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4 Apresentação e discussão dos resultados

4.4 Dimensão Desempenho/Formação

4.4.1 Avaliação do processo ensino aprendizagem

Respeitante a este assunto pretendeu-se perceber qual a forma utilizada pelos diferentes professores na realização da avaliação do processo ensino aprendizagem, ocorrida durante o ano letivo e quais os critérios que utilizam para a efetivação da mesma (ver quadro 23).

Quadro 23. categoria – Avaliação do processo ensino aprendizagem

Subcategorias N

Desenvolvimento integral 7 Permanência dos alunos no grupo 12

Resultados 9

Comportamento tático 7 Comportamento técnico 7

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Como facilmente podemos constatar, os professores informantes apresentam várias subcategorias no que concerne à forma como avaliam o seu desempenho, no que concerne ao seu processo ensino aprendizagem, apontando 5 formas de o fazer.

Há outros aspetos que são mais importantes, do que o desportivo. O social, há muitos alunos (…) que foi a primeira vez que saíram para outra escola, para um convívio com colegas de outra escola para um jogo de futsal. Tudo são vivências completamente diferentes daquelas que eles alguma vez tiveram. O convívio com outros, o aprender a ganhar, a aprender a perder, o aceitar a derrota e a vitória, são tudo aspetos que acho que são muito mais importantes do que o resultado. (P7) A forma como eu faço é no ano a seguir, no dia 1 de Setembro, se estiver na escola, se não estiver tento saber através dos colegas que lá estão, se os miúdos voltaram a aparecer ou não. Se voltaram a aparecer, o meu trabalho está feito. A minha avaliação está feita. Se não apareceram alguma coisa está mal. (P5)

Os resultados acabam por ter alguma importância, quanto mais não seja do ponto de vista motivacional dos miúdos e eu consigo perceber se a equipa foi mais competitiva ou menos competitiva. (P10)

Estamos a falar de crescimento grupal, (…) estamos a falar de crescimento da equipa e as ações técnico táticas também acabam por estar presentes. (P2)

É feita de forma individual, ver a evolução deles ao nível dos gestos técnicos, a evolução na situação de jogo, é mais individual (…) feita de forma empírica, não é objetiva. (P6)

Não existindo na pesquisa bibliográfica registos importantes sobre como fazer uma avaliação do processo ensino aprendizagem no DE, analisaremos as afirmações dos vários professores nas várias subcategorias registadas para que possamos ficar a conhecer, mais em pormenor, a forma como os mesmos realizam a sua avaliação.

Cinco professores de entre os catorze participantes no estudo realçam os aspetos relacionados com o desenvolvimento integral dos alunos como fator decisivo na avaliação do processo ensino aprendizagem, não está em causa os resultados, os comportamentos técnicos e táticos que cada um adquiriu, o que importa para estes professores são as competências inerentes ao aspeto educativo e formativo dos jovens, tão apregoado pelo DE.

O desporto escolar devia ter um papel mais lúdico e mais social, dá a possibilidade a miúdos que os pais não têm possibilidades de os pôr num clube ou disponibilidade de tempo para os levar aos jogos. (P11)

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No mesmo seguimento o professor P5 considera que não interessa se a equipa é a melhor ou a pior, o que lhe importa é se os alunos se comportaram como deveriam, se foram dignos, se representaram da melhor forma a escola, se o espírito de grupo esteve sempre presente e se foi reforçado. Refere, ainda, que tem no seu seio vários problemas comportamentais na escola e que esses alunos frequentam o DE, assim se no final do ano esses problemas tiverem diminuído, se estiver melhor integrado na escola, se não for necessário os serviços de psicologia e de tutoria, o DE foi um benefício para a escola e para eles.

Outra das variáveis, enunciada pelos diferentes professores foi o aspeto da permanência dos alunos no grupo equipa de futsal no ano seguinte, este aspeto foi focado por 9 informantes que o consideram importante.

