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DADOS E PANDEMIA: PLATAFORMA DE MONITORAMENTO DO CORONAVÍRUS PELO ESTADÃO

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Academic year: 2021

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DADOS E PANDEMIA: PLATAFORMA DE MONITORAMENTO DO CORONAVÍRUS PELO ESTADÃO

Denise Martins Lira1; denisemartinslira@gmail.com

Graziela Bianchi2; grazielabianchi@yahoo.com.br

RESUMO

O artigo tem como objetivo analisar as formas de apresentação do trabalho relacionado ao Jornalismo de Dados no contexto da maior pandemia na era da interconectividade: o Coronavírus. A adaptação ao intenso fluxo de informações e atualizações, com base na profusão de formatos digitais dos jornais, traz a possibilidade de se desenvolver um monitoramento diário relacionado a uma doença com rápida propagação e infecção e que tangencia o mundo todo. Assim, a análise preliminar é concentrada na cobertura sobre a pandemia, realizada pela versão digital do jornal Estadão, com foco especial na maneira como faz uso do Jornalismo da Dados para tal. O processo de verificação pretende compreender como esse meio enfrenta essa demanda diária, transformando números em narrativas que buscam ofertar informação sobre a situação sanitária no Brasil e no mundo.

PALAVRAS-CHAVE

Coronavírus. Jornalismo de Dados. Pandemia. Infográficos. Jornalismo Digital. INTRODUÇÃO

Em 1964, na obra “Os Meios de Comunicação Como Extensões do Homem”, Marshall McLuhan relacionava as formas de comunicação como possibilidades de extensão do corpo humano, ou seja, seu impacto e participação seriam tão predominantes que não atingiriam mais apenas o ambiente, mas também o próprio indivíduo, de maneira crescente e, em certo sentido, orgânica. McLuhan afirmava que quando houvesse a criação de uma tecnologia que possibilitasse uma comunicação de massa na velocidade do cérebro humano, se desenvolveria uma aldeia global, ou seja, informações com uma grande aceleração iniciada em múltiplos canais e locais, atingindo diversos públicos. “Nossa civilização especializada e fragmentada, baseada na estrutura centro-margem, subitamente está experimentando uma reunificação

1 Graduanda em Jornalismo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. E-mail: denisemartinslira@gmail.com

2 Docente nos cursos de graduação e pós-graduação em Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Email: grazielabianchi@yahoo.com.br

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instantânea de todas as suas partes mecanizadas num todo orgânico” (MCLUHAN, p. 77, 1964).

As tecnologias da comunicação mudaram e refletiram na forma de consumo de informação no mundo, assim como no modo de produzir jornalismo, principalmente no século XX. Jorge Pedro Sousa, na obra Uma história breve do jornalismo no Ocidente, categoriza as transformações da humanidade em oito: aceleração (desigual) do desenvolvimento e do progresso científico e tecnológico, ascensão e queda de regimes totalitários; guerras (mundiais) e aparecimento do terrorismo; multipolaridade; agravamento dos problemas ecológicos; colonização e descolonização; globalização; e meditização electrónica. Essa última é marcada pelo surgimento do rádio, televisão e computador. O jornalismo, antes difundido no formato imprenso, se moldou nesses meios eletrônicos, surgindo então o radiojornalismo, cinejornalismo, telejornalismo, fotojornalismo e ciberjornalismo. (SOUSA, 2008, p. 169-174)

O jornalismo online, apesar de iniciado no final do século XX, se popularizou nas duas últimas décadas. “Há que dizer que a popularização da Internet competiu com outros meios de comunicação, que em alguns casos também oferecem (ou ofereceram) conteúdos jornalísticos, como o videotexto, o teletexto e o audiotexto” (SOUSA, 2008, p. 245). A maioria dos jornais, que existiam em outras plataformas de comunicação, adaptou-se à convergência jornalística, criando sites para publicar notícias e conteúdos na rede online. “O aumento de conexões resultantes da tecnologia móvel no país tem proporcionado diferentes oportunidades e desafios aos hábitos sociais e aos limites entre espaços públicos e privados” (LEMOS; JOSGRILBERG, 2009, p. 11).

