre o utente, aquando da dispensa de medicamentos, os que estão incluídos no mesmo GH, dando a possibilidade ao utente de escolher o que lhe for mais conveniente [6].

Como resultado de frequentes situações de polimedicação, no balcão de uma farmácia, grande parte dos utentes opta por MG, de forma a reduzir os seus encargos. No entanto, o que observei durante o meu EC na FSA é que os utentes ainda têm bastantes dúvidas em relação a este tipo de medicamento principalmente ao nível da sua eficácia, existindo ainda uma enorme incerteza em redor deles.

3.4 - Medicamentos Manipulados

Um Medicamento Manipulado (MM) define-se como qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal elaborado segundo indicações compendiais de uma farmacopeia ou de um formulário, em farmácia de oficina ou nos serviços farmacêuticos hospitalares, e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico diretamente aos doentes assistidos por essa farmácia ou serviço. Este procedimento

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encontra-se regulamentado [7]. Na FSA, grande parte do MM preparados correspondem a fórmulas magistrais, uma vez que a sua preparação é precedida de uma RM.

Neste contexto, tive a oportunidade de elaborar um MM, uma suspensão hidro-alcoólica de alcatrão mineral que apresenta ação queratoplástica quando aplicada na pele, encontrando-se descrita a sua utilização, após diluição, no tratamento de pitiríase simples.

3.4.1 - Matérias-primas

As Matérias-primas (MP) necessárias à elaboração de um MM devem ser adquiridas em fornecedores autorizados pelo INFARMED, devendo ser acompanhadas pelo respetivo boletim de análise que assegure o cumprimento das exigências mínimas da monografia em que estão inseridas. Desta forma, o farmacêutico deve garantir a qualidade das matérias-primas que utiliza, verificando, no ato de receção, o boletim de análise, a MP e a integridade da embalagem. O farmacêutico é ainda responsável por asseverar que o produto é armazenado em condições apropriadas [7].

3.4.2 - Regras de manipulação

Sempre que a farmácia recebe um pedido para elaborar um MM, é necessário confirmar dosagens, SA e a inexistência de incompatibilidades entre MP, previamente à sua preparação. De seguida, e após garantir que estão reunidas todas as condições de trabalho, procede-se à manipulação segundo as Boas Práticas de Manipulação, garantindo, assim, a qualidade do produto final. Esta portaria aprova as boas práticas a observar na preparação de MM em farmácia de oficina e hospitalar, incidindo sobre pessoal, instalações e equipamentos, MP, materiais de embalagem, manipulação, controlo de qualidade e rotulagem [7].

Depois de preparado, o produto semiacabado deve satisfazer os requisitos estabelecidos para a respetiva forma farmacêutica, sendo acondicionado consoante as condições de conservação necessárias, designadamente no que se refere à estanquicidade e proteção da luz. Por fim, procede-se à elaboração do rótulo do medicamento que contém informações como: nome do medicamento, identificação do utente e do médico prescritor, composição, prazo de validade, preço, identificação da farmácia, condições de conservação e posologia. Em alguns MM é necessário colocar um rótulo com indicações especiais como, por exemplo, “agitar antes de usar”. Todos os MM exigem o preenchimento de uma Ficha de Preparação e o controlo das características organoléticas, ou uniformidade de massa para as FF sólidas.

3.5 - Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

Os MNSRM não necessitam de prescrição médica para serem disponibilizados ao utente, ainda que, em muitas circunstâncias, sejam indicados por estes. Sendo assim, são medicamentos em que o farmacêutico é responsável pela globalidade do aconselhamento e esclarecimento necessários para a sua toma. O INFARMED autoriza a venda de MNSRM noutros locais, no entanto, existem produtos que são de venda exclusiva em farmácias [5].

Este grupo de medicamentos é utilizado no tratamento sintomático de certas afeções menos graves, como constipações, problemas gastrointestinais, alergias, entre outros. A sua dispensa pretende diminuir a frequência das visitas ao médico, caso o aconselhamento e o produto dispensado sejam os mais

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apropriados. Sempre que surgem dúvidas acerca dos sintomas apresentados ou se estes forem indicativos de uma condição de saúde com maior gravidade, o doente deve ser encaminhado para o médico.

