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Concetualização do Futsal: estudo de caso em grupos equipa de infantis masculinos na CLDE Viseu

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Concetualização do Futsal –

Estudo de caso em grupos equipa de infantis masculinos na CLDE Viseu

Dissertação de Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário

João Carlos Matos de Almeida

Orientador: Prof. Doutor Hugo Miguel Borges Sarmento

Co-Orientador: Prof. Doutor Daniel Fernando Teixeira da Silva Duarte

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Concetualização do Futsal –

Estudo de caso em grupos equipas de infantis masculinos na CLDE Viseu

Dissertação de Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário

João Carlos Matos de Almeida

Orientador: Prof. Doutor Hugo Miguel Borges Sarmento

Co-Orientador: Prof. Doutor Daniel Fernando Teixeira da Silva Duarte

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Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensinos Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação do Professor Doutor Hugo Miguel Borges Sarmento.

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Agradecimentos

No final de mais uma etapa na nossa vida, existe, sempre, o dever de agradecer às pessoas e/ou instituições que de forma direta ou indireta contribuíram para a consecução da mesma:

-Ao professor Hugo Sarmento, por ter aceite fazer parte deste projeto, pelo auxílio e colaboração, bem como pela pertinência e coerência dos seus conselhos para a concretização do mesmo.

Aos professores, Antonino Pereira, Adilson Marques e Rui Resende, pelas críticas e conselhos que me transmitiram durante a fase de construção do guião da entrevista.

-Ao Vitor Oliveira, Augusto Assunção e André Sapata, meus colegas de educação física e amantes da modalidade, pela disponibilidade e partilha de ideias na realização do guião da entrevista de investigação.

-A todos os professores entrevistados, que de uma forma desinteressada e humilde acederam fazer parte deste trabalho, cedendo parte do seu precioso tempo e ainda partilharam o seu conhecimento com alguém que se sente, constantemente, incomodado com o pouco que sabe e que consegue transmitir.

-Aos meus amigos, todos eles, por acreditarem em quem eu sou com as virtudes e defeitos que possuo.

-Aos meus filhos, por “ocupar” tempo que lhes foi retirado para a construção deste projeto e pela força, incentivo e confiança que sempre me transmitiram.

-Aos meus pais, pela educação que me proporcionaram e que me tornaram no Ser Humano que hoje sou.

-À “Tucha” pela confiança, incentivo, troca e partilha de saberes e de conselhos sobre este projeto e por me aturar no dia-a-dia.

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Índice

Índice de Figuras………. VIII

Índice de tabelas/quadros……… IX

Abreviaturas……… X

Resumo……… XI

Abstract………... XII

1 Introdução

1.1 Pertinência e âmbito do estudo……… 2

1.2 Objetivo do estudo………... 3

1.3 Estrutura da dissertação………... 4

2 Revisão da literatura 2.1 Desporto escolar……….. 6

2.1.1 Da definição ao conceito……….. 6

2.1.2 Estruturação do desporto escolar………. 8

2.1.3 Objetivos e Importância do desporto escolar………... 11

2.2 Futsal………... 16

2.2.1 Perspetiva histórica………. 16

2.2.2 O futsal em Portugal……… 18

2.2.3 Caraterização do futsal……… 22

2.2.4 A especificidade do futsal no desporto escolar……… 25

2.3 Organização do jogo de futsal……….. 31

2.3.1 Tática, estratégia, sistema de jogo e esquemas de jogo………... 31

2.3.2 Organização estrutural e funcional do futsal………... 33

2.3.2.1 Organização estrutural………. 33

2.3.2.2 Organização funcional………. 41

2.4 Modelos de ensino dos jogos desportivos coletivos……… 51

2.4.1 Abordagem centrada na técnica………... 52

2.4.2 Abordagem tática………. 53

2.5 Formas didático-metodológicas no ensino dos jogos desportivos coletivos... 60

2.5.1 Forma centrada nas técnicas……… 60

2.5.2 Forma centrada no jogo formal……… 61

2.5.3 Forma centrada nos jogos condicionados……… 62

2.6 Metodologia para o ensino do futsal……… 64

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3 Campo metodológico

3.1 Metodologia………. 76

3.1.1 Campo de estudo………... 76

3.1.2 Caraterização das entrevistas………... 76

3.1.3 Realização da entrevista e pressupostos de desenvolvimento do guião…….. 78

3.1.4 Formulação das questões………. 80

3.1.5 Estrutura da entrevista………. 80

3.1.6 Validação do guião da entrevista………. 82

3.1.7 Procedimentos de recolha de dados………. 83

3.1.8 Análise de conteúdo………. 84

3.1.9 Fidelidade Intra e Inter codificadores……….. 86

4 Apresentação e discussão dos resultados 4.1 Sistema categorial……… 88

4.2 Dimensão ensino aprendizagem do futsal……… 89

4.2.1 Preocupações com grupo equipa……….. 90

4.2.2 Método de ensino aprendizagem no futsal………... 97

4.2.3 Feedbacks………. 106

4.2.4 Estruturas organizacionais………... 109

4.2.5 Estruturas funcionais……… 118

4.2.6 Princípios específicos de jogo……….. 124

4.3 Dimensão organizacional………. 128

4.3.1 Distribuição letiva do desporto escolar……… 128

4.3.2 Quadros competitivos……….. 133

4.3.3 Alunos federados……….. 137

4.3.4 Desporto escolar / desporto federado……….. 140

4.4 Dimensão Desempenho/Formação……….. 143

4.4.1 Avaliação do processo ensino aprendizagem……….. 143

4.4.2 Formação de professores………. 147

5 Considerações finais………. 150

6 Bibliografia……… 157

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Índice de Figuras

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Índice de Tabelas / Quadros

Quadro 1 - Estrutura Organizacional do Desporto Escolar 9

Quadro 2 - Nº de Clubes Inscritos por Modalidade 20

Quadro 3 - Nº de Clubes inscritos dentro dos JDC 20

Quadro 4 - Nº de Praticantes inscritos por modalidade 21

Quadro 5 - Nº de Praticantes Inscritos dentro dos JDC 21

Quadro 6 - Escalões etários 25

Quadro 7 - Tempo de jogo por escalão etário 26

Quadro 8 - Estratégia / Tática 32

Quadro 9 - Princípios de jogo de futsal 43

Quadro 10 - Relação conteúdos a abordar / níveis de desempenho 74

Quadro 11 – Caraterização da amostra 77

Quadro 12 – Definição do sistema categorial 89

Quadro 13 – categoria – Preocupações com grupo/equipa 90

Quadro 14 – categoria – métodos de ensino aprendizagem no futsal 98

Quadro 15 – categoria – feedbacks 107

Quadro 16 – categoria – estruturas organizacionais 109

Quadro 17 – categoria – estruturas funcionais 118

Quadro 18 – categoria – princípios específicos de jogo 124

Quadro 19 – categoria – distribuição letiva do Desporto Escolar 129

Quadro 20 – categoria – quadros competitivos 133

Quadro 21 – categoria – alunos federados 137

Quadro 22 – categoria – ligação DE/DF 140

Quadro 23 – categoria – avaliação do processo ensino aprendizagem 143

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Abreviaturas

SIGLA Descrição ACM CDE CLDE CNDE CRDE CRE DRE DREC FIFA FIFUSA FPF MEC EF DE DF JDC IDP TGFU

Associação Cristã da Mocidade

Coordenador do Desporto Escolar

Coordenação Local do Desporto Escolar

Comissão Nacional do Desporto Escolar

Centro Regional do Desporto Escolar

Centro Regional de Educação

Direção Regional de Educação

Direção Regional de Educação do Centro

Federação Internacional de Futebol Amador

Federação Internacional de Futebol de Salão

Federação Portuguesa de Futebol

Modalidades Esportivas Coletivas

Educação Física

Desporto Escolar

Desporto Federado

Jogos Desportivos Coletivos

Instituto Português do Desporto e Juventude

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Resumo

Dada a sua importância para a Educação Física, para o Desporto em geral e para o Desporto Escolar em particular, os jogos desportivos coletivos têm, ao longo dos anos, sido alvo de variadíssimas investigações. No caso do futsal, e consequência sobretudo da sua “juventude”, muito existe a acrescentar. Desta forma, este trabalho tem como objetivo geral suprir algumas das lacunas existentes na abordagem desta modalidade. Desta forma pretendeu-se aferir o entendimento que os professores de Educação Física e responsáveis por grupos-equipas de futsal (escalão de infantis masculinos), pertencentes à coordenação local do desporto escolar de Viseu, têm sobre as metodologias mais corretas na abordagem da modalidade em alunos na faixa etária dos 10 aos 13 anos.