O primeiro critério que eu utilizo é se os treinos estão a ser motivantes (…) no fundo é o número de alunos que tenho por treino, vai-se mantendo, vai aumentando ou diminuindo? Claro que se diminuir alguma coisa está a funcionar mal. E felizmente até agora tenho sempre conseguido manter ou aumentar (…) acho que é o indicador mais importante. (P9)

Sabendo que os processos de motivação são essenciais para a preservação de qualquer grupo e para a manutenção dos alunos nos grupos/equipa, torna-se claro que o recurso – avaliação do processo ensino aprendizagem através do aspeto motivacional - nos leva a considerar que mais do que a aprendizagem dos princípios específicos do jogo, torna-se primordial os alunos gostarem do que fazem, identificando-o como prazeroso. Para o professor P13 o principal é se a quantidade dos alunos se mantém, se vão participando ao longo da semana, do mês e do ano. Este critério dita a qualidade do treino e essa qualidade do treino dita os níveis de motivação dos atletas para com a modalidade de futsal, sendo que um bom resultado neste critério o satisfaz plenamente.

No que concerne aos resultados e apesar dos mesmos serem referidos como a peça menos importante de todo este puzzle, os mesmos são evidenciados por nove professores.

Não vou estar a dizer que os resultados não interessam. Interessam, mas não dou muita importância. (P11)

Os resultados se calhar dão-nos uma base mais certa do que é a evolução, se uma equipa que inicialmente não ganha, se depois começa a ganhar, é porque os resultados são mais viáveis. (P1)

Sempre que existe uma fonte competitiva, um campeonato é normal e é uma tendência que se olhe aos resultados obtidos. Nesta fase de aprendizagem, os resultados são o menos

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importante, são quanto muito uma fonte motivadora para continuar, embora não assegurem o seu desenvolvimento na modalidade. Se considerarmos que esta etapa de formação é para adquirir as competências técnicas e táticas de base para a modalidade de futsal e que o escalão de infantis, no DE engloba quatro escalões do DF (sub-10, sub-11, sub-12 e sub-13) torna-se claro que os alunos mais novos vão apresentar uma dificuldade acrescida na obtenção de resultados e que a qualidade de jogo até pode ser melhor, mas o fator físico nestas circunstâncias torna-se decisivo.

O comportamento tático foi outro dos fatores referidos pelos professores como tido em conta na avaliação final do ano letivo e por conseguinte do processo ensino aprendizagem da modalidade de futsal no seio do DE. Este fator foi enumerado por sete professores que o consideram peça essencial.

A nível tático é perfeitamente observável. (P9)

O professor P3 aponta a qualidade e fluidez do jogo como fatores observáveis na evolução do grupo/equipa, fazendo referência ao entrosamento existente entre os diferentes intervenientes.

Apesar de serem muitos os professores a vincarem o aspeto dos comportamentos táticos, nenhum realça o cumprimento dos princípios de jogo tidos como observáveis nesta fase e descritos aquando da revisão bibliográfica, até, porque muitos dos professores intervenientes referiram a esse respeito que não davam importância à introdução de qualquer princípio de jogo nesta etapa de formação.

Em sentido contrário Costa, Garganta, Greco e Mesquita (2009, p.667) afirmam que “o conhecimento sobre os princípios táticos pode auxiliar o processo de avaliação tática do desempenho dos jogadores”. Desta forma, como não existe introdução concreta dos princípios de jogo é normal que a sua avaliação seja empírica e incida sobre a fluidez do jogo e a ocupação racional do espaço.

Por fim, foi considerado, como fator avaliativo os comportamentos técnicos adquiridos pelos jogadores, este um fator mais simples e objetivo, pois pode ser quantificado e qualificado.

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No entanto, os diferentes professores (4) não fazem alusão à melhoria dos gestos técnicos, apenas apontam como fator o desenvolvimento do próprio jogo, deixando em aberto várias variáveis, táticas e técnicas entre outras.

Somos da opinião que a avaliação realizada pelos professores que constituem a amostra deste estudo é mais baseada nos aspetos educativos do que nos aspetos competitivos ou inerentes à própria modalidade. Esta forma de realizarem a avaliação coincide com a manifestação das preocupações que cada professor tinha quando recebia um grupo equipa de futsal no DE, tendo sido referidas subcategorias de índole individual e educativo em detrimento das competências competitivas.