Durante o EC, foi particularmente árduo, distinguir qual o MNSRM mais adequado para cada situação, ou mesmo se o problema descrito pelo utente poderia ser solucionado pela aquisição destes medicamentos. Além disso, verifiquei que, como efeito da imposição de taxas moderadoras no SNS, o número de indivíduos que procura a farmácia como unidade de saúde primária é cada vez maior.

3.6 - Legislação Especial

3.6.1 - Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes Mellitus

O Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes Mellitus regulamentado surgiu devido à prevalência atual de Diabetes Mellitus (DM) e as debilidades que esta patologia pode provocar quando inadequadamente controlada [9].

Este programa estabelece uma comparticipação especial sobre os medicamentos e dispositivos médicos utilizados para controlar desta doença. Desta forma, os diferentes tipos de insulina e de dispositivos médicos destinados ao controlo da glicémia são comparticipados a 100% pelo Estado Português, e as tiras reativas a 85% [10].

3.6.2 - Psicotrópicos e Estupefacientes

Os efeitos causados ao nível do Sistema Nervoso Central (SNC), em termos de dependência e consequente risco de abuso da sua utilização, fazem com que os estupefacientes e os psicotrópicos sejam identificados como potencialmente perigosos para o doente.

Quando se procede à encomenda deste tipo de substâncias, a farmácia emite uma requisição em duplicado, na qual consta a designação da substância, quantidade, data do pedido, número da requisição e número do registo interno. O duplicado é depois carimbado, assinado e enviado ao fornecedor [11,12].

Durante o ato de dispensa, no verso da receita são impressas informações como: nome e morada do doente; nome do médico prescritor; nome, idade, morada e número e data de emissão do cartão de cidadão do adquirente; e número da receita. No final da dispensa, é impresso um documento da saída de

stock pelo SI, que deve ser arquivado por um período mínimo de 3 anos. A farmácia envia mensalmente o

registo de entradas e saídas deste tipo de medicamentos para o INFARMED [5].

Durante o meu EC tive a oportunidade de dispensar este exemplo de fármaco, mas, sempre que surgia uma dispensa, tinha que ser supervisionada para que não ocorresse qualquer erro.

3.7 - Outros Produtos Farmacêuticos

3.7.1 - Medicamentos e Produtos de Uso Veterinário

Os Medicamentos de Uso Veterinário (MUV) definem-se como todas as substâncias ou mistura de substâncias que detenham propriedades curativas ou preventivas das doenças e seus sintomas no animal, com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou a restaurar, corrigir ou modificar as suas funções orgânicas [13].

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A FSA é amplamente procurada para a dispensa e aconselhamento acerca deste tipo de medicamentos, apresentando um stock de produtos disponíveis bastante alargado e, ainda, o Espaço Animal. Geralmente, os antiparasitários e os anticoncecionais são os artigos mais requisitados.

No estágio apercebi-me que o meu grau de conhecimento neste âmbito é diminuto, mesmo após ter assistido à formação para estagiários “Espaço Animal: a Veterinária em Farmácia Comunitária”, decorrida no dia 28 de novembro de 2016, nas instalações da faculdade.

3.7.2 - Outros Tipos de Produtos

Durante o período do meu EC beneficiei da oportunidade de dispensar outros tipos de produtos, como cosméticos, fitoterapêuticos, homeopáticos, dietéticos, suplementos alimentares e dispositivos médicos, visto que a FSA dispõe de uma enorme variedade de artigos.

Ao longo de meu percurso académico não usufruí de qualquer formação nas áreas da dermatologia e cosmetologia, por opção própria. No começo senti sérias dificuldades em termos de aconselhamento sempre que me surgiam este tipo de situações. Porém, com a colaboração e auxílio prestados por todos os meus colegas, aliado à experiência que fui adquirindo, creio ter conseguido desenvolver algumas competências.