A metodologia utilizada na realização deste trabalho foi do tipo qualitativo. Por conseguinte, foram conduzidas entrevistas semi-estruturadas a 14 professores de Educação Física e responsáveis por grupos equipas de futsal. Procedeu-se à análise dos dados através da técnica de análise do conteúdo com a definição de categorias quer à

priori quer à posteriori. A codificação foi realizada tendo por base o apoio informático

do programa QSR Nvivo 11.

A análise dos dados permitiu concluir que: i) os professores utilizam o método global como aquele que melhor serve as suas pretensões e privilegiam as estruturas de jogo 1-2-2 e 1-3-1 na organização tática das suas equipas, devido essencialmente à solidez defensiva que apresentam; ii) privilegiam a defesa zona por ser mais fácil a sua compreensão por parte dos alunos além de privilegiarem a estrutura funcional (GR+4)x(4+GR) decorrente da utilização do jogo formal nas sessões de treino; iii) não consideram que o trabalho dos princípios específicos de jogo seja essencial nestas idades, no entanto elegem o princípio ofensivo, mobilidade, como o mais importante nesta faixa etária; iv) a organização das sessões de treino são de 90+45 minutos existindo constrangimentos vários à sua implementação (horários escolares, professores, encarregados de educação e transportes; v) os quadros competitivos são considerados insuficientes; vi) defendem que os atletas federados devem participar no desporto escolar, realçando que não existe uma interligação entre o desporto escolar e o desporto federado.

Palavras Chave: Escola, Modelos de Ensino dos Jogos Desportivos Coletivos,

organização estrutural, organização funcional, princípios de jogo, metodologia, análise de conteúdo.

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Abstract

Due to their importance to Physical Education, to Sports in general, and to School Sports in particular, collective sports games have been over the years the target of many different researches. In what concerns to Futsal, and mainly because of its “youth”, there is still many more to add. The aim of this study was to supply some existing gaps in the approach of this modality. We aimed to assess to the understanding of Physical Education Teachers (responsibles by teams/groups of Futsal – male under 13) from the regional zone of Viseu about the more appropriate methodologies on the approach of this modality in students at the age range of ten to thirteen years old (10 to 13).

The participants were 14 Physical Education teachers Semi-structured interviews were carried out and the data were analyzed through the technique of content analysis. The elaboration of the categories had been defined a priori and a posteriori. The software QSR NVivo 11 was used in coding the transcripts of the interviews.

According the interviewed coaches we concluded that i) they use the global method as the best to apply to their ambitions and privilege the 1-2-2 and 1-3-1 game structures on their tactic teams organization, essentially due to the solidity defensiveness that presents; ii) they privilege the defense area because it is easier for students to understand besides they privilege the functional structure (GR+4)X(4+GR) due to the formal game application during the training sessions; iii) they don´t consider that the work of the specific principles is important in this age, however they choose the mobility (offensive principle) as the most important at this age range; iv) the training sessions organization are of about 90+45 minutes but there are several constraints to its implementation (school timetables, teachers, parents and transports); v) competition boards are considered inadequate; vi) they support that federated athletes should take part on School Sports, highlighting that it doesn’t exist an interconnection between School Sports and Federated Sports.

Key-Words: School, Teaching models of collective sports games, structural organization, Functional organization, Game principles; Methodology, Analysis of contents.

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1.1. Pertinência e Âmbito do Estudo

Com cerca de vinte anos de experiência acumulados no desporto escolar (DE) e mais especificamente na orientação de grupos/equipa de futsal, somos diariamente confrontados com a necessidade de meditar e investigar quais as melhores metodologias para abordar o futsal no seio do (DE).

O futsal é hoje, a modalidade mais praticada no sistema educativo. Por inerência no DE milhares de alunos têm o seu primeiro contacto com a vertente competitiva, na escola.

Tendo em conta a importância da formação desportiva nesta faixa etária e mais especificamente a abordagem à modalidade de futsal, é imperioso que se adotem modelos de ensino coerentes, motivadores e sobretudo potenciadores das reais possibilidades dos alunos, apostados na resolução de problemas, visando formar atletas mais competentes, mais inteligentes, com uma melhor análise de jogo e por consequência menos mecanizados do ponto de vista técnico e tático.

Várias modalidades coletivas têm ao longo dos anos, desenvolvido conhecimento de forma a sustentar a sua abordagem metodológica. O futsal constitui-se, ainda, como um caso muito específico, uma modalidade em expansão (mas num estado de desenvolvimento muito inicial) onde, por vezes, a condução do processo ensino aprendizagem constitui uma reprodução do que se faz ao nível das outras modalidades desportivas.

Apesar de ser obrigatória a orientação dos grupos/equipa de futsal por professores de Educação Física (EF) e/ou técnicos com especialização na modalidade, muitos desses professores não têm formação específica, sendo portanto um verdadeiro entrave ao desenvolvimento da modalidade.

O futsal como modalidade específica é detentor de particularidades igualmente específicas que definem a sua identidade e que a distingue das restantes. No entanto, a reduzida divulgação científica, acarreta, numa primeira fase, a dificuldade de vários profissionais realizarem uma reflexão sobre as tendências e perspetivas de desenvolvimento do jogo e do treino como forma de imprimir qualidade sustentada no processo ensino aprendizagem.

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Apesar de a modalidade viver, hoje, dias de franca expansão, de grande desenvolvimento, com reflexo imediato no número de atletas praticantes, de equipas existentes, na sua melhor estruturação (existindo já a profissionalização de algumas) e maior interesse por parte das ciências do desporto, o futsal, ainda não se encontra na linha da frente no que respeita à pesquisa científica. O número e variedade de artigos de investigação, quando comparados com outras modalidades semelhantes, ainda se considera limitado.

Tendo como premissa o anteriormente exposto, temos perfeita noção de que a investigação em futsal ainda se encontra numa fase primitiva, existindo um grande caminho a descobrir e explorar. Assim, propomo-nos contribuir para a investigação desta modalidade com o objetivo de diminuir, gradualmente, as suas limitações investigacionais e aumentar o conhecimento disponível para todos aqueles que se interessam e gostam deste jogo.

Propomo-nos estudar a modalidade no seio do DE, enquanto modalidade coletiva e competitiva.

1.2. Objetivo de Estudo

O estudo em questão teve como principal objetivo aferir o entendimento dos professores de EF que orientam grupos de futsal (infantis masculinos) do DE, pertencentes à coordenação local do desporto escolar de Viseu (CLDE), relativamente ao modelo de ensino adotado na abordagem a esta modalidade e à forma organizativa como estruturam as suas equipas, nomeadamente no que concerne à organização estrutural e funcional, aos princípios de jogo abordados e, como objetivo secundário, perceber como é que os mesmos operacionalizam estes fatores em contexto de treino.

Desta forma, pretendeu-se que os professores entrevistados se manifestassem acerca dos temas supracitados e que do cruzamento das suas ideias com a informação proveniente da revisão da literatura, refletissem e tecessem algumas considerações que se afigurem como mais-valias no sentido de um incremento qualitativo nesta matéria e ainda perceber de que forma está a ser introduzida a modalidade na CLDE de Viseu.

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1.3. Estrutura da dissertação

Com o intuito de dar resposta aos objetivos enunciados para o presente trabalho, o mesmo foi estruturado em sete pontos:

(1) Introdução, com o objetivo de apresentar e justificar a pertinência do tema e do estudo, definir objetivos e explicar a estrutura do trabalho;

(2) Revisão da literatura, onde se pretende aferir do estado atual do futsal enquanto modalidade integrante do desporto escolar e de caráter competitivo;

(3) Campo metodológico, onde se apresenta e carateriza a amostra e metodologia utilizada;

(4) Apresentação e discussão das entrevistas, com o objetivo de apresentar os resultados, mais relevantes, cruzando-os com a informação relativa à revisão da literatura;

(5) Conclusões, onde se faz uma apresentação sintética das conclusões do trabalho. (6) Bibliografia, onde se apresentam as referências bibliográficas, mais importantes,

utilizadas na realização da pesquisa;

(7) Anexos, onde se apresenta o guião da entrevista e o enquadramento legal aplicado ao DE.

