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Consumo de bebidas alcoólicas em estudantes do curso de Licenciatura em Enfermagem

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Consumo de Bebidas Alcoólicas em Estudantes do

Curso de Licenciatura em Enfermagem

Dissertação de Mestrado em Enfermagem Comunitária

Leila Sofia Alves Lapa

Orientadora: Professora Doutora Maria Cristina Quintas Antunes Co-orientadora: Mestre Isabel Maria Antunes Rodrigues da Costa Barroso

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Consumo de Bebidas Alcoólicas em Estudantes do

Curso de Licenciatura em Enfermagem

Dissertação de Mestrado em Enfermagem Comunitária

Leila Sofia Alves Lapa

Orientadora: Professora Doutora Maria Cristina Quintas Antunes Co-orientadora: Mestre Isabel Maria Antunes Rodrigues da Costa Barroso

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Este trabalho foi expressamente elaborado como dissertação original para efeito de obtenção do grau de Mestre em Enfermagem Comunitária, sendo apresentada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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“A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos”.

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Dedico este trabalho aos meus pais, por toda a compreensão e carinho.

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A

GRADECIMENTOS

Ao longo do presente trabalho de investigação, várias foram as pessoas que contribuíram com o seu apoio, dedicação e compreensão, pelo que não posso deixar de lhes expressar a minha gratidão. Uma palavra de agradecimento à Professora Doutora Cristina Antunes, pelo conhecimento, experiência e disponibilidade partilhados.

Agradeço à Professora Isabel Barroso, pelas sugestões, sabedoria transmitida no aconselhamento e reflexão, empenhamento, compreensão e paciência que tornaram possível a concretização deste trabalho.

Um agradecimento muito especial aos estudantes que participaram no estudo. Por fim, aos meus pais e amigos, por toda a compreensão demonstrada.

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R

ESUMO

Introdução: O consumo de álcool pelos jovens do ensino superior tornou-se preocupante pelas situações de consumo excessivo nas festas académicas. Também, os estudantes de enfermagem consomem álcool em excesso apesar de conhecerem os malefícios para a saúde. No contexto académico, a predominância de um consumo de risco pode evoluir para consumos nocivos, o que justifica o estudo do consumo desta substância em adolescentes e jovens adultos. Assim, com este estudo pretendemos responder à questão de investigação “Qual o padrão de consumo habitual de bebidas alcoólicas dos estudantes de uma escola superior de enfermagem do norte do país?”

Objetivos: Para o desenvolvimento deste estudo foram definidos os seguintes objetivos: i) caracterizar o comportamento de consumo habitual de bebidas alcoólicas dos estudantes de uma escola superior de enfermagem do norte do país; ii) determinar a prevalência do consumo habitual de bebidas alcoólicas nessa população; iii) identificar os comportamentos de risco dos estudantes associados ao consumo habitual de bebidas alcoólicas; iv) relacionar o consumo habitual de bebidas alcoólicas com o género, ano do curso no qual está inscrito e episódios de embriaguez durante a vida.

Metodologia: Elaborou-se um questionário como instrumento de recolha de dados, onde constam as questões para caracterização sociodemográfica e sobre o comportamento de consumo de bebidas alcoólicas. Realizou-se um estudo transversal, descritivo e correlacional. Resultados: A amostra foi constituída por 226 estudantes, dos quais 219 (82,3%) eram do género feminino e 40 (17,7%) do género masculino. Constatou-se que o consumo de bebidas alcoólicas foi elevado, sendo que 68,9% dos estudantes assumiu consumir habitualmente bebidas alcoólicas. Verificou-se, também, que a maioria (96,9%) já consumiu álcool em alguma ocasião e que o fez na companhia dos amigos (99,1%), só 7 estudantes (3,1%) referiram nunca haver consumido.

A maioria (67,3%) assumiu já alguma vez se ter embriagado, sendo 18 anos a idade mais referida para a primeira vez. A experimentação ocorreu em idades mais precoces nos estudantes do género masculino e corelacionou-se significativamente com consumo habitual. Salienta-se, ainda, que 27,2% dos estudantes que afirmaram ter consumido mais de três bebidas alcoólicas numa única ocasião, apresentavam consumo de risco, podendo resultar dano físico ou psíquico, se, temporalmente, este consumo persistir. Adotam comportamentos de risco após consumo de bebidas alcoólicas como também já foram conduzidos por alguém alcoolizado (46,2%), já conduziram sob o efeito do álcool (14,3%), sofreram lesões relacionadas com acidentes, agressões e quedas (6,2%), e tiveram relações sexuais desprotegidas (2,2%). A maioria dos estudantes consome bebidas alcoólicas em festas com amigos/colegas e festas académicas, sendo que os locais que se evidenciaram foram bares e discotecas e o motivo mais reportado foi o convívio com os amigos.

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Conclusões: Tendo em conta os resultados obtidos no estudo, conclui-se que os estudantes, embora conhecedores dos efeitos prejudiciais para a saúde que o consumo de bebidas alcoólicas pode acarretar, mantêm o seu consumo ao longo do curso. É preocupante o elevado número de estudantes que revela ter experienciado acontecimentos de vida adversos, direta ou indiretamente relacionados com o consumo excessivo. Verificou-se que, apesar de terem consciência do risco que correm, assumem conduzir sob a influência de álcool, já terem sido conduzidos por alguém alcoolizado, bem como admitiram relações sexuais desprotegidas após o consumo de bebidas alcoólicas.

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A

BSTRACT

Introduction: The consumption of alcohol by young people in higher education has become a cause of concern because of excessive consumption situationsduring academic festivities. Also, the nursing students consume alcohol in excess despite knowing the harm to their health. In an academic context the predominance of a high risk consumption may evolve to a more harmful consumption which justifies the study of consumption of this substance in adolescents and young adults. Therefore, in this study we wish to answer to the question “What is the pattern of habitual consumption of alcoholic beverages by students of a college of nursing in the north of the country?”

Objectives: For the development of this study were defined the following objectives: (i) characterize the behavior of habitual consumption of alcoholic beverages by students of a college of nursing in the north of the country; (ii) to determine the prevalence of habitual consumption of alcoholic beverages in this population; (iii) identify the risk behaviors of students associated with the regular consumption of alcoholic beverages; (iv) relate the habitual consumption of alcoholic beverages with the gender, year of the course in which you are enrolled and episodes of drunkenness during life.

Methods: a questionnaire was drawn as an instrument of data collection, where were the issues for sociodemographic characteristics and the behavior of consumption of alcoholic beverages. This is a descriptive and correlational study.

Results: The sample was composed of 226 students of which 219 (82.3%) female and 40 (17.7%) were male. It was found that consumption of alcoholic beverages was high, with 68.9% of the students usually consume alcoholic beverages. It was also found that the vast majority (96.9%) already consumed alcohol at any time and that they consume in the company of friends (99.1%), only seven students (3.1%) reported never consumed. The majority 67.3% already has ever been drunk being 18 years old more referred for the first time. The experimentation occurred at early ages in male students and correlated significantly with regular consumption. It should be noted, also, that 27.2% of the students said they had consumed more than three alcoholic drinks on a single occasion, showed consumption of risk, which could cause physical damage or mental, if, temporally, this consumption is still present. They adopt risk behaviors, after the consumption of alcoholic beverages as they have already been driven by someone drunk (46.2%),14.3% have already driven under the effect of alcohol, injuries related to accidents, assaults, falls (6.2%) and had unprotected sexual intercourse (2.2%). Conclusions: Taking into account the results obtained in this study, it was concluded that the students, although knowledgeable of harmful effects on health that the consumption of alcoholic beverages can cause, they still keep consumption throughout the course. It is worrying that the high number of students who reveals that he has experienced life events adverse, directly or indirectly related with the

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excessive consumption. It was found that in spite of being aware of the risks, are driving under the influence of alcohol, have been driven by someone drunk, as well as admitted sexual intercourse unprotected after the consumption of alcoholic beverages.