3.8 - Processamento e entrega de receituário

Logo que o atendimento é terminado, o documento de faturação é impresso no verso da RM, e deve incluir informações como: identificação da farmácia, data de dispensa, entidade comparticipante, número da receita, lote e série em que se insere cada receita, nome e Código Nacional do Produto (CNP), bem como quantidade dispensada, PVP unitário, valor da comparticipação e valor total da receita [5]. De referir que todas as RM devem ser assinadas pelo utente como comprovativo da dispensa. Por fim, a RM é carimbada, datada e rubricada pelo farmacêutico responsável pelo seu aviamento, sendo posteriormente colocada numa gaveta para ser conferida. Nesta etapa, o farmacêutico verifica os dados do utente e do médico prescritor e as respetivas assinaturas em local adequado, validade da receita, correspondência entre os medicamentos prescritos e os medicamentos dispensados, regime de comparticipação, carimbo, data e assinatura do profissional que aviou a RM e, caso se aplique, a validade dos cartões de beneficiário de organismos complementares.

Após a conferência do receituário, procede-se à sua organização por organismo de faturação, em lotes de 30 unidades. Quando o lote está completo é emitido o verbete de identificação, que é carimbado e anexado a esse lote. No último dia de cada mês, procede-se ao fecho do receituário, o que permite iniciar uma nova série de lotes no mês seguinte, estando as receitas prontas para serem enviadas às respetivas entidades. As receitas do SNS são enviadas para a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) e as restantes são enviadas para a ANF que procede à sua distribuição. Caso seja detetada alguma anormalidade, as RM são devolvidas à farmácia com o motivo da devolução. A farmácia pode retificar a receita e incluí-la no mês seguinte ou em caso de impossibilidade de resolução, perde o reembolso da comparticipação.

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Ao longo do meu estágio assisti frequentemente à organização do receituário e tive oportunidade de atentar na sua conferência. Estas tarefas permitiram-me conhecer os diferentes organismos de comparticipação e identificar os erros mais comuns, de forma a evitar cometê-los.

3.8.1 - Sistema de Preços de Referência

O sistema de Preços de Referência (PR) aplica-se a todos os medicamentos comparticipados que estão inseridos no mesmo GH, desde que prescritos e dispensados no âmbito do SNS. Para tal, o INFARMED estabelece a periodicidade para listar e atualizar os GH [14].

O PR é o valor sobre o qual incide a comparticipação do Estado no preço dos medicamentos incluídos em cada GH, de acordo com o escalão ou regime de comparticipação que lhes é aplicável, devendo corresponder à média aritmética do preço dos 5 medicamentos mais económicos existentes no mercado, para cada GH [14,15]. O PVP dos novos medicamentos comparticipados deve ser 5% inferior relativamente ao PVP máximo do MG de preço mais baixo, com pelo menos 5% da quota de mercado de MG no mesmo GH [16]. Quando o PVP é inferior ao PR, a comparticipação é determinada conforme o PVP. Por outro lado, quando o PVP é superior ao PR, a comparticipação é feita em função do PR, assumindo o utente o encargo do montante complementar.

Este plano permite que o Estado reduza as suas despesas nas importâncias das comparticipações e, simultaneamente, o utente usufrui de vantagens a nível económico.

3.8.2 - Comparticipação

Existem múltiplos sistemas e subsistemas de saúde que comparticipam os MSRM, sendo o SNS o principal, de caráter público. Contudo, existem alguns privados que complementam o primeiro e são solicitados pelo utente no ato da dispensa.

No regime geral de comparticipação, o Estado comparticipa uma percentagem do PVP dos medicamentos, de acordo com uma seriação de escalões: Escalão A – 90%; Escalão B – 69%; Escalão C - 37%; Escalão D – 15%, estando definidos na Portaria n.º 924-A/2010, de 17 de setembro, consoante a classificação farmacoterapêutica [17,18]. No caso dos pensionistas, há um acréscimo de 5% ao escalão A e de 15% aos escalões B, C e D [15]. Em determinadas patologias, como artrite reumatóide, espondilite anquilosante, doença de Alzheimer, doença inflamatória intestinal, dor crónica não oncológica moderada a forte, dor oncológica moderada a forte, hemofilia, hemoglobinopatias, infertilidade, lúpus, paramiloidose, psicose maníaco-depressiva e psoríase, é atribuída uma comparticipação especial à medicação utilizada no tratamento [19].