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2.1. Desporto Escolar

O desporto “é um lugar maravilhoso, que, à semelhança de um jardim, podemos cultivar e tornar ainda melhor. Procurem ter a humildade de um jardineiro experiente, de um jardineiro que sabe que muitas das suas tentativas não irão ser bem-sucedidos”.

Popper (1990, in Bento, 1995, p. 23)

2.1.1. Da definição ao conceito

“A construção da sociedade começa por ser assegurada, no maior «viveiro» de todos os tempos” – A Escola (Pina, 1994, p. II).

Sendo a escola o local “perfeito” para a socialização, vivência de experiências e igualdade de direitos é, também nesta que se deveria encontrar o motor desportivo do país, dada a sua importância.

Nos anos 90, mais propriamente no ano de 1990, Roberto Carneiro, na qualidade de ministro afirmou: “Escola que não proporciona aos seus alunos educação física e desporto escolar não pode considerar-se uma escola completa” (Pina, 1994, p. II)

Já Bento (1991, citado por Pina, 1994) advogava que a escola não existe só enquanto uma instituição social onde se agrupam e se juntam todos os alunos e todas as crianças, mas é, também, um dos únicos locais onde se podem apreciar experiências e competências em todos os mosaicos da paisagem desportiva. Desta forma, a escola tem que se tornar algo apetecível, uma fonte de motivação para os alunos, combatendo as milhares de solicitações contrárias que a sociedade apresenta. “A escola precisa de riso, de entusiasmo, de dinamismo, de palmas, de alegria: precisa que se goste dela. O desporto pode contribuir para isso, com dias desportivos, com competição e torneios internos e externos, com pontos altos na vida escolar. Trata-se, pelo desporto, integrar mais a vida na escola e a escola na vida” (Bento, 1995, p.106).

Apesar do DE encerrar, em si, todas estas caraterísticas, Pina (1995) refere que o DE tem sido, ao longo de todos estes anos, um importante instrumento estratégico que se encontra

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ao serviço de obscuros interesses pessoais e conjunturais, tendo como base objetivos imediatos e muitas vezes pouco consistentes.

Ao longo de todo o processo de criação, organização e implementação do DE, desde os tempos mais antigos até à atualidade, o seu conceito tem sido alvo de controvérsias várias, tal como refere Meneses (1999), sendo temas mais sensíveis os relacionados com a sua orientação, mas também, interpretação do seu próprio significado. De acordo com a pesquisa bibliográfica realizada encontramos variados autores que se debruçaram sobre a temática do DE e as suas interpretações. Pires (1990, citado por Pina, 2002), refere o DE como sendo uma atividade de complemento curricular, não propriamente da disciplina de EF, alegando que entre as duas existe uma relação ambivalente bastante significativa. Por sua vez Matos (1999), realça a importância do DE ser de caráter voluntário e uma atividade de complemento curricular que se encontra devidamente integrada na escola, no seu projeto e na comunidade local onde é desenvolvido, permitindo a participação de todos os alunos que assim o desejem. Defendendo, ainda, que o objetivo final não se deve centrar no rendimento desportivo, mas sim no aspeto formativo inerente a cada uma das atividades desenvolvidas, sendo um princípio fundamental para a cidadania como meio para a formação integral e harmoniosa de todos os seus praticantes.

De acordo com Sobral (1994), o DE é uma cópia do sistema desportivo federado, mas em dimensões mais reduzidas, no que concerne ao seu quadro competitivo, já Araújo (1998, citado por Pina, 2002, p.29), evidencia que “o fim último do desporto escolar e das atividades curriculares de educação física não pode nem deve ser produzir atletas para o alto rendimento, mas sim proporcionar às crianças e aos jovens uma atividade para a formação das suas habilidades motoras e da sua personalidade”.

Na atualidade parece ter-se chegado a uma abordagem conceptual mais uniforme e, também, mais consensual que tem prevalecido nos últimos anos e que resulta do estipulado no artigo 5º, definição, secção II, desporto escolar, do decreto-lei nº 95/91, de 26 de Fevereiro, no qual se designa por DE, “o conjunto de práticas lúdico-desportivas e de formação com o objeto desportivo desenvolvidas como complemento curricular e ocupação dos tempos livres, num regime de liberdade de participação e de escolha, integradas no plano de atividades da escola e coordenadas no âmbito do sistema educativo”, acrescentando, ainda, e de acordo com o preâmbulo deste mesmo diploma legal, que o mesmo “deve basear-se num sistema aberto de modalidades e de práticas

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desportivas que serão organizadas de modo a integrar harmoniosamente as dimensões próprias desta atividade, designadamente o ensino, o treino, a recreação e a competição”.

2.1.2. Estruturação do desporto escolar

Analisando o Dec. Lei nº 95/91 de 26 de Fevereiro, no seu art. 7º, organização do desporto escolar, verificamos que a estrutura do DE está centrada em três níveis distintos:

(1) nível local, através do núcleo do DE de cada escola;

(2) nível regional, através das estruturas das direções regionais da educação;

(3)nível central, através da direção geral dos ensinos básicos e secundários.

Assim sendo, as atividades do DE organizam-se e desenvolvem-se em cada uma das escolas, sob a responsabilidade do órgão de gestão, sendo que as atividades se realizam, em cada escola, através do seu núcleo. Núcleo esse, através do órgão de gestão articulará a sua atividade, quer interna, quer externa, com o órgão competente da respetiva estrutura da coordenação da direção regional de educação (Dec. Lei nº 95/91 de 26 de Fevereiro, art. 8º), (ver quadro 1).

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Quadro 1- Estrutura organizacional do desporto escolar: Coordenação Nacional do Desporto Escolar (CNDE)

-Coordenadores Nacionais da Modalidade

Direção Geral da Educação Coordenação Regional do Desporto Escolar (CRDE)

-Coordenadores locais do desporto escolar -Professores de Apoio

Direção Geral dos Estabelecimentos

Escolares Clube do Desporto Escolar (CDE)

-Direção do Clube do Desporto Escolar -Coordenador Técnico do Clube do Desporto Escolar

-Responsável do Grupo-Equipa

Agrupamento de Escolas e Escolas Não

Agrupadas

Programa do desporto escolar (2013-2017, p.14)

No que concerne aos núcleos locais do DE, estes desenvolvem-se, basicamente, em dois níveis distintos. Segundo o Dec. Lei nº 95/91, art. 10º, no primeiro nível, “através de um quadro de atividades formativas e recreativas sistemáticas, integrando o treino e a competição, processadas de acordo com o horário semanal e especificadas num programa e plano anual integrado no plano de atividades da escola”. No segundo nível, “através da participação da escola nos diversos quadros competitivos a nível local, regional ou nacional, organizados segundo a iniciativa e regulamentos, respetivamente das escolas, das Direções Regionais da Educação e da Direção Geral dos Ensinos básico e secundário”. Estes níveis são referidos no programa do desporto escolar 2013-2017, como atividade de nível I, (atividade interna) e atividade de nível II, (atividade externa).

Assim, e de acordo com o programa do desporto escolar (2013-2017, p.12) as atividades de nível I são definidas como “um conjunto de atividades de promoção e divulgação desportiva, organizadas na continuidade dos conteúdos curriculares da disciplina de educação física, são dinamizados na componente não letiva dos docentes de educação física”. Esta etapa inicial, atividade interna, envolve um número alargado de praticantes e desenvolve-se nas instalações da própria escola ou nas escolas mais próximas. As atividades de nível II são definidas como “atividades de treino desportivo regular de grupos-equipa e de competição desportiva interescolar formal de âmbito local, regional,

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nacional e eventualmente internacional”. Estas atividades competitivas são dinamizadas na componente letiva dos professores, tendo para o efeito dois a três créditos letivos de acordo com a modalidade de treino (art. 22º - afetação da componente letiva e não letiva dos docentes in regulamento do programa do desporto escolar 2015/2016) e despacho nº6984-A/2015 nº5.

