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4 Apresentação e discussão dos resultados

4.4 Dimensão Desempenho/Formação

4.4.2 Formação de professores

Nesta categoria pretendemos obter informações sobre a formação académica na modalidade de futsal, a pertinência da formação para os professores orientadores de grupos/equipa de futsal e eventual participação em algum tipo de formação assim como mais-valias resultantes dessa mesma participação (ver quadro 24).

Quadro 24. categoria – Formação de professores

Subcategorias N

Formação académica em futsal Não 14

Sim 0

Outras formações específicas Não 6

Sim 17

Total 37

A primeira elação que se pode retirar é que nenhum dos entrevistados teve formação específica de futsal durante o seu percurso académico. De acordo com Pina (1994, p.viii) “a formação será um fator decisivo da mudança qualitativa que pretendemos e acreditamos ser possível atingir”. Desde essa data até aos dias de hoje já muito foi feito, melhoraram-se os currículos e colocaram-se novas modalidades no seio dos mesmos. No

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entanto, muitas vezes ainda estamos a viver o futsal como algo que deriva do futebol, o que é totalmente errado. Apesar da formação académica ser nula, todos os professores, à exceção de um concordam com a importância e a pertinência de todos os professores terem formação específica na modalidade que estão a desenvolver.

Considerando, assim, a modalidade de futsal recente e por isso ausente dos currículos académicos até ao início do século XXI, torna-se essencial a formação contínua dos professores orientadores dos grupos/equipa da modalidade.

Em sentido contrário, o professor P12 não considera pertinente ter formação específica na modalidade de futsal, considerando que o futebol e o futsal são componentes muito semelhantes e qualquer profissional de EF fará o transfere entre ambas. Já o professor P11 defende que futebol e futsal são completamente diferentes, quer do ponto de vista técnico quer do ponto de vista tático e físico, vincando as diferenças que existem entre um espaço de jogo de 100 metros de comprimento e um de 40, no máximo, tendo até este momento sido autodidata na programação do processo ensino aprendizagem do seu grupo/equipa, baseando as suas ações no que vê e no que vai pesquisando nos referenciais de informação.

Outro dos aspetos que apontam é a não existência de ações de formação creditadas e realizadas na escola ou em escola de proximidade. Na progressão de carreira dos professores, agora congelada pelo Ministério da Educação existe a obrigatoriedade de serem realizados dois créditos (50 horas) de formação creditada, sendo obrigatório parte de formação específica na área.

Uma vez que é uma modalidade dos quadros competitivos do desporto escolar era mais pertinente haver formação específica creditada como muitas para os muitos professores que trabalham com os grupos equipas de futsal. (…) com tanta formação que a gente vê de ténis de mesa, badminton, isso há tudo (…) era mais que pertinente começarem a existir algumas ações de formação de futsal. (P13)

Com o mesmo entendimento surge o professor P4, dizendo que é necessário mais formação e que os centros de formação deveriam ter esse fator em conta, realçando que se vêm muitas ações de formação de ténis, golfe, badminton e de futsal não se vê nenhuma, há já algum tempo.

É nesta perspetiva que deveriam surgir, também os protocolos entre associações de modalidade, o próprio DE e os centros de formação sediados nas escolas, como faz a de

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badminton, a de voleibol, a de andebol e a de golfe, só para dar alguns exemplos. A existência destes protocolos seria o estreitar de pontes entre o DE e o DF como forma de se estruturarem objetivos e estratégias para o desenvolvimento, ainda maior, da modalidade não ficando à espera que os “frutos lhe caiam do céu”. Tal estreitamento de relações poderia servir para a conciliação dos quadros competitivos da modalidade nas várias fases em que o mesmo decorre, sendo uma vantagem para os dois sistemas, o educativo e o competitivo (DE e DF).

A relevância dos centros de formação aparece quando Tolves, Dlevati e Sawitzki (2014, p.81) referem que “é imprescindível a constante atualização por parte dos académicos, que devem sempre aliar a teoria à prática e considerar o planejamento como forma de sustentação em uma intervenção pedagógica na escola”.

Quando confrontados com a pergunta, se já tinham tido alguma formação específica de futsal durante o seu percurso enquanto professores, cinco dos catorze informantes responderam negativamente, apontando o dedo, mais uma vez aos centros de formação das escolas.

Ou ando desatento ou não tenho visto. (P6)

Realmente acho estranho que uma modalidade que está em franco crescimento (…) os miúdos gostam (…) passam mais tempo em contacto com a bola (…) eu acho estranho não haver mais formação. (P14)

Os restantes nove professores admitiram ter participado em ações de futsal, sendo ações de formação, congressos ou cursos de treinador de futebol. Em relação a este último, cursos de treinador de futebol, o professor P4 refere que, quando tirou o curso de treinador, teve um módulo pequeno sobre futsal, tendo retirado algumas informações que permitiram uma melhoria dos processos da modalidade de futsal. De referir que os cursos de treinador de futsal, ministrados pelas associações ou federações são extremamente dispendiosos quer do ponto de vista monetário quer do ponto de vista da sua morosidade, pelo que não parece uma boa solução para os professores que se encontram a orientar grupos equipas de futsal no seio do DE.

De uma forma geral, todos os professores se manifestaram a favor de, num futuro próximo, frequentarem ações de formação específicas de futsal, como forma de

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aprimorarem os seus conhecimentos, melhorando a sua intervenção junto dos alunos. Realçam também o facto de muitos alunos já praticarem a modalidade ao nível federado.

Para conseguir nessa ação ter algum feedback que me ajudasse também a dar esse feedback depois aos miúdos em situação de treino. (P1)

Melhorar o ensino aprendizagem da modalidade e melhorar situações que eu faço menos bem, porque eu mesmo formação de futsal não posso dizer que tenho (…) fui praticante e é um bocado por aí que eu tiro as coisa. (P9)

No que concerne à formação, somos da opinião que a maior parte dos professores que orientam grupos/equipa de futsal estariam predispostos a realizar ações de formação específicas de futsal, se as mesmas decorressem no âmbito dos centros de formação das escolas, podendo através das mesmas obter formação e os créditos necessários para o preenchimento do ciclo avaliativo de cada um dos professores.