4 - Cuidados e Serviços Farmacêuticos

Grande parte dos utentes da FSA apresenta Hipertensão Arterial (HA), DM ou padecem de dislipidemias. A determinação regular dos parâmetros fisiológicos e bioquímicos revela-se como sendo essencial para o acompanhamento e cuidado deste tipo de doentes.

A legislação define os serviços farmacêuticos que podem ser prestados pelas farmácias, pelo que estas constituem importantes espaços de saúde reconhecidos pelos utentes [20]. Por outro lado, existe a

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possibilidade de dinamizar o espaço e alargar a área de atuação para a qual o farmacêutico se encontra perfeitamente habilitado.

Na FSA existe uma zona dedicada à prestação de diversos serviços de saúde que incluem a medição da PA, glicémia, determinação dos níveis sanguíneos de colesterol total, determinação do perfil lipídico total, triglicerídeos, ácido úrico, antigénio prostático específico (PSA) e a determinação do Índice de Massa Corporal (IMC).

Ao longo do meu EC tive a possibilidade de prestar vários destes serviços, sendo os mais solicitados a medição da tensão arterial, glicémia e níveis de colesterol total. Estas tarefas permitiram-me estabelecer o primeiro contacto com os utentes e introduzir-me ao aconselhamento farmacêutico, dado que procedia à interpretação dos resultados e, sempre que necessário, aconselhava as principais medidas não farmacológicas a ser adotadas como: incentivar a implementação de um regime alimentar saudável e privilegiar a adesão à terapêutica.

Constatando a relevância da monitorização de patologias crónicas para a melhoria do estado de saúde geral dos seus utentes, a FSA providencia determinações gratuitas da glicémia durante todo o ano e, em maio (mês do coração), as determinações do nível de colesterol total são igualmente grátis.

5 - Outros Serviços prestados

A FSA destaca-se pela elevada oferta de serviços e produtos que tem à disposição dos utentes, no sentido de promover a saúde e bem-estar. Sendo a FSA uma farmácia que prima pela qualidade e excelência, conta com profissionais qualificados e aposta em produtos de elevada qualidade. Alguns dos principais serviços existentes na farmácia são:

5.1 - Serviço de Nutrição

Neste serviço de nutrição são disponibilizados planos nutricionais personalizados a diversas condições fisiológicas, como no caso de desportistas, gravidez, obesidade, manutenção de peso e outros problemas de saúde.

5.2 - Rastreios em várias áreas da saúde

Periodicamente, em datas previamente marcadas, a FSA disponibiliza gratuitamente diversas avaliações: eletrocardiograma, espirometria, rastreio visual e de degenerescência macular, rastreio auditivo, composição corporal, risco cardiovascular, análise tricológica, alterações de sinais na pele, entre outros. No entanto, ao longo do meu EC não participei em qualquer tipo de rastreio.

5.3 - Programa de Cuidados Farmacêuticos

Este programa consiste no acompanhamento dos utentes com doenças crónicas na área da DM, doença cardiovascular e asma e DPOC. Este acompanhamento é realizado por farmacêuticos com formação específica, englobando monitorização de parâmetros bioquímicos, de reações adversas aos medicamentos, de interações com alimentos e outros medicamentos e orientações para minimizar o impacto destas patologias no dia-a-dia.

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5.4 - Serviço de Enfermagem

Este serviço inclui a administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação, administração gratuita de medicamentos injetáveis adquiridos na farmácia e prestação de primeiros-socorros.

5.5 - Dietética e Nutrição Natural

Procurando sempre beneficiar a saúde e apostando na qualidade e inovação, a FSA criou um espaço de Nutrição Natural, no qual se pode encontrar um conjunto de alimentos que se caracterizam por elevado valor nutricional, sendo simultaneamente saborosos e equilibrados sem conduzirem a intolerâncias, alterações digestivas e incompatibilidades alimentares.