As atividades externas organizam-se, então, por modalidades e por escalão/sexo, sendo constituídos, no mínimo, por dezoito alunos, sob a orientação de um professor, participando nos campeonatos escolares de modalidade, podendo decorrer em quatro fases distintas:

(1) fase CLDE, aberto para todos os escalões, competindo as escolas da mesma CLDE entre si, dentro da mesma modalidade e escalão/sexo;

(2) fase regional, aberto aos escalões de iniciados e juvenis. Os primeiros classificados de cada CLDE em cada modalidade (escalão/sexo) e dentro de cada coordenação regional de educação (CRE) competem entre si;

(3) fase nacional, aberto ao escalão de juvenis. Os primeiros classificados de cada modalidade (escalão/sexo), em cada CRE, competem entre si;

(4) fase internacional, aberto ao escalão de juvenis, sendo apurados, os grupos-equipas vencedores da fase nacional.

Projeto do Desporto Escolar (Nível Escola)

Atividade Interna Atividade Externa

Fase CLDE

Fase DRE

Fase Nacional

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2.1.3. Objetivos e Importância do Desporto Escolar

Os objetivos e importância que o DE encerra em si próprio, advém, desde logo, dos enquadramentos legais que o suportam. O estabelecido no despacho nº 6984-A/2015 do ministério da educação e ciência, faz alusão clara, à sua importância, expressando que o DE deve contribuir para o desenvolvimento e realização de atividades complementares aos currículos dos ensinos básico e secundário, “proporcionando aos agrupamentos de escolas e às escolas não agrupadas o desenvolvimento da educação física e do desporto escolar, visando especialmente a utilização criativa e formativa dos tempos livres”, e prestando contributo essencial para a formação integral e para a realização individual de cada um dos alunos. Refere, ainda, que se “pretende criar condições para o alargamento gradual da oferta de atividades físicas e desportivas de carater formal e não formal a todos os alunos abrangidos pela escolaridade obrigatória” e, ainda, para o estímulo aos alunos e potenciação de modalidades cujo potencial seja considerado elevado ao nível desportivo e presentes nos quadros competitivos nacionais e internacionais.

Assim, o acesso à educação e por inerência ao DE, ao bem-estar físico e à saúde, através da prática de atividade desportiva orientada, é um direito consagrado a todos os cidadãos, com especial incidência aos jovens em idade escolar (Dec. Lei nº 95/91 de 26 de Fevereiro). Ainda de acordo com este documento legal, e na linha do que havíamos referenciado, aponta que o DE deverá ter como objetivos fundamentais a promoção da saúde e a melhoria da condição física, o desenvolvimento da educação moral, intelectual e social dos jovens, preservar o respeito absoluto à individualidade e diferença de cada um, partindo do princípio de que toda e qualquer atividade desportiva do jovem deverá ser direcionada, exclusivamente, para a sua educação, sem parcialismos denotando um verdadeiro espírito de cooperação.

Por forma a poder operacionalizar todos estes objetivos, preconizados por estes documentos legais, é elaborado o programa do DE, consagrando medidas de estruturação, organização e operacionalização do DE. Este documento refere que a sua missão, do DE, é proporcionar o livre acesso à prática desportiva de uma forma regular e com qualidade associada, “contribuindo para a promoção do sucesso escolar dos alunos, dos estilos de vida saudáveis, de valores e princípios associados a uma cidadania ativa … sendo uma espaço privilegiado para fomentar hábitos saudáveis, competências sociais e valores

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morais” (programa do desporto escolar 2013-2017, p.8), dos quais se destacam: a responsabilidade; o espírito de equipa; a disciplina; a tolerância; a perseverança; o humanismo; a verdade; o respeito; a solidariedade; a dedicação e a coragem.

Como complemento a estes três documentos legais e que regem o DE nacional aparece a Lei de Base do Sistema Educativo, Lei nº 49/2005 de 30 de Agosto, art. 51º, ponto 5, que se encontra em consonância com os demais, referindo que o DE visa essencialmente “a promoção da saúde e a condição física, a aquisição de hábitos e condutas motoras e o entendimento do desporto como fator de cultura, estimulando sentimentos de solidariedade, cooperação, autonomia e criatividade, devendo ser fomentada a sua gestão pelos estudantes praticantes, salvaguardando-se a orientação por profissionais qualificados”.

Assim, quer a importância quer os objetivos inerentes ao DE, parecem estar muito bem balizados e definidos por estes documentos legais, sendo necessário verificar se os mesmos são referenciados pelos vários autores que se debruçaram sobre esta temática e ao mesmo tempo se estão a ser operacionalizados nas escolas portuguesas.

Gonçalves (2002) refere que o DE enquanto instrumento pedagógico terá forçosamente que incidir sobre alguns objetivos, tais como: poder proporcionar a todos, mais ou menos dotados, um conjunto de atividades de âmbito recreativo e/ou competitivo, de formação ou orientação desportiva de modo a proporcionar um aumento das competências motoras de cada jovem; o desenvolvimento do conceito de cidadania; a aprendizagem de valores e princípios de acordo com o espírito desportivo e de tolerância, da aceitação do “outro”, quer na vida social quer ao nível das atividades desportivas com vista a influenciar na possível adoção de estilos de vida ativos como meio de prevenir comportamentos desviantes. Freitas (2002) acrescenta a estes, mais dois fatores tidos como essenciais: os da promoção da saúde para um desenvolvimento e crescimento harmonioso e equilibrado e a superação do próprio indivíduo.

Perante um conjunto tão vasto, significativo e importante de objetivos que estão diretamente ligados à prática do DE, este, terá forçosamente, que encerrar em si uma importância significativa na vida social, cultural e desportiva de todos quantos acabam por estar inseridos nos clubes existentes nas nossas escolas. Sendo consideradas atividades de complemento curricular e de índole voluntário, oferece a todos os alunos, sem exceção, a possibilidade de poder praticar um tipo de desporto, não sendo obstáculo

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as condições socioeconómica, a distância aos locais onde existe um clube ou escola de formação desportiva, que lhe permitirá um passaporte para ingressar na competição desportiva, sendo o único serviço do Ministério da Educação que organiza e desenvolve atividades pedagógicas relacionadas com a motricidade humana com caráter regular, em todo o país (Capucha, 2006, citado por Guerra, 2014). Assim, participar nas atividades do DE poderá funcionar como um meio, uma alternativa credível à entrada em clubes federados (Brito, 1998, citado por Matos, 1999), uma vez que o desporto federado (DF) é extremamente seletivo, “utilizando” só os mais dotados, em contraste com o desporto praticado na escola, aberto a todos, sendo universal e inclusivo (Pina, 2002; Estriga, 2000).

No que concerne às atividades extracurriculares, Abrantes (2003), realça que as mesmas são portadoras de aspetos facilitadores no que diz respeito à sociabilidade; ao sentimento de integração e utilidade; à valorização do seu trabalho; ao corte com as rotinas das atividades letivas (espaço e tempos de aula); ao conhecimento de novos locais; ao facto de virem a adquirir novas experiências e por consequência novas competências, permitindo dessa forma, ao aluno, viver uma relação diferente com a escola, em contraste com as rotinas do dia-a-dia escolar.

De acordo com Monjas (2004) o DE apresenta duas funções essenciais para o desenvolvimento integral dos jovens: a função educativa e a função social. A educativa tendo em conta a grande variedade de atividades físico-desportivas que são oferecidas aos alunos e a social potenciada pela promoção de valores como a responsabilidade, solidariedade e cidadania. A importância dos aspetos ligados à veia socializadora do desporto nas escolas torna-se necessária e fundamental perante a falta de valores existente na nossa sociedade e incompreensão de um mundo em que todos nós deveríamos estar inseridos de uma forma coerente e correta, para Bento (2004, p.78) a “educação institucional hoje vê-se obrigada a reforçar o seu papel no capítulo dos princípios e valores, de rotinas e hábitos que era suposto terem sido transmitidos e assimilados na família”. Desta forma, os valores incutidos pelo jogo, adquiridos e cultivados em campo, quer nos momentos de treino quer nos momentos competitivos tornam-se essenciais e indispensáveis para a formação da personalidade dos nossos jovens de uma forma coerente.