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Í

NDICE PENSAMENTO ... v DEDICATÓRIA ... vii AGRADECIMENTO ... ix RESUMO ... xi ABSTRACT ... xiii

ÍNDICE DE TABELAS ... xvii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ... xix

INTRODUÇÃO ... 1

PARTE I–ENQUADRAMENTO TEÓRICO ... 7

1. ÁLCOOL E SAÚDE ... 7

1.1. O consumo de álcool ... 7

1.2. O consumo de álcool como um problema de saúde ... 11

1.3. Padrões de consumo de álcool ... 13

PARTE II–METODOLOGIA ... 19

1.METODOLOGIA ... 19

1.1. População e amostra em estudo ... 20

1.2. Definição das variáveis... 20

1.3. Instrumento de recolha de dados ... 21

1.4. Procedimentos ... 22

1.5. Procedimentos estatísticos ... 22

1.6. Considerações éticas ... 23

2.CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ... 23

PARTE III–APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 25

1.APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ... 25

2.DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 32

CONCLUSÕES ... 41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 45

ANEXOS ... 55

(18)

Anexo B - Questionário ... 61

Anexo C - Aprovação pela Comissão de Ética da UTAD ... 65

Anexo D - Distribuição das frequências absolutas e relativas dos estudantes por idades ... 69

Anexo E - Distribuição das frequências absolutas e relativas da escolaridade dos pais ... 73

Anexo F - Distribuição das frequências absolutas e relativas do estado civil dos estudantes ... 77

Anexo G - Distribuição das frequências absolutas e relativas na resposta à questão: “Durante o ano letivo vive sozinho(a)?” ... 81

Anexo H - Distribuição das frequências absolutas e relativas na resposta à questão: “Recebe bolsa de estudos?” ... 85

Anexo I - Distribuição das frequências absolutas e relativas na resposta à questão: “Que quantidade de bebida alcoólica costuma ingerir de cada vez que consome?” ... 89

Anexo J - Teste do Qui-Quadrado relativamente do consumo habitual de bebidas alcoólicas em função do género dos estudantes ... 93

Anexo K - Teste do Qui-Quadrado relativamente do consumo habitual de bebidas alcoólicas em função do ano de curso em que estavam inscritos os estudantes ... 97

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Í

NDICE DE

T

ABELAS

Tabela 1. Alcoolemia e efeito no organismo ... 10 Tabela 2. Distribuição das frequências absolutas e relativas na resposta à questão “Já alguma

vez experimentou consumir bebidas alcoólicas?” ... 25

Tabela 3. Distribuição das frequências absolutas e relativas na resposta à questão “Que idade

tinha quando experimentou consumir bebidas alcoólicas pela primeira vez?” ... 26

Tabela 4. Estatísticas descritivas da idade de experimentação de bebidas alcoólicas segundo o

género ... 26

Tabela 5.Distribuição das frequências absolutas na resposta à questão: “Costuma consumir

bebidas alcoólicas habitualmente?” ... 27

Tabela 6.Distribuição das frequências absolutas e relativas das situações em que os estudantes

costumam consumir bebidas alcoólicas... 27

Tabela 7. Distribuição das frequências absolutas e relativas na resposta à questão “Nos últimos

trinta dias com que frequência consumiu bebidas alcoólicas?” ... 27

Tabela 8.Distribuição das frequências absolutas e relativas relativamente à distribuição de

idades em que se embriagaram pela primeira vez ... 28

Tabela 9. Distribuição das frequências absolutas e relativas na resposta à questão “Que tipo de

bebidas alcoólicas costuma consumir?” ... 29

Tabela 10. Distribuição das frequências absolutas e relativas na resposta à questão “Onde

costuma consumir bebidas alcoólicas?” ... 29

Tabela 11. Distribuição das frequências absolutas e relativas na resposta à questão “Em

companhia de quem costuma consumir bebidas alcoólicas?” ... 29

Tabela 12.Distribuição das frequências absolutas e relativas relativamente à questão: “Quando

consome bebidas alcoólicas costuma fazê-lo” ... 30

Tabela 13.Distribuição das frequências absolutas e relativas relativamente à questão “ Qual o

motivo que o leva a consumir bebidas alcoólicas?” ... 30

Tabela 14. Comparação das proporções de consumo habitual de bebidas alcoólicas e o primeiro

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(21)

L

ISTA DE

A

BREVIATURAS E

S

IGLAS

cit. - citado

CLE - Curso de Licenciatura em Enfermagem cols. - colaboradores

DGS - Direção-Geral da Saúde

ESPAD - European School Survey on Alcohol and other Drugs HBSC - Health Behaviour in School-aged Children

IDT - Instituto da Droga e Toxicodependência OMS - Organização Mundial de Saúde p. - página

PNPCT - Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo

PNRCAD - Plano Nacional para a Redução dos Comportamentos Aditivos e dasDependências PNRPLA - Plano Nacional para a Redução dos Problemas Ligados ao Álcool

SICAD - Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências SPSS- Statistical Package for the Social Sciences

UBP - Unidade de Bebida Padrão

UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro WDT - World Drink Trends

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(23)

O álcool é uma das substâncias mais consumidas a nível mundial com consequências graves para a saúde pública, sendo c

os estilos de vida (Palha, 2011).

consumo de álcool na Europa como uma situação problema, atingindo o dobro da média mundial. É geralmente caracterizado como um fenómeno transnacional, multifacetado, cuja dimensão dos problemas que acarreta

risco por morte e invalidez no adulto e o maior fator de risco para os jovens (WorldHealthOrganization [WHO]

O World Drink Trends (2005 consumo de álcool a nível mundial, de

de álcool também constituem um problema de saúde pública. Em Portugal, o

substância legal e comercializada, fazendo parte dos hábitos de consumo da maior população, associado a acontecimentos sociais, a momentos comemorativos e recreativos.

Os problemas ligados ao consumo de álcool adquiriram relevância em termos sociais pelas sérias implicações para a saúde, custos económicos e financeiros que estes

como pela inegável evidência resultante da morbilidade e mortalidade direta ou indiretamente associada ao consumo de álcool (

A evidência científica mostra que quanto mais facilmente se desenvolve

publicidade e os ídolos da juventude fomentam fortemente o hábito de beber, podendo este comportamento instalar-se de forma

homem adulto, o fígado tem capacidade para metabolizar, cerca de três doses de álcool por dia, enquanto na mulher adulta, é de cerca de duas doses. Porém, há um certo consenso comunidade científica ligado

necessariamente prejudicial, no entanto

I

NTRODUÇÃO

O álcool é uma das substâncias mais consumidas a nível mundial com consequências graves para a saúde pública, sendo considerado o principal determinante da saúde relacionado com (Palha, 2011). A Organização Mundial de Saúde (OMS) apresenta o consumo de álcool na Europa como uma situação problema, atingindo o dobro da média mundial. É geralmente caracterizado como um fenómeno transnacional, multifacetado, cuja dimensão dos problemas que acarreta é visível,dado que constitui o segundo maior fator de risco por morte e invalidez no adulto e o maior fator de risco para os jovens

WorldHealthOrganization [WHO], 2010a).

2005), posicionava Portugal no oitavo lugar relativamente ao sumo de álcool a nível mundial, de modo que os problemas ligados ao consumo excessivo

em um problema de saúde pública. Em Portugal, o

substância legal e comercializada, fazendo parte dos hábitos de consumo da maior população, associado a acontecimentos sociais, a momentos comemorativos e recreativos.