O jornalismo está diretamente entrelaçado às transformações humanas e materiais diante das informações projetadas, principalmente com o avanço das tecnologias digitais e internet, uma vez que a velocidade e alcance foram amplificados. O que ocorre em uma cidade do sul da China pode chegar informatizado em São Paulo, por exemplo, em tempo real. Informações de todos os ângulos são submetidas aceleradamente no presente século.

Desde 2001, muitos acontecimentos que tiveram repercussão e escala global foram noticiados em uma noção aproximada do entendimento de tempo real, mas o fenômeno proporcionado pela vivência experenciada pela pandemia de Coronavírus, a maior pandemia do século XXI até o momento, já ocupa um destaque muito particular

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dentro dessa história da comunicação e também do jornalismo. Desde o primeiro alerta, ainda em 2019, os meios de comunicação difundiram informações ao mundo.

A Covid-193 é provocada pelo vírus responsável pela primeira pandemia na era da interconectividade, na qual tudo está acontecendo em tempo real no mundo inteiro: cada estudo, cada número, cada avanço, cada regressão e progressão, em todo lugar do globo terrestre.

O tema da saúde sempre alcançou grande interesse da sociedade, mas em tempos de grave ameaça ao bem-estar das pessoas estar informado é um marco fundamental que pode estabelecer uma linha divisória entre a vida e a morte, o que reforça que a informação é um direito humano inalienável. (SILVA; ROCHA; REIS; SOUSA, 2020, p. 347)

A novidade de cobertura de uma pandemia em contexto da internet trouxe numerosos desafios ao jornalismo. Por mais que o presente século já tenha vivenciado outras doenças, as notícias e apurações não chegam à proporção do desafio que o Coronavírus impôs no campo jornalístico. As matérias de saúde já envolveram artigos científicos, situações médicas e hospitalares do país, doenças sazonais, como dengue, vacinas, etc. Pode-se dizer que o jornalismo não esperava por essa onda gigante de informações e demandas que uma pandemia exige, mas, de certa forma, adaptou-se, criando novas possibilidades e lidando com as condições e desafios impostos pelos contextos apresentados.

Por abranger uma quantidade infinita de dados, uma área do jornalismo vem ganhando destaque e reconhecimento: Jornalismo Guiado por Dados (JGD). Isao Matsunami (2012), jornalista do jornal Tokyo Shimbun, diz que, após o desastre nuclear de Fukushima em 2011, o jornalismo de dados ganhou uma importância e notoriedade enorme no Japão por possibilitar a transferência exata de quantidade e números presentes no acidente por jornalistas. Esse trabalho foi ainda mais prestigiado por exigir um conhecimento sobre estatísticas, visualização, interpolação, além dos requisitos jornalísticos.

A grande demanda de números exige uma “tradução” de forma jornalística para que seja de entendimento para qualquer indivíduo, não limitando apenas para áreas acadêmicas, já que é um tema de calamidade pública e urgente. “Using data transforms

3 Covid-19 é a doença infecciosa causada por um vírus recém descoberto. O primeiro caso registrado foi

na cidade chinesa Wuhan, em 1 de dezembro de 2019. É transmitida pelo ar através de gotículas geradas por uma pessoa infectada. Os principais sintomas são febre, tosse seca e cansaço. Até o dia 12 de outubro de 2020, foram registrados no mundo 37.594.267 casos, 26.116.750 recuperados e 1.077.836 de óbitos, segundo dados da Universidade John Hopkins.