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Para finalizar, gostaríamos de deixar duas considerações, que achamos pertinentes e nos são transmitidas por Mestre e Garcia, respetivamente. Para Mestre (2012) existem seis vantagens essenciais do DE:

(1) a fidelização dos alunos para a prática desportiva regular;

(2) o aumento do número de praticantes desportivos nas mais diversas modalidades desportivas;

(3) o facto das vivências adquiridas transportarem valores educativos essenciais;

(4) o aumento do sucesso escolar dos alunos;

(5) a prevenção do abandono escolar em alunos de risco;

(6) ser um instrumento para deteção precoce de valores como base de recrutamento do desporto federado.

Assim, os valores inerentes ao DE deverão ir sempre ao encontro da criatividade, irreverência e iniciativa das crianças, a qual deverá ser “uma prática essencialmente competitiva, possibilitando a todos os jovens a vivência de uma prática cultural que repousa numa sólida ética” (Garcia, 2005, p.4). Ainda segundo o mesmo autor, a importância em sede de contexto escolar, assenta na possibilidade e capacidade de existir transmissão de atitudes, valores e outras mais-valias, que se mantenham e perdurem para toda a vida; aumentando os índices de responsabilidade; diminuindo os episódios de violência; aumentando e fomentando os comportamentos de fair play (saber estar, saber fazer, saber ganhar e saber perder); aumentando e reforçando o espírito de grupo e de cooperação segundo o mesmo objetivo; o respeito integral por todos os colegas e adversários; aumentando os níveis de autoconfiança, autonomia e responsabilidade social.

De realçar, em jeito de conclusão, que foi o próprio Parlamento Europeu em 2007, aquando do debate sobre o papel do desporto na educação, que no seu ponto 1 enaltece “o interesse legítimo da União Europeia pelo desporto, em particular pelos seus aspetos sociais e culturais, bem como pelos valores sociais e educativos que veicula, como a autodisciplina, a superação das limitações pessoais, a solidariedade, a sã competição, o respeito do adversário, a integração social e o combate a quaisquer formas de discriminação, o espirito de equipa, a tolerância e o fair-play”.

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O DE sendo fonte de tanto benefício para os jovens, é considerado como um dos pilares essenciais para o desenvolvimento do desporto nacional (Pinto, 2004).

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2.2. Futsal

“Jogo espetacular, é muito muito técnico, temos que pensar bastante e tomar rapidamente as decisões necessárias.” Suleimenov – Jogador profissional de futsal

2.2.1. Perspetiva histórica

Futsal, uma modalidade com origem na América do Sul. Esta poderá ser a única verdade cuja história nos dá a conhecer, existindo uma grande indefinição na literatura entre Brasil ou o Uruguai como país de origem do futsal

Junior (2003) refere que a maioria dos desportos coletivos como o basquetebol, andebol, futebol e outros têm a sua origem e evolução bem definidos. Ao contrário, a história do futsal, é um caminho longo e difícil, cheio de interrogações, causando, só por si, polémica entre historiadores e autores sobre a origem do “futebol de salão”.

Tendo em conta a “juventude” do futsal, não seria de prever que tantas dúvidas, interrogações e incertezas se colocassem no que à sua origem diz respeito, originando, desde logo, uma dicotomia, bem vincada, de opiniões a este respeito.

De acordo com Tenroller (2004) autores como: Teixeira (1996) e Figueiredo (1996) advogam a paternidade da modalidade ao Brasil, mais propriamente à Associação Cristã da Mocidade de São Paulo (ACM), contrariamente autores como Zilles (1987), Lucena (1987) e Apolo (1995) apontam para que a origem do “futebol de salão” tivesse a sua origem no Uruguai através de Juan Carlos Ceriani, um professor de educação física.

Junior (in www.futsalportugal.com/tecnicos/rubinho2.html, em 08/10/2003) esclarece que “a dúvida reside no facto de não se saber se foram os Brasileiros que, ao visitarem a ACM de Montevideu, levaram do Brasil o hábito de se jogar em campos de Basquetebol; ou se foram os brasileiros que conheceram a novidade e ao retornarem a “casa”, difundiram a sua prática pelo país”.

Perante estas dúvidas existem factos que marcaram definitivamente esta época, 1930, a vitória do Uruguai no primeiro campeonato do mundo organizado pela Federação Internacional de Futebol Amador (FIFA). Esta era uma época de grande fervor, de loucura

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desportiva no país, onde todos jogavam futebol criando um défice de campos disponíveis para a sua prática. Assim, Juan Carlos Ceriani notou que, por falta de campos de futebol, as crianças praticavam desporto em campos de Basquetebol (Soares, 2011). Também devido ao rigor do inverno neste país, evidenciou-se, ainda mais, a necessidade de praticar atividade física em recintos fechados e com luz artificial (Junior, 2003).

Desta forma, Juan Carlos Ceriani é por muitos reconhecido como o criador e organizador do primeiro regulamento de futebol de salão (Oliveira, 1998, p.6). Este regulamento utilizava, entre outras, regras oriundas de outros desportos como; o polo aquático (todos os regulamentos relacionados com os guarda redes), o andebol (as medidas do terreno de jogo), e basquetebol (número de jogadores que estão em campo e o tempo de jogo), algo que foi alterado no basquetebol recentemente, tendo-se expandido rapidamente por toda a América do Sul.

Em 1965, foi fundada a confederação Sul Americana de Futebol de Salão, integrando países como o Uruguai, Paraguai, Peru, Argentina e Brasil, país onde o desporto era uma paixão (Soares, 2011).

A primeira federação internacional de futebol de salão (FIFUSA) acabaria por ser constituída em 1971, no Brasil, sendo João Havelange o seu primeiro presidente, e tendo como principal objetivo o desenvolvimento e expansão mundial do futebol de salão, facto que não se viria a concretizar, devido à incapacidade de se afirmar como modalidade de referência nos diversos países onde a mesma se desenvolvia. Este marasmo continuou até 1985, momento em que assistiu a um crescimento muito significativo do desporto, levando Joseph Blatter, secretário-geral da FIFA, junto ao então presidente, João Havelange, de incorporar o futebol de salão à grande família do futebol (Soares, 2011).

Apesar desta ocorrência, só em meados da década de 90 é que a grande mudança acontece devido à fusão entre o futebol de salão e o futebol de cinco, respetivamente praticado na América do Sul e na Europa, tendo como resultado final, o aparecimento do FUTSAL. Desta forma, a FIFA homologou a supervisão sobre todo o setor do futsal mediante a extinção da FIFUSA e a criação de uma comissão que coordenaria toda a modalidade (Junior, 2003).

Para Oliveira (1998, p.6) “a nova e universal designação, FUTSAL, tornou-se a conveniente abreviatura não só de FUTbol de SALon e FUTbol de SALão (América do

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Sul), mas também de FUTbol SALa (Espanha), uma vez que se tratavam das designações mais difundidas por todo o mundo”.

Agora sob a égide da FIFA, um novo e fundamental impulso é dado para o crescimento da modalidade ao nível mundial, de onde se destaca o aparecimento e crescimento da modalidade em países como; a Holanda, Espanha, Bélgica, Rússia, Ucrânia, Portugal e mesmo nos Estados Unidos da América.

De acordo com Braz (2006) podemos dividir a história em dois períodos. O primeiro sob a égide da FIFUSA, onde países da América do Sul dominavam de forma avassaladora todas as competições, destacando-se o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Em segundo, que ainda decorre, e já sob a égide da FIFA, onde surgem na ribalta do futsal mundial outros países como a Rússia, Espanha, Portugal, Itália e Ucrânia.

Naquela que é a evolução natural do futsal, a Espanha tem tido um papel de evidência, não só pelas conquistas realizadas ao nível da sua seleção sénior, mas também pelos resultados dos seus clubes ao nível internacional, sendo evidente que a organização do futsal naquele país, em muito contribui para esses feitos e para a evolução da modalidade.