Os problemas ligados ao consumo de álcool adquiriram relevância em termos sociais pelas sérias implicações para a saúde, custos económicos e financeiros que estes

como pela inegável evidência resultante da morbilidade e mortalidade direta ou indiretamente associada ao consumo de álcool (WHO, 2010b).

fica mostra que quanto mais precocemente é iniciado o consumo de álcool, mais facilmente se desenvolvem estados de dependência. É comumente referido que a publicidade e os ídolos da juventude fomentam fortemente o hábito de beber, podendo este se de forma subtil, prosseguindo para estados de dependência. No homem adulto, o fígado tem capacidade para metabolizar, cerca de três doses de álcool por

na mulher adulta, é de cerca de duas doses. Porém, há um certo consenso à saúde pública de que o consumo moderado

necessariamente prejudicial, no entanto, os malefícios do consumo em doses abusivas estão O álcool é uma das substâncias mais consumidas a nível mundial com consequências graves

onsiderado o principal determinante da saúde relacionado com A Organização Mundial de Saúde (OMS) apresenta o consumo de álcool na Europa como uma situação problema, atingindo o dobro da média mundial. É geralmente caracterizado como um fenómeno transnacional, multifacetado, cuja segundo maior fator de risco por morte e invalidez no adulto e o maior fator de risco para os jovens

, posicionava Portugal no oitavo lugar relativamente ao modo que os problemas ligados ao consumo excessivo em um problema de saúde pública. Em Portugal, o álcool é uma substância legal e comercializada, fazendo parte dos hábitos de consumo da maioria da população, associado a acontecimentos sociais, a momentos comemorativos e recreativos.

Os problemas ligados ao consumo de álcool adquiriram relevância em termos sociais pelas sérias implicações para a saúde, custos económicos e financeiros que estes comportam, bem como pela inegável evidência resultante da morbilidade e mortalidade direta ou indiretamente

mais precocemente é iniciado o consumo de álcool, estados de dependência. É comumente referido que a publicidade e os ídolos da juventude fomentam fortemente o hábito de beber, podendo este prosseguindo para estados de dependência. No homem adulto, o fígado tem capacidade para metabolizar, cerca de três doses de álcool por na mulher adulta, é de cerca de duas doses. Porém, há um certo consenso na à saúde pública de que o consumo moderado de álcool não é os malefícios do consumo em doses abusivas estão

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bem documentados, constituindo um dos comportamentos prejudiciais para a saúde, destacando-se por ser um dos mais prevalentes na população, inclusivamente nos jovens (Nunes, 2012). Com efeito, em 2009, a taxa de mortalidade padronizada por doenças atribuíveis ao álcool antes dos 65 anos em Portugal Continental foi de 12,9%000, cerca de seis vezes superior no sexo masculino, comparativamente com o feminino (Ferrinho, Simões, Machado & George, 2012).

Os estudos científicos demonstram que o consumo de álcool na adolescência conduz a um maior risco de dependência e a uma maior probabilidade de sofrer consequências do consumo excessivo de álcool na idade adulta (Dawson, Goldstein, Chou, Ruan& Grant, 2008). E embora o início do consumo esteja associado à adolescência, o sistema de justificação e racionalização das práticas de alcoolização ocorre na juventude (Freyssinet-Dominjon& Wagner, 2006). Segundo Arnett (2000), a adultez emergente é o período de vida entre o fim da adolescência e o início da idade adulta, compreendida entre os 18 e os 25 anos de idade, que se caracteriza por uma relativa independência face aos papéis sociais, pois embora ultrapassada a dependência subjacente à adolescência, ainda não foram completamente assumidas as responsabilidades que caracterizam a idade adulta. É uma fase de alguma indefinição face ao futuro, em que os indivíduos exploram várias possibilidades e diferentes rumos a tomar na vida. Os estudantes do ensino superior encontram-se inseridos nesta faixa etária, ficando muitos deles fora da vigilância dos pais, pelo que estão maioritariamente expostos a comportamentos de consumos excessivos de bebidas alcoólicas, procurando desta forma a definição da sua identidade que, muitas vezes, se vivencia em rituais académicos.

O Plano Nacional para a Redução dos Problemas Ligados ao Álcool 2010-2012 (Instituto da Droga e Toxicodependência [IDT], 2010) salienta a banalização do consumo de álcool e novos padrões de consumo. Generalizou-se o consumo em locais e ambientes de diversão, especialmente noturnos, caracterizado pela ingestão de grandes quantidades de álcool num curto espaço de tempo com o objetivo de causar embriaguez, supostamente facilitadora de desinibição social e de aproximações sexuais, com sérias consequências do ponto de vista de saúde pública. Efetivamente, o contexto académico é social e culturalmente problemático pelo comportamento incentivado e tolerado do consumo de álcool pelos estudantes nas tradicionais festas, sinónimo de cultura académica que serve de suporte às relações e às interações sociais. Esta tolerância é extensiva a outros contextos de lazer e familiar, potenciando comportamentos de risco (Ferreira, 2008). Alguns estudos têm investigado os consumos dos

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estudantes do ensino superior (Barroso, 2003; Batista, 2004;Calvário, Lizardo, Loureiro& Santos, 1997; Grácio,2009; Leite, Silva, Brêda, Frazão& Pinto, 1998; Rocha, 2011). Mais preocupante são os resultados que revelam que o consumo de álcool é a droga lícita mais utilizada em contexto recreativo académico, com mais de metade dos estudantes universitários a referir que já tiveram episódios de consumo excessivo e experienciado acontecimentos de vida adversos (Li,BarreraJr, &Fisher, 2002), maior probabilidade de desempenho académico insatisfatório, envolvimento em relações sexuais desprotegidas e indesejadas, problemas com a autoridade, violência entre pares e acidentes causados pela condução sob o efeito do álcool (Fonseca, 2010).

A magnitude deste problema é também evidenciada por Rocha (2011), ao constatar o consumo abusivo de bebidas alcoólicas em estudantes do ensino superior,pois cerca de 40% dos estudantes inicia consumos abusivos de bebidas alcoólicas neste período de vida e cerca de 1.700 estudantes universitários morrem na sequência de abuso de álcool, principalmente devido a acidentes de viação.

Os dispositivos legais publicados têm traduzido a preocupação com o consumo de bebidas alcoólicas, nomeadamente o Decreto-Lei nº 50/2013, de 16 de abril, que introduziu alterações ao Decreto-Lei nº 9/2002, de 24 de janeiro, que estabelece o regime de disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos e em locais abertos ao público e manifesta preocupação com o padrão de consumo nocivo, que surge caracterizado nos mais recentes estudos como consumos intensivos e irregulares (bingedrinking), especialmente nos jovens.

Ampliar a abordagem desta problemática em estudantes do ensino superior enquadra-se no âmbito das competências dos enfermeiros especialistas em enfermagem comunitária, na medida em que estes podem tomar como foco de atenção diferentes settings, de entre os quais o contexto do ensino superior, conforme sublinham diferentes autores (Carpenteretal., 2007; Glindemann, Wiegand&Geller, 2007; Wechsler& Nelson, 2008), de modo a delinear de forma mais consistente projetos de intervenção. Acrescenta Grácio (2009) que a pertinência desta problemática se reveste de grande importância, na medida em que os estudantes se encontram numa fase de vida em que pretendem construir processos de autonomia nas suas decisões e escolhas.

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Reconhecendo o impacto a nível da saúde pública do consumo de bebidas alcoólicas, situamos como problema de investigação o consumo de bebidas alcoólicas e comportamentos de risco associados, de modo particular entre os estudantes que frequentam uma escola do ensino superior do norte de Portugal.

Com este estudo pretende-se contribuir para um conhecimento mais aprofundado sobre o consumo de bebidas alcoólicas em estudantes de enfermagem, e os resultados podem ajudar a conceber intervenções direcionadas para a prevenção de problemas ligados ao consumo de bebidas alcoólicas e para o planeamento de projetos de intervenção que, apoiados em processos de capacitação, visem a promoção de estilos de vida saudáveis e o exercício de uma cidadania participativa.