Um profissional de saúde da FSA especializado em Naturopatia estabeleceu um critério de seleção que privilegia marcas e referências de elevada qualidade, com garantia de segurança e equilíbrio nutricional. Alguns dos produtos são sumos concentrados de fruta com potencial antioxidante, bebidas vegetais substitutas do leite, bolachas e biscoitos com baixo teor ou isentas de glúten e açúcares, farinhas alternativas ao trigo para produção caseira de pão e bolachas com alto conteúdo vitamínico, misturas de cereais para o pequeno-almoço e gelatinas vegetais sem açúcar.

5.6 - Espaço Sénior

Para indivíduos que apresentam dificuldades de mobilidade ou se encontram em estados acamados, a FSA dispõe dos artigos necessários para favorecer a sua qualidade de vida e providenciar uma recuperação célere e eficaz.

5.7 - Serviço de Moving: Entregas ao Domicílio

A FSA beneficia de um serviço de Moving responsável pelas entregas gratuitas ao domicílio. Estas entregas compreendiam todo o tipo de produtos, sendo os mais frequentes MSRM, MNSRM e alguns suplementos alimentares. Esporadicamente surgiam pedidos de artigos de dermocosmética, de bebé e dispositivos médicos, entre outros.

Os pedidos eram maioritariamente efetuados por via telefónica ou por correio eletrónico. Em muitas ocasiões, os utentes eram incapazes de fornecer as informações necessárias para se proceder à entrega dos medicamentos e, nestes casos, o responsável pelo serviço deslocava-se à residência do sujeito para obter os esclarecimentos requeridos e posteriormente proceder à entrega requisitada.

Ao longo do meu estágio, fui frequentemente o responsável por este serviço. Julgo ter sido bastante importante, uma vez que me permitiu contactar com o doente num enquadramento mais intimista, conhecer a realidade que muitos idosos experienciam e iniciar-me no aconselhamento farmacêutico propriamente dito. Além disso, foi com este serviço que comecei a minha atividade com o SI e quando principiei o desenvolvimento de competências para trabalhar com este programa informático.

5.8 - Preparação semanal de unidose para centros de dia

A FSA tem um protocolo de cooperação estabelecido com 2 centros de dia situados nas imediações da farmácia: o Movimento de Assistência, Cultura, Urbanismo e Recreio (MACUR) e o

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Centro Social de Paços de Brandão (CSPB), no qual é responsável pela preparação semanal da medicação dos idosos que frequentas ambos os espaços.

Ao longo do meu EC fui encarregado de fazer a preparação semanal de medicação no CSPB e na MACUR, no período da tarde de segunda-feira e quarta-feira, respetivamente.

5.9 - VALORMED®

A VALORMED®, fundada em 1999, é uma sociedade sem fins lucrativos responsável pela gestão dos resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso. Adveio da cooperação entre a Indústria Farmacêutica, Distribuidores e Farmácias em face da sua consciencialização para a especificidade do medicamento enquanto resíduo [21].

A conceção de um sistema de gestão deste tipo de resíduos veio responder ao desafio inadiável de implementar um sistema autónomo para a recolha e tratamento dos resíduos de medicamentos, conduzindo a um processo de recolha e tratamento seguros. Desta forma, evita-se que, por razões de saúde pública, estejam "acessíveis" como qualquer outro resíduo urbano [21].

Com a legislação que atribuiu uma nova licença de atividade, a intervenção da VALORMED® continua a compreender todo o território nacional para a realização da gestão dos resíduos de embalagens de medicamentos de uso humano, contendo ou não restos de medicamentos, resíduos de embalagens de medicamentos de uso veterinário, contendo ou não restos de medicamentos, e produtos veterinários vendidos nas farmácias comunitárias para animais domésticos, produzidos pelos consumidores finais e recolhidos através de farmácias comunitárias, e pelos resíduos de embalagens de medicamentos e produtos de uso veterinário recolhidos através de Centros de Receção Veterinários [21].