Nos dias atuais, o futsal é o desporto de pavilhão mais representativo em muitos países mundiais e o acréscimo de praticantes tem sido similar ao seu crescimento como modalidade de referência, no âmbito desportivo. Em termos futuros parece estar assegurado o crescimento e o seu desenvolvimento a um bom ritmo.

2.2.2. O Futsal em Portugal

A passagem do futebol de salão para a Europa e mais especificamente para Portugal ocorre quando imigrantes espanhóis e portugueses, que habitavam na América do Sul (Soares, 2011), começam a incorporá-los nos meios onde residiam, assentando essencialmente na prática recreativa da modalidade (Oliveira, 1998).

Só em 1986 se reuniram algumas condições para o aparecimento de três associações de futebol de salão a nível nacional: Porto, Lisboa e Minho para se poder criar a primeira Federação Portuguesa de futebol de salão, (Pinto in Pedrocosta futsal de 6/10/2015); (Oliveira, 1999).

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De acordo com Braz (2006), tal como aconteceu ao nível internacional, também em Portugal surgiu a necessidade de se criar uma nova entidade que incrementasse dinamismo e soubesse gerir o futuro da modalidade. Assim, No ano de 1991, e num clima de tensão acentuada com origem no futsal, surge um movimento, na altura liderada pela Associação do Porto com o apoio de mais três associações: Bragança, Vila Real e Algarve que origina a separação da Federação Portuguesa de Futebol de Salão e o consequente abandono de todos os quadros competitivos, assistindo-se ao nascimento do futsal (Oliveira, 1998). Este foi, segundo Braz (2006) o marco que influenciou e marcou a história do futsal em Portugal. No entanto, a criação do futsal não foi pacífica, antes pelo contrário, originando uma maior divisão. Desta forma, o país ficou com as modalidades de futebol de salão e futsal. (Pinto in pedrocostafutsal de 6/10/2015) realça o facto quando afirma, “nessa altura, estamos nos anos de 1993/94, o país desportivo, fica dividido em termos de futebol de salão, ficando o sul, a jogar futebol de salão e o Norte a jogar futsal…”.

Por fim, em 1997, a federação portuguesa de futebol (FPF) e a federação portuguesa de futebol de salão acabam por rubricar um protocolo, no qual se estabelece a integração das associações de futebol de salão nas associações de futebol, modelo que, ainda hoje, vigora.

Após essa data, várias têm sido as mudanças, principalmente em termos de regras, como forma de tornar o jogo mais dinâmico, explosivo, e emotivo, sendo hoje, um dos desportos de pavilhão com mais praticantes inscritos no nosso país.

De seguida, apresentaremos os dados fornecidos pelo Instituto Português do Desporto e Juventude em relação ao número de praticantes e de clubes inscritos em cada uma das modalidades nos últimos três anos, assim como a evolução, nestes dois itens, no que ao futsal diz respeito, tendo como fonte a FPF.

O quadro 2 indica o número de clubes inscritos por modalidade. De acordo com o mesmo, nos últimos três anos constata-se que o futsal tem vindo a diminuir muito lentamente o número de clubes inscritos, mantendo-se como a terceira modalidade mais praticada em Portugal.

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Quadro 2 - Nº de clubes inscritos por modalidade

Ano 2012 Ano 2013 Ano 2014

Futebol 1368 Futebol 1339 Futebol 1334

Futsal 825 Futsal 820 Futsal 786

Voleibol 930 Voleibol 968 Voleibol 993

Karaté 631 Karaté 651 Ciclismo 656

Ciclismo 513 Ciclismo 573 Karaté 631

IDP - in http://www.idesporto.pt/conteudo.aspx?id=103idesporto.pt

No que concerne aos JDC, a mesma posição é ocupada pela modalidade de futsal, sendo superada pela modalidade de futebol e voleibol (ver quadro 3).

Quadro 3 - Nº de clubes inscritos dentro dos Jogos Desportivos Coletivos

Ano 2012 Ano 2013 Ano 2014

Futebol 1368 Futebol 1339 Futebol 1334

Futsal 825 Futsal 820 Futsal 786

Voleibol 968 Voleibol 930 Voleibol 993

Basquetebol 240 Basquetebol 248 Basquetebol 387

Andebol 222 Andebol 246 Andebol 210

IDP - in http://www.idesporto.pt/conteudo.aspx?id=103idesporto.pt

Mais importante que o seu número é a evolução positiva, isto é, ao longo dos três últimos anos houve um crescente interesse, refletido pelo número de equipas por esta modalidade,

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verificando-se um acréscimo de 200 novas equipas de um ano para o outro, apesar da diminuição de clubes inscritos, dados fornecidos pela FPF.

De acordo com o IDP, o futsal não aparece no topo como a modalidade que apresenta mais atletas inscritos, federados (ver quadro 4).

Quadro 4 - Nº de praticantes inscritos por modalidade

Ano 2012 Ano 2013 Ano 2014

Futebol 126677 Futebol 128143 Futebol 132364

Voleibol 43061 Andebol 46405 Andebol 50114

Andebol 40373 Voleibol 43023 Voleibol 43076

Basquetebol 39996 Basquetebol 38347 Basquetebol 35590

IDP - in http://www.idesporto.pt/conteudo.aspx?id=103idesporto.pt

No que concerne aos JDC, o futsal figura como a quinta modalidade mais praticada de acordo com as informações constantes na página do IDP (ver quadro 5).

Quadro 5 - Nº de praticantes inscritos dentro dos Jogos Desportivos Coletivos

Ano 2012 Ano 2013 Ano 2014

Futebol 125741 Futebol 124560 Futebol 129010

Voleibol 43061 Andebol 46405 Andebol 50114

Andebol 40373 Voleibol 43023 Voleibol 43076

Basquetebol 39996 Basquetebol 38347 Basquetebol 35590

Futsal 27789 Futsal 28902 Futsal 29728

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Os dois quadros anteriores mostram-nos a implementação do número de atletas nas respetivas modalidades. Assim, é de realçar o facto de serem os desportos coletivos os mais representados no panorama nacional. De entre as modalidades constantes dos jogos desportivos coletivos (JDC) verificamos o futsal como a quinta modalidade mais praticada, a seguir ao voleibol, andebol, basquetebol e o futebol.

Este facto não se estranha, não só devido à idade dessas mesmas modalidades, do seu trabalho ao longo dos anos, podendo ser mesmo consideradas como atividades “velhas” quando comparadas ao futsal. Por outro lado, terá que se ter em conta os vários projetos que se encontram nas escolas para “angariar” alunos para essas mesmas modalidades (basquetebol 3x3; giravoley; andebol no 1º ciclo) as quais, todas elas, concedem a título gratuito material de apoio ao desenvolvimento da modalidade e à criação de novos clubes.

Também, pela análise destes quadros, verificamos que a modalidade de futsal apresenta um acréscimo de jogadores inscritos de ano para ano de cerca de mil atletas, parecendo crescer de uma forma sustentada.

2.2.3. Caraterização do Futsal

Por não haver barreira que impeça o deslocamento das equipas ao campo adversário, o que permite livre ocupação dos espaços, o futsal tem sido categorizado como uma modalidade desportiva coletiva (MEC) de invasão, assim como o futebol, basquetebol, o andebol, o hóquei, o rúgbi, futebol americano, etc. Além de ser de invasão, é considerada como uma MEC de participação simultânea, pois o implemento do jogo permanece em disputa direta (Hernandez Moreno, 1998, citado por Novaes, 2013).

Para Garganta (s/d), o futsal está incluído nos chamados JDC juntamente com o basquetebol, andebol e o voleibol. Esses jogos compartilham duas características estruturais: (1) a cooperação entre os jogadores da mesma equipa, com o intuito de dificultar a ação da equipa adversária; (2) a exigência de inteligência, que consiste nos processos de tomada de decisão de acordo com as demandas do meio, fatores que são corroborados por diversos autores (e.g., Gréhaigne, Bouthier & David, 1997; Mc Garey, et al., 2002; Duarte, et al., 2012; Dias, 2011; Travassos, 2014).