Definimos como objetivos específicos: i) Caracterizar o comportamento de consumo de bebidas alcoólicas nos estudantes de uma escola superior de enfermagem do norte do país;ii) Determinar a prevalência do consumo de bebidas alcoólicas nos estudantes de uma escola superior de enfermagem do norte do país; iii) Identificar os comportamentos de risco dos estudantes associados ao consumo de bebidas alcoólicas nos estudantes de uma escola superior de enfermagem do norte do país; iv) Relacionar o consumo de bebidas alcoólicas com o género, ano do curso no qual está inscrito e episódio de embriaguez durante a vida, nos estudantes de uma escola superior de enfermagem do norte do país.

Atendendo aos objetivos definidos, o presente estudo insere-se num paradigma quantitativo com características de um estudo descritivo e correlacional.

De modo a facilitar a compreensão, a estrutura deste trabalho de investigação, foi organizadaem três partes: a primeira integra a revisão teórica sobre a problemática em análise, a segunda o enquadramento metodológico e a terceira parte diz respeito à apresentação e discussão dos resultados e respetivas conclusões do estudo. Quanto à primeira parte, enquadra a contextualização do consumo de álcool e as respostas normativas e institucionais quer a nível nacional, quer europeu. Procedemos, ainda, a uma revisão da literatura com o objetivo de contextualizar o consumo de bebidas alcoólicas como um problema de saúde pública, indicadores de consumo a nível nacional e internacional, assim como fatores associados ao consumo de álcool. Nesta parte privilegia-se, ainda, a revisão da literatura sobre o consumo de álcool em estudantes do ensino superior. A segunda parte diz respeito ao enquadramento metodológico, onde se expõe as opções metodológicas, os objetivos do estudo, a descrição do

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instrumento de recolha de dados e a caracterização da amostra. Na terceira parte, apresenta-se os resultados e a respetiva discussão, seguindo-se as principais conclusões.

(28)
(29)

E

NQUADRAMENTO

1.

Á

LCOOL E

S

AÚDE

Neste capítulo, procedemos a

e as repercussões na saúde de modo a estabelecer uma sistematização concetual da área do conhecimento do objeto de estudo. O consumo de álcool ou de bebidas alcoólicas pelos jovens do ensino superior tende a ser associado

referencial cultural. É um fenómeno de elevada magnitude, dada a aceitação social do consumo e a fácil acessibilidade, logo é um problema de origem multifatorial que tem impacto social e na saúde pela escassa perceção

conseguinte, exige uma análise de diferentes perspetivas de modo a fornecer um conjunto organizado de informação para enquadrar a investigação.

literatura que assenta no consumo de álcool

saúde e nos padrões de consumo de bebidas alcoólicas.

1.1. O consumo de álcool

Ao longo dos tempos, o consumo

considerado uma substância de carácter quase mágico, com um papel de celebração, de ritualização, de aproximação e prazer (

culto de Dionísio, deus do vinho e da vinha e

culto de Baco, deus da fertilidade e do delírio místico (Graves,1990). Também está associado à simbologia da religião católica, sendo difundido pelos eventos sociais, associados a casamentos, batizados, e recreativos como as festas popular

Filho, 2004). É uma das substâncias de uso e abuso mais antigo de que se tem conhecimento e

P

ARTE

I

NQUADRAMENTO

T

EÓRICO

uma abordagem teórica paracontextualizar o consumo do álcool e as repercussões na saúde de modo a estabelecer uma sistematização concetual da área do conhecimento do objeto de estudo. O consumo de álcool ou de bebidas alcoólicas pelos jovens do ensino superior tende a ser associado a diversão, estabelecendo

referencial cultural. É um fenómeno de elevada magnitude, dada a aceitação social do consumo e a fácil acessibilidade, logo é um problema de origem multifatorial que tem impacto social e na saúde pela escassa perceção do risco e das suas consequências e, por conseguinte, exige uma análise de diferentes perspetivas de modo a fornecer um conjunto organizado de informação para enquadrar a investigação.Começamos pela revisão da consumo de álcool, no consumo de álcool como um problema de e nos padrões de consumo de bebidas alcoólicas.

O consumo de álcool

Ao longo dos tempos, o consumo de álcool aparece ligado aos rituais religiosos,

uma substância de carácter quase mágico, com um papel de celebração, de ritualização, de aproximação e prazer (IDT, 2010). O álcool surge na Grécia associado ao culto de Dionísio, deus do vinho e da vinha e, em Itália, mais concretam

culto de Baco, deus da fertilidade e do delírio místico (Graves,1990). Também está associado à simbologia da religião católica, sendo difundido pelos eventos sociais, associados a casamentos, batizados, e recreativos como as festas populares (Ferreira Borges &

ilho, 2004). É uma das substâncias de uso e abuso mais antigo de que se tem conhecimento e contextualizar o consumo do álcool e as repercussões na saúde de modo a estabelecer uma sistematização concetual da área do conhecimento do objeto de estudo. O consumo de álcool ou de bebidas alcoólicas pelos a diversão, estabelecendo-se como um referencial cultural. É um fenómeno de elevada magnitude, dada a aceitação social do consumo e a fácil acessibilidade, logo é um problema de origem multifatorial que tem do risco e das suas consequências e, por conseguinte, exige uma análise de diferentes perspetivas de modo a fornecer um conjunto meçamos pela revisão da consumo de álcool como um problema de

eligiosos, tendo sido uma substância de carácter quase mágico, com um papel de celebração, de , 2010). O álcool surge na Grécia associado ao em Itália, mais concretamente em Roma, ao culto de Baco, deus da fertilidade e do delírio místico (Graves,1990). Também está associado à simbologia da religião católica, sendo difundido pelos eventos sociais, associados a reira Borges &Hilson-ilho, 2004). É uma das substâncias de uso e abuso mais antigo de que se tem conhecimento e

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o seu consumo é considerado abusivo quando a pessoa fica completamente embriagada (Ismail,2002).

Até ao século XVI, o consumo de bebidas alcoólicas não era acessível a todos e o seu uso estava ligado a conceitos de bem-estar e saúde, daí o facto de ser conhecido por aqua vitae (Paes, 2007).A partir desta época, com a expansão colonial, este tipo de bebidas torna-se um produto comercial de grande importância, que se destacou com a revolução industrial e com o desenvolvimento de novas tecnologias de produção e conservação (IDT,2010).

No século XVIII, surgiram as primeiras tentativas de moderação do consumo excessivo do álcool e, em alguns países, criaram-se leis para controlar o seu aumento através da atribuição de impostos, contribuindo para a definição de embriaguez (Ferris, Templeton&Wong, 1994).

A partir do século XIX, acompanhando o aumento da oferta, assistiu-se à generalização do consumo de bebidas alcoólicas e começaram a surgir os primeiros registos de intoxicações causadas pelo álcool. Segundo Gigliotti e Bessa (2004), com a revolução industrial, o consumo do álcool começou a ser acessível a um grande número de pessoas, passando o alcoolismo a ser um problema de saúde pública. Inicialmente, o alcoolismo era encarado como um vício e no começo do século XIX começa a ser considerado uma doença designada de alcoolismo crónico (Gigliotti& Bessa, 2004).

As referências mundiais para a classificação diagnóstica de doenças relacionadas com o álcool são: a Classificação Internacional de Doenças CID-10 (OMS, 1993) e o DSM-IV Manual de diagnóstico e estatística das perturbações mentais, da AmericanPsychiatricAssociation.

Na perspetiva de Palha (2011), o consumo de álcool tem sido relativamente bem tolerado pela sociedade portuguesa e incentivado pela curiosidade ou por hábito social, podendo conduzir a estados de dependência, cujas consequências conseguem condicionar todo o percurso de vida. Também a cultura familiar pode ter uma forte influência no consumo de álcool, sendo provável que os padrões de consumo dos pais sejam transmitidos aos filhos (Santosetal., 2008).

