VERMICOMPOSTAGEM: VANTAGENS E APLICAÇÕES Vermicompostagem: vantagens e aplicações
Maira Cristina Martini & Rosecler Ribeiroe colaboradores
A vermicompostagem é o processo de biodegradação da matéria orgânica com a ação de micro-organismos e minhocas e traz muitos benefícios para quem a faz. As minhocas e os microrganismos presentes no trato digestivo transformam material orgânico pouco degradado em matéria orgânica estabilizada. Assim proporcionando melhor aproveitamento dos resíduos orgânicos na agricultura, uma vez que forma um composto com características biológicas e físico-químicas superiores aos estercos. Dentro de suas vantagens podemos citar a não agressividade para o ambiente, não contamina solo e água como os fertilizantes químicos, enriquece o solo e as plantas com nutrientes, controla a toxicidade do solo, maior absorção dos nutrientes pelas raízes das plantas, propicia produção de alimentos mais saudáveis, produz de adubo de alta qualidade para manutenção de jardins e hortas, entre outras.
A Univates, em Lajeado, RS, desenvolve um projeto de pesquisa intitulado de Bioprodução de hidrolisados proteicos e avaliação da vermicompostagem vertical em solos contaminados com metais pesados, coordenado pela prof Dr Lucélia Hoehne, tendo foco o reaproveitamento de resíduos orgânicos, verificação da qualidade do húmus gerado e também propriedades como avaliação de metais no solo após o processo da vermicultura. O projeto envolve alunos de graduação dos cursos de Química Industrial, Engenharia Química, Engenharia de alimentos, Engenharia Ambiental e Nutrição, na forma de BICs ou voluntários, alunos de PPGBiotec, professores da instituição, professores de outras IES e de outros centros de pesquisas (Embrapa) e empresas parceiras como a Promin e a Bidatek.
Alguns artigos já foram publicados evidenciando a importância da vermicultura para benefícios na agricultura, bem como a cultura de minhocas usando minhocários verticais, que podem ser aplicados em pequenos locais, como apartamentos.
Caracterização físico-química dos frutos de Fragaria ananassa e do substrato com bioproduto após vermicompostagem
Maira Cristina Martini¹ (IC), Lucélia Hoehne¹ (PQ)*, Rosecler Ribeiro¹ (IC), Jordana Finatto¹ (IC), Taciélen Altmayer¹ (IC), Luís Carlos Scherer¹ (IC),
Elisete Marias de Freitas¹ (PQ), Wagner Manica Carlesso¹ (IC), Wolmar Alípio Severo Filho (PQ)2.
*luceliah@univates.br
¹ Centro Universitário Univates. Rua Avelino Tallini, 171 | Bairro Universitário CEP 95900-000 | Lajeado | RS | Brasil.
2
Universidade de Santa Cruz do Sul | Av. Independência, 2293 | Bairro Universitário| Santa Cruz do Sul | RS | Brasil.
*mmartini@universo.univates.br
Introdução:
O morango (Fragaria ananassa) é um fruto consumido em várias regiões e possui um valor nutricional rico em vitaminas e minerais contendo alta concentração de frutose e sacarose¹. A melhor produção ocorre em solos areno-argilosos, bem drenados, ricos em matéria orgânica e de boa constituição física.² Uma alternativa que pode ser utilizada é o enriquecimento do solo usando um bioproduto gerado chamado de húmus de minhoca após a vermicompostagem. Esta, é uma biotecnologia de tratamento que utiliza resíduos orgânicos para a transformação em um bioproduto rico em nutrientes que possam ser utilizados como fertilizantes.3 Também, se torna interessante fazer a análise do solo antes e depois da adição de húmus para avaliar os parâmetros do substrato. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi caracterizar os frutos de Fragaria ananassa, bem como avaliar o substrato usado após a adição de diferentes concentrações de bioproduto no solo.
Resultados:
O presente estudo foi realizado nas estufas do Centro Universitário Univates, Lajeado, RS, tendo temperatura e umidade controladas. Foram feitas análises de caracterização do solo utilizado para o plantio dos vegetais antes e
após a adição do bioproduto. As concentrações de adição do bioproduto no solo foram de 0, 20, 40, 60, 80 e 100%. Todos os testes foram feitos em triplicata e posterior análise estatística, ANOVA, com 95% de significância.4 O húmus usado foi adquirido após a vermicompostagem de Eisenia andrei, mantendo os mesmos resíduos orgânicos nos minhocários. As mudas de morangueiro foram adquiridas em comércio local. O cultivo foi feito em 6 meses. As amostras de frutos foram colhidas, pesadas e acondicionadas em recipientes adequados para posteriores análises. As caracterizações físico-químicas feita nos frutos foram: pH, umidade, cinzas,metais, proteína5, e serão feitas nas amostras de solo: argila, pH, CTC, Cu e Fe. De acordo com os resultados preliminares, onde as amostras foram enviadas para a Central Analítica da UNISC, apontam que, a partir da concentração de 80% bioproduto no solo, houve aumento de 10% no teor de argila do solo. Também, ocorreu aumento no teor de K no substrato, pois no teste de 100% de solo, a concentração de K foi de 70 mg/L, já para o teste com 100% de húmus, o valor de K foi de 832 mg/L.
Em relação às análises dos frutos, a Tabela 1, mostra os resultados dos parâmetros físico-químicos.