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Apesar de serem evidentes as semelhanças com outros JDC, esta modalidade detém características específicas que a tornam única. Novaes (2013) realça fatores como: a inexistência de uma regra que exerça pressão para a finalização e a bola nunca estar em poder “absoluto” do atleta ou da equipa, por a mesma ser jogada com os pés. Estas restrições associadas ao fator dimensões reduzidas geram dificuldade de finalizar em posições favoráveis e concretizar o golo.

Esta é uma modalidade que se carateriza ao nível físico, por esforços intermitentes de periodicidade aleatória e extensão variada originada pela sua dinâmica imprevisível. O futsal, na atualidade, é das modalidades mais exigentes, sendo o esforço de alta intensidade e geralmente de curta duração, distinguindo-a de outras de alto nível (Braz, 2006; Dias, 2011).

Sob o ponto de vista tático é uma modalidade exigente e difícil pelo seu enquadramento. Sob este ponto de vista deixamos uma frase do antigo selecionador espanhol Lozano quando afirma “os jogadores Espanhóis usam a cabeça durante todo o tempo e raramente apresentam as mesmas soluções – nem que se encontrem em situações similares, nós não penduramos rótulos táticos em volta do pescoço deles” (Morais, 2011, p.13). Tal afirmação pressupõe a compreensão do jogo por parte dos jogadores, podendo tomar as decisões que mais se adequarem a cada momento do jogo, sendo importante ter em conta a presença dos colegas, adversários, a bola e os condicionalismos inerentes às dimensões do campo e local onde nos encontramos, levando Braz (2006) a considerar a Espanha como uma equipa muito evoluída taticamente.

Também Castelo (1994) refere que a equipa deve ser vista com um todo indissociável, integrando as caraterísticas individuais de cada jogador e as suas interações no sentido de se poderem atingir os objetivos definidos, através do cumprimento dos princípios específicos de jogo e específicos da equipa, os quais lhe conferem identidade própria e uma cultura organizacional específica.

Apesar de referirmos que o futsal é iminentemente tático, não podemos esquecer as ações de índole técnico. Lozano Cid (1999); e Osimani (2004) referem que neste tipo de ações deveremos direcionar o nosso foco, não para a parte da execução, mas para o aspeto cognitivo, no sentido do atleta perceber qual o momento de executar um gesto técnico e o porquê de acordo com as condicionantes do momento.

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Como já havíamos referido anteriormente, o futsal utilizou para os seus regulamentos algumas regras de outras modalidades desportivas, aparecendo o futebol como referência prioritária, e outras como o basquetebol e o andebol.

O futsal sendo uma modalidade coletiva é jogado por equipas de 12 jogadores, sendo 5 efetivos e 7 suplentes, num campo cujas dimensões variam entre os 38 e os 42 metros de comprimento e 18 a 22 metros de largura, possuindo uma baliza em cada topo (linha final) com as dimensões de 3x2 metros (FPF, 2015).

A sua duração é de dois tempos de vinte minutos com um intervalo de dez minutos, existindo a particularidade do tempo de jogo ser efetivo, isto é, o relógio para cada vez que a bola sai do recinto de jogo ou de cada vez que é marcada alguma falta, o que significará um incremento de tempo de jogo em cerca de 70 a 85% a mais do que o previsto (Dias, 2011).

Em cada parte do jogo, cada uma das equipas poderá solicitar um tempo de desconto (1 minuto) e contará durante todo o jogo com um número ilimitado de substituições, “sendo que a intensidade e o ritmo de jogo é muito elevada fazendo com que não haja uma quebra durante o mesmo” (Alvarez, Gimenez, Corona, & Manonelles, 2002, citado por Dias, 2011, p.4).

“Estas e outras características fazem do futsal um desporto veloz e dinâmico, exigindo ao atleta uma preparação capaz de manter rendimento ótimo durante o jogo” (Soares, 2011, p.4). O futsal é uma, atividade motora complexa e adaptativa; fruto das constantes interações entre jogadores e adversários, sendo constituídos por sistemas complexos e dinâmicos (Sampedro, 1993; Rodriguez, 2000; Duarte, 2012; Travassos, 2014), sendo caraterizado como um desporto intermitente que possui grandes exigências físicas, técnicas e táticas para o jogador (Barbedo, Alvarez, Soto et al., 2008).

Estando intimamente ligado ao futebol, vários autores advogam que o futsal se irá afastar, cada vez mais, deste. Oliveira (1998, p.10) refere que tanto no “plano tático, energético, regulamentar e até técnico, as tendências evolutivas apontam para uma especialização cada vez mais profunda, com a consolidação de uma identidade própria, que inevitavelmente se afastará do futebol que lhe deu origem”, configurando com a opinião de Amaral e Garganta (2005).

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2.2.4. A Especificidade do Futsal no Desporto Escolar

De acordo com o Regulamento específico de futsal (2013-2017, p.2), revisto em setembro de 2015, “o regulamento de futsal aplica-se a todas as competições realizadas no âmbito do Programa do Desporto Escolar”. Ainda segundo o mesmo documento e na mesma página, “o regulamento de provas oficial de futsal da federação portuguesa de futebol aplica-se a todos os escalões, com adaptação adequada das regras às condições de realização dos jogos, ao equipamento disponível e aos recursos humanos existentes. Para os escalões de infantis e iniciados aplica-se o Regulamento técnico-Pedagógico”.

Conforme se pode inferir destas afirmações existe um conjunto alargado de variáveis que se podem adaptar em virtude, especialmente, das condições de infraestruturas existentes nas várias escolas dispersas pelo nosso país. Pavilhões com medidas inferiores às adotadas pela FPF e campos de futsal com piso em alcatrão são algumas dessas variáveis que são contornadas e onde é permitida a realização de jogos que fazem parte dos quadros competitivos do DE.

Existe, no entanto, um conjunto de informações que têm um âmbito restrito para a sua aplicação, DE, e que iremos expor de seguida, baseado no regulamento específico do futsal 2013-2017, com a última revisão realizada em setembro de 2015, a saber:

1) Escalões etários, tempo de jogo e variantes da modalidade

Os escalões etários e respetivos anos de nascimento são alterados de ano para ano, conforme apresentado no quadro 6.

Quadro 6: Escalões etários

ESCALÕES ANO de NASCIMENTO

2013/2014 2014/2015 2015/2016 2016/2017 INFANTIS A 2003 a 2005 2004 a 2006 2005 a 2007 2006 a 2008 INFANTIS B 2001 e 2002 2002 e 2003 2003 a 2004 2004 e 2005 INICIADOS 1999 e 2000 2000 e 2001 2001 a 2002 2002 e 2003 JUVENIS 1997 e 1998 1998 e 1999 1998 a 2000 1999 a 2001 JUNIORES 1992 a 1996 1993 a 1997 1994 a 1997 1995 a 1998

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2) Tempo de jogo e variantes da modalidade

Durante o decorrer da fase local do DE o tempo de jogo será o constante no quadro que a seguir se apresenta (ver quadro 7).

Quadro 7: Tempo de jogo por escalão etário

JORNADAS SIMPLES

Escalão Duração dos Jogos Intervalos

INFANTIS 4x10’ 1’ + 10’ + 1’

INICIADOS 4x10´ 1´ + 10’ + 1’

JUVENIS 2x20’ 10’

JUNIORES 2x20’ 10’

(in regulamento específico de futsal 2013-2017)

Da leitura deste quadro, de realçar que nos escalões de infantis e iniciados, o jogo se apresenta dividido em quatro períodos de dez minutos cada. Entre o primeiro e o segundo período existirá um minuto de intervalo, tal como entre o terceiro e o quarto. Entre o segundo período e o terceiro o intervalo será de dez minutos, com a respetiva mudança do terreno de jogo. No que respeita aos escalões de juvenis e de juniores, o jogo é dividido em duas partes de vinte minutos cada, existindo entre as mesmas dez minutos de intervalo com a respetiva mudança do terreno de jogo.

De acordo com o referido regulamento a partir do escalão de juvenis existirá a possibilidade das equipas solicitarem um tempo técnico, de um minuto de duração, por cada parte do jogo. Durante esse tempo técnico os jogadores podem dirigir-se ao banco de suplentes da sua equipa e permanecer fora do retângulo de jogo, podendo efetuar substituições só depois do mesmo terminar. Se uma das equipas não solicitar esse tempo técnico na primeira parte, o mesmo não acumula para a segunda. Tal como exposto, nos escalões de infantis e iniciados não existirá direito a este tempo técnico.