Portugal é um país de longa tradição vitivinícola, onde o vinho tem tido um papel relevante no desenvolvimento da cultura e tradições, com forte influência em diversos setores económicos de grande importância, como o turismo, a restauração, o lazer, a indústria produtora, estando o consumo de vinho fortemente enraizado nos hábitos da

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população,verificando-se nas últimas décadas transformações que têm influenciado tanto a forma de beber como o modo de o fazer (Cabral, 2004). A este respeito tem ocorrido uma diminuição de consumo de vinho e um aumento do consumo de cerveja, em especial por parte dos jovens (Pombo, Ismail& Cardoso, 2008). Efetivamente, a bebida mais consumida em Portugal é a cerveja seguida da água engarrafada (Moreira, 2000).

Contextualizando a problemática do consumo de álcool em Portugal, reportando-nos a 2005, os dados apontam que para a população adulta com mais de 15 anos, 55% consumia vinho, 31% cerveja, 10% bebidas espirituosas e 4% outro tipo de bebidas. Apesar do constante investimento em estratégias diversificadas aos diferentes níveis de prevenção, Portugal continua a manter um registo de elevado consumo de álcool, tanto de vinho como de cerveja e de bebidas espirituosas (Dias, 2008). A agravar o padrão de consumo, constata-se cada vez mais que o consumo entre os jovens se inicia mais cedo, com início do consumo em espaços púbicos (cafés e bares), onde na maior parte das vezes não é solicitada a identidade para verificação da idade (Ferreira & Torgal, 2010).

O III inquérito nacional ao consumo de substâncias psicoativas na população portuguesa em 2012 (Balsa, Vital& Urbano, 2013) relata os diferentes indicadores de prevalência de consumo de álcool entre os 15 e os 34 anos (consumo ao longo da vida, no último ano e no último mês), que se situam abaixo dos valores de 2007, com a evolução dos consumos a traduzir-se num aumento entre 2001 e 2007 e por uma pequena redução ou uma estabilização dos consumos entre 2007 e 2012. No caso das bebidas alcoólicas, a prevalência estimada para 2012 do consumo ao longo da vida foi de 72,5%, situando-se abaixo dos valores registados em 2007 (77,4%) e em 2001 (73,3%). O consumo relativo ao último ano também diminuiu: em 2001 (65,9%), em 2007 (70,5%) e em 2012 (61,6%). Quanto à prevalência de consumo no último mês, observa-se a mesma tendência: em 2001 (57,8%), em 2007 (56,7%) e em 2012 (47,7%) (Balsa etal., 2013). Em síntese, a prevalência do consumo de álcool ao longo davida, em 2012, atinge 72,5% e as taxas de prevalência diminuem para os consumos declarados durante o último ano, que passa para 61,6% e a prevalência para o consumo no último mês, decresce para 47,7%. Observa-se um ligeiro decréscimo a nível nacional, no entanto, o consumo do álcool per capita mantem-se bastante elevado, apresentando Portugal um consumo per capita mais elevado a nível mundial (Boné & Bonito, 2011).

Os efeitos sentidos no organismo com a ingestão de álcool estão diretamente relacionados com a quantidade de doses consumidas. A concentração de álcool no organismo, ou nível de

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álcool no sangue, ou alcoolemia, indica os sintomas típicos, partindo de uma euforia leve e desinibição, evoluindo para tonturas, desorientação, prejuízo de raciocínio e de coordenação. Na Tabela 1 são apresentados os efeitos sentidos com a ingestão de bebidas alcoólicas e a concentração da substância no sangue, de acordo com Martins, Cruz, Teixeira eMonzato (2008) eNicastri (2008).

Tabela 1.

Alcoolemia e efeito no organismo

Alcoolemia1 Efeito no organismo

0,02 a 0,03 Euforia e excitação leve, desinibição, sensação de bem-estar, alteração da atenção e reflexos.

0,04 a 0,05 Sensação de bem-estar e relaxamento, hilaridade e labilidade afetiva, incoordenação motora discreta,

alteração do humor e comportamento, diminuição do tempo de reação.

0,06 a 0,1 Aumento da sonolência, prejuízo das capacidades de raciocínio e concentração, maior incoordenação

motora (ataxia), alteração significativa do humor e do comportamento, maior impetuosidade e agressividade.

0,1 a 0,3 Embriaguez visível, piora da ataxia, visão dupla (diplopia), náuseas e vómitos, amnésia, alto risco de

blackouts (apagamento)

0,4 Coma, bloqueio respiratório central, morte.

1

Taxas calculadas por gramas de álcool por litro de sangue

Fonte: Adaptado de Nicastri (2008).

Tem existido um investimento considerável em campanhas que procuram incentivar os jovens a não consumir bebidas alcoólicas ou consumo moderado pelos que já consomem. No entanto, vários estudos efetuados revelam que o impacto provocado não é tão relevante como o desejado (Pinto, 2010). E sublinha este autor que o investimento em medidas de controlo tem sido mais rigoroso, por exemplo, quanto à condução sob o efeito do álcool, não só a vigilância tem sido redobrada, especialmente em épocas festivas e, ao mesmo tempo, têm vindo a ser desenvolvidas campanhas de sensibilização, informando e educando sobre os efeitos do consumo excessivo de álcool.

Não pretendendo enumerar todas as variáveis que possam determinar o consumo de álcool, as diferenças em função do género e da idade são frequentemente mencionadas. Balsa e cols.(2013) referem que os consumos experimentais (ao longo da vida), recentes (no último ano) ou habituais (no último mês), mostraram-se sempre superiores no género masculino. O consumo de bebidas alcoólicas ao longo da vida é particularmente elevado entre os 25 e os 54 anos, cerca de 75%; do consumo referido no último ano, destacam-se os consumidores entre os 25 e os 45 anos, com cerca de 73%; e relativamente ao consumo de bebidas alcoólicas no último mês, destaca-se o grupo etário dos 25 aos 34 anos, com 51%. Quanto à taxa de continuidade, que traduz a proporção daqueles que tendo consumido álcool ao longo da vida,

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declaram ter consumido álcool no último ano, foi de 82%, com os grupos etários 15 aos 24 e 25 aos 34 a apresentar uma percentagem superior (85%) (Balsa etal., 2013).

Nos últimos anos, novos desafios foram identificados, que acarretaram a redefinição das políticas em relação ao álcool, verificando-se uma abordagem mais ampla e integradora, no sentido de responder também a outros comportamentos aditivos e dependências, que não incluem apenas as substâncias psicoativas, na medida em que estas problemáticas integram riscos e custos que têm impacto na vida dos indivíduos, das famílias e da sociedade, de acordo com o Plano Nacional para a Redução dos Comportamentos Aditivos e das Dependências (PNRCAD) 2013-2020 (Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências [SICAD], 2013).

1.2. O consumo de álcool como um problema de saúde

O consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes é um problema de saúde pública (Coffman, Patrick, Palen, Rhoades& Ventura,2007; Johnston, O’Malley, Bachman&Schulenberg, 2005; Liang& Huang, 2008). Esta constatação tem por base, tanto as consequências em termos da saúde como os problemas sociais associados ao consumo (Balsa, Vital, Urbano&Pascueiro, 2011). O impacto na saúde pública traduz-se na mortalidade direta e também por lesões físicas permanentes causadas por acidentes (Melo, 2011).

O Relatório Mundial sobre Álcool e Saúde, Global Status ReportonAlcoholandHealth, 2011 (WHO, 2011), colocao álcool na oitava posição entre os fatores de risco global de morte e como terceiro fator de risco global de doença e incapacidade. Explicita, ainda, que o uso nocivo do álcool é um dos principais riscos para a saúde no mundo, sendo a carga de doença atribuível ao álcool responsável por mais de 60 tipos de doenças e lesões, e 2,5 milhões de mortes por ano, atribuindo-se ao álcool 4% de todas as mortes no mundo. Este relatório reforça que o impacto do consumo de álcool atinge profundamente a sociedade,prejudicaa saúde física e psicológica da pessoa com reflexo no bem-estar e na saúde das pessoas que a rodeiam. Os resultados em saúde dependem de um conjunto de fatores, muitos dos quais relacionados com níveis e padrões de consumo de álcool, mas também profundamente interligados com a cultura de consumo, a qualidade das bebidas alcoólicas, os media e a legislação ou a falta dela.