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something abstract into something everyone can understand and relate to” (GRAY; BOUNEGRU; CHAMBERS, 2012, p.4). Em suma, o JGD é a área do jornalismo responsável pelo manuseio de dados e exige uma sensibilidade e especificidades provenientes de outras ferramentas jornalísticas, como a entrevista com fonte. A fonte, neste caso, são tabelas e documentos carregados com informações e números.

Jornais de vários países desenvolveram páginas online direcionadas especialmente ao monitoramento do Coronavírus em contexto local, nacional e mundial. Mesmo que seja um veículo que limita a quantidade de matérias lidas gratuitamente e exigem uma assinatura, quando se trata de saúde pública, a informação é aberta e disponível para todos os leitores, necessitando apenas do acesso à internet. Os monitoramentos, nesse tipo de cobertura, normalmente abrangem diferentes abordagens com números: óbitos, pessoas recuperadas, pessoas infectadas ativas, quantidade total de infectados, entre outros.

Gráficos e mapas são recorrentes para auxiliar na visualização e permitir um entendimento instantâneo, minimizando o “peso” de muitos números na informação dada. Um artigo publicado no jornal alemão Berliner Gazette pela jornalista Mercedes Bunz, aponta o que torna o jornalismo guiado por dados e que está representado, na maioria das vezes, por métodos de visualização, tornando-o acessível e compreensível.

A visualização cria uma visão geral e, portanto, torna acessível a quantidade de dados, sejam eles estáticos ou interativos na forma de mapas, cursos de tempo, estruturas em árvore e outros gráficos organizacionais ou simplesmente como uma barra tradicional ou gráfico de pizza (BUNZ, 2011, tradução nossa)4.

Ary Moraes, por sua vez, diz que “a Infografia é a arte de tornar claro aquilo que é complexo e talvez não haja nada mais urgente no atual momento histórico” (2013, p. 16). Logo, gráficos, infográficos e artifícios de imagens estão presentes em temas desse porte. Esse artifício vem sendo cada vez mais utilizado no jornalismo por facilitar o entendimento, simplificar temas complexos, principalmente que envolvam números, e também possibilitar a atualização mais dinâmica de visualizar. Leandro Marshall explica que a era digital tornou a imagem mais recorrente do que textos e, consequentemente, modificou o jornalismo. “A era eletrônica conduz, senão para a hegemonia, pelo menos para um predomínio da imagem, do audiovisual sobre o alfabeto, do signo sobre o código, do ícone sobre o sentido” (2013, p. 45).

4 “Visualisierung schafft Überblick und macht somit die Datenmenge zugänglich, ob nun statisch oder

interaktiv in Form von Karten, Zeitverläufen, Baumstrukturen und anderen Organigrammen bzw. ganz einfach als traditionelles Balken- oder Tortendiagramm”;

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Em monitoramentos que envolvem atualizações a todo momento e trazem dados numéricos em grande quantidade, infográficos estarão presentes. “É preciso ter sempre em mente que a função de um infográfico é acima de tudo esclarecer um assunto complexo, explicando-o de forma clara aos leitores” (MARSHALL, 2003, p. 67). Gráficos são representações visuais de números, como de barra, pizza, linha, tabela e mapas. Já os infográficos possuem, além da expressão visual, pequenos textos explicativos que complementam a informação, sem a qual não seria possível a compreensão.

Por se tratar de um assunto que atualizações são exigidas, sempre há jornalistas especialistas em dados e/ou ciência para notificar e publicar a nova informação. É necessário ter conhecimento de números para que não transmita erroneamente uma notícia quer irá impactar a vida das pessoas. Na palestra “Desafios do jornalismo científico durante a Covid-19”, do 15º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, realizado pela Abraji5, Roberta Jansen, jornalista de ciências do Estadão, relembra que quando foi noticiada uma pesquisa sobre os efeitos e possíveis desdobramentos da Cloroquina6 diante do vírus. O estudo não trazia uma confirmação, mas, ao ser circulado na internet, em um contexto de calamidade na saúde e desinformação, diversas pessoas se direcionaram a farmácias para comprar o medicamento mesmo sem saber dos possíveis agravamentos.