A VALORMED® é tutelada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), sendo licenciada pelos Ministérios do Ambiente e da Economia para a gestão do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens de Medicamentos (SIGREM) [21].

São entregues diariamente na FSA embalagens vazias, medicamentos com prazo de validade expirado ou produtos não utilizados pelos utentes, que são depositados no contentor da VALORMED®. Quando completo, este contentor é pesado e selado, sendo de seguida entregue ao fornecedor da farmácia, que se encarrega por o reencaminhar até aos sistemas de reciclagem e de tratamento apropriados. Assim, as farmácias operam como meio de ligação entre os utentes e esta sociedade, desempenhando um papel ativo na minimização do impacte ambiental causado por este tipo de resíduo [21].

6 - Conclusão

Ao longo do meu percurso académico experimentei em diversos momentos a necessidade de contactar com a realidade profissional e com o mercado de trabalho. Nesse sentido, considero o EC imprescindível para a formação do estudante enquanto profissional de saúde, no contexto do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF).

Esta experiência permitiu-me progredir enquanto Farmacêutico, facultando-me as competências indispensáveis ao exercício consciente e habilitado da profissão, e permitiu-me aplicar o conhecimento teórico alcançado na faculdade.

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O MICF embora ofereça ao estudante uma perspetiva alargada e completa do âmbito de atuação farmacêutica, apresenta imperfeições evidentes em determinadas áreas que são relevantes em Farmácia Comunitária. Deste modo, o EC é fundamental para moderar estas lacunas e preparar os estudantes para o mundo do trabalho. Durante esta etapa, aprendi que o Farmacêutico, como profissional de saúde acessível à população, é frequentemente questionado sobre diversos temas para esclarecimento de dúvidas e para obtenção de aconselhamento personalizado, o que reforça a necessidade contínua de atualização de conhecimentos. De um modo geral, constatei que, na sua maioria, os utentes que solicitam aconselhamento consideram as informações transmitidas pelos farmacêuticos relevantes, no entanto, outros doentes consideram-no um simples vendedor de medicamentos.

Durante o EC pude ainda atestar que vários utentes recorriam à FSA para adquirir antibióticos, benzodiazepinas, antidepressivos e medicamentos para a dor ligeira a moderada (o tramadol), sem qualquer tipo de RM e, muitas vezes, para o tratamento de afeções menores. Esta situação manifesta o desconhecimento e falta de informação por parte da população, no que respeita aos riscos do uso indiscriminado destes medicamentos. Assim, é da responsabilidade do Farmacêutico zelar pela segurança e eficácia do medicamento, apresentando ao utente alternativas terapêuticas e medidas não farmacológicas ou, caso necessário, encaminhando o doente até ao médico.

Em conclusão, faço um balanço bastante positivo desta jornada crucial para a minha formação profissional e que me permitiu adquirir as competências necessárias para o exercício da profissão (Tabela 2). O meu EC na FSA constitui o capítulo derradeiro da minha existência como estudante e antecede o primeiro capítulo como Mestre em Ciências Farmacêuticas.

Tabela 2 - Calendário de atividades desenvolvidas durante o EC na FSA.

Atividade

Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar.

Ambientação à FSA e rotina diária x

Introdução ao modo de funcionamento do

Sifarma2000®

x

Armazenamento e reposição de stocks x x x x x x x

Receção de encomendas x

Controlo dos prazos de validade x x x x x x x

Determinação de parâmetros bioquímicos x x x x x x

Medicamentos Manipulados x

Atendimento x x x x x

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Parte 2

Tema 1: Própolis

1 - Enquadramento e objetivos

A escolha do tema surgiu quando assisti a uma sessão formativa durante o meu EC na FSA. Esta sessão foi ministrada por um representante de uma empresa espanhola, a Dietéticos Intersa S.A. que conta com 38 anos de experiência e de investigação com própolis (PPS), suportando a sua eficácia e os seus benefícios para a saúde humana com o apoio de diversos estudos científicos.