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Segundo o Plano Nacional de Saúde 2011-2016 (Direção-Geral da Saúde [DGS], 2012), a intervenção sobre os determinantes de saúde, de entre os quais se enumeram a obesidade, o consumo de tabaco e de álcool, é fundamental para a obtenção de ganhos em saúde, redução de custos e consequente melhor qualidade de vida.

De um modo geral, são consideradas bebidas alcoólicas as que contêm álcool, designando-se por etanol ou álcool etílico, caracterizadas como drogas lícitas psicotrópicas, dado que causam alterações no comportamento e efeitos depressores no sistema nervoso central (Balsa etal., 2011). Estes autores referem que as bebidas alcoólicas fermentadas são obtidas por fermentação alcoólica dos sumos açucarados pela ação de leveduras (vinho, cerveja) e as bebidas destiladas resultam da destilação do álcool (aguardentes, licores), contendo uma graduação alcoólica mais elevada. A percentagem volumétrica define a graduação alcoólica de uma bebida e as bebidas fermentadas podem apresentar uma graduação alcoólica cujos valores máximos são de 13% a 14%, e as destiladas podem variar entre os 15% e os 75% (Mello, Barrias & Breda, 2001). Num olhar retrospetivo, o processo de destilação foi introduzido na europa pelos Árabes, o que tornou possível a produção de bebidas de elevado teor alcoólico, até então o consumo de bebidas fermentadas,obtidas de sumo de fruta, grãos ou mel fermentados, o que posteriormente originou o processo de fabrico de cerveja (IDT,2010). As estatísticas mais completas e disponíveis sobre a produção e consumo de bebidas espirituosas destiladas, vinho e cerveja, são publicadas pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, e têm por base as informações disponibilizadas pelos países membros, produzindo estatísticas que permitem comparar as situações a nível nacional e regional (Smart, Adlaf&Knoke, 1991).

O álcool é consumido sob a forma de bebidas alcoólicas e caracterizado como substância psicoativa ou droga lícita e, apesar de ser indiretamente responsável por problemas familiares e sociais, o seu consumo é bem tolerado pela sociedade. A ingestão de álcool é um ato de socialização, condicionado pela observação e imitação comportamental que se vai interiorizando através das tradições, costumes, rituais e estilos de vida de uma sociedade (Boné & Bonito, 2011; Breda, 1996; Gundy, 2002). Afirmam também que o desenvolvimento individual e social é comprometido pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Na opinião de Negreiros (1999), o consumo do álcool e de outras substâncias psicoativas constitui um problema social preocupante e impele a vários desafios. Já em 1985, a OMS publicou uma síntese das tendências verificadas na produção global de álcool nos países membros das

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Nações Unidas, com a descrição dos modelos de perfis, dos padrões de consumo e dos problemas relacionados com o consumo de álcool nos países da europa, perfis utilizados para a monitorização da estratégia do Plano de Ação Europeu do Álcool.

Segundo World Drink Trends, em relação às políticas de consumo de álcool na europa, podem considerar-se três grupos de países: i) os do norte da europa, nos quais se incluem Suécia, Noruega e Finlândia, com consumos de bebidas destiladas, ao fim de semana e fora das refeições; ii) os da europa central, como por exemplo, Alemanha, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Áustria, Luxemburgo e Reino Unido, com prevalência de consumo excessivo de bebidas fermentadas, em particular a cerveja; iii) os do sul da europa,Portugal, Espanha, Grécia, França e Itália, com predomínio dos consumos de bebidas fermentadas, preferencialmente vinho (Room, Jernigan&Carlini‐Marlatt, 2002).

O consumo de álcool tem-se perpetuado na agenda da OMS e, nesse sentido, salienta-se o esforço para apoiar os Estados Membros na recolha de informações, que fundamentem a implementação de uma estratégia global para reduzir o uso nocivo do álcool, as suas consequências sociais e de saúde. Com base nesta recolha de dados, a OMS, em 2011, desenvolveu um relatório mundial sobre álcool e saúde, Global Status ReportonAlcoholandHealth, no qual apresenta uma perspetiva global, regional e nacional

sobre o consumo de álcool, os padrões de consumo, as consequências para a saúde e as respostas políticas dos Estados Membros. Neste relatório, são apresentados os resultados de 72 países membros, onde se salienta que mais de dois biliões de pessoas no mundo consomem bebidas alcoólicas, sendo a substância psicoativa mais consumida, e indicando que o consumo é mais elevado entre a população com idade superior a 15 anos nos países em que o desenvolvimento económico é superior, relacionado com o maior poder de compra. A mortalidade anual, associada ao consumo nocivode álcool,é de 2,5 milhões de pessoas, situando-se a mortalidade entre 15 e 29 anos em 320.000 pessoas.

1.3.Padrões de consumo de álcool

O consumo de bebidas alcoólicas apresenta-se como um fenómeno complexo, sendo o padrão de consumo bastante influenciado por fatores de ordem sociocultural, com um papel relevante no percurso desenvolvimental dos adolescentes. Reporta-se a 1994 a preocupação com o consumo excessivo de álcool entre estudantes universitários norte-americanos (Wechsler,

(36)

Davenport, Dowdall, Moeykens, &Castillo, 1994). Em 2006, o relatório do Center for DiseaseControl estabelece um conjunto de fatores de risco para a saúde, de entre eles o sedentarismo, consumo de tabaco, álcool e outras drogas, hábitos alimentares não saudáveis, comportamentos sexuais de risco, e lesões acidentais, que contribuem para uma expressão elevada da morbilidade e mortalidade entre a população jovem e adulta (WHO, 2010a). A preocupação crescente em muitos países com o consumo de álcool é referida pela OMS e, por consequência, em todo o mundo 5% dos óbitos entre os 15 e 19 anos decorre do consumo de álcool aliado à redução do autocontrolo e do aumento dos comportamentos de risco (WHO, 2010a).

Na análise ao consumo de álcool, a literatura refere que os padrões de consumo são influenciados por fatores de ordem sociocultural (Ahlstrom&Osterberg, 2005), sociodemográfica, a que frequentemente se alia a trajetória de consumo, com referência à iniciação, à continuidade de consumos (último ano e últimos trinta dias), bem como os motivos de consumo.

Dado que o bem-estar dos jovens e adolescentes é fundamental para o desenvolvimento humano e que os comportamentos e hábitos de saúde começam a estabelecer-se nas primeiras décadas de vida, conhecer os padrões de consumo destas faixas etárias, permite reavaliar as estratégias implementadas, no sentido de verificar a consecução de metas previamente estabelecidas, como também proceder a um constante ajustamento das estratégias de intervenção, face às mudanças dinâmicas inerentes aos consumos de substâncias.

O enquadramento legal mais recente estabelecido no Decreto-Lei nº 50/2013, de 16 de abril introduziu alterações ao Decreto-Lei n.º 9/2002, de 24 de janeiro, definindo o regime de disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos e em locais abertos ao público, proibindo as bebidas espirituosas ou equiparadas a quem não tenha completado 18 anos de idade, e bebidas alcoólicas, espirituosas e não espirituosas a quem não tenha completado 16 anos de idade, pois não apresentam capacidade para metabolizar o álcool. O mesmo documento legal realça a preocupação com o padrão de consumo intensivo e irregular, com o objetivo de conseguir atingir a embriaguez, denominado bingedrinking. Com a restrição do acesso a menores às bebidas espirituosas/destiladas, associadas aos shots e ao padrão de bingedrinking, pretende-se prevenir a adoção precoce deste tipo de padrão de consumo.