METODOLOGIA E ANÁLISE EMPREGADA

O presente trabalho iniciou as observações no final de setembro de 2020, portanto, está no início e ainda não avançou em análises mais aprofundadas até o momento. No atual estágio, realiza coleta de dados. Os materiais estão ainda em fase de observação inicial para posteriormente serem separados por períodos de análise. Entretanto, sete jornais foram previamente definidos para o desdobramento dos trabalhos: três representando o continente americano, uma vez que o artigo é desenvolvido no Brasil, e um para cada um dos demais continentes. Como o Coronavírus é uma pandemia que atinge todos os países do mundo, diretamente ou

5 Evento realizado nos dias 11 e 12 de setembro de 2020.

6 A Cloroquina é um medicamento utilizado para tratar malária em regiões específicas. Ao longo do ano,

foi estudada para verificar se havia uma eficácia na profilaxia do Coronavírus, mas, até o presente momento, não teve comprovação científica positiva para esta hipótese.

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Figuras 1 e 2: Prints de trechos da página Tudo sobre Coronavírus no dia 14/10/20.

indiretamente, este trabalho visa, de antemão, analisar jornais de cada continente que estão disponibilizando e desenvolvendo dados relacionados à pandemia. Além disso, busca-se também relacionar JGD, Jornalismo Digital, Infografia e Jornalismo e Saúde e compreender como operam no trabalho relacionada a essa emergência sanitária global.

Para representar o Brasil, o jornal Estadão foi escolhido por, além de ter criado e disponibilizado uma página especialmente aos números do Covid-19, possuir uma editoria ligada ao jornalismo de dados, denominado Estadão Dados. O veículo foi fundado em 1875 e continua sendo um dos jornais brasileiros de maior circulação. O período escolhido para a análise foi entre 5 e 11 de outubro de 2020, semana em que o Brasil atingiu a marca de 150 mil óbitos por Coronavírus.

No início da pandemia no país, o Estadão desenvolveu cinco páginas dedicadas à cobertura da doença: especial Coronavírus, tire suas dúvidas, mapa da doença, corrida pela vacina e guia das máscaras. O objetivo foi destinar um espaço online para o monitoramento em tempo real, informações e guias de tudo que envolve o Covid-19, tanto no contexto nacional como mundial. Essa cobertura pertence a editoria do jornal “Tudo Sobre”.

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específicas que envolvem o Coronavírus, separa por categorias. A primeira é um mapa mundi que redireciona o leitor à página do mapa da doença. Em seguida há uma chamada sobre o que se sabe das vacinas até o momento, redirecionado à outra página do monitoramento denominada corrida pela vacina. Ao lado, há um infográfico do mapa do estado de São Paulo que indica as fases de isolamento social. O Estadão tem sede na cidade paulistana, por isso o enfoque da matéria no estado. As notícias seguintes são guias e informativos da doença, uso de máscaras, retorno às aulas presenciais, quais cuidados tomar, etc.

Após a publicidade, se inicia a seção de reportagens “tudo sobre Coronavírus” em ordem decrescente de atualidade. Para uma breve análise, a semana entre os dias 5 e 11 de outubro de 2020 foi selecionada para verificar a quantidade de notícias e a sua natureza editorial para criar um panorama do que é relacionado à doença além dos dados e gráficos. Em sete dias, o jornal publicou 245 reportagens que se inserem na sessão “tudo sobre Coronavírus”, separado em editorias, como mostra a tabela a seguir:

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A página “Tire suas dúvidas” (figura 3, 4 e 5) foi criada no dia 3 de maio de 2020 e aborda 200 perguntas e respostas sobre os questionamentos cotidianos e científicos sobre a doenças. Há uma ferramenta de busca de termos para que o leitor procure uma pergunta mais específica e três ilustrações.