Esta empresa, durante os últimos 35 anos, procurou recuperar a utilização de PPS para que esta ocupasse o lugar que realmente deve ter na medicina natural e biológica. As investigações realizadas na área da apiterapia (utilização de produtos derivados das abelhas para fins terapêuticos) e mais especificamente com PPS permitiram determinar a natureza das suas propriedades, sendo descobertos diariamente novos aspetos sobre esta substância que as abelhas melíferas produzem.

A Dietéticos Intersa S.A. formula todos os seus produtos a partir de um extrato de PPS concentrado e padronizado de elevada qualidade, com conteúdo garantido nos seus compostos ativos (bioflavonóides) e obtido por maceração em bioálcool e fermentação natural.

Os produtos com os quais mais contactei ao longo foram o Aprolis Oligopropol® e o Aprolis Gengivitaform® para a gama Aprolis®. Da gama Aprolis® Kids, os artigos mais frequentemente dispensados foram o Aprolis Kids Xarope®, o Aprolis Kids Tusi-Propol®, o Aprolis Kids Vitalidade-Defesa® e o Apolis Kids Oti-Propol®. Posteriormente serão abordados cada um deles, sendo referida a sua composição, propriedades, indicações, contra-indicações, interações e modo de utilização.

Optei por explorar algumas fontes bibliográficas que me pudessem fornecer informações adicionais que me permitissem efetuar um aconselhamento farmacêutico mais instruído e criterioso dos produtos contendo PPS, uma vez que lhe são atribuídas propriedades antimicrobianas, antifúngicas, antiparasitárias, antivíricas, antioxidantes e hepatoprotetoras, anti-inflamatórias, imunomoduladoras e anti-tumorais.

2 - Introdução

O PPS ou cola de abelha é uma substância natural resinosa semelhante à cera encontrada em colmeias, que é usada pelas abelhas para selar pequenas aberturas. É macio, maleável e bastante pegajoso a temperaturas elevadas, mas quando arrefecido próximo do ponto de congelamento, torna-se duro e quebradiço. Apresenta-se no estado líquido a temperaturas compreendidas entre os 60°C e os 70°C, mas para algumas amostras o ponto de fusão atinge os 100°C [22]. As melhores fontes são as espécies de álamo, salgueiro, bétula, olmo, amieiro, faia, conífera e castanheiro [23]. A sua cor pode variar entre verde, castanho e vermelho, consoante a sua origem botânica.

3 - Própolis

O PPS foi definido por Lewis e Short como "a terceira fundação em fazer o mel, uma substância gomosa com que as abelhas fecham as fendas das suas colmeias, cola de abelha” [24]. Acredita-se que as

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abelhas produzem PPS para ajudar a proteger a colmeia. Além do seu papel na vedação de aberturas, bloqueio de fissuras e alisamento das paredes internas, a cola de abelha parece atuar como anti-sético para evitar a infeção microbiana e proteger os favos de mel. As abelhas aplicam o PPS em áreas onde os favos de mel devem ser ligados, criando assim superfícies lisas e sem germes. As colmeias mantêm-se saudáveis porque as abelhas produzem o seu próprio antibiótico, o PPS, que reduz significativamente o crescimento microbiano e protege a colmeia do fluxo de ar descontrolado e da humidade externa [25, 26].

4 – História do Própolis

O PPS tem sido usado pelo Homem desde há séculos, existindo registos que sugerem a sua utilização por egípcios antigos, persas e romanos [27]. Os egípcios antigos descreveram a produção de PPS por abelhas, em vasos e outros ornamentos, e usaram-no no tratamento de várias doenças [28]. Também usaram o PPS como substância "embalsamadora", visto que as abelhas envolvem a carcaça dos invasores, restringindo a propagação de infeções causadas pela sua decomposição [29]. Os judeus antigos consideravam-no como um remédio, sendo as suas propriedades terapêuticas mencionados no Antigo Testamento [30].