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A precocidade a que se assiste na iniciação ao consumo de álcool e a existência de base científica sobre o impacto nefasto do mesmo no processo de maturação do sistema nervoso central até ao início da idade adulta, tem levado ao estudo deste problema na população adolescente. OEstudo PINGA, desenvolvido no distrito de Bragança por Reis e cols. (2011), teve como objetivos caracterizar o consumo do álcool nos adolescentes, verificar a relação entre o sexo e a idade e determinar os motivos de consumo. Constatou-se que o consumo de álcool foi elevado, sendo que 66,5% dos jovens referiu pelo menos um consumo mensal de bebidas alcoólicas. Verificou-se, também, que a maioria (89,8%) já consumiu álcool em alguma ocasião, que o fazem na companhia dos amigos e 27,7% respondeu praticar

bingedrinking. Salienta-se, ainda, que 68,3% dos jovens apresentava consumo de risco,

podendo resultar dano físico ou psíquico se, temporalmente, este consumo persistir. Também a nível europeu, o estudo ESPAD (EuropeanSchoolSurveyonAlcoholandOtherDrugs) revela que 79% dos adolescentes portugueses consumiu álcool durante os últimos 12 meses e 60% nos 30 dias, valores semelhantes aos da média europeia (Hibelletal., 2009).

Segundo a OMS, o consumo de álcool aumentou quer em quantidade quer em frequência (WHO, 1993), e de acordo comJohnstone cols. (2006), o consumo de bebidas alcoólicas tende a ocorrer com elevada frequência no período imediatamente após o ensino secundário, ou seja, por volta dos 18 anos, o que é confirmado por Pedrosa, Camacho, Passos e Oliveira (2011), em que o consumo de álcool aumentou entre as idades de 18 e 20 anos.

Em Portugal, num estudo realizado em 2001 e 2007 por Balsa e cols. (2011), as percentagens de consumo variaram ligeiramente entre os dois momentos do estudo, aumentando a prevalência de consumo entre os 15 e os 18 anos. No estudo de Reis e cols. (2011), verificou-se que o consumo de álcool aumenta com a idade, apesar de não verificou-se ter obverificou-servado uma relação estatisticamente significativa.

De uma forma global, o consumo de álcool é iniciado em fases precoces da adolescência e continua a ser uma das substâncias mais consumidas pelos estudantes universitários (Petroianu, Reis, Cunha & Souza, 2010). Em 2008, Rios, Matos, Fernandes e Barbosa verificaram que 63,6% de estudantes universitários consumia álcool e Nemer, Fausto, Silva-Fonseca, Ciomei e Quintaes (2013) observaram que 88,1% dos universitários reportou ingestão de bebidas alcoólicas.

(38)

Diferenças de consumos entre os géneros têm sido identificadas, uma análise do desenvolvimento sugere em geral as regiões cerebrais que promovem a atenção a estímulos e a tomada de consciência dos riscos é desenvolvida mais cedo pelas raparigas (Giedd, 2008). Estes processos, em conjunto, sugerem que estas diferenças cognitivas possam estar envolvidas na evolução divergente de consumos entre géneros. De realçar que o desenvolvimento do cérebro não ocorre isoladamente, resulta em grande parte da influência de fatores ambientais, tais como processos de socialização que podem aumentar o risco ou proteger (White, 2004). A tendência é a uniformização dos padrões de consumo, devido à globalização de valores que vão ter influência nestes padrões, assim como as próprias leis do mercado, intrínsecas à comercialização de bebidas alcoólicas, tenderem a homogeneizar os eventuais comportamentos adaptativos dos jovens. Assim, consumos entre os géneros evidenciam uma aproximação, contudo, predomina o consumo entre o género masculino, embora as diferenças não sejam significativas (Colares, Franca & Gonzalez, 2009). Outros estudos mostram que o sexo masculino apresenta consumos significativamente superiores (Airliss, 2007; Pedrosa etal.,2011; Reis etal., 2011).

Os motivos apontados para o consumo excessivo em adolescentes foram descritos por Beck, Thombs e Summons (1993), como: i) facilitação social; ii) beber no contexto escolar ou durante as atividades escolares; iii) controlar estados de stresse; iv) adaptar-se ao comportamento dos colegas, ou ser aceite no grupo de amigos; v) beber sob a supervisão dos pais. No entanto, o motivo que assumiu mais importância na explicação do consumo foi a facilitação social. Segundo Bradizza, Reifman e Barnes (1999) e Dupre, Miller, Gold e Rospenda (1995), verifica-se que a tendência para o consumo, na parte final da adolescência, está intimamente associado aos motivos de facilitação social e é utilizado como estratégia para lidar com situações difíceis do quotidiano. Conclusões similares foram defendidas por Koposov, Ruchkin, Eisemann e Sodirov (2002), quando estudaram adolescentes a residir no norte da Rússia.

Em relação ao consumo de álcool no ensino superior, os pares são uma influência importante e está significativamente associado ao consumo individual elevado (Capone&Wood, 2007).

A predominância de um consumo de risco entre os adolescentes que tende a evoluir para consumos nocivos e até para padrões de consumo preocupantes (Reis etal., 2011), exige recolocar o contexto motivacional na compreensão desta problemática. Reconhecendo a diversidade e complexidade de motivações que impelem os jovens para o consumo de bebidas

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alcoólicas, os estudos são unânimes ao considerar que o consumo se faz mais frequentemente na companhia dos colegas e amigos (Reisetal., 2011), como forma de promover a facilitação social e modelação simbólica do comportamento (Bandura&Walters, 1990). Segundo Borsari eCarey (2001), a pressão dos colegas tem implicações no consumo excessivo de estudantes universitários. No entanto, os resultados empíricos sugerem que a pressão social integra diferentes influências: ofertas evidentes de álcool, modelagem e normas sociais (Wood, Read, Palfai&Stevenson, 2001). As influências podem variar de gestos menos ostensivos, comprar uma rodada de bebidas e oferecer aos colegas, a comportamentos mais ostensivos que incitam ao consumo, por exemplo, obrigar os outros a beber durante jogos.No entanto, a influência dos pares não se limita a oferecer bebidas ou incitar a beber. Os próprios comportamentos dos colegaspodem indicar quais os comportamentos adequados para serem admirados e aceites e que promovam a integração no grupo (aceitação social e reforço), estes fatores motivacionais implicam diferenças nos padrões de consumo de álcool dos jovens (Hoeppneretal.,2012).

As bebidas alcoólicas estão disponíveis no ambiente universitário, principalmente nas festas. Os estudantes afirmam que consomem mais frequentemente em festas, tal como no estudo de Wei, Barnett eClark (2010), em que os estudantes que participaram em festas em que foram disponibilizadas bebidas alcoólicas, apresentaram duas vezes mais propensão para o consumo do que os que frequentavam festas sem álcool (90%versus 44%). No âmbito do projeto “Antes

que te Queimes”, Homem, Brito, Santos, Simões e Mendes (2010) verificaram que 46,16%

dos participantes mencionou a diversão como o principal motivo para participarem nas festas académicas.

O consumo tende a concentrar-se durante alguns dias, em particular ao fim de semana, o que é confirmado por Reis e cols. (2011), já que 21,3% dos adolescentes refere consumir todos os fim de semana, confirmado também no estudo de Anjos, Santos e Almeida (2012), com um valor percentual de 47%.

O consumo de álcool constitui para os jovens uma vertente de risco, concomitante a uma vertente de desejo de obtenção de prazer pela via do mesmo consumo, e é de salientar que o consumo de álcool é, em muitas situações, enquadrado por uma atitude passiva da família e da sociedade. É frequente entre os jovens o consumo associado ao lazer, desenvolvendo-se o gosto pela sensação de embriaguez, com ocorrência entre os amigos, ao fim de semana e com recurso a bebidas baratas e de elevada concentração alcoólica.A procura de estados de embriaguez é já uma realidade entre os adolescentes, como se constata no relatório do estudo

(40)

de 2010 relativo ao HBSC (HealthBehaviourinSchool-agedChildren), ao apontar que cerca de 60% refere ter ficado embriagado pela primeira vez aos 14 anos de idade (Matos etal., 2012).