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O mapa da doença (Figura 6) foi lançado no dia 2 de abril de 2020 e é disponível para não assinantes. De antemão, o jornal diz que a ferramenta foi criada para os leitores acompanharem em tempo real as atualizações em números da doença no mundo e no Brasil.

Há cinco gráficos: dois mapas interativos (um do Brasil e outro do mundo) e três tabelas. A primeira tabela indica o número total de casos confirmados e de óbitos em contexto mundial, além do percentual desses números em relação à população global. Em seguida, há um mapa mundi com cores na escala branco, vermelho e preto, variando de acordo com a quantidade de casos. Ou seja, quanto mais escura a cor, mais casos o país tem. Ao passar o mouse sobre os países, há a informação da quantidade em números dos casos. O terceiro gráfico, também em formato de tabela, revela o número de casos e mortes de 160 países, em ordem decrescente. A apresentação seguinte mostra os números por continente. Por último, há o mapa do Brasil, o qual revela os números por estado. Este é o único gráfico que mostra números apenas do contexto brasileiro.

De acordo com Dona Wong (2013), “expressar informações quantitativas e descritivas em uma tabela é, muitas vezes, o método mais simples de apresentar grandes quantidades de dados7” (p. 83, tradução nossa), ou seja, por mais que o terceiro gráfico seja extenso, foi a melhor forma de agrupar as informações para que o entendimento não fosse interferido e organizar a grande quantidade de dados.

Todos têm características em comum, entre elas são as cores, sempre variando entre um vermelho mais fechado e cinza. Além disso, a fonte e plataforma de desenvolvimento dos gráficos são as mesmas em praticamente todos. O Estadão extrai dados da universidade estadunidense John Hopkins e usa o Datawrapper para que os números sejam atualizados automaticamente, e possibilitar a dinamicidade. Apenas no último gráfico, os dados são extraídos do Consórcio de

7 “Expressing quantitative and descriptive information in a tabular for mis often the simplest method of

presenting copious amounts of data”;

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Veículos de Imprensa8 por abranger o território nacional, a informação ser mais precisa e o Estadão fazer parte da coleta diária dos números.

A página “Corrida pela vacina” (figuras 7, 8 e 9) propõe explicar as vacinas que estão sendo desenvolvidas pelo mundo, com atualizações diárias, além de explicar como é o processo científico, as etapas de aprovação, etc. Por se tratar de um tema inteiramente científico que contém palavras específicas da área da saúde e que não são de alcance geral, o guia das vacinas democratiza o conhecimento desse elemento tão importante para uma pandemia que atinge milhões de pessoas. Foi criada no dia 31 de julho de 2020, 3 dias após o pronunciamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre as vacinas.

Após um pequeno texto que contextualiza as vacinas no mundo e no Brasil, há uma explicação com ilustração de como é desenvolvida uma vacina e as possíveis formas de obter medicamentos eficazes contra o Covid-19.

8 Iniciativa de seis jornais brasileiros em levantar os números de casos e mortes da Covid-19 no país, em

conjunto com secretarias da saúde. Os dados são divulgados diariamente desde 8 de junho de 2020; Figuras 7, 8 e 9: Prints de trechos da página Corrida pela Vacina no dia 14/10/20.

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Como o nome da página diz, há uma tabela que mostra a “corrida” das vacinas, ou seja, as fases que cada uma se encontra e a previsão de conclusão. Por fim, há blocos que tratam de cada vacina, contendo o seu nome, a fase, o desenvolvedor, alocação, plataforma utilizada, testagem, como será, início do estudo, conclusão estimada e atualizações.