O tempo de jogo será controlado pela mesa, sendo “tempo corrido”, isto é, sem paragens, à exceção de alguma razão que o justifique, tal como: lesões, esclarecimentos à mesa ou

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por parte da mesa, bola demasiado afastada do terreno de jogo ou outra que os árbitros assim o entendam.

3) Constituição das equipas

As equipas, durante as provas do DE, são constituídas:

(1) por 12 jogadores, no máximo e 10 no mínimo, os quais devem constar da ficha de jogo;

(2) por 1 professor responsável pelo grupo-equipa respetivo;

(3) por 1 aluno árbitro

Se por qualquer motivo alguma das equipas se apresentar com menos de dez alunos e mais de cinco, o jogo poderá ser realizado. Contudo a vitória será atribuída à equipa adversária, independentemente do resultado final.

Assim à equipa infratora poderá ser aplicada falta administrativa ou falta de comparência de acordo com a gravidade da infração: i) falta administrativa, a equipa compareceu ao jogo, mas não conseguiu cumprir o regulamento da prova, sendo-lhe averbada uma derrota por 10-0; ii) falta comparência, a equipa não realizou o jogo, sendo-lhe averbada uma derrota de 10-0.

4) Regulamento Técnico-Pedagógico Participação no jogo

Para os escalões de infantis e iniciados, todos os jogadores só poderão participar, no máximo, em três períodos do jogo, tendo, obrigatoriamente, que descansar um período. Desta forma, até ao final do terceiro período, todos os jogadores inscritos no boletim de jogo têm que realizar um período completo.

Durante os dois primeiros períodos não são permitidas quaisquer substituições, desde que não tenha existido lesões ou expulsões que obriguem a esse procedimento. No entanto, são permitidas alterações entre o primeiro e segundo período de jogo. No terceiro e quarto períodos, são permitidas todas e quaisquer alterações, desde que todos os jogadores tenham entretanto realizado um período completo. Nos escalões de juvenis e juniores não existem restrições a este nível.

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5) Classificação / Pontuação / Desempate Classificação e Pontuação

A classificação das equipas, durante todo o quadro competitivo do DE, será calculada de acordo como somatório dos pontos obtidos na totalidade dos jogos e tendo por base a seguinte informação:

(1) vitória – 3 pontos;

(2) empate – 2 pontos;

(3) derrota ou falta administrativa – 1 ponto;

(4) falta de comparência – 0 pontos.

A classificação será estabelecida por ordem decrescente, conforme norma das competições oficiais.

6) Formas de desempate

No final do quadro competitivo e caso se verifiquem situações de igualdade pontual entre duas ou mais equipas, os critérios de desempate são:

(1) maior pontuação nos jogos disputados entre as equipas envolvidas;

(2) maior diferença entre golos marcados e sofridos nos jogos entre as equipas envolvidas;

(3) maior diferença entre golos marcados e sofridos na totalidade dos jogos realizados entre todas as equipas;

(4) maior número de vitórias no total dos jogos realizados;

(5) maior número de golos marcados no total dos jogos realizados;

(6) menor número de golos sofridos no total dos jogos realizados;

(7) menor número de infrações disciplinares durante a competição, sendo contabilizadas aquelas que são atribuídas aos responsáveis pelas equipas; cartão amarelo, 1 ponto; cartão vermelho (acumulação), 5 pontos; cartão vermelho (direto), 15 pontos;

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(8) a equipa que tiver menor média de idades de entre os alunos inscritos no boletim de jogo;

(9) caso exista empate, mesmo depois de todos estes critérios, caberá à organização determinar qual a forma de desempate a ser considerada.

Se por força das circunstâncias os jogos não poderem acabar empatados, proceder-se-á à realização de um prolongamento de duas partes de cinco minutos, sem intervalo mas com troca de campo. Se no final do prolongamento ainda subsistir essa igualdade proceder-se-á à marcação de pontapés de grande penalidade (série de cinco), conforme as disposições da FPF para a modalidade de futsal.

7) Arbitragem

Todos os jogos do DE serão dirigidos por dois árbitros, um designado por cada equipa e dois oficiais de mesa.

Os professores dos grupos/equipa são os responsáveis pela formação desses mesmos elementos.

A mesa de secretariado tem, obrigatoriamente, que ser constituída, como meio auxiliar de organização do jogo, tendo os alunos funções específicas, como: um assegura o preenchimento do boletim de jogo, o outro é responsável pela marcação de pontos e função de cronometrista.

Os jogos do DE serão regulamentados mediante o regulamento oficial do futsal da responsabilidade da FPF, com as alterações previstas no regulamento específico da modalidade, devendo salientar-se: i) “no caso de expulsão, o jogador em causa não pode voltar a jogar no mesmo encontro nem sentar-se no banco de suplentes, podendo ser substituído imediatamente por um jogador suplente” regulamento específico (2013-2017, p.10). No caso de ser uma jornada concentrada, esse jogador não poderá realizar o segundo jogo da sua equipa; ii) a partir do escalão de iniciados existe alteração à lei das faltas acumuladas: escalão de iniciados, 3 faltas por período de jogo, sendo que a partir da quarta falta, inclusive, já resulta a marcação de um livre direto, 10 metros; escalão de juvenis e juniores, 4 faltas por cada uma das partes do jogo, sendo que a partir da quinta falta resulta a marcação de um livre direto, 10 metros.

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8) Casos omissos

De acordo com o regulamento específico de futsal (2013-2017, p.11), “os casos omissos e as dúvidas resultantes da aplicação do presente regulamento, de acordo com a fase organizacional (fase local, regional ou nacional), serão analisados e decididos, respetivamente, pela CLDE, pela CRDE, e pela direção geral da educação – divisão do desporto escolar”.

Apesar de insistentemente termos solicitado à CLDE Viseu os dados sobre o número de equipas e de alunos inscritos nos últimos três anos; a nível da CLDE, ao nível da DREC e ao nível nacional, os mesmos nunca foram cedidos por qualquer das entidades, motivo pelo qual não apresentamos os dados oficiais do DE.

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2.3. Organização do Jogo de Futsal

“O mais importante numa equipa é ter um determinado modelo, determinados princípios, conhecê-los bem, interpretá-los bem, independentemente de ser utilizado este ou aquele jogador. No fundo é aquilo a que chamo organização de jogo.” Mourinho (2002, cit. por Oliveira et al., 2006, p.37)

Quando falamos de organização de jogo, rapidamente nos vem à memória conceitos como: estratégia, tática, sistema de jogo ou esquemas de jogo. A utilização destes conceitos na abordagem a esta modalidade surge muitas vezes como forma de caraterizar o estilo de jogo. Desta forma parece apropriado realizar um pequeno preâmbulo sobre estes conceitos que tantas dúvidas podem gerar.

2.3.1. Tática, Estratégia, Sistema de Jogo e Esquemas de Jogo

De acordo com Mutti (2003, p.177), a tática “é uma forma racional e planeada de aplicar um sistema e seus vários esquemas, a fim de combinar o jogo de ataque e defesa, tirando proveito de todas as circunstâncias favoráveis da partida, com o objetivo de dominar o adversário e conseguir a vitória”, sendo parte integrante todas as ações que conduzem a determinada ação.

Estratégia é “um processo regulável, o conjunto de regras que asseguram uma decisão ótima em cada momento” (D. R. A. E., 1992, citado por Gallego & Garcia, 2006, p. 25).

Poder-se-á inferir destes conceitos que os dois se encontram em consonância, mas que têm zonas de atuação diferentes. Silva e Junior (2005) referem que estratégia e tática se distinguem devido, principalmente, ao facto da estratégia estar intimamente ligada à conceção, ao planeamento, por enquanto que tática está relacionado com a execução, com a forma como é realizada. Ainda a este propósito, Gayoso (1983, citado por Gallego & Garcia, 2006, p.26) afirma que “o conceito de tática devemos entendê-lo como a parte executiva da estratégia”, sendo que esta tem uma conotação teórica relacionada com o planeamento e elaboração de procedimentos gerais, ao contrário da tática, que põe em

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