De acordo com o III inquérito nacional ao consumo de substâncias psicoativas na população portuguesa 2012 (Balsa etal., 2013), constata-se que 18,7% dos consumidores de bebidas alcoólicas era do grupo etário dos 15 aos 24 anos e 7,7% afirmou que se tinha embriagado no último ano e no decorrer do último mês. Homem e cols. (2010) relataram que, em festas, 82,2% dos rapazes se embriagava comparativamente com 70,8% das raparigas, e 41% dos rapazes embriagava-se todas as noites, comparativamente a 27,6% das raparigas. Os motivos mais referidos para a embriaguez foram os seguintes: por vontade própria (44,8%), por ser divertido (27%) e sem se aperceberem (20,2%).

De um modo geral, é comum nos diferentes estudos constatar-se que o consumo de álcool faz parte do universo social dos jovens, e está presente no quotidiano dos estudantes do ensino superior, constituindo a sua abordagem, nomeadamente no que concerne à dimensão preventiva, um grande desafio para os profissionais de saúde que necessariamente exige uma ampliação do conhecimento. Deste modo, assegurar um canal de comunicação que favoreça um ambiente pautado no diálogo e esclarecimento dos malefícios do uso indevido e excessivo do álcool e promover o desenvolvimento de projetos de intervenção adequados à realidade, fundamentados em evidência científica, constitui medidas que poderão ser equacionadas no âmbito do campo de intervenção dos enfermeiros.

(41)

1.

M

ETODOLOGIA

Neste capítulo descreve-se a metodologia do estudo, o percurso ordenado das etapas para a obtenção da informação necessária para responder ao problema de investigação: Qual o padrão de consumo habitual de bebidas alcoólicas

enfermagem do norte do país? Neste sentido, apoiando desenhamos um estudo descritivo e correlacional

consumo habitual de bebidas alcoólicas dos

intervenções dirigidas às particularidades desta população, explorando também relações entre as variáveis que guiam a formulação de hipóteses e orientam o estudo na sua componente analítica (Fortin, Côté&Filion,

Os estudos descritivos fundamentam

determinam a orientação da investigação e o tipo de estudo realizado (Fortinetal., 2009). Neste sentido, tendo em conta a finalidade e o problema de investigação, de

seguintes objetivos: i) caracterizar

alcoólicas dos estudantes de uma escola superior de enfermagem do norte do país; ii) determinar a prevalência do consumo habitual de bebidas alcoólicas nessa popu

identificar os comportamentos de risco dos estudantes associados ao consumo habitual de bebidas alcoólicas; iv) relacionar o consumo habitual de bebidas alcoólicas com o género, ano do curso no qual está inscrito e episódios de embriaguez duran

De acordo com Fortin e cols. (2009), as hipóteses influenciam o desenho da investigação, os métodos da recolha e análise dos dados, assim como a interpretação dos resultados. Nesta perspetiva, foram equacionadas para o presente trabalho as segui

P

ARTE

II

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ETODOLOGIA

se a metodologia do estudo, o percurso ordenado das etapas para a obtenção da informação necessária para responder ao problema de investigação: Qual o padrão de consumo habitual de bebidas alcoólicas dos estudantes de uma escola superior de enfermagem do norte do país? Neste sentido, apoiando-nos no paradigma quantitativo, escritivo e correlacional, cuja finalidade é conhecer o padrão de consumo habitual de bebidas alcoólicas dos estudantes de enfermagem, de modo a planear intervenções dirigidas às particularidades desta população, explorando também relações entre as variáveis que guiam a formulação de hipóteses e orientam o estudo na sua componente analítica (Fortin, Côté&Filion, 2009).

Os estudos descritivos fundamentam-se em questões de investigação ou objetivos que determinam a orientação da investigação e o tipo de estudo realizado (Fortinetal., 2009). Neste sentido, tendo em conta a finalidade e o problema de investigação, de

seguintes objetivos: i) caracterizar o comportamentode consumo habitual de bebidas alcoólicas dos estudantes de uma escola superior de enfermagem do norte do país; ii) determinar a prevalência do consumo habitual de bebidas alcoólicas nessa popu

identificar os comportamentos de risco dos estudantes associados ao consumo habitual de bebidas alcoólicas; iv) relacionar o consumo habitual de bebidas alcoólicas com o género, ano do curso no qual está inscrito e episódios de embriaguez durante a vida.

De acordo com Fortin e cols. (2009), as hipóteses influenciam o desenho da investigação, os métodos da recolha e análise dos dados, assim como a interpretação dos resultados. Nesta perspetiva, foram equacionadas para o presente trabalho as seguintes hipóteses:

se a metodologia do estudo, o percurso ordenado das etapas para a obtenção da informação necessária para responder ao problema de investigação: Qual o dos estudantes de uma escola superior de nos no paradigma quantitativo, , cuja finalidade é conhecer o padrão de estudantes de enfermagem, de modo a planear intervenções dirigidas às particularidades desta população, explorando também relações entre as variáveis que guiam a formulação de hipóteses e orientam o estudo na sua componente

se em questões de investigação ou objetivos que determinam a orientação da investigação e o tipo de estudo realizado (Fortinetal., 2009). Neste sentido, tendo em conta a finalidade e o problema de investigação, definimos os de consumo habitual de bebidas alcoólicas dos estudantes de uma escola superior de enfermagem do norte do país; ii) determinar a prevalência do consumo habitual de bebidas alcoólicas nessa população; iii) identificar os comportamentos de risco dos estudantes associados ao consumo habitual de bebidas alcoólicas; iv) relacionar o consumo habitual de bebidas alcoólicas com o género, ano

De acordo com Fortin e cols. (2009), as hipóteses influenciam o desenho da investigação, os métodos da recolha e análise dos dados, assim como a interpretação dos resultados. Nesta

(42)

Hipótese 1 - Existem diferenças no consumo habitual de bebidas alcoólicas entre o género masculino e o género feminino.

Hipótese 2 - Espera-se que à medida que se avança no ano de curso, os estudantes de enfermagem apresentem menor proporção de consumo habitual de bebidas alcoólicas.

Hipótese 3 - Espera-se que os estudantes de enfermagem que já se tenham embriagado alguma vez, também apresentem maior proporção de consumo habitual de bebidas alcoólicas.

1.1. População e amostra em estudo

Em qualquer investigação, é necessário definir o universo ou população de elementos onde se testam as questões de investigação e confirmam ou não as hipóteses. Segundo Fortin e cols. (2009), ao retirarmos da população alvo uma amostra representativa que nos informa das suas características, torna-se desnecessário estudar toda a população. Consideramos que a população do estudo corresponde à totalidade dos estudantes que, no momento da recolha de dados, estavam inscritos no curso de licenciatura em enfermagem (CLE) numa escola de enfermagem do norte do país, perfazendo um total de 306 estudantes. Recorremos a uma amostra de tipo acidental, pela facilidade de acesso aos indivíduos que respeitavam os critérios de inclusão (Fortinetal., 2009), e de conveniência pela acessibilidade aos estudantes, disponibilidade de recursos e meios e limite de tempo aceitável, tendo como critério a participação voluntária (Marôco, 2007).A amostra ficou constituída pelos estudantes que se encontravam presentes em sala de aula, no dia autorizado e previamente agendado para a recolha de dados, totalizando 226 estudantes.

1.2. Definição das variáveis

Por definição, os estudos descritivos não comportam hipóteses, no entanto, o esclarecimento das variáveis pode orientar a uma análise teórica dos resultados e conduzir à formação de hipóteses (Fortinetal., 2009). Deste modo, adotamos também uma vertente correlacional neste estudo, que tem como objetivo explorar relações entre variáveis, de modo a responder ao

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