A última página (figura 10) destinada à cobertura diz respeito ao uso de máscara. Denominado “O guia definitivo para o uso de máscaras contra o Coronavírus”, a página explica ao leitor a importância do uso para evitar o contágio, a contextualização atual, como a aplicação de multas caso haja ausência do uso, relatos de profissionais da saúde, etc. O que mais chama atenção na página é a ilustração iterativa de exemplos corretos e incorretos do uso e dos tipos de máscara.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ainda que essa seja uma análise preliminar, os aspectos até então observados evidenciam possibilidades de consumo e produção que até então não se mostravam tão usais para o trabalho do jornalismo que realiza cobertura diária dos fatos. Devido à constância diária de atualizações, há um planejamento quanto ao design, onde percebe-se o depercebe-senvolvimento de um modelo para que haja alteração apenas nas informações, como os números de casos e óbitos e progresso das vacinas. Estas páginas desenvolvidas para tratar de vários aspectos que circundam a doença passaram pelo processo de “como transformar os dados em informações claras e útil”, que fosse de fácil entendimento e rápida assimilaridade, por mais que seja um assunto com desdobramentos complexos. Outra observação é o protagonismo dos gráficos e a secundaridade do fotojornalismo, por exemplo. A presença visual é predominante ilustrativa, com construções distintas, sem o protagonismo fotográfico.

Figura 10: Print de trecho do site O guia definitivo para o uso de máscaras contra o Coronavírus no dia 14/10/20.

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Além disso, o jornalismo nunca enfrentou uma onda tão grande de dados em pouco tempo. Outros eventos que compõem um ritmo acelerado de atualizações e monitoramento são eleições e Copa do Mundo de futebol, por exemplo. Entretanto, o Coronavírus, e sua consequente pandemia, não tem um prazo de validade para acabar no mundo, consequentemente essas produções jornalísticas também não.

REFERÊNCIAS

BUNZ, Mercedes. Datenjournalismus: Wie digitalisiertes Wissen unser Verhältnis zur Wahrheit

ändert. Berliner Gazette, 24 mai. 2011. Disponível em: http://berlinergazette.de/mercedes-bunz-wikileaks-wahrheit-hannah-arendt/; Acesso em: 5 de set de 2020;

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Estadão. Mapas e gráficos mostram avanço do novo Coronavírus no mundo e no Brasil. Disponível em: https://www.estadao.com.br/infograficos/saude,mapas-e-graficos-mostram-avanco-do-novo-coronavirus-no-mundo-e-no-brasil,1085946 Acesso em: 14 de outubro de 2020

Estadão. O guia definitivo para o uso de máscaras contra o coronavírus. Disponível em:

https://www.estadao.com.br/infograficos/cultura,o-guia-definitivo-para-o-uso-de-mascaras-contra-o-coronavirus,1109930 Acesso em: 14 de outubro de 2020

Estadão. Tudo sobre o Coronavírus. Disponível em: https://tudo-sobre.estadao.com.br/coronavirus Acesso em: 14 de outubro de 2020

Estadão. Vacina contra covid-19: o que já se sabe sobre desenvolvimento e testes com humanos. Disponível em: https://www.estadao.com.br/infograficos/saude,vacina-contra-covid-19-o-que-ja-se-sabe-sobre-desenvolvimento-e-testes-com-humanos,1109349 Acesso em: 14 de outubro de 2020

GRAY, Jonathan; BOUNEGRU, Liliana; CHAMBERS, Lucy (Orgs.). The Data Journalism

Handbook. California: O’Reilly, 2012;

LEMOS, André; JOSGRILBERG, Fabio (Orgs.). Comunicação e mobilidade: aspectos socioculturais

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MCLUHAN, Mashall. Os meios de comunicação com extensões do homem. McGraw-Hill BookCompany: Nova York, 1964.

SILVA, Edna de Mello; ROCHA, Liana Vidigal Rocha; REIS, Lys Apolinário; SOUSA, Sarah Melisa Barros de. Os formatos multimídia na cobertura do novo Coronavírus; In: OLIVEIRA, Hebe Maria Gonçalves de; GADINI, Sérgio (Orgs.). Jornalismo em tempos da pandemia do novo coronavírus. 1a edição - Aveiro: Ria Editoral, 2020.

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