Os gregos utilizaram o PPS como o ingrediente principal do perfume que combinava PPS,

olibanum, styrax e ervas aromáticas [31]. Hipócrates usou PPS para curar feridas e úlceras, externas e

internas [32]. Os romanos também estudaram extensivamente a abelha e o PPS. Plínio escreveu “o própolis é produzido a partir da goma doce da videira ou do álamo, e é de uma consistência mais densa quando se acrescenta o suco das flores” [33]. De acordo com Plínio, “a própolis tem a propriedade de extrair picadas e corpos estranhos da carne, dispersar tumores, aliviar dores dos nervos e cicatrizar úlceras” [34].

Os árabes também parecem ter conhecido o PPS. Avicena escreveu sobre 2 tipos diferentes de cera, cera limpa e cera preta, sendo esta última provavelmente o PPS [35]. Em manuscritos persas é descrito como uma “droga” utilizada no tratamento de eczemas, mialgias e reumatismos.

Na Idade Média, o PPS era impopular e o seu uso na medicina tradicional desapareceu rapidamente. Algumas fontes do século XII descrevem preparações medicinais contendo cola de abelha que foram usadas no tratamento de infeções orais, faríngeas e cáries dentárias [36]. Felizmente, o conhecimento sobre as propriedades medicinais do PPS sobreviveu na medicina popular tradicional, sendo amplamente utilizado nos territórios da Europa Oriental, sendo várias vezes apelidado de “penicilina russa” [37].

O interesse pelo PPS retornou à Europa e, através dos médicos humanistas, alguns remédios e tratamentos antigos e esquecidos foram redescobertos e usados novamente. O PPS foi incluído nas farmacopeias em Inglaterra no século XVII como um ingrediente principal de alguns unguentos com propriedades curativas [38]. Nicholas Culpeper, botânico e médico, no seu Complete Herbal sob o título

The Poplar Tree afirmou que “o unguento chamado Populneon, feito deste Poplar, é benéfico para todo o

tipo de calor e inflamações em qualquer parte do corpo. É muito usado para secar o leite dos seios das mulheres quando deixam de amamentar os seus filhos” [39]. Em The Universal Herbal, publicado em 1824, pode-se ler sob Populus Nigra; Black Poplar Tree: “As folhas jovens são um ingrediente excelente para cataplasmas para inchaços dolorosos” [40].

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5 – Composição Química

O PPS é um produto produzido pelas abelhas com a composição geral apresentada na Figura 1.

Figura 1 - Composição do PPS.

O PPS é recolhido de resinas de choupo, conífera, bétula, pinho, aliso, salgueiro, palmeira,

Baccharis dracunculifolia e Dalbergia ecastaphyllum [41-43]. Os constituintes característicos do PPS da

região temperada são os flavonóides sem substituintes no anel B, como a crisina, a galangina, a pinocembrina, a pinobanksina. O éster fenetílico do ácido cafeico (CAPE) é um constituinte importante do PPS temperado com amplas atividades biológicas, incluindo a inibição do fator nuclear κ-B; inibição da proliferação celular; indução da paragem do ciclo celular e apoptose. No PPS da região tropical, especialmente no PPS verde brasileiro, os componentes químicos dominantes são fenilpropanóides prenilados (por exemplo, artepilina C) e diterpenos [44].

Com o desenvolvimento de técnicas de separação e purificação foram identificados vários compostos no PPS: flavonóides, terpenos, fenóis e os seus ésteres, açúcares, hidrocarbonetos e elementos minerais, como descrito na Tabela 3 (Anexo 1) [45-47].

6 - Propriedades e atividade biológica

Nos últimos 40 anos têm surgido centenas de publicações científicas a descrever as propriedades biológicas e terapêuticas do PPS. É surpreendente que embora a composição dos diferentes tipos de PPS varie consoante a sua origem botânica, os efeitos biológicos dos diferentes tipos são bastante similares.

Os principais tipos de PPS no mercado são a PPS de álamo e a PPS de Baccharis. Estes 2 exemplos apresentam propriedades biológicas semelhantes, descritas na Tabela 4 (Anexo 2), mas as SAs são diferentes. 50% 30% 10% 5% 5% Resinas de plantas Ceras

Óleos essenciais e aromáticos Pólenes

Referências

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