Tabela 1. Parâmetros físico-químicos do morango em diferentes concentrações de biossólido
Húmus Umidade (%) Proteína (%) Cinzas (%) pH 0% 93,57 ± 0,1 0,35 ± 0,01 0,45 ± 0,01 3,95 20% 91,43 ± 0,1 0,52 ± 0,01 0,46 ± 0,01 3,61 40% 92,74 ± 0,2 0,51 ± 0,02 0,34 ± 0,01 3,59 60% 92,56 ± 0,1 0,49 ± 0,03 0,32 ± 0,01 3,78 80% 91,65 ± 0,3 0,53 ± 0,04 0,36 ± 0,01 3,80 100% 92,33 ± 0,1 0,55± 0,01 0,30 ± 0,01 3,87 Conclusões:
A partir de resultados preliminares, foi possível verificar que a produção de morangos utilizando húmus de minhoca, de proporções a partir de 60% do vermicomposto houve um acréscimo no teor de proteína dos frutos. Também houve um aumento na concentração de K e argila nos solos contendo húmus. Dessa forma, o bioproduto adicionado no solo contribuiu para melhorar a
qualidade nutricional do fruto. Testes adicionais de caracterização do solo ainda serão feitas.
Centro Universitário UNIVATES, Unisc, CNPq, FAPERGS ____________________
¹DAROLT, M.R. Revista Campo & Negócios. Ano II, N. 34, março 2008. p. 58-61.
2
MORAIS, A. e MARCIANO, P. H. S. 2011. 3
FAQUIM, V. Textos acadêmicos UFLA/FAEPE, Lavras - MG, 2005. 4
ZONTA, E.P. et al. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 1984. 5
LUTZ, INSTITUTO ADOLF, Método físico-químico para analise de alimentos. São Paulo,2005, 1018.
A influencia do húmus no fator de bioacumulação de cádmio nas minhocas da espécie Eisenia andrei
A influencia do húmus no fator de bioacumulação de cádmio nas minhocas da espécie Eisenia andrei
Rosecler Ribeiro1(IC), Lucélia Hoehne1(PQ)*, Eduardo Miranda Ethur1(PQ), Wagner Manica Carlesso1(IC), Maira Cristina Martini1 (IC), Simone Stülp1
(PQ). *luceliah@univates.br
1
Centro Universitário UNIVATES Rua Avelino Tallini, 171, Bairro Universitário - Lajeado - RS.
Introdução:
O cádmio é um subproduto da mineração do zinco, esse elemento é muito utilizado em baterias de celulares e pilhas recarregáveis. A exposição ao cádmio pode provocar problemas à saúde das pessoas bem como a todos os seres vivos que estão presentes no meio contaminado. O cádmio é um dos metais pesados mais perigosos devido sua tendência de se acumular nos tecidos. A determinação do Fator de Bioamuculação (FBA) é um método que avalia a contaminação do solo por meio das minhocas1. Independentemente de a acumulação ocorrer em plantas ou em seres vivos, de alguma forma por meio da teia alimentar o cádmio pode representar risco ambiental2.
O uso de minhocários verticais possibilita a vermicompostagem em locais pequenos e ter um maior controle do sistema. Dessa forma, o objetivo do trabalho foi avaliar o comportamento das minhocas em minhocários verticais e horizontais contaminados com cádmio e a absorção do metal. Para isso, foi feito teste de bioacumulação com as minhocas da espécie de minhoca Eisenia andrei em solo e húmus contaminado com Cd 100 mg/Kg.
Construiu-se 8 protótipos de minhocários verticais e horizontais contendo diferentes substratos: solo/ esterco combinados na proporção (1:1) e
húmus/esterco (1:1). A concentração de cádmio inicialmente estudada foi 300 mg/kg (valor encontrado em solos próximos de galvonoplastia), mas devido sua alta letalidade adaptou-se para 100mg/kg. As soluções foram preparadas a partir de Cd.4H2O P.A. Tempo de vermicompostagem 60 dias.
Avaliaram-se parâmetros como: peso das minhocas e concentração dos elementos nos substratos e nos tecidos das minhocas, toxicidade. As análises de Cd foram feitas por espectrometria de absorção atômica com chamas (FAAS)3.
As minhocas se adaptaram aos substratos contendo cádmio, isso pode ser percebido pelo índice superior a 90%, e também pelo ganho de massa conforme figura 1.
Figura 1. Biomassa das minhocas no 1º dia de inoculação ao 60º dia.
Legenda: HV+Cd: Minhocário com húmus e esterco na forma vertical, HH +Cd: Minhocário com húmus e esterco na forma horizontal, SV+Cd: Minhocário com solo e esterco e Cd na forma vertical, SH +Cd: Minhocário com solo esterco na forma horizontal.
Conforme Tabela 1, observou-se que os minhocários contendo húmus retém mais cádmio, por outro lado, isso influenciou inversamente no FBA.
Tabela 1. Fator de bioacumulação de cádmio nas minhocas. Minhocários Cd nos tecidos (mg/g) Cd nos substratos (mg/g) FBA HV+Cd 0,50 0,26 1,95 HH +Cd 0,42 0,26 1,57 SV+Cd 0,45 0,15 3,03 SH +Cd 0,40 0,15 2,62 Conclusões:
As minhocas da espécie Eisenia andrei tiveram uma boa adaptação ao meio contaminado, isso foi percebido pelo aumento da biomassa, e a porcentagem de minhocas vivas ao final dos 60 dias. Constatou-se que nos minhocários contendo húmus, o cádmio ficou mais retido e com isso o fator da bioacumulação nos tecidos das minhocas foi menor em relação ao solo. Outros testes serão feitos para complementar o estudo.
Centro Universitário Univates, Promin, Unianálises, CNPQ e FAPERGS ____________________
1
2
Mano, R. M.S.D. Lisboa, 2012. 3
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. São Paulo, 2005.
Figura dos minhocários verticais caseiros:
